Tratamento de feridas Cicatrização e curativos Dr. Fábio Batista 2 Tratamento de feridas – Cicatrização e curativos Copyright© 2012 – Leitura Médica Ltda. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou sistema, sem prévio consentimento da editora, ficando os infratores sujeitos às penas previstas em lei. Todos os direitos desta edição reservados à: Leitura Médica Ltda. Rua Rui Barbosa, 649 Bela Vista – São Paulo, SP CEP 01326-010 – Telefax: (11) 3151-2144 E-mail: [email protected] Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Batista, Fábio. Tratamento de feridas – Cicatrização e curativos. – São Paulo : Leitura Médica Ltda., 2012. Bibliografia ISBN 978-85-61125-89-9 1. Feridas 2. Cicatrização 3. Curativos 4.Tratamento I. Batista, Fábio II. Título Índice para catálogo sistemático: 1. Feridas : Cicatrização : Tratamento Impresso no Brasil 2012 Sobre o autor Dr. Fábio Batista – Doutor em Ciências e Coordenador do Ambulatório de Pé Diabético da Disciplina de Ortopedia da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp). – Visiting Assistant Professor at University of Texas Health Science Center – San Antonio/Estados Unidos. – Doutor do Núcleo de Programas Estratégicos da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – Programa Proibido Feridas. – Coordenador do Programa Saúde no Esporte da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. – Professor Visitante da Faculdade de Medicina da Universidade Autônoma Nuevo Leon – Monterrey/México. – Professor Consultor do Serviço de Pé Diabético do Hospital Belén de Trujillo/Peru. – Brazilian Key Opinion Leader on Latin-America Advanced Wound Care Panel. – Research Scholar of Diabetic Foot and Amputee Clinic of Foot and Ankle Service at Loyola University Chicago. – Visiting Medical Doctor of Diabetic Foot and Amputee Services at University of Miami/Jackson Memorial Hospital. – Visitante Distinguido da Cidade de Trujillo/Peru, Homologado pelo ALCALDE. Endereço para correspondência: Rua Cantagalo, 1.426–Tatuapé – CEP: 03319-001 – São Paulo – SP Tels.: (11) 2225-1175 / 2225-1475 – Home page: www.drfabiobatista.med.br E-mail: [email protected] 3 Fisiologia Cicatricial A cicatrização é vista como um processo fisiológico ativo e dinâmico que visa à restauração completa da continuidade tissular. Assim, inúmeros fatores (celulares, biomoleculares, bioquímicos, locais, nutricionais, doenças crônicas, antecedentes terapêuticos, entre outros) devem ser monitorados para que se possa otimizar esse processo. O entendimento do potencial cicatricial deve basear-se na análise criteriosa do microambiente da ferida. Dessa forma, define-se que o desenho do cenário de reparação tecidual possa ser suportado pela identificação e manejo dos marcadores biológicos da lesão, sejam estes locais, endógenos, sejam mesmo externos ao ambiente em estudo. Como descrito anteriormente, a cicatrização é vista em quatro grandes fases: fase de coagulação ou hemostática, fase inflamatória, fase proliferativa e fase de remodelação. Tais fases são independentes, mediadas por eventos biológicos, e precisam ser respeitadas em sua intimidade, para que o processo cicatricial se instale harmoniosamente. Dizemos que a ferida nos indica do que precisa. Necessitamos, então, compreendê-la, para oferecer ajuda. A preparação do leito da ferida deve contemplar exigências mínimas, porém fundamentais à otimização da cicatrização de uma ferida: da língua inglesa “TIME”, representado a seguir, devemos interagir ativamente com o tipo de tecido, a infecção, a umidade da ferida e a velocidade de avanço da margem epidérmica. T I M E – – – – Tissue (tecido) Infection (infecção) Moisture (umidade) Epidermal margin (bordas da lesão) Otimizar a cicatrização significa dar a devida atenção a frequência de trocas e escolha das coberturas, desbridamento completo e amplo, técnica estéril e adequada, irrigação com soro aquecido e pressão correta, além do manejo apropriado dos fatores que podem interferir na cicatrização saudável, sejam estes locais (técnica cirúrgica inapropriada, dimensão da ferida, temperatura local, pH, tipo de tecido, grau de 4 contaminação, uso de agentes tópicos inadequados), sejam sistêmicos (estado nutricional, presença de doenças crônicas, tabagismo, alcoolismo, uso de medicamentos de forma indevida, entre outros). Sabe-se que fatores de risco (idade, obesidade, má nutrição, tabagismo, diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, sedentarismo, infecção, menopausa, entre outros), que poderiam contribuir para a falência da cicatrização, devem ser abordados rigorosamente, pois tendências atuais demonstram sua relação com a diminuição da bioatividade do óxido nítrico e elevação da hemocisteína, reguladores-chave da saúde óssea e da pele. Assim, a ocorrência de disfunções endoteliais, celulares, plaquetárias, hemostáticas, imunomoduladoras e oxidativas poderia comprometer a velocidade e a qualidade da reparação tecidual. Classificação da Ferida Um ponto importante no tratamento integral das feridas complexas é a uniformidade de linguagem e a caracterização detalhada da ferida a ser abordada. Desta forma, acredita-se que a ferida deva ser manejada ativa e constantemente, baseando-se no conceito de personalidade evolutiva da ferida. Esse conceito fundamenta-se nas diferentes combinações possíveis entre as características das feridas, visando a estabelecer um modelo dinâmico na apresentação destas e devendo ser aplicado na primeira avaliação da lesão e em todos os momentos em que se faz a troca dos curativos e a reinspeção clínica. Isso permite interagir ativamente com a biologia da ferida e do processo cicatricial como um todo, proporcionando ajustes constantes durante as propostas terapêuticas. Características das feridas 1. Causas da ferida: traumática (agentes mecânicos, físicos ou químicos), cirúrgica ou patológica (com fundo etiológico e características intrínsecas relacionadas a uma 5 doença de base – ex.: úlcera neuropática diabética) (Figura 1). 2. Espessura: espessura total ou parcial; relaciona-se com a perda tecidual e profundidade da lesão (ex.: evolução de úlcera de pressão) (Figura 2). 3. Contaminação: ferida limpa (“cirurgia ortopédica”), contaminada (úlcera de estase venosa), colonizada ou criticamente colonizada e infectada (úlcera diabética complicada com infecção óssea) (Figura 3). 4. Tipos de cicatrização: primária (sutura), primária retardada (aproximação das bordas de uma lesão já em fase de cicatrização) e por segunda intenção (ferida que cicatriza espontaneamente). 5. Tempos de cicatrização: aguda (quando cicatriza em um período de até 4 semanas) e crônica (acima de 4 semanas). 6. Leito da ferida: granulação, esfacelo, necrose seca, epitelizado (Figura 4). 7. Tipos de exsudato: sanguinolento, seroso, purulento, fétido. 8. Formas: plana, cavitária, geométrica. 9. Associações com fístula: superficial, profunda, visceral (biliar, óssea, urinária, entre outras). 10. Patógeno: presença ou ausência de cultura e antibiograma específico para germe identificado. Figura 1 – Úlcera neuropática diabética. Figura 2 – Úlcera de pressão sacral profunda com exposição óssea. 6 Fases da Cicatrização Figura 3 – Ferida infectada – Ferida proliferativa com sinais flogísticos evidentes. Figura 4 – Leito da ferida preenchido por tecido necrótico úmido (esfacelo). Sabe-se que o grande gatilho para o início do processo cicatricial é a perda tecidual. Esta é capaz de atingir uma ou mais camadas da pele, podendo inclusive comprometer todo o revestimento cutâneo e ocasionar a exposição de estruturas nobres, como tendões, articulações, ossos, entre outras. Cabe lembrar o grande dinamismo e a interdependência entre as fases cicatriciais, cruciais para o restabelecimento estrutural da pele. No âmbito acadêmico, a cicatrização pode ser dividida em quatro grandes fases: fase de coagulação ou hemostática, fase inflamatória, fase proliferativa e fase de remodelação. 1. Fase hemostática – Formam-se coágulos de fibrina, proporcionando inicialmente a constituição da matriz provisória da ferida. As plaquetas fornecem o suprimento inicial para o começo do processo cicatricial. Fatores plaquetários (PDGF e TGF-E) propiciam atração fibroblástica e estimulam a produção de colágeno. 2. Fase inflamatória – Grande participação dos glóbulos brancos (neutrófilos, linfócitos, mastócitos) e dos ma- 7 crófagos, células sanguíneas importantes na resposta inflamatória, na prevenção da infecção tecidual, na produção de fatores quimiotáticos (citocinas e interleucinas) e na remoção de detritos bacterianos e corpos estranhos (Figura 5). As fases 1 e 2, em um processo cicatricial não complicado, perduram em média 48 a 72 horas. 3. Fase proliferativa – Fase de elevado metabolismo extracelular (colágeno e glicosaminoglicanos), ocasionando a contração e epitelização da ferida. Esta fase pode levar dias a semanas. 4. Fase de remodelação – Fase de maturação cicatricial, com modificações significativas na estrutura e cosmética da cicatriz, podendo levar meses a anos para se completar o processo. Fatores que podem interferir na cicatrização saudável devem ser realçados. Entre eles, estão os fatores locais (técnica cirúrgica inapropriada, dimensão da ferida, temperatura local, pH, tipo de tecido, grau de contaminação, uso de agentes tópicos inadequados) e os fatores sistêmicos (estado nutricional, presença de doenças crônicas, tabagismo, alcoolismo, uso de medicamentos de forma indevida, entre outros). Figura 5 – Esquema representativo do dinamismo de eventos bioquímicos e moleculares cutâneos no processo cicatricial. Intrínseco e interativo processo entre citocinas pró-inflamatórias, mediadores imunológicos e atividades celulares, fundamentais na pronta restauração tissular. 8 Forma de Cicatrização Pelo Pele Epiderme A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, medindo cerca de 2 m2 e pesando aproximadamente 2 kg. Rica em colágeno tipo I, sua espessura varia em média de 1 a 5 mm, sendo dividida basicamente em três camadas: epiderme, derme e hipoderme (Figura 6). Órgão amplamente vascularizado, composto de anexos cutâneos e conjuntos celulares altamente diferenciados e funcionais, além da função de revestimento, a pele também é responsável pela proteção contra forças externas (mecânicas, físicas e químicas), manutenção do pH, mecanismos imunológicos e isolamento térmico. Inspeção do tegumento Condição indispensável à boa observação do tegumento é a iluminação de boa qualidade. Há necessidade de contínuo seguimento evolutivo do processo cicatricial, visto que as alterações cutâneas comportam-se de modo altamente dinâmico. Derme Hipoderme Artéria Veia Folículo piloso Figura 6 – Representação esquemática das camadas da pele. 9 A visualização geral e a amplificada da pele permitem avaliar, de forma aguçada e detalhada, toda a evolução do processo cicatricial, além de fornecer impressão do conjunto tegumentar, da correlação topográfica e da coexistência de processos mórbidos que possam interferir no andamento cicatricial. Cicatrização O processo de cicatrização consiste em uma sucessão de eventos celulares e moleculares que interagem de forma dinâmica, por meio de fenômenos bioquímicos e fisiológicos, visando à restauração tecidual. Para que a cicatrização ocorra dentro dos modelos fisiológicos, vários fatores locais e sistêmicos necessitam manter-se em harmonia. Mais de 100 erros cicatriciais já foram reportados, demonstrando a grande importância da interação constante do profissional com a biologia dinâmica do processo cicatricial e a evolução da ferida. Embora manuscritos egípcios (3000 a.C.) reportem alguns procedimentos tópicos relacionados à cicatrização de feridas (uso de excrementos, mel ou graxa), foi Hipócrates (o pai da Medicina, o oráculo de Cós, 460 a.C. – 370 ou 380 a.C.) quem recomendou manter as feridas limpas com água morna e vinagre, preconizou o conceito de observação clínica, insistiu sobre a importância da interação entre o indivíduo e o meio e criou os conceitos de cicatrização por primeira e segunda intenções. Um dos parâmetros relacionados às características de uma lesão tegumentar refere-se à forma de cicatrização. Esta poderá ser primária, primária retardada ou secundária. Diferem-se basicamente quanto ao mecanismo cicatricial, à duração do processo e aos resultados cosmético-fisiológicos da reconstituição do tecido. Cicatrização primária ou por primeira intenção: dá-se por meio da sutura por planos teciduais. Comumente, não houve perda de substância (Figura 7). Cicatrização primária retardada: é aquela em que se otimiza o processo cicatricial por meio de sutura, aproximandose as bordas da lesão, em uma ferida que não foi reparada primariamente, mas se encontra em processo de cicatrização espontâneo. Cicatrização por segunda intenção: é a que ocorre espontaneamente, em uma lesão que não foi reparada por planos teciduais (Figura 7). 10 Tipos de Cicatrizes Figura 7 – Exemplo de cicatrizações primária (sutura) e secundária (úlcera) em um mesmo indivíduo, após manejo apropriado e individualizado de um pé de Charcot associado à úlcera crônica complicada com osteomielite. A cicatriz surge com o processo natural de cura de ferimentos na pele chamado cicatrização. A ferida pode ser decorrente de um acidente, doença ou cirurgia. Quanto maiores forem o tamanho e a duração da ferida, maior será a cicatriz. A pele jovem, comparada com a pele do idoso, tende a determinar cicatrizes mais evidentes, isto é, maiores e mais espessas. Tipicamente, a cicatriz torna-se menos notável com o passar do tempo. O aspecto da cicatriz dependerá de sua localização, cor, textura, comprimento, largura e profundidade, bem como de fatores inerentes ao paciente (genética, nutrição, patologias crônicas) e dos cuidados intra e pós-operatórios. Alguns locais do corpo caracteristicamente apresentam forte tendência em formar cicatrizes mais evidentes e inestéticas. A região da mandíbula é um exemplo. Nas áreas de constante movimento, uma cicatriz inicialmente bem conduzida pode-se tornar larga, como ocorre no ombro, braços, pernas e costas. As cicatrizes podem ser agrupadas didaticamente em não patológicas e patológicas. 11 Cicatrizes não patológicas t /PSNPUSØëDBT'JHVSB t *OFTUÏUJDBTo"USØëDBTEJTDSÙNJDBT'JHVSB retráteis (Figura 10), pigmentadas e mistas (Figura 11) ou alargadas (Figura 12) Cicatrizes patológicas t )JQFSUSØëDBT'JHVSB t 2VFMPJEFT'JHVSB O ponto mais importante no manejo de uma cicatriz patológica ou inestética deve ser o bom relacionamento médico-paciente, cujos objetivos e resultados realistas são explicados e definidos. Dependendo do tipo de cicatriz, sua abordagem pode ser feita em várias fases com diferentes técnicas (proteção, maquiagem, revisão cirúrgica, preenchimento, dermabrasão, compressão, infiltração, betaterapia etc.). Figura 8 – Cicatriz normotrófica – Pós-operatório de ressecção de higroma plantar em pé diabético neuropático. 12 Figura 9 – Cicatriz discrômica – Pós-operatório de osteotomia metatarsiana em pé insensível. Figura 11 – Cicatriz mista – Coto de amputação do retropé. Figura 10 – Cicatriz retrátil – Pós-operatório de amputação parcial do pé em portador de diabetes. 13 Figura 13 – Cicatriz hipertrófica – Pós-operatório de reconstrução de artropatia de Charcot do tornozelo. Figura 12 – Cicatriz alargada – Pós-operatório de estabilização de pé de Charcot instável. Figura 14 – Queloide. 14 Tratamento de Feridas Agudas e Crônicas A tendência atual, em virtude da abordagem e resultados mais eficientes, vem apontando para a necessidade da inserção de todos os pacientes portadores de feridas complexas em centros integrados por multiprofissionais capacitados. Entre as feridas de difícil cicatrização, merecem destaque as úlceras diabéticas, as úlceras por pressão e as deiscências cirúrgicas. O manejo deve ser individualizado e realizado por profissionais treinados para tal cenário. A abordagem deve ser especializada e contemplar um modelo de atenção integral (educação, qualificação do risco, investigação adequada, tratamento apropriado das feridas, cirurgia especializada, aparelhamento correto e reabilitação global), objetivando a prevenção e a restauração funcional da extremidade. Novas opções para o tratamento de feridas agudas e crônicas As úlceras nos pés e as amputações dos membros inferiores são complicações muito graves e de alto custo para o paciente e a sociedade, estando associadas frequentemente a alta morbimortalidade e elevadas taxas de recorrência. As feridas complicadas requerem abordagem interdisciplinar, realizada por equipe familiarizada com o contexto vigente. Em relação ao tratamento tópico, existem inúmeras propostas que variam desde antimicrobianos e cicatrizantes até o uso de fatores de crescimento, terapia de pressão negativa e substitutos biológicos de pele. Diferentes e inovadoras propostas de apoio à cicatrização, como o uso de câmara hiperbárica, plasma rico em plaquetas ou uso local de fitoterápicos (Stryphnodendron adstringens – extrato seco, aplicação direta duas a três vezes ao dia), têm sido reportadas, com a proposta de agirem diminuindo o processo inflamatório e o edema da lesão, estimulando a formação do tecido de granulação e a proliferação epitelial. Deve-se estar atento a real relevância clínica e evidência científica de cada método. O importante é a equipe compreender os princípios de tratamento avançado de feridas, sendo necessária uma análise cuidadosa não só da lesão, mas também do paciente como um todo. Assim, é possível oferecer agentes locais (“curativo primário”) que possam interagir de acordo com o que a ferida está “pedindo”, proporcionando, então, condições mais favoráveis para a otimização cicatricial. Em síntese, um verdadeiro “Programa de Prevenção e Tratamento de Feridas Complexas” não se restringe à troca de curativos, ao corte das unhas e à sugestão do uso de calçados, nem tão pouco é contemplado por opções terapêuticas isoladas e ditas milagrosas. Obrigatoriamen- 15 te, deve ser um programa extremamente abrangente e complexo, necessitando de uma equipe efetivamente preparada, integrada e literalmente comprometida com a saúde e qualidade de vida do indivíduo e da sociedade. Curativos Em geral, o tratamento da ferida baseia-se na sua limpeza (preferencialmente com soro fisiológico), no desbridamento dos tecidos desvitalizados, na descarga da lesão e no controle da doença de base. Neuropatia grave, deformidades, infecção, exposição de tecidos nobres (osso, tendões, articulações), prejuízo circulatório ou feridas com apresentação clínica atípica ou que não evoluem satisfatoriamente após investigação clínica e tratamento apropriado devem ser verificados por um médico especialista, pois podem requerer manejo especializado rápido e mais agressivo, como biópsia das lesões e/ou prescrição de antibióticos sistêmicos e/ou tratamentos cirúrgicos específicos. Não se recomenda swab translesão para a tomada de cultura e antibiograma; esta deve ser tomada, quando necessário, por punção de coleção através de área de pele íntegra ou por material profundo obtido em ambiente cirúrgico. A seguir, um resumo de sugestões para as indicações de diferentes coberturas tópicas: Características da lesão Alternativas de cobertura Lesão com presença de necrose seca Lesão com presença de esfacelo (necrose úmida) Lesão cavitária Hidrogel amorfo ou placa, hidrofibra Hidrogel (pouco exsudato), hidrofibra ou alginato (exsudato moderado ou intenso) Terapia de pressão negativa, hidrofibra, hidropolímeros, carvão ativado Lesão muito Alginato, carvão ativado, hidrofibra, exsudativa hidropolímeros Lesão em fase de Hidrocoloide, hidrofibra, tecidos de biogranulação engenharia (matrizes de regeneração dérmica), hidropolímeros, colágeno, Stryphnodendron adstringens – extrato seco Lesão em epitelização Hidrocoloide extrafino, filmes, gazes não aderentes, hidrogel, Stryphnodendron adstringens – extrato seco Lesão exsudativa com Carvão ativado odor intenso Bibliografia 1. 2. Batista F. Feridas – Palavra do especialista. 1. ed. São Paulo: Casa Leitura Médica, 2009. p. 3-23. Batista F. Uma abordagem multidisciplinar sobre pé diabético. 1. ed. São Paulo: Andreoli, 2010. p. 15-368.