CIRURGIA CARDÍACA MINIMAMENTE INVASIVA: RELATO DE CASO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PERIOPERATÓRIO Liane Lopes de Souza1; Flávia da Costa Rodrigues Lima¹; Catiuscia Rebecca Santos de Lira¹; Thaisa Remígio Figueiredo¹; Simone Maria Muniz da Silva Bezerra2. Nos últimos anos, novas técnicas e tecnologias vêm sendo aplicadas com o objetivo de tornar os procedimentos cirúrgicos cada vez mais seguros e menos invasivos. Um novo capítulo começa a ser escrito com a introdução da cirurgia cardíaca minimamente invasiva videoassistida, uma abordagem que vem refletindo em menor trauma operatório, recuperação pós-operatória mais rápida, menor dor, retorno precoce ao trabalho e redução de custos, sem comprometer o resultado cirúrgico¹. A invasividade da cirurgia cardíaca diz respeito não apenas ao tamanho da incisão, mas também ao uso da Circulação Extracorpórea (CEC) e manejo do paciente². Dessa forma, o conceito de minimamente invasiva não deve ser empregado de forma exclusiva pela equipe de cirurgia cardíaca, mas por toda a equipe multiprofissional³. Diante desse contexto, os profissionais de saúde, em especial a enfermagem, que é responsável pela maior parte das atividades assistenciais aos pacientes cirúrgicos, necessitam aprimorar seus conhecimentos e propor alternativas de cuidar direcionadas para o paciente submetido a cirurgia minimamente invasiva, contribuindo para a o sucesso da técnica utilizada, que visa a menor agressão global ao pacientes, com consequente recuperação rápida, tornando-se membro fundamental da equipe na proposta minimamente invasiva. OBJETIVOS: Relatar o caso clínico de um paciente submetidos a cirurgia de troca de valva mitral minimamente invasiva videoassistida; Discutir a assistência de enfermagem direcionado a esse caso. METODOS: Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, do tipo estudo de caso. O cenário de desenvolvimento da pesquisa foi o Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco-PROCAPE, localizado na cidade de Recife/PE. Este estudo foi composto por duas etapas: pesquisa em prontuário clínico e levantamento de literatura científica acerca da temática. RESULTADOS: M. B. S. de 47 anos, sexo masculino, pernambucano, foi admitido no PROCAPE com queixas de dispneia aos moderados esforços com evolução para os pequenos esforços e episódios isolados de palpitação. Negava hábitos e antecedentes mórbidos pessoais e familiares para doenças cardiovasculares. Ao exame físico notou-se importante sopro sistólico em foco mitral (++++/6), tendo diagnóstico médico inicial de Insuficiência Mitral. Foi solicitado eco transesofágico (ETE), em que se evidenciou valva mitral com aspecto sugestivo de degeneração mixomatosa, ruptura de cordoalhas e de folheto com refluxo importante, aumento importante de átrio esquerdo e aumento moderado de ventrículo esquerdo, sendo estas duas últimas alterações também identificadas no eletrocardiograma (ECG) e na radiografia de tórax. Exames laboratoriais sem alterações. Foi prescrito Digoxina 0,25g/dia, espirolactona 50mg/dia, enalapril 10g/dia e indicado troca de valva mitral minimamente invasiva videoassistida. No momento da admissão no centro cirúrgico o paciente mostrava-se orientado quanto ao procedimento cirúrgico. A cirurgia foi realizada através de uma incisão de quatro centímetros subareolar a direita com acesso transpeitoral no 4º espaço interesternal (EIE), com instalação de CEC por via femoral. Ao final da cirurgia foi realizado ETE para avaliar bioprótese, que se encontrava 1 Enfermeira. Residente de Enfermagem Cardiológica no Pronto Socorro Cardiológico Universitário do Pernambuco (PROCAPE/UPE) 2 Enfermeira doutora em ciências (Fisiologia Geral) pela Universidade de São Paulo. Professora da Universidade de Pernambuco e da Universidade Federal de Pernambuco. 02959 funcionante. A cirurgia durou cerca de 5 horas e 3 horas de CEC. O paciente saiu do Bloco Operatório extubado e sem uso de drogas inotrópicas. Na fase pós-operatório imediata o paciente apresentou queixas de dor torácica ao manter-se sentado. Encontrava-se com estado neurológico preservado, hemodinamicamente estável, hipocorado, em uso de Venturi 50%, Bulhas Normofonéticas em dois tempos sem sopro. Foi iniciado o tratamento profilático de infecção com antibioticoterapia. Mantinha acesso venoso central e dreno de tórax. Os sinais vitais se apresentavam estáveis: Temperatura axilar 36.0ºC; Frequêcia Respiratória 20ipm; Frequência Cardíaca 96bpm; Pressão Arterial 100x70 mmHg; Pressão arterial média (PAM) 84 mmHg; SPO2 97%. No Primeiro dia pós-operatório (DPO) foi identificado redução dos murmúrios vesiculares em hemitórax direito referente a um pequeno hemotórax a direita. Iniciado dieta por via oral, retirado dreno de tórax e Circuito de PAM. O paciente permaneceu na UTI por tempo inferior a 48 horas, sendo transferido para a enfermaria onde permaneceu por 3 dias, apresentando evolução clínica sem intercorrências. No 5º DPO teve alta hospitalar com agendamento de retornos para o ambulatório do hospital. DISCUSSÃO: A assistência de enfermagem no período perioperatório abrange as três fases da experiência cirúrgica: pré- operatória, trans-operatória e pós-operatória. Cada uma dessas fases compreende uma série de ações que o enfermeiro deve desempenhar com o objetivo de assegurar uma assistência de enfermagem adequada visando a prevenção de complicações e a segurança do paciente cirúrgico. Dessa forma, o plano de cuidado deve ser sistemático e documentando, garantindo a segurança e intervenções imediatas para se prevenir as complicações e revertê-las quando ocorrem. Com base nas alterações fisiológicas, sinais e sintomas, foi possível a delimitação e definição dos diagnósticos e intervenções de enfermagem cabíveis ao estado do cliente nas três fases perioperatórias. A fase pré-operatória corresponde ao início do planejamento dos cuidados de enfermagem, sendo importante o enfermeiro direcionar a assistência para os diagnóstios de enfermagem: Intolerância a Atividade; Risco para infecção; ansiedade; Conhecimento deficiente. No intra-operatório, a atuação do enfermeiro é fundamental para diminuir e evitar prejuízos ao pacientes, devendo este direcionar as intervenções para os diagnósticos de enfermagem: risco para infecção relacionado aos procedimentos invasivos; Risco para desequilíbrio no volume de líquidos; Risco para temperatura corporal alterada; Risco para lesão perioperatória de posicionamento. O pós-operatório imediato ocorre na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), devendo essa ser preparada para admitir o paciente, com leito de pós-operatório montado, individualizado, com recursos, materiais e equipamentos necessários para assistir o paciente com qualidade. O enfermeiro da UTI admite o paciente, planeja e executa as intervenções, juntamente aos técnicos de enfermagem, principalmente direcionados aos diagnósticos de enfermagem: Risco para infecção, Mobilidade física prejudicada, Integridade da pele prejudicada, Risco para troca de gases prejudicada, Dor aguda, Risco para constipação; déficit de autocuidado para banho/higiene. CONCLUSÕES: Neste estudo foi possível identificar a assistência de enfermagem como uma estratégia integral e individualizada fundamental nos períodos pré-operatório, intra-operatório e pós-operatório, contribuindo para a menor agressão global ao paciente, principal meta da proposta minimamente invasiva. REFERÊNCIAS: 1. Poffo, R. et. al. Cirurgia cardíaca videoassistida: resultados de um projeto pioneiro no Brasil. Rev. Bras. Cir. Cardiovasc. 2009; 24(3): 318-326. 2 Poffo R . Cirurgia cardíaca minimamente invasiva. Einstein: Educ Contin Saúde. 2009;7(4 Pt 2): 206-10. 3 Stefanini E, Timerman A, Carlos V, Serrano J. Tratado de Cardiologia SOCESP, (vol. 01 e vol. 02). Manole, 2008. DESCRITORES: Assistência Perioperatória; Assistência de Enfermagem 02960 ÁREA TEMÁTICA: Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem 02961