Escola Secundária de Manuel Teixeira Gomes - Portimão - 2010/2011 Aluno: Rita da Conceição Correia | e-mail: [email protected] | Nº: 22 Grego | Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidades 12.º ano de escolaridade | Turma: E ORÁCULO DE DELFOS Representação do Oráculo de Delfos. Disponível em http://lacomunidad.elpais.com/batiburrillo-punto-com/2010/4/7/sobre-oraculos Considerado Património Mundial pela UNESCO, o Oráculo de Delfos relembranos a riqueza e magnificência da Grécia Antiga. O Oráculo, durante mais de quinze séculos, acolheu peregrinos de todo o mundo helénico que confiavam nele os seus destinos. Situado na cidade de Delfos da antiga Grécia, na Fócida, foi, a par dos Jogos Píticos, a razão da magnificência de Delfos, sendo considerado, inclusive, o mais importante oráculo dos tempos clássicos. Aí, por intermédio de uma mulher, poder-se-iam ouvir os conselhos do deus Apolo, sempre que era solicitado o seu auxílio. Segundo conta a lenda da antiga Delfos, certo dia, Zeus lançou duas águias de cantos oposto do Mundo e ambas se cruzaram nos céus, junto ao local onde se situa o Templo de Delfos, indicando que ali era o centro da Terra. Zeus ordenou que se assinalasse o sítio com uma pedra, tornando-se esse o local onde o poderiam consultar. No entanto, uma cobra gigantesca, denominada Píton, habitava Delfos, o que impedia a concretização das visitas a Zeus. Então, o deus Apolo ofereceu-se para matar o monstro, venceu a Píton e tornou-se o transmissor de mensagens dos helénicos a Zeus. A cobra foi enterrada nas terras de Parnaso, local onde se construiu o templo de Delfos. 2 Apolo, assimilado a um herói pela Grécia Antiga, era adorado no Oráculo de Delfos. Poder-se-iam ouvir as palavras do deus através de uma sacerdotisa, a pítia ou pitonisa, uma mulher escolhida entre as habitantes da cidade, geralmente com mais de cinquenta anos de idade. A pítia exprimia-se através de versos que seriam, posteriormente, interpretados por diversos sacerdotes, assistidos por ministros do culto. Para que a profetisa transmitisse as mensagens de Apolo, ter-se-ia, primeiramente, de pagar um “pelanos” e sacrificar um animal no altar do Oráculo. Seguia-se a pergunta à pítia, feita por um sacerdote. A resposta advinha do estado de transe em que a pitonisa se encontraria, cuja origem é explicada por um buraco no chão sobre o qual esta se sentava, num tripé, do qual provinham vapores. A resposta era geralmente ambígua, daí a necessidade de interpretação pelos sacerdotes. Lendas gregas acrescentam ainda que a pítia, antes de ser consultada, se purificava bebendo água de uma fonte de Delfos e comendo folhas de louro. A pitonesa jamais se mostrava, apenas se fazia ouvir e era a única pessoa capacitada para inalar os misteriosos vapores, dos quais provinha a inspiração divina transmitida com calma e serenidade. Nos primeiros tempos, a Pítia era consultada somente uma vez por ano. Posteriormente, as consultas ao Oráculo passaram a ser mensais, exceptuando os três meses de Inverno, durante os quais o deus Apolo, segundo relatam os gregos, abandonava Delfos. O prestígio do Oráculo de Delfos foi aumentando progressivamente e as consultas, tanto por particulares, acerca de assuntos privados, como por chefes de Estado e do Governo, proliferavam. Desde o século VI ao século IV a. C.,o Oráculo desempenhou um papel relevante na política da Grécia. Favoreceu a colonização visto que, antes de partir, os grupos em expedição consultavam-se no Oráculo, onde recebiam as orientações da pítia acerca do território onde deveriam fundar a nova cidade. Atenas é um dos exemplos do apoio, ainda que nem sempre do agrado ateniense, fornecido pelas consultas no Oráculo, na acção colonizadora desta magnificente cidade grega. Uma das lendas gregas conta que a colónia de Cirena, na Líbia, foi fundada graças ao Oráculo de Delfos. Outras histórias, relacionadas com batalhas, comprovam, igualmente, o importante papel do Oráculo na Antiguidade. É o caso do Rei Croeso da Líbia (560 – 546 a. C.) que perguntou à pítia se deveria lutar contra Cira da Pérsia, tendo esta respondido que se atravessasse um rio destruiria um grande império. Ao marcharem contra Ciro, as tropas atravessaram o Rio Halys e destruiu-se um império que, no entanto, era o do Rei Croeso da Líbia. As guerra médicas comprovam, mais uma vez, o valor dado ao Óraculo de Delfos, na época. Atenas consultou o Oráculo em 490 a.C., ansiando saber se não haveria 3 quaisquer problemas em obter a ajuda de Esparta. Segundo o Oráculo, os atenienses não deveriam colaborar com os espartanos, contudo, foi precisamente a intervenção espartana em 480 a.C. que permitiu a Atenas a obtenção de tempo para que pudesse vencer em Salamina. Os atenienses, descontentes com as previsões do Oráculo, são a prova da influência do povo de Delfos sobre este. A sua população via com desagrado a Atenas democrática. Delfos parecia, graças ao seu Oráculo, poder controlar não só as cidades gregas que a ele afluiam, como também beneficiar economicamente das consultas que aí se realizavam. As visitas frequentes à cidade, o dinheiro ganho nas consultas que se faziam no Oráculo, os tesouros oferecidos pela população, satisfeita com as previsões da pítia, as oferendas, a compra de animais, para os sacrifícios, nos mercados locais, contribuiram para o aumento da riqueza da cidade. Graças ao Oráculo de Delfos e ao seu sucesso, surgiram, inclusivé, no século VI a.C., os primeiros bancos. A riqueza obtida através do Oráculo teve ainda influência na contrução de tesouros – pequenas construções, semelhantes a capelas, onde se guardavam os ex-votos e os donativos, frequentemente valiosos. Existiam, entre outros, o Tesouro de Siracusa, de Cirenea, de Cnifo, de Sifnos, de Corinto, dos Etruscos, dos atenienses. Com a ascensão política de Delfos, no século VII a.C., a reorganização dos Jogos Píticos e a prosperidade das visitas a Delfos, o santuário iniciou uma época de ouro que durou até à chegada dos romanos, em 191 a.C.. O Oráculo foi abolido em 393 a.C., quando Teodósio cristianizou o Império Bizantino. Os cristãos, contrariamente à opinião grega, descridibilizaram a sacerdotiza e, consequentemente, todo o culto feito a Apolo. A lenda do Rei Édipo, alertado pelo oráculo, que mataria, inconscientemente, o seu pai e casaria com a sua mãe, é um dos casos mais célebres da acção do Oráculo e reafirma a importância deste no mundo grego. Poder-se-à, assim, concluir que o impacto do Oráculo e a importância a este atribuída, para além de merecer a intemporalidade em lendas e na história de diversas cidades gregas, marcou Delfos, tornando-a num dos lugares sagrados mais venerados pelos gregos. Referências Bibliográficas: 1. Lamas, Maria (1991). Mitologia geral: o mundo dos deuses e dos herói. Lisboa: Estampa. 2.Dubin, Marc; Gomes, Sofia (2003). Grécia - Atenas e Grécia continental. Porto: Civilização. 3. Oráculo de Delfos. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Or%C3%A1culo_de_Delfos consultado em 16.11.2010 [16:30] 4. Oráculo de Delfos. Disponível em http://www.mundodosfilosofos.com.br/apolo.htm consultado em 16.11.2010 [17:30] 5. Oráculo de Delfos. Disponível em http://www.infopedia.pt/$oraculo-de-delfos consultado em 16.11.2010 [17:45] 6. A lenda do Rei Édipo. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dipo consultado em 19.11.2010 [18:30] 4