NetProf O Cinturão de Kuiper Figura 1 – O 1.º objecto descoberto do cinturão de Kuiper, 1992 QB1 Os corpos menores do cinturão de Kuiper O cinturão de Kuiper é uma região em forma de disco achatado para além da órbita de Neptuno, entendendo-se entre 30 e 50 UA do Sol. Contém corpos congelados de pequenas dimensões e é considerado a fonte dos cometas de pequeno período. A sua existência foi proposta por Gerard P. Kuiper em 1951 sendo, na época, sugerida como uma região que se estendia entre 30 e 50 UA do Sol, provavelmente como resquícios da nebulosa primordial de onde se formou o sistema solar. Já em 1950, Jan Hendrik Oort havia concluído que nenhum cometa observado tinha uma órbita que indicasse que este viesse do espaço interestelar, que havia uma forte tendência para o afélio dos cometas de longo período, ou seja, o ponto em que o objecto (no caso o cometa) se encontra mais afastado do Sol, estivesse a uma distância de 50 000 UA, e que não havia direcção preferencial de onde os cometas vinham. Oort propôs que os cometas se formam numa vasta nuvem muito para além do sistema solar (cerca de 100 000 UA de diâmetro), a partir de então denominada nuvem de Oort. Infelizmente não existe evidência directa da existência desta nuvem. Pelo contrário, o cinturão de Kuiper é uma realidade. Existem milhares de pequenos corpos neste cinturão, alguns de grandes dimensões. Por volta de 1988, David Jewitt, da Universidade do Havai, e Jane Luu, das universidades de Califórnia e de Berkeley, começaram a procurar objectos do cinturão de Kuiper, com uma câmara CCD acoplada ao telescópio de 2,2 m da Universidade do Havai, no monte Mauna Kea, neste estado dos EUA. Após 5 anos de sistemáticas investigações encontraram o primeiro objecto, que seria designado de 1992 QB1. No entanto, as suas observações sobre este objecto só foram confirmadas em Julho de 1993. Anteriormente, estes mesmos investigadores tinham já encontrado outro, o 1993 FW, que foi o primeiro objecto confirmado do cinturão de Kuiper. Página 1 de 7 NetProf Figura 2 - Gerard P. Kuiper(1905 – 1973) Estudou a superfície da Lua, descobriu Miranda, Nereida e a atmosfera de Titã Figura 3 -Jan Hendrik Oort (1900-1992) Descobriu a rotação diferencial da Galáxia e propôs a existência de uma vasta nuvem muito para além de Plutão, onde se formariam os cometas de grande período. Podem existir objectos para além das 50 UA de distância ao Sol, mas não se encontram nos limites de detecção. Sabemos que há objectos que têm a sua órbita entre Júpiter e Neptuno, denominados de Centauros, que se acreditam ser resquícios do cinturão de Kuiper. Entre eles está Chiron, um enorme asteróide com cerca de 170 km de diâmetro, que se tiver sua órbita perturbada conforme se aproxima do Sol será um cometa impressionante. Este asteróide tem sido acompanhado por vários astrónomos amadores em todo o mundo e os seus trabalhos têm sido aproveitados por profissionais. Mas esta é apenas uma entre as várias actividades realizadas hoje em dia pelos amantes da Astronomia e utilizados por profissionais. O que é necessário? 1.º - Uma câmara CCD acoplada ao telescópio. 2.º - Software para astrometria e fotometria. 3º - Muita experiência para trabalhar com (1) e (2)! Para adquirir esta experiência, devemos começar com objectos já estudados e conferir os nossos resultados com estes. No caso de Chiron, há vários sítios onde podemos conferir sua posição e brilho. Página 2 de 7 NetProf Figura 4 - Chiron, pelo astrónomo amador Giovanni dal Lago, 14/03/ 1996 telescópio: Celestron 11", f/3, Software: PC with Meade Epoch 2000.0 Cd, CCD: Starlight Xpress SXF E-mail: [email protected], http://www.lead.it/AstroSchio Figura 5 - Chiron por Denis Bergeron, Val-des-bois, Quebec, Canadá, 16/06/95 telescópio: Meade SCT LX-200 10'' usando redutor para f/5.2, CCD: SBIG ST-6 E-mail: [email protected] Há pelo menos cerca de 70 000 objectos trans-neptunianos com diâmetros maiores do que 100 km entre 30 e 50 UA do Sol. Alguns, com órbitas semelhantes às de Plutão, são denominados plutinos; cerca de 35 % dos objectos do cinturão de Kuiper são deste tipo. Quando dizemos que suas órbitas são semelhantes, queremos dizer que têm por exemplo excentricidade da órbita, inclinação, perihélio (ponto mais próximo da órbita do objecto do Sol) e afélio semelhantes. O maior conhecido é o 1996 TO66 com cerca de 800 km de diâmetro. Alguns investigadores acreditam que Tritão, Plutão e seu satélite Caronte são os maiores objectos do cinturão de Kuiper. Página 3 de 7 NetProf Os objectos do cinturão de Kuiper são muito ténues em brilho. A equipa de David Jewitt conduziu um trabalho onde determinou como a luz se comporta ao reflectir nestes objectos. Em linguagem técnica, diz-se que obteve o espectro da luz reflectida. A análise destes espectros indica-nos, por exemplo, a composição química do objecto, sendo utilizada para determinar a composição química da atmosfera estelar, de nebulosas e outros objectos. Figura 6 - Projecção plana do cinturão de Kuiper mostrando os planetas Júpiter(J) e Neptuno (N). O “ponto” em verde no centro é a posição do Sol. Página 4 de 7 NetProf Figura 7 - Foto original da descoberta de 1992 QB1, gentilmente cedida por David Jewitt. Página 5 de 7 NetProf Figura 8 – Observatório Keck 1 em Mauna Kea, no Havai (EUA) Figura 9 – Cúpula do telescópio Keck 1. Compare suas dimensões com a do homem. Página 6 de 7 NetProf Algumas actividades 1. Utilizando um motor de busca (por exemplo, o Google), procure mais informação sobre os seguintes temas: - CCD - Astrometria - Fotometria -Espectros - Telescópios - O que significa a razão f/D (foco pelo diâmetro) nos telescópios 2. Visite as seguintes páginas na Internet: http://www.ajc.pt/cienciaj/n32/universo.php http://www.uc.pt/iguc/atlas/25cometas.htm http://nautilus.fis.uc.pt/astro/ss/ http://www2.keck.hawaii.edu/ Crédito das imagens Figura1 : http://www.centaurs.info/menu/index.htm?page=/92qbbahn.htm Figura 2: http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:GerardKuiper.jpg Figura 3: http://komety.astrowww.pl/biograf/oort.jpg Figura 6: http://www.cita.utoronto.ca/~murray/GLG130/Pictures/Kuiper_belt.jpg Figura 7: http://www.ifa.hawaii.edu/faculty/jewitt/kb/qb1.html Figura 8: http://www.spacetoday.org/images/DeepSpace/Planets/Keck1SunsetLarge.jpg Figura 9: http://www2.keck.hawaii.edu/geninfo/about.php Página 7 de 7