DA IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO CONTEXTO ECONÔMICO NACIONAL O segmento da construção como um todo é significativo na economia do país, e preponderante na de Belo Horizonte, seus efeitos são bem mais significativos do que aqueles exercidos pelas atividades de construção isoladamente. O setor consome produtos industrializados tais como matérias-primas e equipamentos, além de serviços essenciais em sua cadeia produtiva. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção encomendou à Fundação Getúlio Vargas um Estudo sobre o Macrossetor da Construção. O referido documento técnico contém dados cientificamente comprovados que nos permitem constatar a importância da Construção Civil na economia do País. Reproduziremos aqui, alguns destes dados que julgamos de fundamental importância para iluminar a ENCADEAMENTO PARA TRÁS ESTRUTURA DO MACROSSETOR ENCADEAMENTO PARA FRENTE ESTRUTURA DO MACROSSETOR - 1998 O TOTAL DOS EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS É DA ORDEM DE 15,55% DO PIB* SOMANDO-SE TAMBÉM OS EFEITOS INDUZIDOS É DE 19,26% DO PIB* DA CONSTRUÇÃO 19986,21% 14,04% DO PIB* 1999** 13,12% DO PIB* 2000** 12,50% DO PIB* PARA FRENTE OFERTA PARA A DEMANDA FINAL CERCA 20,34% DE R$140,87 BILHÕES; CONTRIBUI COM 82,5% DOS INVESTIMENTOS GEROU RIQUEZA EM 1998 NO VALOR DE R$128,3 BILHÕES A ESTIMATIVA PARA 1999 E 2000 É DE R$126,1 E R$136,2 BILHÕES INDÚSTRIA ASSOCIADA Fonte: FGV. À CONSTRUÇÃO PARTICIPA COM 20,34% NO MACROSSETOR DA CONSTRUÇÃO E COM 2,86% NO PIB* 73,45%CONSTRUÇÃO CIVIL SERVIÇOS Indústria Associada à Construção ASSOCIADOS PARTICIPA COM 73,45% NO À CONSTRUÇÃO Construção Civil MACROSSETOR DA CONSTRUÇÃO Serviços Associados à Construção E 10,31% NO PIB* GEROU RIQUEZA EM 1998 NO VALOR DE R$82,384 BILHÕES PARTICIPA COM 6,21% NO MACROSSETOR DA CONSTRUÇÃO E COM 0,87% NO PIB* A ESTIMATIVA PARA 1999 E 2000 É DE R$81,335 E R$83,076 BILHÕES Fonte: Matriz Insumo-Produto do Macrossetor da Construção - FGV - 1998 (*) Supondo-se a mesma participação calculada para o VABpb. (**) Dados preliminares. questão tratada neste documento. O chamado Macrossetor da Construção engloba a construção em si, as atividades industriais que fornecem matérias-primas e equipamentos para o seu processo construtivo e os serviços que apoiam sua cadeia produtiva. É responsável diretamente por cerca de 14,04% do PIB nacional, Movimentou em 2000 cerca de R$136 bilhões. Somando-se os efeitos diretos e indiretos esta participação sobe para 15,55%. E se, incluirmos neste compto os efeitos induzidos a participação do Macrossetor é da ordem de 19,26%. A indústria da construção civil, sozinha é responsável por cerca de 10% do PIB brasileiro, tendo movimentando em 2000 R$ 83 bilhões. A construção civil brasileira é responsável por 27% do PIB industrial do país. O PIB da construção mineira, por sua vez, participa com 13% do PIB da construção nacional e 13,6% no PIB do Estado. PARTICIPAÇÃO DO SETOR NO PIB 11 Participação do Setor de Construção Civil no PIB (%) 10 9 8 7 6 5 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Fonte: IBGE A construção civil emprega em todo o país, cerca de 3,707 milhões de cidadãos, que em grande parte possuem pequena qualificação profissional. O Macrossetor da Construção gera 9,1 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos em toda economia nacional. De cada 100 empregos diretos gerados na construção, 21 outros empregos indiretos e 47 novos empregos induzidos são criados na economia. Em Minas Gerias a construção emprega aproximadamente 586 mil trabalhadores, sendo 140 mil na RMBH. Em 1997 a industria da construção civil foi responsável por 81,80 do PIB industrial do município de Belo Horizonte, confrome dados estatatísticos da Fundação João Pinheiro. O coeficiente de emprego direto do Macrossetor da Construção é 0,0285, o que implica 28,5 novos empregos diretos para cada um milhão de reais investidos em produção do setor. A indústria da construção é importante fonte geradora de impostos. Nos últimos 10 anos, o setor foi o responsável por cerca de 9% do volume total de tributos arrecadados sobre a produção no país. Os impostos gerados pelos produtos consumidos pelo Macrossetor da Construção são responsáveis por cerca de 26% do total dos impostos sobre o consumo intermediário da economia. A importância da construção civil também pode ser mensurada por meio do Déficit Habitacional. A construção de moradias, é de fundamental importância para redução do déficit habitacional brasileiro que, em 1996, era de 5,4 milhões de unidades. A cada ano que passa registra-se um incremento neste déficit, já que a produção não acompanha o aumento da demanda que é da ordem de 1,38 milhões de novos domicílios anuais. Dados do IBGE e PNAD, comprovam que em Minas Gerais este déficit era, em 1995, de 382.584 moradias e em Belo Horizonte, 75.572. DO AMBIENTE ESTÁVEL NECESSÁRIO AO FLORESCIMENTO DA INDUSTRIA DA CONSTDRUÇÃO CIVIL Os bens imóveis têm características que os distinguem dos demais bens na economia. O Custo da habitação exclui muitas famílias de baixa renda, ao acesso a casa própria . Entretanto, a habitação nunca deixará de ser uma necessidade básica do ser humano A oferta habitacional é regulada pela decisão dos investidores na produção de novas unidades. As decisões de investimento são tomadas em função de diversas variáveis, dentre elas o valor de venda das unidades produzidas. No setor imobiliário, temos as construtoras, as incorporadoras e as instituições de crédito imobiliário. A coexistência destas diferentes especializações empresariais dá-se em um ambiente legal e institucional que deve garantir os direitos das parte envolvidas. O investidor busca o lucro, a taxa de juros, os custos de construção frente aos valores de venda das unidades produzidas e o estoque de imóveis não vendidos orientam as decisões dos investidores de investir no aumento da oferta de habitações, ou não. Os valores dos imóveis são determinados por variáveis de diversas naturezas, dentre elas destacamos: Ambiente Legal e burocrático: O arcabouço legal que regula a propriedade, assim como aquele que regula o uso da edificação ou do terreno e o cumprimento dos contratos para a compra/venda, bem como a segurança da qualidade do bem em questão, são essenciais para definir o valor do imóvel. Um ambiente jurídico instável ou não confiável deprime a rentabilidade do imóvel, reduzindo o interesse por sua construção. Ambiente Financeiro: O crédito é importantíssimo para a formação do preço da habitação, devido ao alto valor unitário do bem. A existência de um sistema de financiamento que permita a aquisição da habitação em um prazo mais longo de pagamento, comprometendo parte da renda futura do adquirente com a amortização do empréstimo, é indispensável ao desenvolvimento desse mercado. Ambiente Fundiário: O uso do solo e as condições da construção também são variáveis determinantes na formação do preço da habitação. Há uma relação direta entre as restrições do uso do solo e os valores de mercado dos imóveis residenciais e comerciais. Legislações de uso e ocupação do solo excessivamente restritivas encarecem a produção de unidades legalizadas estimulando a ocupação desordenada e ilegal. Ambiente Geográfico: O valor das unidades habitacionais é influenciado pela presença de serviços de infra-estrutura básica, pela situação de proximidade a serviços de transporte confiáveis, a áreas de lazer, cultura e entretenimento, aumentando o bem-estar relacionado ao imóvel. Esta relação é fundamental, fazendo com que a localização seja fator de valorização ou desvalorização do Bem. Restrições nas regiões de melhor infra-estrutura básica, deslocam o eixo de desenvolvimento da cidade para regiões onde há necessidade de maiores investimentos em infra-estrutura. Ambiente Econômico: A liquidez de um bem imóvel também influencia o seu valor. Se o bem imóvel tem boa liquidez, este bem então tem um valor intrínseco adicional na formação do seu preço. Bens imóveis com maior liquidez valem mais por constituir reserva de valor. Ambiente Político: Políticas fiscal e monetárias adequadas propiciam o desenvolvimento do sistema de financiamento. A forma de como o Governo conduz a aquisição do bem imóvel , seu financiamento, investimentos em infraestrutura e legislação tributária também são importantes variáveis na formação do valor das unidades autônomas residenciais e comerciais. O mercado imobiliário caracteriza-se por decisões de ciclo longo, apresenta oscilações que lhe são características, não seguindo uma trajetória linear em virtude de sua sensibilidade às flutuações econômicas. A ótica de longo prazo, portanto, orienta as decisões do capitalista em investir em construção. O financiamento do fluxo de caixa do empresário da construção, para a cobertura de seus custos, é feito, como no restante da economia, com recursos próprios ou através do crédito. A segunda forma de financiamento é mais recorrente que a primeira. A elevação dos custos de construção, principalmente dos terrenos, face á alterações nas legislação de uso e ocupação do solo, portarias e novas regulações por parte do poder público municipal a todo o instante, bem como os riscos associados à aprovação e execução do projeto inibem a produção de novas unidades. Se o preço de venda do imóvel não cobre o custo de produção, consequentemente, reduzindo ou eliminando a margem do setor, a oferta se reduz. As oscilações do preço dos materiais de construção se devem às condições mais ou menos competitivas dos mercados, Já os preços das frações ideais, que também influenciam significativamente o valor de venda do imóvel, se alteram sensivelmente diante de alterações restritivas na capacidade de produção dos terrenos. O intervencionismo governamental alterando as lucs a todo o instante têm acentuado as distorções na formação do valor dos imóveis por incorporarem riscos adicionais aos que seriam decorrentes da própria atividade de construção e comercialização imobiliária. É fundamental para, diminuir riscos e eliminar incertezas, a estabilidade no âmbito da política urbana do município.