relatório planeta vivo 2012

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 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2012 (Resumo)
WWF INT 2012 + parceiros ZSL e GFN
(conforme relatório principal)
© Michel Roggo / WWF-Canon
Rio Negro Forest Reserve, Amazonas, Brazil.
Principais Mensagens do Relatório:
A NATUREZA É A BASE DO NOSSO BEM-ESTAR E DA NOSSA PROSPERIDADE.
A BIODIVERSIDADE DIMINUIU GLOBALMENTE 30 % ENTRE 1970 E 2008. NOS TRÓPICOS, NO
MESMO PERÍODO, DIMINUI 60%.
A PROCURA DE RECURSOS NATURAIS DUPLICOU DESDE 1966 E ACTUALMENTE ESTAMOS A
UTILIZAR O EQUIVALENTE A 1,5 PLANETAS PARA APOIAR AS NOSSAS ACTIVIDADES.
OS PAÍSES MAIS RICOS TÊM UMA PEGADA CINCO VEZES MAIOR DO QUE OS PAÍSES MAIS
POBRES.
ÁREAS COM MAIOR BIODIVERSIDADE PRESTAM SERVIÇOS AMBIENTAIS IMPORTANTES, TAIS
COMO O ARMAZENAMENTO DE CARBONO, MADEIRA, ÁGUA DOCE OU CONSERVAÇÃO DE
POPULAÇÕES DE PEIXES MARINHOS.
A PERDA DE BIODIVERSIDADE E DOS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA TÊM UM IMPACTE MAIOR SOBRE AS
POPULAÇÕES MAIS POBRES E QUE DEPENDEM DIRECTAMENTE DOS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA PARA
SOBREVIVER.
AS PROJECÇÕES "BUSINESS AS USUAL" ESTIMAM QUE PRECISAREMOS DO EQUIVALENTE A DOIS
PLANETAS TERRA, EM 2030, PARA SATISFAZER AS NOSSAS NECESSIDADES ANUAIS EM RECURSOS.
A PERSPECTIVA DA WWF SOBRE O PLANETA É A DE QUE TEMOS DE GERIR, GOVERNAR E PARTILHAR A
RIQUEZA NATURAL EM ACORDO COM OS LIMITES EM RECURSOS DA TERRA.
PODEMOS REDUZIR A NOSSA PEGADA ECOLÓGICA, PRODUZINDO MAIS COM MENOS, E CONSUMINDO
MELHOR, DE FORMA INTELIGENTE E POUPADA.
© Simon de Trey-­‐White / WWF-­‐UK Women cu7ng grass, Khata, Nepal. Mantendo a Terra um planeta vivo
Estamos todos familiarizados com a dureza da representação dos gráficos que
detalham como estamos a abusar dos recursos da Terra. Esta edição do Relatório do
Planeta Vivo 2012 diz-nos como a tudo isto se acrescenta a pressão acumulada que
estamos a colocar no planeta, e o consequente declínio da saúde das florestas, rios e
oceanos que sustentam as nossas vidas.
Vivemos como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição. Estamos a usar
50 por cento mais recursos do que a Terra pode fornecer e, se não mudarmos de
rumo, este número vai crescer rapidamente e até 2030, onde dois planetas não serão
suficientes para nos sustentar.
Mas temos opção de escolha. Podemos criar um futuro próspero que forneça
alimento, água e energia para 9 ou talvez 10 bilhões de pessoas que partilharão o
planeta em 2050.
Podemos produzir o alimento que precisamos. As soluções estão em reduzir os
resíduos, utilizar melhores sementes e melhores técnicas de cultivo, voltar a produzir
as terras abandonadas e a mudar a dieta – especialmente reduzindo o consumo de
carne nos países mais ricos.
Podemos assegurar que haja água suficiente para as nossas necessidades e também
conservar os rios saudáveis, lagos e zonas húmidas de onde nascem. Usar técnicas
mais inteligentes de irrigação e melhor planeamento de recursos, por exemplo, na
forma de usar a água numa perspectiva mais eficiente.
Podemos responder a todas as nossas necessidades energéticas a partir de fontes de
energia como a eólica e a solar, que são limpas e abundantes. O primeiro imperativo é
conseguir muito mais energia do que a que usamos - o aumento da eficiência dos
nossos edifícios, carros e fábricas pode reduzir o nosso consumo de energia total para
metade.
Estas soluções, e outros articulados dentro desta edição do Relatório do Planeta Vivo,
mostra o que todos precisamos de fazer para desempenhar um papel activo para
manter este planeta vivo - com comida, água e energia para todos, e com
ecossistemas que sustentem a vida na Terra.
Jim Leape
diretor Geral
WWF Internacional
Sete Mil Milhões de expectativas, um planeta
Dentro da imensidão do universo, uma fina camada de vida envolve um planeta.
Abrigado pela rocha em baixo e o espaço em cima, milhões de espécies diversas
prosperam. Esta camada de vida forma os ecossistemas e os habitat que tão
prontamente reconhecem os como o planeta Terra - que, por sua vez, fornecem
uma enorme variedade de serviços de ecossistemas de que a humanidade, e toda a
vida, depende.
A sempre crescente necessidade humana pelos recursos coloca uma enorme
pressão sobre a biodiversidade. Isto ameaça a prestação continuada dos serviços
dos ecossistemas, como também ameaça a biodiversidade e a segurança da nossa
própria espécie no futuro, a saúde e o bem-estar.
Com a atual taxa de consumo, a Terra precisa de 1,5 ano para produzir e repor os
recursos naturais que consumimos num único ano. O Relatório do Planeta Vivo
2012 revela uma taxa alarmante de perda de biodiversidade, de 30 por cento a nível
mundial entre 1970 e 2008. O relatório destaca que as tendências atuais ainda
podem ser revertidas, desde que se coloque o mundo natural no centro da
economia, modelos de negócios e estilos de vida.
Relatório Planeta Vivo 2012
Este folheto fornece um resumo da nona
edição do Relatório do Planeta Vivo da WWF
(LPR) - uma publicação bianual que
documenta o "estado do planeta": evolução do
estado da biodiversidade, dos ecossistemas,
da pressão da humanidade sobre os recursos
naturais e explora as implicações que estas
mudanças têm para a biodiversidade e para a
humanidade. O relatório completo, em toda a
sua abrangência pode ser descarregado em:
wwf.panda.org / lpr
Identificação de um
Tubarão Baleia nas
Filipinas.
Pesquisa em Ursos Polares © Jurgen Freund/ WWF-­‐Canon Identificação de uma cria
de Alcatraz-pardo
© Jurgen Freund / WWF-­‐Canon Armadilha com camara
apanha Rinoceronte da
Sumatra
© Jon Aars/ Norwegian Polar InsFtute/
WWF-­‐Canon Uma grande variedade de técnicas de monitorização são usadas
para recolher informações sobre as tendências de populações de
animais silvestres.
© Raymond Alfred / WWF-­‐
Malaysia O índice inclui dados recolhidos numa ampla variedade de
formas, que variam de indivíduos contados em uma população
de armadilhas fotográficas, bem como levantamentos de locais
de nidificação e vestígios de animais de monitorização, tais como
pegadas.
O ÍNDICE DO PLANETA VIVO GLOBAL
O Índice do Planeta Vivo (LPI) reflecte as mudanças no estado da biodiversidade
do planeta, utilizando as tendências no tamanho de 9.014 populações de 2.688
espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de diferentes biomas e
regiões. Assim como um índice do mercado de acções, o LPI calcula alterações
médias ao longo do tempo. As alterações do número de uma selecção de espécies
pode ser usado como um indicador importante da condição ecológica do planeta.
Incluindo dados de populações de espécies muito mais do que anteriormente, o
Índice Planeta Vivo continua a mostrar um declínio de 30 por cento da
biodiversidade global desde 1970 (Figura 1).
Figura 1: O Índice Planeta
Vivo Global
O índice mostra uma queda de
cerca de 30 % de 1970 a 2008,
com base em 9.014 populações
de 2.688 espécies de aves,
mamíferos, anfíbios, répteis e
peixes. O sombreamento sobre
todas as figuras Índice Planeta
Vivo representam os limites de
confiança de 95 % à volta da
tendência. Quanto maior o
sombreamento, mais variável é
a tendência subjacente.
Factores que afectam a evolução do Índice Planeta Vivo
As actividades humanas colocam pressão sobre a biodiversidade, fazendo-a
decrescer. As maiores pressões directas são cinco:
•  A perda, alteração e fragmentação de habitats - sobretudo através da conversão
de terras para uso agrícola, aquicultura, industrial ou urbano;
•  construção de barragens e outras alterações dos sistemas fluviais para irrigação
ou regulação do curso de águas.
INDICE DO PLANETA VIVO: ÁREAS TROPICAIS E TEMPERADAS
O Índice Planeta Vivo das áreas tropicais diminuiu mais de 60 por cento entre
1970 a 2008, enquanto o Índice Planeta Vivo das zonas temperadas aumentou
30 por cento no mesmo período (Figura 2).
Os recentes aumentos médios da população de espécies não significam
necessariamente que os ecossistemas temperados estejam em melhor estado
do que os ecossistemas tropicais. A razão para esta diferença nas pontuações é
que a variedade de espécies em zonas temperadas já era muitas vezes inferior
quando as medições se iniciaram em 1970. O índice das zonas temperadas
também mostra os resultados dos esforços que têm sido feitos recentemente
para evitar a poluição e proteger a natureza.
O grande decréscimo do LPI tropical é consequência das mudanças nos usos
de solo, que transformam a paisagem natural em terras agrícolas e pastagens.
Figura 2: Os índices do Planeta em zonas tropicais e temperadas
O índice global tropical mostra um declínio de mais de 60 por cento entre 1970 e 2008. O índice
de clima temperado global mostra um aumento de 30 por cento no mesmo período.
PEGADA ECOLÓGICA
A procura pelos recursos do planeta está a exceder a oferta
A Pegada Ecológica mede a pressão que a humanidade coloca sobre a biosfera,
comparando o que as pessoas estão a consumir com a capacidade dos recursos
renováveis da Terra, a biocapacidade: a área de terra disponível para produzir
recursos renováveis e absorver as emissões de CO2.
Ambas, a Pegada Ecológica e a biocapacidade, são expressas numa unidade
comum chamada de hectare global onde 1 representa um hectare gha
biologicamente produtivo com a produtividade média mundial.
A Pegada Ecológica mostra uma tendência para o excesso de consumo (Figura 3).
Em 2008, a biocapacidade global da Terra era de 12,0 bilhões de gha, ou 1,8 gha
por pessoa, enquanto que a Pegada Ecológica da humanidade era 18,2 bilhões de
gha, ou 2,7 gha por pessoa. A quantidade de terra florestal necessária para
absorver as emissões de carbono é a maior componente da Pegada Ecológica (55
por cento).
Essa discrepância significa que estamos numa situação de passivo ecológico: são
precisos 1,5 anos para que a Terra regenere totalmente os recursos renováveis
consumidos num ano pelas pessoas. Em vez de vivermos dos juros, estamos a
comer o nosso capital natural.
Grandes variações na Pegada Ecológica por país
Se todos vivessemos como um residente de Portugal, precisaríamos de
2.32 planetas. A média per capita da Pegada Ecológica em Portugal é
4.12 gha por pessoa (Ver tabela NFA para cada país). Se toda a
humanidade vivesse como um residente médio da Indonésia, apenas
dois terços da biocapacidade do planeta seria usado, se todos vivessem
como um argentino, a humanidade iria exigir mais de metade de um
planeta adicional, e se todos vivessem como um residente médio dos
Emirados Árabes Unidos, um total de quatro Terras seriam necessárias
para regenerar a procura anual da humanidade na natureza.
PEGADA ECOLÓGICA
Figura 3: Pegada Ecológica Global por componente, 1961-2008
PEGADA ECOLÓGICA
DIFERENTES PAISES APRESENTAM
DIFERENTES PEGADAS
Figura 4: Pegada
Ecológica por país, por
pessoa
Esta comparação inclui
todos os países com
população superior a
um milhão de
habitantes para o qual
os dados completos
estão disponíveis
MENOS COM MAIS PESSOAS
Pegada Ecológica por agrupamento
geográfico, 1961
Pegada Ecológica por agrupamento
geográfico, 2008
Figura 5: Pegada Ecológica por agrupamento geográfico, 1961-2008
Mudança na pegada média por pessoa de cada uma das regiões do mundo). A área dentro de
cada barra representa a pegada total para cada região.
Numa escala global, tanto a população como o consumo médio per capita têm
contribuído para aumentadar a pegada desde 1961. No entanto, a contribuição relativa
de cada uma para o aumento da Pegada Ecológica é diferente por regiões. (Figura 5).
Desde 1970, as necessidades anuais da humanidade sobre o mundo natural
ultrapassaram o que a Terra pode renovar a cada ano. Semelhante ao overdrawing
numa conta bancária, eventualmente, os recursos ficarão esgotados. Mantendo as
actuais taxas de consumo de alguns ecossistemas fará com que estes atinjam um
colapso antes mesmo do recurso estar completamente esgotado.
As consequências do excesso de gases de efeito estufa que não podem ser absorvidos
pela vegetação já se notam, com os crescentes níveis de CO2 na atmosfera, causando
aumento das temperaturas médias globais, alterações climáticas e a acidificação dos
oceanos.
Estes impactes provocam tensões sobre alguns locais no que respeita a biodiversidade
e ecossistemas e põem em causa os próprios recursos de que as pessoas dependem.
BIOCAPACIDADES DIFERENTES
Muitos países com biocapacidade elevada não têm uma
grande pegada nacional. A Bolívia, por exemplo, tem uma
pegada per capita de 2,6 gha e uma biocapacidade per
capita de 18 de gha. No entanto, é importante notar que
esta biocapacidade pode muito bem ser exportada e
utilizado por outras nações. Por exemplo, a Pegada
Ecológica de um cidadão dos Emirados Árabes Unidos
(EAU) é de 8,4 gha, mas dentro do país, há apenas 0,6
gha de biocapacidade disponível por pessoa. Os
moradores dos Emirados Árabes Unidos são, portanto,
dependentes dos recursos de outras nações para
atenderem às suas necessidades. Como os recursos são
cada vez mais restritos, a concorrência está a crescer, e
aumenta a disparidade entre as nações ricas em recursos
e com recursos escassos é altamente provável que venha
a ter fortes implicações geopolíticas no futuro.
ALIMENTOS E COMBUSTÍVEIS
No países em desenvolvimento,
investidores
externos lutam por garantir o acesso a terras
agrícolas para a produção de alimentos no futuro.
Desde meados da década de 2000, estima-se que
uma área quase do tamanho da Europa Ocidental
foi transferida, em negócios de alocação de terra. A
última corrida pela terra foi provocada pela crise
alimentar de 2007-08, mas a longo prazo incluem
pressões de crescimento da população, o consumo
aumentou por uma minoria global e as demandas do
mercado de alimentos, biocombustíveis, matériasprimas e madeira.
Figura 6: Top 10 das
biocapacidades
nacionais em 2008
Dez países respondem
por mais de 60 por cento
da biocapacidade total de
Terra em 2008. Isso inclui
cinco dos seis países
BRIICS: Brasil, Rússia,
Índia, Indonésia e China.
PEGADA ECOLÓGICA PER CAPITA EM PAÍSES
Pegadas diferentes
A pegada ecológica per capita de países de rendimentos altos supera a de países de
baixos e de médios rendimentos. Em contraste, a pegada de países de rendimentos
médios e baixos exigiu menos do que a biocapacidade média per capita disponível
globalmente, até 2006, enquanto países de rendimentos altos ultrapassaram este valor.
O Índice Planeta Vivo de países de rendimentos altos mostra um aumento de 7 por
cento entre 1970 e 2008 (Figura 8). Este é, provavelmente, devido a uma combinação
de factores, nomeadamente, o facto destas nações serem capazes de comprar e
importar produtos e recursos a países de baixo rendimento, assim, simultaneamente,
degradando a biodiversidade nestes países, mantendo a sua própria biodiversidade e
ecossistemas protegidos.
Em contraste, o índice para países de rendimentos baixos diminuiu em 60 por cento.
Esta tendência é potencialmente catastrófica, não apenas para a biodiversidade, mas
também para as pessoas que vivem nestes países. Enquanto todo mundo depende em
última análise dos serviços dos ecossistemas e recursos naturais, são as populações
mais pobres do mundo a sentir o impacte da degradação ambiental mais diretamente.
Sem acesso a terra, água potável, alimentação adequada, combustível e materiais, as
pessoas vulneráveis não podem sair da pobreza e prosperar.
Figura 7: Mudanças na Pegada Ecológica per capita em países de alto, médio e baixo rendimento,
entre 1961 e 2008
A linha tracejada preta representa a biocapacidade média mundial em 2008.
Figura 8: Índice Planeta Vivo, por grupo de redimentos
O índice mostra um aumento de 7 por cento em países de rendimentos altos, 31 por cento em
países de rendimentos médios e um declínio de 60 por cento em países de rendimentos baixos,
entre 1970 e 2008.
BIODIVERSIDADE, SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA E PESSOAS
Ligação entre biodiversidade, dos serviços dos ecossistemas e pessoas
A biodiversidade é vital para a saúde humana e meios de subsistência. Os
organismos vivos - plantas, animais e microrganismos - interagem para formar
complexas redes de ecossistemas e habitats, que por sua vez fornecem uma
miríade de serviços dos ecossistemas em que toda a vida depende.
Todas as atividades humanas fazem uso dos serviços dos ecossistemas , mas
também colocam pressão sobre a biodiversidade que suporta esses sistemas.
Embora a tecnologia possa substituir alguns dos serviços dos ecossistemas e evitar
a sua degradação, muitos não podem ser substituídos.
Compreender as interações entre a biodiversidade, os serviços de ecossistema e as
pessoas é fundamental para inverter as tendências apresentadas nas páginas
anteriores e assim garantir o futuro de segurança, saúde e bem-estar das
sociedades humanas.
Os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas incluem os seguintes:
• Os serviços de aprovisionamento dos bens obtidos diretamente dos ecossistemas (por
exemplo, alimentos, remédios, madeira, fibras e bioenergia).
• Serviços de Regulação - benefícios obtidos da regulação dos processos naturais (por
exemplo, filtração da água, a decomposição de resíduos, a regulação do clima, polinização
das culturas e da regulamentação de algumas doenças humanas).
• Serviços de apoio - Regulamento de funções básicas e processos ecológicos necessários
para o fornecimento de todos os outros serviços do ecossistema (por exemplo, reciclagem
de nutrientes, fotossíntese e formação do solo).
• Serviços Culturais - benefícios psicológicos e emocionais adquirida com as relações
humanas com os ecossistemas (por exemplo, enriquecendo recreativas, experiências
estéticas e espirituais).
INTERLIGAÇÕES
Interligações entre pessoas, biodiversidade, saúde dos
ecossistemas e provisão de serviços do ecossistema
©Wwf Brasil
FLORESTAS: ARMAZÉNS DE CARBONO
As Florestas são importantes para o armazenamento de carbono e estabilização do
clima. O serviço de armazenamento de carbono fornecido pelas florestas do mundo é
vital para a estabilização do clima. A quantidade de carbono armazenado em
florestas diferentes varia: As florestas tropicais armazenam mais carbono. Quase
metade desse carbono acima do solo é nas florestas da América Latina, com 26 por
cento na Ásia e 25 por cento em África (ver Figura 10).
As resinosas do norte, a vasta boreal e as florestas de folhosas são também
importantes reservas de carbono. Florestas temperadas foram dizimadas ao longo
dos séculos, mas agora estão em expansão na Europa e nos Estados Unidos,
acumulando carbono. Em algumas partes do mundo, as florestas crescem em
turfeiras, onde pode haver mais carbono no solo do que na floresta.
À parte da Europa e dos Estados Unidos, as florestas do mundo estão a ser
desflorestadass e degradadas por atividades humanas, libertando gases com efeito
de estufa, especialmente CO2, para a atmosfera. Globalmente, cerca de 13 milhões
de hectares de floresta foram perdidos a cada ano entre 2000 e 2010. A
desflorestação e a degradação florestal atualmente são responsáveis por cerca de
20 por cento do total das emissões antropogénicas de CO2 - a terceira maior fonte
depois do carvão e do petróleo. Isso faz com que a conservação da floresta seja uma
estratégia vital nos esforços globais para reduzir drasticamente as emissões de
gases com efeito de estufa.
Figura 10: Os padrões regionais de biomassa florestal acima do solo em florestas
tropicais.
Este mapa de referência ilustra os padrões regionais e fornece estimativas
metodologicamente comparáveis de biomassa florestal acima do solo (cerca de 2000)
para 75 países tropicais.
Foto da reserva de floresta do Rio Negro
© Roger Leguen / WWF-­‐Canon Matécho forest. French Guiana. RIOS: ÁGUA À DISPOSIÇÃO
Os ecossistemas de água doce ocupam cerca de 1 por cento da superfície da Terra,
sendo o lar de cerca de 10 por cento de todas as espécies animais conhecidas. Em
virtude da sua posição na paisagem, estes ligam os ecossistemas terrestres aos
biomas marinhos. Os rios fornecem serviços vitais para a saúde e estabilidade das
comunidades humanas, incluindo a pesca, a água para uso agrícola e doméstico,
regulação do fluxo hidrológico, navegação e comércio, controlo de poluição e serviços
de purificação/despoluição. Mas inúmeras pressões, incluindo as alterações do uso
do solo, uso da água, desenvolvimento de infra-estruturas, poluição e alterações
climáticas mundiais, quer individualmente quer em conjunto, contribuem para afetar a
saúde dos rios e lagos em todo o planeta.
O rápido desenvolvimento de infra-estruturas de gestão da água - tais como
barragens, diques e canais de desvio deixaram poucos grandes rios inteiramente
livres. Dos cerca de 160 rios de comprimento superior a 1.000 km, apenas cerca de
50 permanecem com um fluxo livre e sem barragens no seu canal principal.
Embora claramente esta infra-estrutura proporcione benefícios a um nível, tais como
energia hidroelétrica ou irrigação, existem muitas vezes um preço escondido para os
ecossistemas aquáticos e serviços dos ecossistemas que estes proporcionam.
Inúmeras pressões, incluindo as
alterações do uso do solo, uso da
água, poluição e alterações
climáticas mundiais, contribuem
para afetar a saúde dos rios e lagos
em todo o planeta
A fim de sustentar a riqueza dos processos naturais fornecidos pelos ecossistemas de
água doce, tais como o transporte de sedimentos e libertação de nutrientes, que são
vitais para os agricultores nas planícies aluviais e deltas; conectividade para espécies
migratórias, vital para a pesca em águas interiores; e armazenamento de água para
evitar inundações, vital para as cidades a jusante - é imperativo para apreciar a
importância de rios livres e infra-estruturas de desenvolvimento ter uma visão de toda
a bacia hidrográfica.
©Brent SFrton / GeJy Images / WWF Fisherman hanging nets to dry. Papua New Guinea. OCEANOS: ALIMENTAÇÃO
Os Oceanos são uma importante fonte de
proteína de peixe e outros frutos do mar para
milhares de milhões de pessoas, mas também
as algas marinhas e plantas são usadas para o
fabrico de materiais, produtos químicos, energia
e até materiais de construção.
Os habitats marinhos, como mangais, marismas
e recifes formam barreiras importantes contra
tempestades e tsunamis e armazenam
quantidades significativas de carbono. Alguns
destes habitats, especialmente os recifes de
coral, apoiam indústrias de turismo.
As ondas do mar, os ventos e as correntes
oferecem um potencial considerável para a
criação de fontes de energia renováveis. Estes
serviços têm um valor enorme: para a produção
de alimentos, como uma fonte de rendimento, e
factor de prevenção da perda de propriedade,
terras, vidas humanas e atividades econômicas.
No entanto, a saúde dos oceanos está
ameaçada pela sobre-exploração, as emissões
de gases de efeito estufa e poluição.
Nos últimos 100 anos, o uso dos nossos
oceanos e dos seus serviços intensificou-se:
desde a pesca e aquicultura passando pelo
turismo e até ao transporte de petróleo e gás e
mineração dos fundos marinhos.
© Brian J. Skerry/ NaFonal Geographic Stock / WWF Northern bluefin tuna migraOon, Mediterranean Sea. As consequências do aumento da intensidade da pesca foram dramáticos. Entre 1950
e 2005, a indústria da pesca expandiu-se das águas costeiras do Atlântico Norte e
Pacífico em direção ao sul. Um terço dos oceanos do mundo e dois terços das
plataformas continentais são agora exploradas pela pesca, com apenas as águas
inacessíveis no Árctico e na Antárctida ainda relativamente inexploradas.
OCEANOS
A expansão e o impacto das frotas de pesca no mundo
(a) 1950 e (b) 2006
Figura 12:
Os mapas mostram a expansão geográfica das frotas de pesca no mundo 1950-2006
(os últimos dados disponíveis). Desde 1950, a área de pesca por frotas globais
aumentou dez vezes. Em 2006, 100 milhões de quilómetros quadrados, cerca de um
terço da superfície do oceano, já sofreu um forte impacto devido à pesca. Para medir o
a intensidade com que nestas áreas é capturado o peixe, os cientistas usaram o peixe
desembarcado em cada país para calcular a taxa de produção primária (PPR). PPR é
um valor que descreve a quantidade total de alimentos que um peixe precisa para
crescer. Nas áreas em azul, a frota extraiu, pelo menos, 10% dessa energia. Laranja
indica um mínimo de extração de 20% e vermelho, pelo menos uns 30%, destacando
as áreas mais intensamente e, potencialmente, onde haverá sobre-pesca. O projeto da
WWF e da Sea Around Us contribuiu para produzir um mapa animado com estas
mudanças ao longo do tempo e também ver a expansão da frota de pesca da UE,
saiba mais aqui:
http://www.wwf.eu/fisheries/cfp_reform/external_dimension/.
O QUE ESPERAR DO FUTURO
A maioria das pessoas desejam essencialmente a mesma coisa: uma vida onde
as necessidades sejam satisfeitas, uma vida segura e saudável, serem capazes
de seguir interesses pessoais e terem oportunidade de explorar os seus
potenciais, e melhorando o seu bem-estar.
No entanto, se continuarmos a viver como temos vivido nas últimas décadas no âmbito de um cenário "business as usual", tais expectativas tornar-se-ão
cada vez mais difíceis de cumprir. Em 2050, seria necessário o equivalente a
2,9 planetas para suportar o crescimento da Pegada Ecológica da humanidade.
A fim de reverter o declínio do Índice do Planeta, é necessário reduzir a Pegada
Ecológica para níveis dentro dos limites da Terra, a fim de evitar mudanças
climáticas perigosas e alcançar o desenvolvimento sustentável, uma realidade
fundamental que deve ser pensada como a base de qualquer economia,
modelos de negócios e estilos de vida: o capital natural da Terra biodiversidade, ecossistemas e serviços ambientais - é limitada.
A perspectiva da WWF One Planet propõe explicitamente a gestão, o governar e a partilhar do
capital natural dentro dos limites ecológicos da Terra.
Além de proteger e restaurar o capital natural, a WWF procura as melhores
escolhas ao longo de todo o sistema de produção e consumo, apoiados em
fluxos financeiros re-direccionados e de governança dos recursos mais
equitativa. Assim é necessário dissociar o desenvolvimento humano do
consumo insustentável (evitando os materiais e o uso intensivo de energia e
outros produtos), para evitar emissões de gases de efeito estufa, manter a
integridade dos ecossistemas, e promover o crescimento e desenvolvimento
dos mais pobres (Figura 13).
A perspectiva One Planet (um único planeta) lembra-nos que as nossas
escolhas são altamente interdependentes. Preservar o capital natural, por
exemplo, vai afectar as decisões e os resultados possíveis relativos à forma
como produzimos e consumimos. Os fluxos financeiros e estruturas de
governação irão determinar em grande escala e de acordo com as suas
escolhas de produção e consumo a forma de contribuição para a conservação
da biodiversidade, a integridade dos ecossistema e, finalmente, a garantia de
comida, água e energia.
UMA PERSPECTIVA DO PLANETA
©Wwf Brasil
Figure 13: Uma perspectiva Planeta
Os painéis centrais refletem as melhores escolhas para a gestão, utilização e partilha de recursos
naturais dentro de uma limitação do planeta e assegurar comida, água e segurança energética.
Fluxos financeiros redireccionados e governança igualitária de recursos são factores favoráveis
essenciais.
Melhores escolhas a partir de uma perspectiva de um único planeta
Preservar o capital natural: proteger a biodiversidade
Os esforços devem concentrar-se principalmente em proteger e restaurar os
processos ecológicos essenciais necessários para garantir comida, água e energia,
de forma adaptada e resistente às alterações climáticas. A diversidade de espécies
e habitats da Terra também devem ser preservados pelo seu valor intrínseco.
Produzir melhor
Sistemas de produção eficientes ajudarão a diminuir a Pegada Ecológica da
humanidade reduzindo-a para níveis inferiores aos limites ecológicos – ao mesmo
tempo que diminuem significativamente a procura humana por terra, água, energia e
outros recursos naturais.
Consumir mais sabiamente
Viver dentro dos limites ecológicos da Terra também exige um padrão de consumo
global em equilíbrio com a biocapacidade do planeta. A primeira medida deve ser a
diminuição drástica da pegada ecológica das populações de altos rendimentos principalmente as suas pegadas de carbono. Alterar hábitos alimentares entre as
populações ricas e reduzir o desperdício de alimentos são cruciais.
Redirecionar os fluxos financeiros
Em muitos casos, a exploração excessiva dos recursos a curto-prazo pelos mais
ricos leva a danos e destruição dos ecossistemas e do capital natural.
Redirecionando os fluxos financeiros que apoiam a conservação e gestão
sustentável dos ecossistemas numa consciência ambiental e social poderá ser a
melhor garantia ao futuro das gerações vindouras.
Equitativa de recursos de governança
Eis a condição essencial que permite, através da partilha, reduzir a nossa utilização
de recursos para a manter dentro da capacidade regenerativa do nosso único
planeta. Melhorando os padrões de saúde, educação e criando planos viáveis de
desenvolvimento econômico dentro dos quais deve existir medidas legais e políticos
que permitam o acesso equitativo à água, alimentos e energia e que apoiem através
de processos inclusivos o uso de terras com gestão sustentável. Governar de forma
equitativa todos os recursos será o caminho mais curto para o bem-estar, a saúde,
social e ambiental que se refletirá em todos.
WWF – RELATÓRIO DO PLANETA VIVO 2012
BIODIVERSIDADE
A biodiversidade, os ecossistemas
e seus serviços - o nosso capital
natural - devem ser preservados
como fundação de bem-estar para
todos.
DISTRIBUIÇÃO EQUITATIVA
Partilha equitativa de
recursos naturais é
essencial para diminuir e
compartilhar o uso que
fazemos dos mesmos.
BIOCAPACIDADE
Leva 1,5 ano para que a Terra
regenere os recursos que as
pessoas usam num ano, bem
como para absorver as
emissões de CO2 que
produzem anualmente.
MELHORES ESCOLHAS
Vivendo dentro de limites
ecológicos requer um
consumo global de padrão
de acordo com a
biocapacidade do planeta.
Para mais informações acerca do
Relatório: panda.org/lpr ou
www.wwf.pt
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