universidade federal da bahia fácies carbonáticas e - TWiki

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
ANDRÉ LYRIO DE CARVALHO FIGUEIREDO
FÁCIES CARBONÁTICAS E POTENCIAL RESERVATÓRIO
DA FORMAÇÃO SALITRE NEOPROTEROZÓICA, NA
BACIA DE IRECÊ-BAHIA, BRASIL
Salvador – BA
2011
ii
ANDRÉ LYRIO DE CARVALHO FIGUEIREDO
FÁCIES CARBONÁTICAS E POTENCIAL RESERVATÓRIO
DA FORMAÇÃO SALITRE NEOPROTEROZÓICA, NA
BACIA DE IRECÊ-BAHIA, BRASIL
Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de
Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Orientador: Prof. Dr. Cícero da Paixão Pereira
Salvador-Ba
2011
iii
TERMO DE APROVAÇÃO
ANDRÉ LYRIO DE CARVALHO FIGUEIREDO
FÁCIES CARBONÁTICAS E POTENCIAL RESERVATÓRIO
DA FORMAÇÃO SALITRE NEOPROTEROZÓICA, NA
BACIA DE IRECÊ-BAHIA, BRASIL
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
___________________________________________________________________________
1° Examinador - Prof. Dr. Cícero da Paixão Pereira
Pesquisador Visitante do PRH-08 - Convênio ANP/UFBA
___________________________________________________________________________
2° Examinador – Prof. Msc. Roberto Rosa
Professor do Instituto de Geociências - UFBA e Petrobrás
___________________________________________________________________________
3° Examinador – Prof. Msc. Félix Ferreira de Farias
Professor do Instituto de Geociências - UFBA
Salvador, 18 de Novembro de 2011.
iv
A todos que estiveram ao meu redor,
principalmente minha família e amigos, que
durante todos estes anos fizeram de mim um
ser muito melhor e feliz.
v
AGRADECIMENTOS
Talvez algumas pessoas não saibam o quanto lhes sou grato, mas Deus, a quem
agradeço primeiramente, com certeza o sabe.
Da melhor maneira possível, deixo meu sincero agradecimento aos meus pais que
sempre foram os meus faróis que sempre iluminaram os mares mais escuros, deixando o
caminho por onde passei mais fácil. Agradeço a minha mãe por me mostrar que ter força de
vontade é uma capacidade que todos temos, se quisermos. Ao meu pai, por me mostrar como
esta vida é instigante, com seu olhar sensível e dramático.
Ao meu avô Lyrio por me dedicar o seu amor de pai em dobro, além de me provar que
podemos nos tornar melhores e mais fortes quando os momentos não são bons. Ao meu avô
Jonga por acreditar em mim e por me ensinar sempre que o amor e a espiritualidade são os
aspectos mais importantes do universo para que tenhamos uma vida plena de paz. A minha vó
Neyde por me cativar e me preencher de amor ao mais simples toque de suas mãos, e por ser
tão imensamente amorosa comigo. A minha vó Bêca por seu amor incondicional, dedicado a
mim desde sempre, e por me paparicar mesmo a contragosto de terceiros. A minha bisavó por
proporcionar-me momentos graciosíssimos desde pequeno e por demonstrar tanto amor
quando a encontro.
A Naldo, pela amizade e companheirismo, e por compartilhar comigo tantos
momentos felizes, fazendo com que eu enxergue esta vida de uma maneira muito melhor, com
amor e paz.
Ao meu irmão Xandinho por ser tão importante para mim desde quando o vi nascer, e
por seu sentimento ser recíproco. A minha irmã Naty por ser minha amiga e por seu amor e
apoio eternos.
A minha tia Cai por seu amor de mãe e por proporcionar-me momentos tão felizes
desde a minha infância, que graças a ela foi muito mais divertida. A tio Celso por estar ao
meu lado sempre que pode e pelas viagens tão legais à Barreiras.
A minha tia Maricélia (in memoriam) por deixar em meu coração lembranças felizes
em família, quando fazia questão de organizar meus aniversários, e por me ensinar que o amor
supera qualquer tipo de dor. A minha tia Amélia por suas caronas e por ser uma fortaleza,
apoiando-me e incentivando-me em tudo. A minha tia Aparecida por sua doçura e por cativar-
vi
me sempre ao encontrá-la, com o seu sorriso, como se a vida parecesse fácil. A minha tia
Gabriela por momentos tão divertidos no passado, e por voltar para Salvador para que mais
momentos possam acontecer. A minha tia Márcia por me proporcionar momentos agradáveis
e felizes ao seu lado. Ao meu tio Daniel, por ser meu irmão e por sua companhia desde
quando morávamos juntos. Ao meu tio Xan por me dar forças horas antes da prova de
vestibular e pelas felicidades compartilhadas nas idas aos jogos do nosso amado Vitória. A tia
Nádia, tio Ailton, tia Marilene, Helen, Arlindo, Cristiane, Ailtinho, Mônica e Rafa por todos
os maravilhosos encontros de família.
A Kari por ser muito mais que uma madrasta, por ser minha amiga eterna e fiel. A
Xande por seu apoio desde quando fui morar em Irará, e por conquistar minha admiração.A
minha tia Sandra por todos os momentos em que estivemos juntos.
A meu padrinho Lindomar por me fazer tão feliz em minha infância.
A tia Ilma por seu carinho e admiração, e por todas as vezes em que pude estar me
divertindo com sua companhia na casa mais piauiense da Bahia. A tia Ivete por compartilhar
dias ao meu lado, em visita à Bahia. A Marlos, Júnior, Fernanda, Ilmara e Eduardo por todos
os momentos felizes compartilhados. A Matheus (Buba) por me fazer feliz mesmo quando eu
não estava tão feliz assim. Ao meu amigo Marcos Filho por sua amizade sincera e por estar ao
meu lado durante todos os momentos, como um verdadeiro irmão.
A Val por estar ao meu lado desde pequeno e por superar as coisas da vida da melhor
maneira possível: sorrindo. A Cássio por fazer parte desta família e por seu bom humor
eterno. A João Gabriel, pelas alegrias compartilhadas no sítio e em todos os momentos desta
vida.
Aos primos e primas: Tiago por sua amizade e por suas mágicas chatas, mas que
deixam o mundo mais fantasioso. A Luka por ser minha irmã de coração e por seu carinho
durante todos os dias em que estivemos juntos. A Matheus pelas vezes em que estivemos
juntos, mesmo quando era pra estudar, fazendo com que a gente se unisse mais e mais. A
Willa, William, Davi e Duda por me divertirem com suas almas essencialmente alegres,
sempre que nos encontramos. A Júnior, Márcio, Fábio e Alcyr por tudo que passamos em
nossa infância feliz, desde os jogos de futebol de botão, até as corridas de fórmula 1 de
moeda. A Bia (in memoriam) por ser minha fiel amiga em todos os momentos em que
estivemos juntos, tornando os meus dias mais felizes com toda certeza. A Bárbara pela
vii
amizade durante todos esses anos, principalmente na época em que morávamos juntos. A
Dudu, Marina, Marcela, Xitão, Xexéu por transformarem dias comuns, em dias especiais.
Ao meu orientador por ser tão atencioso e compreensivo, fazendo com que eu
acreditasse no meu trabalho desde o início.
Aos meu amigos da UFBA por todos os momentos em que estivemos juntos, e por me
carregarem com vocês durante todos esses anos. Lembro como se fosse hoje quando cheguei à
universidade, e sei que hoje sou outra pessoa por causa de vocês. Por isso, deixo aqui os
nomes das melhores pessoas (em ordem alfabética para não ocorrerem desentendimentos) que
pude ter o privilégio de conviver: Acácio, Anderson, AJ, Alexandre (Chuchu), Bianca
(Bibiageo), Cláudio, Dênis (pela ajuda no campo), Dira, Eula (Boi 1), Gleice (Jacareca),
Gleide (Boi 2), Fábia, Fabi, Henrique, Ítala, Luana, Luciano (Seu Boneco), Luiz Henrique,
Mari, Matheus, Milena, Nelize (Esquilete), Néa e Priscila. Agradeço também a todos os
outros colegas que estiveram ao meu lado.
A todos os professores da UFBA, que estiveram tentando fazer a universidade
progredir e por fazerem de mim uma pessoa melhor. Agradeço principalmente aos
professores: Amalvina, Simone, Ângela, Johildo, Félix, Danilo, Rosa, Reginaldo, Gisele,
Misi, Haroldo Sá e Sarah Agrela. A todos os funcionários da UFBA e do IGEO por seu amor
diário ao patrimônio público.
A Linda, Vita, Claudinha, Jaci e Taize por seus eternos cuidados a mim.
A Ravel por ser meu irmão e por tudo que vivemos durante todos esses anos. A
Ramon, Léo, tia Glória, tia Eurides, tia Dete, tia Irá, tia Lourdes, tio Ubaldo, Uyara, Júnior,
Kinha, Léo, Vânia, Valquíria, Itamar, Rene, Mércia, Carla, Lety, Carlinha, Amanda,
Fernanda, Isabela, Tárcio, Ray e principalmente à pessoa mais feliz desta família, Lídia (in
memoriam).
Aos amigos Helena, Ulisses, Fabiana, Duana, Dona Célia, Jucélia, Zelito, Ray, Duda,
Bel, Quinho, Seu Álvaro, Carol, Hélcio, Décio, Alessandra e aos meus amigos eternos de
Feira de Santana.
Muito obrigado a todos, vocês têm a minha admiração e gratidão eternas por todo o
convívio de amor e paz.
viii
“Essa vida brilhante é como uma estrela do
amanhecer. Um sol poente, ou o rolar das ondas do
mar. Uma brisa gentil ou um relâmpago em uma
tempestade. Um sonho dançante de toda a
eternidade. A areia estava brilhando vagamente na
luz do amanhecer. E dançando nas dunas tão
distantes. A noite guardou uma música tão doce, tão
longa, e lá nós deitamos até o raiar do dia. Nós
acordamos com o chamado para ir adiante. Nossos
camelos tiveram suas rédeas colocadas, nossas
carruagens cheias. O sol se levantava no céu do
leste. Nós cruzamos os leitos dos rios, todos
gravados em rocha, e acima, as mais poderosas
montanhas já vistas, além dos vales com um calor
seco. Até que alcançamos a caravana. Que vida é
essa que me empurra para tão longe? Que lar é esse
onde não podemos morar? Que busca é essa que me
impulsiona?”
Loreena Mckennitt.
ix
RESUMO
A Bacia de Irecê é composta por uma sequência sedimentar carbonática depositada no
contexto de um mar epicontinental em ambiente marinho raso. Esta sequência é constituída
pela Formação Salitre, de idade Proterozóica Superior, que é subdividida neste trabalho em
três unidades litofaciológicas informais: Nova América, Jussara e Irecê. Estas foram
estudadas em campanha de campo e caracterizadas macroscopicamente e petrologicamente,
com interpretação ambiental para cada uma delas. Na Unidade Nova América, foram
encontradas
ocorrências
de
laminitos
microbias,
calcarenitos
e
bioconstruções
estromatolíticas. Já a Unidade Jussara foi caracterizada predominantemente pela presença de
calcarenitos oncolíticos intraclásticos, além de bioconstruções trombolíticas, enquanto a
Unidade Irecê, comumente constituída por interestratificações de calcilutitos e margas, foi
interpretada como a sequência litofaciológica relativamente mais profunda da Formação
Salitre. Com o objetivo do estudo da potencialidade destas unidades litofaciológicas, em
termos de possíveis reservatórios para acumulação de hidrocarbonetos, enfatizando a
importância da porosidade e das feições diagenéticas nestas litologias, pode-se dizer que as
bioconstruções estromatolíticas da Unidade Nova América apresentam os valores mais
significativos em termos de porosidade. Já os calcarenitos das Unidades Nova América,
Fazenda Recife e Jussara, apesar de serem considerados um dos tipos mais comuns de
reservatórios, apresentam valores de porosidade baixos ou ausentes, provavelmente devido a
obliteração dos poros pelos processos diagenéticos. O mesmo ocorre para as bioconstruções
trombolíticas da Unidade Jussara. Apesar da baixa porosidade da maioria destas litofácies
carbonáticas, o que impulsiona esta pesquisa é o fato de existirem bacias, no Brasil e no
mundo, de idades semelhantes, que possuem reservas comerciais de hidrocarbonetos.
Palavras-chave: Bacia de Irecê, Formação Salitre, unidades litofaciológicas, reservatórios.
x
ABSTRACT
Irecê basin is composed of a carbonate sedimentary sequence deposited in the context
of an epicontinental sea in shallow marine environment. The sequence is Salitre Formation of
Upper Proterozoic Age, and this work is subdivided into three informal lithofaciologic units:
Nova América, Jussara e Irecê. These were studied in field campaign and characterized
macroscopically and petrology, with environmental interpretation each. In Unit Nova
América were found occurrences of microbial laminations, stromatolites, bioconstructions,
and calcarenites. Already unit Jussara was predominantly characterized by the presence the
oncolyctic intraclastic calcarenites and thrombolytic, bioconstructions, while Unit Irecê
commonly consisting deep lithofaciologic sequence of the Salitre Formation. With the aim of
the studying the potential of these lithofaciologic units, in terms of potential reservoirs for
hydrocarbon accumulation, emphasizing the importance of porosity and diagenetic features of
these lithologies it can be said that the stromatolites bioconstructions of the Nova America
Unit have the most significant values in terms of porosity. Since the calcarenites of Units
Nova América, Fazenda Recife and Jussara, despite being considered one the most common
types of reservoirs have low porosity or absent, probably due to obliteration of the pores of
these rocks by diagenetic processes. The same is true for thrombolytic bioconstruções Unit
Jussara. Despite the low porosity of most of these carbonate lithofacies, what drives this
research is the fact that there are basins in Brazil and worldwide, of similar ages what have
commercial reserves of hydrocarbons.
Keywords: Irecê Basin; Salitre Formation; lithofaciologic units; reservoirs.
xi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................xiv
LISTA DE TABELAS...........................................................................................................xvi
LISTA DE FOTOS................................................................................................................xvi
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS..................................................................................xix
1.
2.
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 20
1.1.
Localização e Acessos........................................................................................... 20
1.2
Objetivos Gerais e Específicos ............................................................................. 21
1.3
Trabalhos Anteriores ........................................................................................... 22
GEOLOGIA REGIONAL .......................................................................................... 23
2.1.
Estratigrafia, Limites e Idades ............................................................................ 25
2.1.1.
Complexo Xique-Xique................................................................................. 26
2.1.2.
Supergrupo Espinhaço ................................................................................. 26
2.1.3.
Supergrupo São Francisco............................................................................ 26
2.1.4.
Coberturas Superficiais Fanerozóicas ......................................................... 28
2.2.
Evolução Geotectônica ......................................................................................... 29
3.
A FORMAÇÃO SALITRE (Revisão do Conhecimento)........................................... 33
4.
METODOLOGIA ....................................................................................................... 39
5.
4.1.
Levantamento Bibliográfico ................................................................................ 39
4.2.
Aulas Teóricas ...................................................................................................... 39
4.3.
Trabalho de Campo ............................................................................................. 39
4.4.
Estudos Petrográficos .......................................................................................... 40
4.5.
Materiais .............................................................................................................. 41
4.6.
Tratamento de dados ........................................................................................... 41
4.7.
Confecção do Trabalho Final de Graduação ...................................................... 41
PETROLOGIA DAS ROCHAS CARBONÁTICAS: Conceitos básicos. ................. 42
5.1. Principais Constituintes das Rochas Carbonáticas ................................................ 42
5.1.1.
Grãos Aloquímicos (Arcabouço) .................................................................. 42
5.1.1.1. Oólitos ........................................................................................................ 42
5.1.1.2. Oncolitos .................................................................................................... 43
5.1.1.3. Pelóides e “Pellets” (PelóidesFecais) ......................................................... 45
5.1.1.4. Esferulitos .................................................................................................. 45
xii
5.1.1.5. Intraclastos ................................................................................................ 46
5.1.1.6. Bioclatos ..................................................................................................... 47
5.1.2.
Matriz Carbonática ...................................................................................... 47
5.1.3.
Cimento ......................................................................................................... 48
5.2.
Classificação das Rochas Carbonáticas .............................................................. 48
5.2.1.
Classificação de Brankamp & Power (1958) e Folk (1959) ......................... 49
5.2.2.
Classificação de Folk (1959; 1962) ............................................................... 50
5.2.3.
Classificação de Dunham (1962) .................................................................. 51
5.2.4.
Classificação de Embry e Klovan (1971) ...................................................... 52
5.2.5.
Classificação de Terra at al. (2010) .............................................................. 52
5.3.
Feições Diagenéticas das Rochas Carbonáticas .................................................. 55
5.3.1.
Cimentação.................................................................................................... 56
5.3.2.
Compactação ................................................................................................. 57
5.3.3.
Dissolução ...................................................................................................... 58
5.3.4.
Neomorfismo ................................................................................................. 58
5.3.5.
Substituição ................................................................................................... 58
5.3.5.1. Dolomitização ............................................................................................ 58
5.3.5.2. Silicificação ................................................................................................ 60
5.4.
6.
Porosidade das Rochas Carbonáticas ................................................................. 60
CARACTERIZAÇÃO LITOFACIOLÓGICA DA FORMAÇÃO SALITRE ......... 64
6.1.
Unidade Nova América ........................................................................................ 66
6.1.1.
Descrição Macroscópica ............................................................................... 66
6.1.2.
Descrição Microscópica ................................................................................ 73
6.1.3.
Interpretação................................................................................................. 75
6.2.
Unidade Jussara ................................................................................................... 76
6.2.1.
Descrição Macroscópica ............................................................................... 76
6.2.2.
Descrição Microscópica ................................................................................ 79
6.2.3.
Interpretação................................................................................................. 85
6.3.
Unidade Irecê ....................................................................................................... 86
6.3.1.
Descrição Macroscópica ............................................................................... 86
6.3.2.
Interpretação................................................................................................. 89
6.4.
Fazenda Recife ..................................................................................................... 89
6.4.1.
Descrição Macroscópica ............................................................................... 89
6.4.2.
Descrição Microscópica ................................................................................ 95
xiii
6.4.3.
7.
Interpretação................................................................................................. 97
POTENCIAL RESERVATÓRIO DA FORMAÇÃO SALITRE .............................. 98
7.1.
Algumas
Bacias
Neoproterozóicas
com
Potencial
Reservatório
para
Hidrocarbonetos ........................................................................................................... 100
8.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................ 101
9.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 103
ANEXO 01.............................................................................................................................109
ANEXO 02.............................................................................................................................110
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Mapa de localização e situação da área de estudo. Adaptado de Bonfim et al.
(1985). ................................................................................................................................. 21
Figura 2.1: Mapa geológico simplificado do Cráton do São Francisco, focando os cinturões e
faixas que circundam esta unidade tectônica do embasamento da plataforma sul-americana.
Retirado de Cruz (2004) e modificado de Alkmim et al. (1993, 1996). ................................. 23
Figura 2.2: Mapa Geológico do Cráton do São Francisco, com indicação da área de estudo
em vermelho. Modificado de Pinto & Martins-Neto (2001). ................................................. 24
Figura 2.3: Coluna estratigráfica geral proposta por Souza et al. (1993). ............................. 25
Figura 2.4: Esquema de um mar epicontinental, onde, neste contexto, foi depositada a
Formação Salitre. Retirado de Heckel (1972). ...................................................................... 28
Figura 2.5: Estágios de evolução do Cráton do São Francisco propostos por Dominguez
(1993): A) Implantação da Bacia do Espinhaço-São Francisco, durante o episódio de
rifteamento ocorrido por volta de 1,7 Ga. B) Soerguimento e exposição subaérea do
aulacógeno do Espinhaço. C) Novo episódio de subsidência associado à evolução do
aulacógeno do Espinhaço com acumulação das sequências deposicionais Tombador-Caboclo
e Espinhaço. D) Importante abaixamento do nível do mar resultou na exposição subaérea de
quase toda a Bacia do Espinhaço, e durante a subida possibilitou a deposição da sequência
Morro do Chapéu. ................................................................................................................ 31
Figura 2.6: Estágios de evolução do Cráton do São Francisco propostos por Dominguez
(1993): E) A glaciação Beedeouro-Macaúbas envolveu grande parte do cráton; F) Ao final da
glaciação ocorreu subida do nível eustático do mar que inundou o cráton, juntamente com
uma expansão da subsidência das bordas para o interior do cráton, relacionada à evolução das
margens passivas, resultou na implantação de importantes plataformas carbonáticas; G)
Colisões nas margens do cráton com geração de cinturões de dobras e empurrões ao final do
Proterozóico Superior, resultando na colocação de cargas sobre a litosfera do cráton; H) No
Fanerozóico (Cretáceo), o cráton sofreu mais uma fragmentação continental. Nesta época
ocorreram a implantação do rifte Recôncavo e a separação do Cráton do São Francisco do
Cráton do Congo. ................................................................................................................. 32
Figura 3.1: Coluna estratigráfica proposta para a Formação Salitre. Modificado de Misi &
Silva (1996). ........................................................................................................................ 33
Figura 3.2: Coluna estratigráfica da Formação Salitre proposta por Bomfim et. al (1985). .. 35
xv
Figura 5.1: Esquema de constituinte aloquímico do tipo Oólito. Modificado de Terra et al.
(2010). ................................................................................................................................. 43
Figura 5.2: Esquema de constituinte aloquímico do tipo oncolito. Modificado de Terra et al.
(2010). ................................................................................................................................. 44
Figura 5.3: Esquema de constituintes aloquímicos dos tipos pelóide e pelóide fecal.
Modificado de Terra et al. (2010). ........................................................................................ 45
Figura 5.4: Esquema de constituinte aloquímico do tipo esferulito. Modificado de Terra et al.
(2010). ................................................................................................................................. 46
Figura 5.5: Esquema de constituinte aloquímico do tipo intraclasto. Modificado de Terra et
al. (2010). ............................................................................................................................ 46
Figura 5 6: Esquema de constituinte aloquímico do tipo bioclasto. Modificado de Terra et al.
(2010). ................................................................................................................................. 47
Figura 5.7: Classificação Granulométrica atualmente em uso na Petrobras. Adaptada de
Brankamp & Power (1958) e Folk (1959). ........................................................................... 49
Figura 5.8: Classificação de rochas carbonáticas. Retirado de Terra et al. (2010) adaptado de
Folk, (1962). ........................................................................................................................ 50
Figura 5.9: Classificação de rochas carbonáticas. Retirado de Terra et al. (2010) adaptado de
Dunham (1962). ................................................................................................................... 51
Figura 5 10: Classificação de rochas carbonáticas. Retirado de Terra et al. (2010) adaptado
de Embry e Klovan (1971). .................................................................................................. 52
Figura 5.11: Classificação de rochas carbonáticas, atualmente em uso na Petrobrás, segundo
Terra et al. (2010). ............................................................................................................... 53
Figura 5.12: Classificação de rochas carbonáticas, atualmente em uso na Petrobras, segundo
Terra et al. (2010). ............................................................................................................... 54
Figura 5 13: Classificação dos tipos de porosidade de acordo com Choquette & Pray (1970).
............................................................................................................................................ 61
Figura 6 1: Perfil esquemático de variação de litofácies carbonáticas da Formação Salitre.
(Referência) ......................................................................................................................... 65
Figura 7 1: Esquema de tipos de reservatórios relacionados à Formação Salitre, representada
da seguinte forma: Unidade Nova América – calcarenitos (1) e bioconstruções
estromatolíticas colunares (2); Unidade Jussara – calcarenitos (1) e bioconstruções
trombolíticas (2); Unidade Irecê – calcilutitos (6); Fazenda Recife – calcarenitos (1) e
bioconstruções estromatolíticas (2)..................................................................................... 100
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1: Comparação entre as subdivisões estratigráficas propostas por Misi (1979) e
Bomfim et al. (1985). ........................................................................................................... 38
Tabela 4.1: Tabela de Pontos da Formação Salitre (PFS) visitados na campanha de campo,
com suas respectivas coordenadas e unidades associadas. .................................................... 40
LISTA DE FOTOS
Foto 6.1: Afloramento do tipo lajedo da Unidade Nova América mostrando feição de
ressecamento do tipo tepee embrionário (setas vermelhas) com vértice apontando o topo para
sul. Localizado no povoado de Ipanema. Coordenadas UTM: 216838/8741795. .................. 66
Foto 6.2: Afloramento do tipo lajedo da Unidade Nova América mostrando nível de
exposição e quebramento com retrabalhamento e remobilização de intraclastos centimétricos.
Localizado no Povoado de Ipanema. Coordenadas UTM: 216838/8741795. ......................... 67
Foto 6.3: Afloramento do tipo lajedo da Unidade Nova América, mostrando feição
diagenética do tipo dissolução com visível estilolitização na parte superior da foto (seta
vermelha) e pequenas fraturas (setas pretas) no Laminito Microbial. Localizado no Povoado
de Ipanema. Coordenadas UTM: 216838/8741795. .............................................................. 67
Foto 6.4: Afloramento do tipo lajedo da Unidade Nova América mostrando nódulo de calcita
intercrescido em tepee maduro por substituição. Localizado na Fazenda Catavento.
Coordenadas UTM: 197583/8745650. .................................................................................. 68
Foto 6.5: Afloramento da Unidade Nova América evidenciando feição diagenética do tipo
substituição com visíveis nódulos de sílex (setas vermelhas), localizado na Fazenda
Catavento. Coordenadas UTM: 197583/8745650. ................................................................ 68
Foto 6.6: Afloramento de Laminitos Microbiais em lajedo da Unidade Nova América,
mostrando níveis de Tepees com camadas de lama (setas amarelas) com textura maciça entre
estes Tepees, evidenciando uma ciclicidade. Localizado na Fazenda Catavento. Coordenadas
UTM: 197583/8745650. ....................................................................................................... 69
Foto 6.7: Afloramento do tipo lajedo de calcarenito peloidal da Unidade Nova América,
mostrando estratificação cruzada. Localizado no Povoado de Achado. Coordenadas UTM:
196630/8746185. ................................................................................................................. 70
xvii
Foto 6.8: Afloramento da Unidade Nova América mostrando nível incipiente de
estromatólitos do gênero Jurussania Krilov. Localizado no Povoado de Achado. Coordenadas
UTM: 196630/8746185. ....................................................................................................... 70
Foto 6.9: Afloramento em bloco do calcarenito peloidal da Unidade Nova América,
mostrando estratificação cruzada levemente dobrada. Localizado na Fazenda Canaã.
Coordenadas UTM: 194230/8784685. .................................................................................. 71
Foto 6.10: Afloramento da unidade Nova América, evidenciando bioconstrução do tipo
estromatólito do gênero Jurusania Krylov. Localizado na Fazenda Canaã. Coordenadas UTM:
194230/8784685. ................................................................................................................. 72
Foto 6.11: Afloramento da Unidade Nova América mostrando o contato da bioconstrução
estromatolítica na parte superior com o Calcarenito Intraclástico Pleoidal na parte inferior.
Localizado na Fazenda Canaã. Coordenadas UTM: 194230/8784685. .................................. 72
Foto 6.12: Afloramento da unidade Jussara, evidenciando estratificação cruzada no calcário
oncolítico oolítico intraclástico peloidal neomorfisado e dolomitizado. Localizado na Fazenda
do Sr. Oscar. Coordenadas UTM: 175015/8774805. ............................................................. 76
Foto 6.13: Afloramento do calcarenito oncolítico oolítico intraclástico neomorfisado da
unidade Jussara, mostrando a presença da feição diagenética de substituição, com visível
camada silicificada e nódulos (setas vermelhas) de sílex, além de ocorrência de leve
estratificação cruzada. Localizado na Fazenda do Sr. Oscar. Coordenadas UTM:
175015/8774805 .................................................................................................................. 77
Foto 6.14: Afloramento da Unidade Jussara, evidenciando a litologia dos Trombolitos com
aparência grumosa. Localizado na margem direita da estrada que liga Irecê à Jussara.
Coordenadas UTM: 175170/8772868. .................................................................................. 78
Foto 6.15: Afloramento da unidade Jussara, evidenciando uma das incrustações
bioconstruítdas (seta vermelha) que se associam à litologia dos trombolitos. Localizado na
margem esquerda da estrada que liga Irecê à Jussara. Coordenadas UTM: 175170/8772868. 78
Foto 6.16: Afloramento da unidade Irecê, mostrando os calcilutitos (mais espessos e escuros)
acamadados e intercalados com a marga (camada menos espessa e clara). Localizado na
margem esquerda da estrada de terra que leva ao povoado de Tareco. Coordenadas UTM:
240384/8731797. ................................................................................................................. 86
xviii
Foto 6.17: Afloramento da unidade Irecê, mostrando os Calcilutitos em camadas mais finas e
escuras e as margas em camadas mais espessas e claras. Localizado na margem esquerda da
estrada de terra que leva ao povoado de Tareco. Coordenadas UTM: 240384/8731797. ....... 87
Foto 6.18: Afloramento da unidade Irecê, evidenciando a presença de dobramentos na
unidade, com calcilutitos dobrados, e ausência de camadas de marga (A), e localmente
ocorrência de intercalações dos calcilutitos com a marga (B). Localizada na margem direita da
estrada que liga Irecê à Jussara. Coordenadas UTM: 185711/8753971. ................................ 87
Foto 6.19: Afloramento da Unidade Irecê, evidenciando o contato sobreposto aos calcarenitos
da Unidade Nova América. Localizado na margem direita da BA-052 que liga Morro do
Chapéu à Irecê. Coordenadas UTM: 237045/8733720. ......................................................... 88
Foto 6.20: Afloramento dos calcilutitos (em detalhe) sobrepostos aos calcarenitos oncolíticos
da Unidade Jussara. Localizado na margem esquerda da BA-052 que liga Irecê a Xique-xique.
Coordenadas UTM: 184781/8753527. .................................................................................. 88
Foto 6.21: Afloramento da unidade Formação Salitre, com exposição em planta de cabeças
estromatolíticas com espaços preenchidos por calcarenitos intraclásticos (setas vermelhas).
Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449. ................................. 90
Foto 6.22: Afloramento da unidade Formação Salitre, com exposição em detalhe de cabeça
estromatolítica em planta, evidenciando a sua forma concêntrica com laminações internas e de
forma elíptica. Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449. .......... 90
Foto 6.23: Afloramento da unidade Formação Salitre, mostrando o desenvolvimento
incipiente (setas vermelhas) dos estromatólitos quando em contato com os canais preenchidos
por calcarenito intraclástico (seta preta). Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM:
278416/8772449. ................................................................................................................. 91
Foto 6.24: Afloramento dos Estromatólitos diferenciados em perfil, mostrado seu crescimento
colunar e laminado. Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449. .. 91
Foto 6.25: Afloramento em perfil da unidade Formação Salitre, mostrando o canal preenchido
por calcarenitos/calcirruditos intraclásticos entre as linhas vermelhas (foto de detalhe da
esquerda) e seu contato com as colônias dos estromatólitos diferenciados (foto de detalhe da
direita). Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449. .................... 93
xix
Foto 6.26: Afloramento dos Calcarenitos/Calcirruditos em planta, com constituintes
intraclásticos centimétricos caracterizando depósitos de tempestitos. Localizado na Fazenda
Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449. ...................................................................... 94
Foto 6.27: Afloramento da Formação Salitre, em perfil, evidenciando a estratificação cruzada
nos Calcarenitos/Calcirruditos Intraclásticos, semelhantes a “Hummockys”. Localizado na
Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449. ........................................................ 94
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS
Fotomicrografia 6.1: Lâmina do Grainstone altamente recristalizada, evidenciando a
presença de cimentação neomórfica, com presença de calcita neomórfica (Cal), e
dolomitização, com ocorrência de microcristais de dolomitas (Dol) associados à calcita, além
pelóides (Pel), minerais opacos (Opc) e visível porosidade vugular (Vug) nas partes superior
central e inferior esquerda das imagens. Polarizador em luz plana (A) e em nicóis cruzados
(B). Amostra 92-50-L. ......................................................................................................... 73
Fotomicrografia 6.2: Fotomicrografia mostrando fratura preenchida por calcita (Cal), além
de porosidade vugular (Vug), pelóides (Pel) e minerais opacos (Opc). Polarizador em nicóis
cruzados. Amostra 92-50-L. ................................................................................................. 74
Fotomicrografia 6.3: Fotomicrografia de bioconstrução estromatolítica característica da
Unidade Nova América, com ocorrência de limonita (Lim), representada pelas faixas mais
escuras da lâmina, além da bioconstrução (Est) caracterizada como uma colônia de
organismos (faixas claras) (A); e muitos poros do tipo edificações orgânicas (B), segundo a
classificação de Choquette & Pray (1970), preenchidos por resina de cor azul. Polarizador em
luz plana (A e B). Amostra 85-221. ...................................................................................... 75
Fotomicrografia 6.4: Grãos aloquímicos do Grainstone/Rudstone evidenciado a presença de
oncolito (Onc) policomposto preenchido por núcleo de calcita e calcita drusiforme (Cal e Cald)), além de Oólito (Ool) e pelóides (Pel). Polarizador em luz plana. Amostra: 92-49 H. ...... 79
Fotomicrografia 6.5: Lâmina do Grainstone/Rudstone mostrando intraclasto (Int) de grande
dimensão com calcita (Cal) preenchendo-o internamente e em volta deste aloquímico que
possui inclusões de outros grãos, aparente oncolitos com núcleos preenchidos também por
calcita (Cal). Polarizador em luz plana. Amostra 92-42 L. .................................................... 80
xx
Fotomicrografia 6.6: Lâmina do Grainstone/Rudstone, evidenciando três gerações de
cimento, onde a 1ª(fonte amarela) e 2ª (fonte branca) gerações estão representadas como
franjas em volta dos oncolitos, e a 3ª geração (fonte preta) está entre estes grãos aloquímicos,
com ocorrência também de pelóides e visível estilolitização sublinhada por nível de matéria
orgânica. Polarizador em luz plana. Amostra L-PE-04A. ...................................................... 81
Fotomicrografia 6.7: Lâmina do Grainstone/Rudstone onde está evidenciado o processo de
dissolução com estilolitização (Estl) que atingiu esta litologia, fazendo com que os
constituintes aloquímicos, envoltos por calcita (Cal), ficassem bastante deformados como
neste caso em que o oncolito (Onc) está com um aspecto muito elipsoidal. Polarizador em luz
plana. Amostra L-PE-04A. ................................................................................................... 81
Fotomicrografia 6.8: Lâmina do Grainstone/Rudstone altamente neomorfisada, com
ocorrência de calcita (Cal) e evidente silicificação (Sil) no centro da imagem, com presença
de microquartzos substituindoum possível grão aloquímico. Polarizador em nicóis cruzados.
Amostra 93-759. .................................................................................................................. 82
Fotomicrografia 6.9: Lâmina do Grainstone evidenciando a ocorrência de grãos terrígenos,
principalmente de quartzo (Qtz), com presença de faixas escuras caracterizando uma possível
matriz residual, sendo preenchida por calcita (Cal) e calcita neomórfica (Cal-n), além de
ocorrência de possível dolomitização (Dol) associada e grãos peloidais (Pel). Polarizador em
luz plana (A) e em nicóis cruzados (B). Amostra 91-21 L. ................................................... 83
Fotomicrografia 6.10: Lâmina do Graistone evidenciando a presença de estilolitização (Estl)
preenchida por nível de matéria orgãnica, além da ocorrência de terrígenos (Qtz) e Pelóides
(Pel) envolvidos por calcita (Cal) possivelmente neomórfica e possível dolomitização (Dol).
Polarizador em luz plana (A) e em nicóis cruzados (B). Amostra 91-21 L. ........................... 83
Fotomicrografia 6.11: Lâmina do Tombolito, evidenciando sua textura microgrumosa com
níveis escuros preenchidos por matéria orgânica. Polarizador em luz plana. Amostra 92-44 L.
............................................................................................................................................ 84
Fotomicrografia 6.12: Lâmina do Trombolito (Tromb) com sua textura microgrumosa,
evidenciando as feições diagenéticas associadas à litologia, ocorrendo cimentação por calcita
(Cal) e dolomitização com visíveis romboedros de dolomita (Dol). Estas duas fases
diagenéticas parecem ter obliterado poros vugulares da litologia. Polarizador em luz plana (A
e B). Amostra 92-44 L. ........................................................................................................ 85
xxi
Fotomicrografia 6.13: Grainstone/Rudstone com presença de constituintes aloquímicos
como intraclastos milimétricos na lâmina petrográfica, com presença também de porosidade
vugular, além de calcita neomórfica (Cal-n) ocorrendo com dolomita (Dol) entre os grãos
intraclásticos. Polarizador em luz plana (A) e em nicóis cruzados (B). Amostra 92-43 L ...... 95
Fotomicrografia 6.14: Lâmina do Grainstone/Rudstone evidenciando a ocorrência de
porosidade vugular possivelmente associada a estilolitização, podendo ser caracterizada
também como estilolítica. Ocorrência associada de calcita neomórfica (Cal-n) e
Dolomitização (Dol). Polarizador em luz plana (A e C) e em nicóis cruzados (B e D).
Amostra 92-43 L. ................................................................................................................. 96
Fotomicrografia 6.15: Lâmina do Grainstone/Rudstone com evidências de feições
diagenéticas como neomorfismo com ocorrência de calcita neomórfica (Cal-n) e
dolomitização com ocorrência de romboedros de dolomita (Dol) bem formados. Polarizador
em luz plana. Amostra 92-43 L. ........................................................................................... 97
20
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
Este Trabalho Final de Graduação (TFG) está focado no estudo das fácies carbonáticas
da Formação Salitre de idade Neoproterozóica, inserida no contexto da Bacia de Irecê no
Cráton do São Francisco, e seu potencial reservatório para hidrocarbonetos.
Para a caracterização das fácies, a Formação Salitre foi interpretada segundo a
subdivisão informal feita por Bomfim et al. (1985), caracterizando as seguintes unidades
vistas no campo: Nova América, Gabriel, Jussara e Irecê. Segundo Misi (1979), na Bacia de
Irecê, as sequências carbonáticas que constituem o Grupo Una correlacionam-se ao Grupo
Bambuí de Minas Gerais e oeste da Bahia.
As rochas carbonáticas possuem um papel relevante para o setor de exploração de
petróleo e gás. Elas atuam como rochas reservatórios, geradoras e selantes. Rochas
carbonáticas porosas, por exemplo, são caracterizados por conterem cerca da metade das
reservas de hidrocarbonetos conhecidas no mundo.
O estudo do potencial reservatório de sequências carbonáticas ou simplesmente de
rochas carbonáticas, é uma opção importante no contexto atual da pesquisa do petróleo e gás
natural. Vários setores da indústria estão voltados para estudar e melhor entender as rochas
carbonáticas de diferentes idades, encontradas não só nas bacias brasileiras, como também em
bacias fora do Brasil.
1.1. Localização e Acessos
A área de estudo está inserida na porção centro-norte do Estado da Bahia (Figura 1.1),
abrangendo as folhas topográficas de América Dourada (SC.24-Y-C-II) e Irecê (SC.24-Y-CI).
Por via terrestre, a partir da cidade de Salvador, o acesso à área se dá pela rodovia BR324 até a cidade de Feira de Santana, onde pega-se o trajeto da BA-052 (Estrada do Feijão)
até a região de Irecê. Outra opção de acesso se dá partindo de Salvador pela rodovia BR-324
21
até a cidade de Jacobina, e de lá deslocando-se pela rodovia BA-368 até o encontro da BA426, onde, a partir desta última, dirige-se até a BA-052 (Estrada do Feijão) que leva até a
região de Irecê.
O acesso local pode ser realizado através de estradas pavimentadas, carroçáveis,
caminhos e trilhas.
Por via aérea, o acesso é feito através de vôos fretados em aeronaves de pequeno porte
no município de Irecê.
Figura 1 1: Mapa de localização e situação da área de estudo. Adaptado de Bonfim et al. (1985).
1.2 Objetivos Gerais e Específicos
Este trabalho tem como objetivo principal o estudo das litofácies da Formação Salitre
que podem vir a ser potenciais reservatórios para hidrocarbonetos, analisando também os
22
diferentes tipos de bioconstruções microbiais que afloram na Bacia de Irecê, e suas relações
litofaciológicas com os depósitos carbonáticos, dando uma ênfase na Unidade Jussara, que
apresenta teoricamente um potencial reservatório, seja através de correlações com modelos de
outras bacias, bem como suposições teóricas com base nas características litológicas e
observações feitas na análise petrográfica dos seus diferentes tipos litológicos.
1.3
Trabalhos Anteriores
As primeiras referências de trabalhos relacionados à região investigada foram
relatadas por Hartt (1870, in: Bomfim et al. 1985). Este autor descreveu a planície calcária
que compõe a Bacia do São Francisco.
A denominação Calcário ou Formação Una, foi inicialmente utilizada por Derby
(1905), para designar os carbonatos constados nas bacias dos rios Salitre, Una e Jacaré.
Posteriormente esta designação passou a ser utilizada com a conotação de Grupo.
Branner (1911) analisou a estrutura da Bacia de Irecê desde o calcário da Formação
Salitre até a Formação Tombador, onde constatou a existência de uma discordância na base do
Grupo Una.
A Formação Salitre foi originalmente denominada Calcário Salitre por Branner
(1911). Porém, por longo tempo foi utilizada a designação Formação Sete Lagoas.
Pflug & Renger (1973) criaram o termo Supergrupo São Francisco. Estes autores
sugeriram que o termo Bambuí fosse utilizado para as sequências depositadas sobre o
substrato mais antigo da Bacia do São Francisco. Para as outras sequências temporalmente
correlacionadas com o Bambuí, englobando as rochas consideradas aproximadamente
simultâneas, deveria ser utilizado o termo Supergrupo São Francisco.
Em 1974 foi adotada a denominação de Supergrupo São Francisco durante a reunião
conjunta CPRM/DNPM/PROSPEC, que abordou este supergrupo abrangendo os Grupos
Bambuí, Rio Pardo, Miaba/Vaza-Barris, a Formação Macaúbas e o Grupo Una, que inclui as
Formações Bebedouro e Salitre. Nesta mesma reunião, a unidade Calcário Salitre (atual
Formação Salitre) foi elevada a nível de formação, o que vem sendo adotado desde então
pelos autores posteriores.
23
CAPÍTULO 2
2. GEOLOGIA REGIONAL
A bacia de Irecê, onde está inserida a sequência sedimentar em estudo, localiza-se no
Cráton do São Francisco, o qual, de acordo com Almeida (1967, 1977), faz parte de uma das
porções da Plataforma Sul-americana não envolvida na orogênese do Brasiliano
(Neoproterozóico).
Os seus limites, segundo dados geológicos e geofísicos (Ussami, 1993) são delineados
pelos seguintes cinturões dobrados durante a orogênese Brasiliana: (i) os Cinturões Riacho do
Pontal e Sergipano (Brito Neves et al, 2000) que limitam o Cráton a norte e a nordeste,
respectivamente; (ii) o Cinturão Araçuaí (Almeida 1977), uma possível extensão norte do
Cinturão Ribeira situado a sul; (iii) o Cinturão Brasília (Almeida, 1969) situado na margem
oeste, e (iv) o Cinturão Rio Preto (Inda &Barbosa 1978, Brito Neves et al, 2000), uma
pequena faixa de rochas dobradas localizada mais ao norte do Cráton (Figura 2.1).
Figura 2.1: Mapa geológico simplificado do Cráton do São Francisco, focando os cinturões e faixas que circundam esta
unidade tectônica do embasamento da plataforma sul-americana. Retirado de Cruz (2004) e modificado de Alkmim et al.
(1993, 1996).
24
O interior do cráton é preenchido por unidades do embasamento ArqueanoPaleoproterozóico, coberturas cratônicas Proterozóicas e Fanerozóicas (Figura 2.2).
Figura 2.2: Mapa Geológico do Cráton do São Francisco, com indicação da área de estudo em vermelho. Modificado de
Pinto & Martins-Neto (2001).
25
2.1. Estratigrafia, Limites e Idades
Os conjuntos rochosos descritos anteriormente ocorrem de forma parcial na área de
estudo e foram organizados segundo o seu grau de complexidade e sua hierarquia
cronológica, em complexos, associações, grupos e formações. De acordo com Inda & Barbosa
(1978), na região investigada afloram o Complexo Xique-Xique e os Supergrupos Espinhaço
e São Francisco, respectivamente do Proterozóico Inferior, Médio e Superior. É também
importante ressaltar a presença de Coberturas Fanerozóicas (Figura 2.3).
Figura 2.3: Coluna estratigráfica geral proposta por Souza et al. (1993).
26
2.1.1. Complexo Xique-Xique
Este complexo rochoso, correlacionado ao Proterozóico Inferior, ocorre no extremo
noroeste da área estudada, a nordeste da cidade homônima. Possui um relevo acidentado e é
representado por uma pequena ocorrência de itabiritos e quartzitos com intercalações de sílex,
formando o embasamento do Supergrupo Espinhaço, segundo Inda & Barbosa (1978).
2.1.2. Supergrupo Espinhaço
Este compartimento, de idade Mesoproterozóica, está presente no entorno da Bacia de
Irecê, com exceção do norte desta. Na Bahia, este supergrupo é compartimentado em dois
grandes domínios fisiográficos: (i) domínio do Espinhaço Setentrional, a oeste, e (ii) domínio
fisiográfico da Chapada Diamantina, a leste, separados fisicamente pelo vale do Rio
Paramirim.
No domínio fisiográfico da Chapada Diamantina, onde está inserida a área de estudo,
o Supergrupo Espinhaço é subdividido, da base para o topo, nos grupos Rio dos Remédios,
Paraguaçu e Chapada Diamantina, sendo este último aflorante na área ivestigada. Assim este
surpegrupo engloba rochas pelíticas e psamíticas do Grupo Paraguaçu, litologias de sistemas
fluvio-eólicos da Formação Tombador, de sistemas marinho e de planície de maré da
Formação Caboclo, e de sistemas fluvial, litorâneo e deltaico da Formação Morro do Chapéu,
pertencentes ao Grupo Chapada Diamantina, anquimetamórfico, ou matamorfisado até a
fácies xisto-verde.
Segundo Pedreira, A. (1988) cada um destes grupos está correlacionado a uma
sequência deposicional, enquanto Dominguez (1993) reuniu os grupos Paraguaçu e Rio dos
Remédios em uma mega-seqüência deposicional denominada de mega-seqüência Paraguaçu Rio dos Remédios, e reconheceu duas seqüências deposicionais no Grupo Chapada
Diamantina, a seqüência deposicional Tombador-Caboclo e a seqüência deposicional Morro
do Chapéu.
2.1.3. Supergrupo São Francisco
Na Bahia, este supergrupo, de idade proterozóica superior, também ocorre em duas
regiões distintas: (i) região da Bacia do São Francisco, e (ii) região da Chapada Diamantina
27
Oriental. A primeira região está situada a oeste do estado e é representado, parcialmente,
pelos grupos Macaúbas, na base, e Bambuí, no topo.
O Grupo Macaúbas é uma associação de diamictitos, arenitos e pelitos. A
sedimentação foi iniciada em aproximadamente 930 Ma. Segundo Dominguez (1996), este
grupo é classificado como de ambiente Glacio-continental representado por sedimentos
reciclados e ressedimentados sob a influência parcial de ondas de tempestade.
O Grupo Bambuí é constituído por siliciclastos e calcários interestratificados das
Formações Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré e Serra da Saudade. Os
sedimentos pelítico-carbonáticos deste grupo foram interpretados como tendo sido
depositados em um mar interior raso, de águas agitadas, sendo classificado como de ambiente
marinho (Misi, 1976; Dardenne, 1978; Chang et al., 1988 apud Alkmim & Martins - Neto,
2001).
A outra área de afloramento das rochas do Supergrupo São Francisco ocorre na parte
central do Estado da Bahia, nas ―bacias‖ de Irecê, Salitre, Una-Utinga e Ituaçu, e é
representada pelo Grupo Una, que compreende as Formações Bebedouro, na base e Salitre, no
topo.
De acordo com Leão & Dominguez (1992) e Dominguez (1996), a Formação
Bebedouro é constituída por diamictitos, pelitos e arenitos, estratificados e maciços,
ordenados em camadas alternadas ou não, limitados por contatos bruscos, erosivos e
gradativos que ocupam a posição basal. Datações realizadas pelo método Rb-Sr em pelitos da
Formação Bebedouro indicam idade em torno de 932 + 30 Ma (episódio de glaciação).
Segundo Dominguez (1993), a Formação Salitre, objeto de estudo neste Trabalho
Final de Graduação, ocupa a maior parte da Bacia de Irecê e é constituída por várias litofácies
carbonáticas, tendo sido depositada em uma bacia formada no contexto de um mar
epicontinental (Figura 2.4) com frequente ação de ondas e marés. Segundo Martínez (2007),
estas são áreas cratônicas muito extensas (>100 Km de comprimento) e relativamente planas
que foram cobertas por um mar raso. Na margem da plataforma a inclinação pode ser muito
suave (tipo rampa) ou abrupta. Dentro da plataforma e, devido à sua grande extensão, podemse ocorrer áreas mais ou menos profundas contornadas por rampas homoclinais ou por
complexos de ilha barreira-laguna. Nelas domina a baixa energia e os sedimentos depositados
em contexto de supramaré/intermaré a submaré rasa.
28
Figura 2.4: Esquema de um mar epicontinental, onde, neste contexto, foi depositada a Formação Salitre. Retirado de Heckel
(1972).
Os sedimentos carbonáticos da Formação Salitre podem alcançar espessuras
superiores a 1.000m (Misi 1993), e foram datados por métodos radiométricos e bioestratigráficos (estudo de estromatólitos). A datação bioestratigráfica posiciona esses
sedimentos do Rifeano superior ao Vendiano (Srivastava 1982, 1986). Os estudos
radiométricos feitos na região de Lajes do Batata pelo método Rb/Sr, dão uma idade para
esses sedimentos carbonáticos de 774±20Ma (Macedo, 1982). Estudos isotópicos de 87Sr/86Sr
feitos por Misi & Veizer (1996), colocam os sedimentos carbonáticos da Formação Salitre no
Vendiano (700 - 560Ma). A sedimentação desta formação no tempo Vendiano mostra-se
coerente com os resultados obtidos por Chang et. al. (1993) para os carbonatos do Grupo
Bambuí, no Estado de Minas Gerais.
2.1.4. Coberturas Superficiais Fanerozóicas
As Coberturas Superficiais têm ampla distribuição nas áreas de ocorrência dos Grupos
Chapada Diamantina e Una, e podem ser separadas em dois subconjuntos principais de
sedimentos: (i) um subconjunto é representado por calcários (calcretes) beges, pertencentes à
Formação Caatinga, de idade quaternária, resultantes de processos de dissolução química e
29
reprecipitação in-situ (Branner 1911); e (ii) o outro subconjunto contempla os sedimentos
Tércio-quaternários detríticos, inconsolidados, correlacionados à evolução das superfícies de
pediplanação Sulamericana e Velhas de King (1956) e geralmente provêm de depósitos
fluviais, flúvio-lacustres e eólicos (Inda & Barbosa 1978).
2.2. Evolução Geotectônica
O Cráton do São Francisco (Almeida 1967, 1977) abrange principalmente os estados
da Bahia e de Minas Gerais e é a mais bem exposta e estudada unidade tectônica do
embasamento da plataforma sul-americana. Como dito anteriormente, possui seu contorno
definido por cinturões de dobramentos (Riacho do Pontal, Sergipano, Araçuaí, Ribeira,
Brasília e Rio Preto).
O cráton é truncado por um rift abortado, orientado segundo N-S, no qual se
depositaram os protólitos dos Supergrupos Espinhaço (Mesoproterozóico) e São Francisco
(Neoproterozóico) (Barbosa et al., 2003). A bacia na qual se acumularam as rochas
siliciclásticas do Supergrupo Espinhaço originou-se por volta de 1,7 Ga. Neste rift seis
seqüências deposicionais se acumularam, isto é, Paraguaçu-Rio dos Remédios, TombadorCaboclo e Morro do Chapéu (Província Chapada Diamantina), além das seqüências Borda
Leste, Espinhaço e Gentio (Província do Espinhaço Setentrional). O Bloco do Paramirim,
situado entre as duas províncias, provavelmente atuou como alto no interior da bacia
(Dominguez, 1993 apud. Barbosa et al., 2003).
A origem da Bacia Espinhaço-São Francisco foi proposta por Dominguez (1993)
durante uma fase de estiramento crustal, onde foram depositadas rochas pertencentes ao
Grupo Paraguaçu. O fim da deposição deste grupo deu-se a partir do soerguimento com
exposição subaérea, o que favoreceu a deposição da Formação Tombador e a implantação de
um importante sistema fluvial. Um novo episódio de subsidência de natureza térmico flexural
associado à evolução do aulacógeno do Espinhaço resultou na acumulação da Formação
Caboclo. Importante abaixamento do nível do mar resultou na exposição subaérea de quase
toda a Bacia do Espinhaço, e durante a subida possibilitou a deposição da sequência Morro do
Chapéu segundo Dominguez (op. cit.).
Em torno de 1.0 Ga, importante glaciação afetou a maior parte do Cráton. As geleiras
se movimentaram de W para E na borda sudoeste do paleo-continente São Francisco e, de NE
para SW na Província da Chapada Diamantina. Dominguez (op. cit.) denominou esta extensa
30
glaciação de Bebedouro-Macaúbas, e esta resultou na deposição de diamictitos e arenitos
glaciais.
Segundo Dominguez (op. cit.), a acumulação dos sedimentos carbonáticos, como a
Formação Salitre, sobre o Cráton do São Francisco, resultou do processo de deglaciação, o
qual promoveu uma inundação nas bordas ocidental e oriental do Cráton do São Francisco. A
associação desta inundação com o aumento da subsidência das margens do paleo-continente
São Franciscano para o seu interior, permitiu a implantação das Bacias São Francisco, Irecê e
Una-Utinga. Estas bacias estão representadas por uma extensa cobertura sedimentar, onde
estão depositadas as seqüências essencialmente carbonáticas do Supergrupo São Francisco, na
bacia homônima (Grupo Bambuí, Minas Gerais e Bahia), bem como nas Bacias de Irecê e
Una-Utinga (Grupo Una, Formações Bebedouro e Salitre, na Bahia), ambas posicionadas na
porção oriental da Chapada Diamantina.
O Grupo Una, onde está inserida a sequência sedimentar em estudo, ocorre em contato
discordante erosivo e angular com as unidades sotopostas dos Grupos Chapada Diamantina e
Espinhaço, do Mesoproterozóico, e sobre as rochas do embasamento ArqueanoPaleoproterozóico (Guimarães, 1996).
No fim do Proterozóico, colisões nas margens do Cráton, as quais foram responsáveis
pela formação dos Cinturões dobrados Brasilianos referidos, causaram inversão da bacia do
Espinhaço-São Francisco. A intensidade da deformação foi maior ao longo do eixo do rift,
onde a litosfera havia sido afinada durante os episódios de subsidência anteriores. Os
sedimentos que se acumularam nas partes externas do rift, sobre os blocos continentais mais
espessos, foram relativamente poupados da deformação (Dominguez, 1993 apud. Barbosa et
al., 2003).
Durante a separação Brasil-África, no Cretáceo, teve origem a Bacia do Recôncavo
como rift abortado. Em continuação, extensa sedimentação plataformal tomou lugar durante o
Fanerozóico, segundo Barbosa et al. (2003).
Os estágios desta evolução proposta por Dominguez (1993) estão representados nas
Figuras 2.5 e 2.6 a seguir.
31
Figura 2.5: Estágios de evolução do Cráton do São Francisco propostos por Dominguez (1993): A) Implantação da Bacia do
Espinhaço-São Francisco, durante o episódio de rifteamento ocorrido por volta de 1,7 Ga. B) Soerguimento e exposição
subaérea do aulacógeno do Espinhaço. C) Novo episódio de subsidência associado à evolução do aulacógeno do Espinhaço
com acumulação das sequências deposicionais Tombador-Caboclo e Espinhaço. D) Importante abaixamento do nível do mar
resultou na exposição subaérea de quase toda a Bacia do Espinhaço, e durante a subida possibilitou a deposição da sequência
Morro do Chapéu.
32
Figura 2.6: Estágios de evolução do Cráton do São Francisco propostos por Dominguez (1993): E) A glaciação BeedeouroMacaúbas envolveu grande parte do cráton; F) Ao final da glaciação ocorreu subida do nível eustático do mar que inundou o
cráton, juntamente com uma expansão da subsidência das bordas para o interior do cráton, relacionada à evolução das
margens passivas, resultou na implantação de importantes plataformas carbonáticas; G) Colisões nas margens do cráton com
geração de cinturões de dobras e empurrões ao final do Proterozóico Superior, resultando na colocação de cargas sobre a
litosfera do cráton; H) No Fanerozóico (Cretáceo), o cráton sofreu mais uma fragmentação continental. Nesta época
ocorreram a implantação do rifte Recôncavo e a separação do Cráton do São Francisco do Cráton do Congo.
33
CAPÍTULO 3
3. A FORMAÇÃO SALITRE (Revisão do Conhecimento)
Algumas subdivisões litoestratigráficas acerca dos carbonatos da Formação Salitre
foram propostas por Misi & Souto (1975), modificadas por Misi (1976 e 1979), e mais
recentemente por Bomfim et al. (1985) e Souza et al. (1993).
Misi (1979) subdividiu a Formação Salitre em cinco unidades informais, chamando-as,
da base para o topo, de unidades C, B, B1, A e A1 (Figura 3.1).
Figura 3.1: Coluna estratigráfica proposta para a Formação Salitre. Modificado de Misi & Silva (1996).
Estas unidades propostas e caracterizadas por Misi (1979) estão listadas a seguir:
Unidade C: constituída por dolomitos e calcários dolomíticos vermelhos e argilosos,
que capeiam os diamictitos (seqüências glaciogênicas da Formação Bebedouro), tratando-se
da unidade dos ―cap carbonates‖. Esta unidade pode apresentar ou não estromatólitos
34
circulares na porção basal e gretas de ressecamento, que evidenciam uma exposição aérea do
carbonato durante sua formação.
Unidade B: composta por calcários cinza-claros, por vezes dolomíticos, finamente
laminados (ritmitos) e interestratificados com leitos argilosos, podendo ocorrer algumas vezes
intercalações de calcário preto oolítico. A sedimentação relativamente profunda com
tendência regressiva indica que esta unidade é uma seqüência marinha tipo shallowing
upward, de ambiente equivalente a submaré a intermaré.
Unidade B1: representada por dolarenitos (silicosos e oolíticos) e dololutitos cinzaclaros, com nódulos e lentes de sílica (quartzo tipo lutecita) e de calcita. Ocorrem estruturas
sedimentares como teepee e laminações estromatolíticas, que caracterizam exposição
subaérea em clima árido, além de brechas intraformacionais lamelares, possivelmente
formadas pela dissolução de sulfatos (Misi & Kyle, 1994). Estromatólitos colunares (ricos em
carbonato-fluorapatita) relacionam-se a zonas relativamente mais profundas, de alta energia.
Todas estas estruturas mencionadas anteriormente são indicativas de ambientes equivalentes
de inter-a supramaré (Misi & Kyle, 1994). Podem ocorrer também corpos lenticulares e de
espessuras métricas de calcários pretos, ricos em matéria orgânica, oolíticos, parcialmente
dolomitizados. Esta unidade contém as principais ocorrências de Pb-Zn e fosfato da Bacia
Irecê.
Unidade A: caracterizada pela presença de siltitos, argilitos calcíferos e margas, cinzaescuros quando não alterados, cinza-claros ou avermelhados de maneira geral, expostos na
borda oeste da bacia. Agregados de cristais cúbicos de pirita podem também ocorrer. De uma
forma geral, a espessura desta unidade varia de 0 a 100 m. Sua deposição parece estar
associada a um ambiente marinho relativamente mais profundo.
Unidade A1: formada por calcilutitos pretos e calcários oolíticos e pisolíticos, ricos em
matéria orgânica. Condições rasas de sedimentação são características e estruturas indicativas
de ambiente agitado são comuns, tais como estratificações cruzadas ou com abundantes
intraclastos, e marcas de onda, dentre outros. Os calcilutitos desta unidade ocorrem
freqüentemente bastante dobrados e cavalgados, na região de Irecê, com dobras deitadas com
vergência para sul, indicando esforços compressivos de norte para sul. Segundo Misi e Silva
(1996), estes dobramentos e cavalgamentos estariam relacionados à tectônica Brasiliana, ou
seja, seriam reflexo da tectônica da faixa Rio Preto sobre a cobertura.
35
Bomfim et al. (1985) propuseram uma outra subdivisão, procurando nomear as
unidades e dividindo-as em quatro, representando fácies carbonáticas distintas e assim
representadas da base para o topo: Unidades Nova América, Gabriel, Jussara e Irecê (Figura
3.2).
Figura 3.2: Coluna estratigráfica da Formação Salitre proposta por Bomfim et. al (1985).
Esta mais recente subdivisão proposta por Bomfim et al. (1985) fez com que estas
unidades mapeadas fossem relacionadas pelo autor a ciclos de sedimentação, sendo dois
transgressivos (I e III) e um regressivo (II). Estas unidades estão caracterizadas a seguir:
36
Unidade Nova América: Bomfim et al. (1985) relacionaram esta unidade a um ciclo
regressivo (II). A principal característica desta sequência é a presença constante de estruturas
sedimentares típicas de ambiente de submaré a supramaré, tais como tapetes algais, estruturas
―tepees‖, intraclastos, laminação cruzada e estruturas de ―bird eyes‖. Em diversos pontos de
sua área de ocorrência, como nos arredores a sul de Lapão e no Povoado de Achado, os
litotipos da unidade Nova América são caracterizados como calcarenito róseo com forte
recristalização e indícios de dolomitização, que mostram comumente estratificação cruzada
acanalada. Nestes locais observam-se níveis incipientes de estromatólitos algais colunares de
pequeno porte, do gênero Jurusania Krylov, que apresentam alto interesse econômico por seu
conteúdo fosfico (Bomfim et al., 1985).
Unidade Gabriel: Para Bomfim et al. (1985), a unidade Gabriel, no campo, constitui em geral
pequenos e esparsos afloramentos de forma psamítica, que não permitem melhores
observações de suas estruturas. Litologicamente a unidade Gabriel é composta por estreitas
intercalações de calcissiltitos, calcilutito e calcarenito fino, caracterizados por uma coloração
rósea, creme e cinza, laminação plano-paralela e presença constante de cristais cúbicos de
pirita e/ou limonita. Em alguns locais seus litotipos ocorrem em camadas e bancos maciços,
cortados geralmente por veios e filmes de calcita. Pequenos corpos de rochas dolomitizadas,
de coloração cinza a creme, aspecto maciço, sempre com fraturamento superficial acentuado
ocorrem associados aos litotipos da unidade.
Unidade Jussara: Segundo Bomfim et al. (1985), esta unidade está relacionada a dois ciclos
trangrasseivos (I e III). No setor sul da área, a unidade está relacionada ao ciclo I e
corresponde litologicamente e ambientalmente à unidade Jussara Superior. Na porção mais
setentrional da área a unidade está relacionada ao ciclo III, sendo passível de divisão entre três
subunidades distintas litologicamente e ambientalmente, denominadas da base para o topo
como: (i) Jussara Inferior, (ii) Jussara Médio e (iii) Jussara Superior, e estão caracterizadas a
seguir:
(i) A subunidade Jussara Inferior é constituída por calcarenitos, calcilutitos e
calcissiltitos, além de termos terrígenos representados por arenitos arcosianos e metassiltitos.
O litotipo característico está representado por um calcarenito quartzoso de coloração cinza
escura a preta, grã média, cuja feição característica é a presença de grãos de quartzo visíveis
macroscopicamente.
(ii) Litologicamente, na subunidade Jussara Médio, predominam calcarenito finos
odorosos, calcissiltitos e calcilutitos de coloração cinza a preta. Caracteriza-se por se
37
apresentar em finas placas de que não ultrapassam 10 cm de espessura, separadas por filmes
de argila ou marga intemperizados, invariavelmente de cor avermelhada. Também são
característicos da subunidade, bancos com espessura máxima de um metro, por vezes maciços
internamente, por vezes laminados e/ou finamente estratificados.
(iii) A subunidade Jussara Superior, litologicamente apresenta como tipo característico
um calcarenito oncolítico intraclástico de coloração cinza escura a preta, interacamadado e
interlaminado com calcilutitos e calcissiltitos de mesma coloração. A estratificação planoparalela é uma constante por toda a área de ocorrência dos calcarenitos. Estes calcarenitos
também apresentam por toda sua área de ocorrência nódulos de sílex com forma esferoidal
acompanhando o aleitamento das camadas, de composição similar a da rocha encaixante.
Bomfim et al. (1985) constataram que a predominância de calcarenitos oncolíticos por
toda a unidade, e a presença de estratificação cruzada e plano-paralela, sugerem para esta
subunidade uma deposição em um ambiente de submaré.
Unidade Irecê: Segundo Bomfim et.al (1985), entre os litotipos desta unidade, que
constituem turbiditos distais e/ou proximais, predominam calcilutitos laminados com variação
para calcarenitos de textura fina a média, coloração cinza escura a negra, com intercalações de
margas, siltitos, arenitos imaturos e sílex. Os calcilutitos pretos mostram laminação plano
paralela, planos manchados por material avermelhado e passam gradativamente a calcarenitos
de granulação fina a muito fina, com mesma coloração.
Para Bomfim et al. (1985), a associação litológica desta sequência e a falta
generalizada de estruturas sedimentares indicativas de deposição em água rasa, indicam para a
mesma um ambiente deposicional de água profunda, abaixo do nível das ondas, ou seja, um
talude que pode ser subdividido em duas zonas, uma zona distal onde os sedimentos
apresentam maior maturidade e seleção, e uma zona mais proximal onde os sedimentos de
origem terrígena são mais imaturos e mostram estruturas indicativas de deslizamento de
pequena monta.
Misi & Silva (1996) procuraram fazer uma comparação entre as subdivisões realizadas
por Misi (1979) e Bomfim et. al (1985), gerando uma tabela que representa esta correlação
(Tabela 3.1).
38
Tabela 3.1: Comparação entre as subdivisões estratigráficas propostas por Misi (1979) e Bomfim et al. (1985).
39
CAPÍTULO 4
4. METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho foi dividida em sete etapas, da seguinte
maneira:
4.1. Levantamento Bibliográfico
Esta etapa corresponde ao levantamento bibliográfico atualizado de trabalhos, artigos
e publicações relacionadas às rochas carbonáticas em geral.
4.2. Aulas Teóricas
Esta etapa está embasada em aulas ministradas pelo próprio orientador, com
discussões importantes sobre o estudo das rochas carbonáticas, bem como suas características
estruturais, litofaciológicas, deposicionais, composicionais e suas principais feições
diagenéticas.
4.3. Trabalho de Campo
O objetivo do estágio de campo foi voltado para o contato direto com a Formação
Salitre aflorante na área, separando seus domínios litofaciológicos e caracterizando-os de
acordo com os seus ambientes deposicionais.
A campanha de campo foi realizada entres os meses de julho e agosto de 2011, com
duração de cinco dias consecutivos na região da Bacia de Irecê, passando pelas cidades de
Várzea Nova, Morro do Chapéu, Irecê, além dos povoados de Ipanema e Achado, chegando
até as imediações do município de Jussara.
Esta etapa incluiu o reconhecimento regional, amostragem e georreferenciamento, o
que fez com que pudesse ser confeccionado um mapa de caminhamento e amostragem
40
(Anexo 01), bem como uma tebela com os pontos visitados e suas respectivas coordenadas
UTM (Tabela 4.1), além da revisão das litofácies carbonáticas aflorantes na área.
Tabela 4.1: Tabela de Pontos da Formação Salitre (PFS) visitados na campanha de campo, com suas respectivas coordenadas
e unidades associadas.
PONTOS
PFS 1
PFS 2
PFS 3
PFS 4
PFS 5
PFS 6
PFS 7
PFS 8
PFS 9
PFS 10
PFS 11
PFS 12
PFS 13
PFS 14
PFS 15
COORD X
240384
237045
236727
234130
216838
216670
197583
196630
194230
191005
175015
175170
185711
184781
278416
COORD Y
8731797
8733720
8733420
8734390
8741795
8741830
8745650
8746185
8744685
8749720
8774805
8772868
8753971
8753527
8772449
Unidades
Irecê
Nova América e Irecê
Nova América
Irecê
Nova América
Nova América
Nova América
Nova América
Nova América
Irecê
Jussara
Jussara
Irecê
Irecê e Jussara
Fazenda Recife
4.4. Estudos Petrográficos
A Petrografia Sedimentar analisa as rochas por meio de seções delgadas observadas
em microscópio óptico convencional (MOC) ou microscópio eletrônico (ME). Entre os
resultados mais comuns obtidos com essa técnica, no caso das rochas sedimentares, estão a
classificação da rocha, a sua porosidade, empacotamento e a proveniência do litossoma
estudado.
Neste trabalho foram realizadas as descrições macroscópicas e microscópicas, através
das amostras coletadas em alguns pontos visitados na campanha de campo, visando a
caracterização litofaciológica, textural, mineralógica e modal destas, e com base neste
resultado, estabeleceu-se a nomenclatura das rochas de acordo com a classificação atualmente
em uso na Petrobras segundo Brankamp & Power (1958) e Folk (1959) para a macroscopia e
segundo Terra et al. (2010) para a microscopia. As fichas petrográficas compõem o Anexo 02.
41
4.5. Materiais
Para a realização das etapas desta Monografia, foi necessária a utilização de
equipamentos como: lupas binoculares, lâminas delgadas, microscópio petrográfico óptico
convencional OLYMPUS-BX41, câmeras fotográficas, microcomputadores, gráficos, figuras
e tabelas.
4.6. Tratamento de dados
Os dados obtidos nas etapas anteriores foram tratados e integrados para a elaboração
desta monografia. Para isto, foi necessária a utilização de alguns softwares como Excel,
Word, Paint e ArcGIS.
4.7. Confecção do Trabalho Final de Graduação
A integração de todas as etapas supracitadas permitiu a confecção deste Trabalho Final
de Graduação.
42
CAPÍTULO 5
5. PETROLOGIA DAS ROCHAS CARBONÁTICAS: Conceitos básicos
5.1. Principais Constituintes das Rochas Carbonáticas
Em linhas gerais as rochas carbonáticas possuem uma mineralogia pouco
diversificada, composta predominantemente por carbonato de cálcio na forma dos polimorfos
calcita e aragonita, além da dolomita. Seus principais constituintes deposicionais são os grãos,
a matriz carbonática e o cimento. A partir da diagênese é introduzido na rocha o cimento
carbonático nas suas variadas formas. O tipo de grão presente e a sua abundância relativa
associada com a matriz e o cimento possuem um significado importante para o estudo e a
interpretação paleoambiental (Rangel, 2002).
5.1.1. Grãos Aloquímicos (Arcabouço)
Os grãos formadores do arcabouço perfazem em geral seis principais tipos texturais,
denominados por Folk (1959) como aloquímicos. Grãos aloquímicos são gerados no interior
da bacia sedimentar, podendo ou não sofrer transporte. Os principais grãos aloquímicos são:
oolitos, oncolitos, pelóides e ―pellets‖ (pelóides fecais), esferulitos, intraclastos e bioclastos.
5.1.1.1.
Oólitos
Segundo Terra et al. (2010), os oolitos são partículas envelopadas, esféricas a
subesféricas, originadas por acreção físico-química em torno de um núcleo. Os oolitos
possuem, em geral, tamanho areia, variando normalmente entre 0,2 mm e 1,0 mm, mas em
alguns casos raros podem ultrapassar os 2,0 mm.
Terra et al. (2010) determinaram que a estrutura interna dos oólitos é formada por
envelopes concêntricos contínuos em torno do núcleo, constituídos por cristais aciculares com
43
os seus eixos maiores dispostos tangencialmente (concêntrico tangencial) ou radialmente
(concêntrico radial) à superfície do grão (Figura 5.1).
Os oólitos antigos, presentes no estudo desta monografia, apresentam frequentemente
estrutura fibro-radiada, essencialmente diferente da estrutura tangencial dos oólitos
aragoníticos recentes, o que foi interpretado como resultado da recristalização da aragonita
para calcita (Terra et al., 2010).
Terra et al. (2010), constataram que os oolitos marinhos são bons indicadores
paleobatimétricos e da energia deposicional, pois se formam em águas rasas (menos de 5 m de
profundidade) e agitadas, onde são movimentados em ondas de areia, dunas e ondulações, por
ação de ondas, marés e correntes de tempestades.
Figura 5.1: Esquema de constituinte aloquímico do tipo Oólito. Modificado de Terra et al. (2010).
5.1.1.2.
Oncolitos
Segundo Terra et al. (2010), os oncolitos são grãos formados pela acreção organosedimentar de cianobactérias. Eles caracterizam-se por possuírem envelopes descontínuos,
geralmente pouco nítidos, frequentemente com sedimento interno preso entre os envelopes e
forma subesférica a subelíptica (Figura 5.2). A forma externa dos oncolitos, assim como nos
oólitos, é dependente da forma dos núcleos no início. Com o desenvolvimento da acreção, os
oólitos tendem a ser mais esféricos que os oncolitos, já que o processo de acreção inorgânica
exige uma energia ambiental muito mais elevada que a acreção orgânica.
Para Terra et al. (2010), além das características da estrutura interna, utilizam-se os
seguintes critérios indiretos para diferenciar os oncolitos dos oolitos:
44
(i) seleção granulométrica e arredondamento dos grãos: os oólitos, devido à maior
energia ambiental necessária para a sua formação, são mais bem selecionados e arredondados
que os oncolitos;
(ii) presença de matriz micrítica: a alta energia ambiental necessária para a formação
dos oólitos não permite que ocorra a deposição da matriz simultaneamente. Já nos oncolitos,
que podem ser formados em ambientes de baixa energia, é comum a presença de matriz
associada;
(iii) maior frequência de grãos aglomerados nas rochas oncolíticas e de grãos
policompostos nas rochas oolíticas.
Ainda assim, estes critérios supracitados são considerados insuficientes quando os
oncolitos apresentam-se excepcionalmente bem formados ou quando os oolitos encontram-se
com sua superfície micritizada, o que dificulta a distinção entre um e outro.
Oncolitos de laminação irregular e de grandes dimensões (maiores que 5,0 mm),
ocorrendo associados com pelóides e matriz micrítica, são representativos de deposição em
ambientes de baixa energia, em posições protegidas (Terra et al., 2010). Este tipo de oncolito
foi denominado por He Ziai (1982) apud. Terra et al. (2010) de oncolito estático. Condições
de águas rasas e alta energia ambiental podem formar oncolitos subesféricos a esféricos, entre
0,5 mm a 1,0 mm, usualmente com boa seleção e estratificação cruzada, formando barras
deposicionais paralelamente à margem da bacia. Os oncolitos de alta energia foram
denominados por He Ziai (1982) apud Terra at al. (2010) de oncolitos dinâmicos e sua
estrutura interna assemelha-se a dos oólitos, já que existe um forte componente físico-químico
para a sua formação.
Figura 5.2: Esquema de constituinte aloquímico do tipo oncolito. Modificado de Terra et al. (2010).
45
5.1.1.3.
Pelóides e “Pellets” (PelóidesFecais)
Segundo Terra et al. (2010), os pelóides são definidos como grãos micríticos de forma
subesférica sem estrutura interna. Os pelóides podem ser grãos aloquímicos micritizados de
origem desconhecida, clastos de lama ou, então, fragmentos de bioclastos naturalmente
arredondados não reconhecíveis. As algas vermelhas coralináceas formam frequentemente
uma grande quantidade de pelóides pelo quebramento das extremidades arredondadas que,
posteriormente, pelo retrabalhamento, irão formar pelóides (Figura 5.3). Para os grãos
elipsóides de seção circular, com diâmetro em geral entre 0,1 mm e 0,5 mm de origem fecal,
utiliza-se o termo ―pelóide fecal‖, ou pellet quando denominado na literatura inglesa.
Figura 5.3: Esquema de constituintes aloquímicos dos tipos pelóide e pelóide fecal. Modificado de Terra et al. (2010).
5.1.1.4.
Esferulitos
Os esferulitos são partículas de forma esférica ou subesférica de contornos lisos ou
lobados de tamanho geralmente menor que 2 mm. Observados ao microscópio, geralmente
apresentam na porção central formas esféricas ou subesféricas, como composição micrítica e
ricas em vacúolos. Não apresentam núcleos e sua estrutura interna é variada, desde estruturas
radiadas a vacuoladas (Figura 5.4). Os esferulitos são considerados partículas formadas in situ
e podem ocorrer de forma isolada ou amalgamada. Podem ser também retrabalhados e, por
este motivo, também foram incluídos como grãos aloquímicos segundo Terra et al. (2010).
46
Figura 5.4: Esquema de constituinte aloquímico do tipo esferulito. Modificado de Terra et al. (2010).
5.1.1.5.
Terra
et
Intraclastos
al.
(2010)
estabeleceram
que
os
intraclastos
são
fragmentos
penecontemporâneos de sedimentos carbonáticos, parcialmente litificados, que são erodidos e
redepositados como um novo sedimento. Os intraclastos podem ser de fragmentos de lama
parcialmente consolidada ou de areia carbonática parcialmente litificada (Figura 5.5). O
reconhecimento da composição dos intraclastos em uma rocha carbonática pode ser muito
importante para reconstituições paleoambientais. Correntes de turbidez podem depositar
grainstones compostos por grãos da plataforma rasa misturados com intraclastos do
talude/bacia que, sendo reconhecidos, serão fundamentais para a definição do ambiente
deposicional.
A ocorrência de rochas compostas por fragmentos de estromatolitos e trombolitos é
comum. Nestes casos, Terra et al. (2010) optaram pela designação ―fragmentos‖, pois não são
intraclastos, conforme a definição supracitada, e nem bioclastos, pois mesmo considerando
que todos os estromatólitos e trombolitos sejam de origem biogênica, a construção é
considerada um depósito organo-sedimentar.
Figura 5.5: Esquema de constituinte aloquímico do tipo intraclasto. Modificado de Terra et al. (2010).
47
5.1.1.6.
Bioclatos
Terra et al. (2010) determinaram que os bioclastos são os principais constituintes das
rochas carbonáticas e englobam todos os fósseis de estruturas calcárias de organismos ou os
fragmentos destas estruturas (Figura 5.6).
A petrografia é o método mais utilizado para a identificação dos bioclastos. Para o
reconhecimento dos bioclastos em lâminas petrográficas, Terra et al. (2010) estabeleceram os
seguintes critérios:
(i) forma (s) do organismo;
(ii) microestrutura da concha;
(iii) mineralogia da concha;
(iv) associação dos organismos (contexto deposicional e temporal).
Entre os principais constituintes bioclásticos presentes nas rochas carbonáticas
destacam-se fragmentos de gastrópodes, bivalvos, espinhos e placas de equinóides e
crinóides, foraminíferos bentônicos e planctônicos, algas calcárias, briozoários, corais, entre
vários outros.
Figura 5 6: Esquema de constituinte aloquímico do tipo bioclasto. Modificado de Terra et al. (2010).
Nesta monografia, durante o estudo da Formação Salitre na área investigada,
observou-se a presença de alguns destes constituintes das rochas carbonáticas, sendo eles:
oolitos, oncolitos, pelóides e intraclastos. Estes estão distribuídos como componentes das
fácies carbonáticas encontradas e estudadas na campanha de campo.
5.1.2. Matriz Carbonática
Segundo Terra et al. (2010), a matriz microcristalina, também denominada lama
carbonática ou micrita, é um dos constituintes mais comuns e abundantes em rochas
48
carbonáticas. O termo micrita foi introduzido na literatura de carbonatos por Folk (1962)
apud. Terra et al. (2010), que definiu em inglês micrite como um abreviatura de
microcrystalline calcite. Uma das definições tradicionais de matriz considera todo material
carbonático constituído de cristais menores que 4 µm. Atualmente, todo material menor que
0,0625 mm, que corresponde ao tamanho silte, é interpretado como matriz.
A origem da matriz carbonática é um dos assuntos mais polêmicos na sedimentologia.
Na literatura, segundo Terra et al. (2010) são registrados ciclicamente mecanismos principais
para a origem da lama carbonática:
(i) abrasão mecânica de partículas carbonáticas maiores;
(ii) desintegração de organismos calcários frágeis;
(iii) bioacumulação de microorganismos;
(iv) intervenção de organismos na precipitação química
5.1.3. Cimento
O cimento é considerado um dos constituintes mais freqüentes nas rochas
carbonáticas. A cimentação ocorre quando os fluidos nos poros estão supersaturados com a
fase da cimentação; há fluxo destes fluidos e não ocorrem fatores cinéticos que inibam sua
precipitação. Os minerais carbonáticos mais importantes relacionados ao processo de
cimentação são a aragonita, a calcita magnesiana, a calcita de baixo teor de magnésio e a
dolomita. O cimento é sempre considerado o preenchimento de algum espaço poroso na rocha
(Terra at al., 2010).
5.2. Classificação das Rochas Carbonáticas
Das diversas classificações propostas, as principais são as de Brankamp & Power
(1958) e as clássicas de Folk (1959, 1962) e Dunham (1962), além das classificações de
Embry e Klovan (1971) e de Terra et al. (2010).
49
5.2.1. Classificação de Brankamp & Powers (1958) e Folk (1959)
Esta classificação (Figura 5.7), sempre utilizada na Petrobras, identifica as rochas
carbonáticas granulometricamente, levando em conta os constituintes aloquímicos, a
matriz/cimento e suas variações. Os carbonatos são divididos da seguinte forma: (i)
Calcirruditos: rochas constituídas de grãos com dimensões maiores que 2 mm; (ii)
Calcarenitos: rochas constituídas de grãos cujos tamanhos variam da ordem de 0,062 mm até
2 mm; (iii) Calcissiltitos: rochas cujos grãos possuem, segundo alguns autores, variação de
suas dimensões entre 0,04 mm e 0,062 mm; e (iv) Calcilutitos: rochas cujos grãos possuem
dimensões menores que 0,04 mm. As outras nomenclaturas referem-se a bioconstruções e
organismos depositados ―in situ‖, reconhecidos como Biolititos
e Bioacumulados
respectivamente, além de rochas com textura original irreconhecível, denominados de
Espatitos-Microespatitos e Doloespatitos-Microdoloespatitos.
Figura 5.7: Classificação Granulométrica, sempre utilizada pela Petrobras. Adaptada de Brankamp & Power (1958) e Folk
(1959).
50
5.2.2. Classificação de Folk (1959; 1962)
Segundo Terra et al. (2010), esta classificação (Figura 5.8) é fundamentalmente
composicional, ou seja, é baseada nos grãos aloquímicos, na matriz e no cimento. Esta
classificação abrange quatro grupos básicos: (i) carbonatos onde os grãos aloquímicos estão
cimentados por calcita espática, (ii) carbonatos onde os grãos aloquímicos estão relacionados
à matriz micrítica, (iii) carbonatos formados por calcita microcristalina sem a presença de
aloquímicos, e (iv) carbonatos formados por estruturas orgânicas desenvolvidas in situ,
conhecidas como biolititos. Os dois primeiros grupos abrangem as rochas aloquímicas, o
terceiro compreende as rochas ortoquímicas e o quarto grupo está compreendido pelas rochas
recifais e construções autóctones.
Figura 5.8: Classificação de rochas carbonáticas. Retirado de Terra et al. (2010) adaptado de Folk, (1962).
51
5.2.3. Classificação de Dunham (1962)
Segundo Terra et al. (2010), esta classificação (Figura 5.9) é baseada na textura
deposicional, onde são definidos quatro grupos de rochas: (i) carbonatos com matriz (grãosuportados ou não), (ii) carbonatos sem matriz (grão-suportado), (iii) carbonatos relacionados
a componentes originais ligados durante a deposição, e (iv) carbonatos essecialmente
formados por cristais que podem ser de calcita e/ou dolomita.
Mudstone – Rocha carbonática suportada pela matriz com menos de 10% de grãos tamanho
areia ou maior.
Wackestone – Rocha carbonática suportada pela matriz com mais de 10% de grãos tamanho
areia ou maior.
Packstone – Rocha suportada pelos grãos com matriz.
Grainstone – Rocha carbonática suportada pelos grãos, sem matriz (máximo de 5%).
Boundstone – Rocha carbonática formada in situ, cujos componentes da trama original foram
ligados durante a deposição.
Cristalline – Rocha carbonática totalmente recristalizada, não sendo possível identificar sua
textura deposicional original.
Figura 5.9: Classificação de rochas carbonáticas. Retirado de Terra et al. (2010) adaptado de Dunham (1962).
52
5.2.4. Classificação de Embry e Klovan (1971)
Segundo Terra at al. (2010), esta classificação (Figura 5.10) é uma ampliação de
Dunham para as rochas recifais. Os autores responsáveis por esta classificação utilizaram a
classificação de Dunham, eliminando a categoria Boundstone e incluindo mais cinco
categorias: Floatstone, Rudstone, Bafflestone, Bindstone e Framestone.
Figura 5 10: Classificação de rochas carbonáticas. Retirado de Terra et al. (2010) adaptado de Embry e Klovan (1971).
5.2.5. Classificação de Terra at al. (2010)
Segundo Terra et al. (2010), esta classificação (Figuras 5.11 e 5.12) faz uma sinergia
entre as diversas classificações clássicas existentes, adaptando ou modificando alguns termos,
além de introduzir novas denominações. As rochas carbonáticas foram divididas em quatro
grandes grupos de acordo com a textura deposicional: (i) elementos não ligados durante a
formação
(mudstone,
wackestone,
packestone,
grainstone,
floatstone,
rudstone,
bioacumulado, brecha); (ii) elementos ligados durante a formação in situ (boundstone,
estromatolito,
estromatolito
arborescente,
estromatolito,
arbustiforme,
estromatolito
dendriforme, trombolito, dendrolito, leiolito, esferulito, travertino e tufa); (iii) elementos
ligados ou não durante a formação (laminito, laminito liso, laminito crenulado); e (iv) textura
deposicional irreconhecível (calcário cristalino, dolomito).
53
Figura 5.11: Classificação de rochas carbonáticas, atualmente em uso na Petrobrás, segundo Terra et al. (2010).
54
Figura 5.12: Classificação de rochas carbonáticas, atualmente em uso na Petrobras, segundo Terra et al. (2010).
55
5.3. Feições Diagenéticas das Rochas Carbonáticas
Segundo Martínez (2007), a diagênese é definida pelas transformações que se
produzem nas características e composição dos sedimentos desde o momento de sua
sedimentação até que esses materiais atinjam o campo do metamorfismo. Aproximadamente
até temperaturas de 200°C, pressões que variam entre 1 bar e 1 Kbar e profundidades de 10 a
15 Km. Em resumo, a diagênese tem lugar sob condições de pressão e temperatura
características da crosta externa da Terra e da sua superfície. Os processos pós-deposicionais
muito precoces como a bioturbação, perda de água, etc. são normalmente excluídos desta
definição.
A diagênese subdivide-se em três estágios:
1) Eogênese: inclui os processos ou mudanças diagenéticas, que tem lugar perto da superfície
de sedimentação, onde as soluções intersticiais estão ainda em contato com a massa de água
superficial (Martínez, 2007);
2) Mesogênese: inclui os processos ou mudanças que se produzem quando as soluções que
preenchem a porosidade, por soterramento, ficam isoladas da massa de água superficial. Em
estudos de matéria orgânica à mesogênese denomina-se catagênese (Martínez, 2007);
3) Telogênese: acontece sob a influência direta de soluções meteóricas, depois que as rochas
sedimentares passaram por processos de soerguimento e erosão (Martínez, 2007).
A diagênese de carbonatos opera em quatro ambientes principais: marinho, meteórico,
de soterramento e de mistura de águas.
A maior parte dos carbonatos é depositada em plataformas rasas e os processos
diagenéticos geralmentes são iniciados no ambiente freático marinho. Este ambiente é
caracterizado por processos como impulsão de água através dos sedimentos pelas ondas,
marés e correntes, preenchimentos dos poros com água do mar e ausência de dissolução nos
ambientes rasos. Estes processos geram produtos como agulhas de aragonita com distribuição
desordenada, aragonita fibrosa formando franjas em isópacas, aragonita botrioidal, contatos
poligonais entre as franjas fibrosas em isópacas, interdigitação entre cimento e sedimento,
perfuração no cimento e cimentação mais intensa nos recifes ou em zonas de arrebentação.
No ambiente meteórico, a água que preenche, parcial ou totalmente os poros, é a água
doce. Diferencia-se uma zona vadosa, na qual a porosidade está ocupada por água e ar, e a
zona freática, onde a porosidade é ocupada completamente por água. A diagênese meteórica
não fica restrita às áreas continentais, senão também a plataformas, atols, etc. que tem sido
expostos subaereamente (Martínez, 2007). Os processos mais importantes deste ambiente são:
56
1) dissolução e precipitação (controlados pela química da água);
2) neomorfismo (controlado pela mineralogia inicial).
Nos ambientes diagenéticos profundos, a pressão e a temperatura aumentam com o
aumento da lâmina d’água. Os fluidos intersticiais podem ser iguais ou similares aos que
ficaram presos entre os grãos no momento da sedimentação (águas conatas) o podem derivar
de outras fontes como salmouras associadas a hidrocarbonetos, águas diagenéticas a partir de
argilas saturadas em água, etc. Os processos mais importantes são a compactação mecânica e
química, cimentação e neomorfismo (Martínez, 2007).
Em zonas rasas sub-superficiais, onde as águas marinhas se misturam com as
continentais, ainda é definido um quarto ambiente diagenético que é conhecido como a zona
de mistura de águas. Esta zona é muito favorável aos processos de dolomitização.
Os principais processos diagenéticos são: cimentação, compactação, dissolução,
neomorfismo, substituição (dolomitização e silicificação).
5.3.1. Cimentação
Entende-se por cimentação a obliteração de cavidades pré-existentes no sedimento ou
rocha através da precipitação química de minerais. Os principais minerais que ocorrem como
cimento em rochas carbonáticas são aragonita e calcita, cada qual ocorrendo em ambiente
diagenético determinado e com forma cristalográfica específica. Para que os minerais
cimentantes precipitem nos poros de um sedimento ou rocha sedimentar é necessário que os
fluidos intersticiais que ocupam estes poros estejam supersaturados na espécie mineral
correspondente, assim como que existam condições cinéticas adequadas para que seja viável o
processo (Martínez, 2007).
O tamanho, hábito, forma, fábrica e textura são elementos básicos na descrição e
interpretação dos cimentos. O tamanho dos cristais pode ser muito variável, desde algumas
micras (cimento micrítico) até vários metros Tanto o hábito como a forma referem-se às
características de um cristal individual do cimento. Convencionalmente considera-se que a
forma de um cristal pode ser equidimensional (equant), colunar (bladed) ou fibrosa (Folk,
1965) apud. Martínez (2007).
O
hábito,
quando
sua
interferência
com
cristais
contíguos
permite
seu
desenvolvimento, pode ser muito variado: romboédrico, escalenoédrico, prismático, trigonal.
A fábrica e a textura são termos equivalentes que se aplicam a um grupo de cristais. De
maneira geral os cimentos dividem-se, com base na sua textura, em duas grandes categorias:
57
A) aqueles que tendem a contornar a superfície dos poros (de maneira contínua ou
descontínua);
B) aqueles que tendem a preencher completamente os poros.
Os cimentos do tipo A tendem a ser relativamente precoces e incluem muitas
variedades texturais: cimentos em menisco (descontínuos, concentrados nos contatos entre os
grãos), micro-estalactiticos (descontínuos, também conhecidos como gravitacionais),
sintaxiais (em continuidade ótica com o seu suporte), fibrosos, em paliçada, etc. Quando estes
cimentos contornam poros intergranulares são denominados circumgranulares (Moore, 1989)
apud. Martínez (2007).
Os cimentos do tipo B geralmente são posteriores aos do tipo A e sua feição textural
característica é o mosaico, formado por cristais anedrais-subedrais, como conseqüência do seu
crescimento competitivo. Os mosaicos formados por cristais cujos tamanhos são similares
entre si denominam-se equidimensionais. Com freqüência, o tamanho dos cristais de um
mosaico vai aumentando progressivamente desde as paredes do poro até o centro da cavidade,
recebendo, então, o nome de cimento drusy (drusiforme) (Martínez, 2007).
5.3.2. Compactação
Os processos de compactação são frequentes em rochas carbonáticas e podem ser
subdivididos em duas categorias; mecânicos ou físicos e químicos (Bathurst, 1986).
A compactação mecânica começa a atuar logo após a deposição do sedimento,
enquanto a compactação química ocorre sob condições de soterramento profundo (deep
burial). A compactação mecânica produz, entre outros efeitos, empacotamento, fraturamento
e rotação de grãos, além de impor, às vezes, uma redução de espessura em sedimentos
lamosos, por perda de água, com redução de porosidade. A compactação química e a
dissolução por pressão ocorrem sob soterramento e as feições mais comuns são dissolution
seams, estilólitos e os contatos interpenetrativos de grãos (Bathurst, 1987).
Analogamente às areias quartzosas, as areias carbonáticas sofrem pouca ou nenhuma
compactação. As lamas carbonáticas, por exemplo, diferentemente das lamas terrígenas
sofrem pouca compactação, e este fato, segundo alguns pesquisadores (Zankl, 1969 apud.
Martínez, 2007), poderia ser atribuído à sua cimentação precoce.
58
5.3.3. Dissolução
Os sedimentos carbonáticos são bastante susceptíveis à dissolução, levando à remoção
de conchas e outros fragmentos esqueletais e ao aumento de porosidade. Naturalmente estes
vazios podem ser posteriormente preenchidos por cimentação. Outra feição de dissolução por
pressão muito comum em sedimentos carbonáticos, é a formação de estilólitos que podem
reduzir a espessura original em até 40% (Suguio, 2003 apud. Martínez, 2007).
Segundo Tucker (1991), além de mega-feições, a dissolução ocorre também na escala
microscópica, onde são observados dissolução parcial ou total de grãos, gerando poros
móldicos, e alargamento dos poros intergranulares previamente existentes.
5.3.4. Neomorfismo
É o termo usado para designar todos os espatos formados ―in situ‖, originados pela
substituição de um mosaico de cristalinidade mais fina. Este termo deve ser usado
substituindo a palavra recristalização que é muito usada para as rochas metamórficas.
5.3.5. Substituição
É o processo no qual um mineral é substituído por outro de composição química
diferente (Tucker, 1981 apud. Martínez, 2007). Geralmente o processo é denominado pelo
nome do mineral que substitui. O fenômeno de substituição mais freqüente é a dolomitização,
embora silicificação, fosfatização e outras substituições sejam também conhecidas.
5.3.5.1.
Dolomitização
As condições de formação da dolomita, em laboratório, são difíceis de ser obtidas,
porém, teoricamente, a precipitação direta seria como mostra a reação abaixo:
Ca+2 (aq) + Mg+2 (aq) + 2CO3-2 (aq) = CaMg (CO3)2 (sólido)
Entretanto, a maior parte dos dolomitos são formados pela substituição parcial do íon
+2
Ca pelo íon Mg+2 e a equação da dolomitização seria:
2CaCO3 (sólido) + Mg+2 (aq) = CaMg (CO3)2 (sólido) + Ca+2(aq)
As principais teorias utilizadas para explicar as dolomitas no registro geológico
baseiam-se na analogia com os ambientes recentes. Dentre as principais teorias destacam-se o
59
modelo de fluxo hipersalino denso (seepage reflux), o hipersalino ou de sabkha, o modelo de
mistura de águas (modelo Dorag) e o modelo dos reservatórios carbonáticos dolomitizados
produzidos por fluxos hidrotermais de origem estrutural e tectônica.
A formação de salmouras pode estar associada também a lagos e baías com
evaporação acentuada. As águas desta forma ficariam altamente concentradas, promovendo
um aumento de sua densidade e concomitante formação de fluxos descendentes de grandes
volumes destas salmouras ricas em Mg. Estes fluxos promovem a dolomitização de
sedimentos subjacentes, inclusive em regiões de intermaré e inframaré. Este modelo é
denominado de ―fluxo hipersalino denso‖ ou seepage reflux (Adams & Rhodes, 1960).
A concentração de salmouras pode ocorrer por evaporação de águas capilares nos
sedimentos dos sabkhas. Sob estas condições, fluxos ascendentes de águas subterrâneas
saturadas são responsáveis pelo reabastecimento da água perdida por evaporação. Desta
forma, as dolomitas ocorrem onde o fluxo de recarga é baixo ou nulo. Este processo é
denominado ―bomba de evaporação‖ (Hsu & Scheneider, 1973; Mckenzie et alii, 1980). O
modelo de bomba de evaporação pode ser associado à fácies de inter e supramaré, sem
necessariamente haver evidências de evaporitos, uma vez que estes podem não ter sido
precipitados ou preservados (Marçal, 1993).
Um importante modelo é o de misturas de águas (―Dorag‖). O modelo foi proposto
por Hanshaw et alii (1971) a partir do estudo de frentes de dolomitização na interface de
aquíferos confinados com águas marinhas no Terciário da Flórida. Na mistura da água do mar
com a água doce, a razão Mg++/Ca++ é mantida. Entretanto, alguns obstáculos físicoquímicos são removidos, catalisando as reações, proporcionando a formação das dolomitas. A
dolomitização ocorre quando a solução encontra-se diluída a tal ponto que deixa de sofrer a
interferência de outros íons na reação.
Existem evidências que cada vez mais sugerem que muitos reservatórios carbonáticos
dolomitizados foram formados ou modificados, em termos de qualidade dos reservatórios, por
fluxos de fluidos hidrotermais controlados por eventos tectônicos, como falhas ativas.
A diagênese hidrotermal ocorre quando fluidos são introduzidos através de falhas ou
fraturas, nas rochas hospedeiras, em temperaturas que excedem a temperatura ambiente da
formação, de pelo menos 5ºC. Não existe uma faixa de temperatura definida para que ocorram
as alterações hidrotermais. Porém, os fluidos devem ser mais quentes do que a temperatura da
formação, no seu ambiente de soterramento.
Na maioria dos casos, os fluidos hidrotermais possuem pressão mais elevada do que os
fluidos existentes no sistema poroso da formação. De maneira geral, a dolomitização é
60
definida como aquela que ocorre sob condições de soterramento pouco profundo, por fluidos
caracteristicamente de alta salinidade.
5.3.5.2.
Silicificação
A silicificação, como a dolomitização, pode ocorrer durante a diagênese precoce ou
tardia, na forma de substituição seletiva de fósseis ou através do desenvolvimento de nódulos
de chert e camadas silicosas. A sílica pode também ocorrer como cimento em alguns
calcários, cujos principais tipos de sílica diagenética são: cristais de quartzo euédricos,
microquartzos e calcedônia (Tucker, 1992 apud. Martínez, 2007).
5.4. Porosidade das Rochas Carbonáticas
Segundo Martínez (2007), a diagênese e a porosidade das rochas carbonáticas devem
ser consideradas como propriedades intimamente relacionadas. A porosidade em sedimentos e
rochas carbonáticas tem origem complexa já que pode ter-se produzido antes, durante ou
depois do processo de sedimentação.
Para Tucker & Wright (1990).os poros são tão relevantes quanto os grãos, a matriz e o
cimento, pois são eles que tornam os calcários tão importantes na exploração de
hidrocarbonetos. A porosidade de uma rocha é a relação do espaço poroso total ao volume
total da rocha, e esta é geralmente dada como uma porcentagem. A importância de um
reservatório carbonático realmente depende mais de sua permeabilidade, que controla a
possibilidade de reter hidrocarbonetos, do que sua porosidade simplesmente. Algumas rochas
são porosas, mas têm baixa permeabilidade e, portanto, é a porosidade efetiva que as torna
importantes, pois ela está relacionada ao volume de poros efetivamente conectados.
Os reservatórios normalmente apresentam variações horizontais e verticais de
porosidade. A quantidade, tamanho, geometria e grau de conectividade.dos poros controlam
diretamente a produtividade do reservatório. Medida direta ou indiretamente, a porosidade das
rochas podem ser classificadas como insignificante (0-5%), pobre (5-10%), regular (10-15%),
boa (15-20%), ou muito boa (>20%).
Dois tipos básicos carecterizam a porosidade, senda ela primária ou secundária. A
primária (ou deposicional), é formada durante a deposição dos sedimentos, podendo ser inter
ou intragranular. Esta porosidade tende a diminuir com o soterramento, pelo efeito da
61
compactação mecânica e da diagênese. Já a porosidade secundária, que ocorre com mais
frequência nas rochas carbonáticas, forma-se após a deposição, geralmente como processo da
dissolução.
Várias técnicas podem ser usadas para estimar a porosidade em calcários, mas uma
técnica comumente usada envolve a contagem de pontos. No entanto, a estimativa do volume
de poros por esta técnica está sujeita a erros (Tucker & Wright (1990).
A porosidade em calcários é bastante diferente daquela em arenitos. Está muito mais
sujeita a erros no tipo e distribuição dentro de um reservatório, e é geralmente muito menor do
que no reservatório de arenito (Choquete & Pray, 1970) apud. Tucker & Wright (1990). Os
reservatórios carbonáticos têm valores de porosidade tão baixos quanto 5-10%, enquanto a
maioria doa reservatórios de arenito têm valores de 15-30%. De um modo geral, a porosidade
em calcários é controlada pelas feições diagenéticas, tais como: dissolução, substituição e
cimentação.de origem diagenética, e, como um resultado, é mais difícil de predizer a
qualidade de um reservatório carbonático, que será controlado pelos tipos originais de fácies e
processos diagenéticos posteriores.
Existem vários tipos de classificações da porosidade para as rochas carbonáticas.
Entretanto, uma das mais utilizadas é a de Choquette & Pray (1970) que classificou a
porosidade em três grupos (Figura 5.13). Os tipos de porosidades definidos por Choquette e
Pray (1970) classificam-se em função da seletividade ou não da textura:
Figura 5 13: Classificação dos tipos de porosidade de acordo com Choquette & Pray (1970).
62
Estes tipos de porosidades são caracterizados da seguinte maneira:
Intergranular (interpartícula): Esta é a original e primária porosidade deposicional do
sedimento, e os tipos de empacotamentos da trama serão importantes para controlar os tipos
de espaços porosos encontrados.
Intragranular: Esta é a porosidade que ocorre dentro dos grãos, especialmente em materiais
esqueletais. Tal porosidade é comumente muito localizada e sua eficácia dependerá da
micropermeabilidade do grão, e da fábrica geral da rocha.
Intercristalina: Esta é a porosidade que se faz presente entre os cristais. Esta ocorre mais
comumente em dolomitos e representa uma porosidade secundária (Wardlaw, 1979) apud
Tucker & Wright (1990). Também ocorre em depósitos evaporíticos e em calcários
recristalizados.
Móldica: Alguns grãos sofrem dissolução tão intensa que não sobram elementos para que
possam ser identificados, restando apenas os limites externos marcados por resíduos opacos
ou pelos moldes em cristais do cimento.
Fenestral: Fenestras são pequenos poros que são comuns em carbonatos de ambiente de
intermaré e, normalmente, formam-se por causa da dessecação e da geração de gás.
“Shelter”: Poros do tipo Shelter, também conhecidos como ―poros guarda-chuva‖, são
cavidades formadas sob partículas maiores, tais como conchas com convexidade voltada para
cima.. Este é um tipo de porosidade menor, mas pode complementar outras porosidades.
Construções Orgânicas: Este tipo de porosidade é gerada por crescimento esqueletal de
bioconstruções tais como corais, estromatoporóides ou algas calcárias.
Fratura: Fraturas comumente resultam da deformação tectônica, escorregamentos e colapsos
associados à dissolução em evaporitos e calcários. Esta porosidade é muito comum e pode
aumentar consideravelmente a permeabilidade efetiva de um calcário.
Canal: Calcários são propensos à dissolução em águas subsaturadas, e um produto comum é a
porosidade de canal, comumente desenvolvida ao longo de fraturas. Por definição, um canal é
um poro alongado com um comprimento de dez vezes o seu diâmetro.
Vugular: Vugs são poros com um diâmetro superior ao tamanho médio dos constituintes da
rocha. O termo porosidade pin-point é às vezes usado para porosidade microvugular,
especialmente em dolomitos, que podem abranger formas de pososidade intercristalina.
63
Caverna: Poros cavernosos são poros de grande porte, em forma de canal ou vugs. Eles são
essencialmente solucionais na origem e estão associados aos processos paleocársticos.
Brecha: Esta é uma continuidade da porosidade de fratura, onde os fragmentos têm sua
própria porosidade interpartícula, e como a porosidade de fratura, eles podem ter uma origem
baseada no tectonismo ou na dissolução.
Perfurações: Esta porosidade resulta da atividade biológica.
Escavações: Esta, assim como a porosidade Borring, resulta da atividade biológica.
Encolhimento: Esta porosidade resulta dos processos da dissecação.
Estilolítica: Esta porosidade é um tipo adicional que não foi incluída por Choquette e Pray.
Enquanto em muitos calcários, estilolitos representam zonas de porosidade grau muito baixo
ou zero, eles podem agir tanto como porosidade e como canais importantes para a migração
de fluidos (Longman, 1982) apud. Tucker & Wright (1990).
64
CAPÍTULO 6
6. CARACTERIZAÇÃO
LITOFACIOLÓGICA
DA
FORMAÇÃO
SALITRE
O conceito de fácies em estratigrafia e paleontologia foi introduzido pela primeira vez
formalmente por Gressly (1838) para denominar a soma dos aspectos litológicos e
paleontológicos de uma certa unidade estratigráfica.
As fácies, neste trabalho, são representadas por um conjunto de feições que
caracterizam uma unidade sedimentar carbonática, tais como cor, granulometria, estruturas
sedimentares, geometria deposicional, fósseis, constituintes carbonáticos ou paleocorrentes.
Nesta Monografia, as litofácies carbonáticas serão caracterizadas baseadas na
subdivisão feita por Bomfim et. al (1985). Porém, serão descritas e interpretadas
litofaciologicamente de acordo com três unidades informais observadas em campo: Nova
América, Jussara e Irecê. Há também mais uma unidade ainda não definida, encontrada na
Fazenda Recife. A associação destas litofácies é representada por um grupo de fácies
geneticamente relacionadas e que possui um significado ambiental. Esta subdivisão informal
de unidades, levando em conta a paleobatimetria deposicional e as variações litofaciológicas
dos carbonatos, encontra-se sumarizada na Figura 6.1.
65
Figura 6 1: Perfil esquemático de variação de litofácies carbonáticas da Formação Salitre segundo Pereira & Medeiros (2011), retirado de Pereira & Reis (2011)..
66
6.1. Unidade Nova América
6.1.1. Descrição Macroscópica
Esta unidade é macroscopicamente constituída por:
(i) Laminitos Microbiais encontrados nos povoados de Ipanema e Achado,
correspondendo aos pontos PFS-5, PFS-6 e PFS-7 do mapa de caminhamento. São
caracterizados por uma alternância de laminações e de colorações variando de cinza-claras a
cinza-escuras, possuindo dimensões milimétricas a centimétricas. São visíveis ao longo desta
litologia algumas feições de ressecamento na forma de ―tepees‖ embrionários com vértices
apontados para o topo, (Foto 6.1) tratando-se de estruturas geopetais, além de ter de níveis e
camadas de brechas sedimentares. Este ressecamento gera, por vezes, níveis quebradiços, com
presença de intraclastos centimétricos destacados nos laminitos (Foto 6.2).
Foto 6.1: Afloramento do tipo lajedo da Unidade Nova América mostrando feição de ressecamento do tipo ―tepee”
embrionário (setas vermelhas) com vértice apontando o topo para sul. Localizado no povoado de Ipanema. Coordenadas UTM:
216838/8741795.
67
Foto 6.2: Afloramento do tipo lajedo da Unidade Nova América mostrando nível de exposição e quebramento com
retrabalhamento e remobilização de intraclastos centimétricos. Localizado no Povoado de Ipanema. Coordenadas UTM:
216838/8741795.
Feições de dissolução por pressão do tipo estilolitos são comuns, e geram, por vezes,
falsos truncamentos que podem ser confundidos com estruturas como hummockys, além da
presença de pequenas falhas e fraturas (Foto 6.3).
Foto 6.3: Afloramento do tipo lajedo da Unidade Nova América, mostrando feição diagenética do tipo dissolução com visível
estilolitização na parte superior da foto (seta vermelha) e pequenas fraturas (setas pretas) no Laminito Microbial. Localizado
no Povoado de Ipanema. Coordenadas UTM: 216838/8741795.
68
É comum também a presença de nódulos de calcita que intercrescem nos ―tepees” (Foto
6.4), além de nódulos de sílex, representando a feição diagenética do tipo substituição (Foto
6.5).
Foto 6.4: Afloramento do tipo lajedo da Unidade Nova América mostrando nódulo de calcita intercrescido em ―tepee‖ maduro
por substituição. Localizado na Fazenda Catavento. Coordenadas UTM: 197583/8745650.
Foto 6.5: Afloramento da Unidade Nova América evidenciando feição diagenética do tipo substituição com visíveis nódulos de
sílex (setas vermelhas), localizado na Fazenda Catavento. Coordenadas UTM: 197583/8745650.
69
Também são encontrados laminitos microbiais cinzentos, com lâminas milimétricas a
centimétricas, onde é comum a abundância de feições de ressecamento do tipo ―tepees‖
maduros com o topo (vértice) apontando para o Norte. Entre estes níveis de ―tepees‖, ocorrem
camadas mais espessas de lama, da ordem de 5 cm, com uma coloração cinza-escura,
aparentemente maciças e mostrando certa ciclicidade (Foto 6.6).
Foto 6.6: Afloramento de Laminitos Microbiais em lajedo da Unidade Nova América, mostrando níveis de Tepees com
camadas de lama (setas amarelas) com textura maciça entre estes ―tepees‖, evidenciando uma ciclicidade. Localizado na
Fazenda Catavento. Coordenadas UTM: 197583/8745650.
(ii) Calcarenitos Intraclásticos Peloidais encontrados no povoado de Achado e na
Fazenda Canaã, correspondendo aos pontos PFS-8 e PFS-9 do mapa de caminhamento.
Possuem granulação fina e coloração bege, em níveis com espessuras decimétricas a métricas.
São caracterizados pela presença de estruturas sedimentares como estratificações cruzadas
(Foto 6.7) e ―wavy‖. Em Achado, é possível encontrar níveis de bioconstruções
estromatolíticas, com desenvolvimento incipiente, do gênero Jurussania Krylov (Foto 6.8). Esta
bioconstrução surge por entre as camadas do calcarenitos. Na fazenda Canaã esta litologia
aparece dobrada e deformada (Foto 6.9), possivelmente pelo tectonismo que atuou na bacia.
70
Foto 6.7: Afloramento do tipo lajedo de calcarenito peloidal da Unidade Nova América, mostrando estratificação cruzada.
Localizado no Povoado de Achado. Coordenadas UTM: 196630/8746185.
Foto 6.8: Afloramento da Unidade Nova América mostrando nível incipiente de estromatólitos do gênero Jurussania Krilov.
Localizado no Povoado de Achado. Coordenadas UTM: 196630/8746185.
71
Foto 6.9: Afloramento em bloco do calcarenito peloidal da Unidade Nova América, mostrando estratificação cruzada
deformada. Localizado na Fazenda Canaã. Coordenadas UTM: 194230/8784685.
(iii) Estromatólitos arborescentes do gênero Jurussania Krylov encontrados no povoado
de Achado e na Fazenda Canaã, correspondendo aos pontos PFS-8 e PFS-9 do mapa de
caminhamento. Estas bioconstruções colunares (Foto 6.10) estão caracterizadas pela presença
de algumas ramificações e ligações laterias. Possuem uma coloração cinza-clara, e têm uma
altura média de 10 cm e diâmetro variando entre 1,6 e 3,2 cm (Souza et al., 1993), sendo que o
diâmetro, por vezes, no topo, é aparentemente maior que na base destas bioconstruções.
Apresentam laminações entre as colunas, que são convexas para baixo e possuem feições de
silicificação promovidas pela diagênese. Estas colônias nascem em um substrato formado por
camadas de calcarenitos intraclásticos peloidais (Foto 6.11).
72
Foto 6.10: Afloramento da unidade Nova América, formado por estromatólito do gênero Jurusania Krylov. Localizado na
Fazenda Canaã. Coordenadas UTM: 194230/8784685.
Foto 6.11: Afloramento da Unidade Nova América tendo como substrato camadas de Calcarenito Intraclástico Pleoidal na
parte inferior. Localizado na Fazenda Canaã. Coordenadas UTM: 194230/8784685.
Nos afloramentos visitados, o empilhamento vertical máximo destes estromatólitos
chega a 2 m, enquanto que em outros locais, o empilhamento pode atingir uma espessura
máxima de 10 m. Muitas vezes é possível observar a presença de material cinza-escuro
73
acumulado nos espaços entre as colunas. Este material é caracterizado por apresentar um alto
teor de fosfato, em geral maior que 30% de P 2O5 (Srivastava & Rocha, 2002).
6.1.2. Descrição Microscópica
Para esta unidade foram estudadas duas lâminas que correspondem às seguintes
litologias:
(i) Grainstone constituído por grãos aloquímicos não reconhecíveis, juntamente com
grãos peloidais, representando cerca de 35% da lâmina. Ocorre também a presença de calcita e
dolomita associadas (62%), raros minerais opacos disseminados (1%) e porosidade do tipo Vug
(2%) (Fotomicrografia 6.1). Os pelóides ocorrem de forma disseminada na lâmina e a rocha é
caracterizada por uma textura fina.
Ocorrem feições diagenéticas como o neomorfismo, que mascarou os aloquímicos,
fazendo com que estes grãos estejam praticamente imperceptíveis, com ocorrência de matriz
residual e fraturas preenchidas por calcita espática (Fotomicrografia 6.2), além de
dolomitização com cristais de dolomita microcristalina. Segundo a classificação de rochas
carbonáticas de Terra et al. (2010), a rocha tem uma textura ―mud supported‖, mas com a
avaliação da amostra de mão, podemos caracterizá-la como um Grainstone Peloidal
Neomorfisado Dolomitizado.
Fotomicrografia 6.1: Lâmina do Grainstone, com calcita neomórfica (Cal), e dolomitização (Dol) associados à calcita, além
pelóides (Pel), minerais opacos (Opc) e visível porosidade vugular (Vug) nas partes superior central e inferior esquerda das
imagens. Luz plana (A) e nicóis cruzados (B). Amostra 92-50-L.
74
Fotomicrografia 6.2: Fotomicrografia mostrando fratura preenchida por calcita (Cal), além de porosidade vugular (Vug),
pelóides (Pel) e minerais opacos (Opc). Nicóis cruzados. Amostra 92-50-L.
(ii) Bioconstruções estromatolíticas do gênero Jurussania Krylov, microscopicamente
constituem 60% da lâmina, ocorrendo também Limonita (5%). Associada à bioconstrução temse uma porosidade do tipo edificações orgânicas segundo a classificação de Choquette & Pray
(1970). Esta porosidade está representada em 35% da lâmina (Fotomicrografia 6.3).
75
Fotomicrografia 6.3: Bioconstrução estromatolítica característica da Unidade Nova América, com manchas de limonita (Lim),
representadas pelas faixas mais escuras da lâmina, além da bioconstrução (Est) formada pela colônia de organismos (faixas
claras) (A); e porosidade do tipo edificações orgânicas (B), (segundo a classificação de Choquette & Pray, 1970), preenchidos
por resina de cor azul. Luz plana (A e B). Amostra 85-221.
6.1.3. Interpretação
Na Unidade Nova América, as litologias e estruturas sedimentares encontradas indicam
a dominância de um ambiente que varia de supra/intermaré a submaré raso. Esta unidade é
considerada por Bomfim et al. (1985) como representativa de um ciclo regressivo.
O ambiente de supra/intermaré é interpretado a partir da presença de feições de
ressecamento do tipo ―tepees‖, que indicam áreas de exposição que podem ser interpretadas
como. paleoaltos que ocorriam no mar epicontinental.
A presença de níveis brechados com intraclastos centimétricos pode estar associada a
tempestitos. São observados também tipos de truncamentos dos planos das camadas
evidenciados pela ocorrência de estilolitos, microfalhas e pequenas fraturas. Com relação aos
nódulos de calcita que estão relativamente associados aos ―tepees‖, são interpretados segundo
Souza et al. (1993) como pseudomorfos de gipsita, o que indicaria um clima hiperárido durante
a deposição.
As estruturas lenticulares e estratificações cruzadas dos calcarenitos peloidais finos,
evidenciam processo subaquoso de tração. Estes calcarenitos surgem sobre os laminitos
microbiais, caracterizando um afogamento, que pode ser evidenciado também pela presença de
níveis estromatolíticos com desenvolvimento incipiente entre os calcarenitos. Por este fato,
76
pode-se enfatizar que existe nesta unidade um predomínio de ambiente de alta energia, que
pode localmente ser substituído por ambientes de submaré rasa, que é evidenciado pela
ocorrência de belos afloramentos de estromatólitos do gênero Jurussania Krylov.
A ocorrência de calcarenitos, além de estromatólitos arborescentes, pode caracterizar
esta parte da unidade como correspondente proximal da Unidade Jussara.
6.2. Unidade Jussara
6.2.1. Descrição Macroscópica
É macroscopicamente constituída por:
(i) Calcarenitos Oncolíticos Intraclásticos correspondendo aos pontos PFS-11 e PFS-14
do mapa de caminhamento. Possuem uma coloração cinzenta e amarelada, e espessuras
métricas. Apresentam-se com estratificações cruzadas tabulares (Foto 6.12), além de corpos
com geometria sigmoidal. Esta litologia está associada a afloramentos de lajedos extensos e
com estruturas de dissolução que se apresentam como lapiás ou pequenas cristas agudas.
Foto 6.12: Afloramento da unidade Jussara, evidenciando estratificação cruzada no calcário oncolítico intraclástico peloidal
neomorfisado e dolomitizado. Localizado na Fazenda do Sr. Oscar. Coordenadas UTM: 175015/8774805.
77
As paleocorrentes têm uma direção predominante para oeste, entretanto, com frequente
variação lateral da direção, formando em alguns locais pseudo estruturas do tipo espinha-depeixe. É comum encontrar algumas camadas silicificadas promovidas pelas feições
diagenéticas (Foto 6.13).
Foto 6.13: Afloramento do calcarenito oncolítico intraclástico neomorfisado da unidade Jussara, mostrando feição diagenética
de substituição, com nível silicificado e nódulos (setas vermelhas) de sílex, além de ocorrência de leve estratificação cruzada
vista sob a escala. Localizado na Fazenda do Sr. Oscar. Coordenadas UTM: 175015/8774805
(ii) Trombolitos são bioconstruções de textura coagulada (clotted) maciça e dômica,
interpretadas como de origem microbial (Terra et al., 2010), encontradas no ponto PFS-12 do
mapa de caminhamento. Possuem uma coloração cinza-escura com estruturas que se
assemelham a filamentos verticais em perfil e aparência grumosa em planta (Foto 6.14), onde
não são observadas laminações internas. Este calcário tem um odor de H2S (ácido sulfídrico)
característico, quando quebrada. Além deste aspecto grumoso, foi perceptível a presença de
formas de incrustações cianobacterianas bioconstruídas na superfície dos trombolitos.
78
Foto 6.14: Afloramento da Unidade Jussara, evidenciando a litologia dos Trombolitos com aparência grumosa. Localizado na
margem esquerda da estrada que liga Irecê à Jussara. Coordenadas UTM: 175170/8772868.
As incrustações possuem uma coloração cinzenta e são geralmente maciças e circulares
em planta, assemelhando-se muitas vezes, devido à presença de estruturas radiais, a abacaxis
cortados em rodelas (Foto 6.15). Os diâmetros destas incrustações variam de poucos
centímetros a 1 m.
Foto 6.15: Afloramento da unidade Jussara, evidenciando uma das incrustações bioconstruídas (seta vermelha) que se associam
à litologia dos trombolitos. Localizado na margem esquerda da estrada que liga Irecê à Jussara. Coordenadas UTM:
175170/8772868.
79
Análises geoquímicas do trombolito grumoso, mostraram teor de carbono orgânico de
0,21% com 0,058% de enxofre e resíduo insolúvel de 4%. (Pereira & Reis, 2011)
6.2.2. Descrição Microscópica
Microscopicamente foram descritas treze lâminas para esta unidade, e correspondem às
seguintes litologias:
(i) Grainstone/Rudstone constituídos por grãos aloquímicos classificados como
oncolitos, oólitos, intraclastos e pelóides, além de presença de calcita espática. Os aloquímicos
compõem 80% das lâminas, com as maiores ocorrências relacionadas aos oncolitos e
intraclastos, respectivamente. A textura é grossa, com contato entre os grãos dos tipos
flutuantes, pontuais e retos. Os oncolitos são, por vezes, policompostos com presença de
núcleos preenchidos por calcita (Fotomicrografia 6.4), possuindo um tamanho variando de 1,0
mm a 3,5 mm. Os intraclastos possuem tamanhos de 0,5 mm a 4,0 mm e alguns estão
preenchidos por calcita espática (Fotomicrografia 6.5), enquanto que os oólitos têm dimensões
em torno de 0,45 mm, e os pelóides variam de 0,03 mm a 0,25 mm. A porosidade não está
visível, fazendo com que a rocha adquira um aspecto fechado.
Oól
Fotomicrografia 6.4: Grãos aloquímicos do Grainstone/Rudstone com oncolitos (Onc) policompostos preenchidos por calcita
e calcita drusiforme (Cal e Cal-d)), além de Oólito (Oól) e pelóides (Pel). Luz plana. Amostra: 92-49 H.
80
Fotomicrografia 6.5: Grainstone/Rudstone Intraclástico (Int), constituído por pequenos oncolitos com feições de dissolução e
preenchimento de calcita espática (Cal). Luz plana. Amostra 92-42 L.
São comuns feições diagenéticas como cimentação, com até três gerações de cimento
com a calcita surgindo, por vezes, como franjas nos grãos oncolíticos e com forma drusiforme e
maclada entre estes constituintes (Fotomicrigrafia 6.6). Há ocorrência também de
dolomitização associada à calcita neomórfica, além de dissolução por pressão com abundante
estilolitização, sublinhada por nível de matéria orgânica e deformadora dos aloquímicos
(Fotomicrografia 6.7), além de silicificação ocorrendo como microquartzos, que por vezes,
preenchem núcleos de possíveis aloquímicos (Fotomicrografia 6.8).
81
Fotomicrografia 6.6: Grainstone/Rudstone, evidenciando três gerações de cimento, onde a 1ª(fonte amarela) e 2ª (fonte
branca) gerações estão representadas como franjas em volta dos oncolitos, e a 3ª geração (fonte preta) entre os grãos
aloquímicos, formando um mosaico granular. Visível estilolitização sublinhada por nível de matéria orgânica. Luz plana.
Amostra L-PE-04A.
Fr
Fotomicrografia 6.7: Grainstone/Rudstone oncolítico. Observar estilolitização ao longo do oncolito (Onc) e duas gerações de
cimento, mosaico granular (Cal) e franja prismática (Fr). Luz plana. Amostra L-PE-04A.
82
Fotomicrografia 6.8 Grainstone/Rudstone altamente neomorfisado, com ocorrência de calcita neomórfica (Cal) e evidente
silicificação (Sil) no centro do campo, substituindo um possível grão aloquímico. Nicóis cruzados. Amostra 93-759.
Segundo a Classificação de Terra et al. (2010), a rocha pode ser identificada como um
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Neomorfisado Dolomitizado
Silicificado.
(ii) Grainstone constituído por pelóides, que representam 10% da lâmina estudada, além
de ocorrerem cristais terrígenos, como quartzo, em 25% da lâmina. Tem-se também a presença
de calcita espática juntamente com dolomita, estando presentes em 65% da lâmina. A textura é
fina a média, com os pelóides possuindo um tamanho variando de 0,15 mm a 0,2 mm. Os grãos
terrígenos, caracterizados como cristais de quartzo, feldspato e microclina, são angulosos a subangulosos e, por vezes, possuem contatos flutuantes, possuindo um tamanho que varia de 0,2
mm a 0,3mm. Nesta litologia a porosidade está ausente, sendo caracterizada com uma rocha
fechada. A matriz, apesar de não ser reconhecida, parece ocorrer de forma residual,
apresentando um aspecto encardido em algumas faixas da lâmina (Fotomicrografia 6.9).
Ocorrem feições diagenéticas como o neomorfismo, que é caracterizado pela ocorrência
de calcita neomórfica que substitui inclusive a matriz residual, além da dolomitização que foi
possivelmente responsável pela atual ocorrência de poucos pelóides, pois antes desta última
feição diagenética ocorrer, a rocha deveria ser caracterizada pela presença de mais pelóides
disseminados. Ocorre também dissolução por pressão com ocorrência de estilólitos preenchidos
por nível de matéria orgânica (Fotomicrografia 6.10).
83
Fotomicrografia 6.9: Grainstone Peloidal Impuro neomorfisado e dolomitizado (Cal+Dol), contendo grãos terrígenos como
quartzo (Qtz). Luz plana (A) e nicóis cruzados (B). Amostra 91-21 L.
Fotomicrografia 6.10: Grainstone Peloidal Impuro muito neomorfisado e dolomitizado (Cal+Dol), com níveis irregulares de
estilólitos (Estl). Luz plana (A) e nicóis cruzados (B). Amostra 91-21 L.
84
Utilizando a classificação de Terra et al. (2010) para as rochas carbonáticas, e
comparando a lâmina com a amostra de mão, constatou-se que a rocha pode ser classificada
como um Grainstone Peloidal Neomorfisado Dolomitizado Impuro.
(iii) Trombolitos são caracterizados microscopicamente por uma textura microgrumosa
e orientação dos grãos, sem porosidade visível. Vale salientar a presença de manchas escuras
devido a presença de matéria orgânica (Fotomicrografia 6.11).
Fotomicrografia 6.11: Tombolito (Tromb), evidenciado por sua textura microgrumosa com manchas escuras devido a
presença de matéria orgânica. Luz plana. Amostra 92-44 L.
Com relação às feições diagenéticas, ocorrem dolomitizações caracterizadas pela
presença de romboedros de dolomita, além da ocorrência também de cimento, este último
reconhecido pela presença de calcita espática na lâmina. Pode-se dizer que antes havia uma
porosidade vugular na litologia, mas que foi obliterada pela dolomitização e pela cimentação
(Fotomicrografia 6.12).
85
Fotomicrografia 6.12: Trombolito (Tromb) com sua textura microgrumosa e feições diagenéticas tais como neomorfismo,
dissolução e preenchimento por calcita espática (Cal) e dolomitização (Dol) Estas fases diagenéticas parecem ter obliterado o
sistema poroso da rocha. Luz plana (A e B). Amostra 92-44 L.
6.2.3. Interpretação
Bonfim et al. (1985) interpretaram esta unidade como representativa de ciclos
transgressivos.
A predominância de calcarenitos oncolíticos e a presença genereralizada de
estratificação cruzada sugerem para esta unidade um ambiente de submaré raso (lagunar) com
energia moderada/alta.
No caso dos Grainstones/Rudstones Oncolíticos Intraclásticos Oolíticos Peloidais
Neomorfisados Dolomitizados Silicificados, a presença de três gerações de cimento indica para
as duas primeiras um ambiente freático marinho, e para a terceira e última geração sugere-se
um ambiente freático doce.
Para o caso da ocorrência de Grainstone Peloidal Neomorfisado Dolomitizado Impuro,
sugere-se que, em algum momento ocorreu aporte de sedimentos originados do continente, fato
este, evidenciado pela abundância de grãos de quartzo.
Os trombolitos são determinados como possíveis bancos recifais de borda de talude.
86
6.3. Unidade Irecê
6.3.1. Descrição Macroscópica
Esta unidade é constituída por:
(i) Calcilutitos e Margas Acamadados e Intercalados, correspondendo aos pontos PFS-1,
PFS-2, PFS-4, PFS10, PFS-13 e PFS-14 do mapa de caminhamento. Os calcilutitos apresentam
uma coloração cinza-escura, possuindo uma laminação plano-paralela e sendo mais resistentes
aos processos intempéricos. As margas apresentam uma coloração cinza-clara a bege e são
caracterizadas por uma alta susceptibilidade à ação do intemperismo. Por vezes, é possível
observar as camadas de calcilutitos mais espessas (Foto 6.16) e outras vezes elas surgem mais
finas e laminadas (Foto 6.17).
Foto 6.16: Afloramento da unidade Irecê, mostrando os calcilutitos (mais espessos e escuros) acamadados e intercalados com a
marga (camada menos espessa e clara). Localizado na margem esquerda da estrada de terra que leva ao povoado de Tareco.
Coordenadas UTM: 240384/8731797.
87
Foto 6.17: Afloramento da unidade Irecê, mostrando os Calcilutitos em camadas mais finas e escuras e as margas em camadas
mais espessas e claras. Localizado na margem esquerda da estrada de terra que leva ao povoado de Tareco. Coordenadas UTM:
240384/8731797.
Esta litologia em alguns locais surge dobrada e com quase nenhuma ocorrência de
margas, e com algumas camadas terrígenas entre os calcilutitos, e localmente a marga surge
mesmo com os dobramentos na unidade (Foto 6.18).
Foto 6.18: Afloramento da unidade Irecê, evidenciando a presença de dobramentos na unidade, com calcilutitos dobrados, e
ausência de camadas de marga (A), e localmente ocorrência de intercalações dos calcilutitos com a marga (B). Localizada na
margem direita da estrada que liga Irecê à Jussara. Coordenadas UTM: 185711/8753971.
88
Esta unidade aparece em contato com a Unidade Nova América, onde, na sua base
ocorrem os calcarenitos da Unidade Nova América (Foto 6.19). Existe também um contato com
os calcarenitos oncolíticos da Unidade Jussara sobreposta por sequência de calcilutitos e
margas (Foto 6.20).
Foto 6.19: Afloramento da Unidade Irecê, sobreposta aos calcarenitos da Unidade Nova América. Localizado na margem
direita da BA-052 que liga Morro do Chapéu à Irecê. Coordenadas UTM: 237045/8733720.
Foto 6.20: Afloramento dos calcilutitos (em detalhe) sobrepostos aos calcarenitos oncolíticos da Unidade Jussara. Localizado
na margem esquerda da BA-052 que liga Irecê a Xique-xique. Coordenadas UTM: 184781/8753527.
89
Análises geoquímicas das camadas de calcilutitos mostraram teor de carbono orgânico
de 0,16% com 0,016% de enxofre e resíduo insolúvel de 8%. (Pereira & Reis, 2011).
6.3.2. Interpretação
A sequência de calcilutitos lajotados interdigitados ou não, com níveis de margas, é
característica de ambientes de baixa energia, possivelmente em um talude ou bacia. Esta
interpretação é fortemente baseada nos exemplos análogos de sequências mais novas que
contém microfauna e microflora típicas deste tipo de ambiente.
Em alguns locais as camadas de marga aparecem mais espessas e as do calcilutito, mais
finas, o que caracteriza um clima mais úmido no continente, com maior aporte de material
responsável pela formação das camadas de marga. Também ocorre o inverso, pois tem-se locais
com camadas de calcilutitos mais espessas e as de marga mais finas, o que caracteriza um clima
mais árido no continente, sem chegada de material em suspensão. Em alguns afloramentos, as
camadas de marga parecem desaparecer quase por completo, e sempre que isto ocorre, a
unidade parece surgir bastante dobrada, o que faz com que se constate a pouca competência do
material margoso, sendo este também menos resistente aos processos intempéricos.
Esta sequência é interpretada como tendo sido depositada em vários ciclos, sempre
neste ambiente mais profundo, relacionando-se a todas as unidades definidas por Bomfim et al.
(1985), sendo que este autor define que este fato explica o posicionamento estratigráfico da
unidade, ora acima, ora abaixo das diversas unidades.
6.4. Fazenda Recife
6.4.1. Descrição Macroscópica
Esta unidade é macroscopicamente constituída por:
(i) Estromatólitos colunares, correspondendo ao ponto PFS-15 do mapa de
caminhamento. Possuem um coloração cinza-clara a creme, e ótima exposição em planta de
cabeças estromatolíticas com espaços entre elas preenchidos por calcarenitos intraclásticos
(Foto 6.21).
90
Foto 6,21: Afloramento da unidade Formação Salitre, com exposição em planta de cabeças estromatolíticas com espaços
preenchidos por calcarenitos intraclásticos (setas vermelhas). Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM:
278416/8772449.
As cabeças, individualmente, (Foto 6.22) apresentam uma estrutura concêntrica, em
decorrência da laminação interna, e forma circular a elíptica, com eixo maior variando entre 5
cm a pouco mais de 20 cm.
Foto 6.22: Afloramento da Formação Salitre, com exposição em detalhe de cabeça estromatolítica em planta, evidenciando a
sua forma concêntrica com laminações internas e de forma elíptica. Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM:
278416/8772449.
91
As Colônias de estromatólitos são limitadas por canais intercolônias, preenchidos por
calcarenitos intraclásticos (Foto 6.23).
Foto 6.23: Vista em planta da Formação Salitre, mostrando as colônias separadas por canais preenchidos por calcarenito
intraclástico (seta preta) e as bordas de uma das colônias (setas vermelhas), onde os indivíduos da colônia se mostraram pouco
desenvolvidos. Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449.
Em perfil, estes estromatólitos colunares possuem uma altura média de 80 cm, podendo
chegar a 1 m, enquanto a largura de cada indivíduo pode atingir 15 cm ou mais (Foto 6.24).
Foto 6.24: Afloramento dos Estromatólitos diferenciados em perfil, mostrado seu crescimento colunar e laminado. Localizado
na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449.
92
(ii) Calcarenitos/Calcirruditos Intraclásticos de coloração cinza-escura e cinza-clara que
ocorrem entre as colônias estromatólíticas em planta e também como canais de larguras
métricas em planta e perfil, sendo caracterizados por uma estratificação ondulada com
truncamentos, preenchendo também os espaços entre os estromatólitos colunares (Foto 6.25).
Por vezes, em planta, é possível enxergar níveis dos calcarenitos com intraclastos
remobilizados por tempestades (Foto 6.26), além da ocorrência de estratificação cruzada de
baixo ângulo interpretadas como possíveis “hummockys” (Foto 6.27).
93
Foto 6.25: Afloramento em perfil da unidade Formação Salitre, mostrando o canal preenchido por calcarenitos/calcirruditos intraclásticos entre as linhas vermelhas (foto de detalhe da esquerda)
e seu contato com as colônias dos estromatólitos (foto de detalhe da direita). Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449.
94
Foto 6.26: Depósito de Calcirruditos em planta, constituído por intraclastos tabulares centimétricos caracterizando depósitos
de tempestitos. Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449.
Foto 6.27: Calcarenito Intraclástico da Formação Salitre, em perfil, exibindo estratificação truncada por ondas, semelhantes a
“Hummockys”. Localizado na Fazenda Recife. Coordenadas UTM: 278416/8772449.
95
6.4.2. Descrição Microscópica
Para esta unidade foi descrita apenas uma lâmina petrográfica que corresponde ao:
(i) Grainstone/Rudstone com presença de constituintes aloquímicos (65%) como
intraclastos (Fotomicrografia 6.13) com tamanhos que variam de 3,0 mm a 6,0 mm e pelóides
com dimensões em torno de 0,05 mm. Também ocorrem calcitas e dolomitas associadas
(31%) entre os grãos intraclásticos. Os contatos sãos flutuantes, e a porosidade está presente
em 4% da lâmina, e é caracterizada como vugular, sendo também possivelmente estilolítica
devido às suas constantes relações com os estilólitos (Fotomicrografia 6.14).
Fotomicrografia 6.13: Grainstone/Rudstone com intraclastos peloidais e porosidade vugular, além de calcita neomórfica
(Cal-n) ocorrendo com dolomita (Dol) entre os grãos intraclásticos. Luz plana (A) e nicóis cruzados (B). Amostra 92-43 L.
96
Fotomicrografia 6.14: Grainstone/Rudstone da Formação Salitre evidenciando a ocorrência de porosidade vugular
possivelmente associada a estilolitização, podendo ser caracterizada também como estilolítica. Ocorrência associada de
calcita neomórfica (Cal-n) e Dolomitização (Dol). Luz plana (A e C) e nicóis cruzados (B e D). Amostra 92-43 L.
Ocorrem feições diagenéticas como dissolução por pressão com faixas estilolitizadas
(Fotomicrografia 6.14) e também dolomitização com ocorrência de romboedros de dolomita
bem formados, além de neomorfismo caracterizado pela presença de calcita neomórfica
(Fotomicrografia 6.15).
97
Fotomicrografia 6.15: Grainstone/Rudstone com feições diagenéticas como ocorrência de calcita neomórfica (Cal-n) e
romboedros de dolomita (Dol) bem formados. Luz plana. Amostra 92-43 L.
Segundo a classificação de Terra et al. (2010), esta litologia é caracterizada como
Grainstone/Rudstone Intraclástico Peloidal Neomorfisado Dolomitizado.
6.4.3. Interpretação
As bioconstruções e estruturas sedimentares associadas a estas, sugerem um ambiente
de submaré rasa, com oscilações em profundidade sob influência de tempestades,
evidenciadas pela ocorrência de intraclastos remobilizados e estruturas de ―hummockys”.
98
CAPÍTULO 7
7. POTENCIAL RESERVATÓRIO DA FORMAÇÃO SALITRE
As variadas fácies deposicionais e o complexo meio poroso presente nas rochas
carbonáticas em geral, proporcionam a formação de grandes reservatórios de hidrocarbonetos.
Para que uma rocha seja de fato considerada um reservatório em potencial, é necessário que
esta tenha características de porosidade efetiva e permeabilidade que permitam a circulação e
acumulação de hidrocarbonetos.
Para as rochas carbonáticas, os reservatórios mais comuns são: (1) corpos
tabulares/lenticulares de calcarenitos (grainstones) situados em ambientes de média/alta
energia com porosidade primária preservada ou ainda o desenvolvimento de porosidade
devido a dissolução parcial do cimento precoce. Este tipo de depósito geralmente ocorre
formando sequências cíclicas nas plataformas carbonáticas; (2) bioconstruções recifais nas
margens das plataformas, com alta porosidade inicial preservada. Mesmo quando cimentada,
este tipo de rocha pode ter sua porosidade ampliada por dissolução/dolomitização; (3)
depósitos de talus de frente recifal ou borda de plataforma com porosidade primária
preservada entre os fragmentos quebrados das bioconstruções, comumente ampliada por
aspectos como dolomitização e fraturamento; (4) trapas estratigráficas que ocorrem
naturalmente associados a ―pinch out‖, representando mudanças faciológicas ―updid‖ em
ambientes de sabkha ou supramaré; (5) reservatórios condicionados a fraturamentos,
dissolução e dolomitização associados à discordâncias regionais; (6) espessas sequências de
calcilutitos do tipo ―chalk‖ em condições especiais de preservar a textura original contra
compactação/dissolução, de modo a manter a permeabilidade que pode ser ampliada por
tectonismo/fraturamento regionais na bacia.
Para a Formação Salitre, através da análise petrográfica, podemos afirmar que com
relação às suas unidades litofaciológicas poderem vir a ser consideradas como reservatórios
com potencialidade para armazenar hidrocarbonetos, podemos caracterizá-las da seguinte
maneira:
99
(i) Unidade Nova América
O Calcarenito Peloidal Intraclástico Neomorfisado Dolomitizado apesar de ser
caracterizado como uma rocha favorável a ser um reservatório de hidrocarbonetos (Figura
7.1), possui uma porosidade baixa, em torno de 2%, o que faz com que esta litologia não seja
considerada um reservatório em potencial.
O Estromatólito Colunar Arborescente pode ser considerado como um possível
reservatório (Figura 7.1), já que sua porosidade do tipo construções orgânicas parece estar
interconectada e representa 35% da lâmina petrográfica correspondente a esta bioconstrução.
(ii) Unidade Jussara
O Calcarenito Oncolítico Intraclástico Oolítico Espático, por suas características
litológicas, poderia ser considerado um reservatório em potencial (Figura 7.1), pois barras de
calcarenitos ocorrem como reservatórios, a exemplo da Bacia de Campos. Porém, os
calcarenitos oncolíticos estão completamente fechados em termos de porosidade.
Possivelmente isto se deva ao fato de que a rocha é muito antiga, de idade Neoproterozóica, e
sofreu com os efeitos da diagênese (cimentação, dolomitização e neomorfismo), que obliterou
completamente os poros desta litologia.
As bioconstruções trombolíticas também poderiam ser caracterizadas como tendo
favorabilidade de ocorrerem como reservatórios (Figura 7.1), mas neste caso, os trombolitos
parecem ter sofrido com os mesmos processos diagenéticos, causando atualmente a ausência
de poros.
(iii) Unidade Irecê
Os calcilutitos interdigitados com camadas de marga que caracterizam a unidade, por
sua característica litológica, não seriam potencialmente bons reservatórios em função de sua
textura muito fina.
(iv) Fazenda Recife
O conjunto, canais preenchidos por calcarenitos intraclásticos mais as colônias
estromatolíticas, seriam potencialmente bons reservatórios, não fossem as feições diagenéticas
presentes nestas fácies.
100
Figura 7 1: Esquema de tipos de reservatórios relacionados à Formação Salitre, representada da seguinte forma: Unidade
Nova América – calcarenitos (1) e bioconstruções estromatolíticas colunares (2); Unidade Jussara – calcarenitos (1) e
bioconstruções trombolíticas (2); Unidade Irecê – calcilutitos (6); Fazenda Recife – calcarenitos (1) e bioconstruções
estromatolíticas (2) segundo os tipos mais comuns de reservatórios carbonáticos.
7.1. Algumas
Bacias
Neoproterozóicas
com
Potencial
Reservatório
para
Hidrocarbonetos
O que impulsiona a continuidade desta pesquisa é a constatação da ocorrência de
acumulações economicamente viáveis de hidrocarbonetos em outras bacias do mundo em que
tanto o gerador quanto o reservatório, são de idade neoproterozóica e estão associados a
carbonatos.
Segundo Martins-Neto (2001), na Sibéria, o campo de Yurubchen-Tokhomo, situado
na parte sudoeste do cráton siberiano, é caracterizado pela ocorrência de dolomitos fraturados,
como reservatórios principais, apresentando também porosidade vugular em torno de 10%.
Um dos países que mais se destaca atualmente na pesquisa de acumulações de
hidrocarbonetos é a Austrália (Braun et al., 1990), com reservas pertencentes à Bacia de
Amadeus. Desde os anos sessenta, as atividades exploratórias nesta bacia culminaram no
desenvolvimento dos campos com potenciais para óleo e gás. Em Oman, no Oriente Médio,
existem reservatórios associados a carbonatos da Formação Buam que são portadores de gás.
No Brasil, especificamente na Bacia do São Francisco no norte de Minas Gerais, um
dos reservatórios principais está relacionado aos carbonatos da Formação Sete Lagoas do
Grupo Bambuí (Martins-Neto, 2001), composta por dolomitos, calcarenitos recristalizados e
calcilutitos. Esta sequência sedimentar pode ser correlacionada cronologicamente à Unidade
Nova América da Formação Salitre.
101
CAPÍTULO 8
8. CONCLUSÕES
Com relação à Formação Salitre, subdividida em três unidades litofaciológicas
informais, de acordo com as informações coletadas na campanha de campo em conjunto com
a interpretação dos dados petrográficos, chegou-se às seguintes conclusões:
1) A Unidade Nova América é possivelmente representativa de um ciclo regressivo, e
foi interpretada como depositada num ambiente de supra a intermaré com exposição subaérea
periódica. Tem como estruturas características tepees nos laminitos microbiais e níveis
brechados de intraclastos remobilizados, além de afloramentos de calcarenitos peloidais finos
e estromatólitos representando áreas mais profundas.
2) A Unidade Jussara caracterizada como representativa de uma transgressão, exibe,
em geral, estruturas que caracterizam um ambiente de submaré rasa, com predomínio de
calcarenitos oncolíticos intraclásticos com estratificação plano-paralela e cruzada. Nesta
unidade foram observadas bioconstruções trombolíticas interpretadas como possíveis recifes
de borda de talude.
3) A Unidade Irecê foi interpretada como constituída predominantemente por
intercalações de calcilutitos e margas. Parece ter sido originada devido a irregularidades do
substrato, sendo depositada em depressões do mar epicontinental, já que está litologicamente
relacionada tanto à Unidade Nova América quanto à Jussara.
4) Com relação à potencialidade destas unidades, em termos de reservatórios de
hidrocarbonetos, revelou-se que as bioconstruções estromatolíticas do gênero Jurussania
Krylov aflorantes na Unidade Nova América teriam grandes possibilidades de serem
potenciais reservatórios, já que possuem uma boa porosidade, em torno de 35%. Os
calcarenitos das unidades Jussara, Nova América e da Fazenda Recife, apesar de serem
caracterizados como tipos de reservatórios carbonáticos, não foram considerados como
possíveis reservatórios promissores para acumulação de hidrocarbonetos, já que os valores
das porosidades são muito baixos ou ausentes. Isto é válido também para as bioconstruções
trombolíticas da Unidade Jussara. Talvez esta ausência de porosidade se deva ao fato de que a
102
rocha, por ser muito antiga, de idade neoproterozóica, sofreu com os processos diagenéticos
que em muitos casos obliteraram os poros destas litologias, além dos efeitos de processos
tectônicos durante o ciclo Brasiliano, que afetaram a Formação Salitre.
5) A Bacia de Irecê, onde está inserida a Formação Salitre, encontra-se atualmente
num estágio incipiente de estudos sobre potencialidade para acúmulo de hidrocarbonetos.
Nesta bacia existem questões geológicas ainda não respondidas, evidenciando a carência de
dados com relação ao tema proposto.
6) As bacias proterozóicas em geral são consideradas de risco exploratório elevado
(Martins-Neto, 2001), porém, um dos fatores que podem encorajar o prosseguimento desta
pesquisa é a ocorrência de acumulações comerciais de hidrocarbonetos em outras bacias do
mundo e de mesma idade, o que faz com que a Formação Salitre possa ter um significativo
potencial para acumulações de hidrocarbonetos. Isto dependerá de mais estudos que
confirmem a avaliação definitiva da possibilidade desta sequência sedimentar ser
potencialmente considerada um reservatório.
103
CAPÍTULO 9
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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109
ANEXO 01
110
ANEXO 02
111
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 92-50 L
LOCAL/POÇO: Faz. Canaã
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-N. América
1. CONSTITUINTES
Aloquímicos
36%
Opacos (1%)
Calcita
Dolomita
Porosidade (2%)
62%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
3. MATRIZ
Residual, não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Neomorfismo
Dolomitização
5. TAMANHO DOS GRÃOS
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
skssksks
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não reconhecíveis
8. POROSIDADE
Vugular
9. NOME DA ROCHA
Grainstone Peloidal Neomorfisado Dolomitizado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Intermaré
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
O neomorfismo mascarou os aloquímicos, fazendo com que estes grãos estejam praticamente
imperceptíveis. Isto faz com que em lâmina apresente uma textura “mud supported”, porém
com a análise da amostra de mão, podemos caracterizá-la como um Grainstone.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 26/10/2011
112
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 85-221
LOCAL/POÇO: Faz. Canaã
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-N. América
1. CONSTITUINTES
Bioconstrução arborescente – 60%
Limonita- 5%
Porosidade – 35%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
3. MATRIZ
Ausente
4. DIAGÊNESE
5. TAMANHO DOS GRÃOS
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
skssksks
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não reconhecíveis
8. POROSIDADE
Edificações Orgânicas
9. NOME DA ROCHA
Estromatólito Arborescente
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Intermaré
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Limontização na bioconstrução.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
113
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 91-69 L
PROF.:
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Intraclastos
Pelóides
Calcita
80% Dolomita
Porosidade (0%)
20%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Neomorfismo
Dolomitização
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 1,0 mm a 2,3 mm
Intraclastos: 0,5 mm
Pelóides: 0,2 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Dissolução (abundante estilolitização)
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não
reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Peloidal Neomorfisado Dolomitizado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
114
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 92-42-L
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Oólitos
Intraclastos
Pelóides
82%
Calcita
Porosidade (0%)
18%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Dissolução
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 1,0 mm a 2,1 mm
Pelóides: 0,1 mm
Intraclastos: 2,5 mm a 4,0 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
7.
ESTRUTURAS SEDIMENTARES
skssksks
Não reconhecíveis
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Peloidal Estilolitizado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Os oncolitos são, em alguns momentos, deformados pela dissolução e aparecem
policompostos.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
115
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 92-47 L
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
PROF.:
1. CONSTITUINTES
BACIA: Irecê
Oncolitos
Oólitos
Intraclastos
Pelóides
75%
Calcita
Dolomita
Porosidade (0%)
FM: Salitre-Jussara
25%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes, pontuais e retos
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Dolomitização e Cimentação
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 0,3 mm a 2,2 mm
Intraclastos: 1,2 mm
Oólitos: 0,35 mm
Pelóides: 0,1 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Dissolução
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
skssksks
Não reconhecíveis
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Dolomitizado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Ocorrência de cimento de 1ª geração de ambiente freático marinho como franjas nos
oncolitos, e de 2ª geração representando o ambiente freático doce.
Os oncolitos estão, por vezes, preenchidos por calcita.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
116
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 92-49 H
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Oólitos
Pelóides
70%
Calcita
Porosidade (0%)
30%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Neomorfismo
Cimentação
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 0,5 mm a 2,7 mm
Oólitos: 0,3 mm
Pelóides: 0,1 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Dissolução
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não
reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Oolítico Peloidal Neomorfisado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Abundante estilolitização caracterizando a feição diagenética de dissolução.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
117
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 92-49 L
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Oólitos
Intraclastos
Pelóides
70%
Calcita
Porosidad (0%)
Dolomita
30%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Neomorfismo
Dolomitização
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 0,5 mm a 2,5 mm
Intraclastos: 5,0 mm
Oólitos: 0,3 mm
Pelóides: 0,1 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Dissolução com estilolitização
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não
reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Neomorfisado Dolomitizado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Os grãos aloquímicos constituem a rocha na forma de grãos fantasmas, pois esta apresenta-se
bastante neomorfisada.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
118
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 93-759 A
PROF.:
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Oólitos
Intraclastos
Pelóides
Calcita
80% Porosidade (0%)
20%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes, pontuais e retos
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Dolomitização
Cimentação
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 0,5 mm a 2,2 mm
Intraclastos: 1,2 mm
Oólitos: 0,35 mm
Pelóides: 0,1 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Silicificação e Dissolução
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Espático
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Devido à dissolução, os constituintes estão um pouco deformados. Estes também surgem
preenchidos por calcita.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 21/10/2011
119
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 93-759
PROF.:
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
BACIA: Irecê
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Calcita
Oólitos
80% Porosidade (0%)
Intraclastos
Pelóides
FM: Salitre-Jussara
20%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes, pontuais e retos
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Dolomitização
Cimentação
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 0,5 mm a 2,2 mm
Oólitos: 0,35 mm
Intraclastos: 1,2 mm
Pelóides: 0,1 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Silicificação e Dissolução
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não
reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Espático
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Devido à dissolução, os constituintes estão um pouco deformados. Estes também surgem
preenchidos por calcita.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 21/10/2011
120
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 92-41 L
LOCAL/POÇO: Marimbondos/BA-052
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Intraclastos
Terrígenos (2%)
Pelóides
70
Calcita
Porosidade (0%)
30%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Dissolução
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Intraclastos: 5,0 mm
Pelóides: 0,1 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Estratificação sub-horizontal
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Intraclástico Peloidal Estilolitizado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Estratificação visível na lâmina.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
121
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: CP-09-30
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
PROF.:
BACIA: IRECÊ-BA
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Intraclastos
Oolitos
Pelóides
75%
Calcita
Dolomita
Porosidade (0%)
25%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
__________
3. MATRIZ
Não reconhecida
4. DIAGÊNESE
Cimentação e Dolomitização
5. TAMANHO DOS GRÃOS
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Dissolução
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não reconhecidas
8. POROSIDADE
Aparentemente sem porosidade
9. NOME DA ROCHA
Calcarenito Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Dolomitizado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Ambiente Marinho Freático em Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
A dissolução é evidente devido à abundante estilolitização. Esta estilolitização está
constantemente sublinhada por matéria orgânica residual.
Os oncolitos e os intraclastos estão, em sua maioria, preenchidos por calcita microcristalina e
dolomita. Alguns destes intraclastos também apresentam-se constituídos por pelóides. Outros
poucos ainda apresentam leve impressão de franja de cimento primário, o que caracteriza um
ambiente marinho freático.
AUTOR: André Lyrio do Carvalho Figueiredo
DATA: 16 / 09 / 2011
122
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: CP-JUS-2011
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Oólitos
Intraclastos
Pelóides
85%
Calcita
Porosidade
15%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes, pontuais e retos
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Neomorfismo
Dissolução
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 0,5 mm a 2,7 mm
Intraclastos: 5,0 mm
Oólitos: 0,3 mm
Pelóides: 0,1 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Silicificação
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Neomorfisado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Os oncolitos são, por vezes, policompostos e existem oólitos que estão possivelmente
preenchidos por sílex como microquartzos.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
123
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: LPE-04-A
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Oncolitos
Oólitos
Intraclastos
Pelóides
Calcita
75% Porosidade (0%)
25%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes, pontuais e retos
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Cimentação
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Oncolitos: 3,5 mm
Pelóides: 0,3 mm
Intraclastos: 0,5 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Dissolução
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não
reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Peloidal Espático
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Os oncolitos foram deformados pela dissolução, ficando com um aspecto muito elipsoidal.
Cimento em até 3 gerações.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 27/10/2011
124
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 91-21 L
PROF.:
LOCAL/POÇO: Faz. Sr. Oscar
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Pelóides
Terrígenos
Opacos
35%
Calcita
Dolomita
Porosidade (0%)
65%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
3. MATRIZ
Residual, não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Neomorfismo
Dolomitização
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Terrígenos: 0,2 mm
Pelóides: 0,1 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Dissolução
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone Peloidal Neomorfisado Dolomitizado Impuro
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Em lâmina apresenta uma textura pulvurulenta, altamente neomorfisada, com textura ―mud
supported”, porém ao analisar-se a amostra de mão, fica evidente que a rocha se trata de um
calcarenito (Grainstone).
Os estilólitos estão preenchidos por um fino nível de matéria orgânica.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 17/10/2011
125
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 92-44 L
LOCAL/POÇO: Estrada Irecê-Jussara
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre-Jussara
1. CONSTITUINTES
Bioconstrução coagulada – 95%
Dolomita e Calcita – 5%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Textura microgrumosa
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Dolomitização
Cimentação
5. TAMANHO DOS GRÃOS
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não
reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Aparentemente fechada
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Neomorfisado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Recife de borda de talude
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
Grãos com leve orientação. Parece ter tido uma porosidade vugular, que foi posteriormente
preenchida por calcita e dolomita, por processos diagenéticos.
São visíveis alguns níveis de matéria orgânica entre os coágulos provenientes da
bioconstrução.
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 21/10/2011
126
FOLHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DE CARBONATOS
LÂMINA: 92-43 L
LOCAL/POÇO: Faz. Recife
PROF.:
BACIA: Irecê
FM: Salitre
1. CONSTITUINTES
Intraclastos
65%
Pelóides
Calcita
Dolomita
Porosidade (4%)
35%
2. RELAÇÕES TEXTURAIS/CONTATO ENTRE OS GRÃOS
Contatos flutuantes
3. MATRIZ
Não reconhecível
4. DIAGÊNESE
Neomorfismo
Dolomitização
5. TAMANHO DOS GRÃOS
Intraclastos: 3,0 mm a 6,0 mm
Pelóides: 0,05 mm
6. OUTROS FENÔMENOS DIAGENÉTICOS
Dissolução (abundante estilolitização)
7. ESTRUTURAS SEDIMENTARES
Não reconhecíveis
skssksks
8. POROSIDADE
Vugular (estilolítica)
9. NOME DA ROCHA
Grainstone/Rudstone Oncolítico Intraclástico Oolítico Peloidal Neomorfisado
10. INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL
Intermaré a Submaré rasa
11. IDADE APROXIMADA
Neoproterozóico
12. OBSERVAÇÕES
AUTOR: André Lyrio de Carvalho Figueiredo
DATA: 26/10/2011
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