Biologia Relações Ecológicas / Estudo das Populações Professor Enrico Blota www.acasadoconcurseiro.com.br Biologia ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS – POPULAÇÕES E INTERAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS Populações Uma população é um conjunto de indivíduos da mesma espécie que vive em um mesmo local ao mesmo tempo. Uma população é caracterizada pela sua densidade, taxa de natalidade, de mortalidade, distribuição etária, potencial biótico, dispersão, formas de crescimento e sobrevivência. Fatores que interferem no tamanho das populações www.acasadoconcurseiro.com.br 3 A taxa de imigração é a velocidade com que indivíduos, provenientes de outras áreas, são incorporados a uma população. A taxa de emigração é a velocidade com que indivíduos de uma população saem para outras áreas. Assim, natalidade e imigração tendem a aumentar a densidade populacional, enquanto a mortalidade e emigração tendem a diminuir a densidade populacional. Potencial biótico ATENÇÃO: Existem diversos fatores que influenciam ou limitam o crescimento populacional. Os principais encontram-se abaixo: Fatores bióticos: predatismo, parasitismo e competição Fatores abióticos: temperatura, luz, salinidade, pressão, umidade e disponibilidade de nutrientes. Relações entre os seres vivos Representam as interações entre os seres vivos em um determinado ecossistema. 4 www.acasadoconcurseiro.com.br Biologia – Relações Ecológicas / Estudo das Populações – Prof. Enrico Blota Podem ser divididas da seguinte forma: Intra-específicas São aquelas que ocorrem entre indivíduos da mesma espécie. Estas relações ecológicas podem ser do tipo harmônicas (sem prejuízo entre os envolvidos - positivas) ou desarmônicas (com prejuízo - negativas). Interespecíficas Ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes e também podem ser harmônicas ou desarmônicas. Relações Intraespecíficas Harmônicas: sociedade, colônia e gregarismo. Sociedades – São indivíduos que estão unidos formando uma população que divide as tarefas. Há uma divisão de trabalho e existem várias funções (castas). Normalmente os indivíduos são morfologicamente diferentes. São exemplos de sociedades os cupins, as formigas, as abelhas e muitos outros animais. Observe as diferentes formas de castas nos cupins: Rei (macho pequeno à esquerda) e Rainha (fêmea ao lado do macho) reproduzem e dão origem a mais três formas de vida. De cima para baixo: ninfa reprodutora, operário e soldado. Em abelhas: www.acasadoconcurseiro.com.br 5 Colônias – Indivíduos coloniais apresentam-se unidos anatomicamente e podem formar colônias heteromórficas (seres diferentes, como ocorre no cnidário Obelia- figura abaixo) ou isomórficas (seres iguais, como nas esponjas e bactérias). Gregarismo – Neste caso de interação os seres vivos envolvidos se unem para um benefício comum, que pode ser, por exemplo, a alimentação. Os golfinhos durante uma caçada unem-se ao redor de um cardume para se alimentar. Já os lobos fazem gregarismo para caçar um animal maior. Relações Intraespecíficas desarmônicas: competição e canibalismo Competição – Normalmente quando dois indivíduos da mesma espécie ocupam o mesmo nicho ecológico há competição entre eles. Alguns recursos como alimento, acasalamento e território são importantes motivos para haver competição. Um exemplo comum é a disputa, entre dois ou mais vegetais da mesma espécie, por espaço em um mesmo ecossistema. 6 www.acasadoconcurseiro.com.br Biologia – Relações Ecológicas / Estudo das Populações – Prof. Enrico Blota Canibalismo – Há casos de canibalismo quando um individuo mata outro da mesma espécie. É uma forma de alimentação ou redução de uma futura competição. Ocorre, por exemplo, na aranha “viúva-negra” e em gafanhotos, onde as fêmeas matam o macho durante ou após a cópula. Observe a foto abaixo, onde um dos representantes está sem uma parte do corpo, ingerida pela fêmea na cópula. O canibalismo também é observado entre alguns felinos. Relações Interespecíficas Harmônicas: forésia, protocooperação, mutualismo, inquilinismo, comensalismo Forésia – Dizemos que houve forésia quando um ser vivo utiliza-se de outro como meio de transporte. É o caso de animais que promovem a dispersão de sementes e vão disseminando os seres vivos de outras espécies. Veja o peixe rêmora que pode ser transportado pelo tubarão. Protocooperação – Um ser vivo tira vantagens de outro, que também se beneficia. É uma união temporária para benefício mútuo (coexistem temporariamente). São exemplos os pássaros que come carrapatos no dorso dos vertebrados, o crocodilo e o pássaro-palito, a anêmona e o crustáceo eremita, entre outros. www.acasadoconcurseiro.com.br 7 Mutualismo – Neste caso dois seres vivos estão associados obrigatoriamente e de forma vital, a ponto de não sobreviverem separadamente. Ambos estão beneficiados, como é o caso das micorrizas (raízes de plantas com fungos) e outros exemplos como as bactérias que vivem no intestino dos humanos e até protozoários que vivem nos cupins. Inquilinismo – Relação em que um ser vivo vive junto a outro recebendo, em muitos casos suporte para viver e, em outros casos, proteção. Quando plantas vivem de forma harmônica junto a outras, dizemos que há um caso de epifitismo e a planta então é uma epífita (como a orquídea em uma figueira). Se estivermos tratando de animais, dizemos que está havendo um caso de epizoísmo (como as cracas nas baleias). Comensalismo – Alguns animais aproveitam-se de restos deixados pela alimentação de outros. “Aqueles que comem restos” são chamados de comensais. É uma relação que envolve alimentação. São comensais as hienas que comem restos, algumas aves, a rêmora que come os restos do tubarão, entre outros. Na imagem abaixo, as garças boiadeiras comem restos de gado bovino, já que o gado mata muitos insetos e outros seres enquanto come a pastagem. 8 www.acasadoconcurseiro.com.br Biologia – Relações Ecológicas / Estudo das Populações – Prof. Enrico Blota Relações Interespecíficas Desarmônicas: competição, parasitismo, esclavagismo, amensalismo, herbivoria, predatismo,. Competição interespecífica – Da mesma forma que a intraespecífica, os envolvidos disputam recursos do meio, porém são de espécies diferentes. O gafanhoto e o gado bovino competem pela vegetação e o homem e outros animais competem por espaço. Este princípio é chamado ”Princípio de Gause” ou princípio da exclusão competitiva. Na imagem abaixo, formou-se um ambiente desfavorável para a leoa durante sua alimentação, já que a hiena se aproximou, caracterizando uma competição por um recurso alimentar. Parasitismo – Um organismo é chamado de parasita quando retira energia de outro (que é prejudicado). Há casos de parasitas que ficam externamente ao hospedeiro (ectoparasitas, como a sanguessuga) e casos de parasitas que ficam internamente no hospedeiro (endoparasitas, como as tênias). Pulgões sugando seiva de um vegetal Esclavagismo – Esta curiosa relação envolve uma espécie que se beneficia do trabalho de outra (que se comporta como escrava). Alguns insetos escravizam larvas de outros insetos para obter www.acasadoconcurseiro.com.br 9 trabalho. Também é comum ocorrer esse comportamento com algumas espécies de aves. É comum chamar a relação de sinfilia. Amensalismo (antibiose) – Relação em que uma espécie bloqueia o crescimento ou a reprodução de outra. Ocorre liberação de substâncias tóxicas para ocorrer tal inibição. A penicilina é retirada a partir de um fungo (Penicilium notatum) e é utilizada para inibição do crescimento bacteriano em um doente. Já a maré-vermelha é a proliferação excessiva de dinoflagelados no ambiente. Isso acarreta a liberação de toxinas que provocam a morte de diversos organismos. Na foto, a mancha na água é resultante da proliferação desses dinoflagelados. Herbivoria – Relação ecológica que envolve espécies que alimentam-se dos produtores (como os vegetais). São animais herbívoros o panda, o boi, o gafanhoto, o homem e diversas outras espécies. 10 www.acasadoconcurseiro.com.br Biologia – Relações Ecológicas / Estudo das Populações – Prof. Enrico Blota Predatismo – Um indivíduo mata outro de outra espécie para alimentar-se. Há na natureza muitos casos de predatismo. São importantes meios para controle das populações de predadores e de presas. www.acasadoconcurseiro.com.br 11 Leitura complementar: Controle biológico e algumas curvas de crescimento de populações É um método natural de controle populacional de animais, microrganismos e plantas. Baseia-se no conhecimento de relações ecológicas desarmônicas (competição, parasitismo, predatismo, amensalismo) entre espécies. Com esse conhecimento, uma espécie parasita, competidora ou predadora é introduzida em um ecossistema para impedir ou equilibrar o desenvolvimento de uma outra espécie em questão. Substitui em muitos casos o uso de pesticidas e outros produtos químicos que podem trazer sérios danos ao ecossistema. O controle biológico deve ser muito bem estudado, pois pode acarretar em um desequilíbrio. Um exemplo bem sucedido é na agricultura, onde pode ser usada aplicação de vírus e bactérias que atacam lagartas que destroem plantações de soja. Alguns vermes nematelmintos controlam naturalmente a população de larvas do mosquito da dengue e também podem ser usados para evitar o surgimento de epidemias. Algumas curvas de crescimento: 12 www.acasadoconcurseiro.com.br