UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira. Plantas de cobertura, utilizando Urochloa ruziziensis solteira e em consórcio com leguminosas e seus efeitos sobre a produtividade de sementes do feijoeiro João Víctor Trombeta Bettiol -ExecutorProf. Dr. Marco Eustáquio de Sá -Orientador- Relatório Parcial da Bolsa de Iniciação Cientifica da Fundação Agrisus referente ao período de 01/04/2014 a 10/10/ 2014. Processo 1306/14 Ilha Solteira 2014 Sumário 1. RESUMO DO PLANO APROVADO ............................................................................... 3 2. DESCRIÇÃO DA ETAPA CUMPRIDA DO PLANO APROVADO. ........................... 4 3. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 4 4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 7 4.1. AVALIAÇÕES REALIZADAS ................................................................................. 9 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 10 6. CONCLUSÕES PARCIAIS ............................................................................................. 15 7. DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS ......................... 16 8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 16 2 1. RESUMO DO PLANO APROVADO A utilização de novas tecnologias na agricultura brasileira é uma realidade que já se faz presente na vida dos agricultores. A cultura do feijoeiro tem ao longo dos anos apresentado um grande avanço em termos de utilização de novas tecnologias, com o uso de irrigação, semeadura direta e aplicação de produtos via foliar, além da produção de cultivares melhorados geneticamente. Com a utilização dessas técnicas nas propriedades os produtores vêm a cada dia obtendo ganhos nos índices de produtividade e produção. Dentre as técnicas utilizadas o uso de plantas de cobertura para obtenção de palhada para a implantação da cultura do feijoeiro apresenta uma significante importância. Os efeitos proporcionados por estas nos atributos químicos e físicos do solo são bastantes variáveis, tendo como principais fatores de variação a espécie utilizada, condições dos locais de cultivo, período de permanência dos resíduos no solo e interação entre esses fatores. Neste contexto, o presente trabalho está sendo realizado com o objetivo de se verificar o efeito de doses de N sobre a produção das sementes obtidas em feijoeiro cv. IAC Formoso, em sistema de plantio direto sobre palhada de Urochloa ruziziensis, em cultivo isolado e em consorcio com Crotalaria juncea, feijão de porco, guandu e mucuna cinza. Em todos os casos estão sendo testadas doses de adubo nitrogenado em cobertura, utilizando-se como fonte a ureia (0, 50,100 e 150 kg N ha-1). O experimento foi instalado na área experimental da Faculdade de Engenharia, UNESP – Campus de Ilha Solteira, localizada no município de Selvíria (MS), no período de verão e de outono-inverno respectivamente, com a utilização de irrigação para a cultura do feijoeiro. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 20 tratamentos e 4 repetições, sendo os tratamentos obtidos do fatorial plantas de cobertura (5) x doses de N (4). Posteriormente ao manejo das plantas de cobertura instalou-se a cultura do feijoeiro cv. IAC Formoso em sistema de plantio direto. 3 2. DESCRIÇÃO DA ETAPA CUMPRIDA DO PLANO APROVADO. Primeira etapa. Resumo: As plantas de coberturas foram semeadas em 10 de dezembro de 2013, e manejadas em 28 de fevereiro de 2014, 80 dias após sua semeadura. A semeadura da cultura do feijoeiro foi realizada no dia 15 de maio de 2014 . A adubação em cobertura foi realizada por ocasião da emissão do terceiro trifólio, totalmente aberto utilizando as doses de nitrogênio 0,50,100 e 150 kg de N ha-1. Foram feitas as avaliações de campo, da massa seca das plantas de cobertura, teor de clorofila das plantas, massa de matéria seca das plantas, altura de planta e altura de inserção da primeira vagem e posteriormente realizou-se analise estatística dos dados. 3. INTRODUÇÃO O feijoeiro é uma cultura de suma importância para a população brasileira principalmente não somente pelo fato de o Brasil ser o maior produtor mundial, mas também por ser uma das principais fontes proteicas do nosso povo, além de ser uma excelente fonte de ferro e carboidratos. No Brasil, a cultura do feijoeiro pode ser plantada em três épocas, de setembro a dezembro, denominada águas (primeira época), de janeiro a março, também chamado de seca (segunda época) e de maio a junho, chamado de inverno (terceira época). O cultivo de inverno contribui com 22 % da produção nacional, sendo que a região centro sul tem uma participação de 50 % dessa produção, com produtividade média de 2.164 kg ha-1 (CONAB, 2009). No Brasil, a área total cultivada com feijoeiro em 2011/2012 foi de 3,2 milhões de hectares, com produtividade média de grãos, em torno de 900 kg ha-1 e produção de 2,9 milhões de toneladas, sendo o Estado de São Paulo, o terceiro maior produtor (CONAB, 2013). De forma geral os solos brasileiros são pobres em nutrientes, visando maximizar a produção torna-se necessário o fornecimento exógeno de nutrientes, tais como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre, magnésio e micronutrientes, com destaque especialmente para o nitrogênio cujo consumo é maior. 4 Nesse cenário a utilização do plantio direto por incorporar ao solo resíduos vegetais das plantas de cobertura, tem proporcionado inúmeros benefícios para a cultura sucessora. De acordo com Caires et al (2006), a implantação de sistemas de manejo conservacionistas, que tem como principio a manutenção da cobertura vegetal e seus resíduos sobre o solo, apresenta um marcante destaque como estratégia eficaz para aumentar a sustentabilidade dos sistemas agrícolas nas regiões tropicais e subtropicais. Dentre os sistemas de produção adotados para o cultivo do feijoeiro, o SPD é o mais eficiente na otimização dos recursos naturais, pois atende os principais conceitos de sustentabilidade (SILVA et al., 2008). A utilização de plantas de cobertura visando principalmente a obtenção de palhada para a cultura sucessora é umas das técnicas que vem apresentando plausíveis resultados no quesito sustentabilidade, visto que alem de fornecer a cobertura morta para o solo, fornece também nutrientes ao solo, aumentando dessa forma a sustentabilidade do sistema agrícola. Segundo Ambrosano et al. (2004), com a prática da adubação verde, é possível recuperar a fertilidade do solo proporcionando aumento do teor de matéria orgânica, da capacidade de troca de cátions e da disponibilidade de macro e micronutrientes: formação e estabilização de agregados; melhoria da infiltração de água e aeração; diminuição diuturna da amplitude de variação térmica; controle de nematoides e, no caso das leguminosas, incorporação ao solo do nutriente nitrogênio (N), efetuada através da fixação biológica. Entre os indicadores da qualidade de uma cultura de cobertura estão à porcentagem de cobertura do solo, no transcorrer do desenvolvimento, a persistência do resíduo sobre o solo e a capacidade de reciclar nutrientes, liberando-os gradativamente para a cultura subsequente (CRUSCIOL et al., 2008). No cerrado, como elemento de cobertura, as plantas forrageiras tais como as braquiárias, destacam-se pelo crescimento radicular ativo e contínuo, alta capacidade de produção de biomassa, reciclagem de nutrientes e preservação do solo no que diz respeito à matéria orgânica, nutrientes, agregação, estrutura, permeabilidade, infiltração, entre outros. A camada de palha, ao cobrir a superfície do solo, impede a formação de crostas, permitindo a infiltração de água no perfil do solo, em função dos canais abertos pelas raízes decompostas (Salton, 2000). As leguminosas desempenham um papel fundamental como fornecedoras de nutrientes, quando o sistema plantio direto está estabilizado, uma vez que as plantas 5 dessa família têm a vantagem de prontamente disponibilizar nutrientes para culturas sucessoras, em virtude da rápida decomposição dos seus resíduos. A susceptibilidade dos resíduos vegetais à decomposição está associada à sua composição química quanto aos teores de celulose, hemicelulose, lignina e polifenóis e às relações entre constituintes como C/N, C/P, lignina/N, polifenóis/N e lignina + polifenóis/N (Rheinheimer et al., 2000; Aita & Giacomini, 2003; Espindola et al., 2006). Com o intuito de ter um sistema que proporcione cobertura duradoura e fornecimento de nutrientes gradualmente vem se utilizando o consorcio entre gramíneas e leguminosas. Entre as técnicas de manejo necessárias para atingir o máximo potencial produtivo no feijoeiro, está a adubação nitrogenada (SANT´ANA; SANTOS; SILVEIRA, 2011). Segundo Malavolta (1979), o nitrogênio é um dos nutrientes mais importantes na nutrição da planta e é, também, um dos que mais respostas positivas possuem em termos de produtividade; é um dos nutrientes absorvidos em maior quantidade pelo feijoeiro e, quando aplicado na dose recomendada, promove rápido crescimento aumentando a folhagem e o teor de proteína nas sementes. Além disso, “alimenta” os microrganismos do solo que decompõem a matéria orgânica e aumenta o teor de massa seca. No entanto, quando fornecido em desequilíbrio em relação aos outros elementos, pode atrasar o florescimento e a maturação e predispõe as plantas ao ataque de doenças. A adubação nitrogenada é essencial às plantas e normalmente é aplicada em altas doses, ocorre à transformação de formas de nitrogênio não absorvíveis pelas plantas em formas absorvíveis e vice-versa, dificultando o entendimento de seu comportamento no solo com o propósito de estimar a sua disponibilidade; trata-se, portanto, de um elemento bastante dinâmico no solo (ROCHA et al, 2008). O nitrogênio é um dos nutrientes que proporciona maior resposta pelo feijãocomum, e segundo Oliveira e Fageira (2003) a maior parte da massa seca dos grãos é constituída de carboidratos (cerca de 65%) e nitrogênio. Uma boa porcentagem de N é estocada nas folhas sob a forma de proteínas que, ao se iniciar a formação das vagens e dos grãos, são mobilizadas e translocadas para esses grãos. Portanto, há necessidade de complementação da nutrição com o disponível no ambiente, que deve ser feita aplicando-se uma parte na época de semeadura e o restante 6 até antes da floração, pois está é a fase em que o feijoeiro mais necessita de nitrogênio para a formação das vagens e dos grãos (PAULA JÚNIOR et al, 2008). O presente trabalho possui como objetivo o de estudar o comportamento do feijoeiro comum cv. IAC-Formoso em sistema de plantio direto sobre as palhadas de braquiaria (Urochloa ruziziensis) solteiro e em consorcio com as leguminosas: crotalaria (Crotalaria juncea), mucuna cinza (Stizolobium niveum), guandu (Cajanus cajan) e feijão de porco (Canavalia ensiformis), totalizando cinco coberturas de solo, com diferentes doses de adubo nitrogenado em cobertura, utilizando-se como fonte a ureia (0, 50,100 e 150 kg N ha-1), visando obter informações sobre a produção de biomassa das plantas de cobertura e na relação com a produtividade, produção e qualidade das sementes obtidas no feijoeiro em sistema de plantio direto. 4. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Faculdade de Engenharia, UNESP – Campus de Ilha Solteira, localizada no município de Selvíria (MS), no período de verão e de outono-inverno respectivamente, sendo o feijoeiro com irrigação. A área apresenta como coordenadas geográficas 51o24´ de longitude Oeste de Greenwich e de 20o20´ latitude sul, com altitude de 335 m. Segundo Hernandez et al. (1995) a precipitação pluvial média anual é de aproximadamente 1370 mm, a temperatura média anual de 23,5ºC e a umidade relativa do ar média anual de 70 a 80%. O solo do local segundo o levantamento detalhado efetuado por Demattê (1980), foi classificado como Latossolo Vermelho-Escuro, epi-eutrófico álico textura argilosa, sendo denominado de Latossolo Vermelho Distrófico argiloso, pela atual nomenclatura do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006). Para determinação das características químicas do solo, foram retiradas em 4 pontos da área amostras de solo na camada de 0 - 20 cm, amostras estás que foram juntadas e homogeneizadas e desta coletou-se uma amostra simples que foi encaminhada ao Laboratório de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas para determinação de pH, MO, P, K, Ca, Mg, H+Al, Al, SB, CTC e V%; com o objetivo de se verificar as condições de fertilidade em que se encontra o solo. 7 As características químicas do solo foram determinadas antes da instalação da cultura,por meio de análise química que cujos dados estão contidos na Tabela 1. Tabela 1. Dados da análise química do solo. P-Resina mg/dm³ M.O. g/dm³ pH CaCl2 K mmolc/ Ca mmolc/ Mg mmolc/ H + Al mmolc/ dm³ dm³ dm³ dm³ 36 25 4,9 5,2 25 19 36 Al mmolc/ SB mmolc/ CTC mmolc/ V % M % Ca/CTC % Mg/CTC % dm³ dm³ dm³ 1 49,2 85,2 58 2 29 22 As plantas de cobertura foram semeadas de forma manual em 10 de dezembro de 2013 na ausência de adubação de semeadura. Cada parcela constava de vinte e uma linhas de dez metros e o número de sementes para cada uma das coberturas foram: brachiaria – 12 kg/ha, mucuna cinza – 10 sementes m-1, guandu – 20 sementes m-1, feijão de porco – 12 sementes m-1, Crotalaria juncea 30 – sementes m-1. Em 28 de março de 2014 as plantas de cobertura foram manejadas, utilizando-se roçadeira. A dessecação da área realizou-se posteriormente, em 07 de março de 2014, aplicando-se o herbicida glifosato na dose de 1.560 g ha-1 do ingrediente ativo. A cultura do feijoeiro foi instalada no sistema de plantio direto utilizando-se sementes do cultivar IAC-Formoso, pertencente a grupo carioca precoce com ciclo aproximado de 75 dias. O tratamento das sementes se deu com a utilização do fungicida carboxin+thiram na dose de 200 ml/100 kg de sementes, a semeadura foi realizada de forma mecanizada no dia 15 de maio de 2014, no espaçamento de 0,5 m entre linhas e densidade de 15 sementes m-1 visando a obtenção de população de 240000 plantas ha-1, considerando o poder germinativo de 85%. A adubação da semeadura foi realizada de acordo com a análise de solo, visando obter altos níveis de produtividade para o feijoeiro irrigado. A adubação de cobertura foi realizada no dia 11/06/2014 por ocasião no estádio V4-3 utilizando as doses de 0, 50, 100 e 150 kg de N ha-1 utilizando-se a ureia como fonte de N. As parcelas constam de 6 linhas de 5 m sendo considerado como área útil as 4 linhas centrais a 0,5 m de cada extremidade. 8 Os tratos culturais e fitossanitários foram os recomendados para a cultura que possui como método de irrigação o de aspersão utilizando o equipamento Pivot Central. Para o controle de plantas daninhas foi realizado no dia 05/06/2014 uma aplicação do herbicida Fomesafen na dose de 1,0 L ha-1 juntamente com Podium, 20 dias após a semeadura, na dose de 0,7 L ha-1. Para controle pragas foi realizada uma aplicação no dia 03/06/2014 de Decis 25 EC na dose de 150 ml ha-1 e para controle preventivo das doenças aplicou-se mancozeb na dose de 1 kg ha-1 de principio ativo. Em todas as aplicações foi utilizada a quantidade de 200 L ha-1 de calda. Para controle pragas e doenças foram realizadas quatro aplicações sendo: 1. Deltaphos + Espalhante 1,0 L ha-1 + 0,2 %. 2. Deltaphos + Mancozeb + Espalhante 1,0 L ha-1 + 1600 g ha-1 + 0,2 %. 3. Deltaphos + Mancozeb + Espalhante 1,0 L ha-1 + 1600 g ha-1 + 0,2 %. 4. Imidacloprido + Espalhante 0,5 L ha-1 + 0,2 %. Em todas as aplicações foi utilizada a quantidade de 200 L ha-1 de calda. Para as analises estatísticas foi utilizado o programa SISVAR, com o seguinte esquema de análise de variância. Causa da variação G.L Plantas de cobertura (P) 4 Doses de N (D) 3 Blocos 3 PxD 12 Resíduo 57 Total 79 Para doses de N foram realizadas análises de regressão polinomial. 4.1. AVALIAÇÕES REALIZADAS Massa seca das plantas de cobertura Anteriormente ao manejo das plantas de cobertura foram retiradas amostras em três pontos de cada parcela utilizando-se um quadrado de 0,5m X 0,5m, cortando-se as 9 plantas junto ao solo, pesando-as e as colocando em estufa a 65ºC-70ºC até atingirem peso constante. Em seguida as mesmas foram pesadas e os dados obtidos foram utilizados para se calcular a quantidade de massa seca, transformando os dados em kg ha-1. Teor de clorofila nas plantas Foi determinado através do medidor eletrônico de teor de clorofila (Clorofilômetro) no dia 01/07/2014. Cada medição foi realizada no terceiro trifólio contando do ápice para a base, sendo obtidas quatro medições por parcela, uma em cada planta escolhida aleatoriamente na parcela. Com os dados obtidos destas medições obteve-se a média por parcela. As medições foram realizadas com as plantas em florescimento pleno. Peso da matéria seca de plantas Por ocasião do florescimento pleno das plantas, foram coletadas ao acaso, 10 plantas da área de cada parcela, que foram levadas ao laboratório, acondicionadas em sacos de papel devidamente identificadas e colocadas para secagem em estufa de ventilação forçada à temperatura média de 60 - 70°C, até atingir peso constante. Altura de planta Por ocasião da colheita mediu-se com uma fita métrica graduada em mm, a altura, de 10 plantas, da extremidade até o nó de inicio das raízes e para as analises utilizaram os valores médios. Altura de inserção da primeira vagem Por ocasião da colheita mediu-se com uma fita métrica graduada em mm, a altura de inserção da primeira vagem de 10 plantas, medição esta obtida a partir do colo da planta até a inserção da primeira vagem, obtendo-se posteriormente a média dos resultados, valores estes utilizados para as analises. Para as analises estatísticas utilizou-se o programa SISVAR. 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na Figura 1, estão apresentados os dados climáticos de temperatura máxima e mínima, precipitação e umidade relativa média do ar referente ao período desde a implantação da 10 planta de cobertura até a colheita do feijoeiro. No período de desenvolvimento das plantas de cobertura (dezembro a março) nota-se uma boa distribuição das chuvas, o que garantiu um bom acumulo de matéria seca, para o feijoeiro observa-se a irregularidade na distribuição das chuvas no período de desenvolvimento da cultura (maio a agosto) fato que não influenciou no desenvolvimento da cultura visto que o aporte hídrico se deu pela utilização de irrigação, garantindo desta forma a germinação das sementes e a sobrevivência das plantas bem como seu desenvolvimento e crescimento adequado. Temp. máxima Temp. mínima 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 UR 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Figura 1. Valores diários médios de precipitação pluvial (mm), umidade relativa do ar (%), temperatura máxima e mínima (ºC) coletadas durante a condução do experimento. Selvíria-MS. 2013-2014. Na Tabela 1 observa-se os valores médios para a variável massa seca das plantas de cobertura, onde se observou-se que não houve diferença significativa entre o cultivo exclusivo (solteiro) e os consorciados. Tabela 1. Produção de massa seca (kg ha-1) das plantas de cobertura por ocasião do manejo. Ilha Solteira, 2014. 11 Temperatura ( °C) e UR (%) Precipitacão pluvial (mm) Precipitação Cobertura Braquiária Braquiária+mucuna Braquiária+crotalária Braquiária+ feijão de porco Braquiária+guandu Média D.M.S. C.V. % Massa Seca (kg ha-1) 7375 5950 9350 6800 5350 6965 2614,5 19,98 As médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. Lima et al. (2001), relataram que o peso de material fresco (verde) pode mostrarse bastante variável, provavelmente em função do teor de água oscilar bastante a partir da colheita da planta, dependendo principalmente das condições de umidade relativa do ar desde o local da amostragem ate o local de pesagem tendo essa variação um aumento ou decréscimo de acordo com o intervalo de tempo gasto entre colheita e pesagem. Fato este que Benincasa (1986), afirmou ser preferencial a utilização do peso da massa seca ao invés do peso fresco do material analisado. Apesar não se observar diferença significativa entre as plantas de cobertura o maior acumulo de matéria seca se deu com a braquiaria consorciada com crotalaria observando valores superiores a 9000 kg.ha-1. O menor acumulo de matéria seca se deu para braquiaria em consorcio com feijão guandu com 5350 kg.ha-1 de matéria de seca. Valor inferior ao encontrado por Rodrigues et al. (2012) que obteve massa seca superior a 12000 kg.ha-1 na consorciação entre milheto e guandu. Isto se deve provavelmente devido ao período mais curto de desenvolvimento das plantas de cobertura, uma vez que na região principalmente devido a alta temperatura, alta umidade e luminosidade as plantas apresentaram um grande desenvolvimento. A quantidade de matéria vegetal fornecida pelas plantas de cobertura apresentou valores superiores aos que tem sido apontado como quantidade mínima ideal de adição de matéria em um sistema de rotação de culturas, de maneira que a cobertura do solo se mantenha adequada, com valor de 6000 kg ha-1ano-1 de palhada, conforme citado por Alvarenga et al (2001), sendo a media geral de produtividade da matéria seca de 6965 12 kg ha-1, resultado este superior a quantidade mínima, indicando desta forma uma boa cobertura do solo. Tabela 2. Valores médios de teor de clorofila, matéria fresca (verde) e matéria seca de planta, altura de planta e altura de inserção da primeira vagem, de feijoeiro em função de doses de N e plantas de coberturas. Tratamentos Coberturas Braquiaria Braq +Crotalaria Braq+Feijão de Porco Braq +Guandu Braq+Mucuna Cinza Doses de N 0 kg ha-1 50 kg ha-1 100 kg ha-1 150 kg ha-1 F calc Cobertura (CO) Dose (DO) COxDO Média DMS C.V. % (g planta-1) Altura de Planta (cm) Inserção 1º vagem (cm) 73,62 64,44 66,31 12,94 11,25 12,58 56,51 ab 51,71 b 67,35 a 12,06 12,41 15,06 38,01 38,38 55,38 66,31 10,19 11,78 56,27 ab 55,44 ab 13,46 13,55 35,37 37,14 38,44 39,02 58,30 68,90 64,35 68,25 10,80 12,65 12,03 11,50 54,56 57,84 60,89 56,62 12,88 14,08 12,85 13,42 2,01ns 7,05** 1,84ns 37,49 2,72 7,29 1,05ns 0,73ns 0,95ns 64,95 25,30 39,11 1,78ns 1,15ns 0,80ns 11,74 3,26 27,90 2,56* 0,65ns 1,17ns 57,47 14,59 25,48 2,36ns 0,71ns 0,84ns 13,31 3,02 23,06 Clorofila Massa Verde Massa Seca (g planta-1) 35,88 37,78 37,42 As médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. **, * - Significativo a 1e a 5% de probabilidade, pelo teste de F, respectivamente. ns – não significativo Braq = Braquiaria Na Tabela 2 verifica-se que para os teores foliares de clorofila ocorreu efeitos significativos dos tratamentos com doses de nitrogênio ( 0, 50 ,100 e 150 kg.ha-1) onde nota-se um aumento dos teores observados com o incremento das doses de N, com os valores se ajustando a função quadrática (y = -0,0001x2 + 0,0423x + 35,358) com ponto de dose ótima de 211,5 kg.-1 de N (Figura 2), fato também evidenciado por Chagas et al. (2005) que observaram que doses de N influenciaram o teor de clorofila em feijão cultivar “Ouro vermelho”, sendo que os teores aumentaram com o aumento das doses. Soratto et al. (2004) também com a utilização de clorofilômetro portátil, notaram que ao se aumentar as doses de N, tanto no sistema convencional quanto no direto observou-se um aumento nos teores de clorofila. O teor de clorofila presente nas folhas correlacionase com a concentração de nitrogênio (N) na planta e também com o rendimento das 13 culturas (BLACKMER; SCHEPERS, 1995). O N é o componente da molécula de clorofila, onde a deficiência de N é imediatamente refletida em baixas concentrações de clorofilas, ressaltando assim sua importância (MAIA, 2011). Clorofila 45 40 35 Clorofila 30 y = -0,0001x2 + 0,0423x + 35,358 R² = 0,9996 25 20 15 10 5 0 0 50 100 Doses de N (kg 150 ha-1) Figura 2. Teores foliares de Clorofila em função de doses de Nitrogênio no feijão cv. IAC Formoso, Selvíria-MS, 2014. Ainda na Tabela 2 observa-se que para as variáveis matéria verde e seca de plantas de feijoeiro não ocorreram efeitos significativos dos tratamentos para variável analisada. De acordo com Lima et al. (2001), o peso de material fresco (verde) pode mostrar-se bastante variável, provavelmente em função do teor de água oscilar bastante a partir da colheita da planta, dependendo principalmente das condições de umidade relativa do ar desde o local da amostragem ate o local de pesagem tendo essa variação um aumento ou decréscimo de acordo com o intervalo de tempo gasto entre colheita e pesagem. Com isso, Benincasa (1986), afirmou ser preferencial a utilização do peso da massa seca ao invés do peso fresco do material analisado. Para variável altura de plantas (Figura 3) notou-se efeitos significativos das plantas de cobertura para a característica analisada, com os maiores valores obtidos no consorcio entre braquiaria e feijão de porco, com 67,35 cm diferindo estatisticamente do tratamento consorciado com crotalaria que apresentou altura de planta de 51,71 cm. Valores superiores aos encontrados por Nunes et al. (2006) utilizando a cv. Talismã em sistema de plantio direto sobre palhada de gramíneas. 14 Braquiaria Braquiaria+crotalaria Braquiaria+guandu Braquiaria+feijão de porco Braquiaria+mucuna 75 a ab b ab ab cm 50 25 0 Altura de plantas Figura 3. Altura de plantas em feijoeiro cv. IAC Formoso, em função do cultivo sob palhada de braquiaria solteira e em consorcio com leguminosas. Ilha Solteira-SP, 2014. Para altura de inserção de primeira vagem não se verificaram efeitos significativos dos tratamentos, obtendo-se valores médios de 13,31 cm, resultados inferiores aos encontrados por Oliveira et al. (2014) utilizando o cv. IAC Galante. Tal situação devese ao fato de a altura de inserção de primeira vagem ser uma característica genética de cada cultivar, que pode variar segundo as condições ambientais de cultivo (SILVA, 2011). Silveira (1991) enfatiza que a prática da colheita mecanizada só é viável quando as vagens da base da planta se encontram a uma altura mínima de 15 cm acima da superfície do solo. Além do benefício da colheita mecanizada, a altura ideal evita o contato direto das vagens com o solo, impedindo o apodrecimento destas pelo excesso de umidade, promovendo assim melhor estado fitossanitário das sementes (SALGADO et al., 2012). Dados semelhantes foram encontrados por GAVOTTI et al. (2003), comparando o sistema de preparo convencional do solo com o sistema plantio direto, ambos com e sem palha residual, que também não verificaram diferenças entre os tratamentos para a altura de inserção da primeira vagem, tendo obtido altura média de 14 cm. 6. CONCLUSÕES PARCIAIS 15 Para teores foliares de clorofila observou-se um aumento nos valores em função do aumento das doses de N, com ponto de dose ótima de 211 kg.ha-1. O consorcio entre braquiaria e feijão de porco proporcionou os maiores valores para altura de plantas, diferindo estatisticamente do consorcio com crotalaria. 7. DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS Até presente momento não foram encontradas dificuldades no desenvolvimento do trabalho. 8. REFERÊNCIAS AITA, C. & GIACOMINI, J. Decomposição e liberação de nitrogênio de resíduos culturais de plantas de cobertura do solo solteiras e consorciadas. R. Bras. Ci. Solo, 27:601-612, 2003. Alvarenga RC, Cabezas WAL, Cruz JC, Santana DP (2001) Plantas de cobertura de solo para sistema plantio direto. Informe Agropecuário, 22:25-36. AMBROSANO, J.E.; ROSSI, F., GUIRADO, N.; MENDES, P.C.D. Adubação verde em sistemas agroecológicos para agricultura familiar. In: Curso de Capacitação em Agricultura Orgânica. 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