Quais condições clínicas justificam o uso contínuo do

Propaganda
REBRACIM – Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informações sobre Medicamentos
CIM-RS – Centro de Informações Sobre Medicamentos
Faculdade de Farmácia/UFRGS
Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul
13 anos
CIM-RS: a informação a seu alcance
Solicitação: Quais condições clínicas justificam o uso contínuo do omeprazol e qual o período de
tratamento? Que problemas poderiam ocorrer devido ao seu uso prolongado?
Resposta:
Nas fontes terciárias consultadas1,2,3,4,5,6, são descritos diversos tempos de tratamento e doses orais
para o omeprazol em adultos, que estão relacionados com as seguintes indicação de uso:
- Esofagite refratária: 40mg/dia1,2 dose única1. Após cicatrização, terapia de manutenção de
20mg/dia2.
- Condições de hipersecreção patológica (como adenomas endócrinos, síndrome de ZollingerEllisson, e mastocitose sistêmica): é recomendado 60mg uma vez ao dia1,2,3,4,5,6 continuadamente até
manutenção da condição clínica1; a maioria2 dos pacientes têm sido controlados com doses entre
20mg2,3,4,5, 1-2 vezes ao dia4, e doses de até 120mg1,2,3,5,6, ou superiores2,5, como 360mg5, três vezes ao
dia1,2,3,5,6, têm sido utilizadas1,2,3,4,5,6. Doses diárias maiores que 80mg devem ser divididas1,2,3,4,5,6,
geralmente em duas vezes2. O tratamento é individualizado conforme condições do paciente e resposta ao
tratamento. Alguns pacientes com síndrome de Zollinger-Ellisson têm sido tratados continuamente por
mais de 5 anos3.
- Dispepsia: alívio com dose usual de 10 ou 20mg/dia por 2 a 4 semanas2.
- Refluxo gastro-esofágico: 20mg uma vez ao dia por 4(1,2,3,4,5,6) a 8 semanas1,3, seguido por mais
4
a 8 semanas2 para pacientes não responsivos3; se esofagite erosiva reincidir, novo curso de 4-8
semanas poderá ser necessário3. Dose de manutenção de 10mg/dia pode ser utilizada2, entretanto doses
de 20mg/dia apresentaram melhores resultados3. É relatado que omeprazol se mostrou seguro e eficaz
para terapia prolongada (até 11 anos) em pacientes com refluxo gastro-esofágico grave refratário a
antagonistas H2(3).
(2,3)
- Esofagite erosiva: omeprazol 20mg/dia1,3,4,5 uma vez ao dia para profilaxia1; para manutenção da
cicatrização: 20mg/dia por até 12 meses (terapia total; inclui o tratamento prévio de 4-8 semanas)5,6. São
descritos estudos clínicos de até 12 meses para avaliação da eficácia da terapia3,5.
- Úlcera péptica: 20mg/dia1,2,3,5,6 dose única2,5 ou 40mg/dia (para casos graves2,6 ou não
responsivos a antagonistas H2(5))2,3,5,6 ou para úlcera gástrica1,3,4,5 uma vez ao dia1,3,5. Para úlcera
duodenal, manter terapia por 4(2,3,4,5,6) a 8 semanas3,4,6; para úlcera gástrica1,2,3,5, manter de 4(1,3,5) a 8
semanas1,2,3,5. Para manutenção da cicatrização6, terapia com 10mg(2) a 20mg/dia 2,6 por até 12 meses de
terapia total (incluindo as 4-8 semanas iniciais)6 pode ser utilizada2,6. É descrito que o fabricante não
recomenda terapia de manutenção com omeprazol para úlcera duodenal; porém, 20mg uma vez ao dia por
seis meses tem se mostrado seguro e efetivo para terapia de manutenção em úlcera duodenal cicatrizada3.
- Erradicação de Helicobacter pylori em úlcera péptica: adjuvante; 20mg duas vezes ao
dia2,3,4,5,6, ou 40mg uma vez ao dia1,2,5,6, combinado com antibióticos durante 1 a 2 semanas1,2,3,4,5,6,
dependendo da terapia utilizada2,5,6; após, manter omeprazol1,2,4,5 20mg1,4,5 dose única1,5 - 40mg/dia4 por 2
semanas1 a 4(2,5) - 8 semanas2.
- Ulceração associada ao uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINES): 20mg/dia para
tratamento ou profilaxia em pacientes com história de lesão gastroduodenal que requeiram tratamento
contínuo com AINE2.
O alívio dos sintomas proporcionado pelo omeprazol não descarta a possibilidade de câncer
gástrico2,3,4,6,7, por isto deve ser usado com cautela. Com a melhora dos sintomas, tanto após o uso de
antagonistas dos receptores H2 como de inibidores da bomba de prótons, deve-se avaliar a possibilidade
Av. Ipiranga, 2752 – 2º Andar – Porto Alegre/RS – Fone/Fax: 0 XX 51 3308 52 81
e-mail: [email protected]
blog: http://cimrs.blogspot.com
Boletim Informativo: http://www.ufrgs.br/boletimcimrs/
1 de 3
REBRACIM – Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informações sobre Medicamentos
CIM-RS – Centro de Informações Sobre Medicamentos
Faculdade de Farmácia/UFRGS
Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul
13 anos
CIM-RS: a informação a seu alcance
de redução de doses e a substituição dos inibidores da bomba de prótons por fármacos da outra classe 4.
Em 3% dos pacientes, o uso prolongado de omeprazol levou ao aumento significativo dos níveis séricos de
gastrina, que está relacionada com o desenvolvimento de hiperplasia das células do tipo enterocromafins
gástricas3,7 em humanos e carcinomas gástricos em ratos3,6,7. São necessários mais dados a respeito do
efeito da hipocloridria e da hipergastrinemia prolongadas, decorrente da terapia de longo prazo com
omeprazol, para que seja descartada a possibilidade do aumento do risco para o desenvolvimento de
tumores gástricos em humanos6.
É recomendado não repetir o tratamento para azia mais frequentemente do que cada 4 meses ou
durante mais de 14 dias, sem acompanhamento médico5.
Embora inibidores da bomba de prótons sejam superiores aos antagonistas H2, quanto ao menor
custo na rapidez do alívio dos sintomas e cicatrização da úlcera, essa vantagem parece diminuir com o
tratamento continuado, especialmente com úlceras gástricas. Existem questões relacionadas à segurança
desses agentes a longo prazo. Inibidores da bomba de próton podem ser bons agentes em pacientes com
úlceras refratárias para terapia com antagonista H2(3).
Os inibidores da bomba de prótons podem aumentar o risco de infecções gastrintestinais2,3 devido
aos seus efeitos supressivos da secreção gástrica.
A terapia com omeprazol por períodos prolongados pode causar:
- aumento na concentração plasmática do fármaco. O perfil de absorção parece ser dose
dependente. A partir de doses superiores a 40mg tem sido relatado aumento da concentração plasmática
do fármaco de forma não linear devido ao metabolismo hepático de primeira passagem saturável. A
absorção é maior com o uso prolongado2. A biodisponibillidade do fármaco pode estar aumentada em
pacientes de alguns grupos étnicos (como chineses2)1,2,3,6, idosos2, e em pacientes com deficiência
hepática, mas não é marcadamente afetada naqueles com insuficiência renal2,5;
Outras reações adversas ao uso prolongado de omeprazol, baseadas em relatos de caso e estudos
observacionais, são descritas:
- hipomagnesemia 2,3;
- hipomagnesemia grave com hipoparatiroidismo secundário em pacientes que usavam por vários
anos3;
- diminuição cianocobalamina sérica (vitamina B12)2,3,5,7 em pacientes com síndrome de ZollingerEllisson3;
- aumento de peso3;
- pólipos em glândulas gástricas2,3;
- anemia megaloblástica por deficiência de vitamina B12 (tratamento de 3 anos, 40-60 mg/dia, para
refluxo gastro-esofágico)3;
- aumento do risco de osteoporose (exposição de 1 ano ou mais) e fraturas ósseas (exposição de 1
a 12 anos)2,3,5;
- aumento do risco de pneumonia comunitária adquirida3,5,7;
- aumento do risco de infecção por Clostridium difficile3,7.
REFERÊNCIAS
1.
2.
USP DI 2006 – Drug Information for the Health Care Professional. V. 1. 26 ed. Greenwood Village: Thomson
Micromedex, 2006.
SWEETMAN S. (Ed), Martindale: the complete drug reference. London: Pharmaceutical Press. Electronic version,
Thomson MICROMEDEX, Greenwood Village, Colorado, USA. Disponível em: http://www.thomsonhc.com/home/dispatch
Acesso em: 28 dez. 2012.
Av. Ipiranga, 2752 – 2º Andar – Porto Alegre/RS – Fone/Fax: 0 XX 51 3308 52 81
e-mail: [email protected]
blog: http://cimrs.blogspot.com
Boletim Informativo: http://www.ufrgs.br/boletimcimrs/
2 de 3
REBRACIM – Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informações sobre Medicamentos
CIM-RS – Centro de Informações Sobre Medicamentos
Faculdade de Farmácia/UFRGS
Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul
13 anos
CIM-RS: a informação a seu alcance
3.
4.
5.
6.
7.
DRUGDEX® System. Thomson MICROMEDEX, Greenwood Village, Colorado, USA. Disponível em:
http://www.thomsonhc.com/home/dispatch . Acesso em: 28 dez. 2012.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência
Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário terapêutico nacional 2010: Rename 2010 / Ministério da Saúde,
Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos
Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
MCEVOY, G. K. (Ed.) AHFS Drug Information. Bethesda: ASPH, 2011.
LACY, Charles F. et al. Drug Information Handbook International. 19. ed. Hudson: Lexi-comp, 2010.
MCPHEE, S.; PAPADAKIS, M. (Ed.) CMDT – Current Medical Diagnosis e Treatment. 48. ed. New York: McGrawHill,
2009.
Resposta elaborada em 15 de julho de 2011 por
Farm. Alexandre A. de T. Sartori
Revisada em 28 de dezembro de 2012 por
Farm. Clarissa Ruaro Xavier
Av. Ipiranga, 2752 – 2º Andar – Porto Alegre/RS – Fone/Fax: 0 XX 51 3308 52 81
e-mail: [email protected]
blog: http://cimrs.blogspot.com
Boletim Informativo: http://www.ufrgs.br/boletimcimrs/
3 de 3
Download