Título: DISTRIBUIÇÃO DA ALCALINIDADE TOTAL

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DOUTORADO
129ª (CENTÉSIMA VIGÉSIMA NONA) DEFESA
Título: DISTRIBUIÇÃO DA ALCALINIDADE TOTAL, PRESSÃO
PARCIAL DO CO2 E FLUXOS DE CO2 NA INTERFACE ÁGUA-AR
NO ECOSSISTEMA COSTEIRO DO ESTADO DE PERNAMBUCO.
Aluno: FELIPE LIMA GASPAR
Orientador: Dr. Manuel de Jesus Flores Montes
Data da Defesa: 28 de outubro de 2015.
Resumo:
A plataforma continental pernambucana é caracterizada pela oligotrofia e estabilidade
térmica ao longo do ano influenciada pela corrente Norte do Brasil, que traz águas
quentes e ricas em CO2 para a plataforma continental do nordeste brasileiro. Dentre os
principais rios translitorâneos de Pernambuco estão os Rios Capibaribe e Jaboatão
que recebem os efluentes domésticos do Recife e região metropolitana, o que causa
alterações nos ciclos naturais de carbono. Desta maneira, foram avaliadas a
variabilidade da pCO2 nos estuários do Capibaribe e de Barra de Jangadas assim
como na plataforma continental interna do Estado de Pernambuco. Para análise nos
estuários foram realizadas coletas durante a maré baixa, bimestralmente de novembro
de 2010 a setembro de 2011. O estuário do Capibaribe apresentou os valores mais
elevados de alcalinidade total (AT) e carbono inorgânico total (TCO2), com diferença
significativa entre os dois rios. As médias anuais de alcalinidade encontradas foram
1649±390 µmol kg-1 no Capibaribe e 1557±315 µmol kg-1 em Barra de Jangadas. Em
relação a pCO2, os estuários apresentaram supersaturação de CO2 em relação a
atmosfera durante todo o ano, com médias de 3317±2034 µatm no Capibaribe e
6018±4589 µatm em Barra de Jangadas. Estes valores durante o período chuvoso
variaram entre os estuários, com diminuição na pCO2 no Capibaribe e aumento de até
300% dos valores de pCO2 em Barra de Jangadas. A fim de se obter uma melhor
avaliação da distribuição espacial da pCO2 na plataforma interna, foi construído um
equipamento para a medição contínua e direta da pCO2 na água como alternativa de
baixo-custo em relação aos fabricados importados. A primeira campanha realizada
aconteceu em dezembro de 2014, partindo do porto do Recife em direção ao estuário
de Barra de Jangadas. Apesar de o período seco ser o de maior produtividade
primária a região apresentou-se oligotrófica, com picos de chl-a (8,4 mg m3) próximo
ao Capibaribe. Apenas uma pequena área apresentou subsaturação de CO2 em
relação à atmosfera, com o valor mínimo registrado de 376,6 µatm. Foi identificada
uma elevada fugacidade de CO2 (fCO2) na área da plataforma interna, com média de
474,33±66,57 µatm, resultando em um fluxo médio para a atmosfera de 8,5±6,82
mmolC m-2d-1. A partir dos resultados obtidos foi proposto um modelo para predizer a
fCO2 a partir de valores de salinidade e temperatura para a plataforma interna durante
o verão. Uma análise espacial e sazonal mais abrangente dos parâmetros do sistema
carbonato na plataforma interna foi realizada utilizando-se dados de AT e TCO2 em
áreas com e sem influência de rios entre os anos de 2013 e 2014. As médias da pCO2
e do pH na plataforma interna foram de 449±45 µatm e 8,00±0,03 respectivamente. Os
parâmetros analisados foram influenciados pela distância da costa, o que resultou na
elaboração do modelos para a predição de AT, TCO2, pCO2, pH, ΩCa e ΩAr a partir de
dados de temperatura, salinidade e longitude. A região apresenta elevada alcalinidade
inclusive na área influenciada por rios, onde foi encontrada a menor média de AT
2358±28 µmol kg-1. A região apresenta, em curto prazo, baixa vulnerabilidade ao
processo de acidificação oceânica. Os valores encontrados de pCO2 e fluxos de CO2
na plataforma continental de Pernambuco estão acima dos estimados nas médias
globais para plataformas continentais abertas baseadas em modelos matemáticos. A
variabilidade na pCO2 encontrada está ligada à própria característica da água tropical
do Atlântico Sul, que cobre a rasa plataforma pernambucana com águas quentes.
Onde a baixa solubilidade do CO2 devido à alta temperatura, associada à oligotrofia e
aportes de matéria orgânica fazem com que a região da plataforma seja fonte de CO 2
para atmosfera durante todo o ano.
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