Pneumonia: O Papel dos Vírus Filipe Froes Hospital de Pulido Valente Centro Hospitalar Lisboa Norte 25-03-2010 Conflitos de Interesse: Científicos: Comunicação pessoal Financeiros: Sem conflitos de interesses Contexto “Community-acquired pneumonia has traditionally focused litle on potencial viral causes, largely because of the lack of specific antiviral agents and the impression that viral pathogens play a relative minor role in adult pneumonia.” Marcos MA, Esperatti M, Torres A. Curr Opin Infect Dis 2009;22:143-7. Contexto “Community-acquired pneumonia has traditionally focused litle on potencial viral causes, largely because of the lack of specific antiviral agents and the impression that viral pathogens play a relative minor role in adult pneumonia.” Marcos MA, Esperatti M, Torres A. Curr Opin Infect Dis 2009;22:143-7. Mais doenças a vírus Doenças Infecciosas Emergentes: Viruses or prions 25,4% Bacteria or rickettsiae 54,3% Jones KE et al. Nature 2008;51:990-3. Infecções virais emergentes recentes • HIV epidemiologia doença pneumocócica • SARS-Coronavirus 21% prof. saúde e mortalidade ≈10% • Ebola, Marburg, Hantavirus • Nipah virus • Flavivirus (mosquito-borne): - dengue, yellow fever - West Nile - japanese encephalitis • Chikungunya virus • Influenza: - H5N1 - A(H1N1) 2009 pneumonite viral com mortalidade ≈14-33% Pandemia: Fase 6 (OMS) Lapinsky S. Curr Opin Infect Dis 2010;23:139-44. Novos vírus... Mimivirus: - identificado como vírus em 2003 - o maior vírus conhecido, confundido com bactéria Gram-positivo (∅ ∅ rickettsia) - “mimic” bacteria - patogeno: pneumonia Mimivirus ... e os vírus antigos • Influenza A (sazonal) • virus sincicial respiratório • adenovirus • parainfluenza (tipo 1,2 e 3) • influenza B + Novos métodos de diagnóstico molecular • outros (rhinovirus, metapneumovirus, coronavirus, varicela, etc.) O papel dos vírus nos adultos? O papel dos vírus? Laennec notou que a prevalência da pneumonia aumentou durante a pandemia de “la grippe” em 1803. Laennec foi o primeiro a descrever infecções bacterianas secundárias após a gripe. René-Théophile-Marie-Hyacinthe Laënnec (17/02/1781 – 13/08/1826) De l’Auscultation Médiate 1923, pag. 88-95. A importância da RT-PCR • 184 adultos hospitalizados (idade média: 61,3 anos) • investigação: “convencional” (n=146) e “completa” (n=38) • diagnóstico etiológico: 67% (89% na investigação “completa”) • antibioterapia prévia à admissão em 22% dos doentes • 6% internados em UCI; mortalidade global de 3,8% CID 2010;50:202-9. Etiologia da PAC n=38 89% ⅓ mistas CID 2010;50:202-9. Etiologia da PAC n=38 82% 34% pneumonia primária ou co-infecção CID 2010;50:202-9. Etiologia da PAC n=38 82% ≈ ⅔ das PAC a Streptococcus pneumoniae (metade com co-infecções, sobretudo vírus) 34% pneumonia primária ou co-infecção CID 2010;50:202-9. Pneumonia: sinergismo vírus – bactérias? Sinergismo vírus influenza – Streptococcus pneumoniae Fisiopatologia da infecção pelo influenza Infecção com influenza Pneumonia viral primária (ARDS - FLARDS) Efeitos fisiopatológicos: - destruição/lesão das barreiras físicas - ↓ actividade mucociliar - ↑ adesão (NA, “crytic receptors”) Pneumonia “mista” viral-bacteriana - disfunção/desregulação imunitária (IFN γ) - “Up-regulation” genes (PAF receptor) Infecções bacterianas: Pneumonia Bacteriana 2º - Streptococcus pneumoniae Empiema/Abcesso - Staphylococcus aureus Meningite - Streptococcus pyogenes Síndroma Choque Tóxico - Neisseria meningitidis - Haemophilus influenzae Lancet Infect Dis 2006;6:303-12. Sinergismo do influenza com o pneumococcus “Sinergismo” vírus-bactérias: - destruição do epitélio respiratório - ↑ adesão por actividade da NA (remoção terminais de ácido siálico) - imunossupressão (na fase de recuperação por libertação de INF-γγ com inibição da actividade fagocitária dos macrófagos alveolares) - “up-regulation” de receptores (PAF) - dessensibilização dos Toll-like receptors (sistema imune inato: Gram ⊕: TLR2 dominant signal) Peltola VT. PIDJ 2004;23:S87-S97. Sinergismo do influenza com o pneumococcus Toll-like receptors: reconhecimento de padrões Sinergismo: porquê o pneumococcus? • acompanha o Homem desde o nascimento à morte (adultos: coloniza nasofaringe em 10 a 40-50%) • o Homem é o reservatório natural • a sobrevivência do pneumococcus depende da transmissão eficaz entre humanos The Pneumococcus. ASM 2004. Sinergismo: a dupla face do influenza • gripe sazonal pneumonias bacterianas • gripe pandémica pneumonias virais A(H1N1) 2009 lesões pulmonares destrutivas com ARDS semelhantes às do influenza A H5N1 Pandemia ainda não terminou, sendo necessário manter elevada suspeição clínica Pneumonia viral primária a A(H1N1) 2009 Conclusões I • os vírus podem estar envolvidos em pelo menos 30% (50%?) das pneumonias da comunidade nos adultos • os vírus podem estar envolvidos nas pneumonias: - directamente (pneumonia viral) - indirectamente: sinergismo com outros microrganismos interacção com defesas do hospedeiro • especificidade da transmissão dos vírus em ambientes de saúde: - transmissão nosocomial (gotícula e partícula) - envolvimento de profissionais de saúde (e.g., SARS) Conclusões II O melhor conhecimento do papel dos vírus irá potenciar o desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico e terapêutica, de utilização na prática quotidiana. É fundamental valorizar a importância, actual e futura, da prevenção (e.g., controlo de infecção, vacinas). “I will prevent disease whenever I can, for prevention is preferable to cure.” Louis Lasagna – 1964 (Versão moderna Juramento de Hipócrates)