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Revista Ceciliana Jun 6(1): 1-5, 2014
ISSN 2175-7224 - © 2009/2014 - Universidade Santa Cecília
Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana
RECUPERAÇÃO DE MANGUEZAIS BRASILEIROS
BIANCA SERRA CASASCO, CARLOS LOPES DOS SANTOS, ELIANE MARTA
QUIÑONES.
Pós-Graduanda em Controle e Gestão Ambiental - UNISANTA.
Coordenador de Pós-Graduação na área de Meio Ambiente - UNISANTA.
Professora de Pós-Graduação na área de Meio Ambiente - UNISANTA.
RESUMO
O manguezal é um ecossistema de extrema importância ecológica, social e econômica. O Brasil possui uma das
maiores extensões de manguezais do mundo, os quais existem desde a foz do rio Oiapoque (Estado do Amapá) até o
Município de Laguna (Estado de Santa Catarina). Embora toda legislação brasileira existente, os manguezais vêm
sofrendo grande degradação, devido a impactos como o desmatamento e a contaminação por produtos químicos.
Diversos trabalhos evidenciam a degradação dos manguezais brasileiros e a preocupação com o reflorestamento do
mesmo. Estudos de recuperação de manguezais degradados mostram que o replantio de espécies como Rhizophora
mangle e Laguncularia racemosa é viável e importante para manutenção do ecossistema. O presente trabalho analisou
estudos de recuperação de manguezais brasileiros e mostra as principais características de cada trabalho e passos
importantes para o sucesso do replantio.
Palavras-chave: Manguezais, reflorestamento; áreas degradadas.
1. INTRODUÇÃO
O manguezal é um dos mais produtivos ecossistemas existentes sobre a Terra, graças à fertilidade do
solo (sempre renovada pelos novos materiais trazidos
pelo rio), à umidade permanente e às altas temperaturas características das costas tropicais (Hypolito et al.,
2005). Este ecossistema é caracterizado por uma
variedade de espécies vegetais arbóreas e arbustivas,
além de micro e macroalgas, adaptadas as condições
limitantes de salinidade e de substrato inconsolidado e
pouco oxigenado, frequentemente submerso pelas
marés. A fauna característica é composta por espécies
também adaptadas a estas condições ambientais
(Schaeffer-Novelli, 1995).
O manguezal é responsável por diversas funções e serviços importantes, como: Fonte de matéria
orgânica particulada e dissolvida para as águas costeiras adjacentes, constituindo a base da cadeia trófica
com espécies de importância econômica e/ou ecológica; Área de abrigo, reprodução, desenvolvimento e
alimentação de espécies marinhas, estuarinas, límnicas e terrestres, além de pousio de aves migratórias;
Proteção da linha de costa contra erosão, assoreamento dos corpos d`água adjacentes, prevenção de inundações e proteção contra tempestades; Manutenção da
biodiversidade da região costeira; Absorção e imobili-
zação de produtos químicos (por exemplo, metais),
filtro de poluentes e sedimentos, além de tratamento
de efluentes em seus diferentes níveis; Fonte de recreação e lazer, associada a seu apelo paisagístico e
alto valor cênico; Fonte de proteína e produtos diversos, associados a subsistência de comunidades tradicionais que vivem em áreas vizinhas aos manguezais
(Coelho Junior & Novelli, 2000).
O manguezal também pode funcionar como um
grande depósito de sequestro de carbono da atmosfera, contribuindo para mitigar o efeito estufa no planeta. As espécies de manguezal maximizam o potencial
para aquisição de carbono nas folhas e galhos, crescendo em altura e minimizando o desenvolvimento das
raízes, quando a disponibilidade de luz e nutrientes em
seu habitat é abundante (Cogliatti & Fonseca, 2004).
O Brasil possui uma das maiores extensões de
manguezais do mundo. Os manguezais existem desde
a foz do rio Oiapoque, no Estado do Amapá (4°30` latitude Norte) até o Estado de Santa Catarina, tendo
como limite sul o Município de Laguna (28°30` - latitude Sul). Dos 7.408 Km de extensão da costa brasileira, 6.786 Km são formados por manguezais
(Schaeffer-Novelli et al., 2001; 2002). A maior concentração de manguezais se dá no litoral dos Estados
do Amapá, Pará e Maranhão, mas também há ocorrên-
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cias importantes nos estuários do Nordeste, especialmente na Bahia e no Ceará (Diegues, 2001).
Ao longo da costa brasileira, os manguezais
apresentam-se com características estruturais bastante distintas. Para auxiliar a interpretação das florestas
de mangue brasileiras, Schaeffer-Novelli e colaboradores (1990) dividiram o litoral do país em oito unidades
fisiográficas, levando-se em consideração relevo, tipo
de solo, cobertura vegetal, temperatura média anual,
evapotranspiração potencial e amplitude de marés. De
acordo com essa divisão, cada unidade apresentaria
um desenvolvimento estrutural similar por estar submetida às mesmas condições ambientais regionais.
Apesar de toda importância desse ecossistema
para o equilíbrio ecológico e consequentemente para o
homem, ele continua sofrendo destruição total ou
parcial por meio de processos urbano-industriais de
ocupação do litoral, com a exploração predatória de
sua fauna e flora, poluição de suas águas, além de sua
transformação em aterros e depósitos de lixo (Lira et
al., 1992; Cunha, 2000; Oliveira, 2004).
A União Internacional para Conservação da Natureza (UICN, 2002) relata que os manguezais encontram-se ameaçados devido ao grave processo de degradação e extermínio. Ao nível mundial, nos últimos
50 anos, estima-se que já tenham desaparecido 50%
e que grande parte dos manguezais restantes
(181.000 km2) encontra-se em risco devido principalmente às atividades empresariais de grande escala.
A legislação ambiental brasileira relativa aos
manguezais está consubstanciada em dezenas de
instrumentos legais, nos níveis federais, estaduais e
municipais, que vão desde a própria Constituição,
nossa Lei Maior, até posturas municipais. Porém, apesar de toda legislação existente, os manguezais brasileiros vêm sendo degradados. No passado, a extensão
dos manguezais era muito mais ampla; atualmente
diminuiu sensivelmente, graças à ocupação antrópica,
com construções de portos, moradias, balneários e
rodovias costeiras, que avançou sobre áreas de manguezal através da instalação de aterros e outras obras
de terraplenagem (Hypolito et al., 2004).
Em diversas partes do mundo ocorrem, paralelamente ao processo de degradação, iniciativas de
restaurar os manguezais afetados e até mesmo de
propiciar a criação de novas áreas. No Brasil, os primeiro trabalhos sobre recuperação de manguezais
ocorreram nos Estados da Bahia, Rio de Janeiro e São
Paulo. Além de trabalhos técnicos, existiram iniciativas
ligadas à educação ambiental e conservação de manguezais, que procuraram por meio da participação
popular, principalmente com crianças, plantar espécies
de mangue, contribuindo assim para a recuperação e
conservação deste ecossistema (Menezes et al., 2005).
Diante da importância do manguezal e de sua
degradação, o presente trabalho teve como objetivo
analisar estudos de recuperação de manguezais brasileiros, elucidando a viabilidade e necessidade desses
projetos para conservação do ecossistema e de sua
biodiversidade.
2. METODOLOGIA
O presente trabalho baseou-se em estudos de
recuperação de manguezais brasileiros, a fim de diagnosticar as principais estratégicas para recuperação
desse ecossistema.
→ Menezes e colaboradores (2005) realizaram
replantio de manguezal, sendo a área escolhida para
os trabalhos o Município de Cubatão (Baixada Santista) por ser, provavelmente, o mais alterado entre
todos os estuários brasileiros. Dentre as áreas da
Baixada Santista, a de Cubatão é a mais degradada,
onde apenas 17% dos 29 Km2 de manguezais originais
encontram-se em estado saudável (Silva et al., 1991).
Local escolhido
Foi selecionado um lugar na cidade de Cubatão,
Baixada Santista, desprovido de vegetação arbórea,
com base em vistorias realizadas na região e na interpretação de fotos aéreas.
Foram delimitadas 3 parcelas com reduzida regeneração natural de espécies de mangue e sedimento
exposto nas marés mais baixas. As parcelas 1 e 2
localizam-se em área fortemente degradada e a parcela 3, localiza-se no interior de uma ampla clareira, em
bosque com predomínio de R. mangle. Para caracterização das áreas estudadas foram coletadas amostras
de sedimento para análise granulométrica nas parcelas
1, 2 e 3.
Replantio
Optou-se por realizar experimento piloto com
propágulos e plântulas de Rhizophora mangle. As
plântulas utilizadas apresentavam entre 0,3 e 0,5 m
de altura, sem presença de ramificações ou rizóforos,
possuindo um par de folhas, no mínimo.
Para cada sítio experimental (parcelas 1, 2 e 3)
utilizou-se um total de 100 plântulas (50 com e 50
sem fixadores artificiais) e 50 propágulos, totalizando
3 tratamentos com universo amostral de 150 indivíduos.
O plantio foi realizado diretamente no sedimento, sem acréscimo de quaisquer corretivos ao substrato. Por motivos técnicos, plantaram-se novamente 100
plântulas (50 com e 50 sem estacas) ao lado da parcela 3, um ano após o início do experimento. O experimento foi implantado no mês de maio de 1993 e monitorado até fevereiro de 1996.
Visando ampliar a área dos experimentos de recuperação e promover a participação popular em ações
de recuperação, foram selecionadas quatro áreas de
manguezal degradado. Optou-se por utilizar propágulos de R. mangle. Através da participação popular
foram coletados cerca de 5.800 propágulos de R.
mangle, em aproximadamente duas semanas.
Sobrevivência dos indivíduos
Os valores encontrados para as taxas de sobrevivência das plântulas e propágulos nas parcelas 1 e 2
foram superiores a 70% no decorrer do experimento,
o que é considerado um valor alto pela literatura. No
entanto, os valores obtidos na parcela 3 foram muito
baixos, estando entre 5 e 60% para as plântulas e
propágulos após um ano de experimento; 2 e 20%
após dois anos e 2% para ambos no final do monitoramento. O transplante das plântulas foi realizado
novamente em uma parcela denominada 3B, no segundo ano do experimento, sendo que as taxas de
sobrevivência encontradas foram igualmente muito
baixas.
Os resultados obtidos com o plantio de propágulos pela comunidade não foram satisfatórios porque
apresentaram baixíssima taxa de sobrevivência após
três meses. No entanto, a experiência foi válida, pois
motivou a participação da comunidade, iniciando a sua
conscientização ambiental sobre a preservação dos
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manguezais e serviu de ponto de partida para realização de novos trabalhos na região.
Altura das plântulas e produção de folhas
Em relação à altura das plântulas observou-se
uma similaridade nas três áreas de estudo e também
as plântulas-controle. Nas parcelas 3 e 3B, a altura
obtida foi o resultado da média de muitos poucos indivíduos e, portanto, não pode ser considerada um valor
representativo.
A produção de folhas foi bastante alta e próxima a 150 por indivíduo ao final de três anos nas plântulas das parcelas 1 e 2; próxima a 100 nas plântulascontrole e bastante baixa nos sobreviventes das parcelas 3 e 3B. Esses dados mostram que as plântulas das
parcelas 1 e 2 se desenvolveram mais, provavelmente
por estarem em uma área aberta e receberem maior
quantidade de sol.
Em relação aos propágulos, os valores da taxa
de sobrevivência, produção de folhas e altura média,
mostraram-se similares às plântulas transplantadas.
Características das parcelas estudadas
Os autores notaram que, através do resultado
da análise granulométrica do sedimento superficial, a
concentração da fração areia foi bem diferente nas
parcelas 1 (82,1%), 2 (54,2%) e 3 (14,2%).
Ao longo do experimento (32 meses), os parâmetros monitorados foram ligeiramente superiores na
parcela 2 em comparação à parcela 1, sendo que no
final do monitoramento a taxa de sobrevivência das
plântulas transplantadas e dos propágulos plantados
foi, respectivamente, 7 e 16% superior na parcela 2.
As diferenças nos resultados indicam que o sedimento
mais argiloso da parcela 2 pode ser mais adequado
para o desenvolvimento e sobrevivência de R. mangle
do que o sedimento mais arenoso da parcela 1.
Presença de Estacas
Analisando a influência da presença de estacas
notou-se que as taxas de sobrevivência das plântulas,
com e sem estaca, nas parcelas 1, 2 e 3 estiveram
bastante próximas, o que permitiu inferir que a presença ou não de estacas nessa área não influiu na
fixação e desenvolvimento das plântulas de R. mangle.
→ Tognella-de-Rosa e colaboradores (2002,
2004) realizaram replantio e avaliação da vegetação
do ecossistema manguezal do Saco da Fazenda (SC).
A metodologia aplicada ao replantio do manguezal foi
definida nas seguintes etapas: levantamento e delimitação da área de manguezal, replantio experimental,
replantio e replantio maciço de manguezal. Subsequente ao replantio, levantamentos de campo foram
realizados para monitorar a vegetação e estimar quais
fatores ambientais estariam influenciando na recuperação do manguezal.
Local escolhido
O local escolhido foi um meandro abandonado
na foz do Rio Itajaí Açu, que sofre grande assoreamento em virtude da circulação local e aporte de matéria proveniente do Ribeirão Schneider, cuja foz desemboca no interior do Saco da Fazenda, juntamente
com várias fontes de efluentes de diversas origens. Em
virtude do assoreamento do Saco da Fazenda, está
sendo realizada a dragagem do material depositado no
interior do ambiente. Esse material dragado de origem
granulométrica mais grosseira foi depositado em dois
locais situados na margem do Saco da Fazenda. Um
deles localiza-se próximo a área da Marejada (bota-
fora 01) e o outro (bota-fora 02) foi depositado nas
proximidades do Saco da Fazenda com a Praia da
Atalaia.
Foram realizadas diversas amostragens para
estimar a densidade e diversidade de espécies que
caracterizam o manguezal do Saco da Fazenda. A
seleção da área de replantio baseou-se na análise de
condições similares de fluxo d`água e período de
inundação pela maré, evitando maior tensão sobre a
vegetação, além daquela causada pelo replantio.
Replantio
Foi escolhida a espécie Laguncularia racemosa
para recuperação dos manguezais e manutenção da
flora do Saco da Fazenda. A técnica empregada foi o
transporte das plantas. Para isso, foi realizada uma
escavação ao redor do sistema de raízes e a árvore era
imediatamente transportada para outro local. Nessa
área foi aberta uma cova e a árvore replantada.
Em dezembro de 2000 foi realizado o replantio
maciço de manguezal e monitoramento do mesmo. De
março a dezembro de 2001 foram realizadas saídas
semanalmente para observação visual do manguezal
replantado e semanalmente para monitoramento de
indivíduos marcados. Foi observado o diâmetro e altura de cada indivíduo marcado, bem como o estado
geral do caule, folhas e raízes.
Neste período foram etiquetados 350 indivíduos.
Sobrevivência dos indivíduos
A avaliação da localização de cada indivíduo foi
importante porque se pôde constatar que os indivíduos
em áreas com maior influência de maré apresentam
uma taxa de mortalidade mais alta.
No intervalo de estatura entre 2,00 e 2,99 metros só sobreviveram os indivíduos com um número de
folhas superior a 50, sendo que a maioria deles localizava-se na área de pequena influência de maré e ondas. Em relação aos indivíduos vivos, aqueles que
apresentaram estatura superior a 2,00 metros encontravam-se nas porções mais internas do bosque transplantado.
As alturas máximas observadas raramente ultrapassam 3,5 m e os maiores diâmetros encontramse na faixa de 4,0 a 4,5 cm. O maior índice de mortos
ocorreu no intervalo de altura superior a 1,0 m e com
diâmetros entre 1,0 e 2,0 cm. Indivíduos com altura
superior a 3,0 m apresentaram 100% de mortalidade.
Indivíduos, com maior altura, que permaneceram
vivos encontravam-se nas porções mais internas do
bosque transplantado, pois nessa área é menor o
estresse mecânico provocado pela inundação de maré.
Os autores sugerem que em processos de replantio seja realizada uma proteção dos indivíduos
contra o choque mecânico provocado por marés e
ondas, sendo que quando os indivíduos apresentavam
altura mais elevada esse estresse foi mais acentuado.
Durante a retirada das plantas deve haver o
maior cuidado possível com o sistema de raízes e as
plantas devem ser imediatamente replantadas para
não ressecar as raízes. É muito importante manter
condições abióticas do local anterior e alterar o mínimo
possível o substrato para replantio. Não se recomenda
o replantio de indivíduos maiores que 2,00 metros de
altura.
→ Bonilla e colaboradores (2010) realizaram
um trabalho de recuperação de manguezais degradados dentro da Reserva Ecológica Particular de Sapiranga, na cidade de Fortaleza, com espécies nativas do
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estuário, através de diversas práticas e técnicas de
recomposição vegetal.
Local escolhido
O local onde foi desenvolvido este trabalho está
inserido na Reserva Ecológica Particular de Sapiranga,
com aproximadamente 60 hectares entre mangues e
dunas. É uma das poucas unidades de conservação
ambiental com manguezais, em zona urbana do país,
bastante ameaçados pela ação antrópica.
Replantio
Na reserva foram escolhidas áreas para o replantio onde se observou um tipo de regeneração
natural. Foram instituídas 3 parcelas levando-se em
consideração o calendário das marés, aproveitando a
época das marés altas, quando a mesma invade e
fertiliza o estuário. Momento ideal para iniciar o plantio
das mudas nas áreas pré-selecionadas.
Parte das mudas e sementes foi retirada de locais onde sua ocorrência é maior e preparadas em
viveiros. Fez-se uma triagem para selecionar as mesmas por espécie, tamanho e vigor. Implantou-se também um viveiro para produção de mudas por sementes.
A permanência das mudas em viveiro foi de
três meses, tempo suficiente para que elas tivessem
tamanho e condições adequadas para o transplante ao
campo.
A sucessão das espécies no mangue se dá desde a margem para o interior da seguinte maneira:
Rhizophora mangle como primeira espécie, Laguncularia racemosa e Avicennia germinans ocupando espaços
posteriores a primeira e Conocarpus erectus por último. Foi de acordo com esta sequência que as mudas
foram plantadas.
Sobrevivência dos indivíduos
No estudo, a espécie Laguncularia racemosa
domina os estágios iniciais de sobrevivência, cedendo
aos poucos espaço para Avicennia germinans. O índice
de sobrevivência das espécies de mangue variou de 50
a 65% para Laguncularia racemosa. Avicennia germinans mostrou um índice de pega também superior a
50%. Para Conocarpus erectus o índice ficou abaixo de
40%. Rhizophora mangle apresentou poucos indivíduos sobreviventes (25%), do mesmo modo, poucas
espécies maduras dessas árvores são observadas no
estuário.
A maior taxa de crescimento coincide com o início da época chuvosa, que é quando o local fica encharcado e há uma maior sedimentação no solo, acumulando muita matéria orgânica. Em termos de crescimento em altura por espécie, Laguncularia racemosa
mostrou o melhor desenvolvimento, entre 28 e 36 cm,
na parcela 1, enquanto que o menor crescimento foi
observado em Conocarpus erectus.
As mudas com torrão de solo em volta das raízes propiciaram melhores resultados na operação de
repicagem e um melhor coeficiente de pega.
Aspecto de uma das áreas plantadas (Parcela 2) com a presença de uma das mudas de Laguncularia racemosa plantadas na estação chuvosa. Retirado de Bonilla e colaboradores (2010).
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da preocupação com a degradação dos
manguezais, uma vez que esse ecossistema é de extrema importância, como citado no início desse trabalho, os estudos que visam sua recuperação são importantes e mostram que é possível promover o reestabelecimento desse ecossistema.
Para que seja possível a obtenção de uma alta
taxa de sobrevivência dos indivíduos replantados são
necessárias algumas medidas importantes, como detalhamento do local no qual irá ocorrer o replantio, análise granulométrica do solo, avaliação da influência das
marés, incidência de luz solar, tamanho dos indivíduos
replantados, cuidado com o sistema de raízes entre
outras.
Os estudos mostram que quanto maior a influência das marés sobre os indivíduos transplantados,
maior a mortalidade dos mesmos, os quais já sofreram
com o estresse do replantio. Também é necessário que
os indivíduos sejam replantados em ambientes com
boa incidência de raios solares para que possam se
desenvolver melhor.
No que diz respeito à análise granulométrica do
solo, o trabalho de Menezes e colaboradores (2005)
mostra que, em Cubatão, a taxa de sobrevivência dos
indivíduos transplantados de R. mangle foi mais alta
na parcela 2, a qual possui um sedimento mais argiloso.
Tognella-de-Rosa e colaboradores (2002; 2004)
mostraram que a altura dos indivíduos pode ser determinante no sucesso do replantio de Laguncularia
racemosa. Indivíduos grandes (maiores que 2 metros)
apresentaram baixa taxa de sobrevivência em comparação com indivíduos menores. Os indivíduos maiores
que sobreviveram estavam localizados em locais com
baixa influencia das marés.
Embora ainda não tenha sido elaborada uma
técnica específica de replantio de manguezais, evidenciando as condições ideais para o sucesso do mesmo,
os trabalhos de recuperação evidenciam diversos aspectos importantes para obtenção de altos valores de
sobrevivência dos indivíduos replantados e colaboram
com a manutenção desse ecossistema e com sua biodiversidade.
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