aspecto visual do colo uterino de mulheres com e sem

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ASPECTO VISUAL DO COLO UTERINO DE MULHERES COM E
SEM INFECÇÃO PELO HPV
TRENHAGO, Taiana Medeiros1; SOARES, Bruna Braga²; SILVA, Brenda da3; MACHADO,
Ronaldo³; SANTOS, Letícia4; DIEFENTHÄLER, Vanessa Lais5; ZANELLA, Janice de
Fátima Pavan6; COSER, Janaina6
Palavras-chave: Colo uterino. Aspecto visual. HPV. Infecções.
INTRODUÇÃO
O câncer do colo do útero é uma neoplasia com alto potencial de prevenção devido as
suas características evolutivas (evolução lenta, etapas bem definidas e facilidade de detectar
alterações precursoras). Entretanto sua incidência continua elevada em muitos países,
incluindo o Brasil (INCA, 2011). O desenvolvimento desta doença tem relação direta com a
infecção pelo Papilomavírus humano (HPV). Este vírus é capaz de infectar o epitélio cervical
e provocar transformações celulares com potencial de malignidade. Porém, mesmo possuindo
este potencial oncogênico, a maioria das infecções pelo HPV apresenta caráter transitório,
regredindo espontaneamente. Entretanto, em algumas mulheres há desenvolvimento de lesões
cervicais, incluindo o câncer do colo do útero (ZUR HAUSEN, 2009; DOORBAR et al.,
2012)
O exame citopatológico, também conhecido como Papanicolaou, é o método de
escolha para o rastreamento das lesões pré-neoplásicas e neoplásicas do colo do útero, por ser
capaz de identificar as alterações celulares provocadas pelo HPV, as quais que podem ser
tratadas precocemente, evitando assim, a evolução para câncer. É importante salientar que a
realização deste exame envolve diferentes etapas e profissionais distintos.
1
Acadêmica do 8º semestre do curso de Biomedicina da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, bolsista
PIBIC. [email protected]
2
Acadêmica do 4º semestre do curso de Biomedicina da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, voluntária
PIBIC. [email protected]
3
Acadêmicos do 6º semestre do curso de Biomedicina da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, voluntários
PIBIC. [email protected]; [email protected]
4
Acadêmica do 8º semestre do curso de Enfermagem da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, voluntária
PIBIC. [email protected]
5
Biomédica, Laboratório de Citopatologia da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ,
[email protected]
6
Docentes do Curso de Biomedicina da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ e do Programa de PósGraduação em Atenção Integral à Saúde – UNICRUZ/UNIJUÍ. [email protected]; [email protected]
Desta forma, para um rastreio efetivo do câncer do colo do útero, é necessário um
olhar integral à saúde da mulher, o qual envolve esta atuação multiprofissional (BRITOSILVA et al., 2014). A etapa inicial do Papanicolaou abrange o preenchimento do formulário
da requisição do exame e coleta do material cervical para análise. Conforme Amaral et al
(2014), a capacitação dos profissionais que atuam nesta etapa é essencial para a qualidade do
exame e, consequentemente, para um programa de rastreamento efetivo.
No momento da coleta do material cervical é possível realizar o exame especular ou
inspeção visual, a partir do qual se observam as características visuais da vagina e do colo do
útero com o auxílio de um dispositivo chamado espéculo. Estas características podem ser
relacionadas, por exemplo, a presença e aspecto de secreções, coloração e aspecto da
superfície do colo, epitelização e forma do orifício externo, e sua observação é de grande
importância para uma avaliação inicial da mulher, pois proporciona subsídios visuais sobre a
presença de possíveis alterações cervicais. Esta observação é tão importante, o Programa
Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero incluiu na requisição do exame um campo
específico para descrição destas características, destacando ainda que “Na presença de colo
alterado, com lesão sugestiva de câncer, não aguardar o resultado do exame citopatológico
para encaminhar a mulher para colposcopia”, ou seja, para exame complementar do tripé
diagnóstico desta neoplasia (citologia-colposcopia-histologia). Além disso, tais informações
são essenciais para o citologista, uma vez que são informações adicionais da paciente que
podem consubstanciar a triagem do material citológico (INCA, 2011).
Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar as características
informadas a partir da inspeção visual do colo do útero realizada durante a coleta do
Papnicolaou, em mulheres com e sem a presença do HPV.
METODOLOGIA
Esta pesquisa caracterizada como uma investigação observacional, descritiva,
transversal, está sendo desenvolvida pelo Programa de Iniciação Científica da Universidade
de Cruz Alta – PIBIC//UNICRUZ, e integra um projeto maior intitulado “Estudo de fatores
genéticos humanos e virais associados com a persistência do papilomavírus genital e
progressão para câncer do colo do útero em mulheres”, aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da UNICRUZ (CAAE nº 0093.0.417.000-11).
A amostra, obtida do banco de dados do projeto maior, foi constituída por mulheres
atendidas em um programa de rastreamento para o câncer cervical através do exame
citopatológico, em um Serviço Especializado de Saúde da cidade de Cruz Alta-RS, nos anos
de 2010, 2012 e 2013. As variáveis que estão sendo analisadas são: 1) Microbiota cérvicovaginal e presença de agentes infecciosos no exame de Papanicolaou; 2) Presença ou ausência
da infecção por HPV, detectado pela técnica de biologia molecular; 3) Informações clínicas
referentes ao aspecto do colo do útero e as queixas ginecológicas das mulheres, obtidas na
requisição do exame citopatológico do colo do útero e questionário. Os resultados
apresentados neste trabalho são parciais e referem-se às características do colo do útero
observadas a partir da inspeção visual realizada enfermeiro responsável, durante o exame
Papanicolaou. Foi caracterizado como colo normal aquele que não apresenta lesões
macroscópicas ou secreção. Como colo normal - com secreção, aquele que não apresenta
lesões, porém apresentando algum tipo de secreção. E como colo alterado, aquele que possui
alterações de coloração ou morfologia, visíveis a olho “nú”. Colo ausente refere-se às
mulheres que realizaram a histerectomia (SILVA, LONGATTO, 2000). Os dados obtidos a
partir desta classificação foram distribuídos em dois grupos de acordo com a presença ou
ausência da infecção pelo HPV e analisados descritivamente como frequência (n) e percentual
(%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra foi constituída pode 50 mulheres, com idade média de 32 anos (± 12,36). A
tabela 1 demonstra que a maioria das mulheres avaliadas (54%) apresentou colo do útero com
aspecto normal.
Tabela 1. Características relacionadas ao aspecto visual do colo uterino de acordo com a presença ou ausência do
HPV
HPV
Aspecto visual do colo
uterino
Normal
Normal com secreção
Alterado
Ausente
Total (n=50)
n (%)
27 (54)
09 (18)
12 (24)
02 (4)
Ausente (n=25)
n (%)
17 (68)
03 (12)
05 (20)
00 (0)
Presente (n=25)
n (%)
10 (40)
06 (24)
07 (28)
02 (8)
Comparando-se os grupos, observou-se que a frequência de colo normal foi maior
entre as mulheres sem HPV (68%) do que entre as mulheres com HPV (40%). Em
contrapartida, a frequência de colo alterado foi ligeiramente maior entre as mulheres com
HPV (28%) do que entre as mulheres sem HPV (20%). De forma semelhante, a frequência de
colo normal – com secreção foi um maior entre as mulheres com HPV (24%) do que entre as
mulheres sem HPV (12%). É sabido que a infecção pelo HPV na maioria das vezes é de
ocorrência transitória não sendo produtiva. Desta forma a mulher não apresenta sintomas ou
qualquer alteração no colo uterino. Entretanto, algumas vezes é possível evidenciar o efeito do
vírus, já que a replicação viral favorece reação inflamatória no epitélio e predispõe ao
desenvolvimento de lesões cervicais (SILVA, LONGATTO, 2000).
CONCLUSÃO
Mesmo com resultados parciais, este estudo demonstra achados importantes quanto à
observação dos aspectos visuais do colo do útero durante a coleta do Papanicolaou, tendo em
vista que informações adicionais como estas podem tornar o rastreamento do câncer do colo
do útero mais efetivo e resolutivo do ponto de vista da atenção integral a saúde da mulher.
REFERÊNCIAS
BRITO-SILVA, BEZERRA, A.F.B.; CHAVES, L.D.P.; TANAKA, O.Y. Integralidade no
cuidado ao câncer do colo do útero: avaliação do acesso. Rev Saúde Pública;48(2): 240248, 2014.
DOORBAR J, QUINTB W, BANKS L, BRAVOD IG, STOLERE M, BROKERF TR,
STANLEYG MA. The biology and life-cycle of human papillomaviruses. Vaccine. 30S:
F55– F70, 2012.
INCA. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de
Apoio à Rede de Atenção Oncológica. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do
câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações
Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica – Rio de Janeiro: INCA, 2011.
SILVA FILHO AM, LONGATTO FILHO A. Colo uterino e vagina: Processos
inflamatórios - Aspectos histológicos, citológicos e colposcópicos. Rio de Janeiro: Revinter,
2000.
ZUR HAUSEN H. Papillomaviruses in the causation of human cancers - a brief historical
account. Virology. 384(2): 260-65, 2009.
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