Ler ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ CONCEITOS A EXPLORAR L íngua portuguesa Língua e linguagens: a. diferenças entre língua natural, língua materna e outros sistemas notacionais; b. linguagem e conteúdos: processos de nomeação; o papel da metáfora e da metonímia na nomeação; c. a leitura do mundo e de outras linguagens e a leitura textual: o que é um bom leitor; como se processa a leitura; d. as diferenças entre conotação e denotação: o mito da objetividade na história da linguagem. Codificação e ideologia. Filosofia Científico e não-científico: demarcação do território do que vem a ser ciência, a partir da definição de linguagens e códigos. Ligações entre Filosofia, Filosofia da Ciência e epistemologia científica. Os limites do fazer científico a partir de uma possível definição de sua identidade. Articulação da Filosofia com a Filosofia da Linguagem e com uma contextualização histórica. História Ciência como construto historicamente datado. História e ciência. História e linguagem. Cinema e vídeo como fontes historiográficas. COMPETÊNCIAS A DESENVOL VER DESENVOLVER L íngua portuguesa Confrontar opiniões e pontos de vista a respeito das diferentes linguagens e de suas manifestações específicas. Articular as redes de diferenças e semelhanças entre as linguagens e seus códigos. Entender os princípios das tecnologias da comunicação e da informação e associá-las aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte e aos problemas que se propõem a solucionar. Entender a natureza das tecnologias da informação como integração de diferentes meios de comunicação, linguagens e códigos, bem como sua função integradora na relação com as demais tecnologias. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes manifestações da linguagem verbal. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Filosofia Elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo. Debater, tomando uma posição, defendendo-a argumentativamente e mudando de posição diante de argumentos mais consistentes. Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos e modos discursivos nas Ciências Naturais e Humanas, nas Artes e em outras produções culturais. História Criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção. Produzir textos analíticos e interpretativos sobre os processos históricos, a partir das categorias e dos procedimentos próprios do discurso historiográfico. Relativizar as diversas concepções de tempo e as diversas formas de periodização do tempo cronológico, reconhecendo-as como construções culturais e históricas. Estabelecer relações entre continuidade/permanência e ruptura/ transformação nos processos históricos. Situar as diversas produções da cultura – as linguagens, as artes, a filosofia, a religião, as ciências, as tecnologias e outras manifestações sociais – no contexto histórico de sua constituição e sua significação. INTERF ACE COM OUTRAS DISCIPLINAS INTERFACE B iologia Física Q u í mi c a M atemática A nomenclatura e as classificações da Química e da Biologia (Lavoisier e Lineu). Formulação das leis de Newton, Galileu e outros. Sistemas escalares de mapas e coordenadas sobre o globo. Linguagem da Matemática (Geometria, Álgebra etc.). Descoberta de Leibniz (linguagem binária). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Língua Portuguesa O vídeo é muito bom, mas extremamente complexo. Trata-se de uma entrevista com o filósofo Michel Serres, entremeada de episódios importantes da História da Ciência. O receptor precisa ter um conhecimento razoável para assimilar o grande volume de informações e estabelecer sua coerência com o pensamento de Michel Serres, refletindo a respeito. Para que os alunos tenham um bom aproveitamento, é recomendável dividir o vídeo em segmentos e explorar uma parte de cada vez. Entre outros trechos, pode-se destacar por exemplo: • a viagem ao golfo de Amundsen; • a fala de Michel Serres a respeito do conceito de ‘língua científica’; • A exposição de Michel Serres a respeito da Filosofia No início, o vídeo aparentemente não trata do saber filosófico, nem de sua articulação a outras áreas do conhecimento. Constitui um bom exemplo de como se pode reunir áreas aparentemente díspares do conhecimento para construir um recorte no qual a Filosofia se torna imprescindível. Amundsen, o famoso explorador do Ártico, inaugurou uma passagem pelo noroeste das regiões geladas do norte. Ao realizar sua façanha de explorador, estabeleceu um novo caminho e uma chave de compreensão que lhe abriria uma porta para seu objetivo. A metáfora do complexo e nada linear caminho do explorador é utilizada para mostrar que o conhecimento exige chaves que nos permitem abrir novas portas. As ciências naturais e suas tecnologias são apresentadas, de maneira belíssima e metafórica, como as chaves decifradoras que nos permitem entender como é o nosso entorno, ou como podemos construílo a partir da utilização de uma chave ou um código. Leve os estudantes a identificar a Filosofia como outra chave, que nos permite conhecer como a raça humana concebe, e como pensa, a respeito da natureza e do próprio ser humano, nas diferentes etapas de seu desenvolvimento cognitivo. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Ler SUGESTÕES PARA EXPLORAR O VÍDEO Claudemir Belintane linguagem da Geometria. Partindo dos exemplos do vídeo, promova uma ampla discussão a respeito das capacidades de codificar e de se expressar típicas do ser humano. Estabeleça comparações entre linguagens mais subjetivas e outras mais objetivas. Promova um debate a respeito do sistema fonológico, comparando-o à tabela periódica, por exemplo, e ressaltando a diferença de cada ‘chave’: a chave do sistema fonológico é o sistema diferencial baseado nos pontos de articulação. Outra ‘chave’ da língua são os eixos de seleção e combinação como modelos para entender o processo lógico de encadeamento de fonemas, morfemas, palavras, frases e períodos. Walmir Thomazi Cardoso O autor apresenta o código como um segredo a ser desvendado e que estabelece parâmetros para uma linguagem. Essa linguagem é, segundo o autor, aquilo que diferencia a ciência das lendas da ciência. Assim, em sua leitura do fazer científico, depois de estabelecido o código, o objeto e o próprio método das ciências naturais aparecem. A partir dele, outros olhares que fazem parte de períodos anteriores não podem ser reconhecidos e, assim, deixam de ser ciência. Michel Serres recheia a explicação de seu ponto de vista com exemplos pitorescos das ciências e da filosofia. A Platão, no Timeu, ele atribui a construção de uma linguagem de formas. O cosmo de Platão é esférico e a estrutura da matéria pode ser reduzida a triângulos que, associados nos cinco sólidos regulares da geometria euclidiana, conferem qualidades ao mundo sensível. A classificação de Lineu para as espécies vivas é outro exemplo apresentado, no qual a linguagem se torna o filtro daquilo que vem a ser científico ou não-científico. A primeira coisa a fazer com o vídeo é assisti-lo atentamente. Ele é muito bem feito e permite o tempo da contemplação, coisa que dificilmente podemos encontrar em vídeos científicos, ou mesmo na○ queles ○ ○ ○ ○voltados ○ ○ ○ ○ ○para ○ ○ a ○ ○difusão ○ ○ ○ ○do ○ ○conhecimento. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Atividades • Sugira aos alunos que façam um texto para resumir o conteúdo do vídeo, levantando as palavras que conhecem e desconhecem e identificando o que poderia servir como ponto de partida para uma discussão filosófica. • Proponha que os estudantes leiam alguns fragmentos do Timeu, de Platão, e identifiquem o que foi ressaltado no vídeo: o estabelecimento de uma linguagem geométrica para a compreensão da natureza. O livro O universo de Platão (G. Vlastos), que comenta o Timeu, pode ajudar a selecionar os trechos mais adequados. • Discuta com seus alunos os critérios de demarcação do que vem a ser ‘científico’. Lendo trechos selecionados de Estrutura das revoluções científicas, de Thomas Kuhn, os estudantes podem preparar em grupo um debate para mostrar até que ponto a proposta desse pensador se enquadra naquela História O documentário é incomum em sua temática, seu ritmo e sua sintaxe. Imagens de uma expedição marítima de caráter científico são sucedidas por uma exposição de Michel Serres, nome de relevo em Filosofia e em História da Ciência. O filósofo explora as cenas apresentadas como uma fábula, extraindo significados inusitados que servirão para encaminhar sua reflexão a respeito da relação entre linguagem e ciência ao longo da história. Serres, ex-marinheiro, controla bem a arte milenar de contar histórias. A exposição é entremeada de imagens com narração em off. Uma e outra seqüência – de imagens e de narração – não estão ali para se confirmar. Embora atendam à mesma referência, apresentada pelo vídeo, levantando questões como: – Outros olhares acerca da natureza são menos científicos por deixarem de se enquadrar num código lingüístico específico? – Algo que não é identificado como ciência nos tempos atuais pode deixar de ser reconhecido como ciência para ocupar o papel de uma ‘lenda da ciência’? – Se isso não ocorre, até que ponto podemos usar outros parâmetros para demarcar o que vem a ser científico? • Procure trabalhar com professores especialistas em outras áreas, principalmente os das áreas de linguagem. Os estudantes devem verificar se o critério de demarcação para essas áreas do conhecimento está baseado na linguagem. Se não, em quais critérios repousam as áreas de conhecimento estudadas formalmente no ensino médio? Silvio Barini Pinto não redundam. São independentes e têm vida semântica própria. Ambas poéticas. O mesmo acontece com a música, os silêncios e a escuridão momentâneos. Excelente oportunidade para discutir com os alunos os potenciais tangenciamentos entre arte e ciência. Toda essa combinação resulta em um material que não se limita a informar, suscitando a reflexão permanente a respeito do que está sendo apresentado. O telespectador desavisado, habituado ao bombardeio acelerado de informações tratadas superficialmente, pode estranhar. Estranhamento a ser capitalizado para a discussão da linguagem televisiva e de seus efeitos na percepção do homem contemporâneo. Atividades O vídeo oferece material privilegiado para a reflexão pedagógica a respeito de todas as áreas do conhecimento. Cria-se assim uma oportunidade para que os professores explicitem a visão de ciência que vei- culam em seus cursos e reflitam sobre isso, bem como sobre o papel da linguagem na história da cultura. Feita coletivamente, essa reflexão pode resultar na elaboração de trabalhos interdisciplinares. C onsulte também ○ ○ ○ ○ ○ ○ BURTT, Edwin A. As bases metafísicas da ciência moderna. Brasília, UnB, 1983. CHALMERS, Alan. A fabricação da ciência. São Paulo, Unesp, 1994. ———. O que é a ciência afinal? São Paulo, Brasiliense, 1997. DAVIES, Paul. A mente de Deus. São Paulo, Ediouro, 1994. FOUREZ, Gérard. A construção das ciências. São Paulo, Unesp, 1995. KRISTEVA, J. História da linguagem. Lisboa, Edições 70, s/d. KUHN, T.S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo, Perspectiva, 1978. ———. A tensão essencial. Lisboa, Edições 70, 1989. LEVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ era da informática. Rio de Janeiro, Editora 34, 1993. MOLES, Abraham. As ciências do impreciso. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1995. RONAM, Colin A. História ilustrada da ciência. 4 Vol. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1987. ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas. São Paulo, Cia. das Letras, 1989. ———. Hermes – uma Filosofia das Ciências. Rio de Janeiro, Graal, 1990. ———. A ciência e a filosofia dos modernos. São Paulo, Unesp, 1992. SERRES, Michel. A comunicação. Porto, Rés, s/d. ———. Notícias do mundo. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1998. ———. Luzes. São Paulo, Edimarcos, 1999. TATON, R. História geral das ciências. São Paulo, Difusão Européia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ do Livro, 1959. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○