Aulão Interdisciplinar – Ensino Médio Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Gramática - Prof. Romero 1. (ENEM-2014) Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”. No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos de nossos ex colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora. Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em toda a Europa! Informativo Parábola Editorial, s/d. Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele? a)adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso da norma padrão. b)apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto. c)propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados. d)acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu. e)defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a hegemonia do antigo colonizador. 2)(ENEM-2013) O negócio Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às donas que se abasteçam de pão e banana: – Como é o negócio? De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é uma promessa a recusa: – Deus me livre, não! Hoje não… Abílio interpelou a velha: – Como é o negócio? Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o trato. Com a dona Julietinha foi assim. Ele se chegou: – Como é o negócio? Ela sorriu, olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa partir. Manhã cedinho saltou a cerca. Sinal combinado, duas batidas na porta da cozinha. A dona saiu para o quintal, cuidadosa de não acordar os filhos. Ele trazia a capa da viagem, estendida na grama orvalhada. O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar a proeza. No crepúsculo, pum-pum, duas pancadas fortes na porta. O marido em viagem, mas não era de dia do Abílio. Desconfiada, a moça chegou à janela e o vizinho repetiu: – Como é o negócio? Diante da recusa, ele ameaçou: – Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu conto! (TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979 (fragmento)). Quanto à abordagem do tema e aos recursos expressivos, essa crônica tem um caráter: a) filosófico, pois reflete sobre as mazelas sofridas pelos vizinhos. b) lírico, pois relata com nostalgia o relacionamento da vizinhança. c) irônico, pois apresenta com malícia a convivência entre vizinhos. d) crítico, pois deprecia o que acontece nas relações de vizinhança. e) didático, pois expõe uma conduta ser evitada na relação entre vizinhos. 3)(ENEM-2014) Em todas as frases, os verbos estão na voz ativa, exceto em: a) Ele, que sempre vivera órfão de afeições legítimas e duradouras, como então seria feliz!... b) O quinhão de ternura que a ela pretendia, estava intacto no coração do filho. c) Os dois quadros tinham sido ambos bordados por Mariana e Ana Rosa, mãe e filha. d) E dizia as inúmeras viagens que tinha feito até ali; contava episódios a respeito do boqueirão. e) Sobre a banca de Madalena estava o envelope de que ele tinha falado. 4)(ENEM-2014) Indique a alternativa que completa corretamente as lacunas das frases: I - Se nos ....... a fazer um esforço conjunto, teremos um país sério. II - .......o televisor ligado, para te informares dos últimos acontecimentos. III - Não havia programa que .......o povo, após o último noticiário. a) propormos - Mantenha - entretesse b) propusermos - Mantém - entretesse c) propormos - Mantém - entretivesse d) propormos - Mantém - entretesse e) propusermos - Mantém – entretivesse 5)(ENEM-2014) Mas toda santa madrugada Quando uma já sonhou com Deus E a outra, triste enamorada Coitada, já deitou com os seus O acaso faz com que essas duas Que a sorte sempre separou Se cruzem pela mesma rua Olhando-se com a mesma dor Quanto à análise dos elementos mórficos que compõem a forma verbal "olhando", o julgamento que não está adequado: a) radical: "olh" b) tema: "olha" c) desinência número-pessoal: "o" d) vogal temática: "a" e) desinência modo-temporal (verbo-nominal): "ndo" 6) (ENEM-2013) eu gostava muito de passeá… saí com as minhas colgas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins… bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… eu era a::… a palhaça da turma… ((risos))… eu acho que foi uma das fases mais… assim… gostosas da minha vida foi… essa fase de quinze… dos meus treze aos dezessete anos… A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental. Projeto Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito). Um aspecto da composição estrutural que caracteriza o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da língua é: a) predomínio de linguagem informal entrecortada por pausas. b) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português. c) realização do plural conforme as regras da tradição gramatical. d) ausência de elementos promotores de coesão entre os eventos narrados. e) presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante. 7) (ENEM-2014) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil. Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada. História Viva, n.° 99, 2011. Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que: a) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances. b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática atemporal. c) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil Imperial. d) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística e da identidade nacional. e) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista. 8) (ENEM-2014) Observe a tirinha de Fernando Gonçalves: Tirinha de Fernando Gonçalves, do livro Nem tudo que balança cai. São Paulo: Devir, 2003. p.16 Sobre os verbos do primeiro e segundo quadrinhos, “abaixa, enrola, puxa, torce, vira, remexe, pula”, estão no modo verbal: a) modo indicativo b) modo subjuntivo c) modo imperativo d) modo gerúndio. e) modo particípio 9) (Enem-2013) Em “Era uma pequena menina rica”, o adjetivo ‘pequena’ está sendo utilizado com um sentido, anteposto ao substantivo a quem qualifica. Marque a opção na qual o adjetivo altera o sentido quando anteposto ao substantivo a que se refere. a) Era uma linda órfã. b) Comemoraram um feliz dia. c) Sentia que era uma grande amiga. d) Queria uma rápida solução. e) Sentia uma incrível vontade de viajar. 10) (ENEM-2014) Em “Certamente, quando ela perceber, será a pessoa mais completa do mundo.” , o grau adjetivo é: a) Comparativo de superioridade; b) Comparativo de igualdade; c) Superlativo absoluto sintético; d) Superlativo absoluto analítico; e) Superlativo relativo de superioridade. 11) (ENEM-2013) A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações. DUARTE, M.O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Predomina no texto a função da linguagem: a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia. b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação. c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem. d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor. e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais. 12) (ENEM-2014) Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma de língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não! Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas. (POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado). Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber: a) descartar as marcas de informalidade do texto. b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla. c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico. d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto. e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola. 13) (ENEM-2014) Novas tecnologias Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichi - zam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado. Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento. Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados. SAMPAIO A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar 2013 (adaptado). Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva: a)criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias. b)enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias. c)indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas tecnologias. d)tornar o leitor coo-partícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado. e)demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas.