Cetuximabe no tratamento do câncer colorretal

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Boletim Informativo da Comissão Técnica da Unimed Cuiabá | Edição 28 | Fevereiro de 2011
Sinistralidade
crescente
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Cetuximabe no
tratamento do
câncer colorretal
Cola de fibrina
em cirurgias
oftalmológicas
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Foto de Luiz Fernando Vieira
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Sinistralidade crescente
Expedito Nóbrega de Medeiros
Um dado preocupante para as
Operadoras de Planos de Saúde (OPS)
são os custos cada vez maiores com os
procedimentos cirúrgicos. Que lógica
é esta, que fez com que os preços
de alguns procedimentos médicos
se elevassem tanto? O SUS - como
sempre - não tem caixa para pagar.
Os preços também são exorbitantes
para os pacientes particulares. Então,
os vendedores de materiais médicos
desenvolveram uma fórmula mágica
de desovar os seus produtos: enfiá-Ios
goela abaixo nos planos de saúde, sob o
pretexto “ético” de que o plano do cliente
e regulamentado, a justiça obriga a dar, e
o plano de saúde tem que pagar! Pouco
importa o preço, ou a saúde financeira da
OPS! Que leis são estas, onde a balança
da justiça só pende para um dos lados?
Este problema esta num crescendo
estratosférico, e não vai demorar muito
para que isto inviabilize todos os planos
de saúde do Brasil. As instituições e
autoridades federais têm obrigação de
colocar o dedo nesta ferida, que faz
sangrar as finanças das OPS, e irá leváIas à morte, se nada for feito para mudar
esta tendência nefasta. Há que se fazer
uma auditoria nestes preços de materiais
e medicamentos - que constam na
famosa Tabela do SIMPRO - e desmontar
estas verdadeiras quadrilhas, que agem
colocando nas notas fiscais os valores dos
seus produtos ao bel-prazer. Aos Comitês
de Especialidades cabe decidir se tal ou
qual material é realmente necessário, e a
Justiça, acatar tais decisões técnicas.
O Código de Ética Médica prevê que os
preços a serem cobrados não podem ser
vis nem extorsivos. Os preços de alguns
procedimentos já estão - nos dias de
hoje - mais do que extorsivos, estão
impraticáveis e escabrosos.
Que lógica é esta? Que alta tecnologia
é esta, que faz com que materiais
que cabem na palma da mão sejam
mais caros do que automóveis, ou até
mesmo de casas ou apartamentos? E
justo pagar patente para salvar vidas?
A lista de vilões passa por
medicamentos pseudo-milagrosos
de altíssimo custo, “descartáveis”
milionários, pinos, parafusos e
próteses que mais parecem que
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são feitas de ouro ou cravejadas de diamantes,
monitores talvez feitos apenas para Vips
famosos, e não para os simples mortais de
todas as nossas classes sociais, muitos deles
que recebem salários de fome, habitantes
de nosso país de terceiro mundo. O dinheiro
das OPS que antes serviam primordialmente
para remunerar os atos médicos, está sendo
desviado para estas verdadeiras “máfias” muito
bem orquestradas.
As OPS criaram as Câmaras Técnicas, os
serviços de auditorias e os protocolos, mas
tudo isto é insuficiente e impotente na luta
contra estas estruturas organizadas. A cada
dia surgem novas técnicas cirúrgicas que
incorporam materiais que fazem com que o
preço do procedimento cirúrgico se torne 10
ou até 100 vezes o preço dos honorários do
cirurgião. E o resultado, na grande maioria
deles, é o mesmo das técnicas tradicionais,
já consagradas pelo tempo. Não existe uma
relação custo/benefício clara, que justifique
o uso destes materiais ou medicamentos tão
caros.
Há cerca de 20 anos, o preço da mensalidade
de um plano de saúde girava em torno de
uma consulta médica. Hoje ela alcança o
valor de até quarenta vezes! E mesmo assim,
ela está insuficiente. Até onde isto vai parar?
Quem poderá pagar estas mensalidades,
que a cada dia se tornam mais pesadas
no orçamento familiar ou das empresas
contratadas?
Vamos ficar todos de braços cruzados,
assistindo a quebra das nossas Cooperativas
de Trabalho Medico e demais OPS, ou vamos
ajustar o sistema, corrigir os erros, apontar os
culpados, e expurgar alguns agentes nocivos,
que estão destruindo rapidamente o que levou
anos para ser construído?
Não! Vamos exigir uma ética real, pura e
cristalina e não a falsa ética escondida atrás
das meias verdades, trabalhos tendenciosos e
ganância pelo lucro fácil.
As autoridades da Justiça precisam ouvir as
pessoas certas!
Vamos fazer isto, colegas, dirigentes e
autoridades, pois só assim alcançaremos a tão
almejada remuneração digna pelos nossos
atos médicos, e que todos saiamos ganhando
e não apenas algumas poucas raposas
perniciosas. Esta é a verdade. Esta é a lógica.
Este é o momento.
Cetuximabe no tratamento do
câncer colorretal
Resumo
Introdução - A incidência de câncer
de cólon e de aproximadamente 15
casos em cada 100.000 habitantes. Os
principais fatores de risco são história
familiar, dieta com base em gorduras
animais, baixa ingestão de frutas, vegetais
e cereais, consumo excessivo de álcool e
tabagismo. A maioria dos pacientes com
câncer de reto ou cólon não metastático
tem na ressecção cirúrgica o tratamento
de escolha. Quando o Ca colorretal é
metastático e não ressecável, no entanto,
o tratamento quimioterápico tem objetivo
apenas paliativo. Com tratamento de
suporte a sobrevida média é de apenas seis
meses. Com os esquemas quimioterápicos
contendo 5-fluorouracil + leucovorin +
irinotecan/oxaliplatina a sobrevida média
aumentou para aproximadamente 20
meses, mas com aumento concomitante
de toxicidade. O cetuximabe está sendo
indicado como terapia de segunda ou
terceira linha para os casos de intolerância
ou refratariedade ao irinotecan/oxaliplatina
e também como terapia de primeira Iinha
associada aos esquemas FOLFOXIFOLFIRI.
Recomendação
• Liberar cetuximabe em terapia de primeira
Iinha associado com FOLFOXIFOLFIRI
desde que o paciente apresente:
• Tumor primário completamente
ressecado ou ressecável e
• Metástases hepáticas e/ou pulmonares
ressecáveis caso respondam ao
cetuximabe e
• Condições clínicas que possibilitem a
ressecção cirúrgica.
• Liberar cetuximab em terceira
linha, como monoterapia, em
pacientes refratários aos esquemas
quimioterápicos usuais.
Objetivos - O objetivo desta
revisão é avaliar a eficácia do
cetuximabe no tratamento do
câncer cólon e reto metastático em
qualquer Iinha.
Resultados - Foram encontradas
três avaliações de tecnologias
em saude; um estudo de custoefetividade; cinco metanálises,
sendo três pertinentes a questão
clínica e vinte e três ensaios clínicos
randomizados, sendo 15 pertinentes
à questão clínica.
Cetuximabe é usado em primeira linha
para tratamento de câncer colorretal
metastático em associação com
FOLFOXIFOLFIRI aumenta a taxa de
resposta dos tumores e pode levar a
maior chance de ressecabilidade. Seu
uso nestes casos, no entanto, deve ser
restrito a pacientes que apresentem
boas condições clínicas para serem
submetidos a cirurgia e cujos tumores
e metástases sejam passíveis de
ressecção completa.
A associação de cetuximabe com
outros quimioterápicos em segunda
ou terceira Iinha não apresenta
benefícios consistentes em sobrevida
total, mesmo em pacientes com K-ras
selvagem.
O uso de cetuximabe em monoterapia,
comparado com tratamento de
suporte, leva a aumento de sobrevida
total. O maior benefício na sobrevida
em pacientes portadores de K-ras
selvagem ainda precisa de estudos
comparativos de boa qualidade
metodológica.
O uso de cetuximabe em câncer
colorretal metastático não se mostra
custo-efetivo nem mesmo em paises
desenvolvidos.
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Cola de fibrina em cirurgias
oftalmológicas
Introdução - O selante de fibrina é composto por concentrado de
fibrinogênio e fator XIII, combinado com uma solução de trombina e
cálcio, as quais misturadas formam um coágulo, simulando o estágio
final da cascata de coagulação. Na oftalmologia as colas de fibrina
têm sido usadas como substitutas para as suturas, principalmente
em cirurgias de pterígio, visando diminuir o tempo cirúrgico e
tentando evitar as complicações associadas com suturas como
irritação conjuntival e risco de infecção.
Objetivos - Avaliar se o uso de selante de fibrina apresenta benefícios clínicos
em comparação com a sutura com vicryl em cirurgias oftalmológicas e se seu
emprego é segura para o paciente.
Métodos - Revisão da literatura nas bases de dados Tripdatabase,
Sumsearch, Biblioteca do Cochrane, centros de avaliação de
tecnologias em saúde (NICE, CADTH, IECS, MSAC, PORTAL
EVIDÊNCIAS-BVS, CRD, INAHTA) e MEDLINE.
Recomendação - Embora não existam evidências de boa qualidade
demonstrando vantagens do uso de cola de fibrina em relação a sutura com
vicryl em cirurgias oftalmológicas, a redução do tempo cirúrgico, a maior
facilidade para o cirurgião, o aparente conforto no pós-operatório para o
paciente, associados a um custo não abusivo fazem com que o emprego da cola
de fibrina possa estar indicado em cirurgias de pterígio.
Na última edição, informações incorretas foram publicadas
no Expediente. Desde já, pedimos desculpas pelos eventuais
transtornos causados.
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