economia ecológica e subjetividade

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IX ENCONTRO NACIONAL DA ECOECO
Outubro de 2011
Brasília - DF - Brasil
ECONOMIA ECOLÓGICA E SUBJETIVIDADE
Rafael Christofoletti (unesp) - [email protected]
Psicologo, graduando em economia e mestrando em educação
Luciana Togeiro de Almeida (unesp) - [email protected]
Professora doutora do depto de economia da unesp
Economia Ecológica e Subjetividade
Eixo-temático F - Temas conceituais: relações entre economia ecológica,
sociedade, natureza, conhecimento, poder, instituições e direito.
Resumo
A Economia Ambiental e a Economia Ecológica são duas áreas relativamente
recentes da teoria econômica impulsionadas pela premência de tratamento da
problemática ambiental. Com abordagem metodológica e concepções teóricas distintas,
a Economia Ecológica dá um passo à frente no sentido de buscar na transversalidade
com a Biologia, Ecologia e a Física, propondo uma abordagem mais integrada e
abrangente para tratar a problemática ambiental contemporânea. Esta, no entanto,
segundo Guattari, adquire uma complexidade maior, uma vez que se situa no campo da
subjetividade. O presente trabalho tem o intuito de mapear a(s) idéia(s) de subjetividade
na Economia Ecológica.
Palavras-chave: economia ecológica, subjetividade, transversalidade, ecosofia.
Abstract
Environmental Economics and Ecological Economics are two relatively new
areas of economics driven by the urgency of dealing with environmental issues. With
methodological approach and different theoretical concepts, Ecological Economics
takes a step forward in seeking the transversality with Biology, Ecology, and Physics,
proposing a more integrated and comprehensive approach to address contemporary
environmental issues. This, however, according to Guattari, acquires greater
complexity, since it lies in the field of subjectivity. This paper aims to map the (s) idea
(s) of subjectivity in Ecological Economics.
Keywords: ecological economics, subjectivity, transversality, ecosophy.
Introdução
A questão ambiental está na ordem do dia. Tem, inclusive, se disseminado tão
intensamente nas últimas décadas que acabou influenciando diversas áreas do
conhecimento. Na teoria econômica ela levou à constituição da chamada Economia do
Meio Ambiente, campo que se subdivide duas linhas teóricas: a economia ambiental e a
economia ecológica.
Esse movimento no âmbito da teoria econômica iniciado com autores como
Pigou e Hotelling se consolidou, sobretudo na década de 60 e, paulatinamente, começou
a receber cada vez mais contribuições de economistas como Boulding (1966), Daly
(1968), Georgescu-Roegen (1971), dentre outros.
Tais linhas teóricas relacionam cada uma à sua maneira a relação meio
ambiente-economia. Enquanto a primeira vê a questão sob a ótica da externalidade, a
segunda se preocupa com os limites da natureza. Ambas se referem aos efeitos da
degradação ambiental decorrentes da atividade do homem, mas, em um primeiro
momento, parecem não demonstrar grande interesse à questão do homem, da
subjetividade em suas análises. Félix Guattari (1993) vê na subjetividade, no meio
ambiente e nas relações sociais elementos essenciais para se pensar a problemática
ecológica (ecosófica) contemporânea.
Economia Ambiental e Economia Ecológica
A Economia Ambiental pode ser considerada um desdobramento da teoria
microeconômica neoclássica já que incorpora as problemáticas ambientais à base de
pensamento econômico tradicional, também chamada de mainstream. Aliás, os
neoclássicos estão entre os primeiros a tratar a relação entre a questão ambiental e
econômica.
Esta relação, no entanto, se dá baseada na idéia de equilíbrio de mercado e a
questão ambiental surge na medida em que é vista como um problema para o livre
funcionamento deste. Referimo-nos aqui ao conceito de externalidade negativa –
quando o consumo ou a produção de um terminado bem acarreta efeitos adversos seja
para os consumidores, seja para as firmas sem que haja uma compensação via sistema
de preços.
Tal abordagem se caracteriza pela utilização de instrumentos matemáticos e
recursos de modelagem onde os recursos naturais são compreendidos sob a ótica de seu
uso eficiente (ou ótimo). A análise, nesse sentido, é feita com base na escassez de um
determinado recurso o que elevaria seu preço forçando a introdução de inovações para
poupá-lo – seja otimizando seu uso, seja substituindo-o por outro mais abundante.
A surpresa no que tange à teoria neoclássica se deu na mudança na compreensão
acerca da finitude dos recursos naturais. Antes tidos como abundantes e gratuitos
(infinito), agora são considerados um importante aspecto na análise sobre processos
econômicos. Lembra-nos Romeiro que:
Com o tempo, os recursos naturais passaram a ser incluídos nas
representações de função de produção, mas mantendo a sua forma
multiplicativa, o que significa a substitubilidade perfeita entre capital, trabalho
e recursos naturais e, portanto, a suposição de que os limites impostos pela
disponibilidade de recursos naturais podem ser indefinidamente superados pelo
progresso técnico que os substitui por capital (ou trabalho). (Romeiro, 2009, p.
9)
Depreendemos que para a Economia Ambiental, não há limites para a expansão
econômica no que se refere aos recursos naturais como fonte de insumos assim como
em relação à capacidade de assimilação de impactos do ecossistema. Na verdade os
recursos naturais são considerados enquanto fator de produção, enquanto um dos
componentes do sistema econômico.
A Economia Ecológica compreende também a importância dos recursos naturais
para o desenvolvimento socioeconômico reconhecendo, entretanto, de maneira mais
ampla os impactos da interferência antrópica no meio ambiente. O desenvolvimento
sustentável é colocado no centro do debate em contrapartida à visão convencional de
bem estar.
Não se trata apenas de uma questão de alocação intertemporal de recursos entre
consumo e investimento por agentes econômicos racionais, cujas motivações são
fundamentalmente maximizadoras de utilidade (Romeiro, 2009, p. 3), mas de se
considerar as complexidades e os limites do ecossistema – a natureza enquanto limite
para o crescimento da economia. Impõe-se, assim, com urgência a necessidade de se
pensar no
...tamanho físico da economia em relação ao ecossistema em que está
inserida. Para a economia ecológica existe uma escala ótima além da qual o
aumento físico do subsistema econômico passa a custar mais do que o benefício
que pode trazer ao bem estar da humanidade. (Cechin e Veiga, 2009, p. 46)
Romeiro e Andrade (2011) nos chamam atenção para o risco cada vez maior de
estarmos próximos de uma ruptura abrupta e irreversível no funcionamento do
ecossistema terrestre. Segundo ele, estaríamos em uma crise do
regime sócioeconômico-ecológico, considerando-se este como o
conjunto de regras econômicas e sociais dentro de seu contexto
ecológico mais amplo. Seu enfrentamento requer a reconsideração de
como a humanidade vem interagindo com o meio ambiente, sendo a
Economia de especial relevância para a busca de soluções razoáveis.
Enquanto ciência comprometida com o contínuo aumento da qualidade
de vida, ela deve envidar esforços no sentido de criar pistas teóricas e
práticas que evitem e/ou revertam a atual trajetória de contínua
degradação das condições mínimas de vida na Terra (Romeiro e
Andrade, 2011, p. 5)
É uma constatação da impossibilidade de se pensar na substituição de fatores
enquanto saída à problemática ecológica em função do caráter irreversível dessas
mudanças (limites da natureza). Estes autores constatam, também, que o pressuposto
básico para tratar a questão deve ser na perspectiva
...de que o confronto dos desafios emergentes deve se dar através
de abordagens alternativas que se afastam do obscurantismo puramente
economicista. Apenas através da operacionalização do conceito de
transdisciplinariedade é que se poderão ter esquemas analíticos mais
apropriados para tratar de uma temática que é inerentemente complexa e
transversal. A questão da degradação do capital natural e da perda de
diversidade biológica e dos serviços ecossistêmicos deve ser tratada por
abordagens que reconheçam, primeiramente, sua essencialidade para a
vida humana e suas especificidades enquanto entidades majoritariamente
insubstituíveis, o que sugere que a teoria econômica dispense um
tratamento singular a esta questão. (Romeiro e Andrade, 2011, p. 5)
Nessa medida, pensando a degradação ambiental e a teoria econômica, os
autores apresentam uma proposta de disciplina chamada Economia dos Ecossistemas
onde seu objetivo seria a gestão eficiente e sustentável do capital natural,
considerando-o como um portfólio de ativos que rendem benefícios cruciais às
atividades humanas. (p. 6)
Economia e Subjetividade
Conforme abordado, ambas as linhas procuram pensar a relação meio-ambiente
economia. A Economia Ambiental sob um enfoque matemático, economicista enquanto
a Economia Ecológica, a partir de suas transversalidades com outros campos de
conhecimento como a Ecologia, Biologia (como vimos, por exemplo, com Romeiro e
Andrade com a proposta de criação de uma Economia dos Ecossistemas) tem
propiciado um avanço significativo para uma compreensão mais ampla do processo de
degradação contemporâneo que nos assola.
Félix Guattari, entretanto, insere novas problematizações, dimensões para a
compreensão da questão ambiental destacando a urgência por novas transversalidades.
Mais do que nunca a natureza não pode ser separada da cultura
e precisamos aprender a pensar “transversalmente” as interações entre
ecossistemas, mecanosfera e Universos de referências sociais e
individuais. Tanto quanto algas mutantes e monstruosas invadem as
águas de Veneza, as telas de televisão estão saturadas de uma população
de imagens e enunciados “degenerados”. Uma outra espécie de alga,
desta vez relativa à ecologia social, consiste nessa liberdade de
proliferação que é consentida a homens como Donald Trump que se
apodera de bairros inteiros de Nova Iorque, de Atlantic City etc, para
“renová-los”, aumentar os aluguéis e, ao mesmo tempo, rechaçar
dezenas de milhares de famílias pobres, cuja maior parte é condenada a
se tornar “homeless”, o equivalente dos peixes mortos da ecologia
ambiental. Seria preciso também falar da desterritorialização selvagem
do Terceiro Mundo, que afeta, concomitantemente a textura cultural das
populações, o habitat, as defesas imunológicas, o clima etc. Outro
desastre da ecologia social: o trabalho das crianças que se tornou mais
importante do que o foi no século XIX! Como retomar o controle de tal
situação que nos faz constantemente resvalar em catástrofes de
autodestruição? As organizações internacionais têm muito pouco
controle desses fenômenos que exigem uma mudança fundamental de
mentalidades. A solidariedade internacional é hoje assumida apenas por
associações humanitárias, ao passo que houve tempo em que ela
concernia em primeiro lugar aos sindicatos e aos partidos de esquerda.
O discurso marxista, por sua vez, se desvalorizou (Não o texto de Marx,
que, este sim, conserva um grande valor). Aos protagonistas da liberdade
social cabe a tarefa de reforjar referências teóricas que iluminem uma
via de saída possível para a história que atravessamos, a qual é a mais
aterradora do que nunca. Não somente as espécies desaparecem, mas
também as palavras, as frases, os gestos de solidariedade humana. Tudo
é feito no sentido de esmagar sob uma camada de silêncio as lutas de
emancipação das mulheres e dos novos proletários que constituem os
desempregados, os “marginalizados”, os imigrados. (Guattari, 1993, p.
25)
Os perigos decorrentes da atual trajetória de contínua degradação das condições
mínimas de vida na Terra, apontada por Romeiro e Andrade (2011) também são lembrados por
Guattari (1993), mas enquanto um movimento que ocorre concomitantemente a um processo
de deterioração dos modos de vida humanos individuais e coletivos. Apesar de perceber
uma consciência parcial dos perigos que ameaçam o meio ambiente, as autoridades
geralmente se reduzem a abordar problemáticas concernentes estritamente aos danos
ambientais das atividades econômicas, sendo que há necessidade se pensar de maneira
mais ampla uma articulação ético-política (que Guattari denomina ecosofia) entre três
registros - o meio ambiente, as relações humanas e a subjetividade. Ganha destaque,
assim, um domínio que é alvo de pouca ou quase nenhuma preocupação por parte dos
economistas na análise dos processos econômicos – a subjetividade.
É a relação da subjetividade com a sua exterioridade – seja ela
social, animal, vegetal, cósmica – que se encontra assim comprometida
numa espécie de movimento geral de implosão e infantilização
regressiva. A alteridade tende a perder toda aspereza. (Guattari, 1995, p.
8)
O autor aponta que seja no mundo desenvolvido, seja no mundo
subdesenvolvido, são blocos inteiros de subjetividade coletiva que se afundam ou se
encarquilham em arcaísmos, como é o caso, por exemplo, da assustadora exacerbação
dos fenômenos do integrismo religioso (Guattari, 1995, p. 9) e chama atenção para o fato de
que
A sociologia, as ciências econômicas, políticas e jurídicas
parecem, no estado atual de coisas, insuficientemente armadas para dar
conta de uma tal mistura de apego arcaizante às tradições culturais e
entretanto de aspiração à modernidade tecnológica e científica, mistura
que caracteriza o coquetel subjetivo contemporâneo. (Guattari, 2000, p.
13)
A subjetividade deve ser compreendida sob a ótica da produção – produzida por
instâncias individuais, coletivas e institucionais. Tal compreensão supera a oposição
clássica entre sujeito individual e sociedade, cientificista:
Em nome do primado das infra-estruturas, das estruturas ou dos
sistemas, a subjetividade não esta bem cotada, e aqueles que dela se
ocupam na pratica ou na teoria em geral só a abordam usando luvas,
tomando infinitas precauções, cuidando para nunca afastá-la demais dos
paradigmas pseudocientíficos tomados de empréstimo, de preferência, as
ciências duras. (...) Tudo se passa como se um superego cientista exigisse
retificar as entidades psíquicas e impusesse que só fossem apreendidas
através de coordenadas extrínsecas (GUATTARI, 1990, p. 18).
Uma reposta à crise ecológica só ocorrerá de fato se considerada em escala
global e com a condição de que se opere uma autêntica revolução política, social e
cultural reorientando os objetivos da produção de bens materiais e imateriais
considerando as relações de forças visíveis na dimensão macro, mas, sobretudo, na
dimensão micro (invisível) que concerne aos domínios moleculares de sensibilidade, de
inteligência e de desejo.
A dimensão macro é, segundo o autor, caracterizada pela ação do mercado que
planifica os sistemas particulares de valor igualando bens culturais aos bens naturais. Já
no plano internacional as relações são marcadas, em grande medida, pelas assimetrias
de poderio militar.
No plano micro, é fundamental o desenvolvimento de práticas específicas que
procurem transformar, reinventar as maneiras de ser na vida – seja no casal, na família,
no trabalho... e, por que não, na economia.
Tal problemática, no fim das contas, é a da produção da existência humana em
novos contextos históricos e para isso há de se pensar mais de perto a questão da
subjetividade.
Apesar de autores da Economia Ecológica apontarem para a complexidade da
questão ambiental na contemporaneidade, nos fica o questionamento de que até que
ponto levam em consideração outros aspectos como o homem, o indivíduo e a relação
com a subjetividade.
Metodologia
A Economia Ecológica veio a se consolidar de fato na década de 80 quando da
fundação da International Society for Ecological Economics – ISEE e com a criação da
Revista Ecological Economics.
O periódico Ecological Economics, lançado em 1989, acabou se constituindo
como uma das principais senão a principal publicação na área. Segundo a própria
definição da Revista,
The journal is concerned with extending and integrating the
study and management of “nature's household” (ecology) and
“humankind's household” (economics). This integration is necessary
because conceptual and professional isolation have led to economic and
environmental policies which are mutually destructive rather than
reinforcing in the long term. The journal is transdisciplinary in spirit and
methodologically open.
Partindo da idéia de transversalidade, pretendemos com o presente trabalho,
dimensionar como a Economia Ecológica vê a questão da subjetividade. Para tal
utilizamos o mecanismo de busca da Scieverse – Science Direct Science que apresenta
base de dados a diversos periódicos entre eles a Revista Ecological Economics.
Em um primeiro passo, a pesquisa de dará pela busca de artigos que, de alguma
forma lidem com a questão da subjetividade – procuraremos no mecanismo de busca
por Subjectivity.
Em um segundo momento, a partir dos resumos dos artigos selecionados do
periódico Ecological Economics procuraremos mapear a(s) idéia(s) de subjetividade
para que possamos, assim, avaliar possibilidades de pensar uma economia ecológica que
leve em conta a questão da subjetividade numa perspectiva ecosófica.
(...) a ecologia ambiental, tal como existe hoje, não fez senão
iniciar e prefigurar a ecologia generalizada que aqui preconizo e que
terá por finalidade descentrar radicalmente as lutas sociais e as
maneiras de assumir a própria psique. Os movimentos ecológicos atuais
têm certamente muitos méritos, mas penso que na verdade, a questão
ecosófica global e importante demais para ser deixada a algumas
correntes
arcaizantes
e
folclorizantes,
que,
as
vezes,
optam
deliberadamente por recusar todo e qualquer engajamento político em
grande escala. A conotação da ecologia deveria deixar de ser vinculada
a imagem de uma pequena minoria de amantes da natureza ou de
especialistas diplomados (GUATTARI, 1990, p. 36)
Resultados Parciais
Importante destacar que a presente pesquisa encontra-se em andamento
apresentando assim, resultados parciais. Foram encontrados 74 resumos de artigos no
mecanismo de busca da Scieverse - Science Direct a partir da pesquisa pela palavra
Subjectivity. Trabalhamos com os resumos (Abstracts) dos artigos e, por enquanto,
analisamos cerca de pouco mais da metade o que não impede, entretanto, de chegarmos
a alguns resultados parciais e significativos.
Uma primeira curiosidade é o fato da palavra Subjectivity não ser encontrada em
nenhum dos títulos dos artigos em questão. Aliás, foram poucas as vezes que a palavra
sequer apareceu nos cerca de 40 resumos analisados. São eles: One solution for crosscountry transport-sustainability evaluation using a modified ELECTRE method; A time
use perspective on the materials intensity of consumption; The evolutionary approach to
entropy: Reconciling Geogescu-Roegen´s natural philosophy with de maximum entropy
framework.
De uma determinada forma, esse fato já nos acena para algumas considerações
acerca da importância delegada por autores da Economia Ecológica ao assunto
subjetividade visto que o periódico em questão é a principal referência na área. Em
nenhum dos resumos analisados a questão da subjetividade é abordada de maneira
direta, isso quando não é utilizada de forma pejorativa.
No primeiro resumo em que aparece o termo é tratado de forma pejorativa na
medida em que subjectivity é compreendido enquanto algo da ordem do estocástico, de
que foge ao padrão no processo de tomadas de decisão, o que foge da racionalidade
econômica, que seria decorrente de aspectos subjetivos. Diz-nos o autor: To control and
avoid the appearance of indifference relations between countries, as well as to reduce
the subjectivity of decision makers, we propose a modification of ELECTRE I. (2010)
Sugere-se uma concepção padronizada de subjetividade compreendendo a
diferença enquanto erro. Faz-nos pensar, na verdade dos efeitos perversos apontados por
Guattari do mercado em relação às subjetividades que são planificadas empobrecendo,
assim, a vida em sua potência.
No resumo A time use perspective on the materials intensity of consumption até
temos uma referência à necessidades da subjetividade mas que, no entanto, não é o foco
do estudo em questão. O tema principal é a eficiência do consumo e a questão da
subjetividade é abordada da seguinte forma:
This paper develops a time use approach towards consumption,
which makes allowance for the subjectivity of needs, while still enabling
the analysts to approach the concept of a sustainable lifestyle. A
distinctive premise of the analysis is that it assumes time and money not
to be interchangeable and consumption to be limited by available
consumption time instead of purchasing power (Jalas, 2002, p.109)
Faz-se aqui interessante o contato com o artigo integralmente a fim de obter
mais pistas sobre esse conceito de subjetividade mencionado no texto. Fica, no entanto,
uma abordagem indireta em relação ao tema que procuramos.
No terceiro resumo encontramos novamente a utilização indireta do termo
subjetividade para, agora, uma discussão da perspectiva evolucionária que foca nas
idéias de evolução e tempo. O autor faz referência a uma naturalização da noção de
subjetividade como ponto de partida, mas que, no entanto, corrobora, com a perspectiva
já anunciada de planificação das subjetividades.
Mesmo não se referindo ao termo pesquisado, encontramos em outro resumo
referência ao termo Ego. Ego é um conceito proveniente da teoria psicanalítica que
corresponde a uma das instâncias psíquicas do chamado aparelho psíquico. Guattari
(2000) é um dos principais críticos dessa perspectiva
Considerações parciais
Já mencionamos que a pesquisa encontra-se em andamento1. Podemos, assim,
fazer apenas algumas considerações, mas que a nosso ver nos mostram significativos.
Uma primeira questão importante a ser apontada é o fato curioso de não termos
encontrado nenhuma menção à subjetividade nos títulos dos 74 artigos pesquisados da
Ecological Economics, reconhecido periódico da área. Trata-se de um fato simbólico na
medida em que aponta para um desinteresse pela questão, apesar das tão preconizadas
transversalidades da Economia Ecológica.
Corrobora com essa idéia os resultados parciais específicos que nos mostram ora
uma utilização equivocada do termo, ora acena para uma perspectiva psicanálise, como
já apontado, objeto de crítica de Felix Guattari, autor que junto com Gilles Deleuze a
chamada “Filosofia da Diferença – corpo teórico conhecido também como teoria das
multiplicidades que se expande por diversos campos de conhecimento inclusive
enquanto uma teoria do desejo que se faz na crítica à Psicanálise e sua concepção de
subjetividade.
Ainda tentou-se a realização aleatória de uma pesquisa, nos artigos da
Ecological Economics, pelos autores Felix Guattari ou Gilles Deleuze, no entanto não
encontramos nenhuma menção em artigo nenhum.
Dessa maneira, mesmo que parcialmente, podemos concluir que a Economia
Ecológica apesar de seus progressos em relação a transversalidades com diversos
campos de conhecimento não revela muito interesse para a aproximação com a questão
1
Pretendemos concluir esta pesquisa até final de agosto de 2011, a tempo de apresentar seus
resultados no Encontro ECOECO deste ano.
da subjetividade que, para Guattari, é inerente à problemática ambiental. Talvez o
contato com a “Filosofia da Diferença” possa ser um caminho interessante para o
desenvolvimento da Economia Ecológica e da compreensão deste processo de
degradação que atinge as diversas instâncias da vida (meio ambiente, relações sociais e
a subjetividade).
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