Caracterização genética do Cavalo Baixadeiro, um

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Caracterização genética do Cavalo Baixadeiro, um grupamento de cavalos naturalizados do Brasil
Ítala Mayara Silva Araújo2, Ana Paula Sampaio Amorim3, Vinicius Pinto Nogueira da Cruz4, Ligia
Tchaicka5, Ricardo de Macêdo Chaves6
1Parte do trabalho de iniciação científica do primeiro autor, financiada pela FAPEMA.
2 Mestranda em Ciência Animal, bolsista FAPEMA – CCA/UEMA, São Luís, MA. E-mail: [email protected]
3 Mestre em Ciência Animal, CCA/UEMA, São Luís, MA.
4 Graduando em Medicina Veterinária, CCA/UEMA, São Luís, MA.
5 Coorientador (a) – Departamento das Clínicas, CCA/UEMA.
6 Orientador (a) – Departamento de Química e Biologia, CCA/UEMA.
Resumo:O Brasil possui o quarto maior rebanho equino do mundo, com 5.514.253 milhões de cabeças.
Com aproximadamente uma dezena de raças equinas naturalizadas, a maioria encontra-se ameaçada de
extinção, principalmente devido a cruzamentos indiscriminados com animais de raças exóticas. O Cavalo
Baixadeiro é um grupo de cruzamento centenário restrito a região da Baixada Maranhense, região centronorte do Brasil. A integridade desse grupamento racial encontra-se ameaçada devido a constantes
cruzamentos com animais de outras raças e a falta de manejo adequado do rebanho. Dessa forma, torna-se
urgente a realização de pesquisas que caracterizem o grupo e o tornem reconhecido como raça. Este
trabalho teve como objetivo a realização de análises moleculares do DNA mitocondrial para verificar a
diversidade genética de Equus caballus, grupamento Baixadeiro. Foram coletadas amostras de sangue nos
municípios Pinheiro, Bacurituba e Viana, pertencentes a Baixada Maranhense, esse material foi
submetido a técnica de extração de DNA seguindo o protocolo de Medrano e PCR para amplificação da
região controladora do DNA mitocondrial utilizando os primers HDR e HDF, e posteriormente
sequenciadas. Para as análises das sequencias utilizamos os programas Mega 6.0 e DNAsp. Das sete
amostras sequenciadas duas são de Pinheiro, três de Bacurituba, duas de Viana. Obtivemos um fragmento
de 505 pares de base, com 22 sítios variáveis e 14 sítios informativos para parcimônia. A diversidade
haplotipica Hd 0,810 e diversidade nucleotídica π 0,01913. Esses valores indicam alta variabilidade
genética para o grupamento, possivelmente resultante de seu histórico de cruzamentos aleatórios em
ambiente natural.
Palavras-chave: Brasil, DNA mitocondrial, Diversidade Genética Equus Caballus
Introdução
No Brasil os primeiros cavalos foram trazidos pelos colonizadores no século XVI. Durante os
séculos, esses animais evoluíram e adaptaram-se à gestão ambiental, as condições sanitária e local nos
diferentes habitats encontrados no país (Braga, 2000), dando origem ao naturalizado ou raças brasileiras
locais, também conhecidas como "crioulo" ou "local adaptados". Hoje tem aproximadamente uma dezena
de raças equinas naturalizadas, dentre elas: Baixadeiro, Brasileiro de Hipismo, Campeiro, Campolina,
Crioulo, Lavradeiro, Mangalarga Marchador, Mangalarga Paulista, Marajoara, Pantaneiro e o cavalo
Puruca (Cavalcante, 2006).
A maioria dessas raças encontra-se ameaçada de extinção, principalmente devido a cruzamentos
indiscriminados com animais de raças exóticas (Mariante et. al., 2011). O número de equinos vem
reduzindo gradativamente no mundo inteiro e isso pode interferir na sua diversidade genética.
A classificação de risco de extinção de uma raça é definida com base no tamanho e estrutura da
população e corresponde a sete categorias: extinto, crítico, em extinção, em extinção-mantido, não há
risco e risco desconhecido (Fao, 2007). O grupamento genético Baixadeiro no Maranhão, quanto ao risco
de extinção, pode se enquadrar na categoria “risco desconhecido”, portanto, carece de estudo de
localização geográfica, caracterização genética e programas de conservação. Assim, temos com objetivo
determinar a viabilidade genética permitindo compreender a evolução do cavalo Baixadeiro.
Material e Métodos
As coletas foram feitas em cinco municípios da Baixada Maranhense como, Pinheiro,
Bacurituba, Viana, São João Batista e Arari. Os cavalos foram escolhidos pelo perfil fenotípico visível,
para serem considerados da raça Baixadeiro, tinham que apresentar os seguintes caracteres: pelagem
tordilha, castanha, rosilho ou baio; altura média de 1,28 (macho) e 1,23 (fêmea); porte pequeno, robusto,
leve em sua aparência geral e de musculatura definida; cabeça de tamanho médio, de perfil subconvexo
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para retilíneo, olhos médios e vivos e orelhas bem implantadas; ossatura seca e forte, tendões delicados,
pele e pelos finos; constituição forte e sadia e temperamento ativo (Serra, 2004).
Para análise genética foi coletado o sangue de indivíduos (até 30 animais por tropa) das maiores
e das menores tropas identificadas (considerando o isolamento geográfico entre os grupos). Foram
anotadas as informações relativas a idade e relação de parentesco entre indivíduos.
De cada animal foram coletados 4ml de sangue mediante venopunção jugular, em frasco de 5
mL contendo tampão de easy blood. O DNA total será isolado utilizando o protocolo de extração segundo
a técnica de Medrano, com precipitação por NaCl. A qualidade da extração será verificada em
eletroforese em gel de agarose 1,5% corado com brometo de etídeo.
Para obtenção de fragmentos da região controladora do DNA mitocondrial, reações de PCR
foram realizadas utilizando os primers: HDF (5’- AGTCTCACCATCAACACCCAAAGC-3’) e HDR
(5’-ACTCATCTAGGCATTTTCAGTG-3’). A amplificação será realizada no PxE 0.2 Thermal Cycler
Thermo com os seguintes ciclos termais: desnaturação por 2 min a 94°C, anelamento de 49°C por 60 s e
extensão final por 2 min a 72°C. Cada reação realizada terá volume como volume final 20μL contendo
50ng do DNA total extraído, 20μM dNTPs, 1 X PCR DE TAMPÃO, 1,5mM MgCl2, 0,4U Taq
Polymerase e 10 pmol de primers HDF e HDR.
As sequências de DNA mitocondrial foram visualmente verificadas, corrigidas manualmente, e
posteriormente alinhadas através do CLUSTAW/MEGA 6.0). Árvores Filogenéticas foram construídas
utilizando o programa MEGA 6.0, pelos métodos de máxima verossimilhança, evolução mínima e
máxima parcimonia. Para a construção da árvore utilizamos as sequências obtidas no presente trabalho,
inserindo também quatro seqüências do Genbank: Equus caballus (GenBank: AJ413831.3), Equus
caballus (GenBank: AJ413724.3), Equus caballus (GenBank: AJ413921.2) e como grupo externo foi
utilizada uma sequência de Equus asinus africanus (GenBank: HM622636.1). Os índices de diversidade
haplotipica e nucleotidica foram calculados através do Programa DNA sp v.5.
Resultados e Discussão
Obtivemos sete amostras sequenciadas, sendo duas de Pinheiro, três de Bacurituba, duas de
Viana. Foi obtido um fragmento de 505 pares de base, com 22 sítios variáveis e 14 sítios informativos
para parcimônia. A diversidade haplotipica Hd 0,810 e diversidade nucleotídica π 0,01913. Através da
arvore filogenética gerada foi observada que a maioria se agrupou com Equus caballus e apenas um clado
ficou isolado.
Os nossos resultados mostraram um clado isolado, de acordo com Silva et al. (2012), onde os
dados moleculares mostram que o cavalo Baixadeiro se encontra geneticamente distante das outras raças
existentes no Brasil, tais como a Campeira, Mangalarga Machador, Lavradeiro e o Pantaneiro. Porém,
mais resultados devem ser analisados para determinar o risco de extinção o cavalo baixadeiro. Visto que a
erosão genética é um problema preocupante nos âmbitos nacional e internacional, e algumas raças
animais estão ameaçadas de extinção (Fao, 2007) e o cavalo baixadeiro atualmente se enquadra na
categoria de risco desconhecido.
Os dados genéticos demonstram que o grupamento genético Baixadeiro, constitui um
reservatório vasto e importante de diversidade genética para a produção e conservação da espécie equina
no Maranhão. Todas as raças brasileiras naturalizadas estudadas são importantes e viáveis possuindo
características únicas tanto fenotípicas, genotípicas, culturais e históricas que merecem que esforços
sejam realizados para a sua conservação.
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Figura: Árvore filogenética obtidas através da análise da região controladora do DNA mitocondrial
(Máxima verossimilhança: os números em cada ramo referem-se aos valores de bootstrap – 1000
réplicas) de indivíduos de Equus caballus coletados no município Pinheiro, Bacurituba, Viana. A
sequência de um indivíduo de Equus asinus africanus foi inserida como grupo externo.
Conclusão
Esses valores indicam alta variabilidade genética para o grupamento, possivelmente resultante de
seu histórico de cruzamentos aleatórios em ambiente natural.
Referências
BRAGA, R.M. Cavalo Lavradeira em Roraima: Aspectos Históricos, Ecológicos e de Conservação.
Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, Brasília, 39-87, 2000.
CAVALCANTE, N; MARIANTE, A. Animais do Descobrimento – raças domésticas da história do
Brasil. 2ª ed. Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, 274p, 2006.
FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Global plan of action for animal
genetic resources and the interlaken declaration. Rome, 2007.
MARIANTE, S.; ALBUQUERQUE, M.S.M.; RAMOS, A.F. Criopreservação de recursos genéticos
animais brasileiros. Revista Brasileira Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.35, n.2, p.64-68,
abr./jun. 2011.
SERRA, O.R. Condições de manejo, preservação e caracterização fenotípica do grupamento
genético equino baixadeiro, 2004. Dissertação (Mestrado em Agroecologia) - Universidade Estadual do
Maranhão, 2004. 84p.
SWOFFORD, D.L.P. Phylogenetic analysis using parsimony (and other methods). Version 4.0b.10.
Sunderland: Sinauer Associates, 2003.
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