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Alergia a medicamentos
30 Jun 2011 | Dra Arminda Guilherme
A maioria das reacções ocorrem na juventude e meia idade e menos frequente após os 65 anos
apesar do alto consumo de fármacos.
As reacções adversas a medicamentos (RAM) são respostas inesperadas e prejudiciais que ocorrem após a
administração de uma dose normalmente utilizada para tratamento, diagnóstico ou profilaxia de uma
patologia ou para a modificação de uma função biológica.
Estas reacções adversas podem ter base imunológica e denominam-se reacções alérgicas a fármacos (IgE
mediadas ou não-IgE mediadas).
Caracterizam-se por produzirem manifestações clínicas associadas a reacções imunológicas e requerem de
uma exposição prévia ao fármaco ou a uma estrutura química relacionada – fase de sensibilização.
Devem ter reprodutibilidade após a reexposição ao fármaco o que acontece numa pequena percentagem de
pacientes.
Há vários factores de risco de RAM relacionáveis com:
o fármaco implicado na reacção
com características próprias do paciente
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No primeiro caso os factores mais importantes são os relacionáveis com as propriedades químicas do
fármaco: os de maior peso molecular são os que têm maior probabilidade de produzirem reacções alérgicas,
enquanto que os de baixo peso molecular se comportam como haptenos, necessitando de combinação com
macromoléculas transportadoras para produzirem resposta imune, a capacidade reactiva do fármaco é um
factor importante que confere a capacidade de se ligar a proteínas e formar conjugados estáveis que são
reconhecidos pelo sistema imune.
Dentro dos factores relacionados com o paciente , o mais frequentemente analisado é a idade.
As RAM são menos comuns em crianças possivelmente devido à imaturidade do sistema imunológico e
menor exposição aos fármacos.
A maioria das reacções ocorrem na juventude e meia idade e menos frequente após os 65 anos apesar do
alto consumo de fármacos, atribuindo-se este facto ao envelhecimento do SI.
As RAM ocorrem mais no sexo feminino.
Existem estudos acerca da relação genética como a associação entre certos haplotipos HLA e reacções de
hipersensibilidade: HLA-B1502 e Síndrome Stevens-Johnson por carbamazepina, HLA-B*5801 e
hipersensibilidade a alopurinol..., no desenvolvimento de RAM.
Apesar da atopia não ser um factor a influenciar o desenvolvimento destas reacções, tem-se verificado que
as reacções alérgicas a fármacos em pacientes com atopia tendem a ser mais graves.
Por último, as patologias concomitantes como as auto-imunes, asma, infecciosas como a mononucleose
infecciosa, SIDA e herpes aumentam o risco de desenvolvimento de RAM.
As reacções a medicamentos atendendo à cronologia de aparecimento de sinais e sintomas, assim como a
base imunopatológica classificam-se em:
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= reacções imediatas se aparecem com intervalo < a 1 hora após administração do fármaco e geralmente
são IgE mediadas
Como exemplos temos a urticária e/ou angioedema até quadros mais graves como a anafilaxia.
= reacções não imediatas se surgem num período superior a 1 hora; são mediadas por linfócitos T.
O espectro clínico deste tipo de reacção é amplo e abarca desde reacções moderadas como as erupções
maculopapulares (EMP) até quadros clínicos severos como o Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ), a
necrólise epidérmica tóxica (NET), o síndrome de DRESS e a pustulose exantematosa aguda generalizada
(PEAG).
A grande variedade de manifestações clínicas são o reflexo da heterogeneidade dos mecanismos
imunológicos envolvidos.
Os fármacos mais frequentemente implicados nas RAM são os AINEs, os antibióticos, anestésicos,
anticonvulsivantes, meios de contraste, citostáticos entre outros.
Ainda que todos eles possam estar implicados no desenvolvimento de qualquer RAM, há uns mais
selectivamente associados a alguns tipos de manifestações.
= SSJ / NET --- anticonvulsivantes, penicilina e sulfonamidas
= PEAG associa-se frequentemente com antibióticos betalactâmicos, macrólidos e terbinafina
= Eritema fixo associa-se à fenitoína, tetraciclina e ciprofloxacina
= DRESS relaciona-se com os anticonvulsivantes como a fenitoína, carbamazepina e fenobarbital; menos
frequentemente com antibióticos como minociclina e sulfametoxazol
A avaliação deste tipo de reacção é complexa por múltiplas causas:
~ associação temporal entre o fármaco e a reacção é mais difícil de estabelecer nas reacções não imediatas
sobretudo naquelas cujo intervalo que medeia a toma do fármaco e o aparecimento de sintomas é maior
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~ grande número de entidades clínicas
~ perda de sensibilidade dos métodos in vivo e in vitro ( afecta sobretudo as reacções imediatas )
~ concomitância com infecções virais que induzem manifestações clínicas semelhantes
Fazer o diagnóstico destas reacções é muito importante para o tratamento futuro do paciente.
No entanto efectuar um diagnóstico de presunção de alergia a um fármaco, sem uma razão justificada,
acarreta directamente a sua proibição/evicção e perante uma situação de necessidade desse mesmo
fármaco, o paciente receberá alternativas terapêuticas, nem sempre as mais efectivas, podendo levar a
efeitos secundários e inclusive ser mais caros.
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