A Geoespacialização da área de abrangência dos postos de saúde da Região Leste da Cidade de Teresina - PI. Maria do Espírito Santo Abreu da Rocha 1 Kátia Maria Ferreira Teixeira1 Raimundo da Silva Ramos1 Lineardo Ferreira de Sampaio Melo1 1 Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologias do Piauí - IFPI, Praça da Liberdade, 1597 – Centro, Teresina - PI, Brasil, CEP 64000 - 040 {[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]} Abstract. In Brazil, the Ministry of health is the responsible to coordinate actions aimed at improving basic health care across the country. Local managers of the unified health system (SUS) has the task of improving the standard of quality of care offered to users of SUS in basic health units (UBSs) being conducted through the teams of basic attention to health. To understand the inequalities in access to health care, it is essential to consider the heterogeneity of the population about their needs and the uneven spatial distribution of goods and services, taking on equity the spindle for prioritization of actions. With the present paper were used GIS to spatialize the scope of health care units in the region of Eastern Zone of Teresina, the capital of the state Piauí, and identify areas that have not been assisted. Palavras-chave: geoespacialização, posto de saúde, SIG. 1. Introdução Com o avanço das tecnologias de geoinformações os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) vêm ganhando cada vez mais espaço e popularização na comunidade civil e acadêmica, tanto no âmbito de pesquisa como nas tomadas de decisões em gerenciamentos de informações espaciais de diversas formas e fontes. A capacidade dos SIGs em produzir informações a partir de um banco de dados geográfico é de fundamental importância para aplicações em estudos socioeconômicos e nos casos das áreas de influências de determinadas doenças que podem ocorrer no meio urbano. Segundo PINA (2000) o uso de SIGs é uma das maneiras mais eficientes de se conhecer mais detalhadamente as condições de saúde da população, através de mapas que permitam observar a distribuição espacial. Como exemplo e marco histórico temos o estudo feito pelo Dr. John Snow em 1854 na cidade de Londres, onde ele espacializou os casos de cólera, usando o mapa da cidade, ele localizou os óbitos por cólera e os poços de água. Para compreender as desigualdades no acesso a saúde, é fundamental se considerar a heterogeneidade da população quanto a suas necessidades e a distribuição espacial desigual de bens e serviços, tendo na equidade o eixo para priorização das ações. O objetivo do trabalho é espacializar a abrangência das unidades de atendimento de saúde na região da zona Leste da capital Piauiense. A Constituição Federal assegura o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Segundo seu segundo capítulo, Seção II e Artigo 196°: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agraves e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 3° GeoAlagoas – Simpósio sobre as geotecnologias e geoinformação no Estado de Alagoas E cabe a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios aplicarem, anualmente, em ações e serviços de saúde recursos derivados dos impostos arrecadados. Compete ao Ministério da Saúde coordenar ações voltadas ao aprimoramento da atenção básica em todo o país. O objetivo é incentivar os gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS) a melhorar o padrão de qualidade da assistência oferecida aos usuários do SUS nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e por meio das equipes de Atenção Básica de Saúde. O novo modelo para a atenção básica no SUS é focado na melhoria da qualidade e do acesso aos serviços públicos de saúde. As UBSs tem o objetivo de atender até 80% dos problemas de saúde da população, sem que ocorra a necessidade de encaminha o paciente a um hospital. Essa estratégia é para descentralizar o atendimento, deixar a população mais próxima do serviço de saúde e desafogar os hospitais. Nelas, os pacientes realizam consultas médicas com clinico geral, fazer curativos, tratamento odontológico, tomam vacinas, e também são encaminhados para médicos especialistas dependendo da enfermidade que o paciente apresentar. A portaria n° 2.488, de 21 de Outubro de 2001 aprovou a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). A Estratégia Saúde da Família visa à reorganização da atenção básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades. Um ponto importante é o estabelecimento de uma equipe multiprofissional ( Equipe de Saúde da Família - eSF) composta de no mínimo: o Médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico de Família e Comunidade; o Enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; o Auxiliar ou técnico de enfermagem; o Cirurgião Dentista generalista ou especialista em Saúde da Família; o Auxiliar ou técnico em Saúde Bucal; o Agentes Comunitários de Saúde; Cada eSF é responsável por no máximo 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de equidade para essa definição. É considerado o grau de vulnerabilidade das famílias para determinar o número de pessoas por equipe, quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor a quantidade de pessoas por equipe. Por meio do SIG foi possível se ter uma analise geoespacial, que pode auxiliar na tomada de decisão e favorecer o planejamento para implantação de novas unidades de UBS, pois a analise mostrou as áreas onde a população está mais desassistida. 2. Metodologia A região Leste de criada através da Lei n° 2.960, de 26 de Dezembro de 2000, é composta por 29 bairros, possui uma área de 63,45 Km2 e uma população de 167.168 habitantes segundo o último CENSO do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A região é composta pelos bairros: Pedra Mole, Cidade Jardim, Tabajaras, Socopo, Zoobotânico, Morros, Vale do Gavião, Porto Centro, Verde Lar, Árvores Verdes, Satélite, Vale Quem Tem, Samapi, Novo Uruguai, Uruguai, Santa Lia, Campestre, Santa Isabel, 3° GeoAlagoas – Simpósio sobre as geotecnologias e geoinformação no Estado de Alagoas Recanto das Palmeiras, São João, Noivos, São Cristovão, Morada do Sol, Piçarreira, Horto, Planalto, Ininga, Fátima, (Imagem 01). Imagem 01: Localização da área de estudo. Fonte: Os Autores (2015). Para a realização do mesmo, foram utilizados os softwares ArcGis, Qgis e GPS de mapeamento. Com o GPS foram coletados todos os pontos identificados como Unidades Básicas de Saúde e seus respectivos atributos, e em laboratório esses dados foram descarregados e trabalhados para a confecção dos mapas de localização e espacialização. Os atributos usados para especificar a camada dos postos de saúde foram ID, nome, quantidade de equipe, quantidade de agentes de saúde, dentistas generalistas, imunização e farmácia. Foram mapeados 10 pontos de UBS e um ponto que corresponde a Regional responsável por todos os UBS da região Leste. Na tabela a seguir, podem-se conferir os endereços que serviram de base para localizar as unidades. Tabela 01: Endereços das Unidades de Saúde da Família Setor 01- Coordenadoria Regional de Saúde Leste/Sudeste 02- UBS Bom Samaritano (NOVAFAPI) 03- UBS Piçarreira 04- UBS Planalto Ininga 05- UBS Planalto Uruguai 06- UBS Satélite 07- UBS Vila Bandeirante Endereço Telefone Av. Presidente Kennedy, 570, São Cristovão Rua Vitorino Ortigett Fernandes, n°6123, Planalto Uruguai Av. João Antônio Leitão, n° 4661, Piçarreira Rua Esperantina, n° 2312, Planalto Ininga Rua 1, n° 6955, Planalto Uruguai 3215-7900 3215-7901 3215-9218 Rua Talma Iran Leal, n° 4064 e n° 4676 Rua Dom Bosco, n° 4141, Vila 3215-9220 3° GeoAlagoas – Simpósio sobre as geotecnologias e geoinformação no Estado de Alagoas 3215-9216 3215-9217 3215-9202 3215-9201 Bandeirante 08- UBS Santa Bárbara 09- UBS Taquari 10- UBS São João 11- UBS Damas Satélite 12- UBS Picarreira II Rua São Paulo, n° 7655, Bairro Santa Bárbara Quadra A, Casa 07, Conjunto Taquari 3234-2069 Rua Cel. Belisário da Cunha, n° 478, São João Rua Telegrafista Sebastião Portela, S/N, São João Rua Tio Bentes, S/N, Piçarreira II 3234-7843 3231-4879 3234-9207 3234-5362 Utilizou o SIG QuantuGis para importar os dados do GPS, o usado no estudo foi um de mapeamento, em seguida os dados foram exportados para o software ArcGis 10.1, onde foram realizada as analises e confeccionado os mapas. 3. Resultados e Discursão Foram coletadas algumas informações referentes aos atributos criados para especificar cada uma das Unidades de Saúde da Família. Na figura 01, observa-se que em todas as Unidades Básicas de Saúde existem os serviços de Farmácia, Imunização (vacinação), e atendimento odontológico. Além de equipes multidisciplinares formadas por médico generalista, enfermeiro, técnico em enfermagem, cirurgião dentista generalista, técnico em saúde bucal e agentes de saúde. Figura 01: Tabela de atributos. No mapa 02, é possível identificar a localização dos UBS e a coordenadoria regional na zona Leste de Teresina. Pode se observar uma concentração dessas unidades na região central da zona. Isso se deve a baixa renda nessas regiões e um vácuo habitacional na área norte dessa região. Observa-se que alguns bairros como o Vale Quem Tem e o São João possuem mais de uma UBS, enquanto outros bairros a população precisa se deslocar para bairros vizinhos para receberem atendimento médico. 3° GeoAlagoas – Simpósio sobre as geotecnologias e geoinformação no Estado de Alagoas Mapa 02: Espacialização das Unidades de Saúde da Família. Fonte: Os Autores (2015). Com mapa 03, confirma-se a má distribuição das Unidades Básicas de Saúde, para analisar a abrangência de atendimento de cada unidade foi utilizada a ferramenta de Buffer, do Software, com o raio de 700 m, essa distância foi definida considerando a área média dos bairros. Diante deste pode se observar vários pontos de intersecção entre a maioria das unidades, enquanto algumas áreas localizadas ao norte da região ficaram sem assistência. Mais um agravante é o fato de que duas unidades estão fechadas para reformas. A Unidade da Vila Bandeirante migrou seus pacientes para as Unidades Taquari e Satélite, e a Unidade da Ininga migrou seus pacientes para a Unidade do Satélite e para a Unidade Piçarreira, gerando uma superlotação nas unidades vizinhas. 3° GeoAlagoas – Simpósio sobre as geotecnologias e geoinformação no Estado de Alagoas Mapa 03: Área de Abrangência das Unidades de Saúde da Família. Fonte: Os Autores (2015). 4. Conclusão O uso do SIG possibilitou uma analise geoespacial, a informação gerada tornou-se um instrumento de auxílio á tomada de decisão e favorecerá no planejamento para implantação de novas unidades de UBS, pois a analise mostrou as áreas onde a população está mais desassistida. Com isso o SIG torna-se indispensável para modernização e monitoramento das UBS localizado na área de estudo, podendo ser usado por órgãos públicos e municipais para criar estratégias que suprirá as carências da população. Referências Bibliográficas Brasil. Ministério da Saúde, A Implantação da Unidade de Saúde da Família. Organização: Milton Menezes da Costa Neto. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2000. Brasil. Ministério da Saúde, Abordagens Espaciais na Saúde Pública. Simone M. Santos, Christovam Barcellos, Organizadores. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Pina, Maria de Fátima de e Santos, Simone M. Conceitos Básicos de Sistemas de Informação Geográfica e Cartografia Aplicada á Saúde. Brasília. OPAS, 2000. Fundação Municipal de Saúde de Teresina. Coordenadoria Regional Leste/Sudeste. Disponível em: < http://saude.teresina.pi.gov.br > (Acesso em 04 de Maio de 2015). Brasil. Ministério da Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil Disponível em: < http://www.planalto.gov.br > (Acesso em 05 de Maio de 2015). 3° GeoAlagoas – Simpósio sobre as geotecnologias e geoinformação no Estado de Alagoas