Tratamento restaurador de diastemas anteriores com

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Revista Dentística on line – www.ufsm.br/dentisticaonline
ISSN 1518-4889 – ano 10, número 20, jan/mar 2011
Tratamento restaurador
de diastemas anteriores
com restaurações diretas
em resina composta:
relato de caso
Restorative treatment of
anterior
diastemata using composite resins: a
case report
(FURUSE et al 5, 2008).
Relato do caso clínico
O paciente do sexo masculino, 20
anos, procurou a clínica odontológica do
Hospital Universitário de Brasília – HUB
queixando-se da existência de “espaços”
generalizados entre os dentes anteriores
superiores (Figuras 1, 2 e 3). Para
otimização do tratamento, foi realizado
previamente o clareamento caseiro com
peróxido de hidrogênio a 7,5% (White Class,
FGM).
1
Talita Baumgratz Cachapuz Chimeli , Ana
2
Paula Ribeiro do Vale Pedreira , Thais
Carolini Ponssiano de Souza1, Márcia
1
3
Maciel , Lílian Marly de Paula , Fernanda
3
Cristina Pimentel Garcia
Resumo
A busca por padrões estéticos ideais tem se
intensificado nos últimos anos, contribuindo assim para
o advento de novas técnicas e procedimentos que
atendam às exigências dos pacientes. O uso da técnica
de restauração direta com resina composta para o
fechamento de diastemas tem como principais
vantagens: preservação da estrutura dental e redução
do tempo clínico necessário, além de alcançar
resultados estéticos de excelência. O presente trabalho
relata um caso clínico utilizando a técnica restauradora
direta com a utilização de resina composta para o
fechamento de diastemas.
Palavras chave: diastema, resinas compostas
Abstract
The search for an ideal aesthetic treatment in dentistry
has been increasing nowadays, contributing for the
advent of new procedures able to supply the demands
of the patients. The use of composites resins in direct
technics such as closure of diastematas has as its most
important advantage the preservation of the dental
structure and the reduction of the time spent, and it can
have excelent aesthetics results. This article depicts a
clinical case using the direct technics whit composites
resins in closure of multiples diastematas.
Key words: diastema, composite resin
Introdução
O emprego da ortodontia e das
próteses fixas foram por muito tempo as
alternativas clínicas de escolha para o
fechamento de diastemas (ALMEIDA et al 1,
2004). Porém, muitos pacientes não são
receptivos ao tratamento ortodôntico por ser
um tratamento de longo prazo e
desconfortável. Além disso, muitas vezes o
tratamento ortodôntico isolado não é
suficiente para a aproximação ideal dos
dentes, sendo necessário, portanto, a
correção estética subseqüente à ortodontia.
Já o emprego de facetas indiretas ou coroas
totais pode ser contra-indicado para dentes
hígidos, tendo em vista o desgaste da
estrutura dental necessário ao tratamento
Figuras 1, 2 e 3. Aspecto inicial do caso após o
clareamento evidenciando as manchas branco-opacas
e a presença dos diastemas interincisivos
O paciente apresentava manchas
branco-opacas nas faces vestibulares dos
dentes
anteriores,
de
etiologia
desconhecida. Foi realizado o tratamento
pela técnica de microabrasão utilizando a
remoção químico-mecânica do esmalte
superficial (CROLL 4, 1986), com ácido
clorídrico a 6% e carbeto de silício
(Whiteness RM, FGM). Após isolamento
absoluto com dique de borracha, a pasta foi
aplicada sobre a superfície vestibular dos
dentes, friccionada com taça de borracha
em contra-ângulo por 10 segundos e lavada
1Cirurgiãs-dentistas
2Mestre em Reabilitação Oral-FOB/USP
3Professoras Doutoras da Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia, Universidade de Brasília-UnB
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(Figura 4). A técnica foi repetida por cinco
vezes e então foi aplicado flúor neutro
(Flutop gel neutro, SS White) por 1 minuto.
Após obtenção de um resultado satisfatório
de clareamento, procedeu-se ao polimento
final dos dentes com taça de borracha e
pasta de polimento de granulação fina
(Diamond R, FGM) (Figura 5).
Figura 4. Técnica químico-mecânica de microabrasão
do esmalte
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Após a técnica do isolamento
relativo feito com afastador e rolos de
algodão, foram realizados os procedimentos
de condicionamento ácido do esmalte por
30 segundos com ácido fosfórico a 37%,
lavagem por 30 segundos e secagem
completa com jato de ar. Em seguida foi
aplicado o adesivo a base de etanol e água
(Adper Single Bond 2, 3M ESPE), seguindo
as recomendações do fabricante. Após a
sua aplicação foi utilizado um jato de ar por
30 segundos para favorecer a evaporação
do solvente e posterior polimerização por 20
segundos.
Para reprodução do esmalte,
foram utilizadas as resinas microhíbridas
especiais para dentes clareados (Opallis EBleach M, H e L, FGM). A matriz de silicona
foi preenchida com a resina, levada ao
dente e fotopolimerizada, reproduzindo as
faces palatinas (Figuras 8 e 9). As porções
de resina inseridas na face vestibular foram
acomodadas com a ajuda de pincéis e tiras
de poliéster (Figuras 10 e 11). A oclusão foi
verificada com carbono para articulação e o
acabamento inicial foi realizado com pontas
diamantada (Figura 12). O paciente foi
orientado a não ingerir alimentos ricos em
corantes por um período de 24 horas.
Figura 5. Polimento coronário
A
partir
do
enceramento
diagnóstico (Figura 6) foi confeccionada
uma matriz utilizando silicona de adição
(Adsil, Vigodent), e a sua adaptação aos
dentes foi realizada com lâmina de bisturi
o
n . 15 para remover a porção vestibular do
molde obtido (Figura 7).
Figura 8. Inserção da resina na matriz de silicona
Figura 6. Enceramento diagnóstico
Figura 9. Fotopolimerização da resina com a matriz em
posição
Figura 7. Confecção da matriz de silicona
O acabamento e polimento final foi
realizado na outra sessão com o uso de
pontas diamantadas para acabamento,
sendo o polimento realizado nas faces
interproximais com tiras de lixa para resinas,
e nas faces vestibular e palatina com o uso
de discos polidores e de pastas para
polimento associados a discos de feltro de
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diferentes granulações.
Figura 10. Matriz de silicona em posição evidenciando
os espaços já preenchidos pela resina composta e os
espaços ainda presentes
Figuras 13, 14 e 15. Aspecto final do caso após o
fechamento do diastema com a resina composta
Figura 11. Imagem do dente 21 restaurado
Figura 12. Acabamento da resina com pontas
diamantadas
Após seis meses o paciente
retornou à clínica para controle e as
restaurações apresentaram-se satisfatórias
(Figuras 13, 14 e 15).
Discussão
A
percepção
estética
dos
diastemas interincisivos superiores mostrouse bastante variável entre as diferentes
culturas (OFFERMAN 9, 1986). A presença
de diastemas pode estar relacionada a
problemas
oclusais
como
anomalias
dentárias, estruturas ósseas anormais,
hábitos parafuncionais; sendo, neste caso,
indicado o tratamento associado com a
devida remoção do fator etiológico. Porém,
diastemas de origem étnica ou genética
quando bem tolerados do ponto de vista
estético pelo paciente não necessitam de
tratamento (MONDELLI et al 8, 2003).
A movimentação ortodôntica por si
só não é capaz de promover um
fechamento adequado dos diastemas nos
casos de discrepância dento-esquelética,
mas pode ser bastante útil para redistribuir
os espaços em proporção áurea e auxiliar
na eliminação de hábitos deletérios quando
for o caso (FURUSE et al 5, 2008). A
mecânica ortodôntica para esses casos é
um procedimento simples e deve buscar a
redução do comprimento do arco, porém a
maior dificuldade encontra-se em obter
estabilidade
do
tratamento
realizado
(ALMEIDA et al 1, 2004). A frenectomia
muitas vezes pode ser necessária quando
há excesso de tecido comprimido na região
interincisiva (PROFFIT 10, 2008), e em
alguns casos a gengivoplastia pode ser
recomendada
para
otimização
dos
resultados estéticos (CHU et al 3, 2001).
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Nos casos em que foi realizado no paciente
tratamento ortodôntico e/ou periodontal
prévio ou quando não houve a necessidade
destes tratamentos a técnica direta com
resina composta para o fechamento de
diastemas é uma excelente alternativa. As
principais vantagens são tais como a
preservação da estrutura dental e maior
simplicidade da técnica, quando comparado
às restaurações indiretas e próteses fixas
(FURUSE et al 5, 2008). Além disso, o
procedimento de união da resina composta
é obtido em esmalte, favorecendo assim a
durabilidade da união (BRESCHI et al 2,
2008). Atualmente existem no mercado
resinas de excelente qualidade que
apresentam boa estabilidade de cor,
resistência
ao
desgaste
superficial,
opacidade adequada, cores diversificadas, o
que favorece o resultado estético final e a
durabilidade
do
resultado
obtido
(LEINFILDER 6, 1997; MILLAR et al 7,
1997; PFEIFFER et al 11, 2009). As
limitações da técnica em resina composta
estão relacionadas principalmente aos
casos de higiene bucal insatisfatória, o que
favorece a degradação da matriz orgânica
da resina e a consequente alteração de cor
e textura (WEISS et al 12, 2008).
Conclusão
A técnica restauradora direta
utilizando resinas compostas, quando
corretamente indicada, é uma alternativa de
tratamento bastante satisfatória, tendo como
principais vantagens a preservação da
estrutura dental e simplicidade da técnica.
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