notadeimprensa|abril2016 R Alto da Terça, 60 | 2380 Gouxaria (Alcanena) Tel. 249 890 106 | GPS: N 39 28’ 59’’ - W 8º 39’ 04’’ Email: [email protected] | Web: artspace.joaocarvalho.pt ARTSPACE JOÃO CARVALHO UM PROJETO DE DESCENTRALIZAÇÃO CULTURAL NOVO CICLO DE EXPOSIÇÕES SOBRE O NU E ARTE DESENHOS DE ESCULTORES Março a 7 de Maio) inaugurou um novo ciclo de exposições da responsabilidade da crítica de arte (A.I.C.A.) Maria João Fernandes. O centro cultural ArtSpace João Carvalho em Gouxaria (Alcanena), iniciado em Fevereiro de 2013 com a exposição de pintura e escultura “Nu Eterno”, de João Carvalho (escultura) e de João Alfaro (pintura), em sintonia com a obra do seu criador tem vindo a estar dedicado à apresentação e à valorização do Nu, um tema com grande tradição nas Artes Plásticas, num projeto interdisciplinar de qualidade, uma aposta na descentralização capaz de dinamizar a região centro do País e que visa a divulgação de grandes criadores e também de artistas jovens. Expôs já artistas como Isabel Lhano, Cristina Troufa, Gustavo Fernandes, Xicofran e Emanuel Fernandes que vive e trabalha em Londres. João Carvalho que nasceu em 1962 em Torres Novas herdou do seu património familiar quer o gosto das artes, quer a vocação empresarial no ramo das peles. Em 1983 uma estadia prolongada na Alemanha permitiu-lhe aprofundar estas duas vertentes, tendo estudado na Universidade de Ciências Aplicadas de Reutlingen em Baden Wurttemberg. Assumindo a sua vocação de escultor em pele, o material do seu quotidiano labor, partilha o espaço com as obras dos artistas que tem convidado, com as quais estabelece um diálogo A mostra “Anjas” de Francisco Si- estético. Os seus trabalhos partem da figura mões, de desenhos e esculturas (de 12 de humana para a transcenderem no espetáculo dos véus, que não a ocultam, antes revelam o 1 notadeimprensa|abril2016 R Alto da Terça, 60 | 2380 Gouxaria (Alcanena) Tel. 249 890 106 | GPS: N 39 28’ 59’’ - W 8º 39’ 04’’ Email: [email protected] | Web: artspace.joaocarvalho.pt mais tarde o vídeo, participou em dezenas de exposições de pintura e de fotografia, coletivas e individuais. O seu trabalho de permanente auto aprendizagem revestiu-se sempre de uma vertente experimentalista.Nos anos 80 começou a dedicar-se profissionalmente às áreas do vídeo e das artes gráficas, tendo colaborado em várias atividades associativas, políticas e jornalísticas. O seu trabalho foi distinguido com o prémio nacional de tapeçaria, o prémio RTP de vídeo, e com prémios e menções em fotografia, na primeira participação ibérica no Tokyo Vídeo Festival e numa mostra de artedigital nos EUA. Como artista plástico ultrapassou, nas suas próprias palavras,”a linguagem minimalista ou surrealista do tempo de juventude”, decidindo “optar por um estilo de realismo clássico e retrato pela necessidade imperativa da reaprendizagem, autodisciplina e treino de métodos” tendo evoluído nesta expressão que passou a expor desde 2013. seu esplendor e a plenitude da sua presença. A expressão naturalista das formas (diretamente moldadas sobre o corpo, num processo inovador já registado e do qual guarda o segredo) plasma a beleza e a plasticidade da gramática do corpo, numa atmosfera erótica a que os véus e a incompletude das figuras conferem uma dimensão misteriosa e surrealizante. O pintor João Alfaro (1954) igualmente associado à criação do Artspace e cuja obra esteve presente na sua mostra inaugural, com uma formação na Escola de Belas Artes de Lisboa e um já vasto percurso de exposições em Portugal e no estrangeiro, apresentou nessa ocasião um conjunto de Nus retomando e renovando a fecunda tradição do “banho” nas artes plásticas. De Ingres (1780-1867), Degas (1834-1917), Cézanne (1839-1906) e Bonnard (1867-1947) a Renoir (1841-1919) e Picasso (1881-1973) o banho tem sido motivo inspirador de grandes pintores. A criação de João Alfaro não desmerece desta tradição, na expressão quase naturalista da figura realçada pelos valores tonais e tímbricos, por vezes retomando uma certa ingenuidade característica de fases anteriores. Exaltação da beleza feminina e simultaneamente da própria linguagem da pintura, numa composição muito cuidada e rigorosa conduzindo com mestria as linhas e os volumes, os contrastes da paleta, num verdadeiro luxo dos sentidos evocador do célebre “Banho Turco” de Ingres que aliás poderia batizar esta série. O Nu revelou-se no decurso da história da arte um dos principais arquétipos da cultura humana, da pré-história ao mundo egípcio e à arte grega e romana, atravessando os séculos, da Idade Média no pudor e contenção das suas formas imbuídas da mística do período, ao Renascimento num padrão de equilíbrio e perfeição formais, na evolução que conduz ao movimento e à sensualidade do Barroco chegando ao particular requinte e estilização “finde-siècle” que conduz à modernidade onde plenamente assume a sua vocação como expressão total do humano. Os grandes mestres da pintura e da escultura interpretaram-no na sua arte, de Durer (1471-1578), Miguel Ângelo (1475-1564) e Tiziano (1488-1576) a Rubens (1577-1640), Rembrandt (1606-1669), Goya (1746-1828) e Ingres (1780-1867). De Também desde a origem do ArtSpace e fazendo parte do núcleo inicial dos seus criadores há que referir o artista gráfico e pintor Antero Guerra (n. 1957) que tem vindo a ser responsável pela área promocional do projeto. Tendo descoberto desde a juventude a fotografia, a pintura e o cinema, o filme super 8 e 2 notadeimprensa|abril2016 R Alto da Terça, 60 | 2380 Gouxaria (Alcanena) Tel. 249 890 106 | GPS: N 39 28’ 59’’ - W 8º 39’ 04’’ Email: [email protected] | Web: artspace.joaocarvalho.pt deu uma forma e um espírito femininos, mas conferindo-lhe a marca única do seu estilo e da sua invenção.” Cézanne (1839-1906), Rodin (1840-1917), Renoir (1841-1919), Gauguin (1848-1903), Brancusi (1876-1957), Picasso (1881-1973), Modigliani (1884-1920), Chagall (18871985), Giacometti (1901-1966) e Henri Moore (1898-1986), à infindável expressão da contemporaneidade. Renovar esta tradição promovendo o diálogo entre as artes: artes plásticas (pintura, desenho, escultura, fotografia, obra gráfica), poesia, música e dança é o objetivo deste novo centro cultural que no elenco de exposições previstas, conta com inovadoras mostras de dimensão internacional. As esculturas em majestoso pórtico ao ar livre completaram a mostra. Francisco Simões, autor do Parque dos Poetas em Oeiras “e escultor de referência da segunda metade do século XX em Portugal, apresentou duas vertentes da sua expressão na unidade de um mesmo motivo. O desenho de uma fina leveza matisseana na paleta luminosa das figuras e a escultura que parece retirar à pedra o seu peso e oferecer-lhe uma nova condição alada e misteriosa que é a da própria condição humana soberbamente retratada, com a parte A exposição de desenhos e esculturas divina que é sua desde a origem” (Maria João de Francisco Simões coincidiu com a edição Fernandes). do livro Anjas do Nosso Mundo (Labirinto Prosseguindo o ciclo de exposições dedas Letras) com Prefácio de Guilherme de Oliveira Martins e textos de sete reconheci- dicadas a escultores de referência do século das escritoras: Isabel Mendes Ferreira, Isabel XX em Portugal, inaugura a 14 de Maio e esPonce de Leão, Maria do Rosário Pedreira, tará patente até 10 de Setembro no ArtSpace Maria Teresa Horta, Patrícia Reis, Teolinda a exposição: O Poema do Corpo, Desenhos e Esculturas de Martins Correia em colaGersão e Teresa Martins Marques. boração com o Museu Municipal Martins Correia da Golegã que põe à disposição uma Segundo Maria João Fernandes, “par- parte do seu espólio sob o signo do Nu e com tindo de um padrão clássico de mágica propor- a filha do escultor, Elsa Martins Correia, que ção que acha nas formas da natureza o modelo por sua vez cede alguns desenhos, magníficos de uma ancestral harmonia, a arte de Francis- e até à data inéditos, da sua coleção. co Simões, pintor, desenhador, gravador, escultor, tem evoluído rumo à modernidade do Martins Correia (1910-1999) escultor, pinseu discurso de formas de uma grande depura- tor, gravador e ilustrador nasceu na Golegã ção e pureza arquetipal realçada pela nobreza em 1910 e faleceu em Lisboa em 1999. Aluno dos materiais, a textura luminosa e macia do da Casa Pia desde 1922, aí concluiu o curso mármore, o seu noturno negrume ou o resisindustrial tendo frequentado a Escola de Betente brilho do bronze. Sob o signo da poesia que a inspira e que nela se inspira, o que fi- las Artes de Lisboa, onde se diplomou em escou bem patente no diálogo com David Mou- cultura e onde viria a exercer atividade docenrão-Ferreira. Assistiu-se com esta exposição, te. Foi professor nas escolas Rafael Bordalo na escultura e nos desenhos de Francisco Si- Pinheiro, Marquês de Pombal, Machado de mões, ao desfilar da plástica figura do Anjo a Castro, Afonso Domingues e António Arroio, que o artista, como muitos outros, antes dele, entre 1936 e 1942. Tendo começado a expor 3 notadeimprensa|abril2016 R Alto da Terça, 60 | 2380 Gouxaria (Alcanena) Tel. 249 890 106 | GPS: N 39 28’ 59’’ - W 8º 39’ 04’’ Email: [email protected] | Web: artspace.joaocarvalho.pt parecem negar. A mostra completa-se com um conjunto de esculturas polícromas. em 1938, participou em inúmeras mostras individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro. A sua produção escultórica inclui diversos retratos, entre os quais os de Ana Hatherly e Natália Correia. Nas suas obras de estatuária destacam-se os monumentos a Camões (Goa) e a Garcia de Orta (Instituto de Medicina Tropical, Lisboa, 1958). É autor dos painéis de azulejos da estação de metropolitano Picoas, em Lisboa (1995). Está representado em várias coleções públicas e privadas: Museu do Chiado, Lisboa; Museu Soares dos Reis, Porto; Museu José Malhoa, Caldas da Rainha; entre outras. Entre as distinções que recebeu podem destacar-se: Prémio Soares dos Reis (1942), Prémio Manuel Pereira (1943 e 1948) e Prémio Diário de Notícias (1957). Foi agraciado com a Insígnia de Oficial da Ordem da Instrução Pública (1957), com a Comenda de Oficial da Ordem de Santiago de Espada (1973) e com a Comenda de Grande Oficial da Ordem de Santiago de Espada (1990). Em 1982, na exposição comemorativa dos 50 anos de percurso artístico, fez a doação do seu espólio á Golegã: 700 obras que passaram a constituir o acervo que daria origem ao Museu Municipal Martins Correia. Das exposições previstas até ao final do ano de 2016, destacam-se mais duas mostras de desenho, pintura e escultura de outros grandes Mestres da escultura portuguesa contemporânea, sempre em diálogo com o trabalho de João Carvalho: Gil Teixeira Lopes, n. 1930 (de 24 de Setembro a 10 de Novembro) e José Rodrigues, n. 1936 (de 19 de Novembro a 10 de Janeiro). Em 2017 estão previstas duas coletivas de dimensão internacional, de pintura, escultura, fotografia e arte digital, a exposição OS AMANTES DE POMPEIA, celebrando o mítico casal cujo amplexo sobreviveu a uma das maiores hecatombes da história humana e a exposição EROS SURREALISTA em colaboração com a Fundação Cupertino de Miranda de Famalicão, uma coletiva como o título indica sob o signo do Surrealismo e do seu universo erótico e amoroso, em homenagem a Artur Cruzeiro Seixas, decano deste movimento em Portugal e um dos seus expoentes no plano internacional. A internacionalização dos seus artistas, quer dos mais consagrados, como de outros ainda emergentes, é um dos objetivos do Artspace que pensa marcar presença em Feiras de Arte internacionais. Na obra do escultor Martins Correia o tema do Nu representado nesta exposição, brilha com especial fulgor, nos desenhos permitindo realçar a mestria, o rigor e a síntese do traço de uma linguagem original onde o corpo se torna o pretexto para o exercício de uma gramática das linhas, das formas, das cores e da composição sob o signo do erotismo, pulsão fundadora do imaginário, em contraponto com a pulsão da morte, que justamente este fulgor e uma energia transbordante e cósmica Artspace João Carvalho Dias úteis das 10 às 12h e das15 às 18h, Sábados das 15 às 19h, Domingos, mediante marcação prévia. 4