FACULDADE REDENTOR INSTITUTO ITESA PÓS GRADUAÇÃO EM ESTÉTICA JULIANA DANIELA E SILVA CAMARGO ELETROFISIOLOGIA DA CORRENTE AUSSIE NO TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES ESTÉTICAS MUSCULARES SÃO PAULO 2011 JULIANA DANIELA E SILVA CAMARGO ELETROFISIOLOGIA DA CORRENTE AUSSIE NO TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES ESTÉTICAS MUSCULARES Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido no Curso de Pós Graduação de Estética, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista, na Instituição de Tecnologia Especialização e Aprimoramento (ITESA), sob orientação do professor São Paulo 2011 FOLHA DE APROVAÇÃO DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu excelentíssimo marido, homem que tenho imensa admiração, carinho e respeito, que sempre me apoiou e encorajou, suprindo-me da melhor forma possível. Mesmo com a distância de alguns penosos meses e diante das diversas dificuldades as quais enfrentamos, me ensinou a superá-las, a crescer, a ser forte e com isso me tornei uma mulher melhor para mim, para ele e para o mundo. Muito obrigada querido Deus por me dar um homem tão maravilhoso assim. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a direção certa numa área fantástica e promissora, a qual me encontrei. Ele que sempre esteve ao meu lado a quem recorri nos momentos difíceis, e em dias felizes tive a humildade em agradecer. Aos meus maravilhosos filhos os quais pela simples existência me dão força nos momentos de fraqueza. Aos meus pais, irmãos e em especial minha avó, mulher a qual me inspira por sua tamanha força, essas são as pessoas mais importantes da minha vida, independentemente do momento ou lugar em que esteja todos meus pensamentos serão destinados a vocês. As minhas amigas, companheiras de sala, de ambas as turmas, as quais dividimos tristezas e frustrações sobre o curso, mas que em meio a tantas desilusões ainda sim, somamos nossas alegrias e conhecimentos. Agradeço também a colaboração das alunas que desistiram do curso, pessoas que sem explicação tornam nossas vidas mais alegres. Aos professores que com paciência souberam esclarecer minhas dúvidas e orientar-me da melhor maneira possível e aos demais funcionários que fizeram parte da minha jornada pós acadêmica. Enfim a todos que direta e indiretamente contribuíram na minha formação, tanto profissional quanto pessoal. EPÍGRAFE Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;... tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;... tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim. Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus. Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele. ECLESIASTES 3:1-14 RESUMO O padrão atual de estética destaca a mulher numa imagem atraente, com boa aparência física e integridade social. Para tanto, a inovadora corrente australiana, tem sido um dos recursos mais amplamente utilizados nos tratamentos estéticos de flacidez muscular, por produzir fortalecimento e hipertrofia muscular, por proporcionar melhores resultados em pouco tempo e ainda sem grande esforço físico, considerando suas vantagens sobre as outras correntes já conhecidas. Para tal, a EENM deve ser utilizada efetivamente em músculos sadios, desde que se respeite as características fisiológicas de cada músculo (direção e inervação das fibras musculares; fadiga muscular). Portanto, a Corrente Aussie é um recurso físico terapêutico que nasce para agregar valor clínico aos atendimentos prestados a pacientes que necessitam de tratamentos às disfunções estéticas. Torna-se importante ressaltar que dezenas de publicações científicas dão suporte incontestável à eficiência do uso dessa, situação que não se verificou durante a concepção de outros recursos eletroterapêuticos ao longo dos anos. Todos os valores físicos atribuídos à Corrente Aussie (corrente Australiana) tanto para reforço muscular quanto para a estimulação sensorial têm por trás de seus valores um vasto embasamento científico e assim, para essa modalidade terapêutica a prática baseada em evidências é uma realidade incontestável. Palavras chave: Corrente Aussie. Eletroestimulação Neuromuscular. Estética. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Estrutura básica do músculo .....................................................................15 Figura 2 - Túbulos transversos e o ret. sarcoplasmático de uma fibra muscular......16 Figura 3 – O Ca2+ se liga a troponina localizada no filamento de actina e a troponina traciona a tropomiosina de cima dos sítios ativos, permitindo que as cabeças da miosina se fixem no filamento de actina.....................................................................17 Figura 4 - Unidade funcional básica de uma miofibrila: sarcômero ..........................19 Figura 5 - Um neurônio motor libera acetilcolina, a qual se liga aos receptores localizados sobre o sarcolema...................................................................................21 Figura 6 - Uma fibra muscular (a) relaxada; (b) contraindo; e, (c) totalmente contraída, ilustrando a ação do tipo remo, responsável pelo deslizamento dos filamentos de actina e de miosina..............................................................................23 Gráfico 1- a) corrente com forma de onda senoidal, de característica bifásica simétrica; b) outra forma de representação gráfica da onda senóide; c) representação gráfica de pulsos bifásicos simétricos, quadrados e triangulares; e, d) corrente modulada por rajadas, ou “corrente russa”..................................................38 Gráfico 2 - "rampagem", mediante a lenta elevação da intensidade da corrente....41 Gráfico 3 – Forma de onda dos estímulos proporcionados pela (a) Corrente Interferencial, (b) Corrente Russa e (c) Corrente Aussie (Corrente Australiana), ilustrando as diferentes durações de Bursts..............................................................53 Gráfico 4 – (a) duração de Bursts e (b) freqüência ideal para a produção de torque. As correntes utilizadas no experimento foram TENS, corrente australiana (AUSSIE), corrente Russa e corrente Interferencial. A corrente Aussie (corrente Australiana) foi a mais eficiente...........................................................................................................56 Gráfico 5 – (a) duração de Bursts e (b) freqüência ideal para a estimulação confortável. As correntes utilizadas no experimento foram TENS, corrente Australiana (corrente Aussie), corrente Russa e corrente Interferencial. A corrente Australiana foi a mais eficiente...................................................................................57 Gráfico 6 – Mudança no tempo de tolerância da dor (tempo em que o voluntário suporta imersão de sua mão na água fria). Os ciclos T1 e T2 apontam o período préintervenção. Os ciclos T3 e T4 durante a intervenção e T5 e T6 logo após a intervenção.................................................................................................................59 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADM Amplitude de movimento Acth Acetilcolina AVAL. Avaliação CA Corrente alternada CC Corrente contínua DIF. Diferença EE Estimulação elétrica EENM Eletroestimulação Neuromuscular IN. Inicial MEC Meio extracelular MIC Meio intracelular OTG Orgão tendinoso de golgi REAV. Reavaliação UM Unidade motora UMs Unidades motoras LISTA DE SÍMBOLOS Ach Acetilcolina ADP Adenosina difosfato ATP Adenosina trifosfato Ca++ Íon cálcio CO2 Gás Carbônico CO-A Acetilcoenzima A CrP Creatina fosfato GTP Guanosina trifosfato H2O Água Kg/cm Kilograma por centímetros LDH Hidrogenase láctica MMOL Moléculas MS Mili segundos O2 Oxigênio PO Fosfato S Segundos SNC Sistema nervoso central % Porcentagem SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 2 MÚSCULO ESQUELÉTICO .................................................................................. 13 2.1 ESTRUTURA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO ............................................... 13 2.1.1 MIOFIBRILAS .......................................................................................... 16 2.1.2 UNIDADE MOTORA ................................................................................ 18 2.1.3 AÇÃO DA FIBRA MUSCULAR ................................................................ 19 2.1.4 TIPOS DE FIBRA MUSCULAR ............................................................... 23 2.1.5 TIPOS DE CONTRAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR ................................. 25 2.2 FORÇA MUSCULAR ...................................................................................... 27 2.3 HIPOTONIA MUSCULAR .............................................................................. 30 2.4 HIPERTROFIA MUSCULAR .......................................................................... 32 3 ELETROESTIMULAÇÃO ...................................................................................... 33 3.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ELETRICIDADE ................................................. 34 3.2 CARACTERÍSTICAS DA CORRENTE ELÉTRICA ........................................ 35 3.3 ASPECTOS ELETROFISIOLÓGICOS .......................................................... 40 3.3.1 AUMENTO DA FORÇA MUSCULAR ..................................................... 43 3.3.2 EFEITOS NO METABOLISMO MUSCULAR.......................................... 44 3.3.3 FADIGA MUSCULAR ............................................................................. 44 3.3.4 MUDANÇA NA ESTRUTURA DAS FIBRAS MUSCULARES................. 45 3.3.5 UNIDADES MOTORAS TÔNICAS E FÁSICAS ..................................... 46 4 CORRENTE AUSSIE OU CORRENTE AUSTRALIANA ...................................... 48 4.1 ELETROFISIOLOGIA DA CORRENTE AUSSIE............................................ 51 4.2 INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES ...................................................... 57 4.3 VANTAGENS SOBRE AS OUTRAS CORRENTES ....................................... 58 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 60 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 61 11 1 INTRODUÇÃO Em pleno século XXI, época em que não só as mulheres, mas também os homens se preocupam demasiadamente com o aspecto estético e com sua imagem cada vez mais jovem e atraente, difunde-se uma ampla área de atuação multiprofissional que visa desde a prevenção ou tratamento das deformidades posturais até o tratamento das patologias estéticas, ou seja, proporciona uma completa atuação do profissional ligada à saúde estética. Visando esclarecer a terapia mais eficaz para a flacidez e hipotonia muscular, uma das disfunções estéticas mais prejudiciais por estar ligada à inatividade física (perda do tônus ou força muscular), desequilíbrio alimentar (devido às dietas) e o envelhecimento fisiológico, as disfunções que favorecem ou resultam nesta patologia, pois uma alteração nessa musculatura interfere na imagem corporal do paciente, afetando sua auto-estima. No entanto, as abordagens terapêuticas utilizadas na eletroterapia estética são os mesmos recursos utilizados na fisioterapia em geral. Sendo as correntes de eletroestimulação neuromuscular, entre elas, a corrente aussie, que recentemente substituiu a corrente russa, é a que mais se destaca entre as terapias que envolvem a flacidez muscular. Motivo pelo qual será estudada neste trabalho. A corrente australiana, também denominada corrente aussie, apresenta uma estimulação motora intensa e eficiente e com desconforto mínimo a freqüência de 1000 Hz ou 1kHz , deve ser utilizada combinada com a modulação em Bursts com duração de 2 ms, para recuperação funcional dos músculos esqueléticos. Estudos comparativos sugerem maior produção de torque da corrente australiana quando comparada as estimulações russa e realizadas por meio da FES. (MANUAL NEURODYN 10). É indicada para o fortalecimento muscular e mudança na função do tecido muscular, e vem sendo utilizada como um importante recurso para coadjuvar os tratamentos estéticos, principalmente na flacidez muscular (EVANGELISTA et al, 2003a). No entanto, a corrente aussie pode auxiliar ou melhorar o tratamento estético, onde várias técnicas como a plástica, a gordura localizada e a flacidez muscular, começaram a receber um tratamento mais eficaz e em curto prazo, com a 12 eletroestimulação do que apenas com exercícios isolados. Além de servir como um excelente método alternativo nas preparações físicas para o desporto. Neste trabalho descreve-se uma pesquisa feita através de levantamento de dados bibliográficos, tendo por objetivo analisar os efeitos eletrofisiológicos da corrente australiana na musculatura do indivíduo saudável para atestar sua efetividade, essa terapia também denominada de estimulação elétrica neuromuscular EENM, que é a aplicação da corrente elétrica, a qual visa promover uma contração muscular para tratamento da hipotrofia muscular, espasticidade, contraturas e fortalecimento, além de programas de treinamento de atletas, gerando um ganho de torque isométrico de até 44%, objetivando promover, aperfeiçoar ou adaptar as capacidades iniciais de cada indivíduo, (PICHON et al, 1995). a qual pode apresentar inúmeros protocolos diferentes. (DOMINGUES, 2004). Logo, justifica-se a elaboração de um estudo aprofundado sobre os efeitos eletrofisiológicos da corrente aussie, visando verificar o porquê esse tipo de corrente diz ser mais eficaz do que as correntes existentes no mercado (corrente farádica e corrente russa), obtendo assim, aumento significante nos resultados dos tratamentos estéticos da musculatura eletroestimulada, adquirindo protocolos precisos de eletroestimulação para tais fins. 13 2 MÚSCULO ESQUELÉTICO 2.1 ESTRUTURA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO O músculo esquelético é composto por vários tipos de tecidos. Entre eles se encontram, as fibras musculares, o tecido nervoso, o sangue e os vários tipos de tecido conjuntivo. Dentre os tecidos conjuntivos encontra-se a fáscia, que tem como função manter os músculos individuais no lugar e separados entre si. Além da fáscia, existem mais três camadas de tecido conjuntivo no músculo esquelético, como ilustramos na Figura 1 (POWERS, 2000). A camada mais externa de tecido conjuntivo, que envolve todo músculo e o mantém unido é denominada de epimísio. Ao seccionar o epimísio, observa-se outro tecido conjuntivo, denominado de perimísio, tecido este que envolve feixes individuais de fibras musculares, denominados de fascículos. Cada fibra muscular de um fascículo é revestida por um tecido conjuntivo denominado de endomísio (FOX, 1983). A fibra muscular individual tem formato de um cilindro fino e alongado, que possui o comprimento do músculo, o qual pertence, podendo chegar a 18 cm de comprimento e seu diâmetro varia de 50 a 100 mm (WEINECK, 2000). A forma do músculo esquelético varia de acordo com sua função, e a força de contração que este apresenta dependerá da quantidade de fibras nele inserida. Os músculos com pequenas fibras não são capazes de gerar muita força, ao contrário dos músculos que possuem grande quantidade (GARDINER, 1995). A fibra muscular é envolta por uma membrana celular verdadeira (membrana plasmática), denominada sarcolema (POWERS, 2000). O sarcolema é um revestimento externo, constituído por uma fina camada de material polissacarídeo, que contém inúmeras e finas fibrilas colágenas (GUYTON, 2002). Em cada extremidade da fibra muscular, essa camada superficial do sarcolema, se funde com uma fibra tendinosa e por sua vez as fibras tendinosas juntam-se em feixes para formar os tendões dos músculos, que a seguir se inserem nos ossos. Os tendões por sua vez, são constituídos por cordões fibrosos de tecido conjuntivo que transmitem a força gerada pelas fibras musculares aos ossos e conseqüentemente criando o movimento (WILMORE, 2001). 14 Figura 1- Estrutura básica do músculo Fonte: WILMORE, H. J.; COSTILL, L. D. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2 ed. São Paulo: Manole, 2001, p. 29. No interior do sarcolema, verifica-se que uma fibra muscular contém subunidades cada vez menores. Dentre estas sub unidades, as maiores são as miofibrilas, que são estruturas que possuem um aspecto de bastão e que percorrem a extensão das fibras musculares. Preenchendo os espaços existentes entre as miofibrilas, encontra-se uma substância gelatinosa, trata-se do sarcoplasma (WILMORE, 2001). O sarcoplasma é a parte líquida da fibra muscular, que é composta, principalmente por uma grande quantidade de potássio, magnésio e fosfato, assim como múltiplas enzimas protéicas (GUYTON, 2002). É o local da obtenção de energia anaeróbia (glicólise), da síntese e degradação do glicogênio e, da síntese dos ácidos graxos (WEINECK, 2000). No sarcoplasma, também estão presentes grandes quantidades de mitocôndrias, localizadas paralelamente a miofibrila (GUYTON, 2002). As mitocôndrias representam a “usina de força” da fibra muscular, uma vez que é na mitocôndria que ocorre a queima oxidativa do substrato energético, nelas encontram-se as enzimas do ciclo do ácido cítrico e da cadeia respiratória, encontrase também a fosforilação oxidativa e a obtenção de energia para a contração (WEINECK, 2000). 15 O sarcoplasma possui uma extensa rede de túbulos transversos (túbulos T), extensões do sarcolema, que transpõem-se lateralmente à fibra muscular Esses túbulos são interconectados, permitindo que os impulsos nervosos recebidos pelo sarcolema sejam rapidamente transmitidos as miofibrilas. (FOX, 1983). Os túbulos T, também provêem vias de acesso, para substâncias transportadas nos líquidos extracelulares, como glicose, oxigênio e íons, para as partes mais internas da fibra muscular, como ilustrado na Figura 2. (WILMORE, 2001). Existe também no sarcoplasma, o retículo endoplasmático, que na fibra muscular, é denominado de retículo sarcoplasmático. Esse retículo possui uma organização especial, e serve como local de armazenamento de cálcio (essencial para a contração muscular) (GUYTON, 2002). A fração volumétrica do sistema reticular e dos túbulos T é de aproximadamente 5% do volume total de uma fibra muscular, com o treinamento de exercícios constantes, esse volume aumenta, cerca de 12% (FOX, 1983). Figura 2 - Túbulos transversos e o retículo sarcoplasmático de uma fibra muscular Fonte: WILMORE, H. J. ; COSTILL, L. D. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2 ed. São Paulo: Manole, 2001, p. 30. 16 2.1.1 MIOFIBRILAS Uma fibra muscular consiste de centenas a milhares de fibrilas, localizadas no sarcoplasma, que correm paralelamente, chamadas de miofibrilas. Cada miofibrila, é formada por cerca de 1500 filamentos de miosina e 3000 filamentos de actina, que são grandes moléculas protéicas polimerizadas responsável pela contração muscular (GUYTON, 2002). Segundo Weineck (2000), os filamentos de actina são formados pela proteína muscular específica actina, pela proteína reguladora troponina (composta por sub-unidades I, C, T) e pela tropomiosina. A actina forma a estrutura de suporte do filamento, sendo moléculas globulares que se unem para formar os filamentos de actina. Cada molécula de actina possui um sítio de ligação ativo, que serve como ponto de contato para a cabeça da miosina. A tropomiosina é uma proteína em formato de tubo que se retorce em torno dos filamentos de actina, cobrindo os sítios ativos presentes. Já a troponina é uma proteína mais complexa que se fixa entre os filamentos de actina e tropomiosina (WILMORE, 2001). A tropomiosina e a troponina atuam em conjunto de maneira intrincada com os íons de cálcio (Ca 2+) para manter o relaxamento ou iniciar a ação de contração, conforme a Figura 3 (GUYTON, 2002). 2+ Figura 3 – O Ca se liga a troponina localizada no Filamento de actina e a troponina traciona a tropomiosina de cima dos sítios ativos, permitindo que as cabeças da miosina se fixem no filamento de actina FONTE: WILMORE, H. J. ; COSTILL, L. D. Fisiologia do Esporte e do Exercício.2 ed. São Paulo: Manole, 2001, p. 35. 17 Os espessos filamentos de miosina constituem-se de 300 a 400 moléculas de miosina, dispostas paralelamente (SCOTT, et al, 2001). Cada molécula de miosina é composta por dois filamentos protéicos retorcidos conjuntamente (WILMORE, 2001). Em cada extremidade desse filamento encontra-se uma proteína, de formato globular, denominada cabeça da miosina (FOX, 1983). O filamento possui várias dessas cabeças, as quais formam protrusões no filamento de miosina para formar as pontes cruzadas, que se interagem durante a ação muscular com sítios ativos especializados sobre os filamentos de actina (WEINECK, 2000). Esses filamentos de miosina são mantidos no eixo longitudinal, por um conjunto de filamentos finos, compostos por titina (WILMORE, 2001). Os filamentos de actina e miosina dispõem-se ordenadamente na fibra muscular de forma paralela, provocando a aparência estriada da musculatura esquelética. Estes dois filamentos estão contidos entre um par de linhas, denominadas de linha Z (WEINECK, 2000). A estrutura delimitada por cada par da linha Z denomina-se sarcômero, sendo este a unidade funcional básica de uma miofibrila. Uma miofibrila é composta por numerosos sarcômeros, unidos pela extremidade da linha Z. Cada sarcômero inclui o que é encontrado entre cada par de linha Z, na seguinte seqüência: (1) banda I clara indica a região do sarcômero onde existem apenas filamentos de actina; (2) banda A escura contém tanto filamentos espessos de miosina, quanto filamentos finos de actina; (3) zona H, porção central da banda A, aparecendo somente quando o sarcômero se encontra relaxado (em repouso); (4) banda A, constituída pelos filamentos de miosina; e, (5) segunda banda I, conforme Figura 4. (POWERS, 2000). 18 Figura 4 - Unidade funcional básica de uma miofibrila: sarcômero FONTE: WILMORE, H. J. ; COSTILL, L. D. Fisiologia do Esporte e do Exercício.2 ed. São Paulo: Manole, 2001, p. 32. 2.1.2 UNIDADE MOTORA As fibras musculares esqueléticas são inervadas por grandes fibras nervosas mielinizadas, com origem nos grandes motoneurônios dos cornos anteriores da medula espinhal (a maioria, se não todos os neurônios que inervam os músculos esqueléticos são da classificação A alfa (á) (SMITH, et al, 1997). Cada fibra nervosa após penetrar no ventre muscular, normalmente ramifica-se e estimula de três a centenas de fibras musculares esqueléticas, sendo que, o fator determinante da quantidade de fibras inervadas, deve-se exclusivamente ao tipo de músculo em questão. Todas as fibras musculares inervadas por uma só fibra nervosa motora formam uma unidade motora (UM). Em geral os pequenos músculos, que reagem rapidamente e cujo controle exige uma maior precisão, têm poucas fibras musculares em cada UM; inversamente, os grandes músculos, que não necessitam de um controle delicado, podem apresentar várias centenas de fibras musculares em cada UM (GUYTON, 2002). 19 A quantidade de força que pode ser gerada pelo sistema musculoesquelético depende da integridade dos elementos contráteis e nãocontráteis (endomísio, epimísio e perimísio) das UMs (FRONTERA, et al, 1999). Todas as fibras musculares pertencentes a uma dada UM, contraem-se ou relaxamse quase simultaneamente, ou seja, elas são recrutadas de maneira assincrônica, pois são controladas por alguns neurônios diferentes que podem transmitir impulsos excitatório ou inibitório. Logo o fato do músculo contrair ou relaxar depende do somatório de muitos impulsos recebidos pela UM num determinado momento (SMITH, et al, 1997). A UM é ativada e as suas fibras motoras somente se contraem quando os impulsos excitatórios eferentes ultrapassam os impulsos inibitórios, e o limiar é atingido (MELLEROWICZ, 1979). Se a estimulação for inferior a esse limiar, não ocorre a ação da fibra muscular. No entanto, com qualquer estímulo igual ou superior ao limiar, ocorre à ação máxima na fibra muscular, esse fenômeno é conhecido como resposta-de-tudo-ou-nada. Como todas as fibras musculares de uma UM recebem a mesma estimulação neural, todas apresentam uma atuação máxima, sempre que o limiar é atingido (WILMORE, 2001). Embora esta lei fisiológica seja verdadeira para cada fibra muscular e UM, ela não se aplica ao músculo como um todo. Portanto, é possível que o músculo exerça forças de intensidades gradativas, indo desde uma contração quase imperceptível até o tipo mais vigoroso de contração. A existência dessa graduação em intensidades de força é resultado da capacidade que a UM possui de se sobrepor a mais um estímulo, antes de relaxar completamente do movimento prévio, caracterizando o efeito de somação. Se os estímulos são repetidos regularmente com uma freqüência suficientemente alta, a somação continua até ocorrer fusão completa de cada movimento, resultando em uma contração. Nessas condições, dizse que a UM se encontra em tetania, com a tensão sendo mantida num alto nível, enquanto os estímulos continuam até surgir à fadiga (FOX e MATHEWS, 1983). 2.1.3 AÇÃO DA FIBRA MUSCULAR Os eventos que desencadeiam a ação de uma fibra muscular são complexos, sendo controlados e coordenados pelo cérebro (SIQUEIRA, 2003). O 20 processo é iniciado por um impulso motor originário do cérebro ou na medula. Esse impulso chega nas terminações nervosas (terminais axônicos), as quais se localizam muito próximas do sarcolema, e, secretam uma substância neurotransmissora denominada acetilcolina (Acth). A Acth se liga a receptores localizados no sarcolema, formado por uma membrana invaginada, denominada de goteira sináptica, ilustrada na figura 5. (POWERS, 2000). Para Guyton (2002), as fibras nervosas se ramificam em sua extremidade para formar um complexo de terminações nervosas ramificadas, que, por sua vez, invaginam-se para dentro da fibra muscular, permanecendo fora da membrana plasmática, caracterizando uma estrutura denominada placa motora (WILMORE, 2001). A extremidade do motoneurônio não entra em contato físico com a fibra muscular, sendo separada por um pequeno espaço denominado fenda neuromuscular (fenda sináptica). Quando um impulso nervoso alcança a junção neuromuscular, cerca de 125 vesículas de Acth são liberadas dos terminais para o espaço sináptico. A Acth se difunde pela fenda neuromuscular para ligar-se aos sítios receptores da placa motora muscular, inervada pela respectiva terminação nervosa (POWERS, 2000). Figura 5 - Um neurônio motor libera acetilcolina, a qual se liga aos receptores localizados sobre o sarcolema. FONTE: WILMORE, H. J.; COSTILL, L. D. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2 ed. São Paulo: Manole, 2001, p. 30. 21 Se uma quantidade suficiente de Acth ligar-se aos receptores, será transmitida uma carga elétrica em toda a extensão da fibra muscular, resultando na abertura dos canais iônicos de sódio na membrana muscular, permitindo que este entre. Esse processo caracteriza-se a despolarização da membrana muscular, que acaba resultando na geração de um potencial de ação (WILMORE, 2001). Além da despolarização da membrana da fibra muscular, o impulso elétrico se propaga através da fibra, por intermédio dos túbulos T, desencadeando a liberação de Ca2+ pelas vesículas localizadas no retículo sarcoplasmático. O Ca2+ é captado imediatamente pelas moléculas de troponina, localizadas sobre os filamentos de actina. Isso resulta na ligação da “cabeça” da miosina com os sítios ativos localizados sobre o filamento de actina (FOX, 1983). Em estado de repouso, as moléculas de tropomiosina, repousam sobre os sítios ativos dos filamentos de actina, impedindo ou enfraquecendo a ligação existente entre o sítio ativo do filamento de actina com as “cabeças” da miosina (Figura 6a). Quando os íons de Ca2+ são liberados do retículo sarcoplasmático, eles se ligam a sub-unidade C da troponina sobre os filamentos de actina (WEINECK, 2000). A troponina com sua forte afinidade pelos íons Ca2+ inicia o processo de ação através da retirada das moléculas de tropomiosina de cima dos sítios ativos dos filamentos de actina, permitindo que as cabeças da miosina se fixem a esses sítios, conforme a Figura 6b (WILMORE, 2001). Ocorre então, uma ligação forte das diversas cabeças de miosina (ponte cruzada) com os sítios localizados no filamento de actina , havendo a liberação da energia armazenada na molécula de miosina (energia esta originada dentro das mitocôndrias localizadas próximas à miofibrila e degradada pela enzima ATPase localizada na molécula de miosina), produzindo um movimento angular (movimento de remo) de cada ponte cruzada resultando no encurtamento do músculo, observe a Figura 6c. A ligação de uma nova ATP às pontes cruzadas da miosina rompem o estado de ligação forte da ponte cruzada da miosina ligada a actina, acarretando um estado de ligação fraca, proporcionando ao músculo um período de relaxamento (POWERS, 2000). 22 Figura 6 - Uma fibra muscular (a) relaxada; (b) contraindo; e, (c) totalmente contraída, ilustrando a ação do tipo remo, responsável pelo deslizamento dos filamentos de actina e de miosina FONTE: WILMORE, H. J. ; COSTILL, L. D. Fisiologia do Esporte e do Exercício.2 ed. São Paulo: Manole, 2001, p. 36. A enzima ATPase degrada novamente a ATP ligada à ponte cruzada da miosina para que haja o reacoplamento a outro sítio ativo da molécula de actina. Esse ciclo de contração pode ser repetido enquanto houver Ca2+ livre e disponível 23 para se ligar a troponina, e a possível degradação de ATP para fornecer energia (POWERS, 2000). O sinal para a interrupção da contração é a ausência do impulso nervoso na junção neuromuscular. Quando isso ocorre, uma bomba de Ca2+ localizada no retículo sarcoplasmático começa a mover os íons Ca2+ de volta para ele. Essa remoção do cálcio da troponina faz com que a tropomiosina se mova para trás a fim de cobrir os sítios ativos da molécula de actina, impedindo a interação desses sítios com a cabeça da miosina (WILMORE, 2001). 2.1.4 TIPOS DE FIBRA MUSCULAR O músculo esquelético humano é composto por uma coleção heterogênea de fibras musculares, que variam estrutural, histoquímica e metabolicamente. A maioria dos músculos esqueléticos contêm uma mistura de tipos de fibras, mas sempre há o predomínio de um tipo. A existência dessa variabilidade, ajuda a esclarecer a bioquímica e a fisiologia básica do trabalho muscular esquelético, além de explicar como as estruturas e as funções musculares se adaptam ao treinamento e aos estágios patológicos (FRONTERA, et al, 1999). Para Scott (2001), essa grande variabilidade entre as fibras musculares, permite ao músculo esquelético diversas capacidades. Porém, essa diversificação pode também ser causa de deficiências e incapacidades, verificadas em pacientes com descondicionamento físico, resultado por longo período de inatividade e imobilização, ou até pela presença de musculatura denervada. Em outras palavras, a fisiologia do músculo depende exclusivamente do sistema neuromotor, porém, a sua morfologia parece ser influenciada pelas condições mecânicas do seu funcionamento (TRIBASTONE, 2001). Os tipos de fibras musculares podem ser classificados através de características histológicas, biológicas, morfológicas e físicas; entretanto, foi através das características histológicas, que as fibras foram divididas em duas categorias principais: fibras do tipo I e II (SCOTT, et al, 2001). As fibras do tipo I, também chamadas de fibras de contração lenta, fibras tônicas, ou ainda Slow Twich, são mais adequadas para contrações sustentadas ou repetitivas, que requerem tensão relativamente baixa ,como caminhar, ficar em pé e 24 muitas atividades da vida diária (WEINECK, 2000). Tais funções são bem sustentadas por um rico suporte sangüíneo (FRONTERA, et al, 1999). De acordo com Bienfait (1993), as fibras tipo I, contém muitas enzimas oxidativas (grande quantidade de mitocôndria) e são envolvidas por mais capilares do que qualquer outro tipo de fibra, possuindo uma grande quantidade de mioglobina, quando comparada com as fibras do tipo II. Esses fatores proporcionam a essas fibras, um metabolismo aeróbio e de alta resistência à fadiga (WILMORE, 2001). As fibras tipo II, também chamadas de fibras de contração rápida, fibras fásicas ou Fast Twich, são subdivididas em fibras tipo IIa, IIb e IIc. Essas por sua vez, são mais adequadas à atividades que requerem desenvolvimento rápido e de alta tensão, atividades estas, que acabam resultando na hipertrofia muscular. Essas fibras exibem um número diminuído de mitocôndrias, uma capacidade limitada de metabolismo aeróbio e pouca densidade de capilares. Fatores, que contribuem para uma baixa resistência à fadiga, quando comparadas com as fibras do tipo I. entanto, são ricas em enzimas glicolíticas, as quais lhes provêem uma grande capacidade anaeróbia, a partir da glicólise (WEINECK, 2000). Para Smith, et al (1997), as diferenças existentes entre as fibras de contração rápida, não são totalmente esclarecidas, mas acredita-se que as fibras do tipo IIa, também chamadas de fibras glicolítica rápida, sejam mais freqüentemente recrutadas, em comparação com as demais fibras de contração rápida. Essas por sua vez, são maiores em diâmetro, e capazes de desenvolver maior força de contração, em um tempo significativamente mais curto, quando comparada às fibras do tipo I. Exibem também, características bioquímicas e de fadiga, que se enquadram entre as pertencentes as fibras do tipo II b e do tipo I. Além de serem extremamente adaptáveis, podendo elevar sua capacidade oxidativa à níveis iguais aos das fibras tipo I (WEINECK, 2000). A tensão específica das fibras tipo II b é similar à das fibras tipo II a, mas é maior do que as fibras tipo I. As fibras tipo II b, são menos eficientes, quando comparada com os outros tipo de fibras existentes. Essa baixa eficiência se deve à alta atividade da ATPase1, que acarreta maior consumo energético por unidade de trabalho realizado (POWERS, 2000). As fibras do tipo II apresentam um retículo sarcoplasmático mais desenvolvido do que as fibras do tipo I, por isso apresentam uma maior facilidade na liberação de cálcio no interior da fibra muscular quando estimulada. Portanto, essas 25 fibras tornam-se portadoras de uma alta capacidade para a transmissão eletroquímica dos potenciais de ação, um alto nível de atividade de miosina ATPase, e um alto ritmo de renovação das pontes cruzadas. Características essas que se relacionam com sua 1 A miosina ATPase é a enzima que degrada a ATP liberando ADP+ pi+ energia. Energia esta, utilizada para a contração. capacidade de gerar energia rapidamente, para produzir contrações rápidas e vigorosas (McARDLE, 1998). Com o retículo sarcoplasmático mais desenvolvido, as fibras tipo II apresentam uma maior velocidade de ação, em torno de 5 a 6 vezes mais rápida que as do tipo I (BIENFAIT, 1993). Em média, os músculos são compostos por aproximadamente 50% de fibras tipo I, 25% de fibras de tipo IIa e os 25% restantes são representados por fibras de IIb, sendo que, as fibras IIc representam apenas 1% a 3% dos músculos (WILMORE, 2001). Essa porcentagem dos tipos de fibras lentas e rápidas contidas no músculo esquelético pode ser influenciada pela genética, pelos níveis hormonais no sangue e pelos hábitos de atividade física que o indivíduo apresenta (POWERS, 2000). De acordo com Weineck (2000), as fibras do tipo I e as do tipo II são assim denominadas, pela diferença na estrutura molecular de suas miosinas ATPase. Diferenciando entre miosina lenta e rápida, ou seja, pela diferença em sua velocidade de ação (WILMORE, 2001). Para Domingues (2004) as unidades motoras podem também influenciar se a fibra será tipo I ou tipo II. O motoneurônio de uma UM da fibra I possui um pequeno corpo celular e inerva um conjunto de 10 a 180 fibras musculares. Em contraste, o motoneurônio de UM de fibra tipo II possui um corpo celular maior e mais axônios, e inerva mais fibras musculares. Conseqüentemente quando mais fibras musculares o motoneurônio estimula, maior a tensão de força gerada (WILMORE, 2001). 2.1.5 TIPOS DE CONTRAÇÃO DA FIBRA MUSCULAR De acordo com a pesquisa de Martins (2009) basicamente a contração muscular é um processo complexo que envolve muitas proteínas celulares e 26 sistemas de produção de energia. Seu resultado é o deslizamento da actina sobre a miosina provocando o encurtamento do músculo e conseqüentemente provocando tensão sobre ossos, tendões e ligamentos (POWERS, 2005). Segundo Guirro (2002), a contração muscular é dividida em isotônica, quando há movimento da articulação do segmento em questão, e isométrica, quando as articulações não são mobilizadas. A contração isotônica é dividida em concêntrica, quando ocorre aproximação entre origem e inserção muscular, e excêntrica, quando ocorre o afastamento entre a origem e a inserção do músculo. Em uma contração isométrica o músculo esta ativo, porém não há mudança visível ou externa na posição da articulação, ou seja, o músculo desenvolve tensão sem que ocorra seu encurtamento. Essa tensão desenvolvida pela musculatura faz com que o diâmetro do músculo aumente, por isso que fisiculturistas promovem contração isométrica para exibirem seus músculos em uma competição (GUYTON, 2002). A contração concêntrica é quando o músculo gera tensão ativamente provocando seu encurtamento, acarretando no movimento, geralmente contra a gravidade, de determinada articulação. Uma fibra muscular é capaz de encurtar-se cerca de metade do seu comprimento normal (DOMINGUES, 2004). Já a contração excêntrica é quando o músculo que esta sendo estimulado se alonga para desenvolver tensão. Geralmente o movimento gerado por esse tipo de contra é a favor da gravidade. As contrações excêntricas também são usadas para diminuir a velocidade de um movimento (IDEM). Os três (3) tipos de contração são usados combinados e nunca isoladamente. Normalmente a contração isométrica estabiliza uma parte do corpo, enquanto as contrações excêntricas e concêntricas são utilizadas seqüencialmente para aumentar a armazenagem de energia e o desempenho muscular (IDEM). O tipo de contração muscular influencia no rendimento da potência do músculo. Dos três (3) tipos de contração muscular, a contração isotônica excêntrica produz maior rendimento de força e a contração isotônica concêntrica é a que produz a menor força, ficando a contração isométrica em posição intermediária (GUIRRO, 2002). Para Gardiner (1995), o trabalho muscular envolve um aumento da tensão intra-muscular. Quando o aumento é acompanhado de uma mudança no comprimento do músculo, diz-se que a contração é isotônica. Quando a tensão 27 muscular é aumentada, sem que haja alteração no comprimento do músculo, denomina-se contração isométrica. Segundo Canavan (1995), neste tipo de contração, não há alteração no comprimento muscular, e é utilizado para trabalhar com uma articulação estabilizada, pois a força da sua contração é exatamente igual e oposta às forças que se opõem a ela. Neste caso, as ligações do músculo permanecem estacionárias, fazendo com que este trabalhe estaticamente. O trabalho estático é mais econômico do que qualquer outro tipo de contração isotônica (concêntrica e excêntrica), mas é fatigante quando mantido por períodos longos. Este tipo de contração realizada contra resistência máxima fornece o métodomais rápido para se obter hipertrofia muscular em um determinado ponto de amplitude, porque a resistência necessita do maior aumento possível da tensão intra-muscular (BIENFAIT, 1993). A velocidade de encurtamento presente em uma contração isométrica é zero. Nessas velocidades baixas o número máximo de pontes cruzadas podem ser formadas, pois, quanto mais rápido os filamentos de actina e miosina deslizam um em relação ao outro, menor o número de ligações que são formadas entre os filamentos em uma unidade de tempo, e como conseqüência menor quantidade de força será desenvolvida (SMITH, et al 1997). Segundo Tribastone (2001), um músculo que trabalhe habitualmente em contração isométrica ou estática, com movimentos lentos e de pouca amplitude, com o tempo aumenta o volume do seu sarcoplasma. Isso ocorre devido à necessidade do músculo solicitar glicogênio e oxigênio diretamente do seu sarcoplasma, não podendo solicitá-los da corrente circulatória, porque a contração determina uma ruptura oclusiva vascular, como resultado, há um aumento bastante significativo da potência muscular. Para Canavan (1995), a contração isométrica é o tipo de contração mais utilizada nas fases iniciais da reabilitação, pois nesta fase não é permitido a realização de qualquer exercício em grandes amplitudes. 2.2 FORÇA MUSCULAR Força muscular é a capacidade que o músculo tem produzir força e gerar tensão ativa. Essa força pode também ser definida como a força máxima produzida em uma contração voluntária única (DOMINGUES, 2009). 28 Existem alguns fatores que afetam a força muscular, além de fatores neurológicos, metabólicos, endócrinos e psicológicos, outros fatores interferem na força muscular ou em uma contração voluntária máxima. Estes outros fatores são: tipos de fibra muscular, comprimentos do músculo no momento da contração, alavancagem do músculo, velocidade de contração, sexo e idade (SMITH, et al 1997). As fibras musculares podem ser de contração lenta ou de contração rápida. As fibras rápidas apresentam um maior potencial para o desenvolvimento de tensão, portanto, pessoas com uma quantidade maior de fibras de contração rápida têm uma predisposição maior para o desenvolvimento da força (BANKOFF, 2007). Evidências atuais indicam que os tipos de fibras musculares crescem mais com o treinamento de força, porém nas fibras de contração rápida este crescimento é pronunciado. Sabe-se então que o treino de força melhora a capacidade dos dois tipos de fibras musculares, porém não há provas de que o treino transforme um tipo de fibra em outro (STARKEY, 2006). Quanto o comprimento do músculo no momento da contração, sabe-se que o músculo quando estendido gera mais força, pois as proteínas contrateis apresentam um recuo elástico e um alinhamento favorável. Assim, o comprimento ideal para gerar tensão muscular é um levemente maior que o comprimento do músculo em repouso (BANKOFF, 2007). A alteração na alavancagem mecânica na amplitude do movimento articular é outra maneira que o músculo encontra para evitar a fraqueza em uma contração ativa (SMITH, et al, 1997). Em uma posição neutra grande parte da força muscular é transmitida ao longo do comprimento do osso, porém conforme o segmento move-se por uma amplitude média do movimento articular, o ângulo de inserção aumenta e direciona mais força para mover o segmento. Conseqüentemente, iniciar um movimento a partir da posição estendida é mais difícil do que iniciar o movimento a partir de uma flexão na articulação (BANKOFF, 2007). Segundo Martins (2009) as fibras musculares encurtam-se em uma velocidade específica ao mesmo tempo em que desenvolve força para mover um segmento ou peso. Durante o encurtamento os músculos criam uma força ativa que se iguala ao peso e que se ajusta, continuamente, à velocidade com que o sistema contrátil se move. Em situações de baixo peso, a força ativa é ajustada aumentando 29 a velocidade de contração. Já em situações de pesos altos, a força ativa reduz a velocidade de encurtamento. Sabe-se que os homens são mais fortes que as mulheres e que em ambos os sexos a força muscular é ganha desde o nascimento até a adolescência, chegando ao seu máximo entre vinte (20) e trinta (30) anos e com o passar da idade começa a diminuir. Na adolescência a força muscular é aproximadamente igual em meninos e meninas, porém desta época em diante a força no sexo masculino passa a ser maior. Isto ocorre, pois a partir da puberdade a massa muscular dos homens torna-se em torno de cinqüenta por cento (50%) maior do que nas mulheres, assim como a razão entre a massa corporal magra e a massa corporal total (SMITH, et al, 1997). Define-se força como a capacidade máxima de um músculo gerar tensão, é diretamente proporcional à capacidade contrátil dos músculos, que por sua vez depende da quantidade de proteína contrátil nas fibras musculares, e da capacidade de recrutamento de unidades motoras. Para mensuração é utilizado o teste de uma repetição máxima (1RM), que é definido como a maior carga que pode ser movida por uma amplitude específica de movimento uma única vez e com execução correta. (MARTINS, 2009). O autor supra citado também observou que entre a vigésima e trigésima década de vida chega-se ao pico de máxima força, entre as mulheres os níveis de força sempre serão abaixo dos homens, cerca de dois terços menores em qualquer grupo muscular. A partir dos 65 anos, a perda de força torna-se mais severa e é responsável pelos consideráveis déficits motores observados em indivíduos idosos. O ganho de força muscular além de trazer benéfico ao músculo gera impacto positivo sobre a excitação neuromotora, na integridade, viabilidade do tecido conjuntivo e grande sensação de bem estar do indivíduo. Os efeitos fisiológicos desencadeados na musculatura durante o período de treino de força, incluem os fatores neurais, o aumento muscular e a hipertrofia. No início do treinamento é observado um aumento de força, que está diretamente relacionada às adaptações neurais e não a hipertrofia. Essas adaptações incluem um aumento do recrutamento de unidades motoras e uma maior sincronia de descarga dessas unidade. (MARTINS, 2009) A participação regular em programas de exercícios físicos de força muscular causa respostas favoráveis que contribuem para um envelhecimento 30 saudável. Os benefícios desse tipo de treinamento dependem da combinação do número de repetições, séries, sobrecarga, seqüência e intervalos entre as séries e exercícios. No entanto, não se tem ainda muito clara qual a melhor combinação dessas variáveis para uma ótima relação dose-resposta em pessoas idosas. (IDEM) 2.3 HIPOTONIA MUSCULAR Para Meyer, Medeiros e Oliveira (2003) o desenvolvimento da Fisioterapia dermato-funcional veio de encontro do novo conceito de beleza do século XX, em que principalmente as mulheres começaram a analisar suas imagens corporais e lutar contra aqueles excessos gordurosos que resistiam às dietas, ginásticas, assim como começaram a se preocupar com os distúrbios estéticos associados a patologias estéticas como a flacidez muscular. Conforme Guirro (2004,): “A definição da flacidez estética é tema de discussão, uma vez que a flacidez da pele e a hipotonia muscular são considerados por alguns como uma entidade única ao passo que para outros são independentes.” O mesmos autor supra citado afirma que é preciso ficar claro para o profissional que a sua intervenção só será possível no caso de hipotonia muscular ou flacidez muscular, pois no caso de flacidez de pele somente a cirurgia plástica resolverá o problema. Por isso, é necessário que fique diferenciado os conceitos de flacidez da pele e de flacidez muscular. Para tanto, O’Sullivan e Schmitz (1993, p. 161) afirmam que ... “hipotonia, ou flacidez, é o termo usado para a definição da queda ou ausência do tônus muscular (postural).” A resistência ao movimento passivo está diminuída, os reflexos de estiramento estão deprimidos e os membros são facilmente deslocados (frouxos) com a freqüente hiperextensibilidade das articulações. Os movimentos estão geralmente prejudicados pela fraqueza (paresia) ou paralisia. Então Guirro (2004) afirma que pode classificar a flacidez estética não como uma patologia distinta, mas sim como uma “seqüela” de vários episódios ocorridos como, por exemplo: inatividade física, emagrecimento demasiado, etc. A flacidez da pele, ainda conforme Guirro (2004) é devido o comportamento viscoelástico, que quando seu limite elástico da mesma é 31 ultrapassado por algum motivo, como por exemplo, um indivíduo magro que se torna obeso em um curto período de tempo e depois emagrece novamente, ao cessar o estímulo, ela não volta ao seu tamanho original. Os fenômenos metabólicos evidentes do envelhecimento parece ser o retardamento da síntese de proteínas, em virtude do qual se estabelece um desequilíbrio entre a formação e a degradação. A pele tende a se tornar delgada em alguns locais, enrugada, seca e ocasionalmente escamosa, o que também caracteriza a flacidez da pele (IDEM). A flacidez muscular pode ocorrer com o envelhecimento fisiológico que, segundo Powers (2000), o envelhecimento está relacionado a uma perda da massa muscular. O declínio da massa relacionado à idade parece ter suas fases. Uma fase “lenta” de perda muscular, em que 10% da massa é perdida entre os 25 e os 50 anos de idade. Em seguida, ocorre uma perda rápida de massa muscular. Na verdade entre os 50 e 80 anos de idade, ocorre uma perda adicional de 40% de massa muscular. Portanto, em torno dos 80 anos de idade, metade da massa muscular total foi perdida. (POWERS, 2000). Além disso, o envelhecimento acarreta a perda de fibras rápidas e o aumento de fibras lentas. A perda de tamanho e força muscular observada nos adultos mais velhos e inativos não é restrito à população mais idosa, conforme Powers (2000) e Guirro (2004), o músculo esquelético é um tecido altamente plástico que responde tanto ao uso quanto ao desuso. Embora ocorra uma perda de massa muscular nas pessoas mais velhas, essa redução do tamanho muscular não se deve somente ao processo de envelhecimento, mas, freqüentemente, à atrofia associada à atividade física limitada dos indivíduos mais idosos, tudo isso envolve a hipotonia muscular, caracterizando a flacidez muscular. Embora os exercícios regulares não possam eliminar completamente a perda muscular relacionada à idade, pode aumentar a endurance e a força muscular nos idosos de maneira similar à observada nos indivíduos jovens. (IDEM). Além dos exercícios físicos, outro recurso utilizado para o aumento da massa muscular é a eletroestimulação neuromuscular, através da corrente australiana que vem ampliando seus estudos em relação à estética, mostrando 32 resultados favoráveis no tratamento da flacidez muscular (EVANGELISTA et al, 2003). 2.4 HIPERTROFIA MUSCULAR A partir da melhora das adaptações neurais, ocorre a hipertrofia muscular. Processo adaptativo que resulta em um aumento da área de secção transversa do músculo, assim como em um aumento da área de secção transversa da fibra muscular como resposta ao aumento da síntese protéica, aumento do número e tamanho das miofibrilas, assim como a adição de sarcômeros no interior da fibra muscular. (ORLANDI, 2005) A hipertrofia muscular representa uma resposta normal ao treinamento físico, sendo caracterizada por um aumento no tamanho das fibras musculares individualmente. A contração habitual dos músculos com sobrecarga tensional também produz ao longo do tempo o aprimoramento da coordenação neuromuscular, no sentido do recrutamento de unidades motoras para ação simultânea. A hipertrofia e a melhor coordenação resultam em aumento da força muscular. (IDEM) Nas mulheres o processo da hipertrofia é consideravelmente reduzido comparado aos homens, isso porque esse processo esta intimamente ligada aos níveis de Testosterona, hormônio predominantemente masculino, que em situações saudáveis é encontrado no organismo em níveis muito maiores que o feminino. (IDEM) 33 3 ELETROESTIMULAÇÃO Essencialmente todas as funções e atividades do corpo envolvem alguma forma de eletricidade. Quando aplicamos um sinal elétrico sobre o corpo humano, utilizando duas placas com diferentes potenciais, passamos a ter como carga do circuito uma impedância composta por duas resistências, sendo variável de acordo com a resistência imposta pelo revestimento cutâneo: umidade, temperatura, oleosidade, área da pele que está submetida à corrente (área do eletrodo), espessura da pele, presença de pêlos, espessura do tecido adiposo, solução de continuidade, distância entre os eletrodos, etc. Utilizamos neste estudo o aparelho NEURODYN 10 canais V3.0 da marca IBRAMED, por se tratar de um equipamento moderno no sentido em que utiliza uma forma de corrente diferente dos programas tradicionais de eletroestimulação (EE) na área da estética, onde as correntes polarizadas, representadas inicialmente pela corrente farádica, e principalmente pela corrente russa, ocupavam lugar de destaque. (MANUAL NEURODYN 10) A estimulação elétrica neuromuscular EENM é a aplicação da corrente elétrica, a qual visa promover uma contração muscular, tratamento da hipotrofia muscular, espasticidade, contraturas e fortalecimento, além de programas de treinamento de atletas, gerando um ganho de torque isométrico de até 44%, a qual pode apresentar inúmeros protocolos diferentes (PICHON et al., 1995). A EE tem sido, ao lado da cinesioterapia, um dos recursos amplamente utilizados para se produzir fortalecimento e hipertrofia muscular, especialmente a partir da metade dos anos 70. (NORONHA et al., 1997). Segundo Cabric et al. (1988), alguns autores dizem ter encontrado modificações morfofuncionais (aumento na porção nuclear) em músculos treinados com estimulação elétrica. Os mesmos autores pesquisando os efeitos da estimulação com correntes de média freqüência e alta intensidade concluíram que:1) a estimulação elétrica leva à hipertrofia das fibras musculares (tipo II - 50 % e tipo I 20%); 2) o volume nuclear interno teve um aumento tecidual de 25%; 3) o tamanho e o volume das fibras estão completamente relacionados com o volume dos mionúcleos; 4) o aumento da atividade das células leva à Hipertrofia celular, paralelamente ao aumento da atividade nuclear; 5) fibras maiores significam menos 34 fibras por unidade de volume e de área, então o número de núcleos por fibra deve estar aumentado, e o aumento do volume nuclear indica o aumento do número de núcleos, individualmente, durante a estimulação; 6) o tipo e a freqüência da estimulação são essenciais para os efeitos nos mionúcleos; 7) o aumento na porção mitocondrial foi muito maior nas fibras tipo II, no que nas de tipo I, isto pode demonstrar que o regime de estimulação com média freqüência e alta amplitude de corrente estaria mais orientado para potência que para resistência e, em geral, correntes de média freqüência e alta intensidade tem maior efeito sobre as fibras do tipo II. O efeito do fortalecimento muscular foi atribuído por MUNSAT et. al. (1976) a um aumento médio de 37% no diâmetro das fibras musculares durante o programa de estimulação elétrica. (MANUAL NEURODYN 10) 3.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ELETRICIDADE A eletricidade é uma das formas básicas de energia na ciência da física, podendo produzir efeitos significativos, sobre os tecidos biológicos (ROBINSON, 2001). Para entender como o fluxo da corrente afeta o tecido biológico, primeiro é necessário conhecer alguns dos princípios, que descrevem as características da eletricidade (PRENTICE, 2002). Para propósitos conceituais, a corrente elétrica (i) é definida como a quantidade de carga (elétrons), que se move livremente dentro de um condutor, em determinado intervalo de tempo (AMATUZZI, 1999). A unidade de medida padrão utilizada para designar a corrente elétrica é o ampére (A), que é igual ao movimento de 1Columb (6,25x10-18 elétrons) de carga passando em um determinado ponto em um segundo (KITCHEN, 1998). No caso das modalidades terapêuticas, as correntes usadas são muito pequenas, e por isso geralmente são mensuradas em miliampéres (1/1000 de ampére, indicado por mA) ou microampéres (1/1.000.000 de ampére, indicado por ì A) (ROBINSON, 2001). O fluxo de elétrons acontece apenas em vias relativamente fáceis de serem percorridas. Materiais que permitem essa livre movimentação de elétrons são chamados de condutores (KITCHEN, 1998). Utiliza-se o termo condutância, para 35 definir a facilidade com que a corrente flui ao longo de um meio condutor (metais e soluções eletrolíticas). Em contrapartida, materiais que resistem a esse fluxo de elétrons, são denominados de isolantes (ROBINSON, 2001). A propriedade que todas as substâncias tem de se opor à passagem de corrente elétrica, denomina-se resistência (R) ou impedância elétrica. Esta propriedade, tem como unidade padrão o ohm ( Ù ). Dessa maneira observa-se que um circuito elétrico que possui alta resistência terá o fluxo de elétrons reduzido. Em contrapartida, em um circuito elétrico de baixa resistência evidencia-se um maior fluxo de elétrons (AMATUZZI, 1999). A condutividade dos diversos tipos de tecido do corpo é variável. Normalmente, o tecido que contém mais água e, conseqüentemente, maior conteúdo de íons é melhor condutor de eletricidade. A pele tem camadas diferentes que variam em conteúdo hídrico, mas geralmente oferece resistência primária ao fluxo da corrente, sendo considerada um isolante. Quanto maior a impedância da pele, maior será a voltagem da corrente elétrica necessária para estimular o nervo e o músculo subjacente (PRENTICE, 2002). 3.2 CARACTERÍSTICAS DA CORRENTE ELÉTRICA De uma forma geral, as correntes geradas pelos aparelhos terapêuticos contemporâneos podem ser divididas em três tipos: (1) corrente contínua (CC); (2) corrente alternada (CA); e (3) corrente pulsada (polifásica). A CC é caracterizada por possuir um fluxo unidirecional e contínuo de elétrons para o pólo positivo (PRENTICE, 2002). Já em uma CA, o fluxo de elétrons muda constantemente de direção (bidirecional), ou seja, inverte sua polaridade. Os elétrons neste tipo de corrente se movem sempre do pólo negativo para o positivo, invertendo a direção quando a polaridade é invertida (ROBINSON, 2001). As correntes pulsadas distinguem-se das demais, por possuir um fluxo unidirecional ou bidirecional de partículas carregadas, que periodicamente são interrompidas, por um período de tempo finito. Estas por sua vez, são caracterizadas pela presença de uma unidade elementar, definida como pulso elétrico. Geralmente a CA contêm três ou mais pulsos (BRASILEIRO, 2002). 36 Um único pulso elétrico caracteriza um evento elétrico isolado, separado por um tempo finito do próximo evento. A duração do pulso indica o período de tempo em que a corrente está fluindo, normalmente são de pequena duração (ì s), e seguidos por um pequeno período de tempo em que a corrente não flui, chamado de intervalo interpulsos. Um pulso excessivamente longo torna-se desconfortável para a estimulação transcutânea. Porém, pulsos muito curtos são ineficazes para desencadear o processo de contração (PRENTICE, 2002). Dentre os termos utilizados para descrever uma série de pulsos, encontrase a freqüência do pulso. A freqüência do pulso indica o número de pulsos por segundo, expressa pela unidade hertz (Hz) (KITCHEN, 1998). Alguns estudos mostram que freqüências baixas, de ordem de 10 Hz podem produzir trofismo muscular, porém a estimulação prolongada pode trazer perda de força. Trabalhos nesta área também demonstram que há um aumento de torque à medida que a freqüência aumenta, porém a partir de 100 Hz não existe mais essa correspondência. Existem relatos que as melhores freqüências de estimulação situam-se entre 20 Hz e 100 Hz (KLD, 200_). Os pulsos elétricos podem exibir formas diferentes, e como seqüência disso, várias denominações apareceram na literatura ao longo dos anos, tais como a forma senoidal, quadrada e triangular dentre outras, conforme ilustra a figura 7. (ROBINSON, 2001). Estas caracterizam as formas de ondas, que indicam uma representação gráfica da forma, direção, amplitude, duração e freqüência de pulso da corrente elétrica produzida pelo aparelho eletroterapêutico (PRENTICE, 2002). Delitto et al., (1986) compararam as formas de ondas senoidal, triangular e quadrada, e concluíram que nenhuma das três mostrou-se mais confortável para produzir contrações musculares. Apesar disto, observaram através da modificação no tipo de onda, uma alteração na percepção do conforto particular de cada sujeito submetido ao tratamento. Fato esse importante, pois usando a forma de onda mais confortável para um paciente individualmente, pode-se aumentar a intensidade da contração produzida. Em um estudo conduzido por Kantor (1994), comparando 4 tipos de corrente com forma de onda quadrática, e, uma senoidal, mostram que as 4 correntes quadráticas exibiram descargas de corrente muito mais rápidas, resultando em uma duração de fase mais efetiva. Estas características comprovam que, utilizando correntes que possuem forma de onda quadrada, é possível atingir o limiar 37 motor de forma mais precisa, e conseqüentemente produzir uma contração muscular mais eficaz. Gráfico 1- a) corrente com forma de onda senoidal, de característica bifásica simétrica; b) outra forma de representação gráfica da onda senóide; c) representação gráfica de pulsos bifásicos simétricos, quadrados e triangulares; e, d) corrente modulada por rajadas, ou “corrente russa” a) b) c) d) FONTE: KITCHEN, S. ; BAZIN, S. Eletroterapia de Clayton. 10 ed. São Paulo: Manole, 1998, p. 262-263. Além do formato do pulso, os tipos de corrente apresentam outra forma de classificação: monofásica ou bifásica. Por definição, monofásica indica que existe apenas uma fase para cada pulso e, desta forma, o fluxo da corrente é unidirecional, sendo, que a polaridade de um eletrodo será sempre positiva e a do outro negativa. Quando as duas fases opostas estão contidas em um único pulso, a forma de onda é definida como um pulso bifásico, que por sua vez, pode ser simétrico ou assimétrico (PRENTICE, 2002). No Brasil, a maioria dos equipamentos utilizados na EENM produzem pulsos bifásicos, normalmente simétricos. Os pulsos simétricos com intervalos interfase parecem ter preferência clínica em relação aos pulsos assimétricos, particularmente se o alvo for à excitação de fibras motoras. Pois a corrente bifásica simétrica é capaz de produzir contrações musculares uniformes. Para isso é necessária que haja uma boa manipulação clínica dos parâmetros desta corrente 38 durante a aplicação, tornando-se assim uma técnica adequada para o tratamento de pacientes incapacitados de realizar contrações voluntárias (BRASILEIRO, 1997). Delitto et al. (1988), compararam a capacidade de geração de torque entre as formas de ondas monofásica e bifásica, e concluíram que as últimas produzem cerca de 20 a 25% mais torque que as primeiras. No estudo efetuado por Kantor (1994), no qual avaliaram 5 formas de ondas comumente usadas no processo de excitação do nervo periférico, verificaram, que todos os tipos de corrente foram efetivas, tanto na excitação de fibras motoras quanto sensitivas. Porém, a carga de pulso da forma de onda bifásica simétrica demonstrou ser a preferida para a estimulação de nervos periféricos, visto que, não só houve uma redução da quantidade de energia elétrica envolvida na estimulação, como também a eliminação de uma potencial irritação da pele, minimizando o desconforto da estimulação. O desconforto dentro da prática clínica torna-se um item essencial, pois muitas vezes é o fator limitante do uso da EENM, sobretudo quando altas forças contráteis são solicitadas. Nos regimes de treinamento de força existe uma relação direta entre a intensidade (amplitude) da contração produzida eletricamente e o aumento da força muscular. Os sujeitos têm de estar capacitados para suportar contrações produzidas eletricamente em altas intensidades. Quanto maior for a intensidade tolerada, maior será o número de UMs recrutadas e maior será a profundidade de penetração da corrente, a partir dos eletrodos de superfície (BRASILEIRO, 2002). Portanto, quanto maior for a força de contração em um treinamento elétrico, maiores ganhos de força serão gerados (PRENTICE, 2002). A estimulação elétrica normalmente provocará respostas sensitivas antes das motoras. Se a amplitude ou a duração do estímulo for suficientemente aumentada, respostas motoras serão produzidas e sobrepostas à estimulação sensitiva. Se a intensidade for aumentada ainda mais, a estimulação provocará uma resposta dolorosa, a qual ocorrerá simultaneamente às respostas sensitivas e motoras (PRENTICE, 2002). O nível de intensidade tolerada por um sujeito varia bastante em função de diversos aspectos. Lieber (1991), sugerem que certos indivíduos são mais aptos que outros para receber estimulação elétrica efetiva, provavelmente baseando-se em diferenças anatômicas e a fatores relacionados com a impedância tecidual. Tais fatores, como diferença no percentual de gordura corporal podem contribuir para 39 uma falta de correlação entre a intensidade e o torque muscular. Pois, a gordura atua como um material isolante, impedindo a passagem da corrente através dos tecidos. As características das correntes relacionadas com a intensidade, e com o tempo de duração dos pulsos, são muitas vezes variadas de maneira determinada. Estas mudanças podem ser seqüenciais, intermitentes ou variáveis em natureza, e são referidas como modulações. As modulações apresentam-se de forma contínua, interrompida, burts ou em rampa. Seus parâmetros devem ser estabelecidos de acordo com as várias metas do tratamento (PRENTICE, 2002). A modulação contínua significa que, a amplitude do fluxo da corrente permanece a mesma por vários segundo ou talvez minutos. É normalmente associada com pulsos de CC de longa duração. A modulação contínua, também pode ser usada com a CA, com o propósito de se obter contrações musculares (ROBINSON, 2001). A modulação interrompida é caracterizada por uma corrente que flui por um certo período de tempo, nomeado de tempo ligado (tempo on), seguido de um período em que a corrente não prossegue, denominado tempo desligado (tempo off). Na maioria das unidades, o tempo ligado pode ser fixado entre 1 a 60 s, ao passo que o tempo desligado pode permanecer entre 1 a 120 s. Esse tipo de modulação é usada em correntes monofásicas ou bifásicas, apresentando formas de onda senoidal, retangular ou triangular. A modulação interrompida é usada freqüentemente na medicina esportiva, com o objetivo de promover a reeducação muscular, o fortalecimento, e a melhora da amplitude de movimento (POORTMANS, 2002). A modulação burst (trens de pulso) acontece quando a corrente pulsada flui com uma pequena duração (ms) e é desligada por pouco tempo (ms), em um ciclo repetitivo. As interrupções entre burst são denominadas de intervalos interburst, os quais são muito pequenos para ter efeito sobre a contração muscular. Assim o efeito fisiológico de um burst será igual de um pulso simples. Eles podem ser usados em correntes monofásicas, bem como nas bifásicas (KITCHEN e BAZIN, 1998). Na modulação em rampa, ilustrada na figura 8 demonstra que a intensidade da corrente aumentará ou se inclinará para um nível máximo, podendo também diminuir ou declinar em intensidade (PRENTICE, 2002). Essa forma de modulação está associada com a parte on do ciclo. Com a rampa, a carga do pulso 40 pode aumentar gradativamente dentro de um determinado período de tempo, normalmente variando de 1 a 5 s, permitindo então um aumento progressivo da contração muscular (WARD, 2002). Gráfico 2 - "rampagem", mediante a lenta elevação da intensidade da corrente Fonte: KITCHEN, S. ; BAZIN, S. Eletroterapia de Clayton. 10 ed. São Paulo: Manole, p. 262-263, 1998. Segundo Domingues (2004) as modulações de rampa no início e no fim do período de eletroestimulação, oferecem uma forma mais confortável de contração, em uma variedade de aplicações, especialmente quando níveis de estimulação muitos altos são requeridos. Em aplicações de EENM, a inclusão de um tempo de rampa de subida leva a um recrutamento gradual das UM e, como conseqüência, uma ativação gradativa das fibras musculares, o que resulta em uma elevação suave na geração de força no músculo (ROBINSON, 2001) O início gradual de estimulação muscular produz contrações que imitam aquelas produzidas em atividades funcionais, durante a ativação muscular voluntária, sendo mais confortável para indivíduo que recebe a estimulação (BRASILEIRO, 2002). 3.3 ASPECTOS ELETROFISIOLÓGICOS A indicação do tipo de corrente elétrica a ser utilizada na eletroterapia é o fator fundamental para o sucesso terapêutico. Desta forma, é importante que se entenda o comportamento dos tecidos nervoso e muscular frente ao estímulo elétrico (AMATUZZI, 1999). 41 A disposição estrutural da membrana celular, constituída por cadeias de polipeptídeos imersas em uma bicamada lipídica, permite um acúmulo de cargas elétricas distintas ao longo da sua superfície, funcionando como o dielétrico de um capacitador (AMATUZZI, 1999). Assim, em um estado normal, as fibras nervosas mais calibrosas e as fibras musculares esqueléticas apresentam uma diferença de potencial entre os meios intra e extracelulares, que equivale no estado de repouso a aproximadamente –90 milivolts (mV) (GUYTON, 2002). Isto se deve às diferentes concentrações iônicas de sódio (Na+) e potássio (K+) nos dois meios, apresentando uma eletronegatividade no meio intracelular (MIC) em relação ao meio extracelular (MEC) (AMATUZZI, 1999). A maior concentração de K+ é encontrada no MIC e maior concentração de Na+ está no MEC. A negatividade da célula é conseqüente não só a esta diferença de concentrações iônicas, mas também à permeabilidade da membrana, que é maior aos íons K+. A tendência do K + é de migrar para o MEC e, inversamente, o Na+ para o MIC na tentativa de igualarem as respectivas concentrações (PRENTICE, 2002). Esta diferença de potencial é mantida às custas da bomba de Na+/ K+, que efetua um transporte ativo contra o gradiente de concentração, eliminando os íons Na+ e levando os íons de K+ para o interior da célula, gerando um potencial de repouso médio de –90 mV, ou seja a célula se encontra polarizada (GYUTON, 2002). Além da habilidade das membranas do nervo e do músculo em desenvolver e manter o potencial de repouso, elas possuem a propriedade de serem excitáveis. No entanto, para que proceda a transmissão do um impulso elétrico nesses tecidos, faz-se necessário que o potencial de membrana atinja um nível superior ao seu limiar. Fato este, que desencadeia variações muito rápidas na permeabilidade de membrana, deflagrando o potencial de ação. O potencial de ação é caracterizado por uma seqüência de três fases: (1) a fase de despolarização; (2) fase de repolarização e (3) a fase de repouso (LUCENA, 1999). Um potencial de ação desencadeado por um estímulo elétrico, sempre gera como resultado a despolarização da membrana. A fase de despolarização é caracterizada pelo aumento da concentração de íons carregados negativamente no MIC, conduzindo o potencial da membrana para seu limiar de despolarização. Uma vez deflagrado o potencial de ação, este tende a se propagar ao longo da fibra nervosa, transmitindo o estímulo elétrico aos tecidos adjacentes (AMATUZZI, 1999). 42 Assim que o impulso nervoso chega ao seu órgão efetor ou a outra célula nervosa, ele é transferido entre os dois em uma placa motora terminal, onde serão liberadas substâncias neurotransmissoras, que irá desencadear uma excitação tecidual. No que se refere à excitação muscular, esta resulta em uma contração muscular espasmódica. Esta contração, iniciada por um estímulo elétrico, é igual a uma contração resultante de uma atividade voluntária, a qual se difere apenas, na taxa e sincronia da contração da fibra muscular (PRENTICE, 2002). Porém, nem todos os estímulos são eficientes para desencadear um potencial de ação. Para ser um agente eficiente, o estímulo tem que ter uma intensidade adequada e durar tempo suficiente para igualar ou exceder o limiar básico de excitação da membrana. O estímulo deve alterar a membrana de forma que vários íons sejam impulsionados através delas, excedendo a habilidade das bombas de transporte ativo para manter os potenciais de repouso. Um estímulo de curta duração precisa ter alta intensidade para que ocorra a despolarização da membrana, enquanto o estímulo de baixa intensidade necessita de longa duração para ser eficaz (IDEM). O potencial de ação é interrompido, quando ocasionalmente, este alcança um ponto da membrana, que não gera uma voltagem suficiente para estimular a área adjacente da membrana (GUYTON, 2002). Caso o limiar básico de excitação da membrana (potencial de repouso) não atingir um nível suficiente para provocar uma rápida despolarização, apenas mantendo um lento fluxo de sódio por um longo período de tempo, o potencial de ação não será deflagrado. Mas se o estímulo sublimiar persistir, haverá o fenômeno de acomodação da célula, sendo necessário um estímulo muito maior para que se atinja o potencial novamente (AMATUZZI, 1999). Após a despolarização, a célula precisa de um tempo para se repolarizar (por meio da bomba de Na+/ K+) e recuperar seu potencial de repouso, antes que outro potencial de ação seja deflagrado. Este tempo é conhecido por período refratário absoluto, que dura aproximadamente 0,5 ì /s. No entanto, há um período durante o qual, embora a célula não tenha se repolarizado totalmente, ela é capaz de atingir o potencial de ação, mediante um estímulo de maior intensidade, denominado período refratário relativo. Assim, o tempo de recuperação da membrana celular limita a freqüência efetiva de pulsos na estimulação elétrica (ROBINSON, 2001). 43 Os tecidos excitáveis respondem diferentemente aos estímulos elétricos. As fibras nervosas necessitam de corrente de baixa intensidade e de curta duração, enquanto as fibras musculares, necessitam de correntes de alta intensidade e longa duração. Assim dependendo da qualidade do estímulo elétrico, obtêm-se diferentes respostas do tecido estimulado (KLD, 200_). Segundo Prentice (2002), a eletricidade terá um efeito sobre cada célula e tecido que atravessa. No entanto, o tipo e a extensão dessa resposta dependem: (1) do tipo de tecido e suas respostas características; e, (2) natureza da corrente aplicada (direta, ou alternada, sua intensidade, duração, voltagem e densidade). O tecido deve responder à energia elétrica de maneira semelhante àquela na qual funciona normalmente ou se desenvolve. Os efeitos podem ser divididos em efeitos diretos e indiretos. Dentre os efeitos diretos, encontram-se aqueles que ocorrem ao longo das linhas do fluxo da corrente e sob os eletrodos. Este podem ser representados pela contração muscular, resultado da estimulação do nervo ou do próprio músculo. Os efeitos indiretos acontecem distantes da área do fluxo da corrente, e são geralmente resultantes de efeitos fisiológicos, desencadeados pela passagem de corrente elétrica ao longo dos tecidos. Dentre esses efeitos encontram-se a estimulação das células nervosas, mudanças da permeabilidade da membrana celular, modificação da microcirculação (vasodilatação), aumento da temperatura e analgesia (LOW, 2001). 3.3.1 AUMENTO DA FORÇA MUSCULAR Muitas pesquisas foram realizadas, buscando conhecer o efeito de correntes elétricas nas fibras musculares. Os estudos se concentram em duas hipóteses principais:aumento da força muscular e mudança no tecido muscular (EVANGELISTA, 2003). Sobre o aumento da força muscular, Starkey (1999) relata que a estimulação elétrica neuro-muscular (EENM) estimula os nervos motores de grande diâmetro do tipo IIb a se contraírem antes das fibras do tipo I, é fácil concluir que o vigor da contração aumenta, considerando-se que as fibras do tipo IIb são capazes de produzir mais força. 44 Quanto ao aumento de massa muscular com a prática de EENM, Robinson (2001), afirmam que possuem pouquíssimas informações, mas é marcante o aumento da força em indivíduos diferentes, em estudos selecionados. Separando alguns destes estudos, a média de ganho de força devido a EENM aparenta ser em torno de 20% em aproximadamente um mês. Sob condições normais, o músculo pode ativar de 30% a 60% de suas unidades motoras dependendo da extensão do treinamento, cita Evangelista (2003) que confirmou a importância da EENM no ganho de força quando definiu alguns benefícios extras: – consegue-se ativar 30% a 40% mais das unidades motoras com corrente elétrica de média freqüência que nos exercícios comuns e os tratamentos convencionais. Pois com a estimulação elétrica ocorre a modulação do nervo motor alfa e não despolarização do neurônio, como no movimento ativo, tendo assim, características de despolarização artificial tornando possível ativar todas as unidades motoras simultaneamente; – aumento da força em curto prazo. 3.3.2 EFEITOS NO METABOLISMO MUSCULAR Para Andrews (2000) a estimulação elétrica terá o mesmo efeito que a contração muscular normal voluntária para causar um aumento temporário no metabolismo muscular. Haverá conseqüências associadas de aumento na combustão de oxigênio e dióxido de carbono, ácido láctico e outros produtos metabólicos, bem como aumento de temperatura e de fluxo sangüíneo local. Vários estudos demonstraram um aumento no fluxo sangüíneo, por exemplo, Long (2000) que quantificou um aumento de 20% da circulação sangüínea após um (01) minuto do início da aplicação da corrente elétrica e perdurou em torno de 5 minutos após seu término. 3.3.3 FADIGA MUSCULAR Segundo os autores Evangelista (2003) e Long (2000) a fadiga muscular como conseqüência de contrações voluntárias é bem conhecido, mas é um 45 fenômeno complexo e não completamente compreendido. Inicialmente ela é devido à extinção do glicogênio muscular e da glicose sangüínea disponível com outras limitações bioquímicas. No final a taxa da utilização de oxigênio é importante. Alguns autores como Selkowitz (1985), Karlsson (1970) e Evangelista (2003), colocam como importante prática clínica à observação do tempo de repouso e tempo de contração devida o grau de duração da fadiga aparentar ser diretamente relacionado com a duração da estimulação elétrica. Brasileiro (2002) citam que possivelmente sustentações prolongadas podem levar a fadiga mais facilmente. Desta forma, o tempo de repouso deve ser um tanto quanto mais longo sendo mais comumente usado 10 segundos para a contração e 60 segundos para o repouso. Fadiga a contrações submáximas é controlada pela variação de unidades motoras particulares envolvidas. Contrações prolongadas demonstram um recrutamento maior de unidades motoras para manter a mesma força muscular conforme a fadiga ocorre. Seria desta forma esperado que a estimulação elétrica dos músculos via o nervo motor levaria a uma fadiga muscular relativamente rápida, já que um conjunto fixo de unidades motoras é estimulado com as fibras fásicas de disparo rápido selecionadas preferencialmente (LONG, 2000). A fadiga após o exercício, incluindo o exercício induzido eletricamente, pode ser um estimulo necessário para o fortalecimento muscular, mas se a estimulação de um músculo já fatigado é danoso ou não ainda não se sabe (EVANGELISTA, 2003). A possibilidade de risco devido à estimulação elétrica funcional (FES) também foi considerada por Stokes e Cooper (EVANGELISTA, 2003), mas parece não haver nenhuma evidência de qualquer dano funcional ou estrutural devido à estimulação elétrica. 3.3.4 MUDANÇA NA ESTRUTURA DAS FIBRAS MUSCULARES Foi estabelecido, pelos autores Petty, Hoogland, Howard e Swinghedauw que a estrutura das fibras musculares mudam após estimulação por um longo período com correntes elétricas. Esta mudança aparenta depender primariamente da freqüência com que o nervo motor é despolarizado pela corrente elétrica. Na maioria dos casos, a velocidade de ativação das células musculares se reduz. A fibra 46 muscular se torna mais vermelha (tônica) e a capilarização aumenta. A célula muscular também se torna mais sensível. A fibra muscular assume então um caráter de fibra tônica. Esta mudança não é sempre desejável, particularmente em músculos que devem ser capazes de trabalhar dinamicamente. (EVANGELISTA, 2003). E ainda para os mesmos autores supra citados, a mudança na estrutura da fibra muscular é reversível, a mesma se adapta à função conforme o músculo é utilizado funcionalmente. Também foi estabelecido com alguma exatidão que a freqüência de despolarização do nervo motor é um dos fatores determinantes no desenvolvimento desta. Isto pode levar a conclusão que a freqüência de despolarização da fibra muscular é o fator determinante para as suas propriedades. A conservação da mudança na estrutura da fibra muscular é principalmente determinada pelo uso funcional do músculo. Se a função não se adequa a estrutura, então esta se adapta rapidamente. Isto se aplica particularmente para as fibras musculares brancas “fásicas.” Com estimulação elétrica pode-se influenciar a estrutura da mesma conforme se deseje com a variação da freqüência da estimulação elétrica. Aqui, a estimulação elétrica difere da terapia de exercício. (LONG; 2000). 3.3.5 UNIDADES MOTORAS TÔNICAS E FÁSICAS Segundo Long, (2000), as fibras musculares são mistas, podem ter predomínio de fibras tônicas, quando o músculo tem um trabalho mais relacionado à postura e movimentos rotineiros e pode ter um predomínio de fibras fásicas, quando este músculo desempenha atividades relacionadas à destreza, ou alta velocidade de realização. As unidades motoras tônicas são ativadas nas atividades posturais e nos movimentos lentos ou moderados, enquanto as fibras fásicas são responsáveis pela manutenção do tônus muscular. (www.ck.com.br) - As principais diferenças entre as fibras de contração rápida e de contração lenta são: lenta. Fibras Rápidas São duas vezes maiores que as fibras de contração 47 - A potência máxima de contração que pode ser alcançada é duas vezes maior que as lentas. - São Fibras organizadas para potência, velocidade, para contrações rápidas que necessitam de potência elevada. - Fibras Lentas São Fibras de contração lenta que são organizadas para resistência, para gerar energia aeróbica. - Possuem mais mitocôndrias, e também mioglobinas que vão se combinar com o oxigênio na fibra, aumentando a difusão do mesmo. - Permite força de contração prolongada por muitos minutos ou horas. Cada músculo necessita de uma velocidade de contração (duração das contrações). Alguns exemplos podem ser os músculos oculares que devem ser extremamente rápidos para manter a fixação dos olhos sobre objetos específicos. O gastrocnêmio deve contrair-se de forma moderadamente rápida para permitir a velocidade suficiente dos movimentos das pernas, como correr ou pular. No músculo solear a contração é do tipo lenta, para que possa haver a sustentação contínua do corpo na posição em pé contra a ação da gravidade. (www.ck.com.br) Diante dessas descrições, podemos saber, quais as fibras que cada um desses músculos possui em maior quantidade, e quais as que estão em atividades em determinados movimentos. Ou seja, as características funcionais de cada músculo indicam suas características em relação às fibras. (IDEM). Músculos que respondem de forma lenta com maior tempo de contração possuem maior número de fibras lentas, e músculos que possuem contrações de maior potência com movimentos rápidos possuem maior número de fibras de contração rápida. (IDEM). 4 CORRENTE AUSSIE OU CORRENTE AUSTRALIANA Nos últimos anos o uso de correntes elétricas para o tratamento de diversas disfunções teciduais e seus sintomas tem sido bastante intenso. Os quadros inflamatórios podem ser controlados e reduzidos, as dores podem ser moduladas até que a causa da algia seja eliminada, o reparo tecidual pode ser alcançado de maneira rápida e a função muscular pode ser recuperada. Relatos do uso das correntes excitomotoras em atletas profissionais têm sido feitos e o aumento da performance bem como alterações neurofisiológicas, morfológicas e bioquímicas relatadas por pesquisadores. (MANUAL NEURODYN 10). Comercialmente as correntes, RUSSA, Interferencial e FES (Functional Electrical Stimulation) são clássicas, porém até o momento não houve a preocupação intensa em se desenvolver e produzir novas opções de tratamentos utilizando-se correntes elétricas que proporcionem uma estimulação sensorial confortável sem comprometer a eficiência eletrofisiológica bem como uma estimulação motora potente sem que o limiar doloroso seja alcançado e assim, a evolução do treinamento elétrico neuromuscular limitado em função da presença de dor. (IDEM). Recentemente, pesquisas sugerem que correntes elétricas alternadas moduladas em Bursts de longa duração produzidos por correntes tradicionais como Russa e Interferencial não são as melhores para se minimizar o desconforto durante estimulações sensoriais e produzir níveis de elevados de torque muscular durante estimulações motoras. A freqüência de 4000Hz ou 4kHz de correntes alternadas modulada em Bursts de curta duração oferece um menor desconforto durante a estimulação sensorial. A terapia interferencial utiliza esse valor de corrente portadora, porém, sua modulação em Bursts é bastante longa. (IDEM). A corrente Aussie ou corrente Australiana tem a capacidade de realizar uma estimulação sensorial com desconforto mínimo por se tratar também de uma corrente de média freqüência (4000Hz ou 4kHz) e também em função de utilizar a modulação em Burst de curta duração, se tornando assim, ainda mais confortável quando comparada à terapia interferencial e corrente Russa. (IDEM). Estudos sugerem também, que para uma estimulação motora intensa e eficiente e com desconforto mínimo a freqüência de 1000 Hz ou 1kHz deve ser utilizada combinada com a modulação em Bursts com duração de 2 ms. Essa é a 49 corrente Aussie ou corrente Australiana para recuperação funcional dos músculos esqueléticos. Estudos comparativos sugerem maior produção de torque da Corrente Aussie ou corrente Australiana quando comparada as estimulações RUSSA e realizadas por meio da FES. (IDEM). A explicação do porque de a modulação em Bursts de curta duração em correntes alternadas de média freqüência proporcionar maior eficiência tanto para a estimulação sensorial quanto motora está baseada no princípio proposto por Gildemeister, conhecido também como 'Gildemeister effect'. Na década de 40, Gildemeister relatou que quando Bursts de corrente alternada são usados para estimulação, o limiar de disparo das fibras nervosas diminui de maneira diretamente proporcional ao aumento da duração dos Bursts. (IDEM). Gildemeister explicou que isso ocorre em função de um fenômeno conhecido como somação de despolarizações sub-limiares. Nesse fenômeno, em cada pulso de corrente alternada modulada em Bursts a fibra nervosa é parcialmente despolarizada e se aproxima do limiar de despolarização, porém a despolarização somente acontecerá após um número suficiente de pulsos. Assim, se a duração dos Bursts for longa demais, um estímulo de baixa intensidade será necessário necessitando da ocorrência de mais somação para que o limiar possa ser alcançado. (IDEM). Todavia Gildemeister sugere que existe um valor de duração máxima de pulsos na qual a somação pode ocorrer e Gildemeister chamou esse fenômeno de tempo de utilização da fibra nervosa. Pesquisas recentes sugerem que o tempo de utilização é maior para fibras nervosas de tamanhos menores. Fibras nervosas de grande diâmetro como os motoneurônios Alfa (motora) e A Beta (sensorial) apresentam curtos períodos de utilização e o fenômeno de somação ocorre rapidamente enquanto as fibras de pequeno diâmetro A Delta e C (dor) apresentam períodos de somação mais lentos. Isso explica o fato da Corrente Australiana ser mais confortável para o uso clínico quando comparada a outras correntes como a Russa, Terapia Interferencial e FES. (IDEM). Assim, se Bursts de curta duração de uma corrente alternada de média freqüência forem utilizados, as fibras nervosas de diâmetros menores não têm tempo para o fenômeno de somação completo, porém, as fibras de maiores diâmetros têm. Dessa forma, haverá uma menor ativação de fibras nociceptivas em detrimento a uma maior ativação de fibras sensoriais com o uso da Corrente Aussie (corrente 50 Australiana). Isso também explica o fato de se conseguir por meio da Corrente Aussie (corrente Australiana) uma maior, porém, mais confortável, estimulação motora. (IDEM). Os motoneurônios Alfa são preferencialmente recrutados pela Corrente Aussie (corrente Australiana) em detrimento às fibras A delta e fibras C. Assim, se correntes alternadas de freqüência de kHz forem moduladas em Bursts de longa duração haverá uma maior ativação de fibras nervosas nociceptivas. Sabe-se que tradicionalmente a corrente Russa e a corrente Interferencial trabalham com Bursts de longa duração, o contrário não ocorre com a Corrente Aussie (corrente Australiana), tornando-a mais confortável em relação às primeiras. (IDEM). Resistência à Fadiga - A resistência à fadiga muscular é um fator de extrema importância dentro de procedimentos de reabilitação envolvendo a recuperação dos músculos esqueléticos, particularmente quando se faz opção de uso de uma corrente excitomotora (FES, Russa, Interferencial). Para a FES, torna-se importante a minimização da fadiga muscular. A somação pode se tornar um problema quando se utiliza correntes alternadas de média freqüência, principalmente se a modulação em Burst for longa. Nesse caso, as fibras nervosas podem sofrer somação e alcançar o limiar e após isso sofrer repolarização e despolarização novamente durante o mesmo Burst. Assim, a somação pode resultar em despolarização da fibra neural no início do Burst e a fibra nervosa pode então não se recuperar o suficiente e disparar novamente. (IDEM). Se os Bursts apresentarem longa duração haverá um grande potencial para que a fibra nervosa sofra vários disparos dentro do mesmo Burst. Dessa forma, se os Bursts forem longos demais como ocorre na Terapia Interferencial e corrente Russa, existe um risco grande de ocorrerem vários disparos ou despolarizações dos motoneurônios Alfa dentro de um mesmo Burst. Sugere-se então, freqüências de modulação em Bursts de 40Hz. Valores superiores podem levar à fadiga muscular precoce. O uso da Corrente Aussie (corrente Australiana) para a estimulação motora permite níveis maiores de torque muscular e ainda menor ocorrência de fadiga muscular. A duração dos Bursts é mantida curta a fim de se evitar múltiplos disparos dos metoneurônios Alfa. Densidade de Corrente - Quando se utiliza como estímulo uma corrente de média freqüência (kHz) há o risco de irritações ou outras complicações cutâneas se a densidade de corrente média for elevada. (IDEM). 51 Quando falamos de correntes pulsadas como TENS e FES, o risco é menor já que os pulsos são curtos e separados por intervalos de tempo maiores, assim a média de corrente elétrica utilizada durante os tratamentos é menor. Quando a corrente Interferencial em sua forma quadripolar é utilizada os eletrodos transcutâneos fazem a entrega dos pulsos de maneira constante, fazendo assim, com que a média de densidade de corrente elétrica torne-se elevada havendo certo risco de irritação cutânea. Esse risco pode ser minimizado por meio do uso de eletrodos maiores o que automaticamente provoca a redução na densidade de corrente local. A densidade de corrente é mensurada em mA por centímetro de área, assim, se a área aumenta automaticamente a densidade de corrente é reduzida. (IDEM). A Corrente Aussie ou corrente Australiana é estruturada por Bursts de curta duração, separados por intervalos de tempo longos e dessa forma os riscos de irritações cutâneas são pequenos, pois, a densidade de corrente elétrica é reduzida. De qualquer maneira, eletrodos maiores são ideais em função de proporcionarem menor desconforto por meio da redução da densidade de corrente elétrica e menor estimulação nociceptiva. (IDEM). 4.1 ELETROFISIOLOGIA DA CORRENTE AUSSIE A corrente Aussie é uma corrente elétrica terapêutica alternada com freqüência na faixa de kHz com alguma semelhança em relação à terapia interferencial e corrente Russa. A diferença está no valor da corrente de kHz utilizada bem como no formato de onda. Tradicionalmente, a Terapia Interferencial é modulada em amplitude em forma senoidal (figura 1a) e a corrente Russa é formada a partir de Bursts com 50% de ciclo de trabalho (tempo ‘on’ e ‘off’ – figura 1b). Já a corrente Australiana apresenta duração de pulso curta (figura 1c) e é exatamente esse fato que faz com que a estimulação proporcionada pela Corrente Aussie seja mais eficiente em comparação às outras correntes elétricas terapêuticas. (IDEM). 52 Gráfico 3 – Forma de onda dos estímulos proporcionados pela (a) Corrente Interferencial, (b) Corrente Russa e (c) Corrente Aussie (Corrente Australiana), ilustrando as diferentes durações de Bursts. Fonte: Manual do aparelho Neurodin 10 canais da IBRAMED. Clinicamente é bem aceito o fato de que a Corrente Interferencial é bastante confortável e bem tolerável pelos pacientes. A Corrente Russa também se apresenta como uma corrente confortável e capaz de produzir contrações musculares potentes podendo dessa forma, ser utilizada para redução da atrofia muscular por desuso e fortalecimento muscular geral. Tanto a Corrente Interferencial quanto a Corrente Russa apresentam-se como sendo mais eficiente quando comparadas às correntes pulsadas de baixa freqüência, a TENS e a FES. (IDEM). Até o presente momento, a TENS ou Corrente Interferencial são as modalidades terapêuticas de eleição para a modulação da dor enquanto que a Corrente Russa em geral é a opção quando o objetivo é a recuperação funcional dos músculos esqueléticos. Até agora existe pouca quantidade de evidências científicas contra essas opções ou escolhas de tratamento envolvendo o uso de correntes elétricas terapêuticas. (IDEM). As pesquisas científicas realizadas ao longo dos anos, principalmente ao longo das últimas duas décadas, têm comparado a Corrente Interferencial, Russa e Corrente Pulsada como o TENS em relação à estimulação em termos de conforto, 53 força de contração muscular e eficiência em procedimentos de analgesia. (MANUAL NEURODYN). Os resultados encontrados sugerem que todas as correntes apresentam as suas vantagens e desvantagens, porém, nenhuma delas deve ser considerada ótima para o que se propõem a fazer. Fortes evidências científicas apontam que a corrente alternada de freqüência na faixa de kHz modulada em Bursts de curta duração, ou seja, a Corrente Aussie (corrente Australiana) é mais confortável e eficiente na produção de torque muscular e analgesia. (IDEM). A curta duração de pulso da Corrente Aussie (corrente Australiana) proporciona uma estimulação que: - É mais eficiente do que a FES, Corrente Interferencial e Corrente Russa para excitar a contração muscular; - É tão eficiente quanto a TENS e Corrente Interferencial para o controle e modulação da dor. Histórico da estimulação por meio de correntes alternadas D'Arsonval (1894) foi o primeiro a relatar os efeitos da estimulação transcutânea por meio de correntes elétricas alternadas no corpo humano. (IDEM). O pesquisador utilizou correntes alternadas na faixa de freqüência variável de 1kHz a 5kHz e observou que a tetania era alcançada entre freqüências de 10 a 15 Hz, que a excitação neuromuscular se tornava intensa com freqüências entre 1250 – 1500 Hz, constante com freqüências entre 1500 e 2500 Hz e por fim diminuindo com valores de freqüência de 5000 Hz (maior valor que seu aparelho podia gerar). (IDEM). D’Arsonval também notou que a corrente com freqüência de 1500 Hz foi mais desconfortável quando comparada a corrente com valor de freqüência igual a 5000 Hz, porém, a mesma freqüência de 1500 Hz foi mais confortável quando comparada a uma corrente de 1000 Hz. Assim, foram os seus estudos que nos trouxeram base teórica e científica para que o uso das correntes alternadas com freqüência de kHz pudesse ser utilizado na prática clínica diária. Sua conclusão foi que as correntes alternadas na faixa de kHz poderiam produzir maior nível de estimulação com menor desconforto a partir da eleição adequada da freqüência da corrente de kHz. (IDEM). Na década de 50, Nemec propôs o uso terapêutico da Corrente Interferencial. A base utilizada por Nemec foi a deixada por D'Arsonval. Porém, na 54 época, parece que o maior interesse dos estudiosos estava concentrado em uma estimulação sensorial confortável com pouca preocupação relacionada à ativação e recrutamento dos músculos esqueléticos, pois para isso, freqüências mais baixas como 1.5 kHz a 2.5 kHz são necessárias. (MANUAL NEURODYN 10). Para a criação da corrente Interferencial Nemec argumentou que se duas correntes alternadas na faixa de freqüência de kHz com uma pequena diferença entre as suas portadoras forem aplicadas usando-se dois pares de eletrodos, essas irão sofrer interferência no tecido, produzindo uma estimulação máxima na região de intersecção dos dois pares de eletrodos, sendo o resultado disso, uma maior profundidade de estimulação e a presença de uma modulação em amplitude com uma freqüência de batimentos igual à diferença entre os valores das duas correntes portadoras na faixa de kHz. (IDEM). Já a Corrente Interferencial pré-modulada é uma corrente elétrica terapêutica já modulada e por isso, pode ser utilizada com apenas um par de eletrodos. Na década de 70, Kots sugeriu pela primeira vez o uso de uma corrente alternada com freqüência na faixa de 2,5kHz aplicada em Bursts retangulares de 10ms com freqüência de 50Hz. Kots reportou com o uso da corrente elétrica, ganho de força superior a 40% em atletas de elite Russos. (IDEM). O protocolo sugerido apresentava período ‘on’ de10 segundos e período ‘off’ igual a 50 segundos durante o período de tempo de 10 minutos. O treinamento por meio da corrente elétrica foi realizado durante algumas semanas consecutivas. Kots e colaboradores compararam a corrente alterna constante e 10 ms, 50 Hz de Bursts com freqüência variando de 100Hz a 5 KHz e reportaram a produção máxima de torque a 1 kHz quando os eletrodos foram posicionados acima do tronco nervoso e a 2,5 kHz quando os eletrodos foram posicionados sobre o ventre muscular. (IDEM). Os achados de Kots também sugerem que apesar de pequenas, há uma maior produção de torque com Bursts de corrente alternada quando comparada a outras formas de correntes alternadas. Assim, a estimulação com Bursts de 10 ms é mais eficiente em comparação à estimulação por meio de correntes alternadas constantes. Na época os pesquisadores não compararam a corrente a outras com Bursts de curta duração. (IDEM). Como apresentado na figura 1, a corrente interferencial apresenta uma modulação em Bursts de longa duração. Já a corrente Russa apresenta a duração 55 de seus Bursts com duração menor quando comparada à terapia interferencial e por fim, a Corrente Aussie (corrente Australiana), dentro do universo das correntes alternadas com faixa de freqüência em kHz é a que apresenta os Bursts com menor duração. (MANUAL NEURODYN 10). Na década de 80 um cientista Russo chamado Bankov, comparou em estudo realizado a corrente interferencial pré-modulada com Bursts de corrente alternada com um período de repouso entre si. O pesquisador encontrou que a modulação em Bursts com um período de repouso entre si foi mais confortável durante a produção de contrações musculares. Em relação ao formato de onda dos Bursts o pesquisador sugeriu ainda que o formato retangular dos Bursts seria mais confortável quando comparado a Bursts de formato sinusoidal. (IDEM). Evidências recentes sobre a corrente Aussie (corrente Australiana) Mais recentemente Ward et al. (2004) mensuraram a produção de torque bem como o desconforto produzido por correntes alternadas de freqüência de kHz (500 Hz a 20 kHz). Os autores também compararam variações de Bursts para ciclos de pulsos individuais de corrente alternada (corrente pulsada bifásica) com Bursts de duração máxima (corrente alternada constante). Os autores encontraram que para a produção de torque máximo, a freqüência de pulso de 1kHz e a duração de Bursts de 2-2,5ms foram as melhores. Os resultados estão apresentados na figura 2. (IDEM). Gráfico 4 – (a) duração de Bursts e (b) freqüência ideal para a produção de torque. As correntes utilizadas no experimento foram TENS, corrente australiana (AUSSIE), corrente Russa e corrente Interferencial. A corrente Aussie (corrente Australiana) foi a mais eficiente. Fonte: Manual do aparelho Neurodin 10 canais da IBRAMED. Assim, a Corrente Aussie (corrente Australiana) utiliza freqüência de 1kHz combinada com Bursts de duração igual a 2 ms. Dessa forma, a produção de torque é máxima. A modulação em rampa deve ser utilizada com o objetivo de se evitar a 56 fadiga muscular precoce. Ward et al. (2007) também encontraram após pesquisas que para um desconforto mínimo, a freqüência de 4kHz com duração de Bursts de 45 ms são os melhores parâmetros. A figura 3 apresenta o número de reclamações de desconforto referidas durante a estimulação. Torna-se importante notar que o desconforto referido depende essencialmente da duração de Bursts e freqüência da corrente. (MANUAL NEURODYN 10). Gráfico 5 – (a) duração de Bursts e (b) freqüência ideal para a estimulação confortável. As correntes utilizadas no experimento foram TENS, corrente Australiana (corrente Aussie), corrente Russa e corrente Interferencial. A corrente Australiana foi a mais eficiente. Fonte: Manual do aparelho Neurodin 10 canais da IBRAMED. Assim, pode-se notar que a Corrente Aussie (corrente Australiana) deve ser utilizada quando os objetivos terapêuticos forem a estimulação sensorial e nesse caso a modulação da dor pode ser alcançada bem como para se conseguir a estimulação motora eficiente por meio da ativação dos motoneurônios. Para a estimulação sensorial a freqüência de 4 kHz e modulação em Bursts com duração de 4 ms devem ser utilizadas. Já para a estimulação motora a freqüência de 1 kHz e modulação em Bursts com duração de 2 ms deve ser eleita. (IDEM). É importante notar que a freqüência utilizada pela terapia interferencial(4 kHz) também é utilizada para a estimulação sensorial com o objetivo principal de redução do desconforto durante a estimulação. Porém, a eficiência nesse tipo de estimulação não é máxima devido à longa duração da modulação em Bursts. Em relação à estimulação por meio da corrente Russa, também devemos ser críticos em perceber que a corrente alternada de freqüência na faixa de kHz não apresenta freqüência ótima para estimulação motora. (IDEM). Em adição, a corrente Russa apresenta a modulação em Bursts de duração muito longa, o que a torna ineficiente para a produção do torque máximo e ainda relativamente desconfortável no aspecto sensorial. As duas formas de se 57 utilizar a Corrente Aussie (corrente Australiana) são extremamente eficientes e fiéis ao que se propõem a fazer. (MANUAL NEURODYN 10). Para a produção de torque máximo a corrente Australiana com freqüência de 1 kHz e modulação em Bursts com duração de 2 ms deve ser utilizada. Já para a estimulação sensorial com desconforto mínimo, e conseqüentemente, maior aceitação por parte do paciente deve se utilizar a corrente Aussie (corrente Australiana) com freqüência de 4 kHz com modulação em Bursts de duração igual a 4 ms. (IDEM). 4.2 INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES Corrente Australiana para a modulação da dor: Tradicionalmente, a modalidade terapêutica eleita para trabalhos de modulação da dor são as TENS com freqüências de pulso que podem variar de 10 a 180 Hz, tradicionalmente opta-se por freqüências de 100 Hz, e duração de pulso curtas de valores máximos entre 100 e 150 µs. A corrente interferencial de 4000 Hz também pode ser eleita como opção de tratamento. Um estudo de Shanahan et al. (2006) comparou o efeito hipoalgésico da corrente interferencial com uma corrente pulsada de baixa freqüência (TENS). De acordo com os resultados obtidos as duas correntes utilizadas apresentaram efeitos positivos, mas a corrente interferencial parece ser mais confortável quando comparada ao TENS. (MANUAL NEURODYN 10). Um estudo mais recente de McCarthy (2007) comparou a Corrente Aussie (corrente Australiana) com uma corrente pulsada e encontrou que a primeira foi mais confortável e também mais eficiente. A pequena duração dos Bursts da Corrente Aussie (corrente Australiana) resulta em eficiência elevada durante procedimentos de analgesia sem comprometer a sensação mais agradável durante a terapia. (IDEM). Um estudo similar realizado por Ward e Oliver (2007), comparou a corrente pulsada de baixa freqüência com a Corrente Australiana para analgesia e mais uma vez encontrou maior eficiência com menor desconforto da Corrente Australiana em relação ao TENS (figura 4b). Assim, as evidências apontam que quando se utiliza uma corrente alternada com freqüência na faixa de kHz modulada em Bursts de curta duração, o efeito de analgesia é melhor quando se compara em 58 relação a um TENS. A estimulação é mais confortável e o nível de tolerância por parte do paciente aumenta bastante, o que torna o tratamento mais eficiente. Gráfico 6 – Mudança no tempo de tolerância da dor (tempo em que o voluntário suporta imersão de sua mão na água fria). Os ciclos T1 e T2 apontam o período pré-intervenção. Os ciclos T3 e T4 durante a intervenção e T5 e T6 logo após a intervenção. Fonte: Manual do aparelho Neurodin 10 canais da IBRAMED. Frente ao apresentado nos parágrafos acima, podemos notar que a Corrente Aussie (corrente Australiana) é um recurso físico terapêutico que nasce para agregar valor clínico aos atendimentos prestados a pacientes que necessitam de reabilitação física em diversas áreas de especialidade da Fisioterapia. Torna-se importante ressaltar que dezenas de publicações científicas dão suporte incontestável à eficiência do uso da Corrente Aussie (corrente Australiana), situação que não se verificou durante a concepção de outros recursos eletroterapêuticos ao longo dos anos. Todos os valores físicos atribuídos à Corrente Aussie (corrente Australiana) tanto para reforço muscular quanto para a estimulação sensorial têm por trás de seus valores um vasto embasamento científico e assim, para essa modalidade terapêutica a prática baseada em evidências é uma realidade incontestável. (MANUAL NEURODYN 10). 4.3 VANTAGENS SOBRE AS OUTRAS CORRENTES A inconveniência da utilização das correntes polarizadas para os programas de E.E., hoje empregados, está na capacidade dessas correntes causarem a polarização sob os eletrodos, devido ao fluxo iônico irregular. (MANUAL NEURODYN 10) 59 A forma de pulso farádica é triangular e, em decorrência deste formato, a largura do pulso é de maior duração. Esta maior duração vai ser responsável, em parte, pelo maior desconforto promovido pela corrente farádica uma vez que o limiar doloroso vai ser atingido com uma menor amplitude do pulso, além disso, pela sua forma ser pontiaguda irá necessitar de uma alta amplitude de corrente de saída para promover a contração motora, daí a sensação da E.E. por corrente farádica ser desagradável. (IDEM) As correntes de média freqüência (corrente Russa e a corrente Aussie) apresentam várias vantagens em relação à corrente de baixa freqüência. (IDEM) Uma das vantagens está relacionada à resistência (impedância) que o corpo oferece à condução da corrente elétrica. Como a impedância do corpo humano é capacitiva, e sabe-se que em sistemas capacitivos, quanto maior a freqüência, menor será a resistência presente, e conseqüentemente mais agradável a corrente se tornará. Outro fator importante é que, devido a menor resistência oferecida pelo corpo humano à passagem da corrente, a estimulação a nível muscular será bem mais profunda, em função da possibilidade de aumento da amplitude da corrente. (IDEM) O sucesso dos programas de E.E. depende amplamente dos parâmetros da estimulação. Para a utilização da E.E. mais efetiva, o profissional precisa dominar todos os parâmetros e saber quando e como regulá-los para torná-los mais convenientes a um programa de tratamento particular de um determinado paciente. (IDEM) 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) constitui hoje em um importante recurso terapêutico. Entretanto, para tirar o máximo proveito na utilização destes equipamentos, o profissional deverá ter conhecimentos dos parâmetros físicos da corrente elétrica que serão manipulados, já que as respostas fisiológicas observadas nos pacientes dependerão destes conhecimentos. O objetivo do presente estudo, sob forma de levantamento bibliográfico foi ilustar o efeito que a EENM com corrente Aussie propicia a nível muscular, sendo um excelente aliado em tratamentos estéticos. Considerando-se os efeitos eletrofisiológicos da corrente Aussie, pode-se dizer que o tipo de corrente apresentada é o mais eficaz no incremento da força muscular. Ainda propicia aumento no percentual de massa magra e redução no percentual da massa adiposa em indivíduos saudáveis. Portanto concluímos que os resultados da estimulação com a corrente aussie são favoráveis , principalmente no que se refere a:1) à hipertrofia das fibras musculares (tipo II - 50 % e tipo I - 20%); 2) o volume nuclear interno teve um aumento tecidual de 25%; 3) o tamanho e o volume das fibras estão completamente relacionados com o volume dos mionúcleos; 4) o aumento da atividade das células leva à Hipertrofia celular, paralelamente ao aumento da atividade nuclear; 5) fibras maiores significam menos fibras por unidade de volume e de área, então o número de núcleos por fibra deve estar aumentado, e o aumento do volume nuclear indica o aumento do número de núcleos, individualmente, durante a estimulação; 6) o tipo e a freqüência da estimulação são essenciais para os efeitos nos mionúcleos; 7) o aumento na porção mitocondrial foi muito maior nas fibras tipo II, no que nas de tipo I, isto pode demonstrar que o regime de estimulação com média freqüência e alta amplitude de corrente estaria mais orientado para potência que para resistência e, em geral, correntes de média freqüência e alta intensidade tem maior efeito sobre as fibras do tipo II. Acredita-se assim com esses resultados, poder estar contribuindo com a divulgação do uso da eletroestimulação na prática clínica, porém, mais estudos científicos se fazem necessários para melhor avaliar o efeito da EENM no músculo esquelético sadio bem como a implantação de um protocolo eficaz. 61 REFERÊNCIAS AMATUZZI, M. M. ; GREVE, A. M. J. Medicina de Reabilitação Aplicada à Ortopedia e Traumatologia. São Paulo: Roca, 1999. ANDREWS, R; HARRELSON, G. L.; WILK, K. E. Reabilitação física das lesões. 2. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2000. BIENFAIT, M. Os Desequilíbrios Estáticos. 3 ed. São Paulo: Summus, 1993. BORGES, Fábio Dos Santos. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte Editora Ltda, 2010. Cap. 7, p. 159-200. BRASILEIRO, J. S. ; CASTRO, S. C. ;PARIZOTTO, A. N. Parâmetros manipuláveis clinicamente na estimulação elétrica neuromuscular (EENM). Revista Fisioterapia Brasil, v. 3, n. 1, p. 16-24, 2002. BRASILEIRO, J. S.; SALVINI, T. de F. 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