Motilidade do Intestino Delgado O intestino delgado é o maior

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Motilidade do Intestino Delgado
O intestino delgado é o maior segmento do sistema
gastrointestinal, compondo cêrca de 3/4 do seu comprimento total.
Com aproximadamente 5 metros, o quimo leva de 2 a 4 horas para
atravessá-lo. Os primeiros 25 cm formam o duodeno. O restante do
intestino delgado é dividido em jejuno (40% do comprimento total)
e íleo (quase 60% do comprimento).
O intestino delgado, principalmente o duodeno e jejuno, é o
principal sítio de digestão e absorçao.
O tipo mais frequente de movimento do intestino delgado é chamado
de segmentação e se caracteriza por contrações espaçadas da
musculatura circular. Na segmentação os sítios de contração da
musculatura circular se alternam, de modo que um segmento do intestino
contrai e então relaxa. A segmentação efetivamente mistura o quimo
com as secreções digestivas, além de aumentar o seu contacto com a
superfície da mucosa. Já a peristalse é a progressiva contração de
sucessivas secções da musculatura circular. Ondas peristálticas
curtas ocorrem no intestino delgado, porém envolvendo pequenas
distancias. Ondas peristálticas percorrendo grandes segmentos do
intestino delgado são raras.
Como em outras partes do trato digestivo, as ondas lentas do
músculo liso temporizam as contrações intestinais. O SNE pode
controlar os movimentos peristálticos e de segmentação mesmo na
ausência da inervação extrínseca. Contudo, os nervos extrínsecos
mediam certos reflexos longos e modulam a excitabilidade da
musculatura lisa do intestino delgado.
Atividade Elétrica Miogênica
Ao longo de todo o intestino delgado a musculatura lisa apresenta
REB, sendo a frequência mais alta no duodeno (11 a 13 por minuto).
A frequência decresce ao longo do intestino delgado, chegando a 8
ou 9 por minuto no íleo terminal. Como no estômago distal o REB pode
ou não provocar potenciais de ação, de tal forma que as ondas lentas
determinam apenas a máxima frequência possível das contrações. Como
o que pode produzir potenciais de ação é o REB, o aumento da força
contrátil dependerá da excitabilidade da musculatura lisa. Essa
excitabilidade é influenciada por hormônios circulantes, pelo sistema
nervoso autônomo e pelo SNE. A excitabilidade é aumentada pelo
parassimpático e inibida pelo simpático, via plexos locais. Apesar
do contrôle direto da motilidade intestinal residir nos plexos locais,
o parassimpático (via vago) e o simpático (plexos celíaco e mesentérico
superior) são imporantes moduladores da atividade contrátil, sendo
essenciais para certos reflexos longos intestinais.
As contrações do bulbo duodenal misturam o quimo com as secreções
pancreática e biliar, além de propelirem o quimo ao longo do duodeno.
As contrações duodenais seguem as contrações sistólicas antrais, o
que ajuda a prevenir relfuxo do duodeno para o estômago. Através da
musculatura longitudinal e dos neurônios mioentéricos, as ondas lentas
gástricas podem influenciar o músculo liso duodenal. Assim, a cada
cinco ondas lentas duodenais ocorre um aumento na amplitude por
influência da propagação da onda lenta gástrica.
O mais frequente tipo de movimento do intestino delgado é a
segmentação, que divide o conteúdo intestinal em segmentos ovais.
Quando os segmentos contraídos relaxam, os segmentos vizinhos
relaxados se contraem. A frequência da segmentação é semelhante a
frequência do REB do intestino delgado. A frequência mecânica da
segmentação não é tão constante quanto as ondas lentas, sendo que
um grupo de contrações sequenciais tendem a ser seguidas por um período
de repouso.
No jejuno a atividade contrátil usualmente, ocorre em sequências,
separadas por um intervalo onde as contrações são fracas ou ausentes.
Por durarem aproximadamente um minuto, esse padrão foi denominado
de "ritmo de minuto" do jejuno.
A segmentação causa um eficiente processo de "vai e volta" que
mistura o quimo com as secreções digestivas e circula o quimo através
da superfície do epitélio mucoso. Devido a relação de fase das ondas
lentas do intestino delgado, a contração de um segmento é seguida
pela contração do segmento vizinho mais distal. Tal sequência de
contrações propele o quimo no sentido próximo-distal. A diminuiçao
da frequência ao longo do intestino (11 a 12 no duodeno e 8 a 9 no
íleo) também contribui para essa propulsão. Desta forma, o movimento
de “vai e volta” é mais “vai” do que “volta”, uma vez que a frequência
da segmentação é maior na região proximal que na distal. Além da
freqência (rapidez das contrações) ser maior nas regiões proximais,
a segmentação também acontece mais vezes no intestino proximal em
relação ao distal. Assim, é a segmentação que lentamente propele o
bolo alimentar pelo intestino.
Peristalse de curta distância também ocorre no intestino delgado,
embora muito menos frequentemente que a segmentação. Uma onda
peristáltica raramente atravessa um segmento longo do intestino
delgado. Tipicamente a onda peristáltica acaba após percorrer cêrca
de 5 cm, raramente chegando a 10 cm. Essa baixa taxa de propulsão
do quimo no intestino delgado permite que haja tempo para digestão
e absorçao. É interessante que após as refeições, apesar do aumento
da motilidade intestinal, o deslocamento efetivo do quimo ao longo
do intestino delgado diminui. Esta resposta é dependente da inervação
extrínseca.
A motilidade é influenciada por hormônios. Por exemplo, a
gastrina e a colecistocinina estimulam enquanto a secretina, o
peptídeo inibidor gástrico e a somatostatina inibem. Além disso a
composiçao química e o volume do conteúdo intestinal interferem no
tempo do transito intestinal. Isto ocorre através das regulações
nervosa e hormonal. Como o conteúdo intestinal varia ao longo do orgão
devido a absorçao e as secreções, as interações com os mecano e
quimioreceptores também vai variar ao longo do intestino delgado.
Reflexos Intestinais
Quando um bolo de material está localizado no intestino delgado
pode ocorrer contração proximal ao bolo e relaxamento distal. Isto
pode propelir o bolo na direçao próximo-distal.
Distensão exagerada da musculatura lisa do intestino delgado
relaxa a musculatura do restante do intestino. Este reflexo requer
a inervação extrínseca intacta.
Ocorre também interação reflexa entre o estômago e o íleo
terminal. Distensão do íleo reduz a motilidade gástrica (reflexo
íleo-gástrico). Quando ocorre elevação das funções secretórias e
motoras do estômago a motilidade do íleo terminal aumenta, acelerando
o movimento do material através do esfíncter íleo-cecal. Este é o
reflexo gastroíleal. A gastrina circulante pode participar desta
resposta, uma vez que em concentrações fisiológicas aumenta a
motilidade ileal e relaxa o esfíncter íleo-cecal.
Motilidade Interdigestiva do Intestino Delgado
No período interdigestivo o intestino delgado está praticamente
vazio. O Complexo Motor Migratório segue ao longo do intestino delgado.
O CMM pode começar no estômago, porém muitas vezes começa mais
caudalmente, já no intestino delgado. O CMM se propaga lentamente
(5 a 10 cm por minuto) em direçao ao íleo, porém geralmente acaba
antes de chegar ao íleo terminal.
Intestino Grosso
O esfíncter íleocecal separa a parte final do íleo do ceco
(primeira parte do cólon). Normalmente o esfíncter íleocecal se
encontra contraído por mecanismos miogênios (REB). Peristalse no íleo
terminal causa relaxamento do esfíncter. Distensão do íleo também
leva a relaxamento reflexo do esfíncter, já distensão do ceco aumenta
seu tônus, impedindo refluxo ou esvaziamento exagerado do íleo no
ceco. O esfíncter íleo cecal regula a taxa do esvaziamento do íleo
no cóolon, permitindo que o cólon possa absorver a maior parte dos
sais e água do quimo.
A progressão do conteúdo colônico é lenta, entre 5 e 10 cm por
hora. De uma a três vezes por dia ocorre uma onda de contração chamada
de movimento de massa. Os movimentos de massa consistem na contração
do músculo liso circular ao longo de um segmento do intestino grosso
enquanto o segmento seguinte se relaxa. Estas contrações se propagam
caudalmente a uma velocidade de 1 cm por segundo e propulsionam o
conteúdo do intestino grosso por um segmento significativo do cólon.
A contrações do ceco e de partes proximais do intestino grosso
são segmentares na maioria, e são mais efetivas na mistura e circulação
do conteúdo do que na propulsão. Este tipo de motilidade facilita
a mistura do quimo e a absorçao de sais e água pelo epitélio colônico.
Contrações segmentares dividem o cólon em segmentos ovóides
chamados haustras. Por isso a segmentação no cólon é chamada
haustração. A principal diferença entre a haustração e a segmentação
do intestino delgado é a regularidade dos segmentos produzidos pela
haustração ao longo do segmento intestinal envolvido neste movimento.
O padrão da haustração varia numa sequência de contrações e
relaxamentos dos segmentos o que resulta num movimento para frente
e para traz, misturando o conteúdo luminal. Quando algumas haustras
são esvaziadas na direçao próximo-distal ocorre propulsão; isto é
chamado de propulsão segmentar.
No cólon proximal padrões antipropulsivos predominam. Peristalse
reversa e propulsão segmentar para o ceco pode ocorrer. Estes
movimentos retrógrados retem o quimo no cólon proximal e assim
facilitam a absorçao de sais e água do cólon proximal.
A velocidade de fluxo do quimo no cólon proximal é cêrca de 5
cm por hora, em indivíduos em jejum. A motilidade aumenta para 10
cm por hora após uma refeiçao.
Cêrca de 3 vezes por dia ocorre um movimento de massa que esvazia
o cólon proximal em direçao caudal. Um pouco antes do movimento de
massa ter lugar, as contrações haustrais relaxam. Então o anel de
contração da musculatura circular começa e se prolonga até que um
segmento inteiro esteja contraído. Depois a área de contração relaxa,
a haustra reaparece, e o padrão dominante de motilidade retorna.
Já a passagem do quimo do cólon ascendente para o transverso
é muito lenta, com exceçao dos movimentos de massa no cólon proximal
que rapidamente enche o cólon transverso.
No cólon transverso e descendente os movimentos não são
antipropulsivos. Há predomínio de haustração e peristalse curta. Estes
movimentos resultam na mistura do conteudo e o lento transporte das
fezes, que vão se tornando mais sólidas a medida que se deslocam pelo
cólon. Apenas durante os movimentos de massa há um deslocamento rápido
das fezes ao longo de segmentos consideráveis.
O cólon apresenta reflexos como o intestino delgado. Distensão
de uma parte produz relaxamento reflexo de outras partes. Este reflexo
é mediado pelo sistema nervoso simpático.
A motilidade do cólon proximal e distal, bem como a frequência
dos movimentos de massa, aumentam reflexamente após a chegada do
alimento no estômago. Este reflexo é denominado de relfexo
gastrocólico. O reflexo gastrocólico possui um rápido componente
neural, o qual é desencadeado pela o estiramento do estômago.
Provavelmente a eferência é levada pelo parassimpático para o cólon
poximal (via vago) e distal (via nervos pélvicos). O reflexo
gastrocólico pode também ter um componente hormonal, colecistocinina
e gastrina são possíveis candidatos a mediadores. Estes hormônios
atingem níveis sanguineos após refeições suficientemente altos para
estimular a motilidade colônica "in vitro".
O Reto e o Ânus
O reto normalmente está vazio ou quase vazio. O reto é mais ativo
em contrações segmentares que o cólon sigmóide. Assim o conteúdo retal
tende a se mover retrogradamente para o cólon sigmóide. O canal anal
é firmemente fechado por dois esfíncteres. anal interno e o anal
externo. Antes da defecação o reto é preenchido como resultado de
um movimento de massa no cólon sigmóide. O enchimento do reto provoca
o relaxamento reflexo do esfíncter anal interno, e a constricção
reflexa do anal externo, e causa também a necessidade de defecar.
A falta da funcionalidade dos nervos motores do esfíncter anal
externo leva a defecação involuntária quando o reto é preenchido
(distendido). As reações reflexas dos esfíncteres à distensão retal
é transiente. Se a defecação for adiada, os esfíncteres recuperam
o tônus normal e a necessidade de defecação é temporariamente suspensa.
A decisão de defecar, do ponto de vista fisiológico, significa
que se relaxam o esfíncter anal externo e o músculo puboretal e ao
mesmo tempo se contraem os fascículos laterais do músculo elevador
do ânus. Estes movimentos abaixam o períneo, aumentando o ângulo
anoretal. A evacuação é normalmente precedida por uma inspiração
profunda, com abaixamento do diafragma. Há, então o fechamento da
glote e a contração dos músculos respiratórios com os pulmões cheios
elevam a pressão intratorácica e intraabdominal. Contrações do
músculos da parede abdominal aumentam a pressão intraabdominal, e
ajuda a forçar as fezes pelos esfíncteres relaxados.
A defecação ocorre por ação reflexa integrada nos ramos espinhais
sacrais, porém com modulação de centros superiores. As vias eferentes
são parassimpáticas dos nervos pélvicos. O simpático não desempenha
papel significativo na defecação.
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