doi: 10.7213/CAD.Est.Pes.Tur.04.005.AO06 Boas práticas de marketing: Estudo do Consórcio Intermunicipal de Turismo da Costa Verde e Mar (citimar) – SC Good Marketing Practices: Intermunicipal Consortium Study Of Tourism Of Costa Verde E Mar ( Citmar ) –Sc Deise Mari Pereira Silveira Mestranda em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) [email protected] Luiz Carlos da Silva Flores Doutor em Engenharia de Produção – UFSC. Professor e Pesquisador do Programa de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria (PLAGET-HGTUR-UNIVALI/SC) Professor do Curso de Administração (UNIVALI/SC) [email protected] Vitor Couto Reiser Acadêmico do curso de Administração pela Universidade do Vale do Itajaí Resumo As projeções do crescimento do setor de turismo mundialmente, o desenvolvimento no volume da oferta, a aparição de diferentes produtos turísticos e a necessidade de resposta a um número cada vez maior de exigência por parte dos clientes, gera maior concorrência, tanto em nível das organizações como ao nível dos destinos turísticos. O objetivo deste artigo é descrever as práticas de marketing de destinos turísticos do Consórcio Intermunicipal de Turismo Costa Verde e Mar (Citmar) - Santa Catarina. Esta análise se deu pela verificação do mix marketing praticado pelos agentes de turismo (DMO’s) e a percepção destas práticas pelos agentes do sistema de tursimo: população local, setor púbico e governo, operadores de turismo, empresas/pequenas e médias empresas de turismo, gerando no final um instrumento de autoavaliação do marketing turístico de destinos. A tipologia de pesquisa exploratóriadescritiva, investigou como os gestores das DMO’s definem as ações do marketing dos destinos estudados. CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 106 Palavras-chave: Turismo; Boas práticas de marketing; Marketing de destino turístico; DMO’s. Abstract Projections of growth of world tourism sector development in the volume of supply , the appearance of different tourism products and the need to respond to a growing number of demand from customers , generates increased competition , both at the level of organizations and at the level of tourist destinations . The purpose of this article is to describe the marketing practices of tourist destinations in the Intermunicipal Consortium of Tourism Costa Verde e Mar ( Citmar ) - Santa Catarina. This analysis was done for verifying the marketing mix practiced by travel agents (DMO 's) and the perception of these practices by the tourism system agents: local people , pubic and government sector, tour operators, enterprises / small and medium tourism enterprises , creating in the end a self-assessment instrument tourist marketing destinations . The type of exploratory - descriptive study investigated how the managers of the DMO 's define the actions of the marketing of the studied destinations . Keywords: Tourism; Good marketing practices; Tourist destination marketing ; DMO 's. Introdução A indústria do turismo emprega 160 milhões de pessoas em todo mundo e gera US$ 700 bilhões de dólares em ingressos fiscais. O setor continua em expansão e seu futuro é de episódios intensos (PIZAM, 1999; WTO, 2005). As projeções do crescimento mundial do setor de turismo, o desenvolvimento no volume da oferta, a aparição de diferentes produtos turísticos e a necessidade de resposta a um número cada vez maior de exigência por parte dos clientes, gera maior concorrência, tanto em nível das organizações como ao nível dos destinos turísticos. Enquanto que, nas organizações turísticas, a competitividade se situa nos produtos específicos que constituem a oferta das organizações, nos destinos turísticos, o conjunto da oferta turística de um espaço ou localidade é o objeto principal da competição (GO; GOVERS, 2000). A competitividade dos destinos figura entre as principais preocupações dos gestores das políticas de turismo e dos atores que, em nível local ou regional, conduzem os processos de gestão dos destinos turísticos. A busca de novas idéias e paradigmas que estimulem a escolha e permitam enfrentar os desafios em um ambiente cada vez mais competitivo, constituem uma prioridade em termos de investigação. O estado atual do conhecimento nesta matéria carece de evidências empíricas e de um aprofundamento da investigação que aponte tanto no sentido da compreensão das dimensões que estão subjacentes ao conceito como na operacionalização do constructo da qualidade em CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 107 nível dos destinos turísticos. O conhecimento das dimensões do fenômeno, as variáveis implicadas nas possíveis abordagens e as formas de monitoramento são questões constitutivas de um problema complexo e emergente, que urge resolver a fim de sustentar o processo de desenvolvimento e implementação das iniciativas que melhorem a qualidade e, desta forma, contribuir para a resolução de outro problema mais complexo, que é o da competitividade dos destinos turísticos. O presente artigo tem por finalidadeelucidar a gestão do marketing de destino e sua contribuição para o alcance dos objetivos de desenvolvimento regional e da competitividade dos destinos turísticos, especificamente da região do Consórcio Intermunicipal de Turismo Costa Verde e Mar (Citmar). O estudo se deu pela verificação do composto de marketing praticado pelos agentes de turismo (DMO’s) e a percepção destas práticas pelos agentes do sistema de tursimo: população local, setor púbico e governo, operadores de turismo, empresas/pequenas e médias empresas de turismo. Cabe destacar que esta região em Santa Catarina, possui um PIB Turístico de 11,56%, indice maior que a média nacional, segundo pesquisa divulgada em mar.2003 (Revista Portuária, 2014). Marketing: aspectos gerais De acordo com a American Marketing Association (AMA), o Marketing é o processo de planejamento e execução da concepção, de Produtos, Promoções, Preços e Praça (CHURCHILL, 2000). Esta associação designa a este quarteto como os 4P’s do marketing, que tem como finalidade a satisfação mútua entre organizações e clientes. Considerando o ambiente do turismo e suas especificidades Morrison (2012) adiciona aos 4P’s tradicionais outros 4P’s adicionais, formando o composto do marketing de turismo com 8P’s: Produto, Promoção, Preço, Praça, Pessoas, Pacotes, Programação, Parceria, descritos a seguir: O Produto ‘’significa a oferta de uma empresa que satisfaz a uma necessidade’’ (PERREAULT, 1997, p.99). Segundo Churchill (2000, p.164), “alguns aspectos da estratégia de produto que podem afetar o comportamento de compra do consumidor são a novidade do produto, sua complexidade e sua qualidade percebida. A aparência física do produto, além da embalagem e do rótulo, também pode influenciar o processo de compra do consumidor”. CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 108 Já a Promoção “é a comunicação da informação entre vendedor e comprador potencial ou outros do canal para influenciar atitudes e comportamento. O principal trabalho de promoção do gerente de marketing é dizer aos consumidores-alvos que o Produto certo está disponível, no Preço certo e na Praça certa” (PERRAULT, 1997, p.220). OPreço na visão de Morrison (2012, p.220), ‘’é recomendado uma gestão de receita ou plano de fixação de preços abrangentes que leve em consideração descontos, preços e tarifas especiais projetados para o período futuro’’. A Praça representa a distribuição, ou seja, “[...] tornar os bens e serviços disponíveis nas quantidades e nos locais corretos – quando os consumidores o desejarem” (PERREAULT, 1997, p.181). ‘’A estratégia do profissional de marketing para tornar um produto disponível pode influenciar se e quando os consumidores encontrarão tal produto. Um produto amplamente disponível ou fácil de comprar entrará no conjunto considerado de mais consumidores’’(CHURCHILL, 2000, p.165). Neste componente são utilizadas as ferramentas de internet e mídias socias que facilitam muito a comunicação entre fornecedor e cliente. Pessoas:o turismo ‘’é um negócio que envolve pessoas (funcionários ou anfitriões) que fornecem serviços para as pessoas (clientes ou hóspedes), que compartilham esses serviços com outras pessoas/clientes (MORRISON, 2012, p.38). Pacotes: normalmente criados pelos fornecedores, ‘’resultam da descoberta das necessidades e desejos das pessoas para, então, montar e combinar destinos, serviços e instalações que correspondam a essas necessidades’’ (MORRISON, 2012, p.217). Programação:representa uma ação de planejamento que ‘’mostra os acontecimentos e atividades especiais criados para os clientes. Por exemplo, todo tipo de entretenimento e festival, eventos e grandes festas, torneios esportivos – copa do mundo, olimpíadas, entre outros’’ (MORRISON, 2012, p.38). E as Parcerias, representadas pelos ‘’esforços do marketing cooperativo entre organizações de hospitalidade e turismo complementares. A interdependência de muitas organizações na satisfação das necessidades e dos anseios dos clientes’’ (MORRISON, 2012, p.38). De forma mais ampla o marketing evoluiu influenciado pelas transformações ambientais que marcaram a evolução das organizações e dessa forma influenciaram as atividades do marketing atualmente. Estas orientações segundo Churchill e Peters (2000) têm como base a produção, as vendas e o marketing. A orientação para a produção, busca produzir CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 109 com eficiência para satisfazer o cliente. Na orientação para vendas, é necessário atingir o cliente de forma que ele sinta vontade de adquirir o produto. Já a orientação do marketing, visa analisar o que os clientes necessitam e desejam, depois vem a produção destes produtos e por fim persuadi-los a compra. Kotler e Keller (2006) descrevem quatro orientações do marketing que marcam a evolução das organizações acompanhando as necessidades do mercado, são elas: orientação para produção, orientação para o produto, orientação para vendas, orientação para o marketing e a orientação para o marketing holístico. As orientações são evolutivas e não exclusivas, podendo ser encontradas e serem adequadas para determinadas organizações que se encontram em estágios de evolução diferentes. Estas se aplicam no ambiente das organizações de turismo de destinos turisticos. Para Morrison (2012, p.13 e 14), as principais características de uma organização orientada para o marketing de hospitalidade e turismo são: identificação das necessidades dos clientes; pesquisa de marketing contínua; conhecer as percepções dos clientes; análise dos pontos fortes e fracos; planejamento de longo prazo; escopo de negócio; cooperação interna, cooperação com organizações complementares e mensuração. Desta forma, o marketing tem sua aplicação em diversos eventos tais como: bens, serviços, eventos, experiências, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e idéias, sendo atribuição do profissional a adequação das ferramentas específicas. Estes eventos são desritos por Kotler e Keller (2006) conforme segue: Bens: “Bens tangíveis ou produtos constituem a maior parte do esforço de produção e marketing da maioria dos países.” [...] Serviços: “À medida que as economias evoluem, uma proporção cada vez maior de suas atividades se concentra na produção de serviços.” [...] Organizações: “As organizações trabalham sistematicamente para construir uma imagem sólida e positiva na mente de seu público-alvo. Para tanto, investem em propaganda de identidade corporativa.” [...] Lugares: “Cidades, estados, regiões e países inteiros competem ativamente para atrair turistas, fábricas, sedes de empresas e novos moradores. Entre os profissionais de marketing de lugares estão especialistas em desenvolvimento econômico, agentes imobiliários, bancos comerciais, associações de negócios locais e agências de cidades.” (KOTLER; KELLER, 2006, p.6) No caso deste estudo, o foco está marketing de organizações e lugares, que vários estudiosos do turismo denominam de destino, o lugar onde acontece a atividade turistica. Quanto ao destino turístico a UNWTO – Organização Mundial do Turismo, fórum que congrega representantes de turismo de todas as partes do mundo, apresenta a seguinte definição: CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 110 Um destino turístico é um espaço físico no qual um visitante pernoita pelo menos uma noite. Inclui produtos turísticos tais como, serviços de suporte, atrações e recursos turísticos a um dia de viagem de regresso. Tem fronteiras físicas e administrativas que definem a sua gestão, e tem também imagens e percepções que definem a sua competitividade no mercado. Os destinos turísticos incorporam vários stakeholders que geralmente incluem a comunidade local, e podem ainda, abrigar e formar, uma rede maior de destinos (UNWTO, 2010, s.p.). Assim, marketing de destino é um conceito utilizado para designar atividades desenvolvidas deliberadamente e, muitas vezes, estrategicamente realizadas, a fim de atrair visitantes, ou seja, os turistas, à um local específico. Comumente, são atribuidos às Organizações de Gestão de Destinos (DMOs) um papel central na comercialização de um destino, pois eles são criados para assumir a responsabilidade global para promover o turismo e para atrair visitantes para o lugar ou região definida como o seu domínio (PEARCE, 1992), sendo que, muitas vezes, torna-se uma tarefa particularmente difícil devido aos pequenos orçamentos disponíveis (PIKE, 2004). Dessa forma, para desenvolver e coordenar atividades de comercialização para o seu domínio, os DMOs precisam adotar uma estratégia em que o componente chave é a mobilização de recursos controlados por stakeholders (ELBE; HALLEN; AXELSSON, 2009; MIDDLETON, 1994; BUHALIS, 2000; GRETZEL et al., 2006; SHEEHAN et al., 2007). Boas Práticas de Marketing Um número de fatores de sucesso são identificados na literatura de marketing como sendo críticos para o processo de marketing de destino, também denominados de boas práticas. Cox e Wray (2011) relacionam os principais componentes de marketing de destino da literatura são resumidos em: cooperação na comercialização do destino; promoção exclusiva do turismo, incluindo características, imagens claras, e uma marca sólida do destino; mercados-alvo; promoção, distribuição e preços do destino; pesquisa de marketing, e experiência de qualidade. Entidades regionais de turismo são particularmente desafiadas em termos de coordenação e implementação de iniciativas de marketing cooperativo (SHIELDS; SCHIBIK, 1995). O desenvolvimento de ações coordenadas ou integradoras que promovem a cooperação dos stakeholders fornece uma oportunidade para cumprir os objetivos de equidade, e CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 111 fornecem uma tomada de decisão que é mais abrangente de toda a gama de valores, opiniões e interesses para o turismo (HALL, 2000). Nesse sentido, as melhores práticas são definidas comopráticasque sãoeficazes em aumentare melhorar o desempenhosustentável de umdestino.Essas práticas podemser uma técnica, método, procedimento, decisão, ação, ou processo quefoi implementadopara o destino ser bem sucedido. Cox e Wray (2011) demonstram na Figura 1 a seguir as boas praticas de marketing de destino turistico regional. Fígura 1: As melhores práticas para o marketing destinos turístico regional Fonte: Adaptado de Crox e Wray, 2011, p.531 (nossa tradução) Verifica-se que na figura são apresentados nove práticas com o objetivo de alcance do sucesso de um destino turístico. CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 112 Verifica-se na fígura que as Práticas 1, 2, 3 e 4 estão relacionadas a estratégia de cooperação de marketing de destino; a Prática 5 está relacionada à construção consistente da marca e o posicionamento do destino turístico; a Prática 6 define o(s) segmento(s) alvo de visitantes; o desenvolvimento de promoções inovadoras para o alcance do segmento-alvo é a Prática 7; a Prática 8 garantia e fornecimento de informações e serviços de qualidade aos visitantes; e o desenvolvimento de festivais e eventos é a Prática 9. Estas práticas foram investigadas junto a organização do turismo regional da Costa Verde e Mar, juntamente em dois destinos que integram esta região. Consórcio Costa Verde Mar / CITMAR O litoral catarinense é um dos mais bonitos do Brasil. E a Costa Verde e Mar é um mostruário dessa beleza: são dezenas de praias com areias brancas e águas azuis transparentes, a maioria delas emolduradas por morros verdejantes; balneários movimentados e recantos bucólicos, alguns quase selvagens; enseadas abrigadas e praias de mar aberto. Está localizada na região centro norte do Estado de Santa Catarina, se consolida como região turística detentora de inúmeras opções de lazer e entretenimento para todos os públicos, belezas naturais, gastronomia típica e temática, manifestações culturais variadas, compras e muito mais. Essa região abrange 10 cidades:Balneário Piçarras, Bombinhas, Camboriú, Ilhota, Itajaí, Itapema, Luís Alves, Navegantes, Penha e Porto Belo. O CITMAR se constitui em pessoa jurídica de direito público, sem fins econômicos, com observância ao artigo 241 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ao artigo 13 da Lei Federal nº 11.107/2005, ao artigo 30 do Decreto Federal nº 6.017/2007, à Lei Federal nº 8.666/1993, bem como ao Protocolo de Intenções e a legislação municipal pertinente. O Colegiado de Secretários Municipais de Turismo da AMFRI e o Consórcio Intermunicipal de Turismo Costa Verde & Mar - CITMAR possuem dois comitês temáticos denominados Comunicação e PEMTI (Plano Estratégico de Marketing Turístico Integrado) visando fomentar e agilizar ações e atividades inerentes aos temas. São formados por representantes das Secretarias Municipais notadamente os técnicos e funcionários efetivos, visando dar continuidade ao desenvolvimento de trabalhos futuros. CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 113 A seguir, são descritas as atividades de marketing realizadas pelo consórcio, verificando se estão de acordo com as boas práticas de marketing relacionadas por Cox e Wray (2011). Análise das práticas de marketing do CITMAR A análise das práticas de marketing do CITMAR foi realizada a partir de entrevistas, guiadas por um formulário tipo chek-list, com um representante do consórcio e dois representantes de dois municípios integrantes. O check-list foi elaborado seguindo o modelo proposto por Cox e Wray (2011), sendo que os respondentes indicavam se prática do marketing era atendida plenamente, atendida parcialmente ou não atendida. Bem como tinham a oportunidade de tecer comentários sobre as mesmas. As respostas dos participantes foram sistematizadas a seguir, por práticas de marketing do modelo de referêcia adotado. Práticas Prática 1 - Estabelecer umacomissão dedicada demarketing destino Prática 2 – Desenvolvimento de plano estratégico de marketing do destino Respostas Existe uma comissão constituída no consórcio responsável por todas as atividades de planejamento de marketing da região, composta por representantes dos municípios integrantes. Bem como no consórcio existe um setor para esta atividade específica. Porém, em nível do município as Secretarias de Turismo, devido aos poucos recursos, não possuem setores especificos, mas as atividades são atribuídas à funcionários. A cooperação de organizações complementares e parcerias acontece mais em nível de município onde são chamadas a participarem tais como: associação indústrial, CDL, conselhos, associação de moradores, associações de classes, ong´s entre outros representantes do município. O consórcio possue um plano estratégico e plano estratégico de marketing de turismo da região, discutido periodicamente e revisado anualmente. A elaboração deste plano de marketing conta com a praticipação dos representantes dos órgãos de turismo dos municípios integrantes do CITMAR. O plano de marketing está disponível no site www.costaverdemar.com.br para consultas das partes interessadas. Em nível de município, existe o planejamento estratégico do munípio e que trata as atividades de turismo em conjunto com as outras atividades como obras, saúde, finanças entre outras. Deste plano estratégico são derivados outras ferramentas de gestão como o orçamento do município. Em nível do municipio stakeholders como associação indústrial, CDL, conselhos, associação de moradores, associações de classes, ong´s entre outros são convidados a participarem das atividades de elaboração e revisão do planejamento estratégico. Conforme apontado pelos representantes existe pouca participação e interesse da comunidade. O planejamento é integrado verticalmente, atendendo políticas de CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 114 turismo dos tres níveis de governo – Federal, Estadual e Municipal, bem como atendendo as características e cultura da região. No planejamento estratégico são identificados os pontos fortes e fracos, oportunidade e ameaças, em relação aos concorrentes, clientes e stakeholders. Ainda em relação ao planejamento e estratégico, são definidas a missão, visão e valores tanto do CITMAR, declarados no site www.costaverdemar.com.br, bem como em nível de muncípio sãoo definidos o escopo no turismo local e estratégias visando atender aos turistas, residentes e stakeholders. Um ponto que deixa a desejar apontado pelos respondentes está relacionado ao establecimento de relacionamentos de longo prazo com com clientes, fornecedores, distribuidores e stakeholders. As varias funções e atividades de marketing como, força de vendas, propaganda, serviços, pesquisa são desenvolvidas a partir das necessidades do município em primeiro lugar e depois o cliente – turistas. Prática 3 – Realizar e manter pesquisas de marketing Em nivel de consórcio são promovidas pesquisas de demanda periodicamente, por município e consolidadas por região. Estas tem como objetivo conhecer a percepção dos clientes sobre a atividade de turismo local. Os resultados dessas pesquisas são discutidas nas reuniões do consórcio pelos representantes dos municípios. Prática 4 - Identificare desenvolvernovos produtosapropriadoseexperiência s O produto turístico da região da Costa Verde e Mar está bem definido e declarados no site www.costaverdemar.com.br, permitindo consulta pelos turistas, ainda classificados por município, destacando os atrativos da localidade, belezas naturais e construídas, infraestrutura, serviços e amenidades. Recentemente os municípios integrantes da CITMAR estavam aplicando o inventário turisticos. Porém os produtos e experiências turísticas são pensadas estruturadas visando explorar o potencial do local. Prática 5 – Marcadestinoconsistente eposicionamento claro O Consórcio CITMAR possui uma marca própria que divulgada em todas os materiais de divulgação institucionais e nos materiais de divulgação do turismo dos municípios integrantes. Porém, segundo representante a marca do consórcio ainda não é reconhecida plenamente pelos visitantes e comunidade, bem como considera que as marcas dos muncípios integrantes ainda não estão integradas com a marca do consórcio. Em relação aos indicadores da saúde da marca, os indicadores são insuficientes para esta medição. Cada município integrante possui sua marca própria e em sua maioria estão integradas com os niveis do turismo regionais, estadual e nacional. Segundo os representantes dos municípios, as marcas dos municípios estão alinhadas e representão de forma clara estilo de vida, o produto e experiência turística do local. Bem como, consideram que há indicadores para medição da marca. Observa-se que há uma discordância na percepçao do representante do CITMAR com a percepção dos representantes dos municípios neste atributo, prejudicando o posicionamento do turismo regional. Prática 6 – Definir segmentos-alvo de visitantesapropriados Em relação a esta prática tanto o consórcio quanto ao representantes dos muncípios concordam que os segmentos-alvo de visitantes estão bem definidos, e as ações locais e regionais trabalham as ações dentro do composto de marketing para atender as necessidade e expectativas dos CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 115 Prática 7 – Desenvolver promoções inovadoras clientes O consórcio e os municípios integrantes discutem e desenvolvem promoções inovadoras visando atender o visitantes, procurando transmitir os principais atrativos turísticos, naturais e/ou construidos. São utilizados recursos da internet, redes sociais, mobile e midias tradicionais para divulgação das promoções regionais e locais. Sendo o principal o site do consórcio, que congrega informações de todos os muncipios. Porém, destaca-se que em nível de municipio, o setor de turismo utiliza o site principal da Prefeitura, compartilhado com todas as demais secretárias e atividades, o que dificulta ações específicas do turismo e acesso ao cliente. Segundo os representantes as mensagens são consistentes com os interesses do consórcio e específicas dos municipios. Uma das ações principais é a participação de feiras de turismo em nivel estadual, nacional e internacional, que sejam de interesse do consórcio, incluindo sempre representantes dos municípios interessados e com produtos turisticos relacionados. Em nível de município e da região são identificadas as pessoas reconhecidas como identidades/celebridades e utilizadas para a divulgação de promoções. Em relação valorização do patrimônio e cultura local, tanto os representantes dos municípios como do consórcio foram críticos apontando que estes elementos são pouco valorizados. Bem como ainda deixa a desejar o planejamento de itinerário e/ou trilhas temáticas de turismo. Prática 8 – Fornecer informações de qualidade e serviços de interpretação aos visitantes Em relação a esta prática, tanto em nível de consórcio quanto dos município, as informações turisticas são desenvolvidas de forma a orientar os visitantes de forma adequada e para isso são utilizados diversos recursos folders, panfletos, mapas turisticos, site, midias sociais, mobile. Porém, existe falhas quanto a sinalização de ruas, estradas, e outras, de competência de outras secretarias de governo municipal, estadual e nacional, bem como de órgãos da iniciativa privada. Prática 9 – Desenvolver festivais e eventos São promovidos eventos e festivais como forma de valorizar a tradição e cultura local, porém a integração e aproveitamento dos recursos regionais ainda é parcial. Em nível local, a organização e planejamento dos eventos e festivais são realizados com a participação de representantes do governo local, secretarias de obras, trânsito, polícia, bombeiros, entre outros, como associações de classe e da comunidade, organizações da iniciativa privada, representantes da comunidade. Discussão dos resultados Verifica-se que o consórcio CITMAR exerce um papel importante de integrador dos agentes de turismo da região, buscando a cooperação dos muncípios que compõem o consórcio para o alcance dos objetivos e sucesso do turismo. CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 116 Alguns município pequenos com poucos recursos aproveitam mais o apoio e recursos disponibilizados pelo consórcio para o desenvolvimento de atividades de marketing, pesquisas e comunicação das atividades turísticas da região. Como evidência as pesquisas de demanda do turismo na região, o inventário turístico e o site para divulgação dos produtos turísticos locais, bem como em atividades mais específicas de planejamento de eventos e festivais. Há necessidade de trabalhar a marca da região e dos muncípios, visando a integração e a consistência na mensagem aos turistas e comunidade. A marca deve transmitir a identidade do destino, o estilo de vida, a patrimônio e cultura da região e local, para ser reconhecida e ter aderência da comunidade. Deve-se criar indicadores específicos para mensurar e acompanhar a saude da marca regional e local. No planejamento e elaboração dos produtos turisticos deve ser pensado também na criação de itinerários e trilhas, locais e regionais, valorizando o patrimonio natural e cultural, atendendo as necessidade e expectativas dos turistas, proporcionando uma experiencia de qualidade. Bem como valorizando a comunidade local. Um aspecto importante quanto as informações de qualidade, deve haver um esforço integrado dos agentes de turismo local, regional, representantes dos governos, órgãos de classe, comunidade para manutenção de informaçoes consistentes e isentas de erros, de forma a orientar o turista em sua visita. Ou seja, evitar que problemas como o que ocorreu com a rodoviária de Itajaí – jan./2015, se repitam, pois isso deprecia todo os trabalhos bem feitos na localidade. Outro aspecto importante das praticas de marketing é o envolvimento e comprometimento da comunidade, dos residentes nas atividades turisticas, pois este serão os principais divulgadores da imagem destino turistico, estarão em contato com os turistas, prestarão informações e orientações etc. Portanto, devem ter aderência aos programas de turismo, serem preparados para este relacionamento com os visitantes. Considerações Finais Esta pesquisa foi desenvolvida com o apoio dos recursos do Edital do Artigo 170/2014 (Uniedu/Fundes) e teve como objetivo descrever as boas práticas de marketing de destino turístico promovidas pelo Consórcio Intermunicipal da Costa Verde e Mar – CITMAR, CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 117 segundo modelo teórico proposto na literatra do marketing de turismo. A realização da pesquisa ocorreu no período de março/2014 a março/2015, e teve como temas principais o turismo, destino turístico, marketing turístico e boas práticas de marketing de turismo. No anseio de desenvolver o turismo de maneira regionalizada, os membros do Colegiado sob a coordenação da AMFRI criaram o Consórcio Intermunicipal de Turismo Costa Verde & Mar – CITMAR, elaboraram um planejamento estratégico, o plano de marketing, a criação do nome e logomarca da região “Costa Verde & Mar – A Rota do Sol Catarinense” e a sinalização turística, a roteirização e a integração dos transportes. Concluindo, pode-se perceber a partir das informações prestadas pelos representantes do consórcio e de dois município convidados para participar desta pesquisa, que foram identificadas as praticas 1, 2, 3 e 4 que estão relacionadas a estratégia de cooperação de marketing de destino; a prática 5 que está relacionada a marca consistente e o posicionamento do destino turístico; a prática 6 relacionada com a identificação do segmento-alvo de visitantes; a prática 7 quanto o desenvolvimento de promoções para o alcance do segmentoalvo; a prática 8 de fornecimento de informações e serviços de qualidade aos visitantes; e a pratica 9 relacionada ao desenvolvimento de festivais e eventos. Porém algumas dessas práticas necessitam ser melhor trabalhadas como a marca e posicionamento, informações de qualidade e integração da comunidade nas atividades turisticas. Esta pesquisa apresenta como limitações de um estudo superficial das atividades de marketing, procurou-se tão somente identificar quais as atividades praticadas pelo CITMAR e se estas estavam alinhadas com as boas práticas de marketing de destinos turísticos propostas por Cox e Wray (2011). Bem como foram entrevistados apenas tres respresentantes, um da gestão do consórcio e dois representantes de múnicipios integrantes. Como sugestão para novas pesquisas pode-se fazer um estudo sobre os vínculos e relacionamentos entre o consórcio e os municípios; outra sobre a gestão das informações com os clientes e fornecedores dos consórcio. Bem como uma outra pesquisa mais específica sobre o branding do CITMAR. Referências: AYLA, H. From quality product to ecoproduct: will Fiji set a precedent?.Tourism Management, vol. 16, nº .1, p. 39-47, 1995. CAD. Est. Pes. Tur. Curitiba, v.4, nº 5, p. 106-121, jul/dez. 2015. Página 118 BAKER, D. A.; CROMPTON, J. L. 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