Esse texto foi publicado no informativo impresso – Triunfo do Coração de Jesus, em várias edições, durante os anos 2006 e 2007. Cada invocação tem uma pequena imagem – retirada de antigo filminho em slides. Está disponível no portal das Apóstolas, também como galeria de fotos. Invocações ao Coração de Jesus Ladainhas são formas curtas de preces, invocações que foram sendo recolhidas e sistematizadas ao longo do tempo. São orações feitas geralmente em dois coros, em que contemplamos algum mistério de nossa Salvação; clamamos a ajuda ou intercessão de Maria Virgem, dos santos, dos anjos, exaltamos as virtudes de Cristo. Ladainhas podem ser rezadas em grupo ou como oração pessoal. A ladainha do Sagrado Coração de Jesus proclama, em 33 invocações, este amor humanodivino – o “Coração Transpassado". Os comentários sobre esta ladainha foram elaborados por Ir. Ofélia de Carvalho, ASCJ. É um complemento para a compreensão da teologia do Sagrado Coração. Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós! Jesus, o Filho Amado, vem ensinar-nos a conhecer e amar o Pai. Jesus assumiu a nossa natureza humana. Sendo Deus, fez-se homem; aceitou um coração de carne, que lhe pulsasse no peito. O amor divino do Pai e do Filho assumiu o tamanho das necessidades humanas, com um coração tão próximo e tão semelhante ao nosso que o levou a convidarnos: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”. A natureza divino-humana de Jesus forma uma união inseparável. Os Evangelhos explicamse a partir desta verdade fundamental: Jesus é o Filho Eterno do Pai. Seu Coração é Divino e Humano. “Coração de Cristo, Coração de Homem, Coração de Deus”. Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós! Deus Pai, em sua infinita ternura, encarregou o Espírito Santo de formar o Coração de Jesus, e torná-Lo símbolo do infinito amor de Deus por nós e o mais perfeito receptáculo do amor de Deus Pai. Foi por obra do Espírito Santo que Maria Virgem Imaculada concebeu o Filho de Deus. Com a sua natureza humana, Jesus pôde realizar a obra da nossa salvação. Sua vitória sobre a morte confirma seu poder divino de Filho de Deus, da mesma natureza do Pai. Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus Em Jesus Cristo, o Filho de Deus, há duas naturezas: A divina e a humana. São duas naturezas completas. Nele está a natureza humana com a vontade humana, as faculdades, os sentidos; também a natureza Divina com sua infinita força, poder, justiça, misericórdia e sabedoria. É o próprio Verbo, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Jesus Cristo é consubstancial ao Pai. Coração de Jesus de majestade infinita Na Transfiguração no Monte Tabor Jesus revela sua “Majestade Divina” e a sua realeza. Os apóstolos, Pedro, Tiago e João O reconhecem na voz do Pai e na beleza indescritível de seu rosto resplandecente de luz; na beleza de sua pessoa, de suas vestes que se tornaram brancas como a neve e exclamam: Mestre, Tu és o Filho de Deus; Tu és o Rei de Israel. (João, 1-49). A Majestade do Coração de Jesus revela-se em sua mais profunda e aparente derrota. No momento em que seus inimigos proclamavam vitória porque o Mestre incômodo havia dado o último suspiro, ouve-se a voz de um pagão: “Na verdade este homem era justo. (Lc. 23,47) Coração de Jesus, Templo Santo de Deus e Tabernáculo do Altíssimo No Antigo Testamento, o centro do culto a Deus era o Templo de Jerusalém. No Novo Testamento, é o Sacrário ou Tabernáculo, onde se guardam as Espécies Sagradas, a Eucaristia, ou o Santíssimo Sacramento. Jesus é o templo do Deus Vivo, o Tabernáculo do Altíssimo. No seu Coração, o Pai é glorificado por todo e sempre; o próprio Cristo o diz: “Glorifiquei-Te sobre a terra” (João 17,4). Coração de Jesus Casa de Deus e Porta do Céu O mundo é um imenso caminho, onde somos todos peregrinos. Um dia, mais cedo ou mais tarde, teremos que deixar o invólucro do nosso corpo mortal, para entrar na vida definitiva. Em cada coração dorme o anseio de uma vida sem fim. Jesus é a Porta do Céu. E como portas devem ser abertas, ei-Lo, apresentando-nos o seu Coração sempre aberto pela lança. Esta é a porta para a felicidade eterna. Coração de Jesus, Fornalha ardente de Caridade Na ardente fornalha da caridade sem margens do Coração de Jesus está a fonte que sacia todas as sedes de amor e todas as fomes que torturam as almas. Nele está a resposta aos gritos dos desiludidos, dos abandonados e dos desesperados, porque Jesus assumiu todas as nossas desilusões e desesperanças, para dar-nos em troca a sua caridade, a sua infinita e terna caridade. Coração de Jesus, Receptáculo de Justiça e de Amor Cada coração humano é chamado a bater ao ritmo da justiça e do amor. Por ele se mede a verdadeira dignidade do ser humano. O Coração de Jesus bate ao ritmo da justiça e do amor, conforme a própria medida divina. Ele é o Coração do Homem-Deus e Nele se realiza plenamente toda a justiça de Deus em relação ao homem e a justiça do homem em relação a Deus. Essa justiça é o dom do Amor que, através do Coração de Jesus, entra na história da humanidade como um amor subsistente: Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho Único (Jo3, 16). Coração de Jesus, cheio de Bondade e de Amor O Coração de Jesus é “fornalha ardente de caridade”, pois possui alguma coisa da natureza do fogo, que arde e se consome para iluminar e aquecer. A plenitude da caridade de Cristo manifestou-se pelos gestos de bondade para com os necessitados: os pobres, os marginalizados os excluídos... Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes Quando paramos para observar crianças que brincam, percebemos que elas já manifestam reações e comportamentos de bondade ou não. Algumas são mandonas, tirânicas, invejosas, egoístas, fofoqueiras e orgulhosas... Isto prova que fomos marcados pelo pecado original e que o exercício da virtude deve ser iniciado no berço. Contemplamos Jesus como modelo de todas as virtudes. Ele é o Filho Santo; três vezes Santo, ou seja, perfeito. Seu coração é um abismo de virtudes. Abismo, como símbolo de profundidade e infinitude. A nascente condutora da qual jorram as virtudes do Coração de Jesus, é a sua obediência à vontade do Pai. “Meu alimento é fazer a vontade de meu Pai”; é isto o principal que Jesus nos pede em todas as etapas da nossa vida. No Coração de Jesus, as virtudes dominam como o desabrochar pleno do homem aos olhos de Deus. Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor Há motivos para louvar o Coração de Jesus? Sem dúvida! Mas nem sempre temos consciência deles; louvamos por louvar. E a oração de louvor, esse modo tão belo de dirigirse a Deus, torna-se rotina. Motivos de louvor: Deus manifesta sua caridade para conosco, porque, pecadores, morreu por nós. (Rm 5,8) Esse Coração, caridade sem fim, ternura sem tamanho, amor sem medidas, delicadeza infinita, misericórdia inexplicável, ama-nos sem limites. Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações Pilatos perguntou a Jesus se Ele era o Rei dos Judeus. Jesus respondeu que seu Reino não era deste mundo. Trata-se do reino dos corações, reino das pessoas, das vontades e das inteligências, que acolhem e se dobram aos desejos de Deus e da sua doutrina. Jesus é o Rei dos Corações porque é o Primogênito de todas as Criaturas, porque nos transformou em filhos diletos. Uma das mais tocantes práticas da moderna devoção ao Coração de Jesus é a entronização de sua imagem nos lares, onde deve ter lugar de honra. Quando a família se lhe prostra aos pés, em filial gesto, Ele parece falar com a mesma voz que encantou as multidões da Palestina. O Coração de Jesus torna-se, de fato, o Rei e o Centro de nossos corações, na medida em que acolhemos o seu Espírito e sua mentalidade. Ele toma em suas mãos divinas a direção da família e pede-nos a fidelidade à sublime tarefa dos pais, na santificação da família e submissão à vontade do Pai. O Coração de Jesus será tanto mais Rei nosso, quanto maior a sua influência em nossa vida de cristãos; tanto mais centro dos corações, quanto mais espelhado, refletido, multiplicado nas virtudes e na santidade, que nos esmeramos em alcançar. Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da Sabedoria e da Ciência A ciência do Coração de Jesus não é a ciência fundada no poder humano, mas é uma ciência nova, escondida aos sábios e inteligentes deste mundo; ela é revelada aos humildes, aos simples, aos puros de coração. (Mt 11,25). Esta sabedoria e ciência consistem no conhecimento do Deus invisível, que nos convida a participar de sua vida divina, à comunhão com Ele. A sabedoria de Cristo é mais elevada que a de Salomão. Suas riquezas são insondáveis. Seu amor ultrapassa todo o conhecimento. Mas pela fé poderemos compreender. Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade e/ no qual o Pai pôs todas as suas complacências Foi no Batismo de Jesus, por João Batista, que se ouviu do Pai esta voz: “Este é o meu Filho amado, em quem coloco todo o meu agrado”. (MT. 3,17). Na vida de Jesus há um norte, uma bússola, que é a vontade do Pai. De Belém ao Calvário, tudo está sintonizado na vontade do Pai. No seu testamento espiritual, na Última Ceia, Jesus diz ao Pai: Glorifiquei-Te sobre a terra; acabei a obra que me deste a fazer; guardei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição. (Jo17, 4e12). Na verdade, o Pai foi glorificado infinitamente em seu Filho. Jesus é a cabeça do gênero humano e nós, seus membros, igualmente filhos amados pela nossa imitação Dele. Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós recebemos O Coração de Jesus é manancial de todas as graças. Dele partem sete canais – os sacramentos, que nos dão à graça da vida divina, a graça da regeneração, da participação da natureza divina, do direito ao céu: O Batismo – torna-nos filhos de Deus; a Confirmação - dá-nos o Espírito Santo; a Penitência - celebra nossa volta à casa Paterna, pelos méritos da Paixão de Cristo; a Eucaristia – dá-nos o alimento da santidade; a Unção dos enfermos – unge-nos no Espírito Santo, conferindo-nos força e coragem na doença e, às vezes, traz-nos até a saúde física; a Ordem - é Jesus em seus sacerdote como um outro Cristo e o Matrimônio – chamado a colaborar no crescimento e multiplicação da humanidade. Coração de Jesus, o Desejado das Colinas eternas / e Delícia de todos os santos Olhar o Coração de Jesus, permanecer Nele, é gozar o Paraíso. Os Santos fizeram esta experiência. A nossa sede de amar e de ser amado é saciada plenamente pelo Coração de Jesus, que anula as distâncias e eleva os servidores à condição de amigos. Esse é o espaço vital dos bem-aventurados, o lugar em que permanecem no amor (Jo 15,9) e gozam de uma alegria eterna e sem limite. Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia Ó geração incrédula e perversa, até quando hei de estar convosco? Até quando vos hei de suportar? (Mt. 17,17) As parábolas da Misericórdia, entre elas a do Filho Pródigo (Lc 15, 1132) - a do Bom Samaritano, (Lc. 10,25-37) e da Ovelha Perdida, (Lc 15,1-10) manifestam toda a solicitude, paciência e compaixão do Coração de Cristo, para conosco. O confessionário é o símbolo desta infinita misericórdia. Coração de Jesus, Rico para com todos os que vos invocam Quando ouvimos falar em riqueza, pensamos imediatamente em dinheiro, jóias, tesouros e bens materiais. O mesmo acontece com a felicidade. Achamos que felicidade é gozar saúde, bem-estar e sucesso. O Coração de Jesus se apresenta a nós como Fonte Inesgotável de verdadeira riqueza e felicidade. Suas riquezas são imperecíveis. Jesus nos diz: “Ajuntai para vos riquezas que a traça não corrói”. O Coração de Cristo é infinitamente rico de amor, paz, ternura, compaixão, caridade e generosidade. Os jovens encontram nele a fonte de heroísmo e desprendimento. As crianças são atraídas pela sua infinita ternura e os adultos encontram em Jesus a coragem, a força, para uma caminhada perseverante. Os idosos abandonam-se ao Coração de Jesus com toda a confiança e certeza da eterna felicidade no Céu. Coração de Jesus, Fonte de Vida e de Santidade Na conversa com Nicodemos, Jesus afirmou: Em verdade, em verdade te digo: não pode ver o Reino de Deus quem não nascer do alto. Jesus fala de um nascimento na ordem sobrenatural e acrescenta: Em verdade te digo, quem não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus (Jo.3,5). Agradecemos aos nossos pais a vida natural que nos deram, mas o fato de sermos filhos de Deus e herdeiros do Céu é algo que nenhuma criatura humana poderia dar pelos próprios meios. Através do Batismo, fomos enxertados na vida do Coração de Jesus. Nossos gestos, ações e pensamentos foram elevados à ordem sobrenatural, participantes da vida nova, recebida do Coração de Cristo. A vida divina encontra seu apoio nas três Virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade. Pela fé, arraigamo-nos Nele; Pela Esperança, fixamos nosso olhar nas Colinas Eternas; (Céu); pela Caridade, olhamos o Coração de Jesus traspassado por um amor heróico e seguimos os seus ensinamentos: “Tudo o que fizerdes a um de meus irmãos, é a mim que o fazeis”. Unidos ao Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, seremos santos como Ele nos pede: Sede santos como vosso Pai é santo. Coração de Jesus, Propiciação pelos nossos pecados. Deus nos deu a liberdade de escolher entre o bem e o mal. Somos livres em cumprir ou transgredir os mandamentos. Podendo escolher, cabem-nos os méritos das boas ações. Não há mérito onde não há liberdade. A humanidade, pela sua simples condição de criatura limitada e finita, não poderia oferecer a Deus uma justa reparação pelo pecado cometido por Adão e Eva: recusa frontal aos desígnios divinos; e por ter sido feita a um Deus infinito, é infinita, e não poderia ser reparada a não ser pelo próprio Deus. Essa Ação Reparadora coube ao Coração de Jesus, Verbo Divino feito homem, que assumiu as nossas culpas e pagou, com sua morte e seu Sangue, o nosso resgate. O Coração de Cristo traspassado é o Amor misericordioso do Pai que, através de seu Filho, abaixa-se até vencer a distância existente entre o Absoluto e a criatura pecadora. A partir da noite santa do Cenáculo e do Sacrifício do Calvário, temos o Coração de Cristo, “propiciação pelos nossos pecados”, oferecendo-se na Santa Missa; Ele se faz presente em nossos altares, no milagre da transubstanciação do Pão e do Vinho em seu Corpo e Sangue, que se nos oferece como alimento espiritual. Oferecemo-nos ao Pai, como membros do Sacerdócio Real do Filho, santificados pelo Espírito Santo. Coração de Jesus, saturado de opróbrios Quando a trama da traição começou a instalar-se na alma de Judas, o Mestre lhe deu a entender que estava a par das suas maquinações. A presença de Judas traidor, no meio dos demais apóstolos, causava dor a Jesus. Foi muito humilhante para o Filho de Deus ser vendido aos inimigos, por trinta moedas de prata, como uma peça de mercado, e traído por Judas, que fazia parte do grupo de apóstolos. Jesus foi saturado de opróbrios, no madeiro da Cruz, quando gritavam: “Salvou a outros e não pode salvar a si mesmo; se for o Cristo, desça da Cruz”. Outro opróbrio foi a debandada de seus apóstolos, no momento em que mais precisava tê-los ao seu lado e ver-se como um Mestre fracassado, sendo preso, julgado e condenado, pela autoridade religiosa. Os Sacerdotes que O arrastaram à Morte eram representantes legais de Deus. Peçamos perdão pelas nossas infidelidades, às vezes, nossa fé é comercializada por menos de trinta moedas; ou agimos como Pedro, com medo ou vergonha de nos identificarmos como católicos, de assumir e defender a nossa fé. Coração de Jesus, Esmagado pelos nossos pecados Pecado é falta de amor a Deus, e a si próprio. O pecado desarmoniza, tira a paz, oprime e deprime, causa sempre algum dano, porque nos desvia de Deus. Torna-nos infelizes, contraria o plano de Deus, que nos criou para a verdadeira felicidade. Precisamos fugir das ocasiões de pecado e procurar os meios de combatê-lo. Um desses meios é o domínio de nós mesmos. Esta invocação da ladainha é um apelo para combatermos o mal na sociedade. Jesus Cristo nos redimiu, pela sua Paixão e Morte. De direito, o mal, o pecado não mais têm razão de ser. Acontece que, a aplicação dos méritos da Cruz, supõe a nossa colaboração. É preciso batalhar contra as nossas paixões desordenadas, vencer as más inclinações e colaborar com o amor do Coração de Jesus por nós. Coração de Jesus, obediente até a morte A Graça Redentora livrou a humanidade do pecado. Um grande ato de obediência foi realizado por Jesus Cristo, o Novo Adão. São Paulo exalta a obediência do Coração de Jesus, dizendo: “Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte e morte de Cruz". (Fl.2,8). No Jardim das Oliveiras, antes de ser preso, Jesus rezou: “Pai, se for possível, afasta de mim este cálice, mas não se faça a minha vontade e sim a tua”. Jesus sabia que seus sofrimentos seriam cruéis. Sabia que estava nos planos de Deus o salvar e santificar os homens, através da Cruz. Ele já afirmara ser preciso tomar a cruz e segui-Lo para ser seu discípulo. Em total obediência ao Pai, Jesus reza: “Não se faça a minha, e sim a tua vontade, Pai!”. E diz aos apóstolos que dormiam: Levantai-vos! Vamos! Jesus concretizava o que ensinara aos apóstolos: “Seja feita a tua Vontade, assim na terra como no céu”. Submete-se a todas as torturas, flagelação, coroação de espinhos; insultos e humilhação. Sua última palavra é de abandono filial. “Pai, em tuas Mãos eu entrego o meu Espírito”. Dias depois, o Ressuscitado dirá aos discípulos de Emaús: “Por ventura, não era necessário que Cristo sofresse tais coisas e assim entrasse em sua glória? (Lc. 24,26). 26- Coração de Jesus, atravessado pela lança No Coração transpassado constatamos a obediência filial de Jesus a seu Pai e seu amor fraterno aos homens. O Coração de Jesus é um sinal desse amor, expresso nas linhas vertical e horizontal, com os dois braços da Cruz. É o símbolo da vida nova dada aos homens pelo Espírito Santo pelos Sacramentos. O golpe da lança atesta a realidade da morte de Cristo. Assim como, do Rochedo ferido por Moisés, no deserto, nasceu uma fonte de água (Nm 20,8-11), assim também, do lado de Cristo, aberto pela lança, nasceu uma torrente de água para saciar a sede do Novo Povo de Deus. Do Coração de Jesus transpassado nasceram a Igreja e os Sacramentos do Batismo e da Eucaristia. “Aos pés da Cruz estava Maria, Mãe de Jesus” (Jo.19-25) Ela viu o Coração aberto, de onde corria sangue e água, e compreendeu que o Sangue de Seu Filho estava sendo derramado pela nossa salvação. E compreendeu também o significado das palavras de seu Filho: “Mulher, eis aí Teu Filho". (Jo.19,26). A Igreja que nascia do Coração transpassado, estava confiada ao seu Coração de Mãe. O Apóstolo João representava a humanidade. Coração de Jesus, fonte de toda a Consolação O coração humano precisa de palavras animadoras e de consolações nos momentos difíceis. Nossa condição humana exige ajuda e também que sejamos “ombro de apoio e mão forte” para os que estão desesperados. O Coração de Jesus é o maior consolador. No Sacrário, seu Coração nos reanima e nos põe em pé: “vinde a Mim e Eu vos aliviarei”. Jesus quis ficar conosco, de maneira sensível, nas Sagradas Espécies do Pão e do Vinho, transubstanciados em seu Corpo e Sangue, na Santa Missa. Ele está em nossos Sacrários, sacramentalmente, como amigo consolador. Após nossas visitas ao Santíssimo Sacramento, voltamos reconfortados, para continuar nosso trabalho, nossa luta. Não precisamos de muitas palavras diante do Sacrário. Importante é saber e acreditar que Jesus olha para nós e nós para Ele. Olhos fixos em seu coração. Coração de Jesus, nossa Vida e Ressurreição Jesus afirma: “Eu sou a Ressurreição e a Vida” (Jo.11,25). São palavras que nos consolam diante da realidade da morte. Encontramo-las escritas em muitos túmulos como sinal de fé, de esperança e de consolação para os que perderam seus entes queridos. Somos seres mortais. A morte nos amedronta, mas ela foi santificada pelo sacrifício da Cruz de Cristo. “Onde está, ó morte, a tua vitória? Com o pecado, a morte foi também derrotada. Morreremos sim, mas para ressuscitar com Cristo na glória. A Ressurreição é a pedra angular do Cristianismo. “Se Cristo não ressuscitasse, vão seria a nossa fé,” disse São Paulo. A Igreja é uma sociedade que marcha para a imortalidade. Graças ao Coração de Jesus e ao seu sacrifício, podemos ouvir São Francisco de Assis chamar a morte de irmã; os mártires, acenar para ela para lhes abrir as portas do céu e Santa Teresinha dizer que “Esta vida não é vida, porque a verdadeira vida é aquela que jamais termina, no céu”. Coração de Jesus, nossa Paz e Reconciliação A paz da alma é fruto da reconciliação, que nos veio pela Cruz. Por isso, o Sacramento da Confissão só podia ser instituído depois da morte e Ressurreição de Jesus. (Jo.20,19). Este Sacramento da Paz e Reconciliação foi o presente de Páscoa do Coração de Jesus aos apóstolos e a todos nós. Foi a garantia de sua Ressurreição, de sua presença vitoriosa. No meio dos apóstolos, com as mãos cheias de dons, deu-nos o maior deles: a Paz com Deus, fruto do amor. Com essa paz no coração, milhares de soldados em todos os campos de batalha, tombaram como vítimas do dever. Com essa paz, aninhada no coração, muitos jovens enfrentaram os tormentos do martírio. É uma paz que revela a presença da graça santificante, que nos torna amigos de Deus. No confessionário, as pessoas se redescobrem e encontram, no Coração misericordioso de Jesus a reconciliação e a paz. Coração de Jesus, Vítima dos pecadores O Coração de Jesus foi a vítima inocente na mão dos carrascos que nos lembram, foram eles apenas o instrumento da vingança de todos os pecadores do mundo. Jesus foi levado à morte na Cruz por uma série de circunstâncias que o nas malhas da intriga satânica dos que não O aceitavam. Mesmo se não houvesse um Judas, um Anás e Caifás, os soldados, o covarde Pilatos, e o povão a gritar, “crucifica-O”, o Coração de Jesus aceitaria sofrer e morrer crucificado por nós para libertar-nos dos nossos pecados. O Coração de Jesus foi a grande vítima dos pecadores. Por suas Chagas, fomos curados. ( Is 53,1 e seguintes). Coração de Jesus, Salvação dos que em Vós esperam A Sagrada Escritura afirma que o Senhor é um Deus que salva, e que a Salvação é um dom gratuito do seu Amor e Misericórdia. São Paulo afirma: “Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. (2Tm. 2,4; 4,10). Essa Salvação atingiu o seu ponto culminante em Jesus de Nazaré. O Coração de Jesus é a manifestação do amor salvador do Pai. Simeão ao tomar o Menino nos braços exclamou: “Meus olhos viram a Tua Salvação” (Lc. 2,30). O próprio nome JESUS, significa DEUS SALVA. Jesus veio salvar o que estava perdido. (L19,10). No Coração de Jesus, repousa a nossa esperança. Confiemos Nele! Coração de Jesus, Esperança dos que morrem em Vós O ponto final de nossa vida na terra é a morte. O Coração de Jesus, esperança para todas as horas da vida, é um manancial de esperanças para o momento da morte. A morte é uma passagem da luz criada para a Luz Incriada; da vida temporal para a Vida Eterna. Rezar: “Coração de Jesus, esperança dos que morrem em Vós” significa confiar Nele e a Ele se entregar. Significa crer que o Pai nos espera em sua casa. Nessa hora suprema, o cristão sabe que, mesmo que o coração recrimine suas faltas, o Coração de Jesus apagará qualquer pecado, se houve arrependimento. (1Jo3, 20). Morrer em Cristo significa munir-se dos “sinais sagrados”, da “passagem pascal”, para esse momento decisivo: Confessar-se, receber o Santo Viático e a Unção dos Enfermos. Rezar e perdoar, tendo Maria ao lado; Ela é a mãe dos agonizantes, que os ajuda nessa passagem para a vida da glória. Coração de Jesus, o Desejado das Colinas eternas e Delícia de todos os santos Olhar o Coração de Jesus, permanecer Nele, é gozar o Paraíso. Os Santos fizeram esta experiência. A nossa sede de amar e de ser amado é saciada plenamente pelo Coração de Jesus, que anula as distâncias e eleva os servidores à condição de amigos. Esse é o espaço vital dos bem-aventurados, o lugar em que permanecem no amor (Jo 15,9) e gozam de uma alegria eterna e sem limite. Reflexões adaptadas dos escritos do Pe. Euler Alves Pereira, SVD e do livro: Na Escola do Coração de Jesus - João Paulo II, Edições Loyola. Elaboradas por: Ir. Ofélia de Carvalho, ASCJ e Maria Leopoldina Malagurti Di Lascio - Curitiba - PR