1 TRATAMENTO IONTOFORÉTICO COM DICLOFENACO

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TRATAMENTO IONTOFORÉTICO COM DICLOFENACO SÓDICO
Karla Heidemann1
Ralph Fernando Rosas2
RESUMO
A iontoforese é utilizada como intervenção clínica há mais de 40 anos, sendo que os
princípios básicos que sustentam essa técnica foram descritos pela primeira vez quase um
século atrás. Este recurso de tratamento permite a introdução, a partir da pele e das mucosas,
de íons medicamentosos para o interior dos tecidos, utilizando-se para tanto as propriedades
polares das correntes contínuas. O objetivo deste trabalho foi comparar a efetividade das
correntes galvânica e diadinâmicas para realização da iontoforese com diclofenaco sódico a
partir dos diferentes pólos. Esta pesquisa foi um estudo longitudinal onde foram
acompanhados 12 pacientes com alguma patologia no joelho, sendo 10 mulheres e 2 homens.
As sessões foram realizadas três vezes por semana, em dias alternados, com duração de 10
minutos para os pacientes tratados com a corrente galvânica e 8 minutos para os pacientes
tratados com as correntes diadinâmicas. No total foram realizadas 10 sessões por paciente,
sendo que estes foram avaliados e reavaliados em sessões adicionais. Verificou-se com esta
pesquisa que a corrente galvânica apresentou maior efetividade para a realização da
iontoforese com o diclofenaco sódico e que o pólo onde os resultados foram mais expressivos
foi o positivo.
Palavras-chave: iontoforese, corrente galvânica, correntes diadinâmicas, diclofenaco sódico,
joelho.
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1
Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus
Tubarão/SC. E-mail; [email protected].
2
Orientador temático. Professor Escpecialista do Curso de Fisioterapia da Universidade do
Sul de Santa Catarina, Campus Tubarão/SC.
2
TRATAMENTO IONTOFORÉTICOCOM DICLOFENACO SÓDICO
Karla Heidemann
Ralph Fernando Rosas
ABSTRACT
The object of this paper was that of checking the effectiveness of galvanic currents and
diadynamics for the performance of iontophoresis with diclofenac sodic in the treatment of
knee pathological changes. This research was a longitudinal study where 12 patients – 10
women and 2 men – with some knee pathology were followed up. The sessions were
performed three times a weed, every other day, a tem-minute period of time for the patients
treated with the diadynamics currents. It was a total of 10 sessions per patient, being that the
subjects were evaluated and reevaluated by further sessions. It was then conclued that the
galvanic current showed a higher effetiveness for the performance of iontophoresis with
diclofenac sodic and that the pole was positive where the results were more expressive.
Key Words: iontophoresis, galvanic current, diadynamic currents, diclofenac sodic, knee.
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INTRODUÇÃO
Dentro da fisioterapia, vários recursos podem ser utilizados na reabilitação do
paciente. Um desses recursos ainda pouco utilizado é a iontoforese. De acordo com Greve e
Amatuzzi (1999, p. 40) a iontoforese é um processo que promove a penetração de substâncias
ionizáveis através da pele íntegra, utilizando-se para isso uma corrente direta.
O objetivo deste estudo foi analisar o tipo de corrente mais efetiva para
iontoforese em pacientes com alterações patológicas no joelho; onde foi comparado o quadro
álgico; verificado a amplitude de movimento e a perimetria; descrito o uso de fármacos;
verificado se houve melhora na qualidade do sono; e comparado a efetividade do diclofenaco
sódico a partir do pólo positivo e do negativo antes e depois do tratamento iontoforético.
Um ponto que motivou esta pesquisa foi a limitação do emprego da iontoforese
nos dias de hoje. Guirro e Guirro (2002, p. 132) citam como uma das possíveis causas a
escassez de experimentos que fundamentem cientificamente as dosagens ótimas das drogas
específicas relacionando-as ao tempo de aplicação e a intensidade da corrente.
Esta pesquisa justifica-se também pela disparidade de literaturas quanto ao uso da
solução diclofenaco sódico. Lianza (1995, p. 109) afirma que este medicamento apresenta
carga negativa, e em conseqüência disto deve ser aplicado a partir do pólo negativo. Em
contrapartida Low e Reed (2001) colocam que as drogas deste grupo devem ser aplicadas a
partir do pólo positivo.
A pesquisa realizada foi uma coorte prospectiva do tipo experimental, em um
acompanhamento de 4 grupos com pré e pós-teste.
A população foi composta por pacientes da Clínica Escola de Fisioterapia da
UNISUL com alguma patologia no joelho que estavam inscritos na lista de espera da clínica
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citada. Para a composição da amostra foram aceitos 12 pacientes que voluntariamente
aceitaram fazer parte da pesquisa.
Os pacientes foram chamados para a avaliação inicial, sendo que os três primeiros
indivíduos perfizeram o grupo 1, os três próximos o grupo 2, e assim por diante, até
completarem 4 grupos de três pessoas. Os 4 grupos de tratamento acima citados foram
sorteados aleatoriamente na seguinte ordem:
•
Grupo 1: utilizou-se a corrente galvânica, sendo o diclofenaco sódico a partir do pólo
positivo;
•
Grupo 2: utilizou-se as correntes diadinâmicas , sendo o diclofenaco sódico a partir do
pólo positivo;
•
Grupo 3: utilizou-se a corrente galvânica, sendo o diclofenaco sódico a partir do pólo
negativo;
•
Grupo 4: utilizou-se as correntes diadinâmicas, sendo o diclofenaco sódico a partir do
pólo negativo.
A amostra foi composta de 10 mulheres, com média de idade de 55,8 anos (±
12,42 anos) e 2 homens com média de idade de 64 anos (± 1,42 anos).
Para a coleta de dados foi utilizada uma ficha de avaliação fisioterapêutica da
Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL, uma escala subjetiva de dor, um goniômetro e
uma fita métrica.
Após a avaliação foram realizados os atendimentos fisioterapêuticos, 3 vezes por
semana, em dias alternados, sendo compostos apenas da aplicação da iontoforese. Nos
pacientes onde foi realizada a iontoforese com a corrente galvânica, a aplicação tinha a
duração de dez minutos.
Nos grupos em que foram utilizadas as correntes diadinâmicas, foi usado um
coquetel, o qual era composto da aplicação de corrente difásica por 3 minutos, curtos períodos
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durante 2 minutos e finalizando a modulação em longos períodos por 3 minutos, totalizando 8
minutos. Segundo Greve e Amatuzzi (1995, p. 37) pode-se combinar diferentes formas de
onda, obtendo-se vários efeitos. De acordo com a empresa KW (2000, p. 41) o tempo total de
aplicação, pela regra geral, durante uma aplicação não deve exceder 10 ou 12 minutos. Foram
realizadas 10 sessões para cada paciente, somando ainda uma avaliação e uma reavaliação.
Para a aplicação das correntes foi utilizado o aparelho Nemesys-941 da marca
Quark. Os eletrodos tinham área de 7,85 cm2, sendo que eram posicionados da seguinte
maneira: quando o diclofenaco sódico era aplicado a partir do pólo positivo o eletrodo
negativo era posicionado na patela e o positivo aproximadamente 5 cm proximal; quando o
diclofenaco era aplicado a partir do pólo negativo o eletrodo positivo era posicionado na
patela e o negativo aproximadamente 5 cm proximal. Segundo Robinson e Snyder-Mackler
(2001, p. 298) a identificação da polaridade da droga determina a polaridade do eletrodo
usado para conduzir o íon na direção dos tecidos subjacentes. As drogas positivas são
colocadas sob o eletrodo positivo e as negativas são colocadas sob o eletrodo negativo. Os
pacientes ficavam numa posição confortável em decúbito dorsal.
Os dados foram analisados através de estatística descritiva simples e apresentados
na forma de tabelas.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Este estudo foi realizado com o intuito de verificar a efetividade das correntes
galvânica e diadinâmicas para realização da iontoforese e também para comparar a aplicação
do diclofenaco sódico sob os diferentes pólos.
Em suma, considera-se que:
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Quanto à amplitude de movimento e a perimetria obteve-se maior êxito quando se
utilizou a corrente galvânica, tanto com o diclofenaco aplicado a partir do pólo
positivo, quanto do pólo negativo.
Em relação ao uso de medicamentos, a corrente galvânica mostrou-se mais efetiva
quando o diclofenaco é aplicado sob o pólo positivo, porém no pólo negativo não
houve diferença quanto ao tipo de corrente.
No item relacionado a dor, as correntes diadinâmicas mostraram uma maior
efetividade quando o diclofenaco sódico é aplicado sob o pólo positivo. Porém, no
pólo negativo não houve diferença quanto ao tipo de corrente.
Nos itens dor e perimetria feito em diferentes pólos, mas com a mesma corrente, os
resultados melhores foram obtidos com a aplicação do diclofenaco sódico sob o pólo
positivo tanto na corrente galvânica quanto nas correntes diadinâmicas.
Em relação ao sono, quando utilizada a corrente galvânica não se observou diferenças
nos resultados, porém quando usada as correntes diadinâmicas o pólo positivo foi mais
efetivo.
Quanto aos medicamentos utilizados foram obtidos resultados mais expressivos com o
diclofenaco sódico sob o pólo positivo quando aplicada a corrente galvânica. Com as
correntes diadinâmicas os resultados obtidos foram equivalentes tanto se aplicando o
diclofenaco sódico a partir do pólo positivo quanto do negativo.
Em relação a amplitude de movimento os resultados foram praticamente iguais com a
aplicação da corrente galvânica e da correntes diadinâmicas a partir dos diferentes
pólos.No item relacionado ao sono quando o diclofenaco é aplicado a partir do pólo
positivo as correntes diadinâmicas mostraram-se mais efetivas, porém com o
diclofenaco a partir do pólo negativo a corrente galvânica obteve melhores resultados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do exposto, desconsiderando-se todos os outros tipos de fatores
exposicionais, e nesta amostra, a corrente galvânica e o diclofenaco sódico a partir do pólo
positivo mostraram-se mais efetivos.
REFERÊNCIAS
GREVE, J. M. D.; AMATUZZI, M. M. Medicina de Reabilitação aplicada à Ortopedia e
Medicina e Reumatologia. São Paulo: Roca, 1999.
GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato-Funcional. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Manole, 2002.
KW. Indústria Nacional de Tecnologia Eletrônica LTDA. Manual de Operações e
Instruções: EFRAM-400. São Paulo: Amparo, 2000.
LIANZA, S. Medicina de Reabilitação. 2. ed. Rio de Janeiro: Copyright, 1995.
LOW, J.; REED, A. Eletroterapia Explicada: princípios e prática. 3. ed. São Paulo: Manole,
2001.
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