BIOLOGIA REPRODUTIVA EM SLOANEA GUIANENSIS (AUBL.) BENTH., ELAEOCARPACEAE JUSS, EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA ESTACIONA SEMI-DECÍDUA NO INTERIOR DE GOIÁS. 1 PARREIRA , Isaac Antônio Ribeiro; 2MOURA, Tânia Maria. ¹ Pesquisador Bolsista do PBIC – UEG, Unidade Universitária Morrinhos ² Universidade Estadual de Campinas – Departamento de Biologia Vegetal Resumo: O presente estudo teve por objetivo conhecer um pouco da biologia reprodutiva de Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. existente no Parque Ecológico “Jatobá Centenário”. O estudo foi conduzido no período de doze (12) meses. Foram observados os indivíduos em estudo adultos em fase reprodutiva. Para confirmação da espécie estudada excicatas foram enviadas a especialista. Durante as visitas, pode – se constatar que S. guianensis (Aubl.) Benth. presente no Parque Ecológico Centenário Jatobá floresce nos meses de Setembro a Novembro, a frutificação iniciou no mês de Dezembro. Palavras chave: Elaeocarpaceae; Sloanea; Parque Ecológico Jatobá Centenário. Introdução. Elaeocarpaceae é uma família de Angiosperma que compreende 12 gêneros e aproximadamente 600 espécies. As espécies dessa família são árvores e arbustos, os quais estão distribuídas principalmente em regiões tropicais e subtropicais. (ROMERO et al. 2008). Os gêneros Aristotelia, Peripentadenia e Elaeocarpus estão entre os mais estudados dentro da família e são conhecidos como fonte de metabólitos ativos derivados de ácido elágico, além de alcalóides pirrolidínicos e indolizidínicos (ROMERO et al. 2008). No Brasil, a família Elaeocarpaceae é representada pelos gêneros Sloanea e Crinodendron (SOUZA e LORENZI, 2005). Seguem os autores, As plantas deste gênero produzem uma madeira dura e de qualidade, são geralmente árvores que atingem o dossel, raízes tabulares e frutos que possuem uma ou augumas sementes envoltas por um arilo colorido e que ficam por algum tempo pendentes no fruto já aberto. Os estudos fenológicos contribuem para o entendimento da dinâmica dos ecossistemas florestais e são essenciais para o estudo de ecologia e evolução (CROAT 1969) As espécies do gênero Sloanea são típicas de Mata Atlântica. É devido à grande fragmentação e perda de habitat que ocorreu nesse bioma. Dados referentes à biologia reprodutiva de uma espécie é que é possível realizar, efetivamente, planos de conservação e manejo. Visando conservação de recursos genéticos e desenvolvimento sustentável (FISZON et al. 2003). No Brasil, a Floresta Estacional Semidecidual (FES), de acordo com classificação da vegetação proposta por Veloso et al. (1991), é uma formação representada por florestas variáveis fisionomicamente, constituídas por plantas arbóreos (perenifólios ou decíduos), além de elementos arbustivos, lianas e epífitas. Está relacionada em toda a sua área um clima de duas estações definidas, uma chuvosa e outra seca, em latitudes menores. Tais características climáticas são apontadas como fatores determinantes de uma forte estacionalidade foliar dos elementos arbóreos dominantes, como resposta ao período de deficiência hídrica, ou à queda de temperatura nos meses mais frios. (VELOSO et al. 1991). O fragmento de florestas estacionais semi-deciduais urbanos ou próximos às cidades são cada vez mais comuns, pois abrigam alta riqueza de espécies que estão em seu estado natural. Entretanto, é importante compreender que proteger a biodiversidade, em termos práticos, não significa somente proteger florestas primárias e pouco perturbadas (MORELLATO e LEITÃOFILHO, 1995). Portanto, o presente trabalho teve por objetivo conhecer um pouco da biologia reprodutiva de Sloanea guianensis existente no Parque Ecológico Jatobá Centenário e servir como suporte para estudos posteriores de conservação da espécie, conservação dos remanescentes de Mata Atlântica e estratégias de manejo para este ecossistema. Material e Métodos. O estudo realizado foi conduzido no Parque Ecológico “Jatobá Centenário”. O Parque consiste em um remanescente de Floresta Estacional Semidecidual no município de Morrinhos estado de Goiás. Situados entre os paralelos17º55’ (S) e 49º01 (W), ocupa uma área de aproximadamente 80 ha. A revisão taxonômica de Sloanea extra amazônica foi realizada pela Dra. Daniela Sampaio Silveira, o primeiro trabalho a ser desenvolvido com a espécie foi conhecer qual a espécie está presente no Parque Ecológico “Jatobá Centenário”. S. guianensis são árvores de aproximadamente 10 m de altura e característico por apresentar raízes tabulares, folículos e pulvinos ou genículos As S. guianensis encontrada no Parque Ecológico Jatobá Centenário foram marcadas com uma fita adesiva de cor amarela para facilitar a localização dos indivíduos em estudo, a fita adesiva foi colocada envolvendo todo tronco da planta, as fitas foram colocadas a DPA (distancia da altura do peito). Foram feitas coletas confecção de excicatas. Os indivíduos adultos encontrados no parque foram georeferenciados com o auxilio de um aparelho GPS. Foi feito um acompanhamento mensal durante um ano, agosto de 2008 a julho de 2009, em que foi verificado inicialmente o período de floração e frutificação da espécie. Durante o período reprodutivo as visitas foram realizadas a cada quinze dias. Em todas as plantas da população foi determinada à presença de botões florais, flores, frutos imaturos e maduros. Foram enumeradas 45 espécies de S. guianensis a enumeração dentre os 45 indivíduos foram escolhidas seis árvores para fazer visitação, para saber a data de floração, data de frutificação, data de dispersão, data de polinização. Os números escolhidos foram 01, 09, 13, 22, 28, 34. O critério de escolha destas amostras foi pelo fato de ser árvores adultas e férteis. Resultados e Discussão A identificação da espécie foi feita pela especialista do gênero Dra. Daniela Sampaio. A espécie estudada refere-se a Sloanea. guianensis (Aubl.) Benth. Durante as visitas, foi constatado que S. guianensis presente no Parque Ecológico Centenário Jatobá possui floração nos meses de Setembro a Novembro, a frutificação iniciou no mês de Dezembro, onde as S. guianensis conforme pode ser observado na Tab. 1. Tab. 1. Datas de floração e frutificação de Sloanea guianensis existente no Parque Ecológico “Jatobá Centenário. Morrinhos/GO. Indivíduos Data de selecionados floração Data de frutificação 1 8/9/2008 12/12/2008 9 8/9/2008 12/12/2008 13 9/9/2008 13/12/2008 22 11/9/2008 13/12/2008 28 11/9/2008 13/12/2008 34 2/10/2008 14/12/2008 A fig. 1 apresenta a relação dos meses de permanência dos frutos de S. guianensis. Eixo (y) é o numero de espécie com a permanência dos frutos. O eixo (x) são os meses correlacionados com a quantidade indivíduos com permanecia dos frutos. 7 6 5 4 3 2 1 0 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 Fig. 1 Permanência dos frutos, de Sloanea guianensis, entre os meses de Dezembro de 2008 a Julho de 2009. Foi encontrada S. guianensis no interior do Parque Ecológico Centenário Jatobá e próximo a locais úmidos, não há nenhuma espécie em estudo nas bordas da mata do Parque. Segundo Silva (2006) concluem que S. guianensis possui polinização zoofilica e dispersão autocória, os períodos de floração e de agosto a outubro, o período de frutificação de Setembro a Novembro. Segue o autor, estratégias de polinização e de dispersão e períodos de floração e de frutificação acontecem todo ano. A dispersão de sementes é um processo que, independente da forma que ocorra, envolve relações bastante específicas entre a planta e seu agente dispersor, possibilitando a manutenção da dinâmica, estrutura e diversidade do ecossistema (CROAT, 1969) Este importante processo pode ser alterado quando o ambiente é fragmentado, a construção de estradas, campos, cidades e demais ações humanas é responsável pela redução ou divisão de uma extensa e contínua área de habitat em fragmentos menores e o conhecimento das síndromes de dispersão de um dado local é muito importante para conservação das espécies vegetais (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). Conclusão: Sloanea. guianensis (Aubl.) Benth existente no Parque Ecológico “Jatobá Centenário.” Floreceu no período de Setembro a Novembro e a frutificação ocorreu no período de Dezembro a Julho. É de suma importância mais estudos nesta espécie, pois, os dados aqui apresentados ainda são incipientes para plano de manejo e conservação da espécie e do parque supracitado. Referências Bibliográficas CROAT, T.B. 1969. Comportamento Floristico Central Panama. Ann. Missouri Bot. Gard. v.56. 295-307 p. LEITÃO-FILHO, H. F. A Vegetação: a vegetação da Reserva Santa Genebra. In:MORELLATO, P. C.; LEITÃO-FILHO, H. F. (Org.). Ecologia e Preservação deuma Floresta Tropical Urbana: Reserva Santa Genebra. 1995. 19-35 p. PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Midiograf: Londrina, 2001. 328 p. ROMERO; A.L. Atividade atiproliferativa de Sloanea garckeana K. Schum. Quím. Nova. v.31. n.6. São Paulo, 2008. SILVA; R.T. Florística e Estrutura da Sinúsia de um Fragmento Urbano de Floresta Ombrófila Densa do Município de Criciúma, Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais. Unesc-Campos Criciúma, 2006. 17-21p. SOUZA, V.C & LORENZI, H. Botânica Sistemática. Editora Plantarum de Estudos da Flora: Nova Odessa – SP, 2005. 640 p. VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R. & Lima, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro. 1991.