Conceitos de Sistemas Operacionais Romildo Martins Bezerra IFBA/DTEE Computação e Processamento de Dados Conceitos de Sistemas Operacionais ............................................................ Arquitetura Conceitual de um Computador ................................................... Processadores ................................................................................... Memória Principal............................................................................... Memória Cache .................................................................................. Memória Secundária ............................................................................ Dispositivos de Entrada e Saída ............................................................... Apresentando os componentes dentro de um computador .................................. Conceitos de Sistemas Operacionais ............................................................ Sistemas Operacionais Atuais .................................................................... Linux .............................................................................................. Windows .......................................................................................... Bibliografia ......................................................................................... As notas de aulas são referências para estudo. Portanto não devem ser adotadas como material didático absoluto! Versão 0.3 – 10/03/2010 1 2 2 4 4 5 6 6 6 7 7 7 7 Romildo Martins Bezerra Antes de iniciarmos os estudos de Sistemas operacionais é necessário apresentar uma introdução do funcionamento básico de um computador e seus respectivos componentes. Arquitetura Conceitual de um Computador Os primeiros passos para que a arquitetura dos computadores fosse similar à que conhecemos hoje foram dados pelo pesquisador Von Neumann. Especialista em ciências exatas e o matemático mais eminente do mundo na época, Neumann projetou o IAS, computador onde os dados eram representados de forma digital, com programação mais rápida e flexível, visto que no seu projeto, programas e dados eram inseridos de forma binária na memória. Esse projeto pioneiro com o conceito de “programa armazenado” transformou o IAS na famosa máquina de Von Neummann. A concepção é utilizada até hoje nos computadores e é composta basicamente de 3 componentes (figura 01): • • • CPU (unidade central de processamento) composto de uma unidade de controle (UC), unidade lógico-aritmética (ULA) e registradores; Memória Principal, onde os programas estão armazenados (veremos detalhes a seguir); Dispositivos de E/S, responsáveis em transferir dados de dentrofora do computador Pontos Importantes: • • • • No projeto, o computador só trabalhava com números inteiros. Neumann acreditava que qualquer matemático poderia tratar ponto flutuante Utilização do conceito de programas armazenados Execução seqüencial de instruções Funcionamento busca/decodificação/execução Atualmente os computadores (a maior parte deles) utilizam uma arquitetura composta dos seguintes componentes vistos na figura 01. Memória Principal endereço dados/instruções CPU Registradores ULA PC Unidade de Controle Dispositivos E/S Figura 01 – Modelo Conceitual dos computadores atuais, baseados no IAS de Von Neumann Processadores Correspondem ao cérebro do computador, pois é o responsável em executar todas as tarefas referentes à busca/execução dos programas e dados. Para modularizar seu funcionamento, será apresentado o modelo didático com as seguintes componentes: • 2 ULA (Unidade Lógico-Aritmética) – realiza um conjunto de operações aritméticas e lógicas necessárias à execução das instruções Romildo Martins Bezerra • UC (Unidade de Controle) – busca de instruções da memória, de acordo com a necessidade da instrução a ser processada. • Registradores – Pequenos espaços de memória que o processador trabalha executando as instruções. Geralmente possuem o mesmo tamanho e tem velocidade muito alta. Destacam-se: o PC – Contador de Programa, cujo nome não reflete sua função, que é indicar a próxima instrução a ser executada na memória. o IR – Registrador de instruções, que indica a próxima instrução a ser executada. • Memória Cache – Atualmente para melhorar o desempenho, os processadores atuais possuem uma memória de altíssima velocidade (quando comparada a memória RAM ou disco rígido) para arquivar os dados de maior utilização, evitando acessos constantes à memória. Veremos mais detalhes no decorrer desta apostila. Conforme vimos anteriormente, a seqüência de funcionamento segue a proposta do modelo de Von Neumann, busca-decodificação-execução. O processo de busca da instrução (fetch) transfere a instrução da posição da memória (indicada pelo registrador PC) para a CPU. A decodificação é responsabilidade da unidade de controle, que após decodificação gerencia os passos para execução a ser feita pela ALU. Unidade de decodificação Unidade de busca Unidade de execução Figura 02 – Estágios do funcionamento dos computadores De forma detalhada, a execução de programas num processador utiliza a seqüência de passos buca-decodica-executa, da seguinte forma: 1. Busca a próxima instrução da memória para o registrador de instrução 2. Atualiza o contador de programa para que ele aponte para a instrução seguinte 3. Determina o tipo de instrução 4. Se a instrução utiliza dados na memória, determina localização 5. Busca os dados, se houver algum, para os registradores internos da CPU 6. Executa a instrução 7. Armazena os dados em locais apropriados 8. Volta para o passo 1 Vamos analisar novamente a figura 02 e imaginemos que um computador vai executar diferentes operações simples (soma, por exemplo). Seria interessante se ele pudesse fazer parte das instruções em paralelo de forma a otimizar sua utilização, sendo pelos menos duas tarefas executadas no mesmo tempo. Isso pode ser feito de duas formas: • Paralelismo a nível de instruções – A divisão das instruções em partes menores sendo essas executadas em um hardware específico. (lembrem-se do exemplo da soma dado em sala!) [ E1 ] Unidade de busca de instrução [ E2 ] Unidade de decodificação de instrução [ E3 ] Unidade de busca de operando [ E4 ] Unidade de execução de instrução [ E5 ] Unidade de escrita Figura 03 – Computador clássico de cinco estágios 3 Romildo Martins Bezerra E1 P1 E2 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P1 P2 P3 P4 P5 P1 P2 P3 P4 5 6 7 8 E3 E4 E5 1 tempo 2 3 4 Figura 04 – Exemplo de paralelismo a nível de instruções em cinco estágios • Paralelismo a nível de processador – A idéia é projetar computadores com mais de um processador que podem estar organizados de forma matricial, vetorial, compartilhando barramento com memória compartilhada ou não. Este estudo não corresponde ao objetivo desta disciplina. Memória Principal A memória principal é uma das partes essenciais para o funcionamento do computador, uma vez que é nela que os programas e dados são executados. O que se esperar da memória? Tamanho infinito, ultra-rápida (não atrase o processador) e barata (afinal ninguém quer gastar dinheiro!). É possível conciliar isso? Isso será discutido mais tarde. A memória é organizada através de células, unidades elementares de memória, que compõem segmentos (pedaços alocados por um programa que podem conter mais de uma célula). Vamos imaginar uma memória de 1Megabyte (220 bytes = 1024*1024) com células de 32 bits (22 bytes), retemos então: Total de Células= Total de memória /Tamanho da célula = 220 bytes/22 bytes = 218 células Ou seja teríamos 218 células a serem endereçadas. Vamos supor agora que o sistema operacional precisa de 26 bytes para executar uma determinada instrução (IX) de um programa em Pascal (compilador de alto nível). O sistema operacional ficará responsável em alocar segmentos de memória (contínuos ou não) para que esta informação possa ser trabalhada pelo processador. Vazio IY IX IX IX IX IX IX IX Vazio 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208 Figura 05 – Dados da instrução X (IX) alocados continuamente na memória Que problemas vocês enxergam que o SO terá com este particionamento da memória? • Controle da fragmentação • Falta de espaços • Movimentação constante Memória Cache Devido a uma diferença história entre processadores e memórias, o processador acaba esperando (apenas por definição!) ciclos de clock até que a memória entregue (aloque) sua requisição. Algumas técnicas para melhorar esta solução podem ser utilizadas, destacamos aqui a utilização de memórias cache. Os projetistas de HW construíram uma memória mais rápida capaz de operar na velocidade dos processadores, mas devido ao seu custo elevado (fruto de aumento do tamanho do processador) é necessário restringir o tamanho da memória cache. Esta apresentação segue o conceito de hierarquia de memória, onde quanto mais rápido a memória, menor será seu tamanho (devido ao custo de fabricação). 4 Romildo Martins Bezerra cache preço principal discos rígidos velocidade unidades de fita Figura 06 – Conceito de Hierarquia de memória O problema agora é que ficamos com dois mundos: • Memória ultra-rápida e pequena (muitas trocas ocorreriam) • Memória mais lenta e bem maior Para se ter uma idéia, diversos processadores atuais trabalham com velocidades superiores a 3.0GHz (3 bilhões de ciclos por segundo) e possui cache interna (L1) de 512Kbytes, enquanto a memória RAM trabalha a 333Mhz e tem tamanho de 256MB, sendo assim 512 vezes maior e 9 vezes mais lenta. Como não é possível trabalhar com apenas uma delas, a proposta é a seguinte: Processador Memória RAM Cache 256MB Figura 07 – Memória Cache alocada no processador Outra proposta seria colocá-la na placa-mãe (Chamado de cache L2). Esta memória ultra-rápida, cache, deve ser sempre as informações mais requisitadas pelo processador, e este terá que sempre consultar a cache antes de perguntar memória principal. Mas como “adivinhar” que parte da memória será utilizada? Como calcular se o tempo médio de acesso com a cache tornará o sistema mais eficiente? Cálculos matemáticos e algoritmos complexos são desenvolvidos no projeto de cada arquitetura. Para os mais interessados pesquisem o principio da localidade, base teórica para o funcionamento de sistemas com utilização intensiva de cache. Memória Secundária “Por maior que seja a memória principal, ela será sempre pequena.” Tanenbaum em Organização Estruturada de Computadores, página 40. Apesar de a afirmação parecer (e é!) forte demais, não é possível enxergar uma estrutura computacional moderna sem a utilização de memória secundária. Do mesmo modo que a cahe é muito mais rápida que a memória principal, essa é muito mais rápida que a memória secundária. Aqui serão explicados apenas os discos magnéticos, vistos que o foco é apresentar uma introdução para sistemas operacionais. A composição básica de um disco magnético é vista abaixo. Figura 08 – Esquema Básico do disco Nota-se que esta composição mecânica dos discos não pode superar, em velocidade, o método digital dos semicondutores utilizados na memória RAM e memória cache. 5 Romildo Martins Bezerra Dispositivos de Entrada e Saída Antes de serem tratados os dispositivos de E/S é importante salientar que a transferência de dados entre processador, memória principal, memória secundária (discos rígidos, flexíveis e óticos) é feita através dos barramentos. Cada dispositivo de entrada e saída é composto de uma controladora e do dispositivo propriamente dito. Esta controladora dá acesso ao barramento do computador sem que haja uma intervenção o processador executando um acesso direto à memória (DMA). E quando esta transferência de dados é transmitida, a controladora força uma interrupção, fazendo com qu o processador suspenda o processo em execução a fim de rodar um procedimento para verificar possíveis erros de transferência de dados, este procedimento é denominado rotina do tratamento de interrupção. Já que o barramento é acessado por todos os dispositivos, o que aconteceria se dois ou mais dispositivos brigarem pelo acesso ao barramento? Nos projetos dos computadores atuais está presente um dispositivo que executa esta seleção chamada de arbitro do barramento. A prioridade geralmente é dos discos magnéticos, uma vez que as paradas sucessivas podem ocasionar perda de dados. Atualmente estas controladoras estão presentes dentro da placa-mãe Processador Memória HD Monitor Teclado Controladora HD Controladora Vídeo Controladora Figura 09 – Modelo conceitual detalhado Apresentando os componentes dentro de um computador Esta aula não terá apostila. Corresponderá a uma aula prática com apresentação de hardware. Conceitos de Sistemas Operacionais O sistema computacional moderno é algo complexo devido a quantidade de dispositivos envolvidos. Desenvolver programas que mantenham o controle destes componentes de forma otimizada impactaria na lentidão para novos softwares. Daí surge o sistema operacional, cujo trabalho é gerenciar esses componentes e fornecer aos programas de usuários uma interface simples de acesso ao hardware. Sistema Operacional é um conjunto de ferramentas necessárias para que um computador possa ser utilizado de forma adequada, pois consiste de intermediário entre o aplicativo e a camada física do hardware. Este conjunto é constituído por um Kernel, ou núcleo, e um conjunto de software básicos, que executam operações simples, mas que juntos fazem uma grande diferença. O sistema operacional é uma camada de software colocada entre o hardware e software do computador, com o objetivo de facilitar as atividades dos desenvolvedores e usuários de software, uma vez que não precisam fazer acesso direto ao dispositivo, fornecendo uma interface mais amigável e intuitiva. Tipos de serviços: • Acesso aos periféricos • Utilização simples de recursos pelo usuário • Manipulação de dados (arquivos e diretórios) • Controle de recursos compartilhados Software Sistema operacional Hardware Figura 10 – Localização lógica do SO Para isso, ele deve ser responsável pela: • 6 Gerência do processador, também conhecida como gerência de processos, seu objetivo visa distribuir de forma justa o processamento evitando o monopólio do processador e respeitando a prioridade dos usuários e aplicações. Romildo Martins Bezerra • • • • Gerência de memória, objetiva fornecer um espaço isolado de memória para cada processo de forma que ele “se sinta” único na memória. São necessários recursos (memória virtual paginação e segmentação) para que este objetivo seja cumprido de forma eficiente e atenda todos os processos ativos. Gerência de dispositivos, objetiva garantir o acesso aos dispositivos de forma mais fácil possível (drivers) aos usuários, criando modelos que generalizem a utilização dos dispositivos (lembrar do conceito de bloco no HD). Gerência de arquivos, uma implementação específica da gerencia de dispositivos, trabalhando apenas com o processo de armazenamento e acesso aos dados, atualmente através de arquivos e diretórios. Gerencia de proteção, definir o acesso harmônico em sistemas de vários usuários com compartilhamento de recursos, como por exemplo, pastas compartilhadas em rede. Sistemas Operacionais Atuais Linux GNU/Linux ou simplesmente Linux, é um popular sistema operacional livre, composto pelo núcleo (kernel) Linux e pelas bibliotecas e ferramentas do projeto GNU. É um sistema do tipo Unix que implementa o padrão POSIX. O Linux hoje funciona em dezenas de plataformas, desde mainframes até um relógio de pulso, passando por várias arquiteturas: Intel, StrongARM, PowerPC, Alpha etc., com grande penetração também em dispositivos embarcados, como handheld, PVR, vídeo-jogos e centrais de entretenimento etc. O Linux tem um kernel híbrido monolítico. Drivers de dispositivo e extensões do kernel tipicamente rodam com acesso total ao hardware, embora alguns rodem em espaço de usuário. Ao contrário dos kernels monolíticos padrão, os drivers de dispositivo são facilmente configurados como módulos, e carregados e descarregados enquanto o sistema está rodando. Também ao contrário de kernels monolíticos padrão, drivers de dispositivo podem ser pré-inseridos sob certas condições. Essa última característica foi adicionada para corrigir o acesso a interrupções de hardware, e para melhorar o suporte a multiprocessamento simétrico. Windows Microsoft Windows é um sistema operacional extremamente popular, criado pela Microsoft, empresa fundada por Bill Gates e Paul Allen. O Windows é um produto comercial, com preços diferenciados para cada versão, embora haja uma enorme quantidade de cópias ilegais instaladas, porque ele é o sistema operacional mais copiado do mundo. Apesar do sistema ser conhecido pelas suas falhas críticas na segurança e como plataforma de vírus de computador e programas-espiões (spywares), o impacto deste sistema no mundo atual é simplesmente incalculável devido ao enorme número de cópias instaladas. Conhecimentos mínimos desse sistema, do seu funcionamento, da sua história e do seu contexto são, na visão de muitos, indispensáveis, mesmo para os leigos em informática. Os primeiros Windows, como o 1.0, 2.0 e 3.x, só são compatíveis em partições formatadas com o sistema de ficheiros FAT, ou como é chamado, FAT16. No salto do 3.1 para o 95B (Windows 95 OSR 2/OSR 2.1), os HD's poderiam ser formatados em FAT32. Inicialmente lançado com o Windows NT, a tecnologia NTFS é agora o padrão de facto para esta classe. Com a convergência de ambos sistemas, o Windows XP passou também a preferir este formato. A principal linguagem de programação usada para se escrever o código-fonte das várias versões do Windows é a linguagem C++. Até à versão 3.11, o sistema rodava em 16 bits, daí em diante, em 32 bits. As últimas versões (como o XP, o 2003 e o futuro Windows Vista (nome de código Longhorn) está preparado para a tecnologia 64 bits. Esse sistema deverá incluir o sistema de arquivos WinFS, que acabou retirado do Windows Vista. Bibliografia [1] TANENBAUM, A., Organização Estruturada de Computadores, 5ª Edição, 2006. [2] TANENBAUM, A. Sistemas Operacionais Modernos. 2ª Edição 2006. [3] TOSCANI, S.; OLIVEIRA, R.; CARISSIMI, A. Sistemas operacionais. 3ª Edição Sagra Luzzatto, 2004. 7