Introdução Não é fácil fazer uma narrativa concisa do que foi a atividade da Força Aérea Alemã - a Luftwaffe - na 2ª Guerra Mundial. Iremos, pois, limitaremos a uma descrição dos conceitos estratégicos e táticos essenciais e a um esboço geral do rumo dos acontecimentos. Depois da ascensão espetacular da Luftwaffe, desde o seu primeiro e esplêndido sucesso, que possibilitou a Blitzkrieg, até o final da campanha da França, seguiu-se uma agonia só interrompida por êxitos ocasionais. A batalha travada nos céus da Grã-Bretanha marcou um momento decisivo, destruindo o mito da invulnerabilidade da Luftwaffe e cobrando elevado tributo às suas tripulações, treinadas em tempo de paz e testadas na batalha. A Luftwaffe era uma força tática, e fracassou quando passou a ser usada como força estratégica. Os Komodores, os Kommandeurs, os comandantes do futuro morreram todos nos céus britânicos. A reconstrução de uma força aérea Segundo os termos do Tratado de Versalhes, que pôs fim à 1ª Guerra Mundial e um final humilhante para os alemães, a Alemanha ficou proibida de possuir aviação militar, bem como esteve proibida de construir aviões civis até 1922, quando então foi permitida desde que respeitasse a certas limitações quanto ao peso, teto, velocidade e potência. Mesmo com todas essas limitações, o povo alemão desenvolveu uma extraordinária mentalidade aeronáutica. Em 1924, o General Hans von Seeckt, Chefe do Estado Maior Geral do Exército, conseguiu assegurar uma cooperação entre a organizada da aviação civil alemã e as forças armadas, e daí em diante o desenvolvimento da aviação civil alemã passou a ser praticamente controlado e dirigido tendo sempre em mente os interesses militares. Com o passar do tempo, as restrições impostas pelo Tratado de Versalhes foram sendo gradativamente atenuadas, e por volta de 1926, os alemães tiveram permissão de treinar um máximo de 10 pilotos militares por ano, ao mesmo tempo em que se suspenderam as restrições à construção de aviões. Já existia na Alemanha uma indústria aeronáutica pequena mas eficiente, e quase todas eram firmas que mais tarde viriam produzir aviões em massa para a Luftwaffe. Eram elas a Dornier em Friedrichshafen, a Focke Wulf em Bremen, a Heinkel em Wernemunde, a Junkers em Dessau e um jovem projetista chamado Willi Messerchmitt, que trabalhava em 1 Augsburg produzindo aviões competitivos para a Companhia de Aviões da Bavária. Fundindo-se várias companhias de transporte aéreo de situação financeira instável, criou-se a companhia estatal Lufthansa. Inicialmente operando apenas com vôos regulares para países da Europa Oriental, aos poucos foi expandindo suas linhas para a Europa Ocidental. A companhia desenvolveu e aperfeiçoou métodos de vôo noturno e com qualquer tempo, tornando-se uma das tecnicamente mais avançadas do mundo. Pouco depois de sua criação, foi formado um pequeno núcleo de tripulações militares dentro da Lufthansa, que treinavam nas suas escolas de pilotos. Para o adestramento nas atividades militares, os pilotos alemães iam treinar na Rússia, após haver sido celebrado um acordo secreto entre os dois países. As tripulações eram treinadas em Lipetz, um aeródromo militar localizado a 320 km ao sul de Moscou. Embora os alemães não dispusessem de muitos recursos para investir no desenvolvimento de sua força aérea, oficiais do exército estavam atentos para o que se fazia nas forças aéreas mais adiantadas e menos tolhidas financeiramente. Esta era a situação quando em 1933 Hitler subiu ao poder. As bases para uma força aérea militar já existiam, mas havia muito o que fazer, e Hitler sabia muito bem que uma aeronáutica poderosa era requisito essencial para realizar seu objetivo declarado de ampliar o Lebensraum (Espaço Vital) alemão. Assim, logo após o novo governo tomar posse, o ritmo do desenvolvimento da aviação militar acelerou. Hermann Göring, ás da 1ª Guerra Mundial, tornou-se o Reichskomissar (Comissário da Aviação), mas como também fazia parte da cúpula do Partido Nacional Socialista, só podia dedicar muito pouco tempo aos problemas da aviação, e assim coube a seu substituto eventual, Erhardt Milch, o trabalho de formação da nova arma. A tarefa de Milch era imensa, mas ele recebeu total apoio do governo nazista, criando escolas de treinamento, construiu novos aeródromos e fábricas e fez grandes pedidos de aviões às empresas alemães. Foi inicialmente solicitada a fabricação de caças Heinkel 51 e de bombardeiros Dornier 23 e Junkers 52 (ambos aeronaves de transporte convertidos). A década de 1930 trouxe consigo uma revolução no projeto dos aviões, quando o biplano revestido de tecido e escorado por montantes, com trem de pouso fixo, deu lugar ao monoplano, que era muito mais veloz, com asas inteiramente em cantilever, trem de pouso escamoteável, hélice de passo variável e todo revestido de metal. O grande objetivo de Milch era ter uma força aérea pronta para receber a nova geração de aviões de combate, e para tal, deu ênfase primeiramente ao treinamento. 2 Por volta de 1935, os alemães se sentiram suficientemente fortes para revelar sua até então secreta força aérea ao mundo. A Luftwaffe tinha agora 1 800 aeronaves de todos os tipos e uma tropa de 20 mil homens, entre oficiais e praças. Os "clubes de pilotagem" foram integrados à nova força aérea, em meio a esplêndidos desfiles militares, alguns dos quais com a presença do próprio Hitler. Na direção da força estava Hermann Göring, então um líder político enérgico e poderoso, amigo íntimo e confidente de Hitler. Embora fosse um ex-piloto, estava afastado dos vôos desde 1918 e ignorava as grandes mudanças ocorridas na aviação desde a guerra. Sendo muito egoísta, não permitia que ninguém lhe tomasse a frente das coisas da nova força armada; relutava em admitir que qualquer tarefa estivesse além da capacidade da Luftwaffe e era muito relutante ainda em aceitar conselhos dos seus oficiais subalternos, mas apesar de tudo, garantiu para a Luftwaffe prioridade na distribuição de verbas. Diretamente sob Göring estava o Secretário de Estado Erhardt Milch, trabalhador incansável e eficiente, que antes de ingressar na Luftwaffe fora diretor da Lufthansa, fato esse que lhe dera conhecimento profundo dos problemas pertinentes ao avião, conhecimentos esses que soube utilizar quando começou a construir a força aérea. O Chefe do Departamento do Comando Aéreo era o General Waleter Wever, discípulo firme do nacional-socialismo, e seu trabalho muito contribuiu para aplainar as inevitáveis arestas que o crescimento da nova arma ia fazendo surgir. Por volta de 1936, a segunda geração de aviões de combate alemães havia começado seus vôos de prova. O caça interceptador-padrão, monomotor, era o Messerschitt Bf 109; como caça de longa distância funcionava o bimotor Messerschitt Bf 110; os bombardeiros-padrão eram o Dornier 17 e o Heinkel 111; e para bombardeiro de mergulho e apoio aéreo à tropas terrestres era o Junkers 87. Em maio de 1936, o General Wever morreu num acidente aéreo, um duro golpe para a Luftwaffe, e para seu lugar foi nomeado o Chefe do Departamento de Administração da Luftwaffe, General Albert Kesselring, e o posto recebeu o novo nome de Chefe do Estado-Maior-Geral. Kesselring mostrou-se um comandante forte e popular e a expansão da Luftwaffe não sofreu descontinuidade. Em agosto de 1936, a nova força aérea alemã entro em ação pela primeira vez, em apoio das forças nacionalistas do General Franco que se rebelaram contra o governo republicano e comunista espanhol. De início, o apoio aéreo alemão era formado de apenas 20 transportes Junkers 52 e de uma escolta de seis caças Heinkel 51. O General Franco precisava desesperadamente transferir, do Marrocos para a Espanha continental, tropas que lhe eram leais, e com rapidez. Fazendo até quatros 3 vôos de ida e volta por dia, a força de Junkers 52 transportou 10 mil combatentes, sendo a primeira vez que se organizava uma operação de ponte aérea em tão grande escala, que bastou para consolidar a posição vacilante de Franco. Mas logo se tornou evidente que os rebeldes precisariam de muito mais ajuda, e nos meses seguintes o contingente da Luftwaffe aumentou, e a força agora era chamada de Legião Condor. Integrada por uns 200 aviões, dos quais metade era bombardeiros Junkers 52 e caças Heinkel 51 e o resto aparelhos de reconhecimento, ataque e de transporte. A força não pôde realizar muita coisa durante os primeiros meses porque o Heinkel 51 mostrou-se inferior aos caças monoplanos russos Pilokarpov I-16 dos republicanos. Assim, durante o verão de 1937, os alemães trouxeram seus tipos mais recentes, o caça Bf 109 e os bombardeiros He 111 e Do 17 e, com estes, a Legião Condor logo obteve a superioridade aérea nos céus da Espanha. Às unidades de caças alemães foi conferida liberdade para desenvolver suas próprias táticas. Inicialmente voavam em formações cerradas asa-com-asa utilizadas pelos italianos, mas logo descobriram que essa tática, que se mantinha sem muita alteração desde a 1ª Guerra Mundial, era impraticável em caças mais velozes. Os pilotos alemães verificaram que tinham de estar tão atentos uns aos outros, para manter a posição e evitar colisões, que pouco tempo lhes sobrava para dedicar ao inimigo. Verificaram também que a formação quatro-dedos, criada pelo Oberleutnant Werner Mölders, era a ideal para concentração de fogo e liberdade de ação. Em março de 1938, o conflito espanhol terminou, e os homens da Legião Condor voltaram à Alemanha, com muita experiência. Nesse mesmo mês, tropas alemães penetraram na Áustria e, no mês de setembro, Hitler anexava grande parcela da Tcheco-Eslováquia. Em março do ano seguinte, forças alemães ocuparam o resto do país e já se tornava evidente que o próximo objetivo de Hitler seria a Polônia - cujas fronteiras eram garantidas pela Grã-Bretanha. Nos bastidores da política internacional desenvolveu-se frenética atividade diplomática, quando a Alemanha, por um lado, e Grã-Bretanha, França e Polônia, por outro, procuravam aliados ou, pelo menos, "nãoinimigos", para o conflito que parecia aproximar-se cada vez mais. Na véspera da guerra Em meados de 1939, Hitler decide declarar guerra à Polônia, e como os governos da França e Grã-Bretanha haviam declarado que, em caso de 4 guerra, eles dariam todo o apoio que pudessem ao governo polonês, era muito provável que o conflito não se limitasse à Europa Oriental. A 1º de setembro de 1939, a Luftwaffe tinha 3 650 aviões de combates, assim distribuídos: . Bombardeiros (principalmente He 111 e Do 17): 1 170 . Bombardeiros de Mergulho (Ju 87): 335 . Caças Monomotores (Bf 109): 1 125 . Caças Bimotores (Bf 110): 195 . Aviões de Reconhecimento: 620 . Outros: 205 Apoiando essa força de combate, havia uma organização de treinamento com mais de 2 500 aviões, além de outros 500 usados para treinamento operacional. Em termos de treinamento e moral, as tripulações alemães eram iguais a quaisquer outras e superiores à maioria dos seus inimigos. Embora o quadro fosse impressionante, haviam certas fraquezas que teriam efeito profundo sobre a capacidade alemã de travar uma guerra aérea prolongada. O principal fato era que os quatro integrantes da cúpula da Luftwaffe na véspera da guerra - Göring, Milch, Udet (Chefe do Departamento de Compras e Suprimento da Força Aérea Generalflugzeugmeister) e Jeschonnek (Chefe do Estado-Maior-Geral) eram, ou desajustados ou incapazes de executar suas próprias tarefas, sendo muito comum situações em que entravam em conflito uns com os outros. A despeito de tudo isso, as bases lançadas por Milch e Wever eram suficientemente firmes para resistir à pressão demolidora criada dentro da força antes da guerra, mas, mais tarde, quando essas pressões se combinaram com as exercidas pelo inimigo, a fragilidade da liderança ensejaria sérias conseqüências, pois a Luftwaffe viria a ser mais administrada do que liderada, na batalha, pelo seu Alto Comando. Dadas essas divisões na cúpula, os grandes erros não demoraram a aparecer e um dos mais importantes foi a decisão de Jeschonnek de que todos os bombardeiros, com exceção dos Do 17 e He 111, tinham que ser capazes de fazer bombardeiro de mergulho. Assim é que o Ju 88, teve sua produção consideravelmente atrasada pela necessidade de reforçar a estrutura para essa tarefa. A terceira geração de bombardeiros, que incluía o Dornier 217 e o Heinkel 177, que seriam bombardeiros estratégicos, teve seus projetos também alterados para se adaptarem aquela finalidade. O Me 210, uma combinação de caça-pesado e bombardeiro de mergulho, destinado a substituir o Me 110 e o Ju 87, constituiu-se num fracasso quase total, porque tinha que superar muitos problemas para poder atender a tudo aquilo que dele era exigido. 5 Todavia os problemas com os aviões de substituição não eram evidentes em setembro de 1939, pois somente em 1941 ou 1942, se a guerra durasse até lá, é que esses tipos estariam prontos para o serviço. Entrementes, a Luftwaffe estava prestes a enfrentar sua primeira prova real. Poucos eram os que duvidavam que esta novíssima força aérea, para cuja efetivação tanto esforço fora dirigido, provaria ser uma formidável arma de guerra. E realmente foi. As vitórias-relâmpago A 2ª Guerra Mundial começou na madrugada de 1º de setembro de 1939, quando tropas alemães invadiram a Polônia. O nevoeiro reinante impediu que se realizassem operações aéreas em grande escala, mas no começo da tarde, com sua dissipação, a Luftwaffe foi vigorosamente empenhada. Os alemães haviam reunido quase 1 600 aviões de combate para a campanha, a maioria concentrada nas Luftflotten I e IV. De início os principais alvos foram os aeródromos poloneses, que sofreram ataques aéreos contínuos dos bombardeiros e caças. Alguns pilotos poloneses conseguiram decolar, mas seus PZL não eram páreo para os modernos caças alemães. Passados dois dias, era quase completa a supremacia da Luftwaffe sobre aquele país, e os comandantes das esquadrilhas alemães passaram a apoiar as tropas terrestres que avançavam. Todos os movimentos de tropas polonesas sofriam ataques aéreos sistemáticos e as comunicações rodoviárias e ferroviárias, nas áreas da retaguarda, eram violentamente atacadas, e como resultado, os movimentos das tropas polonesas para dentro e para fora das áreas de combate, às vezes, eram virtualmente impossíveis. Os ataques contínuos dos bombardeiros de mergulho, Ju 87 Stuka, ás tropas polonesas em retirada ajudavam muito aos soldados alemães, pondo pontos fortes, baterias de artilharia e concentração de tropas fora de ação. Por volta do dia 17 de setembro, o exército polonês já não era capaz de operar como força de combate coordenada e os alemães já avistavam o fim da campanha, mas, devido a um endurecimento repentino da resistência polonesa, a captura da capital Varsóvia tornou-se muito mais difícil do que se esperava. A Luftwaffe foi chamada a intervir, e cerca de 400 bombardeiros passaram a castigar a capital polonesa. No dia 27 de setembro, a campanha da Polônia chegou ao fim. Considerando o que conseguira, as perdas da Luftwaffe foram extremamente leves nesse primeiro combate. Um total de 413 tripulantes foi morto ou estavam desaparecidos e outros 126 haviam sido feridos. 6 Perdera 285 aviões e 279 foram danificados. Sobre a Polônia, os Stukas fizeram um sucesso extraordinário, sucesso esse plenamente explorado pelos propagandistas nazistas. Praticamente sem oposição aérea ou terrestre, os pilotos aproveitavam ao máximo a elevada precisão do ataque de mergulho. A legenda do Stuka, que nascera na Guerra Civil Espanhola, foi confirmada numa realidade aterradora. Depois da vitoriosa campanha da Polônia, as unidades de combate da Luftwaffe retornaram às suas bases, na Alemanha, para descansar e se reequipar. Tanto para os alemães como para seus adversários britânicos e franceses, este foi um momento de calma, espera e de preparo para as batalhas que 1940 trairia, sendo esse período adequadamente chamado de "Guerra Falsa". Enquanto as tropas de terra se confrontavam ao longo da Frente Ocidental estática, o planejamento germânico estava em constante atividade. Para os alemães, o esforço principal consistiria numa ofensiva coordenada de invasão da Holanda, Bélgica e França, mas Hitler insistia, porém, que em primeiro lugar fossem ocupadas a Dinamarca e a Noruega, para garantir seu flanco setentrional, de modo a antecipar-se a uma possível ação britânica contra a Escandinávia e o Báltico. Em 9 de abril de 1940, os alemães atacaram aqueles dois países. Enquanto que forças blindadas avançavam quase sem oposição, pela Dinamarca e navios da marinha alemã desembarcavam soldados nas ilhas dinamarquesas e em Oslo, Kristiansand, Bergen, Trondheim e Narvik na Noruega, tropas pára-quedistas alemães saltavam sobre dois aeródromos em Aalborg (Dinamarca), perto de Copenhague. Dias depois a capital dinamarquesa estava em mãos alemães, e antes de terminar o dia, o rei e o governo dinamarqueses deram ordens de cessar fogo. Os desembarques nos portos noruegueses foram coordenados com ataques aéreos aos aeródromos próximos, aniquilando praticamente toda a força aérea norueguesa no solo. As tropas aerotransportadas ocuparam-nos e eles tornaram-se bases avançadas para os Stukas e caças bimotores em missões de apoio às tropas terrestres. Durante a invasão da Noruega, os alemães utilizaram sua frota de transporte de cerca de 500 Ju-52, e a habilidade em transportar forças com rapidez desempenhou papel importante no pronto estabelecimento da área de defesa alemão no sul da Noruega. Quando as primeiras tropas britânicas e francesas desembarcaram na Noruega, em Navik, Namsos e Andalsnes, nos dias 15, 16 e 17 de abril, os alemães já haviam conseguido um ponto de apoio firme ao sul, e a Luftwaffe passou logo a atacar violentamente os pontos de desembarque aliados e os navios mercantes que traziam suprimento e reforços. O Fliegerkorps X, 7 principal unidade consignada para operar na Noruega, era constituída de 710 aviões de combate (360 bombardeiros, 50 Stukas, 50 caças monomotores, 70 caças bimotores, 60 aviões de reconhecimento e 120 aeronaves navais). A RAF foi incapaz de intervir com eficiência, e todas as tentativas feitas para estabelecer bases de caças foram infrutíferas, visto que as aeronaves de reconhecimento alemães estavam sempre atentas e logo bombardeiros eram enviados, inutilizando o campo. Em terra os alemães avançavam para o norte e no começo de maio as tropas aliadas tiveram de ser evacuadas de Andalsnes e Namsos, no centro do país. Em 10 de junho, as forças restantes que estavam em Narvik, mais ao norte, também foram obrigadas a retirar-se. A Luftwaffe foi um fator importante no sucesso da campanha norueguesa. A tomada dos aeródromos pelas unidades aeroterrestres possibilitou que os bombardeiros e caças de longo alcance ali operassem, atrasando seriamente o movimento de tropas britânicas e francesas, e o domínio do ar revelou ser uma vantagem tremenda, e muitas vezes decisiva, num país onde as comunicações com o interior eram ruins. Mas nem bem se encerra a batalha pela Noruega, e já os alemães haviam penetrado na própria França. A planejada invasão alemã à França, em maio de 1940, representou um risco calculado, pois em lugar de pequenos movimentos de pinças, tão eficazes durante a campanha da Polônia, o exército alemão decidira utilizar uma poderosa cunha com blindados, de mais de 320 km de comprimento, que assim que atingissem o Canal da Mancha, dividiriam os dois grupos de exércitos que defendiam a França, podendo elimina-los um de cada vez. Agora é que a Luftwaffe realmente teria uma oportunidade de mostrar o que poderia fazer. Contudo, antes da fase inicial do avanço para a França, os alemães acharam necessário assegurar seu flanco setentrional, invadindo a Bélgica e a Holanda, dois países até então neutros. As forças aéreas holandesas e belgas foram virtualmente postas fora de combate, enquanto que as forças aéreas britânicas e francesas no norte da França, foram seriamente debilitadas. Mais uma vez os alemães empregaram forças aerotransportadas, conquistando os três aeródromos de Haia, juntamente com a vital ponte de Moerdijk, perto de Roterdã, além do espetacular sucesso do assalto ao forte de Eben-Emael. No dia 13 de maio, às 16h, a primeira leva de bombardeiros alemães – Stukas Ju-87 – chegam à margem esquerda do Rio Mosa, para começar a debilitar as posições francesas do X Corpo. Com a artilharia francesa esmagada, e seus infantes encolhidos, aturdidos, nas trincheiras, a 1ª Divisão Panzer do General Heinz Guderian garantiu uma cabeça-de-ponte na 8 margem oeste do rio, com pouquíssimas baixas. Ao anoitecer as colinas de Marféy já haviam sido tomadas e no dia seguinte pontes flutuantes sobre o rio Mosa, perto de Sedan já estavam sendo utilizadas pelas tropas germânicas. Neste mesmo dia, a RAF e a Força Aérea Francesa, enviaram todos os bombardeiros disponíveis, com ordens de destruir essas pontes, mas a caça alemã estava atenta, e foram derrubados 40 dos 71 bombardeiros enviados, e as pontes permaneceram intactas. O fracasso dos contra-ataques aéreos e terrestres aliados foi o momento decisivo da Batalha da França. Os blindados alemães começaram a penetrar em direção à costa e, não havia nada que os britânicos e franceses pudessem fazer. Ao mesmo tempo, a Luftwaffe bombardeava incessantemente os aeródromos aliados e os Stukas abriam caminho para os Panzers. Assim que recebia informes sobre pontos de resistência que detinham a penetração das tropas terrestres, a Luftwaffe atacava. Fazendo até nove saídas por dia com seus Stukas, os alemães conseguiram paralisar todas as tentativas dos britânicos e dos franceses de deter seu avanço. No dia 18 de maio, os alemães já estavam no rio Somme, e dois dias depois, tendo percorrido mais de 100 km, já alcançavam a costa em Noyelles. O audacioso plano alemão tivera êxito, os exércitos aliados estavam divididos. Era o começo do fim da Batalha da França. A velocidade do avanço alemão apresentou alguns problemas de logística, principalmente para a Luftwaffe, cujas unidades estavam mudando de base quase que diariamente. A maior parte do suprimento era transportado por via terrestre, mas o essencial era transportado pela força de transporte equipadas com Ju 52. Ao alcançarem a costa, os blindados alemães se desviaram para o norte, de modo a cercar as tropas aliadas, e em 24 de maio, já estavam em Calais. Ao anoitecer do dia 26 de maio, as tropas inglesas e francesas, isoladas no norte da França, começaram a ser evacuadas pelo porto de Dunquerque. Ao mesmo tempo que avançavam, as tropas blindadas alemães iam perdendo tanques, principalmente por problemas mecânicos, e já estavam chegando à exaustão. Hitler temia que um ataque direto contra Dunquerque poderia atolar seus blindados nos terrenos pantanosos que cercavam o porto, mas Göring exigia que à sua Luftwaffe fosse permitido acabar com as tropas aliadas. Aceitando a certeza, dada por Göring, e receando arriscar as preciosas divisões blindadas em terreno desfavorável, Hitler ordenou que o exército parasse o avanço a 20 km de Dunquerque. Era a vez da Luftwaffe. Göring utilizou uma força de uns 500 caças e 300 bombardeiros contra as embarcações. Era uma força teoricamente impressionante, mas as 9 unidades aéreas vinham de duas semanas seguidas de combates e estavam desgastadas. Além disso, as formações alemães eram atacadas pelos caças britânicos, que operavam no sul da Inglaterra, e a menos que houvesse escolta cerrada de caças, os bombardeiros, especialmente os Stukas, sofreriam pesadas baixas. Pela primeira vez, a Luftwaffe topava pela frente com uma força aérea de moral e habilidade semelhantes a ela, e equipada com aeronaves modernas. Os ataques alemães causaram muitas baixas entre as tropas terrestres aliadas e afundaram muitos navios, mas não conseguiram impedir a evacuação. Quando o último navio se afastou da praia de Dunquerque, na manhã do dia 4 de junho, 338 226 homens haviam sido levados para a Inglaterra. Uma vez terminada a evacuação de Dunquerque, a Luftwaffe retornou ao apoio às forças terrestre que avançavam em direção a Paris. No dia 14 de junho a capital francesa caiu e, onze dias depois o governo francês pedia a paz. A campanha no Ocidente terminara, em apenas 46 emocionantes dias. Só restava de pé um adversário, que não se deixaria dobrar: a Grã Bretanha. O primeiro revés: A Batalha da Inglaterra Quando os alemães começaram a planejar a invasão da Grã-Bretanha, tudo estava baseado no mesmo tratamento dado ao assalto ao Rio Mosa, mas numa escala maior. Era uma operação que implicaria na travessia de uma barreira aquática, e como antes, os bombardeiros de mergulho tomariam o lugar da artilharia. A Luftwaffe deveria estabelecer uma superioridade aérea e Göring estava preparado para admitir que o aniquilamento da RAF demoraria um pouco mais do que dois dias, como foram necessários para bater as outras forças aéreas da Europa. Durante o mês de julho, as Luftflotten II e III foram reforçadas com caças e bombardeiros, e juntas contavam com 2 600 aviões, assim distribuídos: . BOMBARDEIROS 1 200 . STUKAS 280 . CAÇAS MONOMOTORES 760 . CAÇAS BIMOTORES 220 . OUTROS 140 Além disso havia a Luftflotte V, na Noruega, que dispunha de 190 aeronaves (130 Bombardeiros, 30 Caças Bimotores e 30 Aeronaves de Reconhecimento). 10 A tarefa básica da Luftwaffe, consistiria na eliminação da RAF como força de combate efetiva e no estrangulamento do tráfego marítimo, mediante ataques aos portos e aos navios mercantes. No início, a Luftwaffe realizou leves ataques de sondagem e sortidas para lançamento de minas. Essas operações prosseguiram até o dia 13 de agosto, o Adler Tag (Dia da Águia), quando o combate agora conhecido como Batalha da Grã-Bretanha começou de verdade. Naquele dia, a Luftwaffe lançou 845 bombardeiros e 1 000 caças em ataques contra as cidades de Portsmouth e Southhampton, e contra os aeródromos localizados nos condados de Hampshire e Kent. Nesses combates os alemães perderam 45 aeronaves e a RAF 13. Dois dias depois, a Luftwaffe atacou com uma força de 520 bombardeiros e 1 266 caças, e novamente a balança pendeu para o lado dos ingleses: foram derrubados 75 aeronaves atacantes contra 34 caças da RAF. O ritmo das operações prosseguiu durante todo o restante de agosto e começo de setembro. Então, no final da primeira semana se setembro, após uma série de ataques de bombardeiros da RAF a Berlim, Göring deu ordens para que Londres se transformasse no principal alvo dos bombardeios. O objetivo era quebrar o moral do povo britânico. Na tarde do dia 7 de setembro, uma força de 372 bombardeiros escoltada por 642 caças, partiu para atacar a capital britânica. Como a RF estava esperando ataques a seus aeródromos, a maioria dos bombardeiros pôde chegar ao alvo sem ser molestada, embora algumas esquadrilhas alemães tivessem sido severamente atacadas durante o vôo de regresso. A área do cais de Londres foi severamente atingida e densas nuvens de fumaça negra subiam de tanques de armazenamento de óleo incendiados. Naquela noite, Göring informou a Hitler, cheio de júbilo, que “Londres está em chamas”, e que nesta “hora histórica”, sua Luftwaffe “pela primeira vez desfechara um certeiro golpe contra o coração do inimigo”. Dois dias depois, um novo ataque nas mesmas condições, custou aos alemães 28 aeronaves. Já nessa época, todos os escalões da Luftwaffe, começaram a compreender que não iriam vencer a batalha com tanta facilidade. O que saíra errado? Para destruir o Comando de Caças da RAF, os alemães tinham que atrair os caças britânicos para o ar e destruí-los ali, ou então bombardear os seus campos de pouso. Mas logo ficou evidente que os mal-armados bombardeiros alemães eram incapazes de se defender adequadamente dos caças britânicos, e assim só poderiam realizar missões se muito bem escoltados, e os caças Me-110 bimotores utilizados na escolta não eram páreo numa luta com os Spitfires e Hurricanes. Assim, coube aos Me-109 monomotor, a tarefa de enfrentar os caças britânicos, mas como seu raio de 11 ação era muito pequeno, só podiam proporcionar cobertura até Londres, quando partiam de bases situadas na área de Calais, ou até pouco além de Portsmouth, quando partiam dos aeródromos da área de Cherburgo, e mesmo assim, com pouquíssimo tempo para combate. De modo a economizar combustível, as rotas de ataque eram diretas, e essa inflexibilidade de trajeto facilitou muito o trabalho das defesas britânicas. A questão da escolta dos bombardeiros continuou sendo um grande problema para os alemães durante toda a batalha. Depois de reunidos em formação, cada Gruppe de caça tinha que se juntar a seus bombardeiros quando esses estivessem cruzando a costa francesa, mas como as comunicações de rádio entre os caças e os bombardeiros eram muito ruim, essa coordenação era difícil. Foi muito comum que alguns Gruppen escoltassem bombardeiros errados, propiciando dupla cobertura a determinada esquadrilha de bombardeiro enquanto outras ficavam sem nenhuma. Retirando a maioria de seus esquadrões de caça para aeródromos fora do alcance dos Me-109, o comandante da caça britânica, Marechal-doAr Dowding, transformou o plano de ataques aéreos às suas bases num grande problema para os alemães. O ponto culminante dos ataques em grande escala à capital britânica ocorreu no dia 15 de setembro, com duas incursões. A da manhã, foi interceptada por 24 esquadrões de Spitfires e Hurricanes e a da tarde por 31 esquadrões. O resultado foi uma série de combates duros sobre toda a região sul da Inglaterra. Naquele dia a Lutfwaffe perdeu 60 aparelhos e marcou o último dos ataques diurnos, realmente grandes, a Londres. Daí em diante, a atividade alemã em céus britânicos durante o dia começou a diminuir. Também desse dia em diante os alemães passaram a utilizar cada vez mais os Me-109 como caça-bombardeiros, com uma bomba de 250kg sob a fuselagem ou o Me-110 com duas bombas de 250kg e quatro de 50kg, para atacar Londres. Cada Gruppe de caças-bombardeiros era escoltado por um Gruppe de caça. Às vezes o Gruppe de escolta que voava bem acima dos caça-bombardeiros tinha um Staffel seu com bombas. Logo, se a força principal de caças-bombardeiros fosse atacada pelos caças britânicos e a escolta mergulhasse para protegê-los, o Staffel que vinha voando com a escolta prosseguia até o objetivo. Esse ardil funcionou em várias ocasiões. Mas, por ser pequena a capacidade de transporte de bombas desses caças-bombardeiros e menor ainda a precisão do ataque a grande altitude, eles não conseguiam causar danos concentrados. Esses ataque não passavam, por isso, de incursões de inquietação. 12 A batalha para destruir a RAF terminara, e os pilotos de caça britânicos permaneciam tão ativos quanto antes. Durante o período de 10 de julho a 31 de outubro, a Luftwaffe perdeu 1 733 aeronaves para destruir 915 caças britânicos. Na verdade, a partir do começo de outubro, os Messerschmitt incursores não passavam de mera presença simbólica da Alemanha sobre Londres, já que os principais ataques á cidade passaram a ser feitos à noite, quando as defesas britânicas eram muito menos eficazes. Os bombardeiros noturnos haviam começado em agosto, quando a Luftwaffe atacou a cidade de Liverpool. Em 7 de setembro, teve início os ataques noturnos contra Londres, e entre essa data e o dia 13 de novembro, os alemães bombardearam a capital britânica quase que todas as noites, com uma força diária média de 130 aparelhos. Durante esses ataques, as tripulações alemães gozavam da possibilidade de utilizar seus altamente desenvolvidos raios Knickebein (Perna Torta) para achar os objetivos. Esse sistema empregava poderosos transmissores terrestres de raios eletromagnéticos instalados na França, Alemanha, Holanda e Noruega, situados de modo a lançar seus feixes orientados sobre a Inglaterra. O operador de rádio do bombardeiro alemão captaria os sinais do Knickebein: se ouvisse pontos e traços, sabia que estava de um lado ou de outro do feixe, mas se ouvisse uma nota constante, sabia estar no centro do feixe. Utilizando dois transmissores, um para orientar o avião durante a aproximação e outro cruzando sobre o alvo, ficava fácil para as tripulações alcançarem o ponto correto de lançamento das bombas. O Knickebein era um dispositivo simples, utilizável por todos os bombardeiros bimotores alemães. Poderia ter guiado os bombardeiros alemães até as cidades britânicas com precisão, não fosse o Serviço de Inteligência Inglês ter descoberto e se inteirado da importância e do perigo representado pelo sistema. Por ordem de Churchill, a RAF formou uma organização especial para interferir nos sinais do Knickebein. As tripulações dos bombardeiros alemães logo descobriram que, quando realmente precisavam do Knickebein, ele era inútil sobre a Inglaterra. Frustrados em seu plano inicial, os alemães tentaram uma outra tática. Uma unidade, o Kampfgruppe 100, utilizando bombardeiros Heinkel 111, foi equipada com um sistema melhorado de feixes de ondas eletromagnéticas, de codinome X-Gerät, muito mais complexos que o Knickebein e que só poderia ser utilizado por tripulações muito bem treinadas. Era, porém, muito preciso. A idéia era fazer com que o Kampfgruppe 100 chegasse sobre o alvo antes dos outros e o iluminasse com bombas incendiárias lançadas com precisão. Então o resto da força atacante, já sem o Knickebein, lançaria suas bombas nos locais indicados 13 pelos incêndios (anos depois, a RAF utilizou essa mesma tática com os Mosquitos Pathfinders e os Lancasters). A primeira missão utilizando essa tática foi um sucesso. A cidade de Conventry foi atacada por 449 bombardeiros durante 10 horas seguidas no dia 14 de novembro, que lançaram 56 toneladas de bombas incendiárias, 394 toneladas de bombas explosivas e 127 minas. Como resultado, grande parte do centro da cidade ficou em ruínas e 21 fábricas importantes, 12 delas dedicadas à produção de aviões foram seriamente atingidas. Quinhentas e cinqüenta pessoas morreram e 800 ficaram feridas. Mais uma vez o Serviço de Inteligência Britânico já estava na pista do X-Gerät e já se produzia equipamento adequado para causar interferência em sua operação. Quando os alemães tentaram repetir em Birmingham, a 19 de novembro, a destruição de Conventry, a RAF estava preparada. O Kampfgruppe 100 teve muita dificuldade em achar a cidade e terminou provocando incêndios esparsos ao sul da mesma. Quando a força de ataque principal chegou, ficou vagando a esmo durante algum tempo antes de despejar suas bombas numa ampla área. O ataque foi um fracasso, assim como outro, desfechado no dia seguinte. Nos meses seguintes, o Kampfgruppe 100 liderou muitos ataques, mas devido a crescente interferência eletrônica provocada pela RAF, nunca mais a Luftwaffe obteve os mesmo resultados alcançados em Conventry. No final de 1940, os alemães introduziram mais um aparelho para ajudar seus bombardeiros a atingir os alvos, o Y-Gerät, mas os britânicos também o descobriram e nele interferiram. Mesmo quando atacavam objetivos que não dispunham de proteção eletrônica adequada, os alemães ainda tinham que lidar com incêndios de engodo (os Starfish) provocados pelos britânicos para confundi-los. Durante todo o tempo de ataques noturnos e diurnos à Grã-Bretanha, uma unidade alemã, a I/KG 40 travara, praticamente sozinha, uma luta contra os navios mercantes no Atlântico. Operando de Bordeaux e Merignac na França e de Stavanger, Sola, Trondehein e Vaernes na Noruega, os Fw-200 Condor, quadrimotores, realizavam vôos sobre a costa ocidental das Ilhas Britânicas, atacando os navios que encontrassem. Essa unidade, durante os três primeiros meses de 1941, afundou 88 navios, num total de 390 mil toneladas. Esses números são muito significativos, visto que a unidade nunca operou com mais de oito aviões. Isso estava bom demais para os alemães. Logo os navios mercantes passaram a ser equipados com baterias antiaéreas, e após acordo com os Estados Unidos, a Royal Navy recebeu 50 velhos destróiers da US Navy, em troca do uso das bases inglesas no Caribe. O resultado é que na primavera de 1941, os ataques dos Fw-200 aos navios mercantes tornaram-se cada vez 14 mais arriscados. Os pilotos alemães passaram só a atacar quando tinham o elemento surpresa a seu lado. Logo as limitações do Fw-200 começaram a se manifestar, pois esse avião, que era uma versão militar de uma aeronave civil, possuía uma estrutura frágil e não era capaz de resistir aos danos comuns de um combate. No começo de 1941, primeiramente em pequenos números e depois, em maio, numa verdadeira avalanche, o grosso da Luftwaffe, com exceção de poucas unidades de combate (a Kampfgeschwader 40, com seus Fw-200 e duas Jagdgeswader) que ficaram na França, partiu para o ataque à Rússia. Essa força deveria retornar á França para reiniciar seus ataques à GrãBretanha umas seis semanas depois da ofensiva no leste – estimativa de Hitler sobre o tempo que os russos poderiam resistir. Porém, quando retornaram à França, eram apenas uma sombra do que foram. Assim terminaram as três fases do ataque destinado a eliminar a Grã-Bretanha. Primeiro houve a tentativa de destruir a RAF e deixar a GrãBretanha livre contra os ataques aéreos. Depois, os alemães tentaram minar a resistência do povo britânico mediante ataques diurnos (2ª fase) e noturnos (3ª fase) aos centros urbanos. Todas fracassaram. Pela primeira vez na guerra, a até então invencível Luftwaffe experimentou o gosto amargo do fracasso. Treinada e equipada como arma aérea tática, era de se prever que fracassasse como arma estratégica. E, nesse processo, sofreu muitas perdas em aviões e – o que foi muito pior – em homens treinados. O mito da invencibilidade da Luftwaffe comprometera-se para sempre. Nos Bálcãs e no Mediterrâneo A Luftwaffe começou a se deslocar para leste em janeiro de 1941, e em março já possuía cerca de 400 aviões de combate na Romênia, prontos para atacar a Grécia. Os alemães contavam com a colaboração iugoslava, mas um golpe de estado, expulsou o governo pró-alemão daquele país. Hitler então decidiu que teria que ocupar não só a Grécia como também a Iugoslávia, para garantir seu flanco meridional, antes da ofensiva na Rússia. Em menos de dez dias, outros 600 aparelhos se deslocaram mais de 1 600 km, mostrando o exemplo de mobilidade da Luftwaffe. Ela recebera uma surra da Royal Air Force nos céus da Grã-Bretanha, mas ainda era superior a qualquer das outras forças aéreas da Europa. Em um domingo, dia 6 de abril, os alemães atacaram a Iugoslávia. O ataque iniciou-se com um violento bombardeio contra a capital Belgrado, realizado por 150 aeronaves, com poderosa escolta, que superou sem 15 problemas as fragilíssimas defesas de caças e antiaéreas iugoslavas. O resultado foi catastrófico: cerca de 17 mil pessoas jaziam mortas entre as ruínas da cidade. Tendo alcançado seu objetivo, a Luftwaffe voltou-se então a apoiar o exército, atacando concentrações de tropas, linhas de comunicação e alvos na área de combate, e como já acontecera antes, a combinação apoio aéreo e blindados mostrou-se irresistível. Os iugoslavos renderam-se 12 dias depois. O ataque simultâneo à Grécia foi igualmente bem sucedido. Na primeira noite, Junkers 88 atacaram o maior porto grego, em Pireu, próximo a Atenas, atingindo um navio carregado de munição, que ao explodir, praticamente destruiu-o. Num único golpe, as forças gregas e britânicas, foram privadas do único local bem equipado para desembarque de suprimentos. Com apoio cerrado da Luftwaffe, as tropas terrestres avançaram rapidamente pela Grécia. Em 24 de abril, enquanto tropas britânicas travavam prolongado combate para atrasar os alemães, os primeiros homens da força expedicionária eram evacuados pelo mar. Três dias depois os alemães chegam a Atenas, e a 28 de abril – passadas apenas três semanas do início da campanha – as últimas forças britânicas ainda em território grego se rendem. Ainda antes da captura final da Grécia, os estrategistas alemães já estavam estudando o último objetivo da limitada campanha dos Bálcãs: a ilha de Creta. Em 25 de abril, Hitler assinou sua 28ª diretiva de guerra, determinando a invasão da ilha. O Comando da operação é confiado ao Comandante Chefe da Luftwaffe, que empregará as forças aerotransportadas e as forças aéreas estacionadas na área do Mediterrâneo. Ao contrário do que ocorria com outras nações, as tropas aerotransportadas alemães eram parte integrante da força aérea, e não do exército. Daí a responsabilidade da Luftwaffe pelo ataque a Creta. Para essa invasão, foram reunidas nos aeródromos dos arredores de Atenas, uma força de transporte com 493 Junkers 52 mais uns 100 planadores de assalto DFS 230. O apoio seria dado pela Fliegerkorps VIII com 650 aparelhos. Em apenas quatro dias, a Luftwaffe eliminou a oposição aérea britânica sobre a ilha, e agora os bombardeiros começavam as operações sistemáticas de debilitação das defesas terrestres. O assalto aerotransportado a Creta iniciou-se na manhã do dia 20 de maio, precedido por uma hora de ataques intensos contra as defesas em torno das zonas de salto. Os pára-quedistas e planadores desceram sobre Máleme, Canea, Rétimo e Heraklion, em desembarques sincronizados com os 16 ataques dos bombardeiros, de modo que as tropas pudessem aproveitar as recém-criadas crateras de bombas para proteção. No início, as tropas alemães progrediram muito pouco e sofreram pesadas baixas, mas com o apoio amplo das unidades aéreas, puderam aos pouco arrancar as tropas britânicas, neozelandesas, australianas e gregas das suas posições. O momento decisivo ocorreu na tarde do dia 21 de maio, quando o aeródromo de Máleme foi tomado. Muito embora a pista de pouso ainda estivesse sob fogo de artilharia, dezenas de Junkers 52 aterrisaram com novas tropas e suprimentos muito necessários. Ao mesmo tempo, a Fliegerkorps VIII impedia que os defensores recebessem reforços e suprimentos. As coisas pioraram para os aliados, e a 28 de maio a Royal Navy começou a evacuar os homens da ilha. Em apenas dois dias, mais de 16 mil homens foram evacuados. No dia 1º de julho os restantes foram obrigados a render-se. Desde o começo da guerra no Mediterrâneo, a pequena ilha de Malta, pertencente à Grã-Bretanha e situada a 100 km ao sul da Sicília, foi um tormento para as alemães e italianos. Durante os meses de fevereiro e março de 1941, o Fliegerkorps X e algumas unidades da Força Aérea Italiana desfecharam violentos ataques aéreos contra a ilha, visando principalmente a baía da capital Valetta e os aeródromos. Quase toda a força de bombardeiros esteve empenhada nessa tarefa. A intervalos regulares, eles desfechavam ataques sincronizados tanto de bombardeio de nível como de mergulho, além de ataques a baixo nível. Em abril, os ataques começaram a diminuir, à medida que crescia a necessidade de aeronaves em outras frentes de batalha. Durante a primavera de 1941, os olhos de Hitler estavam firmemente voltados para o objetivo principal: a Rússia. Uma vez eliminada a ameaça bolchevista, coisas insignificantes, como a ilha de Malta, poderiam ser atacadas tranqüilamente. Rússia e o vitorioso avanço para o leste Os alemães em geral, e Hitler em particular, há muito consideravam a Rússia uma fonte de perigo e, a despeito do pacto de não-agressão existente entre as duas nações, eles não confiavam muito uma na outra. Os avanços russos para oeste, desde 1939, quando ocuparam a Letônia, a Estônia, a Lituânia e também partes da Polônia, da Romênia e da Finlândia, serviram para fortalecer a certeza de que cedo ou tarde, a Alemanha se veria em guerra com a Rússia. Entre 1939 e 1941, os efetivos do exército vermelho cresceram de 65 para 158 divisões, sendo que a maioria delas estava ao longo de sua 17 fronteira ocidental, ao mesmo tempo em que as forças armadas russas vinham sofrendo um amplo programa de modernização e de reequipamento. Até hoje não se tem certeza de que os russos pretendiam invadir a Alemanha. Sabe-se, no entanto, que Hitler pensava que eles atacariam e, assim pensando, resolveu golpear primeiro. No final de julho de 1940, depois de encerrada a campanha da França, mas muito antes de iniciada a batalha da Grã-Bretanha, Hitler deu as primeiras ordens no sentido de se iniciar o planejamento do ataque à Rússia, e em meados de novembro daquele ano, a Luftwaffe dava início ao detalhamento dos estudos. Göring fez de tudo para convencer Hitler a mudar sua atitude, entretanto seus diversos apelos foram inúteis – o Füher recusou deixar-se convencer. Seu principal argumento era de que uns poucos, mas malequipados finlandeses não haviam quase derrotado os russos na Guerra de Inverno de 1939? O que não fariam os poderosos alemães ? A invasão da Rússia teve o codinome “Barbarossa”, em homenagem ao Imperador alemão da 3ª Cruzada, Frederico Barbaraossa. O ataque deveria iniciar-se no começo de maio de 1941, mas o degelo incomumente tardio fez com que a operação fosse transferida para a terceira semana de junho. A perda destas quase seis semanas teria conseqüências decisivas, mais tarde. De modo a manter em segredo as intenções germânicas, a maioria das unidades aéreas destacadas para a operação, permaneceu na Alemanha ou mesmo nos territórios ocupados do Ocidente, até o começo de junho de 1941. Então, num espaço de três semanas, vários Gruppen dirigiram-se rapidamente para as bases previamente destinadas a cada um e lá permaneceram cuidadosamente camuflados. Quando o ataque começo, pouco após o amanhecer do dia 22 de junho, a Luftwaffe dispunha para a operação cerca de 2 770 aparelhos, a saber: 775 Bombardeiros, 310 Stukas, 830 Caças Monomotores, 90 Caças Bimotores, 710 Aeronaves de Reconhecimento e Ligação e 55 Aeronaves Navais. O esforço alemão para despistar os russos trouxe generosos dividendos durante a fase inicial da operação, já que aqueles foram pegos completamente de surpresa. Como sempre, o alvo inicial da Luftwaffe era a força aérea adversária, e por isso, os aeródromos russos ao longo de sua fronteira ocidental foram submetidos a violentos ataques aéreos. O sucesso dos ataques superou todas as expectativas mais otimistas dos alemães. Aviões de combate soviéticos eram destruídos às centenas. A publicação oficial soviética de pós-guerra “História da Grande Guerra Patriótica da União Soviética” registra que apenas no primeiro dia de combate foram 18 destruídos cerca de 1 200 aviões soviéticos, dos quais mais de 800 em terra. Embora a perda material tenha sido grande e a força aérea soviética durante algum tempo, praticamente tivesse desaparecido dos céus, as perdas humanas foram leves. Com isso, o poder de recuperação, a longo prazo, dos russos praticamente não foi afetado. Além disso, a falta de um adequado bombardeiro de longo alcance, por parte da Luftwaffe, significava que as importantes fábricas russas, situadas perto ou além dos montes Urais, estavam fora do seu alcance. Com a força aérea soviética fora de combate, a Luftwaffe retornou à tarefa de apoiar o exército. Como já acontecera nas outras vezes, o rápido avanço do exército alemão exigiu a maior mobilidade por parte das unidades de caças e bombardeiros de mergulho e, uma vez mais, a organização da Luftwaffe provou estar à altura da tarefa. Uma das características notáveis da primeira parte dessa campanha, foi o uso generoso que os alemães fizeram do reconhecimento aéreo, e com isso, os comandantes do exército alemão conseguiam informações detalhadas de todos os movimentos do inimigo nas áreas da retaguarda, bem como das áreas de combate. O problema principal, na zona de combate, consistia na distinção entre amigo e inimigo, e muitas aeronaves foram abatidas pelo fogo antiaéreo, quando reduziam a altitude para identificar as tropas de terra. Os alemães passaram então a identificar suas tropas com painéis coloridos estendidos no chão, mas os russos também passaram a utilizar essa tática, e em várias ocasiões ataques a concentrações de tropas soviéticas foram canceladas, por falta de uma identificação perfeita. Às vezes a situação em terra era tal, que riscos tinham que ser corridos, e por diversas vezes, a Luftwaffe atacou tropas alemães. O apoio aéreo aproximado, implica sempre, em grandes riscos. Numa campanha em que o movimento rápido de forças blindadas era fundamental, o reconhecimento aéreo mostrou-se de capital importância, mesmo sendo impreciso. Durante o verão e o outono de 1941, os alemães penetraram profundamente na Rússia, fazendo cerca de 2,5 milhões de prisioneiros, capturando mais de 9 mil tanques e de 16 mil peças de artilharia. As tropas blindadas fechavam os bolsões russos, e a Luftwaffe as atacava, eliminando a necessidade de ataques por tropas de infantaria. Mas essas vitórias saíam caras para a Luftwaffe, visto que diferentemente dos outros soldados, o combatente russo não se atirava ao chão quando atacado por aviões, em vez disso, abria fogo com suas armas, causando, por incrível que pareça, muitas baixas à Luftwaffe. Em apenas três meses da campanha russa 2 631 aviões da Luftwaffe foram destruídos ou danificados e as substituições não acompanhavam o ritmo das baixas. Além disso, como a maioria dos aviões 19 atingidos caía em território dominado pelos soviéticos, as perdas em tripulações treinadas eram sérias e de substituição difícil. Gradativamente, a Luftwaffe perdia poder de combate. Para o Generaloberst Ernst Udet, Chefe do Setor de Desenvolvimento de Projetos e Produção de Aviões da Luftwaffe, a magnitude das perdas na Rússia foi a última gota d’água. Durante todo o tempo em que esteve á frente do cargo, nunca conseguiu, apesar de todos os esforços, colocar a produção de aeronaves nos níveis necessários. Enquanto a Luftwaffe pode manter um nível de reservas forte, isso não foi tão ruim, mas as pesadas perdas sofridas durante a batalha da Grã-Bretanha e agora na Rússia mudaram o panorama. Os novos projetos, que viriam substituir os He 111, os Ju 87 e o Me 110, que estavam ficando antiquados – o bombardeiro He 177 e o caça-bombardeiro Me 210 – enfrentavam sérias dificuldades de desenvolvimento, estando à beira do fracasso. Os erros cometidos nos dois anos anteriores ao início da guerra se faziam sentir agora. A saúde de Udet começou a fraquejar, e ele sofria de hemorragias e dores de cabeça insuportáveis. Na manhã de 17 de novembro de 1941, Udet matou-se. Por ordem de Hitler, as verdadeiras circunstâncias de sua morte foram mantidas em segredo, e seu funeral foi realizado com honras de estado. Em reconhecimento das suas magníficas realizações na 1ª Guerra Mundial, de suas 62 vitórias em combate e dos grandes serviços prestados á criação da Luftwaffe, seu nome foi perpetuado na Jagdgeschwader 3. O sucessor de Udet foi Erhardt Milch, que desta forma, recuperou a posição perdida em 1938. Ele iniciou imediatamente a reforma geral de toda indústria aeronáutica alemã, de modo a eliminar a duplicidade e o uso ineficiente de potencial humano e de recursos. Mas essas medidas não teriam muito efeito sobre a situação dos equipamentos a curto prazo. Quando as chuvas de outono começaram a cair em outubro de 1941, as tropas alemães passaram a viver uma calamidade. O terreno antes firme transformara-se em atoleiro; as estradas ficavam cobertas de grossas camadas de pegajosa lama; o movimento das unidades de combate motorizadas e as de abastecimento era quase impossível. Quando o avanço dos blindados foi detido pela lama, os alemães estavam ás portas de Moscou e haviam praticamente cercado Leningrado. Jamais tomariam, porém, essas cidades. Os alemães pagariam preço muito elevado pelo atraso do degelo da primavera naquele ano, pois o maior dos aliados russos, o “General Inverno”, atacou logo depois das chuvas de outono e antes que tivesse o invasor obtido a vitória rápida e total que Hitler previra com tanta confiança. Também, em dezembro de 1941, imediatamente após o ataque japonês à 20 Pearl Harbour, a Alemanha declara guerra aos Estados Unidos, fato que mais tarde teria efeitos muito importantes. O rigor do inverno russo pegou a Luftwaffe completamente despreparada para enfrentá-lo. À parte de falta de uniformes de vôo adequados ao frio intenso, o equipamento necessário para manter no ar a força aérea em condições de tempo tão ruins não existia. Como os aviões tinham que ficar ao ar livre, sob temperaturas de até –30°C, os motores e o armamento dos aviões transformavam-se num bloco de gelo, sendo necessário improvisar toda a sorte de dispositivos de aquecimento para removê-lo. A maioria das unidades de combate da Luftwaffe estivera incessantemente em ação de junho até fins de outubro, tendo mantido um índice médio de sortidas diárias entre 75 e 60 porcento. Considerando-se que se manteve esse esforço todos os dias durante mais de quatro meses, esses números ganham extraordinária significação, explicando por que pôde a Luftwaffe realizar tanto durante os primeiros estágios da campanha russa. Em fins de 1941, a Luftwaffe tinha apenas 1 700 aviões de todos os tipos no front russo, espalhados por uma frente de 3 200 km, que ia do cabo Norte ao mar Negro. Devido, porém ás dificuldades de manutenção e abastecimento, a taxa de unidades em operação caiu em alguns setores para menos de 30 porcento. Os alemães precisavam desesperadamente de uma pausa para tomar fôlego, a fim de se recuperarem dos esforços dos últimos meses, mas não a teriam, pois no começo de dezembro o Exército vermelho desfechou sua contra-ofensiva de inverno. Diante dos ataques de divisões russas, descansadas e especialmente treinadas e equipadas para luta de inverno, as exaustas tropas alemães começaram a ceder terreno. A fantástica sombra que em 1812 desabou sobre o Grande Exército de Napoleão levantava-se, gigantesca e ameaçadora, diante dos germânicos, transformando qualquer tentativa de retirada geral em derrota fragorosa. Diante disso, a ordem de Hitler para que se mantivessem firmes a qualquer preço era, sem dúvida, correta. Em fins de fevereiro de 1942, os alemães tinham conseguido em grande parte, diante da poderosa pressão russa, estabelecer nova linha de defesa, embora esta fosse criticamente frágil em certos lugares. Quando a frente, por fim, se estabilizou, dois baluartes haviam sido isolados, um em Demyansk e outro, menor, em Kholm. A Luftwaffe foi encarregada do abastecimento daquelas tropas pelo ar. Em Demyansk, uma pequena cidade situada a meio caminho entre Moscou e Leningrado, os russos haviam isolado seis divisões do 16º Exército Alemão, compreendendo cerca de 100 mil homens. A ponte aérea teve início 21 a 20 de fevereiro, quando os primeiros Ju 52, supercarregados, foram até o bolsão, descarregaram e retornaram cheios de feridos. Os dois aeródromos do bolsão, e o aeródromo alemão mais próximo (Pleskau, a 240 km de distância, dos quais 160 km estavam em território controlado pelos russos) só permitiam operações diurnas, mas a força aérea russa, sem ter convalescido do severo castigo recebido no verão, foi incapaz de intervir com eficiência no tráfego da ponte aérea criada. A Luftwaffe conseguiu reunir uma força de quase 600 aviões de transporte, e supriu a necessidade diária de 300 toneladas de suprimento. O que se iniciara como expediente temporário, logo se transformou numa operação que se prolongou até que o cerco fosse levantado, a 18 de maio de 1942. A força cercada em Kholm era muito menor do que a dos arredores de Damyansk (apenas uns 3 500 homens), mas os problemas para a Luftwaffe eram muito mais sérios. Em primeiro lugar, não havia nenhum aeródromo utilizável dentro do bolsão e os suprimentos tinham de ser lançados por pára-quedas ou levados de planador. Foram utilizados dois tipos de planadores: o DFS 230, com capacidade de uma tonelada e o Gotha 242, com capacidade de 2,5 toneladas. Os planadores faziam apenas uma viagem, já que não havia meios de retirá-los do bolsão, e suas tripulações eram usadas depois como soldados de infantaria. Os homens em Kholm resistiram por três meses e meio antes de serem salvos por forças terrestres alemães. Essas duas operações custaram cerca de 300 aviões alemães, excluindo-se os planadores, mas foram bem sucedidas na missão de manter terreno e salvar unidades que, de outro modo, teriam sido perdidas. O degelo começou em abril de 1942 e, com a lama resultante, as atividades aéreas e terrestres praticamente pararam. Por fim, a Luftwaffe ganhou a oportunidade de recobrar o fôlego para devolver ás unidades seus efetivos em homens e equipamentos, em preparativos para a campanha de verão. O Alto Comando Alemão decidira que a penetração principal seria concentrada no sul, com objetivo de tomar as importantes áreas de produção de petróleo do Cáucaso. Mas, em primeiro lugar, era necessário garantir o flanco sul e, para isto, os alemães teriam que ocupar o restante da Criméia e, em particular, a fortaleza de Sebastopol. O ataque a Sebastopol começou a 2 de junho, com ferocidade sem precedente. Os alemães haviam reunido o mais poderoso agrupamento de sítio já montado durante a guerra, que incluía morteiros de até 60 cm de calibre, e até mesmo um canhão de 80 cm de calibre, que disparava granadas de quase 5 toneladas cada uma. A Fliegerkorps VIII deu apoio aéreo, 22 enquanto que a artilharia de terra martelava as defesas. As unidades da Luftwaffe realizaram então uma das mais intensas e organizadas operações de bombardeio. Operando em bases situadas a dez minutos de vôo de Sebastopol, os aviões chegaram a realizar 18 missões por dia, e as tripulações descansavam a cada quatro surtidas. A despeito da tenaz resistência, os defensores russos, superados em número e armamentos, foram gradativamente expulsos das posições que sustentavam, e a fortaleza caiu a 3 de julho. Com o flanco sul garantido, os alemães puderam dar prosseguimento á planejada penetração em direção aos campos petrolíferos do Cáucaso. A ofensiva teve início no final de junho, e logo os blindados alemães estavam avançando pela linha do Rio Don. Os bombardeiros estiveram empenhados em operações sistemáticas contra os pontos de comunicações da retaguarda russa, em especial as pontes, barcas e ferrovias, que foram violentamente atacadas. A 23 de agosto, os primeiros elementos do 6º Exército Alemão chegou ao rio Volga, ao norte de Stanligrado. Todos os ataques iniciais para tomar a cidade foram repelidos e, diante da resistência soviética, cada vez mais intensa, os alemães foram obrigados a lutar ferozmente de rua em rua e de casa em casa. O combate se arrastou por dois meses, e em pouco, os adversários tinham na região, mais de 1 milhão de homens cada, apoiados por mais de mil aviões. Com o apoio intenso da Luftwaffe, o 6º Exército penetrou cada vez mais profundamente por entre as ruínas da cidade. Em meados de novembro, os alemães haviam conquistado quase toda margem ocidental do rio Volga. Era quase impossível aos russos resistir. Então, o Exército Vermelho iniciou sua contra-ofensiva nos arredores da cidade. A 19 de novembro, tropas russas, partindo do norte de Stalingrado, começaram seu ataque. No dia seguinte os ataques começaram pelo sul. Três dias depois, na tarde de 23 de novembro, os dois grupos se encontraram, e fecharam no bolsão 22 divisões alemães, num total de 330 mil homens. Hitler não estava disposto a tirar seus homens do Volga, e perguntou a Göring se a Luftwaffe podia ou não abastecer os homens do 6º Exército. Tal como já fizera anteriormente, Göring, que confiava na sua Luftwaffe, respondeu que era possível. A sorte estava lançada. Com base na promessa de Göring, Hitler deu ordens ao comandante das forças sitiadas em Stalingrado, Generaloberst Paulos, no sentido de defender a posição. A guarnição necessitava, no mínimo, de 700 toneladas diárias de suprimentos, ou de 500 toneladas, se todos os cavalos fossem mortos e sua carne utilizada para suplementar a ração diária dos combatentes. Logo ficou claro que a Luftwaffe só conseguiria suprir 300 toneladas por dia. 23 A ponte aérea começou no dia 25 de novembro, mas tudo saiu errado desde o início. As condições atmosféricas eram piores do que as das duas operações anteriores, e a Luftwaffe só conseguiu entregar 65 toneladas durante os dois primeiros dias e praticamente nada no terceiro. Somente no sexto dia é que o total transportado atingiu cem toneladas - um terço do que a Luftwaffe prometera e apenas um quinto das necessidades mínimas absolutas do exército sitiado. Para aumentar a capacidade de transporte, foram requisitados todos os aviões possíveis. No começo de dezembro, estavam sendo empregados 10 Gruppen de Ju 52, dois Gruppem de bombardeios He 111, dois de Ju 86, um de He 177, além de um Gruppe misto de Fw 200, Ju 90 e Ju 200 - um total de 500 aviões. Mas, a despeito desse esforço, a Luftwaffe jamais pode transportar a quantidade diária prometida de 300 toneladas. O mau tempo reinante na área, os aeródromos improvisados, os vôos realizados sobre território controlado pelo inimigo e enfrentando cada vez mais a caça e a artilharia antiaérea russa, tudo isso contribuiu para prejudicar o esforço da Luftwaffe. Na média, foram entregues apenas, 100 toneladas por dia. Sofrendo de escassez de alimentos, combustível e munição necessários para prosseguir a luta com eficiência, os alemães cercados foram obrigados a ceder terreno. A 16 de janeiro, o principal aeródromo em poder dos alemães, Pitommik, caiu; em seguida foi o de Gumrak. Os alemães foram então obrigados a recorrer ao lançamento de suprimentos por páraquedas, método muito menos eficiente, porque deste modo, cada aparelho só podia transportar metade da carga. Era o começo do fim para o 6º Exército. Enfraquecidos pela fome, os soldados alemães não podiam recuperar os recipientes lançados de pára-quedas que caiam na neve profunda. A 4 de janeiro, Paulus manda comunicado a Hitler, solicitando permissão para render-se, a fim de salvar a vida das tropas restantes. A resposta de Hitler foi imediata:"A rendição está proibida". Com fome e frio, ninguém tinha mais sensibilidade pelas exortações do Füher, e a 2 de fevereiro, os 91 mil sobreviventes finalmente se entregam. A mal sucedida tentativa de manter o 6º Exército abastecido pelo ar custou à Luftwaffe 488 aviões. A maioria dessas baixas se deveu a acidentes em decolagens a aterrissagens nos pessimamente equipados aeródromos e aos caças russos. A perda material sofrida pela Luftwaffe, embora não fosse pequena, era de possível reposição, mas o programa de treinamento das tripulações havia sofrido paralisação, quando aviões e instrutores foram mandados para a Rússia. Além disso, a escassez de combustível de aviação, obrigou a diminuição e até mesmo a paralisação de operações aéreas não relacionadas com a operação de salvamento de Stalingrado, e quem voltou a sofre foi a 24 organização de treinamento. A redução em quantidade e qualidade, de novas tripulações, ocorrida exatamente quando as perdas haviam sido muito altas, causaria grande dano à capacidade de ataque da Luftwaffe. A campanha de contenção no ocidente Quando iniciou-se a campanha russa, em junho de 1941, a Luftwaffe concentrou a maior parte de seu poder de ataque no leste. À Luftflotte III, estacionada na França, restou apenas 130 Ju 88, Fw 200 e Do217, basicamente empenhados a ataques a navios mercantes e no lançamento de minas, destinados a interromper o comércio da Grã-Bretanha, além de dois Geschwader de Me 109, destinados a defesa aérea. Para a Alemanha, a defesa dos objetivos industriais era de responsabilidade das unidades antiaéreas, que faziam parte da Luftwaffe, e os alemães subestimaram a capacidade de seus canhões antiaéreos. Assim que a RAF começou seus bombardeiros noturnos à Alemanha, em maio de 1940, ficou claro que somente os canhões antiaéreos não seriam suficientes. Assim, em junho de 1940, o Oberst Joseph Kammhuber, mais tarde Generalmajor, recebeu ordens de Göring para criar uma força de caças noturnos para combater os incursores britânicos. Em fins de 1940, essa força de caças noturnos, já constava com 165 aviões, a maioria Me 110. As táticas então empregadas para interceptação noturna dependiam de holofotes para iluminar os bombardeiros, quando então os caças atacavam visualmente. Esse sistema era conhecido como Helle Nachtjagd (Combate Noturno Iluminado) e com ele, os caças obtiveram algumas vitórias. A desvantagem desse procedimento era que como os holofotes só ficavam situados perto das grandes cidades, não se podia interceptar os bombardeiros fora dessas áreas. Havia ainda o risco de que os caças fossem iluminados pelo holofote e assim tornavam-se o alvo dos artilheiros de terra, que então abririam fogo por engano. A solução adotada foi a de se criar um cinturão de holofotes, longe das cidades e dos canhões antiaéreos, ao longo da costa, desde a Alemanha Setentrional até a Bélgica, quando então os bombardeiros seriam interceptados, a caminho dos seus objetivos. O sistema funcionava bem, nas noites claras sem nuvens, mas com o céu meio encoberto, os pilotos da caça noturna tinham muita dificuldade em realizar suas operações. Mais uma vez, a inventiva alemã se fez presente, e foram introduzidos dois tipos de radar, o Freya, de longo alcance, e o Würzburg, de precisão a curta distância. Controladores de terra, em estações espalhadas a cada 32 km, operavam os radares e direcionavam os caças a atacarem os invasores, antes da zona dos holofotes. 25 A caça noturna alemã foi ampliada, e ao final de 1941, possuía cerca de 300 aparelhos, que operava, desde a Dinamarca, passando pela Alemanha, Holanda, Bélgica, França indo até a fronteira da Suíça. Até o começo de 1942, o Comando de Bombardeiros da RAF preocupara-se sobretudo com a expansão e reequipamento, e seus ataques eram mais um incômodo do que uma ameaça para os alemães. Mas a partir de março de 1942, tudo isso mudou, quando uma força de 234 bombardeiros arrasou grande parte de Lübeck. Essa incursão provocou muito ressentimento na Alemanha e Hitler deu ordens a Luftwaffe para revidar. No dia 23 de abril, 45 bombardeiros Do 217 atacaram a cidade de Exeter; no dia seguinte outros 60; na terceira e quarta noite, o alvo foi Bath. Após os ataques a Bath, vieram outros contra Norwich, York e novamente Exeter. Incêndios de grandes proporções logo tomaram conta de seus prédios medievais, sobretudo feitos de madeira e destruíram grande parte da cidade. Durante o mês de maio, a Luftwaffe se concentrou em atacar aldeias e cidades menos defendidas, mas no último dia do mês, a cidade de Canteburry, com sua antiqüíssima catedral, foi atacada. As defesas britânicas eram consideravelmente mais fortes do que as do ano anterior, e cobraram pesado tributo aos incursores. Em apenas quatro incursões do mês de julho, foram perdidos 27 bombardeiros, sem que se causasse dano algum nas cidades atacadas. Apenas o Kampfgeschwader 2, unidade de Do 217, que estivera profundamente empenhada nos ataques à Grã-Bretanha durante os nove primeiros meses de 1942, chegou a perder por três vezes, o equivalente de seus efetivos em aviões e tripulações, e com as exigências da frente russa, essas perdas não foram compensadas e, a unidade que iniciara o ano de 1942 com 82 tripulações, em setembro só possuía 23. Enquanto que a Luftflotte III fora incapaz de manter o impulso de seu ataque á Grã-Bretanha, o Comando de Bombardeiros da RAF aumentara sues efetivos. Em 30 de maio de 1942, por exemplo, uma força de mais de mil bombardeiros atacou Colônia, danificando-a fortemente e fazendo lavrar violentos incêndios. Durante o outono e inverno de 1942, os ataques britânicos intensificaram-se, à medida que mais bombardeiros quadrimotores entravam em serviço. Em agosto de 1942, deu-se o início da ofensiva de bombardeiros diurnos pela USAAF. No início, os B-17 atacavam apenas os objetivos situados na França, Bélgica e Holanda, e por isso os pilotos da caça alemães tiveram tempo de se acostumar com os novos adversários, e tenham ficado espantados com o poderoso armamento das Fortalezas Voadoras, relutando inclusive de atacá-las a curta distância. Mas logo ficou claro que as metralhadoras dos bombardeiros não eram tão eficientes assim, e logo 26 recuperaram o velho espírito agressivo. O major Egon Mayer, comandante da Jagdgeswader 2, analisando uma B-17 derrubada, concluiu que o melhor método para atacar as B-17 era pela frente, onde seu armamento e sua blindagem eram mais frágeis, e utilizando esse padrão, as unidades da Luftwaffe conseguiram inúmeras vitórias contra os bombardeiros americanos. No final de 1942, as defesas da Alemanha propriamente dita, compreendiam quase 400 caças noturnos e 200 diurnos, 600 baterias antiaéreas pesadas (canhões de 88 mm, 105 mm e de 128 mm), 300 baterias leves (canhões de 20 mm e de 37 mm), 200 baterias de holofotes e 40 baterias de balões. Até então essas defesas eram muito respeitadas pelos britânicos, mas com o passar do tempo, as forças atacantes estavam tornando-se mais experientes, e o ano de 1943 veria muitos combates aéreos renhidos nos céus da própria Alemanha. Após a derrota em Stanlingrado, foram introduzidas marcantes mudanças no ponto de vista do Alto Comando da Luftwaffe, que passou a admitir a impossibilidade de uma vitória rápida na Rússia, onde a maior parte da força estava deslocada, bem como fico claro que a Luftwaffe estava mal preparada para uma guerra prolongada, pois desde seu nascimento fora preparada para campanhas rápidas (arriscavam e aceitavam elevadas perdas, para obter uma vitória rápida). O treinamento foi relegado a segundo plano, e o resultado de tudo isso é que no começo de 1943, a Luftwaffe passou a enfrentar séria escassez de tripulações treinadas. Além do colapso do programa de treinamento, acentuou-se a escassez geral de aviões de combate atualizados. Em quase todos os casos, os tipos em uso eram máquinas que estavam em serviço desde o início da guerra - a única exceção era o caça Fw 190, e as duas outras aeronaves de substituição, o bombardeiro pesado Heinkel 177 e o caça-bombardeiro Me 210 haviam encontrado dificuldades ainda não totalmente solucionadas. As versões mais recentes do Me 109 e do Ju 88 ainda eram aviões de combate de primeira classe, mas não se podia dizer o mesmo dos Me 110, do Ju 87 e do He 11, que haviam chegado ao fim de suas possibilidades de desenvolvimento. Mas não era apenas em qualidade que os alemães estavam sendo superados pelos aliados, mas também em quantidade. Com a entrada na guerra dos Estados Unidos, com parte de seus recursos industriais dedicados a fabricação de aviões de combate, era evidente que, a menos que a produção alemã de aparelhos fosse intensificada, a Luftwaffe seria arrasada. O Generalfeldmarschall Milch tomara várias providências para melhorar o suprimento de novos aviões. Uma dessas providências foi o aumento da força de trabalho, quando determinou a remoção para a 27 Alemanha de trabalhadores especializados da indústria aeronáutica dos países ocupados, onde eram oferecidos atrativos especiais como bons salários e rações extras, mas que não foram suficientes para mantê-los nos postos de trabalho, devido principalmente aos intensos bombardeios aéreos britânicos. Em 27 de janeiro de 1943, a 8ª Força Aérea dos Estados Unidos iniciou nova fase na ofensiva aliada, quando 55 bombardeiros B-17 realizaram ataque diurno contra Wilhelmshaven. Três dias depois, para grande vexame de Göring, bombardeiros Mosquitos da RAF, atacaram Berlim à luz do dia. Entre 27 de janeiro e meados de julho de 1943, a 8ª Força Aérea realizou 40 missões, 27 das quais contra bases de submarinos e depósitos de suprimentos. A maior parte destes ataques foi contra situados na Europa ocupada, e a Luftwaffe via com muita clareza que os americanos ampliavam continuamente sua arma estratégica e logo se poderia esperar ataques violentos contra a Alemanha. Nesse meio tempo, a eficiência dos ataques noturnos britânicos aumentou, com a instalação de radares para "bombardeio cego" e de aviões precursores (os "pathfinders" - aeronaves que marcavam o alvo com precisão, utilizando bombas incendiárias). Para enfrentar a nova situação, os alemães foram obrigados a ampliar suas defesas aéreas. No começo de julho de 1943, a força de caças monomotores aumentou de 600 para 800 aparelhos, e ao mesmo tempo o conjunto de caças noturnos passou de 400 para 600. No início, os caças monomotores Me-109G e Fw-190A encontraram dificuldades em concentrar fogo durante tempo suficiente para causar danos fatais às resistentes B-17 e B-24. O Me-109 teve seus armamentos aumentados de um canhão de 20 mm e duas metralhadoras de 7,9 mm para três canhões de 20 mm e duas metralhadoras de 13 mm e o Fw-190 de dois canhões de 20 mm e duas metralhadoras de 7,9 mm para quatro canhões de 20 mm e duas metralhadores de 13 mm. Além disso, algumas aeronaves passaram a utilizar dois ou quatro tubos de lançamento de foguetes Wgr 21 de 210 mm. Simultaneamente, a artilharia antiaérea aumentou muito seu efetivo. Cada bateria, que inicialmente contava com quatro peças, passou a ter seis e mais tarde oito. Novos canhões de 105 mm e de 128 mm entraram em operação para suplementar os famosos 88 mm. Assim é que as defesas aéreas alemães se prepararam para a grande batalha aérea que viria acontecer. 28 Derrota no sul Enquanto a Luftwaffe se preparava para defender o solo alemão contra as incursões dos bombardeiros aliados, as coisas mudavam drasticamente para ela no sul. Os alemães haviam diminuído a pressão contra a ilha de Malta em fins de 1941, quando dos preparativos para o ataque à Rússia. Aliviada, a ilha pode aumentar seu potencial como base de destroiers, submarinos e aviões, que atacavam as rotas marítimas de abastecimento da África do Norte. Por volta do outono, as perdas infligidas estavam assumindo proporções sérias: em setembro 40% dos suprimentos alemães ou italianos enviados pelo Mediterrâneo à África do Norte se perderam no caminho; no mês seguinte subiram para 60%, e em novembro, quase 80% dos suprimentos não chegaram. A maior parte dessas perdas foi causada por unidades aéreas e navais estacionadas em Malta. Era preciso fazer alguma coisa contra a ilha, bastião britânico no Mediterrâneo. Os alemães então, transferiram, a despeito das necessidades da frente russa, cerca de 200 aviões de combate para bases na Sicília. Por volta de março de 1942, já dispunha de mais de 400 aparelhos, e a presença desta poderosa força de ataque sobre Malta logo se fez sentir. O ponto culminante da campanha aconteceu nos meses de abril e maio, quando foram realizadas mais de 11 mil missões contra a ilha. A bases aéreas e navais britânicas sofreram danos muito sérios, e os destróiers a aviões utilizados no combate à navegação mercante tiveram de ser retirados. Todas as tentativas de se levar abastecimentos à ilha sitiada foram violentamente repelidas pela Luftwaffe. Em março de 1942, a Royal Navy tentou desesperadamente enviar um comboio de quatro navios mercantes, escoltado por um navio antiaéreo, quatro cruzadores e 18 destróiers. A despeito da poderosa proteção, apenas um quinto das 26 mil toneladas de suprimentos extremamente necessários foi desembarcada com segurança. Na primavera de 1942, a Luftwaffe possuía uma força na África do Norte, de 260 aviões, que junta com os 340 aparelhos da Regia Aeronáutica Italiana, tinham o dobro dos efetivos da RAF na área. Além disso, os caças Me-109F recém-chegados, eram infinitamente superiores aos Hurricanes e aos P-40 Tomahawks da RAF. Em 26 de maio, o Afrika Korps do General Erwin Rommel passou para a ofensiva, e com vigoroso apoio aéreo, atacou para o sul e depois para leste, flanqueando a linha defensiva britânica em Gazala. O ponto mais meridional da linha, em Bir Hakim, tornava-se agora o centro de gravidade da batalha, e a Luftwaffe realizando mais de 1 400 missões contra essa posição, tenazmente defendida pelos homens da Brigada de Franceses Livres, teve contribuição considerável. Uma vez 29 cruzada a linha Gazala, Rommel continuou avançando, e valendo-se novamente de poderoso apoio aéreo, atacou e capturou a fortaleza britânica de Tobruk a 20 de junho. Finalmente o Afrika Korps foi detido em El Alamein, e a Luftwaffe não pode colaborar, pois já estava esgotada pelo intenso período de vôo, e sem estoques de combustível. Com as forças britânicas que defendiam Malta bastante debilitadas, e mais longe que nunca da ajuda externa, os alemães e italianos passaram a pensar seriamente na idéia de uma invasão aerotransportada - a Operação Hércules. Todavia, o medo da repetição do ocorrido em Creta, quando as unidades aerotransportadas alemães sofreram pesadas baixas, e o sucesso da ofensiva de verão de Rommel, finalmente convenceram a Hitler de não realizá-la. Em fins de maio a situação parecia estar totalmente controlada pelos alemães, e mesmo com a maior parte dos bombardeiros retornando à Rússia, para apoiar a ofensiva de verão daquele ano, a Luftwaffe continuou suficientemente forte na Sicília, de modo a reagir com vigor a qualquer tentativa de reabastecer Malta. Os ingleses não desistiam de abastecer a ilha sitiada, e em junho enviaram dois comboios, um vindo do leste, a partir do Egito e outro do oeste, a partir de Gilbratrar. A marinha italiana obrigou o primeiro a voltar, enquanto que o outro, composto de seis navios mercantes escoltados por um couraçado, três cruzadores e 17 destróiers, foi seriamente atacado pela aviação alemã e italiana, e somente dois dos transportes chegaram a Malta. Em agosto, mais um comboio partiu para Malta, desta vez composto de 14 navios mercantes, escoltados por três porta-aviões, dois couraçados, um navio antiaéreo, seis cruzadores e 24 destróiers. O comboio foi avistado pelos alemães na tarde de 10 agosto, e no dia seguinte atacado. O porta – aviões HMS Eagle foi torpedeado e afundado por um submarino que penetrara na defesa dos destróiers, mas o ataque aéreo realizado por uns 30 aviões naquela noite, foi repelido antes que pudesse causar muitos danos, bem como outro, realizado com mais de 20 aparelhos, na manhã do dia seguinte. No meio-dia do dia 12 de agosto, alemães e italianos, aparecerem com mais de 70 aeronaves, entre caças, torpedeiros e bombardeiros de mergulho. O porta-aviões HMS Victorius foi atingindo, mas os danos desprezíveis, e a única perda foi um dos mercantes que, seriamente avariado, foi obrigado a deixar o comboio, sendo mais tarde afundado. Às 18:30 h os atacantes reapareceram em grande número, com quase 100 aparelhos, e o porta-aviões HMS Indomitable, foi atingido três vezes e seu convés de vôo posto fora de ação. Naquela noite, outro ataque, com 20 aeronaves afundou dois mercantes e avariou um terceiro. 30 Antes do amanhecer do dia 13, torpedeiros italianos fizeram dois ataques muito bem sucedidos, danificando um cruzador, afundando quatro mercantes e avariando outro. Quando o dia clareou, o comboio já estava ao alcance dos caças da RAF baseados em Malta, mas mesmo assim, sofreu mais três ataques, que resultaram no afundamento de mais três mercantes e na avaria de um. Assim, dos 14 mercantes que partiram para Malta, apenas cinco chegaram, e dois desses bastantes danificados, mas 32 mil toneladas de carga conseguiram ser entregues mantiveram a ilha em ação até que a situação na África do Norte melhorasse para os aliados. Enquanto os britânicos esforçavam-se valentemente para manter Malta abastecida, os alemães e italianos tinham seus próprios problemas de abastecimento. Com a presença cada vez maior de bombardeiros de longa distância americanos e ingleses no Egito, os ataques aos navios do Eixo no Mediterrâneo tornava-se cada vez mais sério, e, além disso, os ataques aliados aos portos de Bengazi e Tobruk causavam inúmeros danos ao abastecimento alemão e italiano. Durante o verão de 1942, o bloqueio aliado da África do Norte foi quase que total e, os desesperados alemães tiveram que recorrer à ponte aérea para trazer suprimentos de combustíveis, e assim o poder de combate da Luftwaffe na área diminuiu rapidamente, ao mesmo tempo em que o contingente da RAF no Egito passou a receber reforços em grande escala. Quando os britânicos desfecharam sua ofensiva em El Alamein, no dia 23 de outubro de 1942, quem imperava era a RAF, e um rastro de aviões destruídos, largados nos aeródromos abandonados aparecia à medida que o Afrika Korps recuava cada vez mais para oeste. Rommel fez suas forças recuarem de tal modo, que a grande retirada não se transformou em derrota. No início de 1943, as forças alemães e italianas, expulsas do Egito e da Líbia, lutavam tenazmente para manter um ponto de apoio na Tunísia. A velocidade do avanço britânico e os desembarques angloamericanos na Argélia e Marrocos colocavam os alemães em uma posição muito difícil, e a menos que fizessem alguma coisa rapidamente, eles e os italianos seriam empurrados para o mar. Quando tudo parecia perdido, Hitler decidiu enviar reforços, a muito solicitados, a despeito da necessidade vital da frente russa, após o cerco do 6º Exército em Stalingrado. Entre esses reforços havia duas unidades equipadas com caças Fw 190, transferidas da costa do Canal da Mancha, que conseguiram obter para os alemães superioridade aérea temporária sofre as forças aéreas britânicas e americanas. A parte da vantagem de possuir caças mais atualizados à sua disposição, a Luftwaffe operava a partir de bases bem preparadas e com linhas de comunicação curtas, ao passo que os aliados 31 eram obrigados a operarem a partir de pistas improvisadas e enfrentar problemas com a extensão de suas linhas de abastecimento. Em 14 de fevereiro de 1943, Rommel desfechou sua ofensiva na Tunísia, o Operação Frühlingswind (Brisa de Primavera), e seu objetivo principal era o Passo de Kasserine, dominado pelos americanos. A princípio tudo correu bem, mas uma semana depois, sua penetração foi contida. Outra ofensiva alemã, no final do mês, desta vez contra o aguerrido 8º Exército Britânico do General Montgomery, foi repelida com pesadas baixas. Apesar de todos os esforços, os alemães só podiam adiar o inevitável. Enquanto as forças terrestres Aliadas envolviam os alemães no bolsão da Tunísia, suas forças aéreas, cujas unidades passaram a contar com versões recentes do caça Spitfire, estavam recebendo suprimentos adequados e se tornando cada vez mais eficientes. A Fliegerkorps Tunis, por seu lado, piorava sua situação, à medida que as forças de bloqueio aéreo e marítimo americanas e britânicas estrangulavam as linhas de abastecimento do Eixo. Em meados de abril de 1943, a Luftwaffe na África do Norte, estava à beira do colapso total. Os poucos aeródromos que lhe restavam eram constantemente atacados pelos bombardeiros aliados e caças americanos e britânicos não permitiam qualquer operação aérea. Diante da pressão ininterrupta das forças terrestres aliadas, a linha defensiva alemã rompeuse totalmente, e sem terem para onde recuar, as tropas alemães e italianas começaram a render-se em grandes números, e a 13 de maio de 1943 a guerra na África do Norte termina. Quase 250 mil soldados do Eixo depuseram suas armas na Tunísia, num desastre apenas superado pelo que os alemães haviam sofrido em Stalingrado. Em 3 de julho de 1943, os efetivos da Luftwaffe no Teatro Mediterrâneos totalizavam 1 280 aviões. Foi então que as forças aéreas aliadas começaram a atacar os aeródromos da Sicília, nos preparativos para o assalto marítimo à ilha. Quando as forças aliadas desembarcaram, os efetivos da Luftwaffe estavam reduzidos a pouco mais de uma centena de aviões. Os poucos Fw 190 ainda disponíveis, tiveram que ser retirados rapidamente para bases localizadas na área de Nápoles, e a aviação de caça Aliada era tão forte que os bombardeiros que tentavam realizar alguma missão, eram fatalmente abatidos. A 17 de agosto de 1943, as últimas tropas alemães que ainda estavam na Sicília se renderam, e os Aliados se prepararam para a invasão da Itália Continental. A Luftwaffe sofrera sérias perdas, mas devido às necessidades na frente russa e na defesa aérea da própria Alemanha, não puderam ser repostas, e assim quando as tropas Aliadas desembarcaram no sul da Itália, o efetivo aéreo alemão na área do Mediterrâneo, não passava de 800 aeronaves de todos os tipos. O comandante da Luftwaffe na Itália, o 32 Generalfeldmarschall von Richthofen, decidiu prudentemente conservar suas minguantes forças para os combates mais decisivos que por certo viriam a acontecer, e por isso a primeira reação alemã aos desembarques foi fraca. Em 10 de setembro, os italianos anunciaram sua capitulação, e naquela manhã, a frota italiana deixou sua base em La Spezia com destino a Malta, para se render, mas os alemães ao saberem do movimento da esquadra, enviaram Do 217 do III/KG 100 baseado em Istres, no sul da França, para ataca-la. Os nove bombardeiros que decolaram, estavam carregados com uma única bomba sob a asa de estibordo, a bomba “Fritz X”, que era uma arma altamente secreta, pesando 1 500 kg, sendo controlada pelo rádio. Os Dorniers atacaram quando a esquadra ainda estava nos estreitos entre a Córsega e a Sardenha. Os barcos italianos, começaram a fazer curvas fechadas, num esforço para fugir da mira alemã, mas contra uma bomba guiada, isso era inútil. Depois de lançar a bomba, o bombardeador colocado no nariz da cada Dornier concentrava sua atenção no rastro que cada bomba, e controlava-a cuidadosamente até coloca-la bem sobre o navio escolhido. O primeiro a ser atingido a nave capitânia, o couraçado Roma. A bomba atingiu-o de estibordo, atravessou o navio e explodiu quando saída debaixo dele. O Roma teve seu motor atingido, e sua velocidade caiu, sendo logo em seguida atingido por outra bomba, que o fez parar em chamas.As chamas atingiram rapidamente o paiol de munição e uma tremenda explosão o fez romper em dois, afundando-o e levando consigo a maior parte da tripulação. Em seguida, seu irmão gêmeo, o Itália, também foi atingido, mas conseguiu chegar a Malta. No mesmo dia em que a frota italiana zarpava, as tropas aliadas desembarcaram perto de Nápoles, quando então von Richthofen lançou suas unidades contra a cabeça-de-praia. A concentração de navios era tal, que tornaram-se alvo ideal para as bombas radio-comandadas da III/KG 100, que no dia seguinte afundaram um couraçado (HMS Warspite), dois cruzadores (HMS Uganda e o USS Savanah). Essa unidade manteve-se em ação contra os navios mercantes, bem como os Me 109 equipados com lançadores de foguetes de 210 mm, que os usava contra alvos terrestres, mantendo pressão contra as tropas. A Luftwaffe combateu até o dia 20 de setembro, quando então tropas britânicas se aproximaram da base aérea de Foggia, de onde operava, e as unidades de caças-bombardeiros tiveram que se retirar. Assim é que a Luftwaffe se viu avassalada no Mediterrâneo, sem poder causar dano desconcertante algum contra a frota de invasão aliada. A arma secreta, “Fritz X”, na qual os alemães depositavam tanta esperança, 33 dera a princípio impressão de poder esmagar a tentativa de desembarque, mas, uma vez que os aliados passaram a ter superioridade aérea sobre a cabeça-de-praia, os aviões alemães é que sofreram pesadas baixas. Os aliados, estavam pois, firmemente estabelecidos na Europa Continental, mas o terreno italiano, muito montanhoso, não permitia rápidos avanços, e disso tirou partido Kesselring, comandante alemão na Itália, para infringir pesados castigos às tropas invasoras. Ao mesmo tempo, uma das maiores batalhas estava sendo travada no interior da Rússia, pois Hitler decidira esmagar o Exército Vermelho de uma vez por todas. Rússia: uma força dessangrada A perda da África do Norte constituíra sério revés para o Eixo, mas todos sabiam que a batalha realmente decisiva seria travada na Rússia, e por isso Hitler estava decidido a recuperar a iniciativa no leste, que perdera tão desastradamente em Stalingrado, e resolveu fazê-lo com um movimento maciço de pinças duplas, para eliminar o incômodo posicionamento russo em Kursk, na parte central da frente. A ofensiva teve o codinome Zitadelle (Cidadela). As ordens de Hitler eram para que o êxito fosse rápido e completo, de modo a ser ter total iniciativa durante a primavera e outono. Deveriam ser utilizadas as melhores unidades, as melhores armas, os melhores comandantes e não haveria limitação de munição. Todos os homens deveriam estar conscientes do significado decisivo deste ataque. Ao longo de uma frente de apenas 200 km, o exército alemão concentrou 900 mil homens, 10 mil canhões, 2 700 tanques, e de sua parte, a Luftwaffe reuniu 1 800 aviões de combate. O braço sul seria protegido pela Luftflotte IV, comandada pelo General Otto Dessloch, com 1 100 aviões e o braço norte, pela Fliegerdivision 1, comandada pelo Generalmajor Paul Deichmann, com os 700 aparelhos restantes. Os aviões de reconhecimento da Luftwaffe fotografavam cada centímetro quadrado das defesas russa, e nenhuma ofensiva foi preparada com tanto cuidado quanto esta. Os alemães estavam confiantes no sucesso, pois era verão e os russos não teriam os Generais "Lama" e "Inverno" para recorrer. Mas o Serviço de Inteligência russo estava vigilante à maciça concentração de tropas alemães, e o Exército Vermelho reuniu forças ainda maiores naquela área, inclusive uma grande e preparada reserva. Ao ataques foram iniciados no dia 5 de julho, e desde o começo as unidades de ataque e bombardeio da Luftwaffe operaram intensamente sobre o campo de batalha, apoiando o avanço das forças blindadas. Os recém incorporados Henschell 129, destruidores de tanque, comandados pelo Hauptmann Bruno Meyer, tiveram notável sucesso contra os tanques 34 russos. Esses aviões eram equipados com um canhão de 30 mm, que lançava granadas com núcleo de tungstênio, contra as partes laterais e traseiras dos tanques, onde a blindagem é mais delgada. No dia 9 de julho, por exemplo, essa unidade encontro uma brigada russa apoiada por 40 tanques, e após cerca de uma hora de ataque, quase todos os tanques estavam destruídos, e os russos retirando-se em desordem. Mesmo com apoio, normalmente poderosos da Luftwaffe, os blindados alemães penetravam nas defesas russas com muito mais dificuldade que antes. Lutando tenazmente em posições fortificadas e bem preparadas, os russos faziam os alemães pagarem caro por cada metro avançado, e, além disso, a Força Aérea vermelha, presente com enormes efetivos nos céus, conseguiam ultrapassar a proteção dos caças alemães e atacavam contra as unidades avançadas e elementos de apoio do Exército alemão. Quando os russos sentiram que as duas pinças de ataque alemão estavam bem profundas, decidiram realizar uma contra-ofensiva. A 12 de julho, força blindada russa varou as defesas em Orel, e começou a avançar rapidamente para oeste. As tropas alemães que se dirigiam, do norte, para Kurks foram imediatamente colocadas na defensiva, e as reservas, que haviam sido destinadas à principal penetração alemã, tinham agora de ser levadas às pressas para o setor ameaçado. A Luftflotte VI, cujas unidades incluíam a Fliegerdivision 1, entrou em ação em torno de Orel, para tentar deter o assalto russo, ou pelo menos, para diminuir a rapidez com que ele se realizava, a fim de dar tempo às tropas alemães de estabelecerem uma linha defensiva. No início, os russos estavam penetrando em terreno cheio de arbusto, e como utilizavam muito bem a técnica da camuflagem, não despertou atenção da Luftwaffe, mas quando foram obrigados a se deslocarem por campo aberto, as aeronaves de ataque e antitanques alemães se fizeram presente. Em pouco tempo, praticamente todos os Gruppen aptos para combate na Rússia estavam empenhados na região de Orel, realizando várias surtidas por dia, e com essas medidas desesperadas, o exército alemão ganhou tempo suficiente pra restaurar sua linha defensiva. A intensidade das operações aéreas era muito maior do que os planos alemães, e mais uma vez a Luftwaffe sofreu novo ataque do seu crônico padecimento: a escassez de combustível. A Força Aérea vermelha não teve esses empecilhos, e os alemães não conseguiram estabelecer qualquer superioridade aérea real na área. Mantendo pressão no ar e na terra, os russos lentamente obrigaram os alemães a sair dali, enquanto repetidos ataques aos flancos das penetrações empurravam os alemães para suas posições iniciais. Em 23 de julho de 1943, Hitler cancelou a ofensiva, e os 35 alemães perderam a Batalha de Kursk, na qual tanto haviam arriscado: aquela seria a última ofensiva em grande escala dos alemães no leste. Até o final de 1943, as escaramuças entre tropas alemães e russas tiveram sempre a mesma característica: inferioridade numérica alemã e superioridade russa em número de soldados e abastecimento, bem como iniciativa estratégica. Nas demais teatros de operação, as forças germânicas experimentavam o mesmo processo de desgaste. O Mediterrâneo transformou-se num sorvedouro de unidades de combate da Luftwaffe, que se via às tontas com o problema de susbtituição das mesmas. A defesa do solo alemão passou a exigir mais, e em setembro de 1943, seis Geschwader de caças, foram retiradas da Itália para esse fim. Na frente russa, a Luftwaffe concentrou a maior parte de seus efetivos em apoio às unidades do exército que se esforçavam para defender a linha do Rio Donets. Mas o fronte russo estava excessivamente estendido e os alemães foram obrigados a adotar plano provisório de mudar unidades de um extremo para outro, em resposta às diferentes pressões russas. Rapidamente os soviéticos começaram a explorar as fraquezas alemãs, e numa série de ataques bem coordenados, expulsaram os germânicos de Kharkov e Taganrog, no sul. Enquanto os alemães eram precionados no sul, os russos passaram à ofensiva no centro, onde os efetivos da Luftwaffe não chegavam a 500 aeronaves, para cobrir um fronte de quase 650 km - muitas das quais não eram aparelhos de combate, mas sim de reconhecimento e de cooperação com o exército. Com isso, a penetração russa, apoiada por superioridade aérea total, conquista as importantes cidades de Bryansk e Smolenks, nos dias 17 e 25 de setembro. Quando os alemães enviaram aviões de reforço para a região central, os russos reiniciaram seu avanço no sul, e no começo de outubro, atravessam o Rio Dnieper, última posição de defesa planejada pelos alemães. Uma nova concentração de esforços da Luftwaffe, deslocando todos os caças e bombardeiros disponíveis, ao sul, e realizando um esforço hercúleo durante período de cinco dias, é que pode-se diminuir a rapidez do avanço o suficiente para o exército alemão detê-lo perto de Krivoy Rog. Mas, como de costume, tal concentração só era possível com sacrifício de outros setores, e habilmente os russos voltaram a atacar no centro. Em 6 de novembro, tomaram Kiev e avançaram para Zhitomir, e mais uma vez a Luftwaffe concentrou esforços naquela região, a 320 km ao norte do centro de operações anterior, sem novamente bem sucedidos, conseguindo deter os russos. Com a mudança de estação, quando da chegada da lama de outono, pondo fim às operações terrestres móveis, os alemães viram-se na 36 contingência de ter de defender uma precária linha que, em certos pontos, encontrava-se a 600 km atrás do ponto em que estivera no início do ano. No sul, a agora isolada Península da Criméia, tinha que ser abastecida por ar e por mar, apesar da interferência russa, e isto era mais um sorvedouro de recursos. A Luftwaffe agora, apesar da pressão russa na parte central, tinha que manter dois terços de seus efetivos de combate do leste (cerca de 1 150 aeronaves), voltado para a defesa dos campos petrolíferos romenos, de vital importância para a economia de guerra alemã. A Luftwaffe no leste já não tinha o mesmo poder de influência situação em terra. Superados em dois e até três a um pelas forças aéreas russas, que melhoravam gradativamente, e cujos aparelhos, já eram em muitos casos tão ou melhores que dos alemães. Os Gruppen alemães, na melhor das hipóteses, podiam apenas atrasar um pouco as poderosas penetrações russas, mas com perdas enormes em máquinas e principalmente em homens treinados. Quase nada havia que pudesse ser enviado a Frente Oriental, pois em breve a Luftwaffe teria de lutar pela própria sobrevivência nos céus da própria Alemanha. Em defesa do solo pátrio No verão de 1943 muitas unidades de caça diurno da Luftwaffe retornaram a Alemanha, com objetivo de impedir os esperados bombardeios diurnos dos americanos, ao mesmo tempo em que se ampliava a força de caças noturnos, para fazer frente aos cada vez mais poderosos, ataques noturnos ingleses às cidades alemãs. Os caças noturnos, controlados de terra por radar, vinham derrubando bombardeiros num índice que preocupava os britânicos, e a continuação desses ataques, passou a depender de algum meio de neutralizar a devastadora eficiência do sistema de defesa alemão. Durante o ano de 1942, cientistas britânicos e alemães haviam feito experiências com tiras de metal, isto independentemente e no maior segredo, e nos dois países, eles chegaram a mesma conclusão, qual seja, a nova arma contra o radar era terrivelmente eficiente, e se utilizada adequadamente, poderia destruir as defesas aéreas noturnas que dependiam do radar. Essas pequenas tiras de papel de alumínio, conhecidas pelo nome de "Window", mediam 3 por 30 cm, e serial lançadas em pacotes de 2 000, presas por um elástico. Quando lançado de um avião, o pacote se rompia e formava uma "nuvem" de tiras que refletiam as ondas do radar, e davam um sinal na tela dos radares do mesmo tamanho que daria um quadrimotor. Lançando-se um pacote a cada minuto, num fluxo concentrado, era possível saturar a área 37 com sinais falsos e assim impossibilitando as interceptações de caças controlados pelo radar. Na época, nenhum dos dois países se sentia com margem suficientemente grande de poder sobre o outro para justificar o risco de retaliação, mas por volta do verão de 1943, o poder de ataque do Comando de Bombardeiros da RAF aumentou muito, enquanto que as exigências da guerra na frente oriental haviam reduzido a força de bombardeiros da Luftwaffe a relativa impotência. No dia 15 de julho de 1943, numa reunião no Ministério da Guerra britânico, Winston Churchill deu permissão para que se utilizasse o "Window" contra os alemães. Dez dias depois, durante uma incursão de 791 bombardeiros contra Hamburgo, utilizou-se a nova contramedida, e o efeito foi devastador, reduzindo as defesas alemães ao caos absoluto. Como de costume, os caças noturnos voavam em contato com seus sinais de rádio, aguardando instruções dos controladores de terra, mas estas não vieram; em sue lugar ouvia-se apenas apelos e exclamações confusas. Quando as tripulações dos caças noturnos tentaram procurar alvos usando seus próprios aparelhos de radar, viram-se atacando nuvens de "Window". Quando a primeira leva de bombardeiros chegou sobre Hamburgo, suas tripulações ficaram impressionadas com a sensação de irrealidade do alvo: os antes efetivos holofotes, pareciam estar funcionando de maneira errática. Os aparelhos de radar que controlavam os holofotes, assim como os que dirigiam os canhões, eram agora inúteis; os artilheiros foram obrigados a abandonar o plano de fogo previsto, e disparavam tiro após tiro sem qualquer eficiência. Naquela noite, a RAF perdeu apenas 12 aparelhos ou 1,5% da força atacante. O sucesso do "Window" foi incontestável. O normal teria sido a perda de 50 aparelhos. Assim, 38 bombardeiros e mais de 200 tripulantes treinados foram salvos pelo lançamento de 40 toneladas de "Window" (cerca de 92 milhões de tiras de papel de alumínio). Se o primeiro ataque a Hamburgo, utilizando o "Window" fora muito ruim para os alemães, o pior estava por vir: três noites depois, os britânicos voltaram à cidade, desta vez com 722 bombardeiros. Como o abastecimento de água da cidade estava destruído e a sede da defesa civil arrasada, a torrente de bombas incendiárias lançadas provocou incêndios incontroláveis. O resultado foi uma tempestade de fogo e, em certos lugares a temperatura ultrapassou os 1 000°C e a poderosa convecção de correstes produziu ventos de até 240km/h - quase o dobro da força de um furacão. Em pouco tempo, uma área de 6km por 4km se consumiu em chamas. A população, que estava nos abrigos antiaéreos ficou presa, e estes se transformaram em crematórios. Nos céus, mais uma vez a Luftwaffe estava 38 impotente, e os incursores só perderam 17 aparelhos. Na manhã seguinte o prefeito pediu a todos os civis que não tivessem tarefas essenciais que se retirassem da cidade. Entre o amanhecer e o anoitecer, quase um milhão de pessoas deixaram-na. Em 30 de julho, novo ataque britânico foi realizado, com a mesma eficiência. Numa reunião realizada em Berlim, na tarde deste mesmo dia, o Generalfeldmarschall Milch determinou que deveria-se criar um meio de impedir essas incursões, pois a moral do povo alemão estava muito afetada. Enquanto o Alto Comando da Luftwaffe se empenhava na elaboração de um plano de defesa contra os ataques noturnos, as coisas estavam piorando também durante o dia. Por volta de julho de 1943, a 8ª Força Aérea Americana, destacada para a Grã-Bretanha, era formada de 15 grupos de bombardeiros pesados, com cerca de 300 B-17 e B-24, mas os aliados não dispunham de um equivalente diurno do "Window", para cegar os caças alemães. Os americanos haviam intensificado seus ataques à Alemanha no verão de 1943 e as coisas tornaram-se críticas a 17 de agosto, quando 146 B-17, com escolta de caças, atacaram a linha de montagem de Messerschmitt, em Regesburg, no sul da Alemanha. As defesas foram alertadas da aproximação das formações pelo radar, mas os caças alemães esperaram pacientemente até que a reserva de combustível obrigou os Spitfires e Thunderbolts da escolta a voltar para suas bases. Então, a Luftwaffe atacou: os caças mergulharam sobre as formações pela frente e por cima, atirando e retornando pela retaguarda, para uma nova passagem. Os Gruppen de caças, em revezamento, repetiram essa tática e o combate continuou por cerca de 560km, desde o ponto de encontro até o alvo, e do alvo até certo ponto da viagem de retorno. Assim que aterrisaram, os caças baseados na França, Holanda e Bélgica, receberam ordens de reabastecer e voltar ao combate, de modo a interceptar os bombardeiros em seu vôo de retorno à Inglaterra. Mas os planejadores americanos pregaram uma peça nos alemães, pois as formações continuaram para o sul, sobre o Mediterrâneo, e pousaram em aeródromos da África do Norte, e mesmo assim foram perdidos 24 aparelhos. Nesse mesmo dia, antes que a primeira leva tivesse atacado Regensburg, outra força com 299 bombardeiros, se dirigiu para o importantíssimo complexo de fábricas de rolamento de esferas em Schweifurt. Desta vez, os caças alemães não esperaram que a escolta se afastar, para iniciar seus ataques. Enquanto alguns Gruppen combatiam os caças, outros atacavam os bombardeiros. Quando a escolta teve que se retirar, outros caças monomotores e bimotores se juntaram às formações atacantes, muitos deles utilizando foguetes de 210mm, com uma ogiva 39 explosiva de 37kg. Uma vez mais, a Luftwaffe travou combate durante ao rota de ida e de volta dos bombardeiros, abatendo um total de 36. O duplo ataque a Regensburg e a Schweifurt, custou a perda de 60 B17 À 8ª Força Aérea Americana - 16% da força - além de outras 100 avariadas. A Luftwaffe perdeu 25 caças, mas a maioria dos pilotos conseguiu salvar-se de páraquedas. Naquela mesma noite, 498 bombardeiros da RAF atacaram e destruíram o centro de pesquisas de mísseis teleguiados alemão, em Peenemünde, e isto acontecendo logo após os desastrosos reveses da Luftwaffe em Stalingrado, na África do Norte, na Sicília, em Kursk e Hamburgo, foi o final para o Chefe do Estado-Maior, o Generaloberst Hans Jeschonnek. Ele lera os relatórios do Serviço de Inteligência sobre os grandes planos de produção americana pra 1943 e vira as fotografias feitas pelo reconhecimento aéreo, dos aeródromos britânicos sendo gradualmente abastecidos de aviões, provando a veracidade dos relatórios. Um ano antes comentara: Se não tivermos vencido a guerra até dezembro de 1942, não teremos possibilidade de ganhá-la. Na manhã de 18 de agosto, Jeschonnek matou-se com um tiro, e tal como acontecera com Udet, quase dois anos antes, as circunstâncias da morte do comandante mais graduado da Luftwaffe foram mantidas em segredo. O General Günther Korten o substituiu no cargo de Chefe do Estado-Maior da Luftwaffe. O revés sofrido nos ataques a Regensburg e Schweinfurt levou a uma mudança nos planos americanos de ataques diurnos, e entre aquele dia e 7 de outubro, apenas 17 operações foram efetuadas pelos bombardeiros da 8ª Força Aérea contra alvos na Alemanha, e nenhuma delas penetrou muito no espaço aéreo germânico. A calmaria durou até o dia 8 de outubro, quando as cidades de Bremen, Marienburg, Danzig e Münster foram atacadas. Nesta série de ataques, os bombardeiros enfrentaram o poderio total da força de caças alemães, e no total foram derrubados 83 bombardeiros. Outro momento importante da ofensiva diurna de bombardeios americanos ocorreu no dia 14 de outubro, quando uma força de 291 B-17 retornou a Schweinfurt para acabar de destruir a fábrica de rolamentos. Desta vez, a reação da caça alemão foi de uma magnitude sem precedentes, tanto no que diz respeito a seu planejamento como na severidade que foi executada. Uma vez mais, houve combates prolongados, e qualquer bombardeio que se afastasse da proteção da formação era imediatamente destruído pelos caças. Os caças realizaram mais de uma missão, e cerca de 300 caças monomotores, 40 bimotores e alguns noturnos entraram em ação. Esse segundo ataque foi um desastre para os americanos, pois 60 bombardeiros foram derrubados, 17 avariados e 121 voltaram com avarias 40 menores; os artilheiros americanos, por seu turno, abateram 38 caças alemães. Para os alemães, a vitória sobre os atacantes de Schweifurt serviu para confirmar o acerto de suas medidas no combate às incursões diurnas de bombardeiros americanos: seus caças armados com canhões de calibre médio e pesado e com foguetes ar-ar, podiam infligir perdas incomumente altas às formações de bombardeiros. Desde o verão de 1942, o novo e revolucionário caça a jato Messerchmitt 262 vinha sendo testado em vôos experimentais e, em meados de 1943, considerou-se que a aeronave estava pronta para ser produzida em série. Sua velocidade máxima superava os 800 km/h e o Generalmajor Adolf Galland estava ansioso para tê-lo operando em sua força de caças. Mas, se a caça alemã estava satisfeita, o mesmo não acontecia com a força de bombardeiros, que sofria após haver fracassado no ataque às tropas aliadas que desembarcaram em Salerno, durante a invasão da Itália. Foi contra esse pano de fundo que Hitler assistiu a uma demonstração especial do M2 262 em Insterburg, na Prússia Oriental, a 26 de novembro de 1943, pouco mais de um mês após a vitória de Schweifurt. Tendo Gerd Lintner, piloto de provas da Messerchmitt nos comandos, o sexto protótipo demonstrou um desempenho impressionante. Casualmente, Hitler perguntou a Willi Messerchmitt, projetista do aparelho, que estava a seu lado, se o Me 262 poda transportar bombas. Também casualmente, este respondeu que sim. Na mesma hora, Hitler disse que havia conseguido um aparelho capaz de satisfazer as prementes necessidades da Luftwaffe, qual seja, um avião veloz, capaz de transportar bombas e penetrar até mesmo as poderosas defesas de caças Aliadas, esmagando qualquer tentativa Aliada de desembarcar tropas na costa noroeste européia. A 5 de dezembro Göring recebeu telegrama de Hitler determinando a produção de aviões à jato para serem empregados como caça-bombardeiros, que esses aviões deveriam estar disponíveis até primavera de 1944 e que os recursos deveriam de maõ-de-obra e matéria prima da Luftwaffe deveriam estar direcionados para esse objetivo. Não há dúvida de que se os alemães tivessem disponibilidade de muitas centenas de caça-bombardeiros a jato, eles teriam prejudicado seriamente qualquer tentativa Aliada de desembarque marítimo. Mas a decisão de produzir o Me 262 como caça-bombardeiro significava que o aparelho teria de ser amplamente modificado e reforçado para lhe permitir atuar em seu novo papel. O resultado é que a entrada em operação da nova aeronave sofreu um atraso de cerca de seis meses, durante os quais a Luftwaffe viria a perder a mais importante batalha aérea da guerra, e 41 perdeu por não contar com um caça de desempenho elevado como o Me 262. Em dezembro de 1943 não havia necessidade vital de um caça de alto desempenho para defesa interna, portanto a decisão de Hitler fora acertada. Durante o inverno de 1943, a atividade prioritária dos cientistas alemães consistia em produzir equipamento capaz de combater a tática "Window". Os primeiros caças noturnos equipados com o novo aparelho de radar SN-2, tornavam-se então disponíveis para operações. Como o SN-2 funcionava em freqüências bem inferiores ás do aparelho anterior (o Lichenstein), não era muito afetado pelas nuvens de "Window". A 3 de novembro de 1943, o Marechal do Ar Arthur Harris, Comandante do Comando de Bombardeiros da RAF, envia para o PrimeiroMinistro britânico despacho, onde afirma que se os bombardeiros da RAF podem arrasar Berlim de ponta a ponta, e se a Força Aérea Americana pudesse associar-se à RAF nesta tarefa, talvez os Aliados perdessem de 400 a 500 aparelhos, mas para a Alemanha será o preço da guerra. Este era o tipo de promessa que Churchiull não podia resistir, e Harris recebeu permissão para desfechar o que mais tarde seria conhecida como "A Batalha de Berlim", mas a USAAF, ainda tratando suas feridas depois do desastroso ataque a Schweinfurt, não quis associar-se, e Harris decidiu fazê-lo sozinho. O primeiro ataque a Berlim, nessa nova série, foi realizado na noite de 18 de novembro e apenas 9 dos 444 bombardeiros utilizados não retornou. Houve mais três ataques à capital alemã em novembro, e quatro em dezembro, e nestes oito ataques, como o mau tempo esteve sempre presente, tanto a defesa alemã não pode infligir baixas aos bombardeiros como estes não puderam lograr o grau ideal de concentração de bombas. Então, no início de 1944, as perdas britânicas começaram a aumentar de maneira alarmante. A primeira das grandes e dispendiosas batalhas foi a do dia 21 de janeiro, quando 646 bombardeiros atacaram Magdeburg, com a perda de 55. À medida que o ano avançava, a Luftwaffe golpeava cada vez mais forte os incursores noturnos. A 28 de janeiro, 43 dos 683 bombardeiros que atacavam Berlim foram derrubados. A 15 de fevereiro, 42 dos 891, e em 19 de fevereiro, 78 dos 823. Em 24 de março, 72 dos 811 bombardeiros despachados contra Leipzig foram derrubados. O ponto culminante da ofensiva de bombardeios aconteceu na noite de 30 de março de 1944, quando uma força composta de 781 Lancaster e Halifax atacou Nuremberg. Era uma noite de luar, com a temperatura bem baixa, ao mesmo tempo que fortes ventos faziam com que a onda de bombardeiros perdesse coesão, com as aeronaves se espalhando por grande 42 área. Nesta noite, a organização alemã de controle terrestre de caças funcionou com perfeição e 21 Gruppen (cerca de 200 aparelhos) operaram, e o resultado foi que 94 bombardeios foram abatidos e 46 seriamente danificados. Schweinfurt fora um momento decisivo no plano de bombardeio dos americanos; agora Nuremberg o momento dos britânicos. A força de bombardeiros noturnos cessou temporariamente seus ataques de penetração profunda às cidades alemães e em seu lugar, como fora planejado anteriormente, iniciou a destruição do sistema de comunicações na Europa Ocidental, preparando terreno para a próxima invasão. No começo do ano de 1944, alguns alemães tinham a impressão de que, com relação à defesa do solo pátrio, o pior tivesse passado, pois a ofensiva diurna dos bombardeiros americanos havia sido detida e os incursores noturnos britânicos estavam sofrendo baixas cada vez mais pesadas. Mas o primeiro mês do ano novo colocou diante dos otimistas a desagradável realidade, qual seja, que eles tinham visto apenas o fim da primeira fase, e a resposta americana às defesas alemães foi a mesma que a Luftwaffe tentara durante a Batalha da Grã-Bretanha em 1940: a escolta de caças. Transportando grandes tanques ejetáveis de combustível, caças monomotores P-47 Thunderbolt e P-51 Mustang, passaram a ter raio de ação suficiente para acompanhar os bombardeios até o coração da Alemanha, e ao contrário do que acontecera com os Me-110 sobre a GrãBretanha, os caças de escolta americanos eram tão bons ou melhores que seus adversários. Embora os tanques subalares reduzissem sua velocidade em 60km/h, quando ejetados, o P-51 por exemplo, era cerca de 80km/h mais veloz que os Me-109 ou Fw-190, e o P-47, embora fosse menos manobrável, era uma aeronave extremamente resistente e capaz de resistir a danos insuperáveis. Em janeiro, a escolta acompanhava as B-17 até Münster e Kiel; em março, os P-51 com dois tanques subalares de 300 litros cada, puderam voar até Berlim e voltar; mais tarde, com tanques de 450 litros, o Mustang possuía raio de ação de 1 360km - o bastante para atacar qualquer alvo na Europa ocupada pela Alemanha. Os caças de escolta americanos se tornavam cada vez mais agressivos, e seu comandante o General Willian Keoner, não obrigava seus pilotos a permanecer nas proximidades dos bombardeiros, permitindo que os comandantes de Grupo ou de Esquadrão decidissem por si mesmo se deveriam ou não perseguir os caças alemães que tentavam fugir do combate, ou mesmo realizar missões de ataque a alvos de oportunidade. À medida que aumentava o número de caças de escolta, a Luftwaffe se aproximava mais e mais do desastre. As unidades de caças bimotores 43 foram as primeiras a sofrer com a mudança da situação, pois por exemplo, no dia 16 de março, 43 Me-110 do III/JG 76 atacaram uma formação de B17, perto de Augsburg, mas antes que pudessem chegar perto dos bombardeiros, foram interceptados pelos Mustangs da escolta, perdendo 26 aeronaves. Aos poucos os caças bimotores alemães foram obrigados a suspender totalmente suas operações diurnas contra os bombardeiros, limitando-se à caça noturna. Antes da introdução das escoltas americanas, os alemães trabalharam com muita energia no aumento do poder de fogo de seus caças, para que estes pudessem destruir com mais facilidade os poderosos bombardeiros americanos. Mas armamento mais poderoso significava também peso extra, fato este que os colocava em posição desvantajosa em relação aos caças da escolta americana. O Generalmajor Adolf Galland, comandante da caça alemã, tentou superar o problema criando Gruppen separados de caças "pesados" e "leves": os primeiros contavam com Me-109 e Fw-190 equipados com canhões de grosso calibre, mas de tiro mais lento, que deviam atacar os bombardeiros; os segundos eram integrados apenas por Me-109, levemente armados, e deveriam apenas se preocupar com as escoltas. Porém, a tática fracassou, pois os americanos se faziam presente em tal número, que era impossível aos caças "pesados" chegarem perto das B-17 e B-24. Em abril de 1944, Galland foi obrigado a comunicar a seus superiores, que nos quatro primeiros meses daquele ano, a caça alemã perdera mais de 1 000 pilotos, incluindo os melhores comandantes de Staffel, Gruppe e Geschwader; que em cada incursão americana perdia 50 pilotos, e que a caça alemã estava a beira do colapso. A Luftwaffe começava a perder o controle dos seus de seu próprio país. Assim é que os renovados ataques diurnos americanos contra a indústria alemã arrasaram não só os alvos, mas também a força de caças alemã. Para a Luftwaffe, a única resposta real ao problema era o caça a jato Me-262, pois somente esse avião era veloz o suficiente para escapar dos caças americanos e ter ainda poder de fogo suficiente para derrubar os bombardeiros. Mas Hitler dera ordens para que os primeiros grupos produzidos fossem utilizados como caça-bombardeiros, fazendo com que as modificações necessárias atrasassem a produção em vários meses. O resultado é que, no começo do verão de 1944, quando do desembarque aliado na Normandia, havia muito poucos desses caças disponíveis para fazer algo útil, Estava em curso o grande desastre que levou Jeschonnek a buscar a morte para não ver esse final. 44 O renovado ataque à Grã-BretanhaOs ataques dos bombardeiros anglo-americanos à Alemanha, provocaram em Hitler terríveis explosões de ódio, e ele exigiu que as cidades britânicas fossem atacadas. Assim, a 3 de dezembro de 1943, Göring comunicou ao Generalmajor Dietrich Peltz, comandante dos bombardeiros no oeste, que a guerra aérea sobre as Ilhas Britânicas deveria ser intensificada, por meio de ataques concentrados às cidades, centros industriais e portos ingleses, como forma de vingar as agressões do inimigo. Essa operação recebeu o nome de Steinbock, e no começo de 1944, a Luftwaffe havia reunido uma frota de quase 400 bombardeiros (Ju 88, Ju 188, Do 217, Me 410 e He 117 - sendo que este último fora colocado em serviço, sem que tivesse sido resolvido o problema de incêndio nos motores !!!). Além dos bombardeiros, havia ainda uma unidade ca caça-bombardeiros, a SKG 10, equipada com Fw 190. Os ataques à Londres foram iniciados na noite de 21 de janeiro de 1944, quando duas levas de bombardeiros, foram recebidas pelas fortes defesas aliadas, sofrendo pesadas baixas, sem conseguir alcançar o alvo. Outro ataque aconteceu a 29 de janeiro, e desta vez o resultado foi um pouco melhor, com a Luftwaffe perdendo 57 aparelhos - 8% dos efetivos empenhados na operação. Durante a Operação Steinbock, o I/KG 66, equipado com Ju 88 e Ju 188 foi utilizado como Pathfinder (Marcador de Alvo), lançando foguetes luminosos, aumentando sobremaneira a eficiência dos ataques. A Luftwaffe realizou ainda, no mês de fevereiro, 7 ataques noturnos contra Londres, para em seguida se concentrar nos portos de Portsmouth, Plymouth, Weymouth, Bristol e Falmouth. A Operação Steinbock terminou em fins de março de 1944, e as unidades empenhadas puderam relaxar e contar suas baixas. Mas o tempo de repouso foi curto, pois no começo de junho as forças aliadas desembarcaram na costa norte da França, na Normandia, e as perdas sofridas pela força alemã de bombardeio tinha sido muito sérias. A segunda Batalha da França Na primavera de 1944, os alemães viam claramente que a invasão aliada no noroeste da Europa não podia demorar muito, e a intensa pressão da frente russa e os compromissos com a defesa do espaço aéreo alemão tornavam impossível levar para aquela região unidades previamente designadas para enfrentar tal ameaça. Enquanto que no leste, uma força de 550 aviões de ataque tinham que permanecer na expectativa de qualquer 45 grande ofensiva russa, no oeste a Luftflotte III do Generalfeldmarschall Sperrle dispunha de uma força de ataque pouco menos do que aquela que fora empregada - sem nenhuma eficácia - para combater os desembarques aliados em Salerno. Na véspera do desembarque aliado na Normandia, no dia 5 de junho, a Luftflotte III dispunha um total de apenas 810 aviões de todos os tipos. A deficiência principal era concentrada em aeronaves de reconhecimento tático, pois haviam apenas 25 aparelhos, e a parte mais potente da força era a unidade anti-navios com 200 aparelhos, sediada no sul da França !!!. No primeiro dia de invasão, as forças aéreas aliadas podiam dispor de um efetivo de 3 mil bombardeiros e 5 mil caças e caças-bombardeirios. A Luftflotte III foi virtualmente engolida, e quando qualquer de suas unidades tentava penetrar na área do desembarque, era rapidamente destruída pelos caças aliados, ficando claro que operações diurnas contra os navios estavam fora de cogitação. Quando a unidades anti-navios tentou atacar à noite, também sofreu pesadas baixas, causadas pela anti-aérea naval e pelos caças noturnos. Nos dez primeiros dias subseqüentes à invasão, apenas cinco navios foram aliados foram afundados por ataque aéreo direto. Assim que os aliados desembarcaram, os alemães puseram em ação seus dispositivos de reforços previamente planejados, e trouxeram aviões de outros teatros de operação, mas já era tarde. Por volta do dia 10 de junho, 300 caças e 135 bombardeiros haviam chegado da Alemanha e da Itália, e como resultado, a Luftflotte III pode formar uma força de mais de mil aeronaves de combate, mas mesmo assim os alemães foram superados em quantidade, na proporção de 8:1. Durante algum tempo a Luftwaffe tentou utilizar unidades especializadas em interceptação, vindas diretamente da Alemanha, em ataques terrestres, mas como os pilotos não estavam treinados nessas missões, os resultados obtidos não justificavam as pesadas perdas sofridas. Além disso, a força de caça disponível foi mais reduzida ainda pela necessidade de se providenciar escoltas. Assim é que os planos alemães, tão meticulosamente preparados, do emprego de aeronaves de ataque para destruir as forças terrestres aliadas, quando essas desembarcassem, deram em nada, ao mesmo tempo em que os poderosos bombardeios aliados, contra a retaguarda alemã, colocou a Luftwaffe na defensiva, obrigando-a a enorme desgaste na proteção de suas próprias instalações, deixando as tropas terrestres sozinhas, sem qualquer apoio aéreo. Também, o tão esperado e revolucionário caça-bombardeiro à jato Me 262, não pode ser empregado, devido ao atraso na conversão do mesmo para essa atividade. 46 Como a Luftwaffe rapidamente verificou que, atacar os navios aliados de dia ou à noite era uma tarefa impossível, seus esforços se concentraram no lançamento de minas em águas rasas, por onde os barcos aliados tinham que passar. Até o final de julho, foram realizadas mais de 1 500 missões desse propósito, lançando-se cerca de 4 mil minas de todos os tipos. Para os aliados, esta campanha resultou considerável inconveniência, visto que as novas minas alemães de pressão, recém-aperfeiçoadas, mostraram-se extremamente difíceis de serem varridas, influindo em muito no tráfego de navios, que para evitá-las, eram obrigados a navegar a velocidades extremamente baixas. Em apenas um mês, os aliados perderam sete destróiers, dois caça-minas e 17 navios mercantes. Embora o efeito cumulativo fosse grande e causasse dificuldades e atrasos, essas operações da Luftwaffe nunca foram decisivas, e o máximo que se podia esperar era retardar o incremento das forças aliadas em terra. Durante os primeiros meses após a invasão, a Luftwaffe luto e muito contra a quase total superioridade aérea aliada no oeste, mas sem éxito. Os aeródromos utilizados pela Luftwaffe no oeste sentiram o peso total da força aliada de bombardeiros, e os ataques se repetiam com intensa frequência, de modo a mantê-las fora de ação. Com forças terrestres aliadas estabelecidas e efetivos cada vez maiores na França, os alemães foram incapazes de contê-las na cabeça-deponte da Normandia. Em fins de julho, as forças americanas comandadas pelo General Patton, no flanco direito dos aliados, abriram caminho pela linha defensiva alemã e começaram a avançar pela península de Cherburgo. Desafiando os regulamentos e ordens da campanha, Patton fez com que 7 divisões percorressem a península em 3 dias, prendendo dois grupos de exército alemão no bolsão de Falaise. A retirada desenfreada das forças alemães da França tomou todo o mês de agosto, e o comandante dos caças da Luftwaffe no oeste, General Bülowins, esforçou-se arduamente por manter sua presença no ar, mas isto se tornava cada vez mais difícil, à medida que as várias unidades eram obrigadas a recuar para bases na Holanda, Bélgica e Alemanha. Em meados de setembro, os alemães haviam sido virtualmente expulsos de toda a França e Bélgica. A segunda Batalha da França terminara, e a Luftwaffe praticamente dela não participou. O bombardeio com robôs O Fieseler Fi 103 ou FZG 76, mais conhecido como V-1 (abreviatura de Vergeltunsgwaffe 1 - Arma de Retaliação Nº 1), era um pequeno avião sem piloto, com 5,31 m de envergadura e 7,60 m de comprimento, e sempre 47 que possível para poupar alumínio, já meio escasso, era construído de aço. O aparelho pesava pouco mais de duas toneladas, das quais 840 kg eram o altoexplosivo de sua ogiva. Era propulsionado por um motor único Argus à jato, que desenvolvia 265 kg de empuxo e com vida operacional de cerca de 30 minutos. Depois de lançado de catapulta, o míssil acelerava até alcançar uma velocidade de cruzeiro de uns 640 km/h, a uma altitude de 900 m - baixa suficiente para que os pesados canhões antiaéreos operassem com plena eficiência e alta demais para os canhões leves. O Fi 103, fez seu primeiro vôo independente em dezembro de 1942, e em meados de 1943, já atingia uma distância de 423 km, caindo cerca de 800 m do alvo previsto (um tiro excepcionalmente certeiro, considerando-se a distância e os meios então empregados). O sucesso foi tal, que encorajou o Alto Comando da Luftwaffe a ordenar sua produção plena, e o objetivo principal seria a capital inglesa, cuja distância do Passo de Calais estava ao alcance da arma. Paralelamente ao Fi 103, e também destinado a atacar Londres, os alemães desenvolveram o foguete A-4 (conhecido como V-2). O A-4 era, entretanto, um projeto do exército, e não da Luftwaffe. A arma Flak (anti-area) da Luftwaffe ficou incumbida de operar o Fi 103, e o Flak Regiment 155, foi criado especialmente para este fim. Enquanto o regimento estava sendo treinado em Zempin, no Báltico, no outono de 1943, 40 mil trabalhadores estavam empenhados na construção de 64 rampas de lançamento principais e de 32 de reserva, e a maioria apontada contra Londres. A data prevista para o início dos ataques das bombas-voadoras contra Londres era dezembro de 1943, mas o programa de produção sofrera muitos atrasos, o que levou os alemães a retardar o início das operações. Além disso, as grandes rampas de lançamento não escaparam á observação do sempre alerta Serviço de Inteligência Britânico, que acompanhou o trabalho de construção com muito interesse. Logo os bombardeiros aliados passaram a realizar maciços ataques contra esses locais, e a maioria foi completamente destruída ou seriamente avariada. Depois deste desastre, os alemães inventaram novo tipo de rampa de lançamento, muito mais simples e menos óbvias que as primeiras. Os homens do Flak Regiment 155, prevenidos sobre o que poderiam esperar, observaram as mais rígidas precauções no preparo dos novos locais, disssimulando-os com elaborada camuflagem. Por volta de abril de 1944 já havia um bom número de V-1 em disponibilidade e as novas rampas também estavam prontas. Mas, os ataques aliados praparatórios da invasão, contra alvos de comunicação na França e Bélgica, haviam começado, e aumentaram em muito as dificuldades no transporte de qualquer coisa para a região. 48 No começo de junho de 1944, seis meses depois da data inicialmente marcada, a Luftwaffe estava quase pronta para iniciar as operações com as V-1. Faltavam apenas pequenos acertos no plano de ataque quando aconteceu o desembarque aliado na Normandia, e este trabalho então recebeu novo impulso. Na noite de 12 de junho, disparou-se a primeira salva de V-1 contra Londres, um total de apenas dez bombas, sendo que quatro delas chegaram à Inglaterra e apenas uma atingiu a capital. Passados três dias, em que os alemães se organizavam, o bombardeio começou a sério, quando então cerca de 200 bombas eram lançadas por dia. Esse ritmo foi mantido até a segunda metade de agosto, quando os locais de lançamento foram capturados. Ao fim desta fase, um total de 8 617 bombas foram lançadas contra Londres. Suplementado as bombas-voadoras, havia a unidade III KG 3, equipada com He 111, que foram modificados para transportar uma única bomba-voadora entre o motor e a fuselagem. Ataques foram realizados não só contra Londres, mas também contra Southampton e Gloucester, mas a precisão desse modo de bombardear deixava muito a desejar. O peso e o arrasto impostos pelo míssil transportado externamente resultavam em séria redução no desempenho dos já ultrapassados He 111 e, para sobreviver diante das avassaladoras defesas britânicas, os alemães eram obrigados a operar á noite e em baixa altitude. Os bombardeiros se aproximavam em vôo baixo, sobre o mar a não mais que 60 m, abaixo da proteção do radar britânico, e faziam ligeira subida, até uns 450 m, quando a uns 60 km do alvo, para disparar o míssil, retornado a seguir às suas bases, sempre em vôo rasante. Em setembro de 1944, com o piorar da situação militar alemã na França e Holanda, o III/KG 3 passou a operar da Alemanha, dos aeródromos de Aalhorn, Varelbusch, Zwischenahn e Handorf-bei-Münster, mas não mais como lançador de míssil, e sim como bombardeio normal. Das V-1 lançadas do ar, 50% não funcionaram a contento, e a precisão das restantes foi medíocre. Os alemães reiniciaram os bombardeiros à Londres de locais de lançamento situados na Holanda, utilizando uma versão melhorada da V-1 com longo alcance. Essa última fase durou até março de 1945, e ao terminar, cerca de 300 bombas haviam sido lançadas, mas as defesas de caças e antiaéreas haviam atingido tal perfeição, que apenas 13 delas chegaram à área de Londres. Ao todo, cerca de 10 500 V-1 foram lançadas contra a Grã-Bretnha; a grande maioria, cerca de 85%, foi lançada de rampas terrestres. Do total, 7 500 cruzaram a costa britânica, 4 000 foram derrubadas pelas defesas antes que pudessem atingir seus alvos. Das 3 500 restantes, 2 500 atingiram Londres. As bombas causaram a morte de 6 200 civis e ferimento em 18 mil. 49 Se os alemães tivessem podido utilizar as V-1 dentro do cronograma inicialmente estabelecido, juntamente com incursões de bombardeiros tripulados, as defesas britânicas não teriam podido evitar que grandes de Londres sofressem danos demasiadamente extensos. Finalmente, as tropas aliadas avançaram e capturaram os locais de lançamento terrestres no Passo de Calais e, para os londrinos, o pior já havia passado. É verdade que bombas-voadoras ainda cairiam sobre Londres, a intervalos irregulares, durante os sete meses seguintes, mas todos sabiam que este esforço não mudaria nem um pouco o rumo da guerra. Petróleo: o calcanhar de Aquiles Antes de examinarmos a situação alemã em relação aos combustíveis, no ano de 1944, voltaremos no tempo para darmos uma olhada no estado das coisas até aquela época. Já no final de 1939, a produção de gasolina de aviação estava muito aquém do que se considerava necessário para uma guerra em larga escala. Assim, durante os dois últimos anos antes do início da guerra, os alemães haviam importado grandes quantidades e acumulado uma reserva superior a 350 mil toneladas – o bastante para operação aéreas intensas durante três meses, mesmo que a produção interna fracassasse completamente. Todavia, a rapidez das campanhas na Polônia, Noruega, França, e mais tarde a dos Bálcãs e da Grécia, e com conseqüente captura de estoques de combustíveis, desobrigou os germânicos de recorrer às reservas acumuladas. Apenas pouco antes do início da Campanha Russa, é que houve ligeiro corte nos vôos de treinamento, de modo a permitir um aumento nos estoques, mas nenhuma restrição foi feita ao consumo de combustíveis no transcurso da primeira parte da guerra. Durante o primeiro ano da guerra, a Luftwaffe pôde operar sem limitações, embora às vezes houvesse escassez local, devido a dificuldades de transporte para as ares avançadas, mas, no decorrer do segundo ano de guerra, a intensificação das operações aéreas cresceu muito, aumentando sobremaneira o consumo de gasolina de aviação, tanto é que em setembro de 1942, os alemães haviam chegado ao ponto crítico, em termos de combustível, e o que havia era suficiente apenas para mais duas semanas de operações. Porém, devido à embaraçosa situação das frentes oriental e mediterrânea, não podia haver restrição ao consumo nessas áreas, em outras porem o corte foi drástico. As operações no oeste reduziram-se ao mínimo e a cota destinada ao treinamento também foi muito diminuída. O fornecimento de combustível aos fabricantes de aviões e de motores foi igualmente muito reduzidos, e com isso, apenas um avião em cinco fazia a 50 prova de vôo completa ao sair da linha de montagem – os restantes voavam apenas uns vinte minutos antes de serem despachados para as unidades operacionais. O Reichsminister Albert Speer, que compreendia muito bem a importância do combustível na consecução de suas metas, que visavam à reorganização da indústria, providenciou para que ele não viesse a faltar, e para tal, direcionou esforços no sentido de que as fábricas de combustível sintético elevassem ao máximo a produção, e já no verão de 1943 surgiram frutos de seu programa de trabalho, quando as reservas de combustível subiram para 400 mil toneladas em dezembro, e para 570 mil toneladas em abril de 1944, um recorde de estocagem. Esta era a situação em maio de 1944, quando os bombardeiros estratégicos americanos começaram a concentrar-se no ataque aos centros de produção de petróleo alemães, e em junho os Lancasters e Halifaxes da RAF juntaram-se a eles, desta vez escoltados por uma aeronave especialmente equipada com aparelhos de interferência em radar e rádio, que os acompanhava na penetração das defesas. O efeito da ofensiva aérea aliada combinada contra a indústria petrolífera alemã foi devastador. Por volta de 22 de junho, a produção caiu 90%, e naquele mês, apenas 52 mil toneladas de combustível especial para aviação foram produzidos. À medida que os ataques prosseguiam, as coisas iam piorando; em agosto foram produzidas 16 mil toneladas e em setembro, umas poucas sete mil toneladas. A Luftwaffe então foi obrigada a consumir reservas acumuladas durante o inverno e a primavera, e em agosto de 1944, as unidades começaram a sentir em toda sua extensão os efeitos da crise no abastecimento de gasolina. A fome de combustível eliminou muitos dos planos alemães. Um deles era o Geschwader de bombardeiros quadrimotores de longa distância que acabavam de ser montado no mais completo segredo. A unidade era o Kampgeschwader 1, equipada com 90 bombardeiros He 177, que nos meses de maio e junho de 1944, mudara-se para bases existentes na Prússia Oriental e começara suas operações contra os russos. As operações do KG 1, já bem antes do rarear da gasolina, estavam condicionados à chegada do trem que a transportava, por não existir reservas nas bases onde operava, fato esse que restringiu muito a atuação da força. Certa feita, caçasbombardeiros aliados atacaram o trem vital, e nenhuma gota de combustível chegou ao aeródromo, impedindo todas as operações planejadas para o dia seguinte. Cada He 177 necessitava de seis toneladas de combustível para uma operação de alcance médio, e assim para um ataque com os 80 aviões, a KG 1 precisava de 480 toneladas. Mas durante o mês de agosto, essas 480 51 toneladas representavam a média diária de produção para toda a Luftwaffe !!! Não havia como discutir com uma simples operação aritmética: não havia combustível suficiente para manter os bombardeiros em operação. Os homens do KG 1 receberam ordens de levar seus aparelhos de volta para os aeródromos da Alemanha Central, onde esta e muitas outras unidades foram dissolvidas. As unidades de bombardeiros não foram as únicas a sofrer os efeitos da escassez de combustível. A maioria das escolas de treinamento de pilotos fechou, e os alunos realocados na infantaria. Os vôos de reconhecimento foram severamente limitados e o apóio de caças-bombardeiros só era permitido em situação decisivas. No final do verão de 1944, apenas as operação de defesa de alvos na Alemanha tiveram permissão de continuar sem restrições, porém, mais tarde, até mesmo estas foram reduzidas. Somente as unidades equipadas com caças à jato escaparam do efeito da crise, porque esses aparelhos utilizavam outro tipo de combustível, cuja disponibilidade era abundante. Sob o olhar atento de Hitler, Albert Speer tomou medidas enérgicas para reparar as instalações onde se fabricava o combustível de aviação, e para impedir sua total destruição. Sete mil homens foram liberados do exército para ajudar neste trabalho de reconstrução. Enorme quantidade de trabalhadores, atuando sob regime de escravidão, foi colocada a serviço do programa. Paredes de concreto à prova de explosões foram construídas em tornas das partes mais vulneráveis das refinarias e geradores de fumaça foram colocados para ocultá-las durante os ataques. Grande quantidade de canhões antiaéreos pesados foram trazidos para a defesa das fábricas, tornando-as verdadeiras fortalezas. Nas fábricas, abrigos profundos foram construídos, para que os trabalhadores pudessem retornar ao trabalho o mais depressa possível, após um ataque. Finalmente, para assegurar o moral nas fábricas, os trabalhadores foram submetidos à supervisão especial das SS. Com estas medidas, a indústria de petróleo sintético alemã pôde recuperar-se um pouco, e as fábricas voltaram gradualmente a funcionar, produzindo boas quantidades de combustível; em outubro 19 mil toneladas e em novembro, 39 mil toneladas. Utilizada de modo racional, essa quantidade bastou para injetar, temporariamente, nova vida na praticamente paralisada Luftwaffe. 52 A morte de uma força aérea No final do outono de 1944, as frentes oriental e ocidental acalmaram, porque os aliados pararam para tomar fôlego, depois de suas bem sucedidas ofensivas de verão, e o ano testemunhara uma série de maciças derrotas das forças alemães, em todas as frentes e em todas as dimensões. Era evidente que os dias do “Terceiro Reich” estavam contados, e diante da única alternativa de rendição incondicional, coisa que a propaganda do partido tornava mais abominável que a derrota e até mesmo a morte, a maioria dos soldados das forças armadas resolveu lutar até o fim, de acordo com o que rezava um ditado em voga na Alemanha, na época: “Aproveite a guerra, porque a paz época: “Aproveite a guerra, porque a paz á terrível”. Hitler, pensando que um ataque capaz de aliviar, um pouco que fosse, a enorme pressão dos aliados, sentiu que naquele momento, em que muitos pensavam que a Alemanha estava acabada, poderia surpreender o inimigo com um poderoso ataque. No mínimo, isto lhe daria tempo, tempo desesperadamente necessário para introduzir tipos avançados da caças à jato ou de poderosos e novos submarinos. Foi com isto em mente que Hitler fez com que seus generais planejassem a Operação Wacht am Rhein (Sentinelas do Reno): uma força de 200 mil homens, incluindo sete divisões Panzer, abriria à força um caminho pelo fraco setor das Ardenas, na frente americana, e avançaria em direção ao importante porto de abastecimento holandês de Antuérpia, a mais de 120 km de distância. Para dar cobertura à ofensiva, a Luftwaffe reuniu uma força de 2 460 aviões: Bombardeiros 55 Bombardeiros à jato 40 Aviões de ataque 390 Caças monomotores 1770 Caças bimotores 140 Aviões de reconhecimento 65 As recéns reparadas refinarias tinham podido produzir combustível suficiente para permitir que a Luftwaffe entrasse em ação, pelo menos por breve período, e ele desempenharia tarefa dupla durante a ofensiva. Primeiramente teria que destruir as forças aéreas aliadas, por meio de ataques em larga escala e de surpresa aos seus aeródromos e, depois disso, uma cobertura de caças isolaria a zona de batalha. Em seguida, uma vez obtida superioridade aérea, as unidades apoiariam as tropas terrestres em seu avanço e atacariam a retaguarda do inimigo. 53 O ataque aos aeródromos aliados teve codinome Operação Bodenplatte (Placa de Terra), e precederia a ofensiva terrestre. Em meados de dezembro, todo o planejamento estava completo e as várias unidades em posição. A 14 de dezembro, os comandantes dos Gruppen foram chamados ao QG do Jagdkorps II, próximo de Altenkirchen, e ali, surpresos foram instruídos no que se esperava deles, pelo Generalmajor Dietrich Peltz. O general disse-lhes do plano para atacar simultaneamente os aeródromos aliados em Volkel, Eindhoven, Antuérpia, Lê Culot, St. Trond, Metz e os da área de Bruxelas e de Gnat. A grande ofensiva alemã começou na manhã do dia 16 de dezembro de 1944, mas sem o planejado ataque aos aeródromos aliados, pois denso nevoeiro, durante todo esse dia e na maior parte dos oito dias seguintes, impediu qualquer atividade aérea de ambos os lados, mas mesmo assim as tropas alemães obtiveram consideráveis ganhos em terra. No dia 17 de dezembro, a Luftwaffe conseguiu realizar umas 600 surtidas, na maioria missões de apoio aéreo aproximado, e naquela noite, bombardeiros e caças realizavam outras 300 surtidas contra reforços que vinham chegando da retaguarda aliada. Gradativamente, a resistência americana em terra foi aumentando, à medida que tropas experientes chegavam de outras partes da França, e por volta do dia 20 de dezembro, as pontas-de-lança do ataque alemão, que haviam avançado quase 80 km, foram obrigadas a parar. A 24 de dezembro o nevoeiro finalmente de dissipou, e a Luftwaffe tornava a sentir o peso do poderio aéreo aliado, pois onze dos mais importantes aeródromos utilizados para proteger a ofensiva nas Ardenas foram severamente danificados, e no dia seguinte, as tropas americanas, já reagrupadas, passaram à ofensiva e começaram a espremer os alemães num bolsão. As ordens originais da Operação Bodenplatte foram rapidamente relegadas a segundo plano, visto que as necessidades agora eram de operações defensivas, mas mesmo assim alguns Gruppen receberam ordens de atacar na manhã do Ano Novo. À 05:00 h do primeiro dia do ano de 1945, os pilotos alemães foram despertados, receberam suas instruções finais e vestiram seus trajes de vôo. Às 09:00 h, os primeiros aviões já haviam decolado e se dirigiam para o ponto de encontro. Ao todo cerca de 800 caças, quase todos Me-109 e Fw 190 levantaram vôo. Um dos ataques mais bem sucedidos foi o desfechado contra o aeródromo de Eindhoven, realizado pelos I, II e IV/JG 3 – a unidade que receber o nome de Udet- as duas primeiras equipadas com Me-109 e sediadas em Paderborn e Lippspring e a última com Fw-190 sediada em Gütersloh. Um total de 72 aviões participaram do ataque e eles voaram 54 rasante, cerca de 220 km até seu objetivo. O Jagdeschwader 3 atacou Eindhovem no momento em que os caças-bombardeiros Typhoon, dos Esquadrões Canadenses Nº 438 e 439 estavam se preparando para uma missão. Conforme as ordens recebidas, os caças alemães atacaram os aviões pousados, circulando livremente por sobre o aeródromo. No final, quase todos os aviões dos dois esquadrões estavam destruídos ou seriamente danificados, além de outros de outras unidades estacionadas naquele aeródromo. A Luftwaffe conseguiu total surpresa em todos a parte, mas nenhum ataque foi tão bem sucedido quanto o realizado pela JG 3. Algumas unidades não conseguiram encontrar seus objetivos e em outras, estabelecia-se uma confusão tão grande sobre os objetivos, que os aviões atacantes se atrapalhavam mutuamente. O ataque do dia do Ano Novo custou aos aliados 144 aviões destruídos e 62 bastante danificados e para conseguir isto a Luftwaffe perdeu 200 aviões e as respectivas tripulações. Dos 127 aviões que caíram dentro de setores aliados, 41 foram derrubados pelos caças, 82 pela antiaérea e 16 por defeitos mecânicos. As perdas aliadas, embora sérias, foram repostas em duas semanas. Essa operação marcou o final da participação dos caças de motor a pistão da Luftwaffe, porque o reinício dos bombardeiros aliados contra as refinarias alemães e a ofensiva das Ardenas desfalcaram sensivelmente as reservas germânicas de gasolina. Para os fabricantes de aviões alemães, a falta de combustível foi mais desalentadora, porque seus esforços por aumentar a produção durante o ano, a despeito dos violentos bombardeios que as fábricas sofriam, foi um notável sucesso. Durante o ano de 1944, eles produziram 40 593 aviões, mais do que os fabricados nos anos de 1942 e 1943 juntos, mas desses apenas 1 041 eram à jato, e os 39 552 restantes eram aviões de motores à pistão que não podiam levantar vôo por falta de combustível. !!! Os únicos aviões alemães capazes de continuar operando eram os à jato, o caça Me 262 e o bombardeio Arado 234, contudo a quantidade à disposição das unidades operacionais era tão reduzida, que eles eram pouco mais que um incômodo para as tropas aliadas. Os Arados 234 e os Me 262 atacavam sozinho as tropas americanas nas Ardenas, mas os caças americanos permaneciam em total alerta, massacrando-os. Voltando um pouco no tempo, em setembro de 1944, Hitler começara a ceder na questão do uso dos Me 262 como caças. Durantes reuniões realizadas entre os dias 21 e 23 daquele mês, Hitler concordara que o Aradao 234 continuará a ser fabricado como bombardeio, e que para cada Arado pronto para ação, um Me 262 será revertido à caça. Como resultado 55 dessa mudança, cerca de 40 Me 262 foram imediatamente reunidos numa unidade sob o comando de um ás da caça, o Majar Water Nowotny, e a unidade entrou em operação no começo de outubro, com o nome de Kommando Nowotny, em homenagem a seu líder, operando a partir das bases de Achmer e Heseppe, perto de Osnabruck. Apesar de algumas dificuldades sérias no desenvolvimento e de problemas de manutenção do novo caça, o novo caça saiu-se muito bem contra as formações de bombardeiros americanas. No primeiro mês, abateram 22 bombardeiros, embora raramente pudessem operar mais de três ou quatro caças por operação. A 8 de dezembro, apenas um mês depois que essa unidade começara a operar, o próprio Nowotny foi abatido e morto, por um caça aliado quando tentava aterrisar seu Me 262 em Achmer. Em sua memória, a unidade de caça que estava sendo formada com base no Jommando Nowotny, a Jagdgeschwader 7, também recebeu seu nome. De início, comandada pelo Major Johannes Steinholf, os Me 262 da JG 7 desempenharam papel muito importante no combate aos ataques dos bombardeiros diurnos americanos. Mas, como resultado de problemas de transporte e abastecimento e de prioridades de outros esquadrões de caça-bombardeiros também equipados com Me 262, os I e II/JG 7 jamais receberam todos os seus efetivos. Então, em janeiro de 1945, formou-se mais uma unidade de caças Me 262: a unidade de elite Jagdverband 44 ou JV 44, comandada pelo ex-chefe da caça alemã, o Generalleutnant Adolf Galland. Essa unidade contava com os melhores e mais experientes pilotos de caça, que tinham sobrevivido a guerra, como o Oberst Günther Lützow e o Oberstleutnant Gehard Barkhorn, ambos possuidores da Cruz de Cavalheiro com Espadas e Folhas de Carvalho, o Oberstleutnant Wolfgang Späte e o Major Walter Krupinski, ambos possuidores da Cruz de Cavalheiro com Folhas de Carvalho; estes e muitos outros, vieram para a JV 44; alguns eram até ex-comandantes de unidades que operavam com aviões à pistão e que não podiam mais voar. Os homens da JV 7 e da JV 44 travaram muitos combates aéreos valorosos nos últimos meses da guerra. Exemplo claro foi o ocorrido no dia 18 de março, quando 1 250 bombardeiros pesados americanos, com poderosa escolta de caça, partiram para atacar Berlim, e 37 Me 262 dos I e II JG/7, decolaram para interceptar. Naquele dia, a poderosa força incursora perdeu 24 bombardeiros e cinco caças, mas só conseguiram derrubar dois dos jatos alemães. Embora desconcertantes para os inimigos, as novas unidades de caça à jato da Luftwaffe nada podiam fazer pra impedir a derrota final. Inexoravelmente, os restos da Luftwaffe foram espremidos em Schleswig Holstein ao norte, e na Bavária, ao sul, quando os exeécitos invasores, pelo leste e pelo oeste, se reuniram no meio e dividiram a Alemanha em duas. A 6 56 de maio de 1945, o Grossadmiral Karl Dönitz, que herdara de Hitler a liderança do desmoronado “Terceiro Reich”, ordenou que o restante de suas forças depusessem as armas no dia seguinte. Terminara a guerra na Europa. Conclusão Os conquistadores da Alemanha puseram-se a desmontar a força aérea que, no seu apogeu, fora o terror da Europa. Para os homens, os campos de prisioneiros, enquanto que alguns dos aviões, por serem novos ou de alguma forma interessantes, foram enviados a vários campos de prova dos vitoriosos; a maioria, porém, virou sucata. Umas poucas instalações, que talvez tivessem alguma utilidade para as potências ocupantes, foram mantidas; as restantes foram destruídas. A Luftwaffe lutou até a última gota de combustível. Quando a Alemanha foi atirada á lona, restavam uns 3 500 aviões, a maioria dispersa em áreas distantes e com os tanques de combustível vazios. Entre 1º de setembro de 1939 e 28 de fevereiro de 1945, última data para a qual existem registros fidedignos, a força perdeu 44 065 tripulantes (entre mortos e desaparecidos, dos quais 6 631 oficiais), teve 28 200 feridos (4 245 oficiais) e 27 610 (4 408 oficiais) feitos prisioneiros. A indústria alemã, no mesmo período produziu um total de 113 515 aviões, dos quais 84 693 eram dos principais modelos E se a Luftwaffe tivesse podido superar o grande problema que a atribulara durante a guerra? E se lhe tivesse sido possível atacar o grosso da indústria russa, além dos Montes Urais, com seus bombardeios de longo alcance? E se Hitler tivesse permitido que o Me 262 fosse produzido em grande escala como caça, no final da primavera de 1944? E se a organização de treinamento da Luftwaffe não tivesse entrado em colapso? E se os suprimentos de combustível e a capacidade de refinos sintéticos se mantivessem intactos? O que teria acontecido então? A guerra talvez tivesse prosseguido por mais algum tempo, mas o resultado com certeza teria sido o mesmo, pois se os alemães tivessem continuado a lutar até agosto de 1945, é muito provável que o horror da bomba atômica tivesse acontecido também na Europa. Abaixo, segue a transcrição do diário de um piloto alemão, encontrado no aeródromo de Leck, em Schleswig Holstein, e dá conta da atmosfera reinante no seio da Luftwaffe nos dois últimos dias da guerra: “6 de maio de 1945. Alinhamos os aviões e equipamentos de terra em ordem de parada. Os ingleses ficaram espantados com a cena imponente no aeródromo: a visão de mais de cem aviões, parados, com um orgulho feito de tristeza. Os tipos mais novos, os Me 262 e os He 162, que mal tinham 57 começado a operar, estavam misturados com os veteranos Me 109 e Fw 190, vitoriosos de milhares de combates aéreos; todos esses seriam entregues ao inimigo. 7 de maio de 1945. Retiramos as hélices, os lemes e os canhões dos aviões. Para nós pilotos, a visão do aeródromo é indescritivelmente triste e dolorosa. Nosso orgulho, nossa força aérea, nosso mundo, obrigado a exporse nu ao público. Pelo menos 30 ou 40 Me 262 estão alinhados juntos um dos outros, prontos para serem entregues.” 58