doenças exóticas e seus impactos: vírus

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PALESTRA
Doenças exóticas
e seus impactos: vírus.
DOENÇAS EXÓTICAS E SEUS IMPACTOS: VÍRUS
Lígia Maria Lembo Duarte
Centro de Sanidade Vegetal
Instituto Biológico
São Paulo - SP
E-mail: [email protected]
As doenças virais podem causar sérios prejuízos
às culturas, visto que uma vez instaladas são de difícil
controle. Até o presente, não se conhece nenhuma
substância que tenha uma ação efetiva contra a partícula viral. Desse modo, o controle se dá por meio de
medidas indiretas como erradicação de plantas
infectadas e do vetor, utilização de variedades resistentes, época adequada de plantio, cuidados nos
tratos culturais, entre outras. Portanto, a correta
identificação do patógeno se faz necessária e, sendo
assim, alguns vírus foram descritos no Brasil nos
últimos anos, pela primeira vez, especialmente em
ornamentais devido a constante introdução de novas
espécies e variedades.
Espécies do gênero Badnavirus (família
Caulimoviridae), que se caracteriza por apresentar
partículas baciliformes, com 130 nm de comprimento e DNA como ácido nucléico, já foram relatas
em culturas de importância econômica. Assim, o
"Sugarcane baciliform virus" (SBV) em cana-de-açúcar
quarentenada; "Banana streak virus" (BSV) em
bananeiras; "Yucca baciliform virus" (YBV) em
Yucca elephantipes importada e uma espécie ainda
não identificada em Bougainvillea spectabilis (primavera) foram descritos (VEGA & SORDI, 1999; BRIOSO
et al., 2000; RIVAS et al., 1994; C HAGAS et al., 2001).
Esses vírus podem causar perdas consideráveis
nessas culturas, principalmente nas que são
propagadas vegetativamente, facilitando assim a
disseminação.
Algumas espécies do gênero Tospovirus, vírus
envelopados de RNA com 80 a 120 nm de diâmetro, têm sido descritas e associadas a grandes
perdas econômicas em culturas de hortaliças
como alface, tomate e pimentão. Em ornamentais, foi relatada pela primeira vez por técnicos
do Instituto Biológico (IB) uma nova espécie desse
gênero denominada "Chrysanthemum stem
necrosis virus" – CSNV (DUARTE et al., 1994). Esse
vírus causou prejuízos a cultura de crisântemo,
por induzir necrose no caule e hastes florais e
consequentemente o tombamento da planta. Vale
aqui ressaltar que essa espécie já ocorre em outras
ornamentais e em tomateiros (A LEXANDRE et al.,
1999, C OLARICCIO et al., 2000).
A espécie de Tospovirus "Tomato chlorotic spot virus"
(TCSV) foi relata pela primeira vez em Dieffenbachia
sp. (Araceae) e em uma espécie importada da família
Rubiacae, Bouvardia sp. (SEABRA et al., 2000). É importante mencionar sobre a restrição da importação de
espécies dessa família, visando impedir a entrada de
novos patógenos que possam vir a causar prejuízos
em culturas importante economicamente como o café.
Além do TCSV, o "Groundnut ringspot virus" (GRSV)
foi relatado em Hipeastrum sp. – amarílis (DUARTE et
al., 2001). Essas espécies de Tospovirus são transmitidas com muita eficiência por tripes e, dependendo da
cultura e da intensidade da infecção, podem causar
sérias perdas econômicas.
Os gêneros de fitovírus que também merecem
destaque são os Cytorhabdovirus e Nucleorhabdovirus
(Rhabdoviridae), que se caracterizam por apresentar partículas baciliformes, de 100 a 430 nm
de comprimento e transmitidos por afídeos,
ácaros ou cigarrinhas. Recentemente, uma espécie
ainda não identificada de Rhabdoviridae foi
identificada em Kalanchoe blosssfeldiana importada, apresentando mosaico intenso nas folhas
(D UARTE et al., 2000).
Com a intensificação do cultivo de ornamentais e a introdução de novas espécies e variedades,
é de se esperar que muitos vírus nunca aqui relatados sejam detectados. Assim, além dos já mencionados, convém destacar a caracterização de uma
nova espécie de Tymovirus, tentativamente denominada "Petunia vein banding virus" (PetVBV)
também relatada por Técnicos do IB (ALEXANDRE et
al., 2000). Esse vírus causou danos em petúnia na
cidade de Gramado, RS, entretanto, espécies desse
gênero são, em geral, de ocorrência esporádica e
não causam grandes perdas nas culturas.
É muito importante ressaltar algumas doenças que
nunca foram relatadas, no Brasil, mas no entanto, causam sérios prejuízos nas culturas em outras partes do
mundo, destacando-se o "Impatiens necrotic spot virus"
(INSV – Topovirus) em muitas ornamentais e algumas
hortaliças; o "Coconut cadang-cadang viroid" (CCCvd)
em coqueiros; e o amarelo letal em palmeiras induzido
pelo Phytoplasma palmae. Esses últimos causam queda
prematura dos frutos e morte das plantas.
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