Doses de cinzas e seu efeito nos teores nutricionais da aveia

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XI Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo
Qualidade do Solo & Ambiente de Produção
Frederico Westphalen, RS.
31 de agosto a 02 de setembro de 2016
Núcleo Regional Sul
Doses de cinzas e seu efeito nos teores nutricionais da aveia-preta.
Andressa Chagas(1); Aline Rodrigues(1) ; Rodrigo Pedó(2); Gilberto Luiz Curti(3); Marcieli
Maccari(3); Mauricio Vicente Alves(3)
Acadêmicas do Curso de Agronomia; Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc/Xanxerê, E-mail:
[email protected]; [email protected]; (2)Acadêmico do Curso de Eng. Florestal, Unoesc/Xanxerê,
[email protected]; (3)Eng. Agr. Dr. Professores do curso de Agronomia, Unoesc/Xanxerê, [email protected],
[email protected], [email protected].
(1)
RESUMO: A cinza de biomassa florestal é composta
por quantidades consideráveis de nutrientes, tendo
potencial para uso agrícola. Porém para isso é
necessário determinar as doses adequadas, em virtude
dos efeitos na planta, principalmente as de interesse
alimentar. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos
da aplicação de cinza de biomassa florestal sobre os
teores químicos foliares da aveia preta. O experimento
foi conduzido no município de Xanxerê, na Unoesc,
em casa de vegetação. A cultura utilizada foi à aveia
preta (Avena strigosa). O plantio acorreu em julho de
2015. O solo utilizado no experimento foi o Latossolo
Vermelho distroférico. O delineamento experimental
utilizado foi inteiramente casualizado, apresentando
seis tratamentos com cinco repetições. Após colheita
de plantas e secagem das folhas em estufa, foi
realizado as analises de macro e micro nutrientes. Os
dados foram submetidos à análise de variância
utilizando teste F, com 95% de confiança e quando o
efeito de dose foi significativo, os dados foram
submetidos à análise de regressão. Os teores de
nitrogênio ficaram abaixo da media exigida pela
cultura. O K em todos os tratamentos foram superiores
aos valores considerados padrões. O cálcio no
tratamento testemunha e no de 3,5 tha-1 permaneceu
dentro da faixa adequada e os demais tratamentos
acima do ideal. Os elementos P, Mg, Cu e Zn ficaram
dentro dos valores ideias. O uso de cinza de biomassa
apresentou resultados positivos nas características
químicas da planta.
Palavras-chave: resíduo de caldeira, rejeito de
industria de celulose, Avena strigosa.
INTRODUÇÃO
A cinza "de caldeira" é resultante da queima de
biomassa florestal, comum em empresas de papel e
celulose, para o aquecimento das caldeiras. Assim o
aumento constante de produção destes produtos, gera
diariamente grande quantidade deste resíduo,
constituindo uma preocupação ambiental (Moro e
Gonçalves, 1995). As mesmas são compostas por
quantidades consideráveis de macro e micronutrientes
que podem corrigir a acidez do solo, o que lhe confere
um bom potencial para uso agrícola (Oliveira et
al.,2006).
Em estudos realizados por Bellote et al., (1994)
pode-se constatar que os tratamentos que receberam
uma maior quantidade de cinza de biomassa tiveram
um aumento significativo nos teores nutricionais do
solo e, além disso, verificou-se aumento nos teores
foliares de fósforo, potássio, cálcio e magnésio no
Eucalyptus grandis.
Desta forma, observamos que este produto pode
substituir ou complementar a adubação química.
Entretanto são necessários estudos para determinar as
doses mais adequadas em virtude dos efeitos no solo e
na planta, bem como a viabilidade de sua utilização em
diversas culturas, principalmente as de interesse
agronômico. Dentre estas, a aveia preta (Avena
strigosa), caracteriza-se por ser uma excelente
alternativa para o cultivo de inverno e na rotação de
culturas, tendo grande importância dentro do sistema
de produção de grãos no sul do Brasil. É utilizada na
alimentação humana e animal e como forrageira para
cobertura do solo (Portas e Vechi, 2007). Neste
contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos
da aplicação de cinza de biomassa florestal sobre os
teores nutricionais foliares da aveia preta.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Unoesc – Campus
Xanxerê, em casa de vegetação. A cultura utilizada foi
à aveia preta (Avena strigosa). O plantio acorreu em
julho de 2015, onde foram semeadas seis sementes por
vaso. Após duas semanas efetuou-se o desbaste
mantendo quatro plantas, durante um período de
sessenta dias.
O solo utilizado no experimento foi o Latossolo
Vermelho distroférico, conforme Embrapa (2013),
sendo este coletado na camada de 0-10 cm, destacando
as características na tabela 1 (Tedesco et al., 1995).
Anteriormente a semeadura, realizou-se a correção
da fertilidade do solo conforme a necessidade da
cultura e expectativa de produção (CQFS-RS/SC
2004). Na adubação nitrogenada foram aplicados 44,4
kgha-1 na semeadura e duas aplicações de 45 kgha-1 em
cobertura de uréia, 200 kgha-1 de cloreto de potássio e
222,2 kgha-1 de super fosfato simples no plantio. Cada
vaso continha 1 kg de solo, onde posteriormente foram
incorporadas as doses de cinza com características
descritas na tabela 2. Os tratamentos corresponderam a
0; 3,5; 7; 14; 28 e 56 tha-1 (volume/volume). O
delineamento
experimental
foi
inteiramente
casualizado, apresentando seis tratamentos com cinco
repetições. Diariamente era irrigado duas vezes, com
intensidade média de aproximadamente 5 mm/dia.
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Após secagem das plantas em estufa foi realizado
as analises de macro nutrientes (N, P, K, Ca, Mg) e
micro nutrientes (Cu, Zn) no Laboratório de Solos
Unoesc Xanxerê, conforme metodologia descrita pela
Embrapa (2009).
Os dados foram submetidos à análise de variância
utilizando teste F, com 95% de confiança, e quando o
efeito de dose foi significativo, os dados foram
submetidos à análise de regressão ajustado os modelos
Mitscherlich, equações lineares simples e modelo
linear quadrático, conforme parametrização proposta
por Zeviani (2013). Todas as análises foram realizadas
com o programa R (R CORE TEAM, 2014).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Ca foi ajustado pela equação de Mitscherlich e
observamos que na dose de 22,41 tha-1 tivemos o valor
de teor máximo, que é de 6,37 gkg-1 de Ca (Tabela 3).
Mostrando claramente que temos uma melhor dose
para um maior teor de Ca nas plantas da aveia.
O Cobre também foi ajustado pela mesma equação
que o Ca, e a dose que indica o máximo teor é de 98,22
tha-1 e o teor máximo de 14,68 mgkg-1 (Tabela 3).
O potássio apresentou valores de b1 que é o valor
máximo da parábola (máximo teor encontrado) e b2 a
dose aplicada em que conferiu o maior teor (Tabela 3),
desse modo na dose de 32,045 tha-1 o maior teor foi de
33,04 gkg-1 de potássio.
O fósforo, conforme adicionadas doses crescentes
de cinza houve decréscimo na quantidade disponível
do elemento na parte aérea da planta. Onde a cada
tonelada de cinza aplicada o teor decresce 0,009 gkg-1
sendo o teor máximo encontrado na dose zero de 3,485
gkg-1 (Tabela 3).
O nitrogênio apresentou comportamento similar ao
do P, onde se observou uma diminuição nos teores
conforme se aumentava as doses. O valor máximo
encontrado foi na dose zero (14,72 tha-1) e a
diminuição no teor a cada tonelada aplicada foi de
0,041gkg-1. Comportamento similar ao Mg onde o teor
diminui com o aumento da dose de cinza, observando
uma queda de 0,008 gkg-1 do elemento no tecido foliar
com a aplicação de 3,10 tha-1 de cinza de biomassa
florestal (Tabela 3).
Zinco, constatou-se um decréscimo com a dose
aplicada resultando em 0,117 mgkg-1 de zinco a menos
no teor na parte aérea da planta a cada tonelada
aplicada (Tabela 3).
Observamos que o N adequado para a cultura é de
20 a 30 gkg-1 (Embrapa, 2009), nas condições do
experimento os teores ficaram abaixo do adequado,
estando entre 12,70 a 16,12 gkg -1. Podendo ser
justificada, segundo Mandre (2005), que durante a
combustão da cinza o N volatiza ficando muito pouco
na cinza.
Os teores de K em todos os tratamentos ficaram
superior (30,8 e 32,4 gkg -1) aos valores exigidos
considerados padrões pela cultura (15 a 30 gkg-1)
Núcleo Regional Sul
(Embrapa, 2009). O cálcio os valores considerados
padrões pela cultura são de 2,5 a 5gkg -1 (Embrapa,
2009), sendo que no tratamento testemunha e no de 3,5
tha-1 os teores ficaram dentro da faixa adequada, e os
demais tratamentos ficaram de 6,28 a 7,93 gkg -1,
encontrando-se acima da adequado. Os elementos P e
Mg os teores encontrados em todos os tratamentos
ficaram dentro dos valores ideias para a cultura.
Conforme a Embrapa (2009) os valores ideais para P é
de 2,0 a 5,0 gkg -1 e para o Mg de 1,5 a 5,0 gkg -1.
Em nosso estudo os micronutrientes Cu e Zn
ficaram dentro da faixa suficiente da cultura da aveia,
sendo os valores adequados segundo a Embrapa (2009)
de 5 a 25 mgkg-1 para Cu e de 15 a 70 mgkg-1 de Zn.
CONCLUSÕES
Os teores de nitrogênio ficaram abaixo dos padrões
exigida para a cultura. Os teores de K foram superiores
aos valores padrões.
O cálcio no tratamento testemunha e no de 3,5 tha-1
permaneceu dentro da faixa adequada e os demais
tratamentos acima do ideal. Os elementos P, Mg, Cu e
Zn ficaram dentro dos valores ideias para a cultura.
AGRADECIMENTOS: À empresa Celulose Irani
pelo apoio técnico e financeiro na realização deste
projeto.
REFERÊNCIAS
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status on root proliferation in nutrient patches by the
perennial grass Agropyron desertorum in the field.
Oecologia, Berlin, v.103, p. 10-16, 1995.
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Desenvolvimento e produção de Crotalária juncea adubada
com cinza vegetal. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro
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Dallago, JS. Utilização da cinza de biomassa de caldeira
como fonte de nutrientes no crescimento de plantas de
acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.). 2000. 64 f.
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Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2000.
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fertilizantes.2. ed. Informação Tecnológica, Brasília, Brasil.
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Rio de Janeiro – RJ, 2015.
Moro L, Gonçalves JLM. Efeitos da cinza de biomassa
florestal sobre a produtividade de povoamentos de
Eucalyptus grandis e avaliação financeira. Piracicaba: IPEF
n.48/49, p.18-27, jan./dez.1995.
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boa para a pecuária. Artigo em Hypertexto. Disponível em:
<http://www.infobibos.com/Artigos/2007_4/AveiaPreta/inde
x. htm>. Acesso em: 29 mar. 2016.
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statisticalcomputing. R Foundation for Statistical Computing,
Vienna, Austria. URL:http://www.r-project.org/
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Rer. Ci. Agrovet. v.12, n.3, p. 304-313, 2013.
Núcleo Regional Sul
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos / Humberto
Gonçalves dos Santos ... [et al.]. – 3 ed. rev. ampl. – Brasília,
DF : Embrapa, 2013.
Tedesco MJ. et al. Análise de solo, plantas e outros materiais.
Porto Alegre: UFRGS, 174p, 1995
Zeviani WM. Parametrizações interpretáveis em modelos não
lineares. Tese (Doutorado). 146 p. Universidade Federal de
Lavras, Lavras: UFLA, 2013.
Tabela 1 - Atributos químicos e granulométricos do solo o qual foi utilizado no plantio da aveia preta.
P
K
Al
H+Al
Ca
Mg
MOS
pH
pH
----mgdm³---------------------cmolcdm-³-----------------%
água
SMP
14,92
206,67
0
5,61
11,15
6,56
5,50
6,08
5,78
t*
T
SB
V
Argila
Silte
Areia
-------cmolcdm³--------------------------------------------%---------------------------------------18,24
23,85
18,24
76,45
60
20
20
t*: CTC efetiva; T: CTC em pH 7,0 ; SB: Soma de Bases; V: Saturação de Bases; MOS: Matéria orgânica
Tabela 2 – Caracterização química da cinza de biomassa florestal da empresa Celulose Irani S.A.
pH
PRNT
PN
N
P
K
Ca
Mg
S
Al
-----------------------------------------------------------%------------------------------------------------------7,2
11,9
12,5
0,18
0,29
1,28
3,04
2,95
0,04
4,87
Cu
Zn
Na
Fe
Mn
Ba
Cd
Co
Cr
Ga
Li
Sr
-------mgdm-3----------gdm-3-------------------------------------%-------------------------------------57,04
28,92
1050
13,0
2,27
0,02
0,0012
0,0052
<LD2
0,01
<LD
0,01
Materia seca, 2LD = Menor que o limite de detecção do equipamento.
1
MS1
30
Tl
0,02
Tabela 3 - Parâmetros das equações avaliados nas características químicas na aveia preta após aplicação de diferentes
doses de cinza (0; 3,5; 7; 28; 56 tha-1), Xanxerê – SC, 2015.
b1
b2
Mitscherlich
Cálcio(gkg-1)
6,373
22,41
Cobre (mgkg-1)
14,683
98,22
Quadrática
Potássio (gkg-1)
33,04
32,045
Linear
Fósforo (gkg-1)
3,485
-0,009
Nitrogênio (gkg-1)
14,723
-0,041
Magnésio (gkg-1)
3,103
-0,008
Zinco (mgkg-1)
38,237
-0,117
Para Mitscherlich b1- valores máximos encontrados e b2- dose que confere 99% dos valores máximos encontrados (tha-1). Para Quadrática b1 - valor
máximo da parábola e b2 dose que confere maior valor (tha-1). Para equação linear b1 – valor encontrado no nutriente quando dose igual a 0 (zero) e
b2 incremento ou decréscimo por tonelada adicional aplicada.
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