Coleta de sangue em Trachemys dorbignyi no Laboratório de

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Coleta de sangue em Trachemys dorbignyi no
Laboratório de Patologia Clínica da Universidade
Federal Rural de Pernambuco
Oscarleana Liduina Barboza de Oliveira1, Simone Gutman Vaz2, Renan Henrique dos Santos Fagundes2, Paulo
Henrique Mariano das Chagas2, Breno Menezes dos Santos2, José Honorato de França Neto2, Maína de Souza Almeida2,
Marcelo da Silva Santos2 e Telga Lucena Alves Craveiro de Almeida3

Introdução
Na investigação clínica de répteis, amostras
sangüíneas podem ser facilmente obtidas e são de
grande valor diagnóstico. Entretanto, a patologia
clínica é uma área da medicina herpetológica que ainda
necessita de vários estudos [1].
Com a necessidade crescente de avaliação do estado
de saúde em tartarugas marinhas, para uma possível
manutenção de animais saudáveis em cativeiro e
reabilitação de indivíduos de vida livre, se faz
necessário um maior empenho em desenvolver estudos
relacionados aos meios auxiliares de diagnóstico
clínico, onde a avaliação hematológica possui grande
destaque [2] .
Fatores como idade, tamanho, sexo, estação do ano,
saúde, habitat e dieta podem afetar os parâmetros
hematológicos, tanto em tartarugas marinhas como em
répteis de maneira geral, dificultando o estabelecimento
de valores sangüíneos de referência e comparações
entre indivíduos e populações [3,4,5].
Embora a literatura apresente alguns trabalhos
publicados sobre valores hematológicos para estes
animais, é difícil o uso dessas informações em estudos
comparativos, devido às diferenças entre os métodos de
coleta, manipulação e processamento das amostras e
métodos empregados na análise bioquímica. Além
disso, as descrições das características morfológicas de
células sangüíneas de quelônios marinhos são limitadas
[6].
Nos répteis o volume total de sangue será cerca de
10% do peso de seu corpo. A coleta de sangue,
dependendo da espécie pode ser feita em vários locais.
Em tartarugas a coleta pode ser feita na unha do
membro pélvico, quando se necessitam pequenos
volumes. Para grandes volumes, é necessário acesso de
vasos periféricos, a artéria e veia braquial, embora
estejam envolvidas por estruturas linfáticas, é uma opção
para venopunção ou coletas de sangue [7].
A contenção manual de espécies de tartarugas pode ser
realizada com ambas as mãos em torno da carapaça e do
plastrão nos dois lados do corpo, imediatamente adiante
das patas traseiras. Este procedimento evita as patas
dianteiras, surpreendemente poderosas, que podem
dificultar a contenção do operador [8].
Existe certa dificuldade por parte do clínico, na
realização de uma exploração física e na execução de um
exame clínico adequado nestas espécies animais, em
conseqüência de particularidades anatômicas e mesmo
comportamental da espécie. Na maioria das ocasiões as
informações que podemos obter são mínimas e inadequadas
para o estabelecimento de um diagnóstico.
Em virtude
disto, o clínico tem como opção a utilização de exames
complementares de diagnóstico [10].
Uma das mais freqüentes causas de doenças ou processos
patológicos entre as tartarugas é a péssima condição de
manejo a que na maioria das vezes são submetidas [9].
Dentre as principais patologias que acometem as tartarugas
podemos citar; afecções hepáticas de etiologias variadas,
rinites, pneumonias e broncopneumonias infecciosas,
enteroparasitoses e hemoparasitoses as quais podem ser
responsável por certo grau de anemia e até mesmo a morte
[9, 10].
Este trabalho tem por objetivo demonstrar a importância
da analise hematológica em uma tartaruga.
Material e métodos
O animal foi trazido ao Laboratório de Patologia
Clínica da Universidade Federal Rural de Pernambuco para
realização da coleta de sangue.
Foi feita a devida contenção do animal, com uma leve
sedação inalatória, apos o animal está relaxado, foi
tracionada a cabeça do mesmo para frente utilizando-se um
pequeno seguimento de esparadrapo. A veia foi garroteada
________________
1. Primeiro autor é Aluna de graduação em Medicina Veterinária, monitora da disciplina patologia clínica da Universidade Federal
Rural dePernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos- PE. CEP: 52171030
2. Segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo autores sãoAlunos de graduação em Medicina Veterinária, monitora da
disciplina patologia clínica da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos- PE.
CEP: 52171030
3. Nono autor é Médica Veterinária residente do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal
Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos- PE. CEP: 52171030.
utilizando-se o polegar e coletou-se do animal,
aproximadamente 2 mL de sangue em seringas
descartáveis de 3 mL, previamente umidecia com
anticoagulante, por venipuntura jugular e transferidos
imediatamente após a colheita, para frascos tipo
vacutainer.
Resultados e Discussão
A contenção do animal foi feita segundo COOPER e
SAINSBURY [8].
A coleta foi realizada na veia jugular segundo
SCHUMACHER [7].
Devido a dificuldade do clínico em realizar o exame
clínico, o hemograma foi muito importante, uma vez
que mostra alterações relevantes para o diagnóstico de
alterações do animal, segundo BORDEAU [9].
No entanto, não se pode ater a um único exame
complementar como o hemograma. Apesar de sua
ajuda fundamental para o direcionamento do
diagnostico, faz-se necessária a utilização de outros
métodos
complementares
como
o
raio-x,
ultrasonografia e em alguns casos a laparotomia
exploratória, segundo LAWRENCE e NEEDHAM
[10].
Referências
[1] DIVERS, S. J.; REDMAYNE, G.; AVES, K. Haematological and
biochemical of 10 green iguanas (Iguana iguana). The Veterinary
Record, v. 138, n. 9, p. 203-205, 1996.
[2] 13 PIRES, T. T.; ROSTAN, G.; GUIMARÃES, J. E. Hemograma e
determinação da proteína plasmática total de tartarugas marinhas da
espécie Caretta caretta (Linnaeus, 1758), criada em cativeiro, Praia do
Forte, Município de Mata de São João – Bahia. Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science, v. 43, n. 3, p. 348-353,
2006.
[3] Sea turtle red blood cell parameters correlated with carapace lengths.
Comparative Biochemistry and Physiology, v. 56A, n. 4, p. 467 - 472,
1977.
[4] GOTTDENKER, N. L.; JACOBSON, E. R. Effect of venipuncture
sites on hematological and clinical biochemical values in desert tortoises
(Gopherus agassizii). American Journal of Veterinary Research, v.
56, n. 1, p. 19 - 21, 1995.
[5] WOOD, F. E.; EBANKS, G. Blood cytology and hematology of the
green sea turtle, Chelonia mydas. Herpetologica, v. 40, n. 3, p. 331 336, 1984.
[6] WORK, T. M., et al. Morphologic and cytochemical characteristics of
blood cells from Hawaiian green turtles. American Journal of
Veterinary Research, v. 59, n. 10, p. 1252 - 1257, 1998.
[7] SCHUMACHER, J. Reptiles and Amphibians In: THURMON J.C.;
TRANQUILLI, W.J.; BENSON, G.J. Lumb & Jones’ Veterinary
Anesthesia. 3 ed. Baltimore: Williams & Wilkins, cap. 20, p.670-685,
1996.
[8] COOPER, J.E.; SAINSBURY, A.W. Perguntas e Respostas Ilustradas
de Medicina Veterinária: Espécies exóticas. 1 ed. São Paulo: Editora
Manole, 1997. 168 p.
[9] BORDEAU, P. Pathologie des tortues 3e partie: affections
respiratoires, autres affections d’organes et thérapeutique Point
Vétérinaire. v. 21, n. 119, p. 45-62, 1989.
[10] LAWRENCE, K.; NEEDHAM, J. R. Rhinitis in long term captive
mediterranean tortoises (T. graeca and T. hermanni). Vet. Rec. v. 117, n.
25/26, p. 662-664, 1985.
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