Na enorme diversidade da paisagem portuguesa existem determinadas zonas que, devido às suas características, constituem espaços privilegiados e com riquezas naturais de inestimável valor. A criação do Parque Natural do Litoral Norte resultou da requalificação da Área de Paisagem Protegida do Litoral de Esposende e visou proteger e conservar este troço do litoral e os seus elementos naturais físicos, estéticos e paisagísticos; suster e corrigir processos conducentes à destruição do património natural e dos recursos naturais; e promover um uso ordenado do território, de forma a permitir o seu uso público para fins recreativos, sem prejudicar a continuidade dos processos evolutivos. Parque Natural do LITORAL NORTE www.icn.pt É constituído na sua essência por uma vasta área marinha, um cordão de praia arenosa e dunas primárias e secundárias de grande instabilidade e risco de erosão. Engloba também pequenas manchas agrícolas e florestais. Sede e Centro de Interpretação Rua 1º de Dezembro, 65 4740-226 Esposende Tel: 253 965 830 email: [email protected] As características ambientais do litoral condicionam a vida animal e O elenco faunístico e florístico do Parque Natural do Litoral Norte vegetal e as plantas que aí habitam vêem-se obrigadas a suportar é muito variado, e, no seu conjunto, reúne uma grande diversidade um conjunto variável de situações como o risco de submersão por de habitats de grande valor ecológico, onde se podem encontrar: Alcyonium digitatum Este cnidário escontra-se fixo a rochas em locais onde a fraca intensidade luminosa inibe o crescimento de algas e onde prevaleçam condições de forte movimento de água. É caracteristico do sublitoral até uma profundidade de cerca de 50 metros. Anemonia sulcata Esta anémona-do-mar escontra-se nas poças que se formam entre os recifes da zona intertidal, podendo formar grandes aglomerados caso haja muita material orgânica em suspensão. A sua côr é variável e é devida a este animal alojar de forma simbiótica uma alga na sua endoderme. Recifes de Sabellaria alveolata Este anelídeo assume particular importância, não só pela sua abundância, como pelas modificações que introduz no substrato, chegando a formar verdadeiros recifes, que funcionam como local de abrigo e alimento para um conjunto de animais marinhos muito diversificado. Parablennius gattorugine Este pequeno caboz habita em fendas e concavidades de fundos rochosos, desde a zona intertidal até 30 metros de profundidade alimentando-se de algas e invertebrados bentónicos. É altamente territorial na época de reprodução. Saccorhiza polyschides Esta alga castanha surge em costas batidas, colonizando substratos sazonalmente instáveis ou submetidos a erosão por areia. Fixa-se a rochas ou blocos de grandes dimensões, mas pode também ser encontrada a crescer sobre calhaus ou conchas formando povoamentos bastante densos. Os seus talos albergam uma elevada biodiversidade, servindo ainda de habitat de protecção a diversas espécies. água do mar e enterramento pelas areias . Recifes Dunas O domínio marinho do PNLN é caracterizado por um substrato rochoso com afloramentos que podem ultrapassar os 18 metros de altura, formando uma vasta área de baixios que caracteriza a zona marinha. Afloramentos rochosos são também visíveis na baixa-mar junto às praias em que o processo erosivo se encontra mais acentuado. Nas primeiras 2,5 milhas marítimas deste segmento costeiro as profundidades não ultrapassam os 50 metros. A primeira milha marítima é caracterizada pela ocorrência de numerosos baixios como os Cavalos de Fão e a Pena. Os sistemas dunares do segmento costeiro de Esposende foram gerados durante a Pequena Idade do Gelo, que ocorreu entre os séculos XV-XVI. O factor ecológico de maior importância na distribuição dos seres vivos bentónicos, ao longo do litoral, é sem dúvida o hidrodinamismo. A ondulação, as vagas e as correntes de maré são, obviamente, as determinantes primordiais das condições hidrodinâmicas ao longo da costa de Esposende, condições essas que podem ser traduzidas pela presença de algumas espécies que se encontram, em regra, em costas varridas pelas ondas, águas turbulentas e sujeitas a correntes. As águas frias e ricas em nutrientes suportam uma miríade de organismos, podendo observar-se representantes de todos os grupos taxonómicos que aqui encontram alimento e protecção. As dunas surgem no limite interior das praias e resultam da diminuição da capacidade de transporte das areias pelo vento devido a obstáculos que encontram no seu trajecto. Forma-se assim uma plataforma arenosa dominada pelo Feno-das-areias, designada por duna embrionária. Na sua retaguarda encontra -se a duna primária, dominada pelo Estorno. Para o interior e ao abrigo desta surge a duna secundária povoada por espécies diversas. As dunas constituem abrigo para espécies animais e vegetais e também um importante elemento de protecção de habitats interiores. As dunas deste segmento costeiro encomtramse particularmente preservadas nas zonas de Antas e Belinho. Este habitat corre sérios riscos de degradação devido ao pisoteio, introdução de espécies exóticas e devastação pelo avanço das águas do mar e construção de imóveis. Elymus farctus O Feno-das-areias é uma planta de crescimento vertical rápido, típica da duna embrionária. É tolerante a breves submersões por água do mar. Ammophila arenaria O Estorno, planta de porte herbáceo que chega a atingir 100 cm de altura, surge no topo da duna frontal e necessita de um fornecimento constante de areia para se desenvolver com vigor. Anagallis monelli O Morrião azul, planta vivaz, herbácea ou lenhosa que pode atingir os 50 cm, vive em locais secos nas dunas interiors, onde pode ser muito abundante. A importância da vegetação dunar deve ser realçada pelo seu papel estabilizador das areias litorais. Eryngium maritimum O Cardo maritimo, de tonalidade branca ou cinzento-azulada, surge na duna frontal, podendo estender-se um pouco para o interior. A sua floração ocorre de Maio a Setembro.