budismo - a religião de buda: o iluminado

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BUDISMO - A RELIGIÃO DE BUDA: O ILUMINADO1
(por Instituto Cristão de Pesquisas)
“Ali [em Jesus] estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo” (Jo 1.9)
O budismo é uma das mais antigas religiões não-cristãs, e, séculos após séculos, continua fazendo
discípulos muito além das terras orientais. A origem do budismo está no hinduísmo, religião na qual
Buda é considerado a nona encarnação ou avatar de Vishnu.
Trata-se do sistema ético, religioso e filosófico criado na região da Índia pelo príncipe hindu Sidarta
Gautama, o Buda, que viveu entre 563 e 483 a.C., aproximadamente. Buda, que é um título e não um
nome próprio, significa “aquele que sabe” ou “aquele que despertou”, e deriva-se de Bodhati, que quer
dizer “ele desperta-se” ou “compreende”. Tal título é aplicado a alguém que atingiu um nível superior
de entendimento e a plenitude da condição humana.
Quem foi Sidarta Gautama?
Sidarta nasceu em uma família nobre do Nepal e, desde a natividade, recebeu o título de príncipe. Foi
criado em confinamento no palácio até os 29 anos, idade em que, ao desabrochar para o mundo e
conhecer suas fragilidades, ficou extremamente chocado ao descobrir as doenças, a velhice e a morte. A
partir daí, esmerou-se por obter respostas que pudessem explicar as causas do sofrimento humano.
Uniu-se a um grupo de ascetas, indivíduos que praticavam o exercício prático que levava à efetiva
realização da virtude e à plenitude da vida moral e, então, iniciou um período monástico de seis anos,
no qual apenas jejuou e meditou. Esta autoflagelação, entretanto, não proporcionou a Sidarta a
elucidação de seus questionamentos, frustração que o levou a separar-se do grupo originário. Nesse
período, segundo ele, estava sentado, sozinho, sob uma figueira, quando teve a revelação das “quatro
verdades nobres” do budismo, cujo conteúdo sintetiza sua doutrina.
Segundo consta, Sidarta morreu aos oitenta anos de idade, aproximadamente. E, de acordo com a
tradição, o Buda teria sido cremado e suas cinzas distribuídas pelo território, para que fossem guardadas
como relíquias sagradas. É a partir daí que a veneração budista tem o seu início.
O canôn budista
O Tripitaka é a principal obra canônica budista, conhecida como coleção budista e traduzida no sânscrito
para “coleção tripla” ou “três cestos”. Esta obra encerra os escritos budistas mais antigos e consta da
organização de 31 livros em três volumes, ou cestos. O primeiro é o cesto da disciplina (vinaia pitaca),
que versa sobre normas que devem ser observadas pelos monges e monjas. O segundo é o cesto de
discursos (suta pitaca), cujo conteúdo constitui-se dos sermões e parábolas de Sidarta e seus discípulos.
E, finalmente, o terceiro, o cesto da última doutrina (abidama pitaca), que são comentários baseados
nas doutrinas budistas em geral.
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Pontos doutrinários básicos do budismo
Buda ensina que a verdade foi descoberta por ele e não inventada. Assim, qualquer pessoa poderá,
também, descobri-la seguindo seus ensinamentos. Segundo os budistas, crer em Buda não significa crer
em sua imagem e muito menos adorá-la, mas, sim, crer e adorar a “verdade” que ele descobriu e que
constitui a Lei da Natureza. A fé, na concepção budista, é uma predisposição interior que propicia ao
homem abrir o coração para a chamada “tríplice pedra preciosa”: o Buda; o Dharma (a lei do budista) e
o Sangha (sua comunidade). Esta fé, entretanto, permite ao budista acumular a prática de antigas
religiões nas quais desenvolveu crenças, podendo, inclusive, definir, dentre quantas desejar, a divindade
a qual deverá devotar sua adoração.
A concepção de Buda a respeito de Deus era semelhante à do ateísmo, divergindo apenas quanto à
existência de Deus. Ou seja, para Sidarta tal existência era inútil, porque ele achava que a confiança em
divindades ou em demônios não ajuda nem atrapalha. O homem deveria sempre depositar sua
confiança em si mesmo e vencer o sofrimento, essência da vida humana. Sidarta enfatizava que o
sofrimento procedia do desejo e que, para se atingir a salvação, seria necessário eliminá-lo. Quando se
consegue isso, entra-se em um estado de “bem-aventurança”, que seria o nirvana. Quando se alcança o
nirvana, a alma humana torna-se uma com o Absoluto, isto é, a realidade última. Os ensinos (Dharma)
de Sidarta encontram-se resumidos nas “quatro verdades nobres”. São elas:
A realidade do sofrimento. Todo sofrimento
humano é resultado do carma passado. As ações de
uma pessoa determinarão o ciclo de reencarnações
pela qual ela terá de passar até chegar ao nirvana.
A causa do sofrimento. A causa do sofrimento é o
desejo: gratificação, o desejo da existência e
também o desejo da não-existência.
O fim do sofrimento. O sofrimento pode e deve ser
totalmente eliminado. O objetivo central do
budismo é dar ao homem a eterna libertação do
sofrimento por meio da libertação de todo o desejo,
o que equivale a ser liberto do ciclo interminável de
reencarnações e entrar no bem-aventurado estado
do nirvana.
O caminho para a eliminação do sofrimento. Trata-se de oito passos básicos destinados a
suprimir o desejo e, desta maneira, abrir o caminho para a iluminação, conhecido como “os oito
caminhos nobres”. Os caminhos estão divididos em três categorias. Vejamos. Moralidade:
palavras, ações e vida corretas. Concentração: sabedoria, esforço e pensamento corretos. Visão
(ou compreensão) correta e aspirações corretas.
Estas doutrinas têm sido compreendidas e proclamadas principalmente por três grandes escolas de
filosofia budista, a Hinayana, a Mahayana e a Vajrayana.
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O pequeno veículo
O Hinayana é a forma mais remota dessa religião.
Forma que também é conhecida como Theravada, cujo
significado é “pequeno veículo”, uma expressão que
explica o fato de só os monges terem acesso a esta
corrente, possuindo maior expressividade nos países do
sul da Ásia, como Sri Lanka, Mianmar, Camboja, Laos e
Tailândia. Seus seguidores acreditam que a única forma
de se alcançar o nirvana (estado de ausência total de
sofrimento) é detendo a paz e a plenitude que a pessoa
obtém por meio de uma evasão de si mesma na expansão da sabedoria, além de resignar-se a um estilo
de vida dentro de uma ordem monástica.
A sociedade dos monges está dividida em duas partes, cada qual para o respectivo sexo. Seus
componentes seguem uma rotina bastante sistemática: levantam-se cedo, buscam a esmola antes do
meio-dia e, num ato contínuo, realizam a única refeição diária. À tarde, entregam-se à meditação e ao
repouso até a hora estabelecida para a leitura das escrituras, durante a reunião pública. A noite é
reservada para o banho purificador, seguido por um longo período de diálogo que se desenrola entre
grupos de dois ou mais irmãos da casta monástica. Além do costumeiro jejum praticado entre os
monges e monjas, há uma reunião para a celebração do uposatha (observância), ritual que se constitui
em um retiro de rigorosos jejuns realizado a cada quarto de Lua.
O grande veículo
Trata-se do budismo Mahayana. Esta vertente do budismo
surgiu no século 2 a.C. e, no sânscrito, é traduzida por
“grande veículo”, por permitir que um grande número de
pessoas alcance a salvação. O Mahayana define que (ainda
que a aspiração final do ser humano seja o nirvana) o
sábio (conhecido como bodhisattva ou futuro Buda) tem o
poder e o dever de adiar sua morte e libertação do sâmsara para dedicar-se a ensinar aos seus
semelhantes os meios para se chegar ao nirvana, e isso por meio de atitude prioritária de compaixão
para com os demais seres humanos.
Duas correntes budistas se projetam com destaque dentro desta filosofia bastante conhecida no
Ocidente: o budismo tibetano e o zen-budismo.
O budismo tibetano despontou no final do século 8, depois da fusão das tradições que derivavam do
budismo e do hinduísmo, quando passou a ser reconhecido como a primitiva religião do Tibete. É nesta
ramificação budista que se encontra o representante de uma famosa ordem monástica, o chefe
espiritual dalai-lama, considerado um bodhisattva.
Já o zen-budismo nasceu no século 6, na China, onde foi introduzido pelo mestre indiano Bodhidarma.
Difundiu-se, principalmente, no Japão, a partir do final século 12, e passou a influenciar a cultura e as
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artes marciais e, acima de tudo, o modo de pensar do povo japonês. Está
alicerçado no exercício da meditação e na prática da postura e da respiração
como meios de se atingir os ápices desejados e confere muito mais ênfase a esta
nuança da seita do que aos exercícios teóricos e aos estudos das escrituras. Os
praticantes desta modalidade do budismo acreditam que o corpo é dotado de
sabedoria própria e que tal sabedoria deve ser empregada para fins de
ordenamento da vida cotidiana.
O zen-budismo tem como base os chamados sutras que, na literatura da Índia, são tratados nos quais se
reúnem, sob a forma de breves aforismos, as regras do rito, da moral e da vida cotidiana. Os sutras do
rito Mahayana são quatro: o da sabedoria, o da flor de lótus, o do lótus sublime e o do Buda Amina.
O veículo do diamante
Trata-se do budismo Vajrayana, traduzido também por “veículo
do diamante”. É a corrente menos difundida, porém, a que mais
aponta diversidade com as origens do budismo, perseverando em
aspectos que mereceram apenas a crítica de Buda, ou seja, o
ritualismo, a mística e a magia. Reclamou espaço como corrente
budista no século 6, propagando-se posteriormente pela
Mongólia e Tibete, onde é conhecido como Lamanismo, uma vez
que reconhece a autoridade tanto política quanto religiosa do dalai-lama, personalidade máxima no
budismo tibetano.
O budismo hoje
Embora os preceitos budistas não tenham a pretensão de
possuir uma validade absoluta, contempla-se entre seus
adeptos um ardor missionário bastante expressivo. Esta
filosofia propaga o próprio desejo de Buda, de que seu
conhecimento seja transmitido ao mundo e não restrito a
um grupo específico no meio budista. Após a morte de
Buda, o grupo religioso passou a se alastrar em regiões
muito além de suas origens. Apresentando um discurso
que versa sobre a libertação de todos os homens, o
budismo hoje possui um número de seguidores
equiparável ao número de evangélicos, conquistando a
simpatia de inúmeras pessoas no Ocidente.
Estatísticas sobre o budismo:
O budismo é praticado por 360 – 420
milhões de pessoas – cerca de 6% da
população mundial. A maioria
encontra-se na Ásia, mas tem
crescido muito no ocidente.
No Brasil: De acordo com o censo de
2.000, havia quase 246 mil pessoas
que praticava o budismo: 0,125% da
população.
Pr. Kenneth Eagleton
A simbologia da flor de lótus
“As portas da iluminação se abrirão para todos, indiscriminadamente, com uma única condição: a fé e a
compaixão”. Fé como sentimento que nos une por meio da essência; e compaixão como atividade que
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nos une por meio da prática e vivificação desta essência. Este é
um fragmento do sutra de lótus, muito reverenciado entre os
mais de oitenta mil ensinamentos atribuídos a Buda.
A flor de lótus é sagrada no budismo. É a responsável por
conferir designação à posição mais tradicional para a prática de
meditação budista. A planta desabrocha em mangues, mas sem
que sua flor seja maculada com as impurezas do local. Os
budistas entendem como local impuro o mundo em que
vivemos e a flor de lótus, a prática transformadora na fé e na compaixão, em sintonia com Buda. Assim
essa flor jamais se manchará. É importante salientar que esta flor possui a característica de desabrochar
com a semente do próximo fruto. Logo, se perpetua, assim como deve se perpetuar e gerar frutos as
práticas dos budistas.
O budinha
Quem nunca viu a imagem carismática do budinha
japonês, barrigudo e baixinho, sentado na posição de
lótus? Muito comum em nosso país, essa silhueta de
Buda é completamente equivocada. Sidarta Gautama era
hindu e nunca teve estas características, antes, diz-se que
chegou a emagrecer até a ponto de ficar em “pele e
osso” por se dedicar a práticas austeras.
A crendice popular prega que o ato de deixar a imagem
do budinha de costas para a porta é capaz de impedir que
os males entrem em casa. É muito freqüente também o
depósito de moedas à sua volta, como uma espécie de
oferenda.
Buda meditando sobre uma flôr de lotus
Entretanto, essa imagem não surgiu do imaginário popular. O budinha realmente existiu. A verdadeira
identidade do budinha é Hotei ou Hotei-san. Era um monge zen chinês peregrino que possuía
exatamente os traços anatômicos aqui destacados. Devido à sua aparência farta, artisticamente foi
integrado em muitas obras artísticas e poesias. Não há dados precisos acerca de quando e porquê ele
passou a figurar entre os santinhos da sorte. Hotei-san faleceu em 916 d.C.
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