1 APRESENTAÇÃO 5 AULA 1: OFERTA E DEMANDA 7 INTRODUÇÃO 7 CONTEÚDO 10 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS A RESPEITO DA ANÁLISE DE MERCADO 10 TEORIA DE MERCADO 12 SISTEMA DE MERCADO: DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 12 EQUILÍBRIO DE MERCADO 17 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 18 CURVA DE INDIFERENÇA 22 RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA 25 EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR 27 EFEITO PREÇO, EFEITO RENDA E EFEITO SUBSTITUIÇÃO 28 ELASTICIDADE: PRINCÍPIOS 31 TIPOS DE ELASTICIDADES 31 OUTROS TIPOS DE ELASTICIDADES 36 ELASTICIDADE-RENDA (DA DEMANDA) (ERD) 37 ATIVIDADE PROPOSTA 38 REFERÊNCIAS 39 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 40 AULA 2: O QUE ESTÁ POR TRÁS DA CURVA DE OFERTA, ESTRUTURAS DE MERCADO E A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DOS JOGOS. 54 INTRODUÇÃO 54 CONTEÚDO 56 O QUE COMPÕE A CURVA DE OFERTA DAS EMPRESAS 56 TEORIA DA PRODUÇÃO 56 ANÁLISE DA PRODUÇÃO EM LONGO PRAZO 57 ANÁLISE DA PRODUÇÃO EM CURTO PRAZO 59 CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTOS DE PRODUÇÃO 62 2 CUSTOS DE PRODUÇÃO EM LONGO PRAZO 67 CONCORRÊNCIA PERFEITA 70 MONOPÓLIO 71 CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA E OLIGOPÓLIO 73 TEORIA DOS JOGOS, SUA IMPORTÂNCIA: GERADORA DE ESTRATÉGIAS DAS EMPRESAS OLIGOPOLISTAS 74 ATIVIDADE PROPOSTA 80 REFERÊNCIAS 83 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 84 AULA 5: FUNDAMENTOS DA MACROECONOMIA 105 INTRODUÇÃO 105 CONTEÚDO 109 CRESCIMENTO E EMPREGO 109 O LADO DA OFERTA AGREGADA: ÓTICA DO PRODUTO 112 O LADO DA DEMANDA AGREGADA: ÓTICA DOS GASTOS DA ECONOMIA 116 CONSUMO (DAS FAMÍLIAS E DO GOVERNO) E A POUPANÇA 116 FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO (INVESTIMENTO) 117 A ECONOMIA ABERTA 119 OUTRAS FORMAS DE RACIOCÍNIO PARA MENSURAÇÃO DA RENDA E DO PRODUTO 122 ATIVIDADE PROPOSTA 127 REFERÊNCIAS 129 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 129 AULA 6: CONTEXTOS ECONÔMICOS ATUAIS 143 INTRODUÇÃO 143 CONTEÚDO 147 MOEDA, AGREGADOS MONETÁRIOS E SETOR PÚBLICO 147 BASE MONETÁRIA 151 INFLAÇÃO: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS 153 BALANÇO DE PAGAMENTOS E CÂMBIO 157 ATIVIDADE PROPOSTA 170 REFERÊNCIAS 172 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 173 3 CHAVES DE RESPOSTA 184 AULA 1 184 ATIVIDADE PROPOSTA 184 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 184 AULA 2 188 ATIVIDADE PROPOSTA 188 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 189 AULA 5 ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ATIVIDADE PROPOSTA 195 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 196 AULA 6 ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ATIVIDADE PROPOSTA 200 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 200 CONTEUDISTA 204 4 A realidade econômica das empresas e dos países permeia os mais diferentes aspectos da vida das organizações e das sociedades. A compreensão a respeito dessa realidade é fundamental para o entendimento do mundo globalizado no qual estamos vivendo e que nos ajuda na tomada de decisão no plano profissional. Nesse sentido, o conhecimento das informações a respeito dos elementos que nós iremos apresentar nesse curso de pós-graduação e suas aplicações nos ajudam a responder a uma série de questões com as quais nós, dentro das nossas empresas, nos deparamos continuamente. Entre essas questões, podemos destacar: Por que aos primeiros sinais de elevação da inflação, o Banco Central do Brasil cogita um aumento na taxa selic? Por que e em que condições o preço de um produto aumenta? Por que a carga tributária brasileira é tão elevada? Por que o crescimento da China tem estado tão elevado, apesar da crise econômica que afeta o mundo desde 2007/08? Por que um mercado está mais concentrado (com menor concorrência) do que outros? Profissionalmente, várias áreas de atuação estão utilizando as informações e o emprego da Economia de forma rotineira. É o caso, por exemplo, dos administradores, financistas, advogados, gestores, jornalistas, contadores etc. Nesse contexto, o conhecimento que iremos adquirir em nossas aulas de Economia Empresarial, aliado às aplicações deste conhecimento, não apenas representa um diferencial no mercado de trabalho, mas também é importante, e bastante valioso, para o sucesso nos negócios. 5 Além disso, na medida em que compreendemos a realidade econômica das empresas e das nações, ampliamos, gradativamente, os horizontes do conhecimento sobre o nosso país, os nossos mercados e sobre o mundo de maneira geral. Isso permite, também, exercer melhor e de maneira mais efetiva a cidadania com sustentabilidade para a empresa em que trabalhamos. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Apresentar os conceitos de oferta, demanda, elasticidades e mercado no qual se esboçam as características principais do chamado equilíbrio de mercado e do comportamento do consumidor; 2. Expor o funcionamento de uma empresa centrado no estudo do mercado como regulador da atividade econômica em que esta empresa está inserida; 3. Tratar dos diferentes tipos de mercados, concluindo com a análise a respeito da teoria dos jogos; 4. Abordar a discussão sobre emprego, renda e crescimento, produto e suas derivadas como consumo, investimento, gastos do governo e exportações líquidas; 5. Analisar o setor público e a intervenção do Estado na dinâmica econômica, salientando a discussão sobre juros, câmbio, inflação, moeda e o setor externo. 6 Introdução Começaremos lendo o artigo a seguir, pois ele será base para entendimento do material desta aula. Em novembro, a demanda cresce e oferta cai no setor aéreo (Veja: 22/12/2012). Dados da Anac mostram queda de 5,7% na oferta na comparação com igual mês de 2011. No mesmo período, a procura aumentou 7,2%. Gabriel Castro, de Brasília. Quem tentou comprar passagens aéreas neste fim de ano encontrou valores mais altos do que a média. Dados divulgados nesta sexta-feira pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ajudam a explicar o que ocorreu: a demanda aumentou, a oferta diminuiu e a lei que rege o mercado empurrou os preços para cima. Em novembro, a agência registrou o maior percentual no índice que mede a ocupação nos voos domésticos desde o início da série histórica, em 2000: 76,2%. O índice é fruto de uma demanda que cresceu 7,2% ante o mesmo mês de 2011, combinada a uma oferta que cedeu 5,7% no mesmo período. Foi o terceiro mês seguido de queda na disponibilização de assentos para venda, o que não ocorria há quase nove anos. Turbulência – Estes números evidenciam a complexa situação das duas maiores companhias aéreas brasileiras, TAM e Gol, que, pressionadas em 2012 por expressivos aumentos de custo (com destaque para o efeito da alta do dólar e o aumento do querosene de aviação), deram início às políticas de corte nas rotas consideradas menos rentáveis, sobretudo para 7 o Norte e Nordeste. Outra razão a enxugar a oferta foi a decisão da Gol de fechar a Webjet. No somatório dos onze primeiros meses de 2012, a demanda cresceu 7,2%. No mesmo período, a oferta não acompanhou o ritmo: o acréscimo foi de apenas 3,7%. O balanço da Anac identificou ainda as movimentações do mercado da aviação civil no país. Entre janeiro e novembro de 2012, a TAM e a Gol mantiveram a polarização no cenário doméstico: a primeira respondeu por 40,5% da participação de mercado; enquanto a segunda abocanhou 33,9%. A TAM obteve crescimento de 5,4% no índice que mede o número de passageiros transportados. No caso da Gol, houve queda de 3,6%. Na comparação com novembro de 2011, quem mais cresceu foi a Avianca, que praticamente dobrou sua participação no mercado. A TAM também consolidou o predomínio nas viagens internacionais. Entre as empresas brasileiras com rotas para o exterior, a companhia ocupou 89,4% do mercado, contra 10,3% da Gol. Trip e Avianca completam a lista. Atrasos – Também nesta sexta-feira, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, informou que 12% dos voos em dezembro tiveram atraso superior a 30 minutos. O diretor-presidente da Anac, Marcelo Guaranys, considerou o resultado "razoável". A meta é manter o índice abaixo dos 15%. Conforme podemos ver pelo artigo acima da Revista Veja de 22/12/2012, um dos grandes temas atuais da economia empresarial refere-se ao estudo, análise e discussão sobre o comportamento da oferta das empresas em função da massa consumidora existente, e procura, por conseguinte, projetar os passos desta massa consumidora, algo que é de grande interesse para as 8 empresas e corporações, que podem ter a segurança de sempre ter a sua fatia de mercado, mantendo-se ativas por quanto tempo planejarem. Dentro do estudo da economia, a análise da demanda e da oferta é um dos fatores extremamente importantes do mundo atual. Destaca-se como complementação a discussão sobre elasticidades. Este debate é muito importante, porque se refere à explicação a respeito da sensibilidade de uma variável em relação à outra variável qualquer. Essa sensibilidade indica que a mudança de uma variável, como preço, por exemplo, afeta a magnitude de outra variável, como quantidades demandadas ou ofertadas. Nesta aula, portanto, estudaremos sobre oferta, demanda equilíbrio de mercado, comportamento do consumidor e elasticidades. Objetivos: 1. Contextualizar oferta demanda, mercado e equilíbrio de mercado. 2. Analisar e discutir o comportamento do consumidor segundo seus pressupostos básicos de satisfação e de renda e seus respectivos efeitos. 3. Apresentar o conceito de elasticidades e as suas respectivas características. 9 Conteúdo Noções Introdutórias a Respeito da Análise de Mercado A economia empresarial pelo estudo da análise de mercado é o ramo da ciência econômica que se preocupa com a discussão a respeito do comportamento econômico dos consumidores, das famílias e das empresas, por exemplo, na formação dos preços em mercados específicos. Na verdade, nesse aspecto temos um estudo microeconômico, seja no âmbito propriamente dito econômico, mas também da administração e da gestão industrial e de serviços. Ao analisar os mercados específicos, devem ser levadas em consideração, no estudo da microeconomia, determinadas informações que nos fazem entender e compreender melhor do que trata esta divisão da teoria econômica no que se refere ao nosso curso. Melhor dizendo: a) Sobre o mercado, o preço, funções e equilíbrio: O mercado é o local ou contexto no qual compradores e vendedores tendem a comprar e a vender produtos; no caso da microeconomia, temse um mercado para cada bem e/ou serviço no sistema econômico; Nos mercados específicos são formados os preços. O preço de um determinado bem e/ou serviço é a sua relação de troca pelo dinheiro, melhor dizendo, a quantidade de reais (R$) necessários para ser transacionada uma unidade da mercadoria (bem e/ou serviço); De acordo com este contexto de mercados específicos, apresentam-se funções que demonstram relações entre compradores e vendedores, ou seja, uma função mostra a relação entre duas ou mais variáveis; indicando como o valor de uma variável (chamada dependente) depende e pode ser 10 calculado pela especificação do valor de uma ou mais variáveis (definidas como variáveis independentes); O equilíbrio é uma condição de um mercado que, uma vez atingido, tende a persistir. O equilíbrio, de acordo com o que veremos nesta aula, resulta do balanceamento das forças do mercado. b) A respeito da hipótese em latim “coeteris paribus” (tudo o mais permanece constante) refere-se ao chamado efeito líquido (ou puro) que cada uma variável tem em relação à outra variável qualquer especificamente. Na microeconomia 1 , segundo Pindyck & Rubinfeld 2 , são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. Genericamente, os princípios básicos que decorrem da visão dos consumidores e das empresas são os de que os primeiros desejam maximizar as suas satisfações e os das empresas, maximizarem os seus lucros totais: racionalidade dos consumidores e das empresas. Contudo, o objetivo desta aula é oferecer-lhe uma formação importante, sem renunciar a certa capacidade de análise crítica e sistemática microeconômica. Mas destaca-se que o estudo da microeconomia pelo qual estamos começando a fazer agora, na verdade, estará também discriminado até chegarmos à aula II, que diz respeito à teoria da firma e estruturas de mercado. 1 A análise da teoria microeconômica (ou teoria dos preços) pode ter papel fundamental para poder auxiliar as decisões de planejamento (e administração) das empresas, ou de alguma organização produtiva (tais como na formação da política de preços de uma empresa, nas previsões de custos de produção etc.), por exemplo. 2 PINDYCK, Robert S. & RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. 11 Entretanto, é importante, como condição complementar ao que estamos tratando, analisarmos melhor abaixo a chamada teoria de mercado. Boa aula para você! Teoria de Mercado Um mercado específico caracteriza-se como sendo um lugar qualquer, onde grupos de pessoas (físicas e jurídicas) se encontram para tentar comprar e vender alguma “coisa” (algum bem e/ou serviço). Com os modernos meios de comunicação, com a internet e com a diversificação do comércio, tais pessoas não precisam estar necessariamente em contato direto. Porém, desde que sejam “conhecedoras” dos preços e das possibilidades de entrega, procede-se o intercâmbio e, a partir daí, caracteriza-se o mercado de trocas. A teoria de mercado (na microeconomia) nos demonstra, então, que um mercado é compreendido como um local (ou uma unidade econômica), ou mesmo uma convergência, onde são encontrados compradores e vendedores no qual se realizam as forças de oferta e demanda (ou procura) por bens e/ou serviços e onde são formados os preços conforme veremos adequadamente na aula posterior. Sistema de Mercado: demanda, oferta e equilíbrio de mercado A Lei da Demanda As trocas são realizadas nos mercados (interno e externo). Nestes, atuam (conjuntamente) as forças da demanda e da oferta por mercadorias (ou produtos – bens e/ou serviços). Como os recursos são escassos, os compradores e os vendedores tendem a entrar em um acordo sobre os preços dos produtos, de tal forma que sejam feitas as transações das 12 quantidades dessas mercadorias por uma determinada quantidade de dinheiro (ou moeda). Nesse contexto, os preços dos produtos (ou das mercadorias) podem ser definidos, na verdade, como a quantidade de reais (R$) necessários, para poder obter em troca uma determinada quantidade de mercadorias. Fixando preços para todos os produtos (bens e serviços e mesmo para os fatores de produção), o mercado permite a coordenação dos compradores e dos vendedores, assegurando a viabilidade de um sistema capitalista por meio do chamado livre jogo da oferta e demanda que é uma peça-chave no funcionamento de toda a economia (de mercado) e onde tende-se a se obter o que definimos como sendo o equilíbrio de mercado. Pela visão microeconômica, o funcionamento de um mercado e a formação de preços ocorre devido às relações entre demanda e oferta. A demanda (ou procura) de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas por um determinado produto indica o quanto esta pessoa ou grupo de pessoas desejam consumir, a dado preço desse produto, num determinado período de tempo. Como exemplo, tomemos o gráfico a seguir que representa o comportamento da demanda em relação a um produto X. Quando o preço está em um nível elevado, a demanda pelo produto é menor, ou seja, uma boa parte dos consumidores não está disposta a adquirir o produto a este nível de preço. No gráfico, ao preço Px = R$7,00 teremos Qx = 1.000 Kg a serem consumidas. Se o preço está em um nível mais baixo, a demanda pelo produto será maior, pois mais consumidores estarão dispostos a adquirir o produto àquele nível de preço. Nota-se no gráfico que ao preço Px = R$4,00 haverá Qx = 4.000 kg a serem compradas. 13 Fonte: Desenvolvido pelo autor. Cabe destacar que efetivamente a quantidade Qx do produto no mercado não é somente influenciada pelo preço Px. Existe uma série de outras variáveis (ou fatores) que também afetam a demanda deste produto. Desta forma, segundo Vasconcellos 3 , temos que, mais tradicionalmente em termos quantitativos, os fatores mais significativos que acabam afetando também a demanda dos consumidores na sua maioria dos mercados são: Qx = f (Px, Py, Pz, R)/t Em que: Qx = quantidade procurada (demandada) do produto X Px = preço do produto X Py = preço do produto substituto Pz = preço do produto complementar R = renda do consumidor 3 VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. Rio de Janeiro: Atlas. 14 /t = significa num dado período de tempo (dias, meses etc.)4 De acordo com a função acima, coeteris paribus, se houver um aumento da renda e isto fizer com que haja um aumento da demanda, dizemos que o produto (X) é de consumo normal. Porém, se dado um crescimento da renda e acontecer uma queda da demanda, o produto é de consumo inferior5. Ainda no que diz respeito à função (geral) da demanda acima, coeteris paribus, havendo aumento do preço de um bem Y e que irá fazer aumentar a demanda do produto X, diz-se que X e Y são produtos substitutos. Por outro lado, se ocorrer um aumento do preço de um bem Z e que este aumento faz diminuir a demanda pelo produto X, assim, X e Z são produtos complementares6. A Lei da Oferta No que diz respeito à oferta (de uma mercadoria em um determinado mercado), esta é a quantidade de um produto X (Qx) que um produtor ou conjunto de produtores está disposto a vender, a determinado preço, em um período de tempo. Pelo gráfico a seguir, podemos observar o comportamento da quantidade ofertada de um produto X (Qx). Com o nível de preço elevado (Px), os produtores tendem a ofertar uma quantidade maior do produto. Se o preço estiver em Px = R$7,00, a quantidade a ser colocada no mercado será de Qx = 4.000 kg. Mas se o nível 4 Cabe destacar que subjetivamente, os hábitos e preferências dos consumidores em um mercado também influenciam a demanda por um produto neste mercado, assim como a publicidade e a propaganda. 5 É importante destacar que existe uma categoria que chamamos de bens de consumo superior. Isto quer dizer que se o consumidor fica mais rico, demandará mais produtos de maior qualidade, é o caso do consumo por joias. 6 É importante salientar que toda vez que ocorrer: > alteração de Px, haverá uma modificação de Qx e a esta modificação define-se como sendo uma mudança na quantidade demandada (pois toda a mudança será feita ao longo da própria curva de demanda); > alteração de R, Py, Pz, ocorrerá uma modificação de Qx e a esta modificação chama-se como sendo uma mudança na demanda (porque toda esta mudança será gerar um deslocamento da curva de demanda, seja para a direita, seja para a esquerda). 15 de preço cair para Px = R$4,00, muitos produtores deixarão de ofertar a mercadoria a este preço e teremos uma oferta de Qx = 1.000 Kg, ocasionando uma queda na quantidade ofertada. Fonte: Desenvolvido pelo autor. Prezado aluno, podemos perceber pela figura anterior que há uma relação direta entre a quantidade ofertada do produto X e o seu respectivo preço. Mas por que isso tende a acontecer? A resposta a esta questão, coeteris paribus, reflete um procedimento no qual um aumento de Px no mercado irá instigar o aumento das produções das empresas. Devido a isso, novas empresas poderão ser atraídas para a produção deste produto, aumentando, portanto, a quantidade ofertada do produto X. É claro que além do preço do produto X, outros fatores irão influenciar no nível da oferta deste produto no mercado, entre eles destacam-se: os custos com os fatores de produção7, alterações no nível de tecnologia, aumento da 7 Tais como, os custos com os pagamentos de salários, preços das matérias-primas etc. 16 quantidade de empresas no mercado etc. Sendo que qualquer modificação do Px gera o que chamamos de mudanças na quantidade ofertada, isto é, mudanças do nível da oferta ao longo da própria curva; e toda e qualquer variação nos custos dos fatores e no nível tecnológico, por exemplo, coeteris paribus, acabam acarretando um deslocamento da curva de oferta (ou modificações na oferta de mercado). Equilíbrio de Mercado Dadas as curvas de demanda e de oferta já estudadas anteriormente, se fizermos o cruzamento destas curvas irá se determinar o que se chama por equilíbrio de mercado, formando o preço e a quantidade de equilíbrio como está demonstrado pelo diagrama a seguir. Fonte: Desenvolvido pelo autor. 17 Nesta situação, há uma "harmonia" entre oferta e demanda. Teoricamente, neste ponto, o nível de preço não está nem muito alto nem muito baixo, satisfazendo tanto a consumidores quanto a produtores. Mas: se tiver algum preço abaixo do preço de equilíbrio, haverá aí um excesso de demanda (ou uma escassez de oferta); e por outro lado, ocorrendo um preço acima do preço de equilíbrio, surgirá um excesso de oferta (ou uma escassez) de demanda. Também não podemos nos esquecer de que havendo uma modificação da renda dos consumidores e/ou aumento dos custos dos fatores de produção, por exemplo, isto acarretará alteração no ponto de equilíbrio de mercado. Comportamento do Consumidor8 A discussão que empregaremos aqui é de como consumidores racionais que irão realizar as suas demandas distribuem os seus recursos entre os diferentes bens de forma que consigam maximizar os seus níveis de utilidades (ou satisfações). Sob o ponto de vista histórico, o conceito de utilidade empregado era o de utilidade cardinal, ou seja, o de utilidade como uma magnitude que se podia medir. Neste caso, o argumento era o de que aumenta a satisfação (ou utilidade total) do consumidor conforme aumenta a quantidade a ser consumida de um determinado produto9. Atualmente, a economia empresarial leva mais em consideração, na moderna teoria a respeito do comportamento do consumidor, o princípio da utilidade ordinal. Sob este enfoque, examina-se a ordem de preferências pelas 8 Toda a análise a respeito do comportamento do consumidor está calcada na discussão sobre demanda Marshalliana e Hicksiana. 9 A utilidade total, derivada do consumo do bem, cresce à medida que o consumidor aumenta a quantidade a ser consumida ao longo do tempo. Entretanto, cabe destacar que o valor acrescentado à utilidade total por cada uma unidade a mais do bem a ser consumido é chamado de utilidade marginal. Por uma fórmula, a utilidade marginal pode ser calculada da seguinte maneira: UMgx = (∆UT/∆Qx), sendo UMgx = utilidade marginal do produto X; ∆UT = variação da utilidade total; ∆Qx = variação da quantidade a ser consumida do bem X. 18 diferentes cestas de mercadorias 10 que o consumidor vai consumir. Neste princípio, examina-se-se, por exemplo, se a cesta de bens A é preferida à cesta de bens B, se a B é preferida à cesta C, e assim sucessivamente. A partir desta ordem é possível estabelecer formalmente as prioridades gerais na formação de uma curva de indiferença, como podemos perceber, por exemplo, no artigo a seguir do portal G1 que diz respeito às preferências por cestas de mercadorias de produtos orgânicos. Empresas entregam marmitas e cestas de produtos orgânicos Empresárias criaram até feijoada vegetariana. Outra empresa monta e entrega cestas de alimentos orgânicos em SP. A alimentação saudável agora chega à porta de casa. Uma empresária de São Paulo aposta no segmento e entrega uma cesta de produtos sem agrotóxicos. Outro destaque são as marmitas orgânicas, uma opção para quem dá valor à boa alimentação, com direito à feijoada de vegetais no cardápio. No lugar de carne seca e costeleta de porco, beterraba, cenoura, carne de soja, abobrinha e salsão. A feijoada vegetariana é a campeã de vendas na empresa de delivery. São mais de 20 pratos criados pelas empresárias Sofia Dobbin e Cassia Janeiro. Todos os alimentos são orgânicos, cultivados sem agrotóxicos. “É um nicho que eu acho que só tende a estourar de muito bom, porque é exatamente prático e saudável, as pessoas estão preocupadas com isso hoje, com o que você está comendo.” Cássia e Sofia são vegetarianas e sempre gostaram de cozinhar para amigos. Os pedidos aumentaram tanto que, em setembro de 2012, elas decidiram 10 Define-se como sendo uma cesta de mercadorias ao conjunto de uma ou mais mercadorias (ou bens, ou produtos) associado às quantidades consumidas de cada uma dessas mercadorias. 19 cobrar pelos pratos, e abriram uma empresa de entrega de marmitas. O investimento inicial foi de R$ 5 mil para comprar matéria-prima. A empresa funciona na cozinha de casa das empresárias e elas fazem de tudo: compram os ingredientes, preparam os pratos, cuidam do financeiro e até entregam. O negócio ainda é caseiro pequeno, mas está crescendo. Já são 240 pratos por mês, e o segredo está no sabor que elas conseguem dar aos vegetais com uns temperos diferentes e especiais. Em vez de alho e cebola, elas usam tempero indiano, semente de coentro, pimenta de limão e sal rosa tirado das rochas. A feijoada fica pronta em uma hora. Em cima, vão pedacinhos de provolone desidratado. Ela é servida com couve, arroz integral e farofa de aveia. Além da feijoada, elas fazem refeições com charutos de repolho, almôndegas de soja com polenta, tabule, salada de grão de aveia e de chuchu. Os pratos só levam vegetais, leite e derivados. “É a criatividade, né? A gente cria coisas diferentes, com ingredientes diferentes, misturas diferentes e fica muito gostoso”, diz a empresária Cássia. Os pratos pesam em média 450 gamas cada. Eles vão numa embalagem plástica, que pode ir ao micro-ondas. Os alimentos orgânicos são mais caros que os tradicionais, mas as empresárias garantem: o negócio dá um bom lucro. Em média, o custo da matéria-prima para fazer um prato é de R$ 9. E o preço de venda é de R$ 20. “A gente tem convênio com uma empresa e a gente compra diretamente dos produtores, fora isso a gente também evita qualquer tipo de desperdício. A gente reaproveita muitos alimentos, então isso acaba diminuindo o custo”, explica a empresária. 20 O faturamento da empresa de marmitas orgânicas ainda é pequeno – R$ 4,8 mil por mês. Mas as empresárias apostam em crescimento rápido. “A gente hoje tem mais ou menos de 200 a 300 pratos por mês e a minha meta é chegar a 1000.” A empresa tem hoje 40 clientes. Tadeu Freitas vai experimentar pela primeira vez a feijoada vegetariana. “Essa feijoada é uma delícia. É uma feijoada sem gordura, com a couve, sem o tempero como normalmente as pessoas fazem. Então fica com outro sabor”, sugere. Cesta Outra prova de que esse mercado é bom está em outra empresa. Desde 1999, Rachel Soraggi monta e entrega cestas de alimentos orgânicos em São Paulo. “Eu tenho para mim que é uma coisa que vai crescer muito. O consumidor ainda vai se conscientizar de que é a melhor forma de se alimentar”, diz a empresária. São 400 itens. Todos com a certificação de orgânicos. Arroz, café, biscoito, legumes, verduras, frutas, iogurte, queijo e até produtos de limpeza. Rachel compra direto dos produtores, e consegue preços mais baixos. “O segredo é muito trabalho, perseverança, buscar produtos, inovar, sempre a procura de alguma coisa nova, investir em qualidade do produto.” Do total, 70% das vendas de orgânicos são pela Internet. O cliente quer rapidez e praticidade. É só entrar na loja virtual, clicar nos produtos, pagar com cartão de crédito ou na hora da entrega. A rotina da empresa é separar os produtos de acordo com a lista de pedidos e colocar na cesta. O desafio é que o fornecimento de orgânicos é irregular, os produtores são poucos e pequenos. E toda semana falta algum tipo de 21 produto. “Eu procuro outros fornecedores certificados, orgânicos, quando não encontro. O cliente tem que entender que não posso enviar a mercadoria.” Para montar o delivery de orgânicos, a empresária investiu R$ 100 mil. Ela reformou o espaço, montou a loja virtual e reservou capital de giro para compra dos produtos. A divulgação do negócio é feita em feiras, folhetos e boca a boca. A empresa entrega 130 cestas orgânicas por semana. O preço médio do frete é de R$ 9,50, para a capital paulista. Diego Espino é cliente há dois anos. “Eu pedi legumes, verduras e pouca fruta.” De acordo com ele, a encomenda traz comodidade. O negócio já fatura mais de R$ 1 milhão por ano, e só cresce. A opção pelo saudável é uma tendência forte, que veio para ficar - garante Rachel. “Todo mundo hoje tem investido muito em orgânico, tem visto que é um mercado em crescimento mesmo e eu quero abocanhar uma parte desses consumidores que estão preocupados com a saúde e com impactos ambientais na produção.” Portal G1 10/03/2013 07h51 - Atualizado em 10/03/2013 07h51 Mas vamos estudar melhor no próximo item sobre o conceito de curva de indiferença. Curva de Indiferença Neste tópico, iremos descrever como o consumidor deve classificar as diferentes opções de consumo segundo as suas preferências, representadas por meio de diferentes cestas de mercadorias. Neste sentido, definimos como curva de indiferença ao lugar geométrico de todos os pontos, 22 representados por cestas de mercadorias, que geram o mesmo nível de utilidade ao consumidor. Melhor explicando, a curva de indiferença representa graficamente um conjunto de cestas de consumo que são igualmente desejáveis pelo consumidor, por isso que esta curva é chamada de curva de indiferença. Pois, para este consumidor tanto faz,ou seja, ele é indiferente ao escolher a cesta A, ou B, ou C, por exemplo, todas elas proporcionam o mesmo nível de satisfação, de acordo com o gráfico abaixo. Curvas de Indiferença Fonte: Elaborada pelo autor. No espaço-mercadoria do diagrama (X e Y) tem-se duas curvas de indiferença U1 e U2 negativamente inclinadas, convexas em relação à origem dos dois eixos e que não se interceptam. As curvas são negativamente inclinadas, porque demonstram que o nível de satisfação do consumidor permanece o mesmo. Por exemplo, tendo-se duas cestas A e B com diferentes quantidades de X e Y sobre a curva U1, se o consumidor substituir a cesta B pela cesta A11, estará aumentando o consumo de X e diminuindo uma certa unidade de consumo de Y, mantendo o mesmo nível de satisfação (ou de utilidade). A inclinação da curva de indiferença recebe o nome de taxa marginal de 11 Tal análise de discussão também se refere à cesta C. 23 substituição (TMgS) e refere-se à taxa de troca da quantidade de um bem pela quantidade de outro, mantendo o mesmo nível de bem-estar ou de satisfação, calculada através da expressão TMgS = │(∆Y/∆X)│12. A convexidade em relação à origem diz respeito à utilidade ser decrescente proprorcionada por um bem. Melhor explicando, a inclinação de uma curva de indiferença aumenta à medida que nos movimentamos para baixo ao longo da curva. A taxa marginal de substituição vai diminuindo à medida que aumenta a quantidade de X a ser consumida e reduzimos a quantidade de Y, como podemos perceber pela tabela abaixo. Quantidades de X Quantidades de Y TMgS 1 10 ----------- 2 5 5 3 3 2 4 2,3 0,7 5 1,7 0,6 6 1,2 0,5 7 0,8 0,4 8 0,5 0,3 9 0,3 0,2 10 0,2 0,1 Fonte: Tabela desenvolvida pelo autor. Cabe destacar que acima são apresentadas apenas duas curvas de indiferença. Entretanto, entre elas existe um grande número de outras curvas de indiferença, em que cada uma representa determinado nível de utilidade, sendo que a este conjunto dessas curvas chamamos de mapa de indiferença. Quanto mais distante está uma curva de indiferença (ou seja, mais para a direita) da origem dos eixos X e Y, maior a satisfação expressa do 12 O resultado desta TMgS está em módulo, pois há uma relação inversa entre a variação de Y com a variação de X. Na medida em que há aumento do consumo de X, há uma queda do consumo de Y, e vice-versa, fazendo com que o resultado desta taxa seja negativo. 24 consumidor, que contém cestas mais desejadas. E quanto mais perto dessa origem (isto é, mais para a esquerda) apresenta-se uma curva de indiferença com cestas menos desejadas. Restrição Orçamentária Com um orçamento (ou rendimento) limitado, o consumidor procura normalmente distribuí-lo entre as diversas mercadorias que deseja comprar. Desta forma, ele deseja alcançar a melhor combinação que tende a lhe gerar o maior nível de satisfação racional possível. Assumindo que um dado consumidor gasta toda a sua renda para comprar diferentes quantidades de dois produtos denominados de bem X e bem Y em um dado mercado, a restrição orçamentária pode ser apresentada através da equação: R = Px.Qx + Py.Qy Em que: R = renda monetária do consumidor; Px = o preço de uma unidade de X; Qx = quantidade de X; Py = o preço de uma unidade de Y; Qy = quantidade de Y. Tendo-se a hipótese de que o consumidor não compra a prazo, assim, ele aloca a sua renda na compra das quantidades de X e Y, tem-se que: > Qy = (R/Py) – [(Px.Qx)/Py] e Qx = (R/Px) – [(Py.Qy)/Px] > Se Qy = 0 → Qx = (R/Px) > Se Qx = 0 → Qy = (R/Py) 25 A tabela a seguir demonstra as diversas possibilidades de consumo pelas quantidades dos bens X e Y. Nela estamos supondo que o consumidor possui uma renda (R) semanal de $ 240,00 para gastar, sendo Px = $ 2,00 e Py = $ 1,00. Existem várias combinações (ou cestas) possíveis discriminadas sob as quais o consumidor poderá escolher, como estão expostas a seguir. Cestas Gasto Total com as Cestas de Mercadorias R Px Qx Px.Qx Py Qy Py.Qy I 2,00 0 0,00 1,00 240 240,00 240,00 II 2,00 20 40,00 1,00 200 200,00 240,00 III 2,00 40 80,00 1,00 160 160,00 240,00 IV 2,00 60 120,00 1,00 120 120,00 240,00 V 2,00 100 200,00 1,00 40 40,00 240,00 VI 2,00 120 240,00 1,00 0 0,00 240,00 Fonte: Tabela elaborada pelo autor. A partir destas informações, traçamos uma linha de restrição orçamentária do consumidor descrevendo as combinações possíveis das quantidades dos bens Y e X que podem ser adquiridas com um dado nível constante de renda semanal para determinados níveis de preços. Fonte: Gráfico elaborado pelo autor. 26 Tendo-se no eixo vertical Qy e no eixo horizontal Qx, essa linha indica quais são as diversas combinações dos bens (X e Y) que o consumidor poderá adquirir de acordo com a sua renda. Ao mesmo tempo, ela demonstra também graficamente qual é o máximo que o consumidor poderá gastar para obter dos dois bens. Cabe explicar que uma elevação da renda amplia a capacidade de consumo. Isto é representado graficamente por meio de um deslocamento paralelo para a direita da linha da restrição orçamentária (LRO). Já uma redução da renda promove o deslocamento para a esquerda da LRO. Paralelo a isso, a inclinação da LRO é dada pela relação dos preços dos bens. Assim, uma modificação em um destes preços irá promover uma alteração da inclinação desta linha. Equilíbrio do Consumidor Neste tópico, juntamos as informações que aprendemos a respeito da curva de indiferença e da restrição orçamentária, permitindo-nos explicar o equilíbrio do consumidor. Do ponto de vista do consumidor, ele sempre prefere estar no nível maior de satisfação com a sua curva de indiferença mais para a direita, ou seja, mais afastada das origens dos eixos. No entanto, este nível não poderá ser alcaçado em função do seu orçamento, pois este acaba delimitando o seu poder de compra. De acordo com o gráfico a seguir, esta delimitação é dada pela linha da restrição orçamentária que tangencia uma dada curva de indiferença gerando uma máxima satisfação, ou chamado (ponto de) equilíbrio do consumidor, em função da renda do consumidor e dos preços dos produtos. Neste ponto, o consumidor distribui a sua renda adequadamente na compra entre os bens de forma a alcançar a combinação que lhe dá a maior satisfação (ou utilidade) possível. 27 Fonte: Gráfico elaborado pelo autor. Efeito Preço, Efeito Renda e Efeito Substituição Dado o tópico C anteriormente estudado, é importante destacar que há alterações da posição de equilíbrio do consumidor e tais alterações são conhecidas como análise dos efeitos (ou das causas) devidos (as) ao preço, à renda e à substituição dos produtos. Para uma análise mais simples, chamaremos q1 a quantidade do bem 1 e de q2 a quantidade do bem 2. O gráfico abaixo apresenta o efeito renda. Este efeito retrata uma modificação na posição de equilíbrio do consumidor, em função de uma variação na renda nominal deste consumidor, na qual os preços dos bens 1 e 2 são mantidos constantes. Se houver, por exemplo, um aumento de sua renda, o consumidor comprará maiores quantidades dos bens 1 e 2 deslocando o ponto de equilíbrio do consumidor para a direita, gerando novos e diferentes níveis de satisfação alcançáveis, por causa da variação da renda. Ao mesmo tempo, observa-se que ao unirmos todos os pontos de equilíbrio do consumidor, forma-se que denominamos de linha ou curva rendaconsumo, mostrando a variação do consumo dos bens 1 e 2, mantidos constantes os preços destes bens. 28 q1 F” Curva de Renda-consumo F’ F U3 U1 G U2 G’ G” q2 Fonte: Salvatore. No caso do efeito preço, este é caracterizado como sendo uma modificação da posição do ponto de equilíbrio do consumidor, em razão da alteração nos preços de um dos bens (supondo, do bem 2), mantida a sua renda nominal constante. Nesse caso ocorre um deslocamento desse ponto em consequência de um giro das linhas centradas no intercepto do eixo do bem 1, cujo preço p1 não se modificou. Neste sentido, as sucessivas linhas de preços mantêm-se retas, porém, com inclinações diferentes, demonstrando que à medida que p2 diminui, eleva-se o consumo de q2. A satisfação do consumidor aumenta, tão logo sejam atingidas as curvas que revelam utilidades cada vez maiores do ponto A para B e do B para o ponto C e que ao ligarmos esses pontos de equilíbrio, tem-se uma linha indicadora das modificações da posição de equilíbrio do consumidor, sendo que esta linha é definida como curva de preço-consumo. Cabe destacar que se determinarmos assim a quantidade a ser consumida do bem 2 para cada um de seus possíveis níveis de preços, podemos, portanto, derivar a curva de demanda do consumidor que demonstra uma relação inversa entre as quantidades e os preços. 29 q1 F Curva de Preço-consumo C B U3 A U2 U1 0 G G’ G” q2 Fonte: Salvatores Por último, o efeito substituição acaba sendo uma complementação do efeito preço. Este efeito demonstra como o consumidor realoca o seu consumo em função de quando se modificam os preços relativos dos bens 1 e 2, independentemente de haver uma modificação direta na sua renda nominal. Portanto, retrata como o consumidor tende a comprar mais do bem cujo preço relativo teve quedas, com o objetivo de substituir o outro bem que ficou relativamente mais caro. O efeito substituição caracteriza-se, na verdade, por mera modificação na posição do ponto de equilíbrio ao longo da mesma curva de indiferença (E para E’), tendo esta curva sofrido uma alteração da sua inclinação de acordo com a figura abaixo. Fonte: Salvatore. 30 Elasticidade: princípios De acordo com as leis da oferta e da demanda estudadas na aula 1, indica-se a direção, ou mesmo o sentido, pela mudança dos preços de um produto (seja ele um bem ou um serviço qualquer) em um determinado mercado. Melhor dizendo, quando o preço deste produto sobe, a demanda tende a diminuir e a oferta (deste mesmo produto) tende a aumentar. Em sentido contrário, o preço caindo, a demanda tende a aumentar e a oferta a cair. Porém, essa lei não informa adequadamente o quantum a mais (ou a menos) os consumidores irão demandar ou os produtores poderão ofertar em função das modificações dos preços do produto em questão. Para isso, o conceito de elasticidade é usado com o objetivo de mensurar a sensibilidade que as pessoas possam ter frente às mudanças em variáveis econômicas. E é em função dessas explicações que ao longo desse capítulo iremos nos deter. Tipos de Elasticidades A Elasticidade-Preço da Demanda ou da Procura (Epd) Define-se como elasticidade-preço da demanda (Epd) ao cálculo relacionado à maneira pela qual são medidas quantitativamente as reações que os consumidores possam ter às mudanças nos preços de determinadas mercadorias por meio da razão entre dois percentuais, isto é, a variação percentual na quantidade demandada (∆%Qd) dividida pela mudança (ou variação) percentual no preço do produto (∆%Pp): Epd = (∆%Qd)/(∆%Pp)13 Cabe destacar que, conforme Pindyck & Rubinfeld, o resultado da Epd é sempre negativo em função da lei da demanda. Ao mesmo tempo, é 13 Discriminando adequadamente as condições desta fórmula da elasticidade-preço da demanda, temos: ∆%Qd = [(Qf – Qi)/Qi]*100 ∆Pp = [(Pf – Pi)/Pi]*100 Qf = quantidade demandada final Qi = quantidade demandada inicial Pf = preço final do produto Pi = preço inicial do produto 31 importante fazer a classificação da demanda dos produtos em função da Epd. Neste sentido, ao que se refere à reação dos consumidores, o quadro abaixo (realizado pelo próprio autor) discorre que a demanda por um determinado produto pode ser classificada como elástica, inelástica ou de elasticidade unitária. Para complementar a explicação sobre este tipo de elasticidade, destaca-se um artigo do jornal Valor Econômico que se refere à demanda por minério de ferro. 32 Classificações, Explicações e Análise do Resultado da Elasticidade Preço da Demanda. Classificações Elástica Explicações Análise A demanda por um Os consumidores são determinado produto é bastante sensíveis às elástica quando a variações no preço. elasticidade-preço da demanda (Epd) tem um resultado cujo valor é maior que 1,0. Isso significa que a variação percentual na quantidade excede a variação percentual do preço. Inelástica A demanda por um Os consumidores são determinado produto é menos sensíveis (ou inelástica quando a relativamente elasticidade-preço da insensíveis) às variações demanda (Epd) tem um no preço. resultado cujo valor é menor que 1,0. Isso significa que a variação percentual do preço excede a variação percentual na quantidade. Elasticidade Unitária Se a elasticidade-preço Os consumidores têm da demanda por um sensibilidade relativa em produto for igual a 1,00 função das variações do diz-se que a sua preço. 33 demanda é de elasticidade unitária (ou neutra). Melhor dizendo, a variação percentual na quantidade é igual à variação percentual no preço. Fonte: Elaborada pelo próprio autor. Vale continua otimista com demanda por minério de ferro Por Rafael Rosas (28/11/2011 às 16h:28) VALOR - RIO - A Vale continua otimista com a demanda por minério de ferro no futuro, embora admita a existência de volatilidade no curto prazo. Para o diretor executivo de minério de ferro e estratégia da mineradora, José Carlos Martins, a volatilidade deverá continuar até o Ano Novo chinês, no fim de janeiro. "Estamos otimistas em relação ao futuro dos mercados de commodities e também de minério de ferro. Mas no curto prazo temos alguma volatilidade no mercado e essa volatilidade é causada principalmente pelo aumento do fornecimento por Brasil, Austrália e África do Sul, combinado com um aperto de crédito na China e também com uma demanda mais fraca na Europa e nos Estados Unidos", frisou Martins, que participa do Vale Day, na Bolsa de Nova York. "Essa combinação criou uma situação em que os preços caíram significativamente nos últimos meses", acrescentou. O executivo lembrou que o preço médio da tonelada de minério de ferro no mercado à vista chinês ficou em torno de US$ 175 por cerca de um ano. Nos últimos dois meses, caiu para US$ 116, voltou para US$ 150 e agora gira em torno de US$ 135. Segundo ele, a elasticidade do preço das importações no mercado da China é muito grande e o recuo dos preços contribui para um 34 aumento nas quantidades compradas do exterior, o que "mantém o mercado transoceânico estável, apesar do preço mais baixo". Martins ressaltou que atualmente a Vale tem ainda uma frota de cerca de 100 navios trabalhando para ela, dos quais 30% são próprios, 40% são contratados por longo prazo e o restante é contratado diariamente, o que contribui para reduzir o valor dos fretes. Durante a crise de 2008, a companhia foi apanhada em um momento em que realizava suas vendas no modelo FOB, no qual navios contratados por clientes embarcavam o minério nos terminais da empresa e faziam o carregamento até os clientes. "Quando o [preço] spot caiu muito, grande parte dos nossos clientes deixou de mandar navios para captar nosso minério. Tivemos que reduzir produção porque não havia para onde embarcar o minério", lembrou Martins. Hoje, segundo ele, há uma proposta mais flexível, na qual o único ponto do qual a empresa não abre mão é de uma precificação que considere as condições de oferta e demanda do mercado. "Desde que usemos o preço de mercado, abrimos para os nossos clientes a possibilidade de o preço ser trimestral, mensal ou diário", disse Martins. "Não queremos impor nenhum tipo de sistema de preços, mas queremos dividir com nossos clientes o que for melhor para os dois lados. E trabalhamos duro nisso", acrescentou, destacando que atualmente 35% das vendas de minério de ferro da Vale são baseadas no uso da frota contratada, com a entrega direta aos clientes. "Hoje, se há qualquer problema e os clientes não mandam navios, estamos aptos a carregar nossos navios e entregar minério para o mercado a preços de mercado", explicou o executivo. "Dada a longa distância entre Brasil e China, é claro que devemos ter uma política de frete mais forte e mais compreensível. Estamos distantes da Ásia, três vezes mais que o nosso 35 principal competidor. A política de frete é muito importante no longo prazo para a Vale". Martins ponderou ainda que, atualmente, cerca de 20% das vendas da mineradora têm como base o sistema trimestral de preços, que considera a média do mercado spot chinês. "O restante está sob negociação", frisou. (Rafael Rosas | Valor) Outros Tipos de Elasticidades Elasticidade-Preço da Oferta (Epo) A elasticidade-preço da oferta (Epo) mensura quantitativamente a reação dos vendedores às mudanças no preço do produto. Essa reação é também calculada pela razão entre dois percentuais: a variação percentual na quantidade ofertada (∆%Qo), dividida pela mudança (variação) percentual no preço do produto (∆%Pp), conforme a fórmula abaixo. Epo = (∆%Qo)/(∆%Pp) É importante salientar que dos determinantes que afetam a Epo, o tempo é significativamente importante, porque, em geral, a elasticidade de curto-prazo será diferente da de longo-prazo. Portanto, quanto maior tende a ser o tempo, as firmas têm a possibilidade de reagir mais intensamente às variações de preços, e a curva de oferta tenderá a se tornar cada vez mais elástica. Pode-se ter as seguintes situações dos resultados da Epo: Epo > 1: produto de oferta elástica; Epo = 1: produto de oferta inelástica; Epo < 1: elasticidade-preço da oferta unitária. 36 Elasticidade-Renda (da Demanda) (Erd) É utilizada para medir a reação dos consumidores às mudanças na renda. Mais formalmente, mede a variação da demanda dos consumidores (∆%Q d) em função das mudanças da renda dos consumidores (∆%R). Erd = (∆%Qd)/(∆%R) Para bens normais, há uma relação positiva entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade renda é positiva. Porém, para bens inferiores, há uma relação negativa entre a quantidade demandada e a renda do consumidor. Elasticidade-Cruzada (da Demanda) (Ecd) Refere-se à medida da variação percentual na quantidade demandada de um produto X (∆%QX), de acordo com a mudança percentual no preço de outro produto qualquer Y (∆%PY). Ecd = (∆%QX)/(∆%PY) Para bens substitutos (ou concorrentes) há uma relação positiva entre quantidade demandada do produto X e variação de preço do substituto Y, logo a elasticidade cruzada (da demanda) dos produtos substitutos tem um resultado positivo. Mas para bens complementares, há uma relação negativa entre quantidade demandada do produto X e a variação do preço do bem complementar Y, logo a elasticidade cruzada (da demanda) dos produtos complementares tem um resultado negativo. 37 Material complementar Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na Internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Além disso, na biblioteca do seu pólo/campus presencial você também pode ler: VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2010. Caps. 2 e 3. VASCONCELLOS, M. A. S. & Garcia, H. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2010. Caps. 4 e 5. MOCHON, Francisco. Princípios de economia. São Paulo: Pearson – Pretice Hall, 2007. Caps. 2 e 3. SALVATORE, D. Microeconomia. São Paulo: McGraw-Hill, 1984. Caps. 4, 5 e 6. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem, seja presencialmente ou através da central de mensagens e/ou participando ativamente do nosso fórum temático. Atividade proposta Um artigo do The New York Times descreveu uma bem-sucedida campanha de marketing da indústria de champanhe francês. O artigo observou que “muitos executivos estão surpresos com os preços estratosféricos do champanhe. Mas, ao mesmo tempo, têm medo de que os fortes aumentos do preço reduzam a demanda, o que provocaria uma diminuição repentina nos 38 preços”. Que erro os executivos estão cometendo em sua análise dessa situação? Referências MOCHON, Francisco. Princípios de economia. São Paulo: Pearson – Pretice Hall, 2007. Caps. 2 e 3. PINDYCK, Robert S. & RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. SALVATORE, D. Microeconomia. São Paulo: McGraw-Hill, 1984. Caps. 4, 5 e 6. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2010. Caps. 2 e 3. VASCONCELLOS, M. A. S. & Garcia, H. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2010. Caps. 4 e 5. 39 Exercícios de fixação Questão 1 As curvas de demanda, sejam individuais ou de mercado, inclinam-se para baixo, pois: a) Mostram as quantidades totais de bens demandados pelos consumidores a cada nível de preços, cujas relações são diretas. b) Mostram que quando os preços sobem, por exemplo, as quantidades demandadas se elevam, pois cada consumidor pensa em maximizar a satisfação. c) Apresentam uma relação inversa entre as quantidades demandadas com os diferentes níveis de preços dos bens, dadas todas as necessidades dos consumidores. d) Apresentam uma relação inversa entre as quantidades demandadas com os diferentes níveis de preços dos bens, visto os resultados negativos dos lucros das empresas. e) Mostram efeitos iguais entre quantidades e preços dos produtos, já que a relação entre estas duas variáveis são diretamente proporcionais. 40 Questão 2 As curvas de oferta, sejam individuais ou de mercado, inclinam-se para cima, pois: a) Mostram as quantidades totais de bens ofertados pelos produtores ou vendedores a cada nível de preços, cujas relações são inversas. b) Mostram que quando os preços caem, por exemplo, as quantidades ofertadas se elevam, pois cada produtor pensa em maximizar a sua satisfação. c) Apresentam uma relação direta entre as quantidades ofertadas com os diferentes níveis de preços dos bens, dados os níveis de produções das empresas. d) Apresentam uma relação direta entre as quantidades ofertadas com os diferentes níveis de preços dos bens, visto os resultados negativos dos lucros das empresas. e) Mostram efeitos iguais entre quantidades e preços dos produtos, já que a relação entre estas duas variáveis é inversamente proporcional. 41 Questão 3 Suponha uma situação inicial de equilíbrio no mercado de tratores e a ocorrência de duas alterações simultâneas: um aumento no preço do aço – principal matéria-prima da indústria de tratores – e a oferta de crédito facilitado – juros baixos e prazos longos – para a compra de implementos agrícolas. O efeito combinado disso sobre o mercado de tratores deverá ser: a) O preço de equilíbrio diminui, enquanto a quantidade transacionada pode tanto aumentar, diminuir ou permanecer constante. b) O preço de equilíbrio pode tanto aumentar, diminuir ou permanecer constante, mas a quantidade transacionada aumenta. c) O preço de equilíbrio pode tanto aumentar, diminuir ou permanecer constante, mas a quantidade transacionada diminui. d) O preço de equilíbrio aumenta, enquanto a quantidade transacionada pode tanto aumentar, diminuir ou permanecer constante. e) O preço de equilíbrio não se altera, já que não há nenhuma evidência de que a quantidade transacionada não deverá ser alterada. Questão 4 Existem 10.000 consumidores idênticos em dado mercado de um produto X, sendo que cada consumidor possui uma função demanda dada por Qx = 12 – 2Px. Neste mesmo mercado, há 1.000 produtores idênticos vendendo esse produto, em que cada vendedor possui uma função oferta expressa por Qx = 20Px, assim, o preço e a quantidade de equilíbrio são dados, respectivamente, por: a) $ 3,00 e 60.000 b) $ 3,00 e 30.000 c) $ 4,00 e 60.000 d) $ 4,00 e 30.000 e) $ 4,00 e 70.000 42 Questão 5 A empresa XYV apresenta um produto inovador tecnologicamente e extremamente competitivo no eixo Rio-São Paulo. Em virtude de este eixo ser muito importante para esta empresa, a mesma fez uma pesquisa de mercado e, por meio de um programa de computador, chegou as seguintes funções de oferta e demanda do seu produto. Demanda: Q = 40 – 0,4P – 2Pk + 2,0R, sendo Q = quantidade demandada, P = preço do próprio produto, R = renda média dos consumidores = $ 2.000,00 e Pk = preço de outro produto = $ 40,00. Oferta: Q = 1,6P, em que Q = quantidade ofertada e P = preço do próprio produto. Assim, o preço e a quantidade de equilíbrio são, respectivamente: a) $ 1690,00 e 3.000. b) $ 1960,00 e 3.136. c) $ 3136,00 e 4.000. d) $1.500,00 e 4236. e) $ 1691,00 e 5.000. 43 Questão 6 Leia atentamente as considerações a seguir e assinale a alternativa correta a respeito do comportamento do consumidor segundo seus pressupostos básicos de satisfação e de renda e seus respectivos efeitos. I. Curva de indiferença é uma figura geométrica que exprime as várias combinações de dois bens, que proporciona igual satisfação ou utilidade ao consumidor. II. A curva de preço-consumo é o lugar geométrico de pontos do equilíbrio do consumidor, resultante da variação apenas do preço do bem. III. A curva de renda consumo é o lugar geométrico de pontos do equilíbrio do consumidor resultante da variação apenas da renda do consumidor. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I e III são falsas e II é verdadeira. d) I, II e III são verdadeiras. e) I e II são verdadeiras e III é falsa. 44 Questão 7 A respeito do efeito substituição, leia atentamente as considerações a seguir e assinale a alternativa correta. I. Para um gestor empresarial é importante entender que o efeito substituição acaba sendo uma complementação do efeito preço. II. O efeito substituição demonstra como o consumidor realoca o seu consumo em função de quando se modificam os preços relativos de dois bens, independentemente de haver uma modificação direta na sua renda nominal. III. O efeito substituição retrata como o consumidor tende a comprar mais do bem cujo preço relativo teve quedas, com o objetivo de substituir o outro bem que ficou relativamente mais caro. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I e III são falsas e II é verdadeira. d) I, II e III são verdadeiras. e) I e II são verdadeiras e III é falsa. 45 Questão 8 Sendo você um gestor empresarial e que analisa o mercado da sua empresa, leia atentamente as considerações abaixo e assinale a alternativa correta. I. Para analisar o consumidor, a teoria da escolha do consumidor baseiase na premissa de que as pessoas se comportam de modo racional na tentativa de maximizar o grau de satisfação que podem obter por meio da aquisição de uma combinação particular de bens e serviços. II. As preferências do consumidor podem ser completamente descritas por um conjunto de curvas de indiferença conhecido como mapa de indiferença. Esse mapa de indiferença oferece uma classificação ordinal de todas as escolhas que um consumidor pode fazer. III. As linhas de restrição orçamentária representam todas as combinações de mercadorias com as quais os consumidores gastariam toda a renda. As linhas do orçamento deslocam-se para a direita em resposta a uma queda na renda do consumidor e fazem um movimento de rotação em torno de um ponto fixo quando o preço de uma mercadoria é modificado, mas a renda do consumidor e o preço da outra mercadoria permanecem inalterados. a) I, II e III são verdadeiras. b) I e II são verdadeiras e III é falsa. c) I e III são verdadeiras e II é falsa. d) II e III são verdadeiras e I é falsa. e) I, II e III são falsas. 46 Questão 9 Uma academia de ginástica permitia o uso de suas instalações a qualquer pessoa que se mostrasse disposta a pagar determinada taxa por hora. O sucesso foi tão grande que a academia decidiu alterar sua política de preços, passando então a cobrar uma anuidade e um taxa horária mais reduzida. Para os consumidores, esse novo plano de pagamento é melhor ou pior do que o esquema anterior: a) É pior, pois não dá ao consumidor a vantagem de escolher adequadamente o que ele pretende se exercitar na devida academia em função da nova política adotada. b) É melhor, pois o consumidor poderá utilizar todos os aparelhos de ginástica, fazer musculação, fazer natação pagando o mesmo preço devido à nova política adotada. c) Depende das preferências dos frequentadores da academia, em virtude da nova política adotada por esta academia, além das suas restrições orçamentárias. d) Não é bom, nem pior, pois devido à nova política adotada pela academia, há duas tarifas que são de interesse financeiro dos proprietários da academia e que por isso fazem com que os consumidores não ganhem nada realmente. e) A satisfação adicional obtida pelos consumidores da academia não será alterada devido à nova política desta empresa, visto que a satisfação permanece constante para todo e qualquer consumidor. 47 Questão 10 Dados vários mercados de um refrigerante ZX, e sabendo-se que para tipo de mercado existem diferentes necessidades e preferências dos consumidores e níveis de renda diferentes destes consumidores, sendo que para consumidor existem pontos de equilíbrio diferentes. Sendo assim, dado cada ponto de equilíbrio do consumidor, quanto: a) Mais para a direita, maior o nível de satisfação, pois menor é o nível de renda dos consumidores. b) Mais para a esquerda, maior o nível de satisfação, pois maior é o nível de renda dos consumidores. c) Mais para a direita, maior o nível de satisfação, pois maior é o nível de renda dos consumidores. d) Mais para a esquerda, menor o nível de satisfação, pois maior é o nível de renda dos consumidores. e) Mais para a esquerda, maiores serão as preferências dos consumidores desse refrigerante. 48 Questão 11 A empresa RTY S/A fez uma pesquisa de mercado e em função desta formalizou uma curva de demanda que se exprime por Q = 50 – 5P, sendo Q = quantidade demandada e P = preço do produto. Destaca-se que com o desenvolvimento do produto, a empresa constatou que o mercado encontrase em equilíbrio ao preço P = $ 2,00 em um dado período t1. No período seguinte, t2, a empresa elevou o preço para P = $2,50, influenciando a quantidade a ser vendida e demandada pelo seu produto. Dadas essas informações, a elasticidade-preço da demanda é: a) Elástica (cuja variação percentual da quantidade é menor do que a variação percentual do preço). b) Inelástica (cuja variação percentual da quantidade é menor do que a variação percentual do preço). c) Unitária (cuja variação percentual da quantidade é igual à variação percentual do preço). d) Elástica (cuja variação percentual da quantidade é maior do que a variação percentual do preço). e) Inelástica (cuja variação percentual da quantidade é maior do que a variação percentual do preço). 49 Questão 12 Sabendo-se que a receita total (RT) é obtida pela multiplicação entre o preço e a quantidade do produto Y, isto é, RT = Py · Qy, e este produto tem demanda inelástica, se o vendedor diminuir o preço do produto, sua receita total tenderá a: a) Manter-se constante, pois a Δ% Qy = Δ% Py. b) Manter-se constante, pois a Δ% Qy > Δ% Py. c) Manter-se constante, pois a Δ% Qy < Δ% Py. d) Diminuir, porque a Δ% Qy < Δ% Py. e) Aumentar, porque a Δ% Qy > Δ% Py. Questão 13 A elasticidade-preço da demanda de um bem é igual, em módulo, a 0,7. Esta informação permite concluir que uma: a) Elevação do preço deste bem determina uma elevação de sua quantidade demandada em proporção maior que a elevação do seu preço. b) Redução do preço deste bem determina uma elevação de sua quantidade demandada em proporção maior que a redução do seu preço. c) Elevação do preço deste bem ocasiona uma redução de sua quantidade demandada em proporção menor que a elevação do seu preço. d) Uma redução do preço deste bem ocasiona uma redução de sua quantidade demandada em proporção menor que a redução no seu preço. e) Elevação do preço deste bem determina uma redução de sua quantidade demandada em proporção igual à elevação do seu preço. 50 Questão 14 Um produto X que possui elasticidade-preço da demanda, em termos absolutos, igual a 0,5, sua demanda tem como característica ser: a) Elástica. b) Unitária. c) Perfeitamente elástica. d) Perfeitamente inelástica. e) Inelástica. 51 Questão 15 (UNB/2005) Em fins de 2003, a criação de gado americana viu-se atingida por casos da doença da vaca louca. Conquanto tenham sido ocorrências isoladas, comprometeram enormemente a exportação norte-americana de carne bovina. Tendo esse dado como base, leia com atenção os trechos da reportagem abaixo, divulgada no caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo em 04/01/2004, e responda às questões seguintes, utilizando-se do instrumental e conceitos econômicos em suas justificativas. Frango ganha espaço no cardápio Toda vez que a carne bovina é colocada em xeque, cresce o consumo de frango. Essa opção é duplamente favorável ao Brasil. Primeiro, porque o país deve aumentar a participação no mercado externo. Segundo, porque a evolução do consumo de frango nos EUA deve empurrar para cima os preços do milho e do farelo de soja, principais componentes da ração. [...] Cláudio Martins, diretor da Abef (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango), diz que o impacto negativo sobre a carne bovina transfere consumidores para o frango. [...] O Brasil abocanhou grandes fatias do mercado externo desde 1999, quando vários países tiveram problemas com sanidade animal. O crescimento anual está próximo de 20% há cinco anos, enquanto o mundial é de 4%. [...] “o produtor não deve ser tomado por grande euforia”, diz Martins. Um aumento exagerado da produção vai desequilibrar o mercado e reduzir preços [...]”. De acordo com a reportagem, a carne bovina e a carne de frango são consideradas bens: a) Complementares. 52 b) Normais. c) Inferiores. d) Substitutos. e) Elásticos. 53 Introdução Para começar estudar este conteúdo, leia o artigo abaixo. Cade aprova compartilhamento de voos entre Gol e Aerolíneas Argentinas Veja: 22/12/2013 Acordo tem como foco viagens de passageiros entre o Brasil e a Argentina. Gol já havia feito parcerias do tipo com a Air France, a Alitalia e a Iberia (Reinaldo Canato). O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, um acordo de compartilhamento de voos entre a Gol e o Grupo Aerolíneas Argentinas. A decisão foi publicada no Diário Oficial nesta quintafeira. Segundo documentos do processo no site do Cade, o acordo considera o compartilhamento de voos entre a empresa brasileira e as companhias Aerolíneas Argentinas e Austral Líneas Aéreas, ambas do grupo argentino, com foco no transporte de passageiros entre Brasil e Argentina. A Gol tem feito diversas parcerias com empresas aéreas para compartilhamento de voos, mas com foco principalmente na Europa, tendo feito acordos com companhias como Air France, Alitalia e Ibéria. (com agência Reuters) Descrevemos na aula 1 o equilíbrio de mercado como sendo o momento pelo qual a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada. Assim, o equilíbrio de mercado é a pedra fundamental na análise microeconômica da economia empresarial. 54 Além disso, complementamos o estudo do equilíbrio examinando as bases da demanda e vimos como as decisões de consumo determinam a quantidade de produto a ser consumida pelos consumidores, dados, por exemplo, a renda e os preços dos produtos, em função de uma dada sensibilidade que os consumidores têm a estas variáveis. Nesta aula 2, iremos transferir nossa atenção para o lado da oferta, mais especificamente para quem gera a oferta, ou seja, as empresas, examinando a produção e os rendimentos destas empresas. Logo após isso, passaremos a analisar as diferentes estruturas de mercado e poderemos perceber que existem mercados mais competitivos e outros com menor concorrência, como no caso do setor aéreo brasileiro, como está no artigo anterior, e discutiremos como esse assunto pode ajudá-los na tomada de decisões das suas empresas. Vamos, portanto, a nossa aula! Objetivos: 1. Entender o que representa a função de produção e dos custos de produção. 2. Destacar os diferentes tipos de rendimentos das firmas. 3. Apresentar as diferentes estruturas de mercado. 4. Compreender o papel da teoria dos jogos dentro das estratégias das empresas. 55 Conteúdo O Que Compõe a Curva de Oferta das Empresas Toda e qualquer curva de oferta é composta, de uma maneira geral, pelas condições da produção e dos custos de produção das empresas. Esta discussão refere-se às peças fundamentais para a análise dos preços e do emprego dos recursos (ou insumos) de produção que são os elementos utilizados pelas empresas para produzir o seu produto final. Desta maneira, define-se como: a) Teoria da produção: as relações entre a quantidade produzida e as quantidades de insumos utilizados. b) Teoria dos custos de produção: as relações entre os preços dos fatores de produção e a quantidade do produto das empresas. Teoria da Produção A produção é uma função da utilização dos fatores (ou recursos) utilizados no processo produtivo. Neste sentido, chamamos de função de produção à função que mostra a relação entre o volume (ou a quantidade) de recursos de produção utilizados no processo produtivo com o volume (ou quantidade) final de produto que pode ser obtido. Uma função de produção em sua forma mais simples, coeteris paribus, pode ser demonstrada da seguinte maneira: qx = f (K, N)/t14 Em que: qx = quantidade de produção de um determinado produto X qualquer; 14 K = refere-se às máquinas, equipamentos, instalações e edificações, por exemplo, utilizados por uma determinada firma para produzir o seu produto final. N = capital humano, diz respeito à capacidade de trabalho e bem como empresarial que são utilizados pela empresa para gerar a sua produção. 56 f = relação (ou função); K = quantidade do fator de produção capital; N = quantidade do fator de produção trabalho; /t = determinado período (ou fluxo) de tempo (a curto ou longo prazo). Nesse contexto, define-se como sendo: Longo Prazo: ao período de tempo que demonstra quando todos os fatores de produção são variáveis, em função do aumento do tamanho da empresa. Curto Prazo: ao período de tempo em que pelo menos um dos recursos de produção está fixo, ou seja, não varia em função do nível de produção15. Análise da Produção em Longo Prazo Conforme está colocado no quadro anterior, tem-se o longo prazo de uma firma quando todos os fatores de produção são variáveis, isto é, não existem fatores fixos de produção. Desta maneira, há uma questão central que deve ser respondida, qual seja: quando variam ao mesmo tempo as dotações de capital (K) e de trabalho (N), qual o impacto que pode ocorrer sobre o volume (ou quantidade) de produção da empresa? Como o longo prazo é o período de tempo em que todos os insumos podem variar, inclusive o tamanho da empresa, isto dá origem aos conceitos de economias (ou rendimentos) de escala, melhor colocando, diz-se que há: • Economias (ou rendimentos) de escala crescentes quando a variação dos fatores de produção causa uma variação mais que proporcional na quantidade de produção; 15 Nos livros de economia, geralmente, o capital (K) é considerado o fator fixo e o trabalho (N) o fator variável a curto prazo. 57 • Economias (ou rendimentos) de escala constantes se a variação dos fatores de produção gera uma variação na mesma proporção da quantidade de produção (ou do produto); • Economias (ou rendimentos) de escala decrescentes (também chamadas de deseconomias de escala) quando a mudança dos fatores de produção causa uma variação menos que proporcional no produto da empresa. Em função do que está escrito acima, percebe-se que, portanto, há o que podemos conceituar como sendo rendimentos de escala. Tal conceito exprime a forma ou a maneira pela qual a quantidade de produção (ou a quantidade do produto) da empresa aumenta de acordo com a agregação dos fatores de produção quando a empresa aumenta o seu tamanho no longo prazo. Então, graficamente16, os tipos de rendimentos de escala podem ser visualizados pela figura a seguir. Fonte: Elaborado pelo autor. 16 Fonte: Vasconcellos e Garcia. 58 Análise da Produção em Curto Prazo Como foi definido anteriormente, o curto prazo é o período no qual pelo menos um dos fatores de produção é considerado fixo 17 . A partir daí precisamos analisar o que acontece com a produção de uma firma caso se varia a quantidade de um dos fatores de produção enquanto o outro fator permanece fixo. O diagrama abaixo se refere a esta discussão, e o ponto central da mesma é a definição conceitual da lei dos rendimentos (marginais) decrescentes. Esta lei pode ser enunciada imaginando uma empresa produtora, por exemplo, de produtos agrícolas e que serão mais tarde enlatados para a comercialização. A área de produção (K) é uma área de terra ampla e muito grande para ser cultivada, não existindo, inicialmente, trabalhadores (N) para trabalhar nesta área de terra. Entretanto, num primeiro estágio de produção (estágio I), contrata-se um trabalhador para cultivá-la, rendendo certa quantidade de produto para esta empresa. Como a área é ampla, a contratação de outro trabalhador aumentará ainda mais a produção e podemos considerar que este processo tenha uma continuidade, neste sentido, a produção neste primeiro estágio cresce em proporções cada vez maiores. Para um segundo estágio de produção (estágio II), chega-se até certo ponto (momento) em que, dado o limite do fator de produção fixo (a terra), os acréscimos da contratação de novos trabalhadores irão aumentar o nível de produção, mas tal aumento se fará em proporções cada vez menores. Em um terceiro estágio de produção (estágio III), chega-se a um ponto (máximo) de trabalhadores pela área da terra, fazendo com que, pós este ponto, a contratação de mais um trabalhador acabará reduzindo (ou diminuindo) a produção da firma (da empresa). 17 Fator de produção fixo é aquele que a quantidade não é alterada em função do nível de produção. Enquanto o fator variável é aquele cuja quantidade utilizada varia de acordo com o nível de produção. 59 A curva de produção total (q)18 do desenho abaixo reflete esses três estágios de produção. Paralelo a isso, as curvas de produtividade marginal (PMg) e de produtividade média (PMe) são construídas de acordo com a curva da produção total (q). Assim, o formato dessas curvas se deve à lei dos rendimentos (marginais) decrescentes. Cabe destacar que: a) a produtividade média do trabalho (PMe) é a relação entre a produção total (q) e o número de trabalhadores (N) utilizados na produção da empresa, matematicamente, temos: PMe = (q)/N Pelo o que se percebe no gráfico abaixo, a PMe é inicialmente crescente, atinge um máximo no emprego de trabalhadores e depois passa a ser decrescente; b) a produtividade marginal do trabalho (PMg) é a variação da produção (Δq) derivada da variação no emprego do fator trabalho (ΔN), matematicamente, temos: PMg = (Δq / ΔN) Como pode ser percebido no diagrama abaixo, a PMg é inicialmente crescente, atinge um máximo no emprego dos trabalhadores (antes, portanto, que a produtividade média) e depois passa a ser decrescente. 18 q = qx = quantidade de produção ou do produto final (X). 60 Fonte: Elaboração própria. Segundo o gráfico anterior, podemos fazer algumas considerações importantes. A primeira delas é que notamos que a curva da produtividade média começa a ter uma inclinação para baixo depois de ter sido cortada no seu ponto de máximo pela curva de produtividade marginal. Se a PMg começa a cair, no momento em que esta passa a ser menor que a PMe, estará puxando, portanto, esta última para baixo. Na verdade, a produtividade marginal é o acréscimo no total produzido pelo último trabalhador absorvido. Se a produtividade deste for menor que a média de todos os trabalhadores absorvidos anteriormente, se somente se, estará puxando esta média (total) para baixo. Portanto: » se PMg > PMe, PMe é crescente; » se PMg = PMe, PMe é máxima; » se PMg < PMe, PMe é decrescente. A segunda consideração diz respeito ao momento em que no gráfico visualizamos que quando a produtividade marginal começa a cair, a curva da produção total (q) passa a ser convexa (era côncava até então). Esta inflexão existente refere-se à passagem da fase da PMg crescente para a decrescente. 61 Paralelo a isso, observa-se que quando q é máxima, a PMg é igual a zero e quando esta produtividade se torna negativa, q começa a cair. Conceitos Básicos de Custos de Produção Custos de Produção em Curto Prazo Nesta seção, iremos ver o comportamento dos custos (de produção) da empresa (ou da firma) associado à produção de uma determinada quantidade de um dado produto (bem ou serviço). Neste caso, novamente, é utilizada a distinção entre o curto e o longo prazos. No caso do período de tempo de curto prazo, pelo menos um dos fatores de produção está fixo e, neste sentido, o custo total (CT) da firma é formado pela soma do custo associado à utilização do fator de produção fixo (CFT) mais o custo pela utilização do fator de produção variável (CVT). Melhor dizendo, esquematicamente, tem-se: CT = CVT +CFT O comportamento do custo de produção pode ser visto melhor a partir do diagrama abaixo, em que: 62 Fonte: Elaboração do autor. Como se pode observar pela figura anterior, o custo total (assim como o custo variável, com exceção do custo fixo) tende a aumentar em função do aumento da quantidade produzida. Uma vez que o tamanho da firma é constante em curto prazo, a curva de custo total terá a mesma forma do custo variável. 63 Perspectiva Internacional Comparação de Custos em Diferentes Países O custo de produzir um bem é diferente em cada país. Uma das razões é a diferença acentuada nos custos dos insumos. Nos Estados Unidos, os custos de mão de obra tendem a ser altos. Em muitos países emergentes, como no caso do Brasil, o custo do capital é alto. Mas uma fonte importante de diferença nas curvas de custos é a diferença de conhecimento ou informação. Empresas em alguns países parecem ser sistematicamente mais eficientes que empresas em outros países (...). Isto é, a quantidade de insumos requerida para a produção de qualquer produto é menor. Mickinsey, uma grande firma de consultoria internacional (http://www.mckinsey.com), tem comparado a eficiência de empresas no mesmo ramo de atividade em diferentes países e encontrado diferenças marcantes. Comparando os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão, os consultores da Mckinsey encontraram que, em quatro de cinco setores de atividade que examinaram, o capital era menos eficiente no Japão e na Alemanha do que nos EUA. Essas diferenças de eficiência têm várias origens. Por exemplo, na indústria automobilística, o uso mais flexível de linhas de montagem e uma cooperação mais estreita entre fornecedores de autopeças e as montadores no Japão e nos EUA deu a esses países uma vantagem sobre a Alemanha no uso mais eficiente dos insumos. No setor de telecomunicações, as firmas dos EUA têm sido mais agressivas na oferta de acesso telefônico barato e na criação de novos produtos e serviços inclusive linha dupla, números de acesso gratuito e caixas de mensagem. Como resultado, os americanos fazem mais chamadas telefônicas per capita do que os consumidores japoneses ou alemães. Esse volume mais alto de chamadas levou à utilização mais intensiva das linhas e conexões que formam a rede, espalhando os custos fixos por uma quantidade muito maior de chamadas do que no Japão ou na Alemanha. Fonte: Raj Agrawal, Stephen Findley, Sean Greente, Kathryn Huang, Aly Jeddy, William Lewis and Markus Petry, “Capital Productivity: Why the US 64 Leds and Why it Matters”, Mckinsey Quartely No. 3 (1996): 38-55. In: Stiglitz & Walsh. Por outro lado, se pegarmos a fórmula do custo total em curto prazo e dividirmos pela quantidade produzida (q), teremos os custos médios, isto é: CTMe = CVMe + CFMe . Ao mesmo tempo, se trabalharmos com a relação entre a variação do custo total (ΔCT) com a variação da quantidade de produção (Δq), tem-se o que é definido como custo marginal, sendo este o custo de se produzir uma unidade a mais (extra) do produto da firma, ou seja: CMg = (ΔCT / Δq)19. Graficamente, verificamos os seguintes diagramas abaixo relacionando as curvas de custos médios e de custo marginal. 19 Cabe destacar que os custos marginais não são influenciados pelos custos fixos (invariáveis a curto prazo). 65 Fonte: Vasconcellos & Garcia. Os formatos destas curvas estão relacionados ao que nós estudamos na teoria da produção em curto prazo, ou seja, à lei dos rendimentos decrescentes (ou dos custos crescentes). Mas cabe destacar que a primeira figura acima mostra que o custo fixo médio (CFMe) é decrescente ao longo do processo produtivo. Por quê? A explicação é simples, ou seja, o custo fixo (CFT) permanece inalterado (invariável) e na medida em que se aumenta o volume de produção, o CFMe irá diminuindo (tendendo a ter um valor igual a zero). Como o custo total médio é o resultado da soma entre o custo fixo médio e o custo variável médio, sendo o CFMe maior do que zero, o CTMe será maior do que o CVMe, mas as duas curvas de CTMe e de CVMe tendem a se aproximar em função do aumento de q. Graficamente, as curvas de custo total médio, de custo variável médio e de custo marginal são curvas com formatos em U. Isto quer dizer que, inicialmente, estes custos são decrescentes, pois há pouca quantidade de trabalho para uma grande quantidade de capital, o custo total cresce em proporções cada vez menores e, neste sentido, há uma queda dos custos médios (total e variável) e do custo marginal. Atinge-se um ponto de mínimo, isto significa que se satura a utilização do capital (que é fixo). Após este ponto, os custos são crescentes, pois a contratação de mais trabalho tende a não trazer aumentos proporcionais de produção, melhor dizendo, o custo 66 total cresce em proporções cada vez maiores e os custos médios e marginal são crescentes. A todo esse processo tem-se o que os economistas definem como sendo a lei dos custos crescentes (em curto prazo). Como complementação, é importante destacar que quando o custo marginal for igual ao custo médio (total ou variável), a curva de custo marginal estará cortando o ponto de mínimo da curva de custo médio. A partir daí, e, portanto, segundo Vasconcellos e Garcia20 e conforme o gráfico acima: se o custo marginal supera o custo médio (total e variável), isto quer dizer que o custo médio estará crescendo; se o custo marginal for inferior ao médio, significa que o custo médio estará caindo.21 Custos de Produção em Longo Prazo Em longo prazo, conforme já estudado por nós, todos os fatores de produção são variáveis, incluindo o tamanho ou a dimensão da empresa. Neste sentido, o custo total é igual ao custo variável: como CFT = 0 >>> CT = CVT; da mesma forma, temos que: CTMe = CVMe , que chamaremos de CMeLp. Sabendo-se que o comportamento dos custos de longo prazo está relacionado ao tamanho ou dimensão (da planta de produção) para poder operar neste espaço de tempo, a curva de custo médio total em longo prazo terá também um formato em U. Este formato refere-se ao que os economistas e administradores chamam de economias (tamanho) de escala, em que todos os fatores de produção (inclusive a dimensão da empresa) estão variando. 20 VASCONCELLOS, Marco Antonio S. & GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. 21 É importante destacar que: a) quando as curvas de PMe e PMg são crescentes, as curvas de CTMe e CMg são decrescentes; b) quando as curvas de PMe e PMg são decrescentes, as curvas de CTMe e CMg são crescentes; c) os pontos de máximo de PMe e PMg correspondem aos pontos de mínimo de CTMe e CMg. 67 Logo, em cada ponto da curva abaixo, de longo prazo, demonstra-se então que a empresa tem um elenco de possibilidades de produção de curto prazo, com diferentes escalas de produção (tamanho), que ela pode escolher no seu planejamento de longo prazo. Fonte: Vasconcelos e Garcia. Pela figura acima ao nível do ponto A, temos o ponto de mínimo desta curva de custo médio de longo prazo (CMeL), em que encontramos o tamanho ótimo (ou a dimensão, ou a escala ótima) de produção da empresa, com ganhos de produtividades. Porém, após este ponto de mínimo, o CMeL começa a crescer, ou seja, apresenta-se depois deste ponto a existência de economias de escala decrescentes (ou deseconomias de escala)22. Assim, o ponto A representa a escala ótima da empresa, ou o tamanho ideal para a empresa diante dos seus custos, já que representa custo médio de produção. A quantidade q* não é apenas a produção ótima para determinada 22 Cabe destacar nesta nossa discussão a respeito de custos de produção, que embora as curvas de custo médio de longo e de curto prazo tenham o mesmo perfil, ou seja, em U, elas diferem no sentido de que o formato em curto prazo deve-se a chamada lei dos rendimentos decrescentes (ou custos crescentes), a uma dada planta (ou escala) de produção. Enquanto o formato da curva de longo prazo do CMeLp deve-se aos rendimentos de escala, quando varia o tamanho da empresa. 68 dimensão de planta escolhida, mas expressa também a melhor dimensão de planta, aquela que iguala o custo total médio de curto prazo e o custo total médio de longo prazo. Expressa a combinação de custo mínimo. Já estudamos na aula 1 a definição de mercado e como ele é composto. Nesta seção, passaremos a apreciar o que é conceituado como estruturas de mercado, pois o mercado não é de um tipo somente, mas apresenta formas pelas quais podemos distingui-lo e observar como podemos tratar das informações que iremos obter aqui relacionando-as com as estratégias da sua empresa. Segundo os livros de economia, estruturas de mercado são modelos que captam aspectos de como os mercados estão organizados. Cada estrutura de mercado destaca enfoques essenciais da interação da oferta e da demanda, baseando-se em características observadas em mercados existentes. Em todas as estruturas (definidas, de uma maneira geral, como estruturas clássicas) as empresas são maximizadores de lucro23. 23 Para maximizar o lucro total, as empresas devem ter em conta tanto as receita total (RT) como os custos totais (CT). Neste sentido, a maximização do lucro implica que a empresa escolha um volume de produção tal que o rendimento (ou a receita) marginal e o custo marginal sejam iguais, sendo que: (∆RT/∆Q) = RMg = receita marginal = é o quanto uma unidade a mais produzida aumenta a receita total. (∆CT/∆Q) = CMg = custo marginal = é o quanto uma unidade a mais produzida aumenta o custo total. Logo, o lucro total é máximo, pela maior diferença positiva possível entre RT com CT e esta maior diferença será possível na medida em que RMg = CMg. Destaca-se que, sendo: • RMg > CMg há interesse de aumentar a produção, pois cada unidade adicional fabricada aumenta o lucro; • RMg < CMg há interesse de diminuir a produção, pois cada unidade adicional que deixa de ser fabricada aumenta o lucro; • RMg = CMg há a maximização do lucro. 69 Mas, de uma maneira geral, as estruturas de mercado são classificadas em função de três características fundamentais, abaixo discriminadas: tipo do produto, isto é, se é idêntico ou diferenciado; número de empresas que compõem um determinado mercado; se existem (ou não) barreiras à entrada de novas empresas no mercado. A partir destas características, as estruturas são organizadas com as seguintes classificações: concorrência perfeita (ou concorrência pura), monopólio, concorrência monopolista e oligopólio. Vamos, então, estudá-las adequadamente, começando pela concorrência pura. Concorrência Perfeita Esta estrutura descreve o funcionamento equilibrado, ou ideal, de um mercado servindo com base para o estudo de outras estruturas. O estudo da concorrência perfeita é importante pelas inúmeras consequências derivadas de suas hipóteses, que condicionam o comportamento dos agentes econômicos em diferentes mercados. As hipóteses do modelo são, segundo Krugman & Wells24: Mercado atomizado: isto significa que o mercado em questão possui “infinitos” vendedores e compradores, de forma que um agente, ou seja, uma empresa isoladamente não consegue afetar o preço do produto no mercado. Isso quer dizer que o preço de mercado é um dado, melhor explicando, é fixado pelas inúmeras empresas e consumidores, desta forma a empresa é tomadora de preços. Produtos são homogêneos: denota-se que todas as empresas, isto é, as firmas oferecem produtos em que não há diferenças, por 24 KRUGMAN, Paul & WELLS, Robin. Introdução à economia. Editora Campus. 70 exemplo, de embalagem e qualidade nesse mercado, os produtos são substitutos perfeitos entre si; dessa forma não pode haver preços diferentes no mercado. Os compradores são indiferentes em relação às firmas no momento de adquirir algum produto. Grande mobilidade de firmas: total liberdade de entrada (assim como de saída) das empresas, isto permite que firmas menos eficientes saiam do mercado e que nele ingressem firmas mais eficientes. Transparência de mercado: todas as empresas (assim como os consumidores) têm acesso a toda e qualquer informação relevante sobre os preços, a qualidade, os custos, as receitas e os lucros dos concorrentes. Lucros: em curto prazo e em longo prazo, o lucro é normal devido à entrada de novas firmas no mercado25. Exemplo aproximado: hortifrutigranjeiros. Monopólio É uma estrutura que pode ser definida como sendo um caso extremo de concorrência imperfeita 26 e se distingue como sendo uma única empresa 25 Uma empresa obtém lucros normais quando RT = CT, em que LT = 0, isto é, diz-se que a empresa obtém lucros normais ou contábeis, pois o custo total compreende todos os custos de produção, inclusive o custo de oportunidade do capital e os serviços de gestão prestados pelos proprietários da empresa; quando isso acontece, o preço unitário do produto (P) é igual ao custo total médio (CTMe). Mas quando a empresa obtém lucros extraordinários, RT > CT, neste caso, P > CTMe. 26 As empresas que integram um mercado de concorrência imperfeita são capazes de afetar o preço de mercado agindo individualmente. 71 vendedora que controla um determinado setor (ou mercado). Suas características básicas são, portanto, conforme Krugman & Wells27: Estado de um mercado em que não existe concorrência na oferta, entretanto, há concorrência entre os consumidores. O setor é constituído de uma única empresa vendedora, porque realiza toda a produção, ou seja, situação em que uma firma domina sozinha a produção (ou comércio) de uma matéria-prima, de um bem (material ou imaterial) e que, por isso, acaba estabelecendo, à vontade, o preço do seu produto. Seu produto não tem substitutos próximos devido à alta escala de produção (ou elevada economia de escala) e, com isso, consegue gerar barreiras à entrada de novas firmas, mantendo seus concorrentes em potencial afastados. Diferente da concorrência pura, há lucros extraordinários tanto em curto, quanto em longo prazo. Destaca-se que barreiras à entrada de novas firmas podem ser administradas pelo monopolista através do controle sobre o fornecimento da matéria-prima (como no caso das minas de bauxita pelas empresas produtoras de alumínio); por meio de barreiras legais como registros de patentes e também através de licenças e concessões governamentais, entre outras formas. Ao mesmo tempo chama-se a atenção que, em muitas circunstâncias, o monopólio é a estrutura mais apropriada para a produção de certos bens como acontece com os monopólios do governo, por exemplo, os Correios e a CEDAE. A legislação da maioria dos países proíbe o monopólio, com exceção dos exercidos pelo Estado, geralmente em setores estratégicos. 27 KRUGMAN, Paul & WELLS, Robin. Introdução à economia. Editora Campus. 72 Concorrência Monopolista e Oligopólio Concorrência perfeita e monopólio são casos que podemos considerar como extremos, pois no primeiro, há plena liberdade de entrada (e saída) das empresas, sendo um mercado com um número “infinito” de firmas ofertantes. Já o monopólio é o contrário da concorrência perfeita, pois há total barreira à entrada de novas firmas e no mercado só há uma empresa produtora. No mundo atual, o que prevalece é justamente estas duas estruturas de mercado, isto é a concorrência (ou competição) monopolista e o oligopólio. Nesse sentido, as empresas de concorrência monopolista produzem bens (materiais ou imateriais) parecidos, mas diferenciados, como no caso dos eletrodomésticos, que podem ser distinguidos pelas marcas, por exemplo. Graças a tal diferenciação dos bens, a empresa de concorrência monopolista possui certo grau de manobra sobre o preço do produto, o que lhe confere assim um ligeiro poder monopolista e gerando em curto prazo lucros extraordinários, como no caso do monopólio. Por outro lado, como neste mercado há grande mobilidade de entrada de empresas, gera-se uma dada concorrência, esta acaba se dando pelas marcas e pela publicidade, assim como por variações no preço e que em longo prazo acaba gerando para a empresa um lucro normal, como acontece com as empresas de concorrência perfeita. Já o oligopólio é a estrutura de mercado em que a maior parte da oferta é realizada por poucas empresas, cada uma delas capaz de influenciar o preço de mercado com suas próprias atividades. Sendo assim, suas principais características são: Pequeno número de empresas; Interdependência entre as empresas; Consideráveis obstáculos à entrada de empresas; 73 Produto, em geral, diferenciado, mas não necessariamente; Concorrência extrapreço como no caso da diferenciação do produto, propaganda e serviços especiais. Destaca-se que, quando um mercado é constituído por um oligopólio, as empresas tomam consciência de sua interdependência. Esta interdependência é uma característica específica do oligopólio, ou seja, não é da concorrência perfeita, não é do monopólio e nem da concorrência monopolista, e é composta por estratégias, isto é, surgem quando os planos de cada empresa dependem da conduta de seus concorrentes. Foi essa interdependência ou interação que inspirou o desenvolvimento da teoria dos jogos (que veremos a seguir na próxima seção desta aula). Neste sentido, pode-se dizer que a característica básica do oligopólio é a interdependência das ações de seus participantes. Qualquer decisão de uma das empresas, como por exemplo, uma redução dos preços, afeta a situação das demais e é muito provável que estas reajam à decisão inicial, alterando a situação de partida da empresa que decidiu reduzir o preço, de forma que esta poderia por sua vez reagir, e assim por diante. Por essa razão, é lógico que as empresas automobilísticas, companhias aéreas e de telecomunicações, por exemplo, na hora de tomar qualquer decisão, levem em conta a reação da concorrência, o que ocasiona os comportamentos estratégicos. Por este contexto, qualquer empresa oligopolista pode utilizar como variável estratégica a quantidade do produto que deseja lançar no mercado, ou o preço ao qual deseja vendê-lo. Teoria dos jogos, sua importância: geradora de estratégias das empresas oligopolistas No mundo real, seja no Brasil, seja em outro país, as decisões tomadas por uma empresa oligopolista afetam o comportamento de seus concorrentes. 74 Neste sentido, as decisões de uma empresa são fundamentais para a estratégia das demais empresas. Na economia empresarial, o principal instrumento para analisar as interações entre as decisões das empresas é a chamada teoria dos jogos. Mas o que é um jogo? Vejamos um exemplo de jogo retirado de Pindyck & Rubinfeld28 . Melhor colocando, vamos supor que duas empresas A e B (ou seja, um mercado com duopólio) vendem produtos concorrentes e estejam decidindo se irão ou não empreender campanhas de propaganda. Os resultados encontrados são ilustrados a seguir na matriz de lucros para o jogo da propaganda. EMPRESA B Faz EMPRESA Propaganda B Não faz Propaganda Faz Não faz Propaganda Propaganda 10,5 15,0 6,8 10,2 O que a matriz nos diz? Esta matriz informa que se a empresa A fizer propaganda e a empresa B também fizer propaganda, então a empresa A terá R$ 10,00 de lucro e a empresa B terá R$ 5,00 de lucro. Se a empresa A fizer propaganda e a empresa B não fizer, ela ganhará R$ 15,00, enquanto a B nada obterá de lucro, ou seja, o seu “lucro” será igual a R$ 0,00 (zero). Mas qual será a melhor estratégia para as empresas A e B? Esta é a questão central da teoria dos jogos. 28 PINDYCK, Robert S. & RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Pearson, 2010. p. 428-429. 75 Vamos ver em primeiro lugar a situação da empresa A. Se esta empresa fizer propaganda e B também fizer, ela, conforme dito anteriormente, ganhará R$ 10,00. Entretanto, se ela não fizer propaganda e a empresa B fizer, ela ganhará apenas R$ 6,00. Desta forma, verificamos que para a empresa A fazer propaganda é a melhor estratégia. Mas, por outro lado, se a empresa A fizer propaganda e B não fizer, ela ganhará R$ 15,00. No entanto, se ambas não fizerem propaganda, a empresa A ganhará R$ 10,00 e a empresa B só obterá R$ 2,00. Novamente, verifica-se que para a empresa A é melhor investir em propaganda. É importante destacar que para a empresa A é melhor investir em propaganda do que não investir independente da ação da estratégia da empresa B. Neste caso, diz-se que fazer propaganda é uma estratégia dominante para a empresa A. Mas devemos notar, por essa matriz, que fazer propaganda é também uma estratégia dominante para a empresa B. A solução do jogo será fazer propaganda. A empresa A terá R$ 10,00 de lucro e a empresa B irá obter R$ 5,00 de lucro. Uma estratégia é dominante quando é a ideal para uma empresa (ou um jogador) independente do que possa fazer a sua concorrente (ou o seu concorrente). No entanto, nem sempre um jogo tem estratégia dominante para as duas empresas. Uma pequena alteração permite compreender melhor esta condição, isto é, vejamos a próxima matriz (modificada). EMPRESA B Faz EMPRESA Propaganda A Não faz Propaganda Faz Não faz Propaganda Propaganda 10,5 15,0 6,8 20,2 76 A única diferença agora comparativamente à matriz anterior refere-se à condição pela qual a empresa A não faz propaganda se B também não fizer e, neste caso, a empresa A, portanto, irá lucrar R$ 20,00. Neste lance, a empresa A não terá estratégia dominante. Por quê? Pois sua estratégia dependerá da ação da empresa B. Desta forma, se a empresa B fizer propaganda, a melhor ação para a A será fazer propaganda; porém, se a empresa B não fizer propaganda a melhor ação para a empresa A será não investir em propaganda, já que ela teria um lucro de R$ 20,00. Qual a solução desse jogo? A ação da empresa A depende da estratégia da empresa B. A empresa A terá de se colocar na posição da empresa B. A empresa B tem estratégia dominante, qual seja, fazer propaganda. Portanto, a empresa A sabe que a melhor estratégia para B será fazer propaganda. A empresa A sabe que a empresa B irá fazer propaganda. Neste caso, a melhor opção que a empresa A pode fazer é investir em propaganda, ou seja, é melhor ganhar R$ 10,00 do que R$ 6,00. O equilíbrio é mantido, ambas as empresas fazem propaganda. A empresa B tem em nosso exemplo uma estratégia dominante. A empresa A não tem. Sua ação depende do que a B fizer. Este exemplo permite incorporar um importante conceito da teoria dos jogos, ou seja, o chamado equilíbrio de Nash. Pindyck e Rubinfeld definem o equilíbrio de Nash como sendo “(...) um conjunto de estratégias ou ações no qual cada jogador estará fazendo o melhor que pode em função das ações de seus componentes (...)”. O exemplo da segunda matriz apresenta um equilíbrio de Nash, pois ambas fazem propaganda. 77 Abaixo, portanto, temos a comparação dos conceitos de estratégia dominante e equilíbrio de Nash, isto é: Na estratégia dominante: A empresa está fazendo o melhor que pode independente do que a outra empresa esteja fazendo; No equilíbrio de Nash: A empresa está fazendo o melhor que pode em função daquilo que a outra empresa está fazendo29. 29 É importante colocar que não necessariamente um jogo de estratégias tenha apenas um equilíbrio de Nash, ou seja, é possível, por sinal, que um jogo apresente mais do que um equilíbrio de Nash. Por exemplo, vamos supor que duas empresas XYZ e KLM estão dispostas a lançar um tipo de chocolate. Essas duas empresas têm duas possibilidades, ao leite ou crocante. Não obstante, se ambas lançarem o mesmo produto (seja ao leite, seja crocante ao mesmo tempo), elas terão prejuízo, pois a concorrência pode levar a uma competição danosa para estas empresas. Entretanto, se essas empresas optarem, cada uma delas, por produtos diferentes (XYZ ao leite e KLM crocante, ou XYZ crocante e KLM ao leite), elas terão lucros. Isso acaba gerando uma divisão e um equilíbrio de mercado e este equilíbrio é um equilíbrio de Nash, ou seja, em função da estratégia da oponente, cada empresa está fazendo o melhor que pode em função do que a outra esteja fazendo. No Brasil, por exemplo, isso é visto por meio do que chamamos por cartel tácito, em que fica claro que cada uma das firmas usará estratégias com o fim de maximizar o seu lucro, dada a estratégia da outra companhia. 78 Material complementar Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na Internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Além disso, na biblioteca do seu pólo/campus presencial você também pode ler: KRUGMAN, Paul & WELLS, Robin. Introdução à economia. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2007. Caps. 13, 14 e 15. PINDYCK, Robert S. & RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: PEARSON, 2010. Caps. 12 e 13. VASCONCELLOS, Marco Antonio S. & GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. Cap. 6. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem, seja presencialmente ou através da central de mensagens e/ou participando ativamente do nosso fórum temático. . 79 Atividade proposta Leia com atenção a reportagem a seguir, divulgada no jornal Valor Econômico em 02/08/2012: Cinco bancos têm 80% do crédito Valor – 02/08/2012 De cada R$ 100 emprestados no Brasil, R$ 80,34 foram desembolsados por apenas cinco bancos: Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander. Os números, que levam em conta o estoque de crédito atual, mostram o maior nível de concentração bancária dos últimos dez anos e, provavelmente, desde sempre. Há uma década, as cinco maiores instituições não tinham nem 60% do estoque de crédito do país. De cada R$ 100 desembolsados, eram responsáveis por R$ 58,66, segundo dados do Banco Central elaborados pelo Valor. Não é apenas nos empréstimos e financiamentos que a predominância do "grupo dos cinco" é crescente. Em ativos totais e depósitos, o fenômeno se repete (...). Mas é no crédito que a concentração costuma provocar mais chiadeira por parte dos tomadores. Em recente entrevista ao Valor, o presidente de uma grande distribuidora de energia comentou que a quantidade de grandes bancos ficou tão diminuta que as empresas não podem mais se indispor com nenhum deles, principalmente em momentos de turbulência. Sempre que um banco compra ou se funde com outro, a reclamação das empresas é a mesma. 80 Quando se fala em limite de crédito, a regra matemática não funciona: um mais um nunca é igual a dois. A disponibilidade de crédito dada por dois bancos separados não corresponde ao mesmo volume que eles passam a oferecer quando se unem. As empresas também avaliam que o poder de barganha delas em relação ao custo do dinheiro cai. Desde 2008, não foram poucos – nem pequenos – os casos de fusão e aquisição no setor bancário que colaboraram para a maior concentração de ativos, crédito e depósitos nas mãos dos cinco maiores bancos do país. A largada foi dada quando o Santander assumiu o Real, em 2008. Pouco depois, Itaú e Unibanco fundiram suas operações, criando o maior banco brasileiro. Em seguida, o Banco do Brasil ficou com a Nossa Caixa e, em 2009, ainda comprou metade do Banco Votorantim. Mais recentemente, em julho, Itaú e BMG se uniram em um novo banco para ofertar crédito consignado. O empréstimo com desconto direto na folha de pagamento era uma das poucas modalidades de crédito de varejo que ainda tinha bancos médios especializados como concorrentes, mas que está cada vez mais ficando nas mãos dos grandes bancos. O Cruzeiro do Sul, por exemplo, está sob intervenção do Banco Central e pode acabar sob o controle de uma instituição do "grupo dos cinco" ou liquidado. Não são, porém, apenas as fusões e aquisições que explicam a concentração cada vez mais intensa do crédito. Dentro desse "grupo dos cinco", os protagonistas da aglutinação são os bancos públicos, que cresceram principalmente de forma orgânica. Se, em 2002, Banco do Brasil e Caixa eram responsáveis por R$ 25,83 de cada R$ 100 emprestados, hoje eles respondem por R$ 39,08, ou R$ 13,25 a mais, sem se considerar o BNDES. No mesmo período, as três maiores instituições privadas avançaram bem menos juntas, R$ 8,43. 81 Até o fim do ano, a expectativa é que o quinhão dos bancos públicos cresça ainda mais. Em um ano de baixo crescimento econômico, em que o governo deflagrou uma batalha pela redução dos spreads no Brasil, Caixa e BB seguem crescendo mais do que a média de sistema financeiro, abocanhando – mesmo que temporariamente – fatias de mercado. (...) Ao mesmo tempo, Bradesco e Itaú Unibanco reduziram a previsão de expansão do crédito no ano. Apesar do rápido fortalecimento do "grupo dos cinco", o Banco Central considera que a concorrência continua em "nível adequado". Pelas métricas da autoridade, que seguem um cálculo internacional (Índice de HerfindahlHirschman30), o patamar de concentração ainda está na categoria moderada. "O setor segue competitivo, gerando as eficiências que asseguram o seu regular funcionamento e a adequada prestação de serviços aos usuários", afirma a autoridade por meio de uma nota. Mas é inegável que a autoridade tem lançado mão recentemente de algumas medidas para evitar uma concentração excessiva. O Banco Central cita entre as decisões tomadas para estimular a concorrência bancária a padronização das tarifas cobradas, a portabilidade do crédito e a proibição de assinaturas de contratos de exclusividade na prestação de serviços. Em abril, a autoridade publicou uma circular explicitando que em fusões e aquisições pode exigir que os bancos aceitem determinações no sentido de eliminar efeitos anticoncorrenciais. Na aquisição da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, o BC já chegou a atuar nesse sentido. 30 O Índice de Herfindahl-Hirschman (IHH) é calculado como a soma do quadrado da participação (porcentagem) de cada uma das 50 (ou de todas, se forem menos de 50) maiores empresas no mercado (ou no setor). Este índice proporciona informações sobre a dispersão do tamanho das empresas no mercado ou no setor. 82 O "nível adequado" apontado pelo Banco Central brasileiro, entretanto, provavelmente deixaria muitos americanos de cabelo em pé. Nos Estados Unidos, onde muito se fala dos bancos grandes demais para quebrar – os chamados "too big to fail" –, as cinco maiores instituições financeiras possuíam ativos totais equivalentes a 51% do PIB daquele país em 2007, antes do estouro da crise financeira. Naquele mesmo ano, os ativos dos cinco maiores banco do Brasil representavam 57% do PIB doméstico. Mas embora os EUA tenham sido o epicentro da crise e visto uma série de fusões entre instituições de grande porte antes e depois da quebra do Lehman Brothers, a desalavancagem que se sucedeu fez com que os cinco maiores bancos daquele país tivessem, em março, ativos que correspondiam a 56% do PIB de 12 meses até a mesma data, indicando uma pequena elevação ante 2007. No Brasil, o aumento da concentração foi muito maior, com a fatia dos ativos do "grupo dos cinco" atingindo 86% do PIB brasileiro, uma alta de quase 30 pontos percentuais. Com base no artigo do Jornal Valor Econômico, como você avalia a condição da estrutura, conduta e eficiência de mercado do setor bancário no Brasil? Referências KRUGMAN, Paul & WELLS, Robin. Introdução à economia. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2007. Caps. 13, 14 e 15. PINDYCK, Robert S. & RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: PEARSON, 2010. Caps. 12 e 13. VASCONCELLOS, Marco Antonio S. & GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. Cap. 6. 83 Exercícios de fixação Questão 1 Vamos supor uma empresa em Bela Vista (no Bexiga) em São Paulo que fabrica biscoitos (no mercado de concorrência perfeita). Esta empresa está produzindo no curto prazo, cuja fábrica contém máquinas e equipamentos preexistentes. Conforme o número de trabalhadores, a empresa observou os seguintes níveis de produção (em mil unidades/mês) e as respectivas produtividades médias e marginais. N Q PMe PMg 1 10 10 --------- 2 18 9 8 3 24 8 6 4 28 7 4 5 30 6 2 6 28 4,7 -2 7 25 3,6 -3 Em função das informações dadas, leia as proposições a seguir e assinale a alternativa correta. I. A produtividade média do trabalho (PMe) é dada por Pme = (Q/N). Já a produtividade marginal do trabalho (PMg) é formada por PMg = (∆Q/∆N). II. Conforme o quadro anterior, podemos verificar que o processo produtivo apresenta rendimentos decrescentes para o fator trabalho, o que é característico das funções de produção dotadas na medida em que há pelo menos um fator de produção que seja fixo. Cada unidade a mais de trabalho a ser utilizado acaba produzindo um aumento menor de produção do que a unidade anterior. 84 III. A produtividade marginal negativa do trabalho pode surgir em decorrência de uma superlotação ocorrida na empresa de fabricação de biscoitos. À medida que mais trabalhadores utilizam os mesmos recursos fixos de capital, eles passam “a tropeçar uns nos outros”, diminuindo assim a quantidade produzida. a) I, II e III são falsas. b) I, II e III são verdadeiras. c) I e II são verdadeiras e III é falsa. d) I e III são verdadeiras e II é falsa. e) II e III são verdadeiras e I é falsa. 85 Questão 2 Vamos supor que você seja um empresário e abra uma franquia de produção de cosméticos, de acordo com as fórmulas e das informações evidenciadas no quadro em questão, leia as proposições a seguir e assinale a alternativa correta. CT = CVT + CFT CTMe = CVMe + CFMe CMg = (∆CT/∆Q) RT = receita total = preço unitário (P) x a quantidade de produção (Q) RMg = receita marginal = (∆RT/∆Q) LT = lucro total = RT – CT Q CFT 3,0 CVT LMg = lucro marginal = (∆LT/∆Q) CT CFMe CVMe CMe CMg P RT 30,00 15,00 45,00 10,00 5,00 15,00 ------- 5,00 15,00 6,0 30,00 24,00 54,00 5,00 4,00 9,00 3,00 5,00 30,00 9,0 30,00 30,00 60,00 3,33 3,33 6,67 2,00 5,00 45,00 12,0 30,00 33,00 63,00 2,50 2,75 5,25 1,00 15,0 30,00 39,00 69,00 2,00 2,60 4,60 18,0 30,00 48,00 78,00 1,67 2,67 21,0 30,00 60,00 90,00 1,43 24,0 30,00 75,00 27,0 30,00 93,00 LT RMg 30,00 - ------- LMg ------ 5,00 2,00 5,00 3,00 5,00 60,00 -3,00 5,00 4,00 2,00 5,00 75,00 6,00 5,00 3,00 4,33 3,00 5,00 90,00 12,00 5,00 2,00 2,86 4,29 4,00 5,00 105,00 15,00 5,00 1,00 105,00 1,25 3,13 4,38 5,00 5,00 120,00 15,00 5,00 0,00 123,00 1,11 3,44 4,56 6,00 5,00 135,00 12,00 5,00 30,0 30,00 114,00 144,00 1,00 3,80 4,80 7,00 5,00 150,00 6,00 33,0 30,00 138,00 168,00 0,91 4,18 5,09 8,00 5,00 165,00 -3,00 5,00 24,00 15,00 5,00 86 1,00 2,00 3,00 I. O nível de produção em que ocorre a maximização do lucro total da empresa é Q = 24, pois neste nível a RMg = CMg e o LT = 15,00. II. Os níveis que vale a pena a produção crescer são de Q = 3 até Q = 24, pois cada unidade a mais de trabalhador a ser absorvido pela empresa gera uma receita marginal maior do que o custo marginal, pois faz o resultado dos rendimentos evoluírem significativamente. III. Apesar de levar um prejuízo de Q = 3 até Q = 12, a receita marginal é maior do que o custo marginal, ou seja, neste espaço cada unidade a mais a ser produzida gera uma receita maior do que o seu custo, neste caso a empresa pode operar no curto prazo apesar de levar certo prejuízo. IV. Não há o porquê de a empresa fechar, já que é uma franquia nova e mesmo tendo prejuízo total no início em função do seu custo fixo, cada unidade a mais irá gerar um rendimento maior do que o seu custo. a) I, II, III e IV são verdadeiras. b) I, II, III e IV são falsas. c) I, II e III são verdadeiras e IV é falsa. d) I e II são verdadeiras e III e IV são falsas. e) I e II são falsas e III e IV são verdadeiras. 87 Questão 3 Pelo quadro e o gráfico a seguir, observamos a produção de pizzas da empresa YTY Pizzas. Quantidade de Quantidade PMg Custo Total das Custo marginal Total das Funcionários de Pizzas Trabalho 0 0 ------- 800,00 --------- -------- 1 200 200 1450,00 3,25 7,25 2 450 250 2100,00 2,60 4,67 3 550 100 2750,00 6,50 5,00 4 600 50 3400,00 13,00 5,67 5 625 25 4050,00 26,00 6,48 6 640 15 4700,00 43,33 7,34 Pizzas das Pizzas Custo Médio Pizzas Analise as afirmativas abaixo e marque a CORRETA. a) A produtividade marginal e o custo marginal são crescentes para os dois primeiros funcionários, respectivamente. b) A produtividade marginal e o custo marginal são decrescentes para os dois primeiros funcionários, respectivamente. c) Para os quatro últimos funcionários contratados, a produtividade marginal é igual ao custo marginal. 88 d) Enquanto o custo marginal estiver abaixo do custo total médio, o custo total médio é decrescente. e) Quando a produtividade marginal aumenta, o custo médio também aumenta. Questão 4 Leia atentamente as considerações a seguir sobre custos de produção e assinale a afirmativa CORRETA. a) Os custos marginais representam o custo mais importante para a tomada de decisão de um gestor sobre o nível de produção a ser realizado, pois o custo marginal é o aumento do custo total necessário para produzir mais uma unidade de produção. b) A curva de custo marginal no curto prazo, que relaciona o custo marginal ao produto, geralmente tem forma de U (ou seja, inicialmente cai para depois subir). Desta forma, no intervalo dos custos marginais decrescentes reflete uma produtividade marginal também decrescente. c) No curto prazo, há custo fixo total e este permanece constante quando o produto aumenta, entretanto, o custo variável e o custo total diminuem de acordo com o aumento do custo marginal quando se produz uma unidade a mais desse produto. d) O custo variável total é o resultado da soma dos custos marginais, se somente se, o custo total for igual ao custo variável total e diferente do valor do custo fixo total, já que este último não varia em função da produção em curto prazo. e) O custo marginal é o valor acrescentado ao custo total. Quando o acréscimo ultrapassar a média, a média vai diminuir, dado que esta análise discute os custos em longo prazo para a tomada de decisão do gestor. 89 Questão 5 Observe as proposições abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I. Os conceitos de curto e longo prazo referem-se à perspectiva temporal dos planos da empresa e guardam relação com a possibilidade de modificar os fatores fixos e reduzir custos de produção. II. A produção implica a utilização de “inputs”, fatores produtivos, matérias-primas e produtos intermediários, o que gera custos. Tais custos dependerão da remuneração e da quantidade dos fatores empregados. III. A receita total de uma empresa sendo inferior ao custo total e, portanto, a empresa incorre em perdas, isso significa também que, em termos unitários, essa situação diz respeito ao preço do produto ser menor do que custo total médio. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira c) I é falsa e II e III são verdadeiras. d) I, II e III são verdadeiras. e) II e III são falsas e I é verdadeira. 90 Questão 6 Observe o gráfico abaixo retirado de <http://www.brasil-economia- governo.org.br/2012/08/27/por-que-a-producao-industrial-nao-cresce-desde2010/>: Segundo o site, durante a fase aguda da crise de 2008, ocorreu uma implosão da produtividade média do trabalho. A produção caiu mais do que o nível de emprego ocorrendo um ajuste pequeno nas horas trabalhadas por trabalhador. Vários fatores, mas principalmente o colapso temporário do crédito que se seguiu à quebra do Lehman Brothers nos EUA, explicam por que a queda da produção e da produtividade por trabalhador foi tão intensa e tão rápida. Quem continuou trabalhando manteve os salários reais, em parte devido à pequena variação das horas trabalhadas por trabalhador, mas em parte porque o setor de serviços sofreu muito pouco durante a crise, mantendo o nível de emprego e impedindo o crescimento maior da taxa de desemprego. 91 Sendo assim, podemos observar que a produtividade e o custo com o fator variável apresentou um perfil cíclico devido à crise que ocorreu nos EUA e se espalhou no mundo inteiro atingindo setorialmente e individualmente as empresas brasileiras. A partir daí, no que diz respeito às produtividades e custos, leia com atenção as afirmativas abaixo e assinale a CORRETA. a) Maior produtividade média por trabalhador envolve maior custo variável médio por trabalhador e maior emprego proporcional por trabalhador. b) Menor produtividade média por trabalhador envolve menor custo variável médio por trabalhador e menor emprego por trabalhador. c) Maior produtividade média por trabalhador envolve menor custo variável médio por trabalhador e maior emprego proporcional por trabalhador. d) Maior produtividade média por trabalhador envolve menor custo variável médio por trabalhador e menor emprego proporcional por trabalhador. e) Menor produtividade média por trabalhador envolve maior custo variável médio por trabalhador e maior emprego proporcional por trabalhador. 92 Questão 7 Leia atentamente as afirmativas abaixo que dizem respeito aos rendimentos de longo prazo de uma empresa e assinale a alternativa CORRETA. a) Os rendimentos de escala refletem a resposta da produção total de uma empresa quando pelo menos um dos fatores de produção, em longo prazo, está fixo proporcionalmente aos outros fatores. b) A produção de uma firma no longo prazo mostrará rendimentos de escala crescentes conforme o incremento proporcional dos fatores, o que acaba provocando um resultado menor do nível de produção comparativamente ao incremento destes fatores. c) No longo prazo, as empresas individualmente têm a possibilidade de alterar a quantidade de todos os fatores empregados na produção, inclusive o fator (ou insumo) de produção capital (máquinas, equipamentos etc.). d) Quando existem rendimentos constantes de escala, ou seja, em longo prazo, a quantidade dos fatores utilizados e a quantidade obtida do produto variam em proporções extremamente diferentes. e) Em longo prazo, quando o custo marginal é inferior ao custo total médio, isso significa dizer que a empresa está com rendimentos decrescentes na utilização dos fatores variáveis e crescentes dos fatores fixos. 93 Questão 8 Um determinado grupo, no ramo de alimentos, constatou que, para a produção em longo prazo dos produtos A, B e C, ele iria se deparar com os perfis dos gráficos abaixo. Em função dos gráficos que apresentam economias de escala, podemos dizer que (marcando a alternativa CORRETA), ou seja, na ampliação da fabricação do produto: a) A, a empresa terá rendimentos decrescentes visto que o custo médio de longo prazo (CMeL) irá cair apresentando aumento de produção proporcionalmente em escalas menores. b) B, a empresa terá rendimentos decrescentes visto que o custo médio de longo prazo (CMeL) irá aumentar apresentando aumento de produção proporcionalmente em escalas maiores. c) C, a empresa terá rendimentos decrescentes visto que o custo médio de longo prazo (CMeL) irá se manter constante apresentando aumento de produção proporcionalmente em escalas menores. d) A, a empresa terá rendimentos crescentes visto que o custo médio de longo prazo (CMeL) irá cair apresentando aumento de produção proporcionalmente em escalas maiores. 94 e) C, a empresa terá rendimentos crescentes visto que o custo médio de longo prazo (CMeL) irá se manter constante apresentando aumento de produção proporcionalmente em escalas maiores. Questão 9 Sabendo-se que: RT = receita total; CT = custo total; RMe = receita média; CTMe = custo total médio; RMg = receita marginal; CMg = custo marginal; LT = lucro total; LMg = lucro marginal Na análise microeconômica da economia empresarial, dada a sua concorrência, uma firma tenderá a maximizar os seus lucros, quando (assinalando a alternativa correta): a) RT > CT; RMe > CTMe; RMg = CMg; LT positivo; LMg igual a zero. b) RT > CT; RMe > CTMe; RMg > CMg; LT positivo; LMg igual a zero. c) RT > CT; RMe > CTMe; RMg < CMg; LT positivo; LMg igual a zero. d) RT > CT; RMe > CTMe; RMg = CMg; LT positivo; LMg positivo. e) RT > CT; RMe > CTMe; RMg > CMg; LT positivo; LMg positivo. 95 Questão 10 Dada uma empresa que tenha perdas pelo seu nível de produção e se compararmos estas perdas com os custos fixos, entre outras alternativas, a empresa pode obter (assinalando a alternativa CORRETA): a) Perdas menores que os custos fixos e, nesta situação, se dará quando o custo variável for menor que a receita total, ou seja, quando o custo variável médio for menor que o preço do produto. b) Perdas menores que os custos fixos e, nesta situação, se dará quando o custo variável for maior que a receita total, ou seja, quando o custo variável médio for igual ao preço do produto. c) Perdas maiores que os custos fixos e, nesta situação, se dará quando o custo variável for maior que a receita total, isto é, quando o custo variável médio for maior que o preço do produto. d) Perdas maiores que os custos fixos e, nesta situação, se dará quando o custo variável for igual à receita total, o que equivale a dizer que o custo variável médio é igual ao preço. e) Perdas iguais que os custos fixos e, nesta situação, se dará quando o custo variável for menor que a receita total, o que equivale a dizer que o custo variável médio é igual ao preço. 96 Questão 11 (DPU, 2010) Diferentes estruturas de mercado são verificadas no dia a dia. Monopólios naturais ou mesmo legais, mercados concorrenciais, oligopólios, concorrência monopolística, são alguns exemplos. Acerca dessas diferentes estruturas de mercado, assinale a opção correta. a) Em mercados concorrenciais, as empresas tendem a obter lucro zero no curto prazo e, portanto, preferem não ficar nesse tipo de mercado. b) Um monopólio será sempre ineficiente, pois seus preços são sempre mais altos que os preços de concorrência perfeita. c) Um monopolista natural que é obrigado, pelo regulador, a praticar preços concorrenciais estará produzindo em um nível eficiente de produção. d) Empresas no setor oligopolista enfrentam rigidez de preços para baixo, pois sempre tendem a não seguir aqueles que abaixam os preços e a seguir aqueles que os aumentam. e) Práticas de cartéis tendem a ser estáveis, pois os lucros sempre caem quando empresas individuais tendem a se comportar unilateralmente. 97 Questão 12 Vamos supor uma empresa em concorrência perfeita na comercialização de um dado produto X em um determinado mercado de uma região, onde se tem as seguintes informações a respeito dessa empresa em curto prazo: > função do custo total: CT = 2 + 4Q + 6Q2 > função custo marginal: CMg = 4 + 12Q > valor do preço (unitário) do produto X: P = $ 40,00 Nesse sentido, demonstre o valor da quantidade (Q) do produto X que maximiza o lucro total, do valor da receita média (RMe), sabendo-se que esta receita média, para uma empresa de concorrência perfeita, é igual à receita marginal, e do valor desse lucro total (LT), respectivamente: a) Q = 3, RMe = $ 40, LT = $ 52. b) Q = 4, RMe = $ 40, LT = $ 25. c) Q = 4, RMe = $ 50, LT = $ 25. d) Q = 3, RMe = $ 50, LT = $ 52. e) Q = 4, RMe = $ 50, LT = $ 25. 98 Questão 13 No que se refere às informações sobre os mercados competitivos e não competitivos, por meio de uma análise microeconômica, abaixo temos alternativas sobre tais mercados. Marque a opção que NÃO condiz com as reais características da estrutura em questão. a) A concorrência monopolista aparece pouco no mercado brasileiro. Porém, temos como exemplos desta estrutura, o serviço de fornecimento de gás, de água e alguns serviços públicos, cujo o poder do produtor, então, é normalmente limitado na prática pela regulação do governo. b) O oligopólio aparece quando existem poucos produtores de uma matéria-prima ou de mercadorias similares. Também inclui muitos produtos manufatados, tais como veículos motorizados e detergentes, assim como os serviços de companhias aéreas e de telecomunicações. c) O oligopólio é um mercado no qual a maior parte das vendas é realizada por poucas empresas, sendo que cada uma delas é capaz de influenciar o preço de mercado com suas próprias atividades, e que tais empresas têm consciência de sua interdependência estratégica. d) O oligopólio colusivo que consegue atuar como tal maximiza seus lucros conjuntos e pratica um nível de produção e preço monopolista, obtendo, também, o lucro de um monopólio. O grupo de empresas que atua desse modo, ou seja, como oligopólio colusivo, é conhecido como sendo cartel. e) Nos mercados de concorrência monopolista, a heterogeneidade ou a diferenciação entre os bens e serviços oferecidos está na raiz de situações não competitivas. Neste sentido, diz-se que a concorrência monopolista é a estrutura de mercado em que muitas empresas vendem produtos similares, mas não idênticos. 99 Questão 14 De uma maneira geral, entre outras considerações, quando analisamos alguns setores da economia brasileira, observações que, em geral, são dois os fatores que são causas da imperfeição dos mercados, quais sejam (marcando a alternativa correta): a) Os custos de produção e a receita marginal. b) Os custos de produção e as barreiras à entrada de novos competidores. c) As barreiras à entrada de novos competidores e a receita média. d) As barreiras à entrada de novos competidores e a receita marginal. e) Os custos de produção, as receitas média e marginal e as barreiras à entrada de novos competidores. Questão 15 Conforme o número, o tamanho dos ofertantes, o grau de concentração entre as empresas concorrentes e a homogeneidade ou heterogeneidade dos produtos, a economia empresarial gera determinadas classificações ao mercado de concorrência imperfeita. Desta maneira, há uma estrutura na qual a mesma é caracterizada pela presença de poucos vendedores, de forma que cada empresa pode influir no preço de mercado e na conduta de seus concorrentes. Estamos nos referindo à(o) (marcando a afirmativa CORRETA): a) Monopólio. b) Oligopólio. c) Concorrência monopolista. d) Duopólio. e) Concorrência perfeita. 100 Questão 16 Leia atentamente as considerações abaixo sobre teoria dos jogos e assinale a alternativa CORRETA. I. Em um jogo não cooperativo, as empresas participantes não negociam num esforço para coordenar suas ações. II. Em um jogo não cooperativo, as empresas sabem da existência das outras, mas agem independentemente. III. Um exemplo de jogo cooperativo seria um acordo formal de cartel, como a OPEP, ou uma joint venture, enquanto um exemplo de jogo não cooperativo seria uma disputa na pesquisa e desenvolvimento de uma patente. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I é falsa e II e III são verdadeiras. d) I, II e III são verdadeiras. e) II e III são falsas e I é verdadeira. 101 Questão 17 Duas empresas operam no mercado de chocolate, podendo optar entre produzir um chocolate de alta qualidade ou um chocolate de baixa qualidade. Os lucros resultantes de cada estratégia encontram-se apresentados na matriz a seguir: EMPRESA B Alto Baixo EMPRESA Alto -20,-30 900,600 A Baixo 100,800 50,50 Em função das informações da matriz, marque a afirmativa CORRETA. a) Não há equilíbrio de Nash. b) O resultado cooperativo (900,600) maximiza o lucro conjunto das duas empresas. c) Há dois equilíbrios de estratégia dominante, ou seja, (900,600) e (100,800). d) A empresa A é a mais beneficiada pela cooperação. e) A empresa B é a mais beneficiada pela cooperação. 102 Questão18 (Cadernos de Economia UNB) Leia com atenção os trechos da reportagem abaixo, divulgada no caderno Economia do jornal O Estado de S. Paulo: SDE [Secretaria de Direito Econômico] apura denúncias feitas contra a CocaCola Fabricante do refrigerante Dolly acusa a empresa de práticas anticoncorrenciais (...) a empresa [Coca-Cola] teria tentado fechar o mercado aos seus concorrentes “por meio de fixação de cláusulas de exclusividade no fornecimento de insumos para a fabricação de refrigerantes (...)” (...) Outras acusações contra a Coca-Cola, como prática de preços predatórios, divulgação de mensagem pela Internet com informações inverídicas sobre a Dolly e patrocínio de fiscalizações públicas, que resultariam em benefícios fiscais para a multinacional (...) Qual seria a intenção da Coca-Cola ao adotar as práticas descritas pela reportagem? (Marcando a alternativa CORRETA). a) Caso essas práticas sejam verdadeiras, o objetivo da Coca-Cola seria não manter o seu poder de mercado. b) Caso essas práticas sejam verdadeiras, o objetivo da Coca-Cola seria manter seu poder de mercado. c) Caso essas práticas sejam verdadeiras, a Coca-Cola não afastaria a concorrência. d) Caso essas práticas sejam verdadeiras, a Coca-Cola manteria o mercado com uma estrutura de concorrência perfeita. e) Caso essas práticas sejam verdadeiras, a Coca-Cola manteria o preço dos seus produtos a níveis baixos. 103 Questão 19 Leia as considerações abaixo sobre equilíbrio de Nash e estratégias dominantes e marque a alternativa QUE NÃO CONDIZ com as reais características desses dois assuntos. a) O equilíbrio de Nash é um resultado no qual os jogadores corretamente acreditam estar fazendo o melhor que podem dadas as ações do outro participante. b) Um jogo está em equilíbrio quando nenhum jogador possui incentivo para mudar suas escolhas. c) A principal característica que distingue um equilíbrio de Nash de um equilíbrio em estratégias dominantes é a dependência do comportamento do oponente. d) Um equilíbrio em estratégias dominantes ocorre quando cada empresa faz sua melhor escolha, independente da escolha do outro jogador. e) Qualquer equilíbrio de Nash é um equilíbrio em estratégias dominantes ao longo de um tempo. Questão 20 Em um jogo não cooperativo: I. II. As empresas participantes não negociam formalmente. As empresas sabem da existência da outra, mas agem independentemente. III. Com um acordo vinculado a contratos, as empresas não devem aderir. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I é falsa e II e III são verdadeiras. d) I, II e III são verdadeiras. e) II e III são falsas e I é verdadeira. 104 Introdução Mantega admite PIB menor em 2013 Ministro da Fazenda reafirma que governo não pretende adotar novas medidas de estímulos Veja: 29/05/2013 O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenta manter tom otimista mesmo diante de PIB frustrante (Ueslei Marcelino/Reuters). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta quarta-feira que "certamente" o governo vai rever para baixo a projeção de alta de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Essa é a proposta que consta no Orçamento de 2013. Mantega não quis fazer uma nova previsão e disse apenas que a economia brasileira começou o ano de 2013 "muito melhor do que no ano passado". "Se tivermos trajetória semelhante à do ano passado, estaremos bem e poderemos atingir taxa (de crescimento) satisfatória este ano", afirmou. Com os resultados do PIB, Mantega reiterou que o governo não pretende adotar novas medidas de estímulos ao consumo e ao investimento porque as medidas já tomadas continuarão surtindo efeito, como o programa de concessão e a desoneração da folha de salários das empresas. "A desoneração começou em 2012, mas agora são mais setores que começaram em janeiro e, assim, igualmente para outras medidas cuja eficácia vai ser sentida ao longo do ano". Ele lembrou ainda que alguns estímulos foram retirados no primeiro trimestre, de modo que o consumo não deverá ser o carro chefe da economia. "Queremos que seja o investimento e que tenha recuperação do investimentos", afirmou o ministro ao comentar o resultado do PIB no primeiro trimestre. 105 Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira, o PIB do primeiro trimestre do ano cresceu apenas 0,6% em relação ao quarto trimestre do ano passado, frustrando expectativas de analistas e do próprio governo. O ministro da Fazenda destacou ainda que o governo vai rever a projeção de PIB no próximo relatório de reprogramação orçamentária. "Certamente iremos rever quando fizermos o próximo relatório". Segundo ele, é preciso "olhar" os trimestres sucessivos para fazer uma avaliação. "Não dá para olhar um trimestre só. Estamos no meio do segundo trimestre e os dados são muito bons, abril está fechado e quase todos os indicadores são positivos, como papelão ondulado", avaliou. Contudo, Mantega admite que o cenário da economia internacional está adverso, sem melhoras significativas, o que dificulta as exportações brasileiras, principalmente de manufaturados, que não cresceram. As exportações de bens e serviços apresentaram queda de 6,4%, enquanto as importações de bens e serviços subiram 6,3%. No quarto trimestre do ano passado, os dois itens haviam subido 6,1% e 8,4%, respectivamente. "Como crescemos mais do que boa parte dos países, significa que importamos mais e conseguimos exportar menos", disse, tentando manter o tom otimista diante de um crescimento frustrante e o pior quadro exportador desde o primeiro trimestre de 2009. Mantega destacou ainda o resultado da agropecuária, "excepcional" em suas palavras, ao crescer 9,7% no primeiro trimestre deste ano. "Isso se deve sobretudo à recuperação em relação à seca do ano passado e ao aumento da produtividade da produção agropecuária", afirmou. "A crise internacional não prejudica a agricultura, porque ela exporta commodities de alimentos e, mesmo em crise, os países consomem alimentos", completou. 106 No que tange à indústria, o ministro apontou que o crescimento negativo de 0,3% no primeiro trimestre foi puxado pelo setor de extração mineral, que teve crescimento negativo de 0,2%. Já o crescimento da indústria de transformação foi positivo, de 0,3%. "A indústria extrativa responde mais ao cenário internacional. E a indústria de transformação responde mais ao mercado interno, então está em trajetória de recuperação", explicou. Mantega avaliou ainda que a construção civil "também não teve bom desempenho" e admitiu que os serviços cresceram pouco no primeiro trimestre. Por fim, ao comentar sobre a formação bruta de capital fixo, o ministro disse que o investimento "sustentou a demanda" neste primeiro trimestre, ao crescer 4,6% no período. Cenário – Mantega disse que a atividade acelerou em abril e, provavelmente, em maio. Ele ponderou ainda que houve uma melhora do mercado de capitais, com vários lançamentos de IPOs, o que, na sua avaliação, mostra que a confiança no país está melhorando. O ministro ressaltou ainda que o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o Brasil é um dos maiores do mundo. Segundo ele, as captações das empresas no exterior estão indo muito bem. "Petrobras e Banco do Brasil, o mercado está vendo de forma mais positiva", disse Mantega. Na sua avaliação, a bolsa brasileira no último mês teve comportamento bom, melhor que em outros países. "O ambiente econômico está melhorando no país", avaliou. O ministro da Fazenda afirmou ainda que o governo não pretende adotar novas medidas de estímulos ao consumo e ao investimento porque, segundo ele, eles já estão "todos em cima da mesa e as empresas estão aumentando seus investimentos". Mantega lembrou que alguns estímulos foram retirados no primeiro trimestre, de modo que o consumo não deverá ser o carro chefe da economia. "Queremos que seja o investimento e que tenha recuperação do 107 investimentos", afirmou o ministro ao comentar o resultado do PIB no primeiro trimestre. (com Estadão Conteúdo) Caro aluno, o artigo anterior expressa a preocupação com elementos relacionados aos chamados agregados macroeconômicos. Neste sentido, além destes elementos, outros mais como o consumo e o investimento agregado são variáveis que constituem o ramo da macroeconomia. Mas o que é macroeconomia? Para o aluno da pós-graduação, o contexto macroeconômico deve ser percebido como uma visão ampla para entendermos a formação e o comportamento dos fenômenos exógenos que podem influenciar as condições financeiras, operacionais e de planejamento das empresas em um determinado país. A macroeconomia ilustra o funcionamento da Economia em seu conjunto, ou seja, este ramo da Ciência Econômica tem como propósito obter uma visão que permita conhecer o nível da atividade econômica do Brasil, por exemplo, ou de um conjunto de países. Então, vamos à nossa aula! Objetivos: 1. Relacionar os eventos de crescimento e emprego, analisando as condições das variáveis que influenciam o crescimento econômico; 2. Mensurar a atividade econômica por meio do produto, da renda e dos gastos do país; 3. Apresentar outras formas raciocínios para calcular o PIB. 108 Conteúdo Crescimento e Emprego Para analisar o funcionamento da economia, a macroeconomia concentra-se no estudo de uma série de variáveis-chave analisando os seus comportamentos e as suas determinações ao longo de um determinado tempo, sendo que tais variáveis inflenciam o crescimento, o nível de emprego e a dinâmica econômica a longo prazo. Olhando o gráfico a seguir, verificamos a evolução do PIB brasileiro do primeiro trimestre de 2010 ao segundo trimestre de 2013. Esta evolução é apresentada por taxas de crescimento da Economia. Quando se fala em crescimento, ou melhor colocando, no crescimento econômico, estamos nos referindo ao crescimento do produto, ou seja, da quantidade (ou da produção) abundante de bens e serviços que todos os países desejam obter. Podemos observar que a evolução do PIB apresenta flutuações ao longo do tempo. Tais flutuações ocorrem por diversos motivos, entre eles podemos destacar as condições da política econômica (como no caso da implantação das políticas fiscal e monetária, por exemplo), os níveis da quantidade e qualidade dos fatores produtivos existentes, o grau de tecnologia disponível, os padrões de gastos e os aumentos (ou quedas) de produtividade. 109 Mas, provavelmente, a variável macroeconômica que a sociedade sente de maneira mais direta é o emprego. Neste contexto, há vários argumentos que demonstram uma relação direta (mas não proporcional) entre crescimento, emprego e trabalho. Este é um tema muito importante da macroeconomia que destaca o peso da evolução do produto, do desenvolvimento da dinâmica da produção de um país com a geração de emprego e a queda da taxa de desemprego. A evolução do PIB, assim como do nível de emprego acabam apresentando um retrato do desempenho macroeconômico. Conforme podemos perceber pelos gráficos a seguir, a evolução do produto é um fator determinante do nível de emprego da economia. Quando a taxa de crescimento é alta, a produção de bens e serviços está aumentando, tornando possível uma elevação do padrão de vida. A alta taxa de crescimento é também acompanhada pela queda dos níveis de desemprego31. 31 O desemprego é tratado através de dois conceitos: • Desemprego aberto: refere-se ao indivíduo que, embora não empregado, está procurando emprego. • Desemprego oculto: considera os trabalhadores em trabalho precário e aqueles que no momento não estão procurando emprego por estar desalentado, mas que vinha procurando emprego. 110 A relação empírica entre crescimento do PIB e a variação da taxa de desemprego é denominada Lei de Okun. Esta indica que as empresas de um país precisam aumentar o número de empregados para que possam aumentar o seu nível de produção. Desta forma, quando o produto (PIB) cresce, aumenta o emprego, ou, em outras palavras, há uma redução da taxa de desemprego, conforme está apresentada no gráfico a seguir. 111 O Lado da Oferta Agregada: ótica do produto O enfoque macroeconômico exige a definição e a medição de certos agregados que permitem obter uma visão global da Economia. A medição da atividade econômica é possível através de um instrumento contábil e estatístico conceituado como contabilidade nacional (ou contabilidade social) 32 . Nesse sentido, as transações econômicas são feitas pelos agentes econômicos, ou seja, as famílias, as empresas, o setor público e o resto do mundo são os agentes econômicos participantes na formação e no desenvolvimento das atividades socioeconômicas de um determinado país, sendo que tais atividades, então, são mensuradas através do produto, da renda e dos dispêndios do país por meio da contabilidade nacional. No caso (da oferta) do produto, este corresponde ao valor bruto da produção da economia em um período de tempo, descontado o valor de todos os produtos intermediários (ou insumos) no processo produtivo. O produto identifica-se, portanto, como o valor adicionado pelas empresas ou pelos setores produtivos de um país (isto é, os setores, agropecuário, industrial e de serviços), melhor dizendo, é o produto “líquido” da economia. Em outras palavras, sabendo-se que: VA = valor adicionado; VBP = valor bruto da produção33; INS = insumos (ou consumo intermediário34) 32 A contabilidade social define e relaciona os agregados econômicos e mede os seus respectivos valores. Este instrumento no Brasil está a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é definido como sendo um registro contábil da atividade produtiva do país ao longo de um dado período de tempo (normalmente de um ano). A Contabilidade Social serve principalmente para proporcionar o conhecimento da estrutura econômica do país e permitir ao governo formular as políticas econômicas de crescimento, estabilização econômica, geração de emprego etc. 33 O Valor Bruto de Produção é o maior agregado gerado em um país. Ele inclui o valor adicionado e o valor dos insumos e compreende a soma dos valores brutos dos bens e serviços produzidos em uma economia, durante um período de tempo. 112 O produto “líquido”, ou o valor adicionado, da economia é expresso pelo seguinte resultado: VA = VBP - INS Cabe destacar que a fim de se obter o produto “líquido” ou valor adicionado efetivamente gerado na economia, em determinado período de tempo, tornase necesário reduzir-se o consumo intermediário (o valor dos insumos), para evitar a dupla contagem. O quadro a seguir apresenta a evolução do produto (neste caso do PIB) em termos de valor adicionado pelos setores de produção da economia brasileira. Em termos de flutuações, o PIB cresceu apenas 0,9% em 2012 que, comparativamente aos anos anteriores, teve um rendimento decrescente na sua evolução. Da mesma forma, apresenta-se o setor agropecuário com uma queda de -2,3% em 2012, sendo que esta queda foi bastante significativa quando se compara com os períodos anteriores. Já o desempenho do setor industrial reflete as restrições ocorridas pela indústria de transformação (-2,5%) e extrativa (-1,1%) e o setor de serviços, apesar de não ter tido uma taxa negativa de crescimento, também apresentou uma contração comparativamente aos anos anteriores. 34 O consumo intermediário representa os bens (materiais ou imateriais) que sofreram alguma transformação, contudo eles ainda não alcançaram a etapa em que se transformaram em bens finais. 113 Taxas Reais de Variação do PIB - Ótica do Produto por Setor (Valor Adicionado) Discriminação 2010 2011 2012 PIB 7,5 2,7 0,9 agropecuário 6,3 3,9 -2,3 Setor industrial 10,4 1,6 -0,8 Extrativa mineral 13,6 3,2 -1,1 Transformação 10,1 0,1 -2,5 Construção 11,6 3,6 1,4 Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 8,1 3,8 3,6 5,5 2,7 1,7 Comércio 10,9 3,4 1,0 Transporte, armazenagem e Correio 9,2 2,8 0,5 Serviços de informação 3,7 4,9 2,9 complementar e serviços relativos 10,0 3,9 0,5 Outros serviços 3,7 2,3 1,8 Atividades imobiliárias e aluguel 1,7 1,4 1,3 Administração, saúde e educação pública 2,3 2,3 2,8 Setor Setor serviços Intermediação financeira, seguros, previdência Fontes: IBGE e Banco Central do Brasil - Relatório Anual 2012 Ao mesmo tempo, é importante destacar que o produto “líquido” também conhecido como produto interno compreende a soma dos bens e serviços produzidos dentro das fronteiras de um país em determinado tempo, e equivale à renda gerada na economia, correspondendo esta ao valor das remunerações pagas aos proprietários dos fatores de produção, e abrange salários, lucros, juros e aluguéis35. A renda interna corresponde, portanto, 35 Rendas: a) Salários: remunerações do trabalho; b) Lucros: remunerações do capital de risco; c) Juros: remunerações do capital de empréstimo; d) Aluguéis: remunerações de terrenos, instalações físicas e equipamentos afins. 114 ao somatório das remunerações de toda a economia do país, no mesmo período da formação do produto “líquido”. Assim, temos: VBP – INS = VA = Renda = Salários + Lucros + Juros + Aluguéis36. Tanto o produto como a renda podem ser mensurados a preços de mercado, ou a custo de fatores. Quando esses agregados são mensurados a preços de mercado, eles incluem os tributos indiretos 37 pagos pelos consumidores, assim como os subsídios38 recebidos por certos produtores. Sendo que podemos definir como produto interno líquido a preços de mercado ao somatório de todos os bens e serviços vendidos ou adquiridos no país, durante determinado período de tempo. Para obter o produto interno líquido a custo de fatores, é necessário subtrair os tributos indiretos e somar os subsídios, o que corresponde à renda interna, melhor dizendo: PILcf = produto interno líquido a custo de fatores. PILpm = produto interno líquido a preços de mercado. RI = RIL = renda interna = renda interna líquida. Ti = tributos indiretos. Sub = subsídios. PILcf = PILpm – Ti + Sub = RI = RILcf = RILpm – Ti + Sub 36 Conforme veremos mais à frente, RNBcf = renda nacional a custo de fatores = salários + lucros + juros + depreciação + RLE. 37 Os tributos indiretos incidem sobre a produção e a compra e venda de bens e serviços; sendo debitados como custos de produção, eles são repassados aos consumidores finais. 38 Os subsídios são semelhantes a um imposto negativo, correspondem a toda a transferência pecuniária às empresas que reduzem seus custos de produção. Eles são instituídos pelo governo com a finalidade de estimular determinados setores, ou reduzir os preços de alguns bens e serviços de interesse da população. 115 O Lado da Demanda Agregada: ótica dos gastos da economia Além da ótica do produto, precisamos entender a evolução da atividade econômica através do ponto de vista da demanda agregada e que está integrada pelos seguintes componentes: Consumo privado (ou das famílias). Consumo público (ou gastos do governo). Investimento (ou formação bruta de capital fixo). Exportações líquidas (isto é, exportações menos importações). Então, a seguir, nas próximas seções, passaremos a estudar cada um desses componentes relacionando-os com o produto da economia. Consumo (das Famílias e do Governo) e a Poupança Antes de tudo, é importante salientar que o consumo é o maior componente do produto de um país. Apresenta também certo comportamento estável ao longo do tempo. O consumo representa o agregado gasto com bens e serviços realizados pelas famílias e bem como pelo governo. O consumo pessoal39 compreende a parcela da renda que as famílias (ou consumidores finais) destinam para a aquisição de bens e serviços de uso final. O consumo do governo envolve os gastos com a manutenção de sua estrutura adiministrativa e com a manutenção, em gastos correntes, com atendimento das necessidades da população. Deve-se dizer que os pagamentos de transferências40 não formam parte do gasto público. Assim, 39 O consumo pessoal envolve ainda os gastos com bens duráveis e não duráveis e serviços, excluídos os bens de segunda mão vendidos. Incluem-se, também, os bens produzidos por conta própria e os recebidos como doação, assim como o aluguel imputado às residências ocupadas pelos proprietários e que é somado ao aluguel efetivamente mensurado. Além disso, o consumo pessoal, na verdade, pode ser definido, melhor dizendo, como sendo o consumo privado, ou seja, formado pelo consumo das famílias, e bem como, também, formado pelo consumo das instituições privadas sem fins lucrativos, sendo que o consumo destas últimas é mensurado pelo custo dos bens e serviços que elas produzem para uso próprio. 40 Entendendo por transferências do governo ou do Estado os pagamentos que esta entidade realiza a um indivíduo em troca dos quais não é prestado nenhum serviço corrente. 116 por exemplo, quando o setor público realiza pagamentos de aposentadorias, ou a outros recebedores que nada produzem no período corrente, estes também não se incluem no produto do país. Paralelo à questão do consumo, tem-se o agregado poupança que é a diferença entre a renda e o consumo, ou seja, os indivíduos e o governo decidem guardar uma parcela de sua renda (ou receita no caso do governo), para consumir no futuro. Assim, tem-se o conceito de poupança privada e poupança do governo, isto é: S = poupança41 Y = renda = produto (da economia) C = consumo S=Y-C Formação Bruta de Capital Fixo (Investimento) Em toda a economia não somente são produzidos bens e serviços para o consumo, mas também bens de capital que contribuem para uma produção futura. O investimento privado inclui três categorias, quais sejam: Investimento na planta e equipamento das empresas, ou seja, a construção de fábricas, aquisição de máquinas etc. Construção residencial como no caso da construção de habitações. Variação nos estoques, isto é, algo que se produziu e, portanto, é incluído no cálculo do produto da economia. É importante ressaltar que a partir da poupança (discutida no item anterior) gera-se um consumo futuro e este consumo futuro forma o investimento 41 A poupança é a parte da renda que não é consumida. Denotamos aqui a poupança com um ‘S’ (do inglês saving) 117 bruto, que equivale ao aumento do estoque de capital fixo e da variação de estoques da economia durante um determinado período de tempo. Deduzindo-se desse investimento bruto a depreciação, obtém-se o investimento líquido; sendo que a depreciação corresponde aos gastos de investimento efetuados para repor os capitais desgastados ou substituídos no processo de produção, durante o período. Esses gastos servem também para obtenção do produto interno bruto e da renda interna bruta. Mas diminuindo a depreciação, tem-se o produto nacional líquido e a renda nacional líquida. Assim, temos: Investimento bruto = Investimento líquido + Depreciação PIB = PIL + Depreciação RIB = RIL + Depreciação Onde: PIB = produto interno bruto; PIL = produto interno líquido; RIB = renda interna bruta; RIL = renda interna líquida Chega-se, portanto, a duas identidades fundamentais, ou seja, (a) a primeira delas é a de que produto nacional líquido = renda nacional = despesa nacional; melhor dizendo, produto é igual a renda, uma vez que tudo o que foi agregado ao processo produtivo, em termos de bens e serviços, corresponde ao que foi pago aos fatores de produção, e tudo o que foi produzido foi absorvido pela economia. E (b) a segunda identidade é a de que poupança (S) = investimento (I); ela decorre, na verdade, da primeira identidade acima e assim obtemos: Y = produto = renda = gastos Gastos = C + I = Y Y = S + C = renda Logo: C + I = Y = S + C >>>>> S=I 118 Em função das considerações acima e do gráfico a seguir, podemos observar que, conforme os dados do IBGE, a taxa de investimento no terceiro trimestre de 2013 foi de 19,1% em relação ao PIB. Se observamos adequadamente, verificamos que esta taxa foi superior à taxa referente a igual período do ano anterior que foi de 18,7% em relação ao produto da economia brasileira. Paralelo a isso, a taxa de poupança ficou em 15% no terceiro trimestre de 2013, ligeiramente abaixo à taxa apontada no mesmo trimestre de 2012 que foi de 15,3% em relação ao PIB. Fonte: IBGE A Economia Aberta Em uma economia aberta, como no caso da economia brasileira, torna-se necessário acrescentar as variáveis econômicas exportações e importações 42, assim, a despesa nacional (ou o gasto nacional) (DIB), fica: 42 Denominam-se exportações as mercadorias que os países destinam ao exterior, ou seja, as que são vendidas para fora do país. Por importações entende-se o processo inverso, as mercadorias que um país compra do exterior. As exportações líquidas resultam da diferença entre as exportações e as importações. 119 DIB = dispêndio interno bruto = consumo (privado e do governo) + investimento (formação bruta de capital fixo) + exportações – importações A partir daí, pode-se colocar que: Investimento = Poupança interna + Poupança externa Dada uma economia aberta, como no caso a brasileira, existe ainda um fluxo de pagamentos entre o país e o resto do mundo. Assim, há uma diferença entre o Produto Nacional Bruto (PNB) e o Produto Interno Bruto (PIB). Para obter o PNB adequadamente, é necessário somar ao PNB a Renda Líquida do Exterior (RLE). A RLE corresponde ao resultado (ou saldo) entre a renda recebida do exterior (RRdE) com a renda enviada para o exterior (REpE), sendo que constituem a RLE, por exemplo, as entradas e saídas de lucros e dividendos de empresas, juros, royalties, rendas provenientes de salários etc. Nesse sentido, temos, de uma maneira geral, que: PIB = produto interno bruto PNB = produto nacional bruto RLE = renda líquida do exterior RIB = renda interna bruta RNB = renda nacional bruta DIB = despesa interna bruta C = consumo privado (das famílias e de instituições privadas sem fins lucrativos) = consumo agregado I = FBCF = investimento das empresas (privadas e estatais) = investimento agregado G = gastos do governo (envolvendo os gastos da administração pública e não das empresas estatais) 120 NX = exportações líquidas (saldo entre as exportações e importações) PNB = PIB + RLE <<<<<<>>>>>> RIB = RNB - RLE <<<<<<>>>>>> DIB = C + I + G + NX Portanto, a diferença entre o PIB e o PNB corresponde, segundo Vasconcellos & Garcia43, é o fluxo de rendas com o exterior. O PNB é a produção obtida com o trabalho ou capital pertecente aos residentes de um país, enquanto o PIB44 é o produto total obtido pelo trabalho e capital situados dentro do país. Pelo o que podemos constatar em relação às informações estudadas até agora, percebe-se que a atividade econômica é avaliada por três óticas que se complementam, ou seja, a ótica do produto, da renda e dos gastos (ou despesas) de um país. O quadro abaixo apresenta a evolução do PIB através da ótica da demanda. A respeito deste quadro, destaca-se que a formação bruta de capital fixo teve uma retração bastante significativa em 2012 comparativamente aos anos anteriores, principalmente em relação ao ano de 2010; houve uma expansão do consumo do governo em 2012 comparativamente ao ano de 2011; apesar de ter tido uma queda, o consumo das famílias fechou em uma taxa de crescimento quase igual ao consumo do governo. Houve uma contribuição positiva do setor externo, mas na medida em que houve certa elevação das exportações em relação às importações em 2012, ou seja, o saldo das contas externas foi melhor do que nos anos anteriores de 2010 e 2011. 43 VASCONCELLOS & GARCIA. Fundamentos de economia. Saraiva. No Brasil, as rendas enviadas ao exterior tendem a ser maiores (mas não obrigatoriamente) do que as rendas recebidas; logo, PNB < PIB e RNB < RIB. 44 121 Taxas Reais de Variação - Ótica dos Gastos Discriminação 2010 2011 2012 PIB 7,5 2,7 0,9 Consumo das Famílias 6,9 4,1 3,1 Consumo do Governo 4,2 1,9 3,2 Formação Bruta de Capital Fixo 21,3 4,7 -4,0 Exportações 11,5 4,5 0,5 Importações 35,8 9,7 0,2 Fontes: IBGE e Banco Central do Brasil - Relatório Anual 2012 Outras Formas de Raciocínio para Mensuração da Renda e do Produto Para terminar o nosso estudo a respeito da mensuração dos agregados econômicos, cabe descatar algumas informações complementares a esse nosso estudo. A primeira delas diz respeito a que, com a introdução do governo na nossa equação, a renda que os proprietários dos fatores efetivamente recebem é menor do que o total da renda do país, em virtude dos pagamentos de contribuições e de diversos tributos. Dessa forma, a renda pessoal é igual à renda obtida mais as transferências do governo às famílias (aposentadorias, pensões e ajudas especiais em caso de calamidade pública), subtraídos os pagamentos que as empresas fazem ao governo. Esses pagamentos são contribuições previdenciárias, FGTS, multas e impostos sobre operações financeiras e sobre os lucros das empresas. A partir daí podemos definir como renda pessoal disponível a renda que as famílias efetivamente recebem, ou seja, é igual à renda pessoal, menos os impostos diretos efetuados pelas pessoas físicas no governo, mais as devoluções efetuadas pelo governo às famílias. Será a renda pessoal 122 disponível que as famílias destinarão ao consumo de bens e serviços finais e à poupança, sendo esta posteriormente canalizada para as empresas realizarem investimentos. A segunda dessas informações destaca a diferença entre o PIB nominal (ou seja, medido a preços correntes) e o PIB real (isto é, medido a preços constantes). Quando comparamos os valores do PIB brasileiro em períodos diferentes, eles incorporam o aumento da inflação. Para retirarmos o efeito da inflação 45 , precisamos desinflacionar esses valores, transformando valores nominais em valores reais (ou deflacionados), daí surgindo a diferença entre o PIB real e o PIB nominal, em que para se calcular o PIB real, tem-se a seguinte fórmula abaixo, sabendo-se que IP é índice de preços. PIB real = PIB nominal x 100 IP46 Como exemplo a seguir é apresentado um quadro em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Este índice de preços tem como período de coleta de preços o mês completo. Tem como local de pesquisa 11 regiões e mede a evolução dos preços dos bens e serviços que são absorvidos por famílias que ganham de 1 a 40 salários mínimos. 45 A respeito da inflação (definição, tipos etc.), abordaremos este tema na quarta aula. Tem-se como IP, por exemplo, IPC e o IPCA. Destaca-se que o índice também pode ser chamado de deflator implícito, sendo que todo e qualquer índice de preços reflete o crescimento médio dos preços agregados; desta forma, os índices de preços são multiplicados por 100 (denominador), eles devem ser compensados no numerador, multiplicando por 100, conforme veremos em exercício posterior. 46 123 Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo IPCA - Percentual no mês, percentual acumulado no ano e peso no mês Brasil - dezembro 2013 Índice geral, grupos e Percentual no Percentual acumulado Peso no mês subgrupos mês no ano Índice geral 0,92 5,91 100,0000 1.Alimentação e bebidas 0,89 8,48 24,5732 11.Alimentação no domicílio 0,79 7,64 16,0141 1,08 10,07 8,5591 2.Habitação 0,52 3,40 14,4534 21.Encargos e manutenção 0,60 9,23 10,5842 22.Combustíveis e energia 0,31 -9,82 3,8691 3.Artigos de residência 0,89 7,12 4,5050 31.Móveis e utensílios 0,97 8,07 2,3101 0,76 5,95 1,8399 33.Consertos e manutenção 1,06 7,15 0,3550 4.Vestuário 0,80 5,38 6,6373 41.Roupas 0,87 5,27 4,2508 42.Calçados e acessórios 0,59 5,07 1,9436 43.Joias e bijuterias 1,21 8,83 0,3583 44.Tecidos e armarinho 0,71 3,98 0,0847 5.Transportes 1,85 3,29 18,8626 51.Transportes 1,85 3,29 18,8626 6.Saúde e cuidados pessoais 0,41 6,95 11,2700 12.Alimentação fora do domicílio 32.Aparelhos eletroeletrônicos 124 61.Produtos farmacêuticos e 0,03 4,67 3,6964 62.Serviços de saúde 0,59 8,93 4,9112 63.Cuidados pessoais 0,58 6,58 2,6624 7.Despesas pessoais 1,00 8,39 10,5838 71.Serviços pessoais 1,04 9,51 6,4401 0,94 6,70 4,1437 8.Educação 0,05 7,94 4,5781 81.Cursos, leitura e papelaria 0,05 7,94 4,5781 9.Comunicação 0,74 1,50 4,5367 91.Comunicação 0,74 1,50 4,5367 óticos 72.Recreação, fumo e fotografia Fonte: IBGE. A terceira dessas informações afirma que um dos grandes objetivos do Brasil é ter crescimento econômico, o qual pode ser medido pelo PIB per capita47, isto é, o valor monetário do produto interno bruto dividido pela população do país. Na verdade, o PIB per capita permite avaliar a quantidade (média) de bens e serviços disponíveis para cada brasileiro. Assim, temos que: PIBpc = PIB/número de habitantes A quarta informação refere-se ao PIB em dólares 48 . De acordo com Vasconcellos: 47 Ver site: <http://www.ipib.com.br/ranking/pesquisaValEstados.asp> que informa a respeito do ranking do produto per capita por região no Brasil. 48 Ver site <http://www.ipib.com.br/pibbrasil/pib_2004.asp> informando a classificação do PIB brasileiro em 2004 no mundo. 125 “Para comparações internacionais, utilizamos o PIB em dólares, mas não os dólares correntes, que são muito afetados pela política cambial de cada país. Por exemplo, em janeiro de 1999, o PIB brasileiro era de aproximadamente R$ 900 bilhões de reais, que equivalia a cerca de US$ 750 bilhões (o dólar era contado a R$ 1,20). Houve um aumento da taxa de câmbio para R$ 1,80, o que reduziu o PIB do Brasil a US$ 500 bilhões. Isso não significou que o Brasil ficou mais pobre (a renda interna (...) caiu em 50%). Para sanar esse problema, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou para comparações internacionais o conceito de dólar PPP – purchsing power parity, ou paridade do poder de compra, que toma como valor de referência os produtos dos Estados Unidos (...), ou seja, tomam-se as quantidades produzidas em cada país, mas não a preços desses produtos do país em dólares (dólar corrente), mas aos preços dos Estados Unidos (...) esse procedimento supõe que o dólar tenha o mesmo poder de compra em todos os países. (...) (pág. 116). 126 Material complementar Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na Internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Além disso, na biblioteca do seu pólo/campus presencial você também pode ler: FEIJÓ, Carmem A. & RAMOS, Roberto L. O. (Orgs.) Contabilidade social. Rio de Janeiro: Campus, 2013. Cap. 2. VASCONCELLOS, Marco Antonio S. & GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. Cap. 6. ___________________________. Manual de macroeconomia. São Paulo: Atlas, 2001. Cap. 1. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem, seja presencialmente ou através da central de mensagens e/ou participando ativamente do nosso fórum temático. Atividade proposta O quadro abaixo expressa informações a respeito da composição da atividade econômica do Brasil sob as três óticas, ou seja, da produção, das despesas e da renda nos anos de 2003, 2004 e 2005, a preços correntes. No que diz respeito à ótica da renda, os itens rendimentos misto bruto, excedente operacional bruto referem-se às remunerações de propriedade do capital e não do trabalho. 127 Em bilhões de R$ a preços Componentes do PIB correntes 2003 2004 2005 1 Produção (Valor Bruto de Produção) 2.992,60 (?) 3.786,70 2 Impostos sobre Produtos 229,30 275,20 306,50 3 Consumo Intermediário (-) 1.522,10 1.766,40 (?) Produto Interno Bruto (?) 1.941,50 2.148,80 (?) 1.533,80 1.720,30 Consumo das Famílias 1.052,70 1.160,60 1.292,10 Consumo da Administração Pública 329,50 373,20 428,20 (?) 332,30 350,90 Formação Bruta de Capital Fixo 259,7 312,5 342,2 Variação de Estoque 8,40 19,80 8,70 3 Exportação de bens e serviços 254,70 319,00 (?) 4 Importação de bens e serviços (-) 205,20 243,60 247,30 Despesa Interna Bruta 1.699,80 (?) 2.148,80 (?) (?) 862,50 Salários 528,10 597,40 682,70 Contribuições Sociais Efetivas 111,90 133,00 141,10 Contribuições Sociais Imputadas 31,70 32,70 38,70 2 Rendimentos Misto Bruto 180,00 (?) 200,80 3 Excedente Operacional 600,50 690,70 755,10 4 Importação 247,60 298,30 330,40 Renda Interna Bruta 1699,80 1941,50 (?) A - ÓTICA DA PRODUÇÃO B - ÓTICA DA DESPESA (OU DOS GASTOS) 1 Despesas de Consumo Final 2 Investimento C - ÓTICA DA RENDA 1 Remuneração dos Empregados Impostos Líquidos de Subsídios sobre a Produção e Fonte: IBGE 128 Em função disso, calcule os valores das células que estão com o ponto de interrogação (?). Tendo feito a complementação dos valores solicitados, faça uma análise a respeito das óticas desse quadro. Referências FEIJÓ, Carmem A. & RAMOS, Roberto L. O. (Orgs.) Contabilidade social. Rio de Janeiro: Campus, 2013. Cap. 2. VASCONCELLOS, Marco Antonio S. & GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. Cap. 6. ___________________________. Manual de macroeconomia. São Paulo: Atlas, 2001. Cap. 1. Exercício de fixação Questão 1 Dada uma determinada economia de um país, o funcionamento desta baseiase no cumprimento de uma série de objetivos, entre eles, podemos destacar (marcando a alternativa CORRETA): a) Os gostos e as preferências dos consumidores em um determinado mercado. b) Os lucros e os custos das empresas de um dado setor econômico. c) A maximização da satisfação dos consumidores e a maximização do lucro das empresas. d) O crescimento econômico e a elevação do emprego da população economicamente ativa. e) O crescimento da renda nacional e os custos das empresas de um dado setor produtivo. 129 Questão 2 A relação empírica entre crescimento do PIB e a variação da taxa de desemprego é denominada lei (marcando a afirmativa CORRETA): a) De Okun. b) Da demanda agregada. c) Da oferta agregada. d) Do emprego. e) Do crescimento. 130 Questão 3 Observe o quadro abaixo apresentado nas nossas aulas. Setor agropecuário 6,3 3,9 -2,3 10,4 1,6 -0,8 Extrativa mineral 13,6 3,2 -1,1 Transformação 10,1 0,1 -2,5 Construção 11,6 3,6 1,4 8,1 3,8 3,6 5,5 2,7 1,7 Comércio 10,9 3,4 1,0 Transporte, armazenagem e Correio 9,2 2,8 0,5 Serviços de informação 3,7 4,9 2,9 relativos 10,0 3,9 0,5 Outros serviços 3,7 2,3 1,8 Atividades imobiliárias e aluguel 1,7 1,4 1,3 Administração, saúde e educação pública 2,3 2,3 2,8 Setor industrial Produção e distribuição de eletricidade, gás e água Setor serviços Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços Fontes: IBGE e Banco Central do Brasil - Relatório Anual 2012 Nesse sentido, as informações que são apresentadas sobre os setores de produção da Economia brasileira, segundo o IBGE e o Banco Central, dizem respeito às taxas de crescimento do(a): a) Valor bruto de produção. b) Consumo intermediário. 131 c) Valor adicionado. d) Produto intermediário. e) Renda intermediária. Questão 4 (UNB/2006) Imaginemos uma economia composta de três setores: um setor que produz trigo, um setor que transforma todo o trigo produzido em farinha, e um setor que transforma toda a farinha em pizzas. O quadro abaixo apresenta os valores referentes a cada um dos setores. Essa economia, hipoteticamente, não tem governo e não mantém relações com o resto do mundo. Setor produtor Setor produtor de de trigo farinha Matéria prima 0,00 (custo) Lucros do produtor Salários 200,00 Matériaprima (custo) Lucros do 100,00 moinho Salários Setor produtor de pizzas Matéria300,00 prima 500,00 (custo) 100,00 100,00 Lucros do forno Salários 100,00 100,00 Nesse sentido, as informações que são apresentadas sobre os setores de produção da Economia brasileira, segundo o IBGE e o Banco Central, dizem respeito às taxas de crescimento do(a): a) Valor bruto de produção. b) Consumo intermediário. c) Valor adicionado. d) Produto intermediário. e) Renda intermediária. 132 Questão 5 (UNB/2006) Considere as seguintes informações sobre a economia a respeito dos seguintes agregados macroeconômicos: (Valores em US$ bilhões) Consumo privado 1.500 Gastos do governo 500 Exportações de mercadorias 1.000 Salários 1.000 Lucros líquidos 3.000 Importações de mercadorias 500 Lucros e juros pagos ao exterior 600 Royalties recebidos do exterior por empresas brasileiras 100 Investimento bruto* 2.000 Depreciação 300 Impostos indiretos líquidos de subsídios 200 * Inclui variações de estoques. Em função do quadro anterior, leia atentamente as considerações abaixo e marque a alternativa CORRETA, ou seja, o PIB a custos de fatores pela ótica da renda e o PIB a preços de mercado também pela ótica da renda são, respectivamente: a) 4.000,00 e 4.300,00. b) 5.000,00 e 4.000,00. c) 4.300,00 e 4.500,00. d) 7.000,00 e 6.000,00. e) 4.500,00 e 7.000,00. 133 Questão 6 Observe atentamente o quadro com as informações sobre as contas trimestrais obtidas pelo IBGE. Neste sentido, faça uma análise sobre o comportamento da atividade econômica ao longo do ano de 2012, trimestre a trimestre (sempre comparando o posterior em relação ao anterior), destacando as óticas da oferta e da demanda nos seus argumentos. Obs.: O desempenho do produto no primeiro trimestre de 2012 diz respeito comparativamente ao quarto trimestre de 2011. Em função do quadro anterior, assinale a alternativa correta: a) O quadro revela uma evolução positiva do crescimento do PIB a preços de mercado ao longo de 2012. No primeiro trimestre do ano, o PIB expandiu 0,1%, refletindo em parte, a contribuição negativa do setor agropecuário. Nos trimestres subsequentes, o ritmo de crescimento do agregado registrou trajetória decrescente, expressa em variações respectivas de 0,3%, 0,4% e 0,6%. b) No que se refere à ótica da oferta, o desempenho do PIB no primeiro trimestre, em relação ao quarto trimestre do ano anterior, revela 134 variações respectivas de -7,6%, 1,2% e 0,6% no setor agropecuário, na indústria e nos serviços, respectivamente, ressaltando-se que o crescimento do setor industrial sucedeu dois aumentos trimestrais consecutivos. c) No caso da ótica da demanda, ocorreram retrações no consumo do governo com uma taxa de 1,5%, no consumo das famílias (0,9%) e uma retração significativa de – 2,2% da formação bruta de captial fixo. No que diz respeito às contas externas, tanto as exportações, quanto as importações aumentaram em 0,8%. d) Comparativamente ao primeiro trimestre, o PIB teve um crescimento de 0,3% no segundo trimestre de 2012, sendo que sob a ótica da produção, agropecuária diminuiu 5,8% (bastante significativo, quando se compara com o resultado do primeiro trimestre de 2012), com variações de -2,2% e 0,5% nos setores industrial e de serviços, respectivamente. e) No âmbito da demanda, as taxas de 1,2%, 0,7% e -0,9% ocorreram nas esferas do consumo do governo, no consumo das famílias e na formação bruta de capital fixo, concomitantemente; sendo que o setor externo recuou 0,3% nas importações e 3,5% nas exportações, refletindo de maneira negativa na evolução do PIB no segundo trimestre. 135 Questão 7 A contabilidade nacional (ou contabilidade social) fornece a mensuração (básica) do desempenho econômico pela produção de bens e serviços de um determinado país. Nesse sentido, observe as proposições abaixo e marque a alternativa correta. I. Existe uma distinção entre o produto nacional bruto (PNB) e o produto interno bruto (PIB), ou seja, o PIB é o resultado do produto final da economia dentro dos limites territoriais do país, enquanto o PNB é o resultado do produto final que pertence efetivamente aos nacionais desse país. II. O produto interno bruto (PIB) nominal mede o valor do produto do país em um dado período (de tempo) aos preços deste período, enquanto o produto interno bruto (PIB) real é o valor do PIB nominal somando-se a variação da inflação (do período) no país. III. Precisa-se considerar, pela mensuração do desempenho econômico na produção de bens e serviços, a diferença entre o produto a preços de mercado e o produto a custo de fatores, isto é, o produto a custo de fatores é o resultado do produto a preços de mercado mais os tributos indiretos, menos os subsídios. IV. Pela relação entre o produto interno bruto (PIB) e o produto nacional bruto (PNB), deve-se levar em consideração o valor da renda líquida do exterior (RLE), sendo que se RLE é negativa, o valor do PIB é menor do que o valor do PNB. a) I, II e III são verdadeiras e IV é falsa. b) II e IV são verdadeiras e I e III são falsas. c) I e II são verdadeiras e III e IV são falsas. d) II, III e IV são verdadeiras e I é falsa. e) I e III são verdadeiras e II e IV são falsas. 136 Questão 8 Os impostos indiretos líquidos de subsídios sobre o setor privado são agregados econômicos que diferenciam os conceitos de: a) PIB a preços de mercado e PIB a custo de fatores. b) PIL a custo de fatores e PNB a preços de mercado. c) PIB a custo de fatores e PNL a preços de mercado. d) PNB a preços de mercado e Renda Pessoal Disponível. e) PNB a preços de mercado e PNL a preços de mercado. Questão 9 (INSTITUTO RIO BRANCO/2003) A análise macroeconômica — incluindo-se aí a mensuração dos grandes agregados — é fundamental à compreensão do funcionamento das economias de mercado. Acerca desse assunto, julgue a afirmativa subsequente. “A eventual contratação de engenheiros ingleses e venezuelanos para trabalhar na recuperação da indústria petrolífera no Iraque expandiria o produto interno bruto (PIB) iraquiano, porém não alteraria a renda nacional bruta desse país”. Nesse sentido, podemos dizer que: a) O PIB não sofreria expansão, porque a contratação se refletiria em diminuição da produção interna. b) A Renda Nacional Bruta iria se expandir. c) O PIB não sofreria expansão, mas a Renda Nacional Bruta iria se expandir. d) O PIB sofreria expansão, mas a Renda Nacional Bruta não se alteraria. e) Não haveria nem expansão ou contração do PIB e da Renda Nacional Bruta. 137 Questão 10 Leia atentamente o trecho do artigo de Roberto Macedo, publicado no caderno Economia do jornal O Estado de S. Paulo, em 7/4/2005: Confusão em torno do PIB “(...) a RNB [PNB] mede a renda nacional, e desconta do PIB de um país o que vazou como rendimentos remetidos a outros, adicionando o que ingressou como renda vinda de fora. (...) É certo que hoje somos um país fornecedor de imigrantes, mas o rendimento que enviam ao Brasil está longe de compensar o que sai como rendimentos de capitais.” No Brasil, utiliza-se mais comumente o PIB como medida da atividade produtiva. Em alguns países, como nos Estados Unidos, usa-se mais constantemente o PNB. A explicação para esse fato refere-se a que (assinalando a afirmativa correta): a) No Brasil, a renda enviada ao exterior é menor do que a renda recebida do exterior. b) Os rendimentos líquidos enviados do Brasil para o exterior são um número negativo. c) O PNB brasileiro é menor do que o seu PIB. d) Em países mais industrializados, como os EUA, ocorre que o PNB é menor do que o seu PIB. e) No Brasil, assim como nos EUA, utiliza-se frequentemente o PIB como medida da atividade econômica. 138 Questão 11 (UNB/2005) Um gestor deve fazer um estudo comparando a situação econômica de alguns países. Obteve, então, os dados do quadro a seguir (relativo ao ano de 2003), contido na reportagem de Nilson Brandão Junior publicada no jornal O Estado de S. Paulo em 1/4/2004: PIB soma R$ 1,5 trilhão e cai para 15º no mundo O PIB de cada país (em U$ bilhões) Estados Unidos 10.857 Espanha 819 Japão 4.291 México 612 Alemanha 2.386 Coréia 521 Reino Unido 1.752 Índia 510 França 1.732 Austrália 508 Itália 1.459 Holanda 505 China 1.381 Brasil 493 Canadá 851 Rússia 419 Com base nas informações, o gestor afirmou que o Reino Unido havia tido um desempenho econômico superior ao da França. Afirmou ainda que o primeiro país possuía economia mais desenvolvida. Para que este gestor fizesse tal análise, ele utilizou: a) O PIB por meio do conceito da paridade de compra. b) O PIB por meio do conceito da depreciação. c) A renda nacional através do conceito da renda enviada ao exterior. d) A renda interna através do conceito da renda enviada ao exterior. e) O PIB por meio do conceito da renda líquida enviada ao exterior. 139 Questão 12 Veja o quadro a seguir. PIB hipotético de uma Economia a preços constantes e a preços correntes, deflator e inflação: PIB real PIB nominal Deflator Inflação Anos 528,00 610,00 115,3 3,5 2006 544,00 653,00 120,1 4,1 2007 555,00 696,00 125,5 4,2 2008 569,00 743,00 130,7 4,5 2009 583,00 790,00 135,4 3,6 2010 600,00 840,00 139,9 3,3 2011 Segundo as informações dadas, leia atentamente as considerações a seguir e assinale a alternativa correta. I. II. Deflator do PIB = (PIB nominal/PIBreal). O deflator do PIB é o índice utilizado para indicar a evolução dos preços dos bens e serviços da economia. III. O PIB real é o PIB nominal, excluída a inflação e a exclusão desta se faz pelo deflator. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I é falsa e II e III são verdadeiras. d) I, II e III são verdadeiras. e) II e III são falsas e I é verdadeira. 140 Questão 13 Tanto os responsáveis pela política econômica como a sociedade em geral estão interessados em saber de quantos reais ao ano as famílias dispõem para fazer frente a seus gastos. Nesse sentido, estamos falando da(o): a) Renda nacional. b) Renda interna bruta. c) Renda externa bruta. d) Renda pessoal. e) Produto líquido nacional. Questão 14 (Vasconcellos) Considerando-se os dois grandes agregados macroeconômicos: Produto Interno Bruto (a preços de mercado) e Produto Nacional Bruto (a preços de mercado), em um sistema econômico aberto como, por exemplo, o brasileiro, se o país remete mais renda para o exterior do que dele recebe, teremos: a) PIBpm > PNBpm. b) PIBpm < PNBpm. c) PIBpm = PNBpm. d) As transações com o exterior não afetam nem o PIB nem o PNB. e) Importações > exportações. 141 Questão 15 A contabilidade nacional (ou contabilidade social) mede a atividade de uma economia ao longo de um período de tempo (geralmente de um ano). Na verdade, registra as transações realizadas entre os diferentes agentes que fazem parte desta economia. Nesse sentido, suponha a tabela abaixo que apresenta as contas (nacionais) de um determinado país Y. Contas (Nacionais) do País Y Valores (em $ bilhões) Produto Interno Bruto a preços de mercado 8.000,00 (PIBpm) Renda Recebida do Exterior (RRdE) 200,00 Depreciação (D) 400,00 Impostos Indiretos (II) 800,00 Renda Enviada para o Exterior (REpE) 400,00 Subsídios (Sub) 400,00 Assim, o valor do produto nacional líquido a custo de fatores (PNLcf) é (em $ bilhões): a) 8.000,00. b) 7.800,00. c) 8.700,00. d) 7.400,00. e) 7.000,00. 142 Introdução Antes de aprofundar neste material, leia a matéria da revista Veja On-line (10/01/2014): IPCA de dezembro veio “nervosão”: o maior em 10 anos O IPCA subiu 0,92% em dezembro. É o mais alto em 10 anos para o período. Certo, leitor amigo, há fatores sazonais e coisa e tal. Há o Natal… Mas sabem como é: se há uma constante na economia, a gente poderia dizer que são as sazonalidades, né? Natal, então, nem se diga: também houve nos nove anos anteriores e faço aqui uma previsão: haverá Natal neste 2014… A inflação do ano ficou em 5,91%, bem acima, de novo, do centro da meta. E vamos ser claros, não? O índice só não furou o teto de 6,5% porque o governo decidiu reprimir as tarifas. Assim, esses 5,95% foram conquistados de modo artificial; não refletem a realidade da economia. A presidente Dilma pode até achar que eu estou “nervosinho”, mas asseguro que não. Nervosinhos estão alguns preços da economia, né? Segundo economistas especialistas ouvidos por VEJA.com, a inflação não dará trégua neste ano. Leiam texto publicado na VEJA.com. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2013 com alta de 5,91%, pressionado pelo preço dos alimentos. O dado fica dentro da meta oficial do governo, cujo teto é 6,5%, mas acima do centro da meta (4,5%) e maior do que a inflação do ano anterior, de 5,84%. O indicador divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) veio também acima do esperado por analistas. O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira previa alta de 143 5,74%. A expectativa de especialistas ouvidos pela Reuters era de que o indicador avançasse 5,82% segundo a mediana de 22 projeções que foram de 5,73% a 5,88%. Só em dezembro, o IPCA subiu 0,92%,o maior resultado mensal desde abril de 2003 (0,97%), segundo o IBGE. Com isso, 2013 marcou o quarto ano seguido em que a inflação brasileira fica próxima ou acima de 6%, repetindo a marca de 2010. Em 2011, a inflação no ano acelerou a 6,50%, para depois enfraquecer a 5,84% em 2012. Alimentos De acordo com o IBGE, em 2013 o principal impacto veio da Alimentação e Bebidas, com alta acumulada de 8,48%. Embora tenha desacelerado ante 2012 (9,86%), o grupo ainda teve impacto de 2,03 pontos porcentuais no índice do ano passado. O resultado do IPCA no ano só não foi pior porque, em janeiro, o governo promoveu forte redução no valor das tarifas de energia elétrica e, em meados do ano, o aumento dos preços do transporte público foi revogado em várias capitais após intensas manifestações populares. Os preços de energia elétrica residencial fecharam o ano passado com queda de 15,66%, tendo impacto negativo de 0,52 ponto porcentual no IPCA, segundo o IBGE. Já Transportes, apesar da revogação da alta das tarifas, ainda subiu 3,29% no ano, ante 0,48% em 2012, com impacto de 0,64 ponto porcentual no IPCA fechado em 2013. O IBGE informou ainda que, na variação mensal, o maior destaque do IPCA em dezembro coube ao grupo Transportes, com alta de 1,85%, ante 0,36% em novembro. Juros — Sem conseguir colocar a inflação na trajetória para a meta, o governo acabou assumindo o discurso de que entregaria o IPCA do ano passado abaixo do visto em 2012. Em agosto passado, por exemplo, o próprio 144 presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, chegou a afirmar que esse era o objetivo. Para tanto, em abril, o BC deu início a um ciclo de aperto monetário que não terminou ainda e tirou a Selic da mínima histórica de 7,25% para o atual patamar de 10%. A expectativa de economistas era de que a taxa básica de juros vá a 10,50% no final deste ano segundo última pesquisa Focus do BC. Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC fará sua primeira reunião de 2014 e as estimativas são de que haverá alta de 0,25 ponto porcentual na Selic. Por Reinaldo Azevedo Tags: inflação Prezado aluno, o artigo anterior reflete a preocupação com um contexto no qual nós brasileiros estamos sempre preocupados, qual seja: a questão da inflação. Há vários índices de preços que mensuram a evolução da inflação, entre eles, o artigo destaca o IPCA, ou seja, segundo a nossa aula 5, este índice mensura a evolução dos preços dos bens e serviços que constituem o orçamento das famílias que recebem de 1 a 40 salários mínimos. A inflação tem vários motivos, entre estes destacamos, por exemplo, a elevação da demanda, sendo esta causada pelos gastos do governo e bem como pela elevada liquidez da moeda circulante na economia em função do aumento do consumo. Para tanto, cabe ao Banco Central do Brasil (BC) tentar regular o estoque monetário do país, por meio da taxa de juros, conforme informações dos meios de comunicação. Dessa forma, os juros irão influenciar a atividade econômica. Mas serão somente os juros que acabam influenciando o contexto econômico quando se quer uma dada estabilidade da Economia? E a questão do câmbio? Que relação existe entre o câmbio e o objetivo de fazer com que haja uma 145 dinâmica adequada no Brasil? Além disso, como o câmbio pode afetar o balanço de pagamentos? E o que é o balanço de pagamentos? Todos esses contextos atuais vamos estudar agora. Boa leitura e bom estudo! Objetivos: 1. Definir moeda, analisando os agregados monetários e as atividades do setor público: o Banco Central. 2. Analisar as condições do estoque monetário, definindo inflação e mostrando suas características. 3. Entender o que é balanço de pagamentos, percebendo as formas de administração da taxa de câmbio e sua relação com os juros e a inflação. 146 Conteúdo Moeda, Agregados Monetários e Setor Público (Valor Econômico – On-line) 16/01/2014 BC muda “plano de voo” e eleva juro para 10,5% “A decepção com a inflação de dezembro (0,92%) fez o Comitê de Política Monetária mudar os planos e elevar a Selic em 0,5 ponto percentual, para 10,5% ao ano. Assim, adiou a redução no ritmo de alta dos juros, como chegou a sinalizar no comunicado da última reunião de 2013. Ao agregar, no comunicado divulgado ontem, a expressão "neste momento", o Copom deixou as portas abertas para a próxima reunião, em 26 de fevereiro. Tanto poderá repetir a dose quanto diminuir o ritmo para 0,25 ponto percentual. As expectativas para a inflação em 2014 indicam que, no segundo semestre, às vésperas das eleições, o IPCA pode chegar ao teto da meta, (...)” Percebe-se que, com a questão da inflação, o Banco Central acaba intervindo na Economia, pois ele tem como papel principal ser o regulador do estoque monetário do país para fazer com que o Real (R$) não perca as suas características fundamentais, quais sejam, ser: • Meio de troca: uma vez que o Real é a moeda (ou o dinheiro) legalmente aceito pela sociedade e que viabiliza a troca entre diversos bens (materiais e/ou imateriais); • Unidade de conta: os preços relativos dos bens na economia brasileira são expressos em unidades monetárias; • Reserva de valor: significa que o Real armazena valor e, portanto, não 147 há necessidade de gastá-la rapidamente; • Padrão para pagamentos: a moeda é utilizada como instrumento no qual são saldadas obrigações. Quando o Banco Central (BC) intervém na economia com o objetivo de criar um equilíbrio no lado monetário, diz-se que o mesmo faz política monetária. A política monetária é feita utilizando-se os seguintes instrumentos: • O controle e regulamentação da taxa de juros e do crédito; • O controle das emissões de papel moeda; • A determinação do montante das reservas obrigatórias dos bancos comerciais no Banco Central; • Operações de open-market; • Política de redesconto. É interessante notar que a moeda (ou o dinheiro) é um ativo líquido por excelência. Entretanto, há outros ativos financeiros que compõem o estoque monetário da Economia Brasileira. Esses ativos são classificados conforme a sua liquidez em agregados monetários. Sendo assim, temos, segundo Mochon49: 49 MOCHÓN, Francisco. Princípios de economia. São Paulo: PEARSON/Prentice Hall, 2007. Cap. 11. 148 Agregados Monetários Meios de Pagamento restritos: M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista Meios de Pagamento ampliados: M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições bancárias M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas registradas no Selic Poupança Financeira M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez Ainda, conforme Mochón: “Os agregados monetários são variáveis que quantificam a moeda existente em uma economia e que o Banco Central costuma definir para fins de análise e para tomar decisões de política monetária.” A grande discussão que impera no meio econômico é se a moeda é neutra ou não. Para isso, devemos considerar na economia brasileira se a moeda é endógena ou exógena. Ou melhor, explicando tal discussão está relacionada com os lados real e monetário da economia. Alguns formuladores de política monetária não aceitam a possibilidade de a moeda ser exógena, porque considera este ativo um elemento importante no todo da Economia e não neutro no sistema econômico. Tal discussão reflete a influência teórica entre keynesianos e neoliberais. Para economistas de corte keynesiano, a moeda tem efeitos reais na economia, ou seja, ela é capaz de afetar nível de produção, emprego e renda. Para economistas da linha neoclássica ou neoliberal, a moeda tende a ser neutra, especialmente no longo prazo. Quer dizer, injeções de moeda no 149 sistema apenas causam inflação, não alterando o curso das variáveis reais (produção, emprego e renda). Este, aliás, foi o grande ponto da chamada revolução keynesiana. Pois, no seu primeiro livro, Treatise on Money, Keynes acreditava ainda na visão quantitativista da moeda, dada pela equação MV=PY, em que M é a quantidade de moeda, V é a sua velocidade de circulação, P nível de preços e Y nível de produto (de renda). Segundo essa visão, V tende a ser constante, logo, aumentos de M causam aumentos de P, para um mesmo Y. Um dos grandes passos de Keynes foi romper com essa visão, ao perceber que V poderia ser muito volátil, ou seja, a velocidade de circulação da moeda poderia variar muito devido às mudanças nas preferências da demanda por liquidez. Já na Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, Keynes desenvolveu a ideia de preferência pela liquidez. Nesta Teoria Geral, ele demonstra os motivos para se demandar moeda e liquidez em determinadas situações econômicas, como aconteceu logo após a crise de 2007/08 nos Estados Unidos. Neste sentido, a moeda entra na Economia de modo não neutro, pois se constitui num dos principais ativos do jogo econômico. Por outro lado, destaca-se que o modelo neoclássico apresenta os salários como variáveis que são inflexíveis, ou seja, que só podem aumentar. Por este raciocínio, os preços das mercadorias tendem a crescer e os donos dos meios de produção, com isso, tendem a reduzir seus custos de produção, gerando desemprego na Economia. O que se espera? Espera-se que o governo não irá deixar a Economia ter desemprego, ele, por conseguinte, acaba gerando políticas monetárias e fiscal para alavancar a demanda da economia. Mas com o aumento da demanda, segundo o modelo neoclássico, irá haver um aumento de moeda e, consequentemente, dos preços, mostrando com isso a ineficiência da intervenção do governo na economia e que a moeda é neutra; no final das contas, a intervenção do governo alimenta a inflação. 150 Agora, a não neutralidade da moeda informa que realmente os indivíduos, quanto mais transações realizarem, mais a moeda irá circular. Entretanto, os indivíduos não irão gastar toda a sua renda, pois parte dela será poupada, criando assim receita para o governo investir, pois através da poupança que os indivíduos fazem nos bancos, o governo (ou o setor público) converte em investimentos ou gastos, por meio da política fiscal. Deve-se, com isso, ressaltar que uma economia “recessiva” não gera desenvolvimento para o país. Uma economia com alto índice de desemprego diminui a receita (os tributos) do governo, pois, é através dos tributos que a população paga, que o governo gere suas receitas e, por conseguinte, os seus gastos. Base Monetária Simultaneamente ao que foi colocado anteriormente, é importante considerar que, neste século XXI, há uma grande evolução do sistema bancário. Neste contexto, destaca-se que os bancos sabem que é possível gerar meios de pagamento em quantidade superior ao estoque primário de moeda (ou seja, da base monetária). Os agentes econômicos não tendem a sacar o dinheiro no banco simultaneamente. Consequentemente, os bancos comerciais emprestam uma parcela dos depósitos que não foram sacados. Assim, a questão central é o processo através do qual o sistema bancário gera meios de pagamento superiores à base inicial. A partir daí, pergunta-se: o que é a base monetária? A base monetária pode ser definida como sendo constituída do papel moeda em circulação e das reservas bancárias. Assim, temos: 151 Base Monetária = papel-moeda em circulação + reservas bancárias Papel-moeda em circulação = papel-moeda em poder do público + caixa em moeda corrente dos bancos comerciais Encaixes bancários = caixa em moeda corrente dos bancos comerciais + reservas bancárias Assim, na verdade: Base Monetária = papel-moeda em poder do público + encaixes bancários. Os gráficos abaixo expressam as evoluções da base monetária e do M1. Através dessas informações, o Banco Central do Brasil (BC) acompanha com detalhe do aumento do estoque monetário na economia brasileira. Estes agregados e mais o índice do IPCA acabam dando parâmetros de como o BC irá mexer com os instrumentos de política monetária, entre eles, a taxa de juros (selic). Mas, sobre inflação, iremos discutir na próxima seção. 152 Fonte: Banco Central do Brasil. Inflação: definição e características Observe o gráfico abaixo. Tem-se uma curva que mostra a evolução da taxa de inflação, medida pelo índice de preços IPCA (índice de preços ao consumidor amplo) do IBGE, num período de aproximadamente dez anos. E, por este gráfico, podemos observar que houve uma maior redução da inflação no período que vai de 2002 a 2005, comparativamente a todo o período anterior da análise. 153 25,0 22,4 20,0 15,0 12,5 Média do Governo FHC: 9,1 10,0 9,6 9,3 8,9 7,7 7,6 Média do Governo Lula: 6,9 6,0 5,2 5,0 4,0 1,7 0,0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Jan-Set 2005 Evolução do IPCA, 1995 a 2005. Fonte: IBGE. O IPCA é o índice que geralmente o Banco Central do Brasil (BC) utiliza para calcular e ver a performance da evolução da inflação. Inflação? Mas o que é inflação? Nada mais é do que uma variação positiva e persistente no nível geral de preços em um período determinado. É importante que se diga que embora a definição seja simples, é necessário enfatizar dois aspectos importantes, quais sejam: (1) essa elevação é persistente e (2) deve ser generalizada, isto é, envolve os preços de todos os bens e serviços de uma economia. Mas o que faz aparecer esse fenômeno, melhor dizendo, quais são as suas causas, de âmbito socioeconômico, com os seus respectivos efeitos, não só em toda a vida econômica, como também na vida política, na vida social e até na vida individual de cada pessoa que forma a sociedade de um país? As suas causas estão diretamente ligadas ao que podemos identificar e classificar como tipos básicos de inflação: inflação de demanda, inflação de custos e inflação inercial. 154 A inflação de demanda é o tipo de inflação causada por um excesso de procura, dada a oferta disponível de bens e serviços na economia. Entre os fatores que fazem aparecer este fenômeno, cabe destacar: o aumento da renda disponível das pessoas; expansão dos gastos públicos 50; expansão do crédito e redução da taxa de juros (aumentando a liquidez, a moeda em circulação e, por conseguinte, os gastos da sociedade) e as expectativas dos agentes econômicos. É importante destacar que o aumento excedente da demanda só causa inflação, se a economia do país estiver tendendo a chegar ao pleno emprego da utilização dos recursos (ou fatores) de produção disponíveis na economia do país. Uma determinada experiência brasileira demonstra que pode haver inflação, mesmo sem a presença de um excesso de demanda sobre a oferta: a demanda pode permanecer inalterada, isto é, não é excessiva em relação à oferta, e, não obstante, aparece a inflação, porque os custos (despesas com a produção) sobem, melhor dizendo, há a chamada inflação de custos (ou de oferta). Entre os fatores que fazem aparecer este outro fenômeno inflacionário, cabe destacar: a taxa de juros51, a desvalorização cambial52, os preços externos de determinados produtos (tais como o preço internacional do petróleo), custo da mão de obra (devido a aumentos salariais) e aumento de impostos. O empresário, a empresa, trata de passar adiante essas elevações de despesas e eleva o preço de venda do seu produto. E a maior ou menor proporção que o empresário, ou a empresa, conseguirá repassar tais elevações para o preço do seu produto depende das condições que se tem em relação ao seu poder de concentração de mercado, ou a maior ou menor concorrência que se tem neste mesmo mercado. 50 Sendo que o governo é um dos agentes que demandam bens e serviços na economia, pressionando o nível da demanda agregada, que, dependendo de como o governo mexe com os seus gastos, ele pode até gerar um déficit público, e fazer gerar mais ainda um maior nível de demanda global do país. 51 Ao mesmo tempo em que contribui para reduzir a demanda, gera um aumento dos custos de produção, pois as empresas muitas vezes pegam dinheiro emprestado em bancos. 52 Pois gera um aumento nos preços dos produtos importados que servem de matéria-prima. 155 E como último tipo de inflação que pode ocorrer, independente de pressões de demanda e/ou de custos, é a inflação que está associada aos mecanismos de indexação da economia, melhor dizendo, a chamada inflação inercial, ela é desenvolvida por meio da garantia que se tem de reajustar preços, a partir da constatação da existência de inflação, na qual a inflação de hoje passa a ser o piso para a inflação de amanhã, mesmo não se tendo pressões de demanda e de custos, em que a inflação pode não ceder. É importante destacar que, naturalmente, até costuma-se a se aceitar um pouco de inflação na economia do país, pois esta é inerente aos ajustes que a sociedade pode fazer em função da dinâmica do processo do seu crescimento econômico. Isso porque a tentativa de países emergentes, como o caso do Brasil, para tentarem alcançar de forma um pouco mais rápida estágios mais avançados de desenvolvimento socioeconômico, dificilmente se faz sem que tendam a ocorrer tensões de custos que levam a aumentos no nível geral de preços da economia. Até mesmo em países de economias mais desenvolvidas, como no caso dos E.U.A e na Europa, mostra-se que, quanto maior tende a ser o nível de atividade econômica, mais os recursos produtivos tendem a ficar mais perto do limite do seu pleno emprego pela utilização dos fatores de produção e que pode gerar aumentos no nível geral de preços. Mas, apesar disso, um processo inflacionário, na verdade, pode ser um problema. Um problema, porque pode: • causar distorções de preços dos produtos; • causar distorções principalmente sobre a distribuição de renda, especialmente das classes mais pobres; • gerar expectativas empresariais; • causar distúrbios sobre as finanças públicas; 156 • causar distúrbios no mercado financeiro e sobre o balanço de pagamentos. É interessante notar que a inflação acaba gerando distúrbios no balanço de pagamentos. A questão que fica: o que é o balanço de pagamentos? Mas, sobre este assunto, nós iremos estudar na próxima seção, analisando também a questão do câmbio. Balanço de Pagamentos e Câmbio Balanço de Pagamentos: definição e estrutura Leia a seguir o artigo do Jornal Estado de São Paulo de 22/11/2013. 157 Balanço de Pagamentos tem déficit de US$ 4,5 bilhões em outubro Enquanto a Conta Capital e Financeira teve superávit de US$ 2,5 bilhões, as Transações Correntes ficaram negativas em US$ 7,1 bilhões, o maior déficit para o mês da história. 22 de novembro de 2013 | 10h 35 Eduardo Cucolo e Célia Froufe, da Agência Estado SÃO PAULO - O Balanço de Pagamentos do País registrou saldo negativo de US$ 4,5 bilhões em outubro. Enquanto a Conta Capital e Financeira teve superávit de US$ 2,5 bilhões, as Transações Correntes ficaram negativas em US$ 7,132 bilhões. O déficit em conta-corrente, de US$ 7,132 bilhões, é o maior para meses de outubro da série histórica do Banco Central. Considerando todos os meses do ano, é o quinto maior resultado negativo. O maior déficit foi registrado em janeiro de 2013 (US$ 11,350 bilhões). A série histórica mensal teve início em janeiro de 1980. Nos dez primeiros meses do ano, o déficit em conta-corrente está em US$ 67,548 bilhões, o que representa 3,63% do Produto Interno Bruto (PIB). Já no acumulado dos últimos 12 meses até outubro de 2013, o saldo negativo está em US$ 82,211 bilhões, o equivalente a 3,67% do PIB. Abrindo a conta-corrente, em outubro, o saldo da balança comercial foi negativo em US$ 224 milhões, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 4,946 bilhões. Dentro da conta de serviços, contribuiu para o resultado o saldo das viagens internacionais. Os brasileiros gastaram US$ 2,3 bilhões em viagens ao exterior em outubro, valor recorde. 158 Quando há superávit no BP, o saldo eleva as Reservas Internacionais do país. No caso contrário, como foi em outubro, o saldo negativo diminui as Reservas Internacionais. Investimento estrangeiro. Os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) somaram US$ 5,362 bilhões em outubro, resultado que ficou abaixo dos US$ 7,730 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano até o mês passado, o IED soma US$ 49,144 bilhões, o equivalente a 2,64% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado, o IED acumulado era de US$ 55,327 bilhões (2,95% o PIB). Em 12 meses até outubro, o IED está em US$ 59,088 bilhões, o que corresponde a 2,64% do PIB. O saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa negociados no país ficou positivo em US$ 196 milhões em outubro. No mesmo mês de 2012, o resultado havia sido positivo em US$ 868 milhões. O Banco Central informou também que o investimento estrangeiro em ações brasileiras, dentro e fora do país, ficou positivo em US$ 193 milhões em outubro. No mesmo período do ano passado, estava negativo em US$ 236 milhões. No acumulado do ano até outubro, o valor subiu de US$ 2,662 bilhões em 2012 para US$ 9,849 bilhões em 2013. Dívida externa. O Banco Central informou que a estimativa para a dívida externa brasileira em outubro de 2013 é de US$ 310,982 bilhões. Em setembro de 2013, último dado verificado, a dívida estava em US$ 309,120 bilhões. No fim de 2012, estava em US$ 312,898 bilhões. A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 279,088 bilhões em outubro, enquanto o estoque de curto prazo estava em US$ 31,894 bilhões no fim do mês passado, segundo estimativas do BC. A variação na dívida de longo prazo em relação a setembro se deu, principalmente, por conta das captações líquidas de empréstimos do setor 159 não financeiro (US$ 1,2 bilhão) e do governo (US$ 305 milhões). Além disso, a variação por paridade aumentou o estoque em mais US$ 249 milhões. Esse artigo diz respeito justamente às contas do balanço de pagamentos. Este balanço é um registro sistemático das transações econômicas (e financeiras) de um país com o exterior. O balanço de pagamentos é composto, basicamente, por nove rubricas: 1) Balança Comercial 2) Balança de Serviços 3) Transferências (ou Transações) Unilaterais 4) Balança de Transações Correntes (1+2+3) 5) Movimento de Capitais Autônomos e Financeiros 6) Erros e Omissões 7) Balanço de Capitais e Financeiros (5+6) 8) Saldo do Balanço de Pagamentos (4+7) 9) (Movimento de) Capitais Compensatórios A partir das informações anteriores, observe o próximo quadro que apresenta a estrutura do balanço de pagamentos obtida no site do Banco Central do Brasil53. 53 <www.bcb.gov.br>. 160 US$ milhões Discriminação 2012* 2013* Nov Jan-nov Ano Nov Jan-nov Balança comercial (FOB) - 188 17 169 19 415 1 740 - 93 Exportações 20 472 222 831 242 580 20 862 221 333 Importações 20 660 205 662 223 164 19 122 221 426 Serviços - 3 228 - 36 692 - 41 044 - 3 519 - 43 276 Rendas - 3 007 - 28 904 - 35 448 - 3 478 - 32 289 166 2 602 2 846 111 2 964 Transferências unilaterais correntes (líquido) - 54 - 72 Transações correntes - 6 257 - 45 824 230 - 5 145 693 Conta capital e financeira 7 157 67 757 70 154 4 170 70 701 Conta capital 135 - 2 012 - 1 877 86 1 101 Conta financeira 7 022 69 769 72 030 4 084 69 599 Investimento direto (líquido) 6 073 62 980 68 093 8 839 60 809 No exterior 1 486 3 066 2 821 505 3 332 Participação no capital - 925 - 7 202 - 7 555 - 34 - 14 807 Empréstimos intercompanhias 2 411 10 268 10 377 539 18 138 No país 4 587 59 914 65 272 8 334 57 478 Participação no capital 2 896 47 545 52 838 5 250 38 029 Empréstimos intercompanhias 1 691 12 369 12 434 3 084 19 448 Investimentos em carteira 1 850 7 605 8 770 - 946 27 667 Ativos - 77 - 7 114 - 7 764 - 182 - 8 188 Ações - 497 - 2 249 - 2 275 - 30 - 1 462 Títulos de renda fixa 419 - 4 865 - 5 489 - 152 - 6 726 Passivos 1 927 14 719 16 534 - 764 35 854 Ações - 321 2 341 5 600 881 10 730 161 Títulos de renda fixa 2 248 12 378 10 934 - 1 644 25 124 Derivativos 25 174 185 - 12 104 Ativos 33 142 150 17 360 Passivos - 8 32 35 - 29 - 256 Outros investimentos1/ - 925 - 990 - 5 018 - 3 796 - 18 981 Ativos - 4 419 - 21 076 - 24 547 - 7 380 - 38 114 Passivos 3 494 20 087 19 529 3 584 19 133 Erros e omissões - 532 1 867 2 976 - 34 - 1 187 Variação de reservas ( - = aumento) - 18 - 369 - 23 800 900 1 009 3 180 Resultado global do balanço 369 23 800 18 900 - 1 009 - 3 180 Transações correntes/PIB (%) - - 2,22 - 2,41 - - 3,58 IED/PIB (%) - 2,90 2,90 - 2,83 Memo: 1/ Registra créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos, e outros ativos e passivos. * Dados preliminares. A balança comercial (BC) é composta pelas transações de bens materiais entre o Brasil e o resto do mundo. Constituem a balança comercial as contas de exportações (X) e importações (M). Destaca-se que tais bens são mensurados de acordo com o critério FOB (free on board), isto é, os valores dessas contas não incluem os fretes e os seguros incidentes sobre o transporte internacional das mercadorias da origem para o destino. Assim, o saldo da balança comercial é dado por: BC = X – M 162 Já a balança de serviços (BS) é composta pelas transações de bens imateriais entre o país e o resto do mundo. A BS compreende duas categorias, ou seja, a balança de serviços não fatores (ou simplesmente Serviços) e a balança de serviços de fatores (ou de Rendas). A primeira diz respeito às contas que não representam remuneração aos fatores de produção, tais como: fretes, seguros, turismo etc. A de Rendas se refere aos pagamentos (ou recebimentos) aos fatores de produção como no caso dos juros, dividendos, royalties etc54. As transações (ou transferências) unilaterais (TU) são compostas pelas transações que não implicam em contrapartida, como no caso das doações, das remessas de dinheiro feitas por residentes (e não residentes) que se encontram trabalhando dentro e fora do país de origem. A balança de transações correntes (TC) corresponde à soma algébrica dos saldos da balança comercial, da balança de serviços e das transações unilaterais. Melhor colocando, tem-se: TC = BC + BS + TU Se observamos o quadro anterior, podemos ver que houve uma queda significativa do saldo da BC de jan-nov/2013 comparativamente a jannov/2012, que conjuntamente ao resultado negativo da BS, mesmo com saldo positivo em TU, fez com que ocorresse um maior saldo negativo de transações correntes (TC) no mesmo período em questão. O movimento de capitais autônomos (e financeiros) é a rubrica que registra os movimentos de entrada e de saída de capitais do país. Conforme podemos 54 A partir das informações sobre balança comercial e balança de serviços, então surgem dois conceitos que são utilizados pelo Banco Central e que são importantes para o país: a transferência líquida de recursos (TLR) ao exterior e a renda líquida do exterior (RLE), sendo este último já destacado em aulas anteriores. A TLR = (exportações + entrada de serviços não fatores) – (importações + saída de serviços não fatores). A RLE = (entrada de serviços de fatores + entrada de transações unilaterais) – (saída de serviços + saída de serviços de fatores). 163 ver no quadro anterior, esta conta está dividida basicamente em conta capital e conta financeira. A primeira destas contas mensura as transferências de capital relacionadas com patrimônio de migrantes e a aquisição/alienação de bens não financeiros não produzidos, tais como cessão de patentes e marcas. A conta financeira registra fluxos decorrentes de transações com ativos e passivos financeiros entre residentes e não residentes. Essa conta é dividida essencialmente em quatro grupos, isto é, o investimento direto, investimentos em carteira, derivativos e outros investimentos (empréstimos, moeda em depósitos, créditos comerciais e outros ativos e passivos). O quadro antecedente apresenta uma dada evolução positiva de jannov/2013, comparativamente ao mesmo período de 2012 na conta capital e financeira (CF). Destaca-se, principalmente, os dados da conta financeira alavancada pela situação positiva dos investimentos diretos no país. Mesmo assim, a conta capital e financeira não conseguiu no período jan-nov/2013 equilibrar o saldo negativo de transações correntes, como aconteceu em 2012. Vejamos agora as contas erros e omissões, o saldo do balanço de pagamentos e os capitais compensatórios. A conta erros e omissões (EO), como o próprio nome diz, é uma conta composta por transações com o exterior que não foram corretamente contabilizadas. No caso do saldo do balanço de pagamentos (SBP), esta rubrica corresponde ao seguinte resultado: SBP = TC + CF + EO Os capitais compensatórios registram os empréstimos de regularização do Fundo Monetário Internacional e descobrir o déficit do balanço de pagamentos e a variação das reservas (∆R). Estas reservas referem-se ao conjunto do estoque de divisas estrangeiras de um país, dos títulos externos 164 de curto prazo em poder do Banco Central, dos Direitos Especiais de Saque (moeda fiduciária criada pelo FMI) e das resevas do país neste fundo. Assim, o balanço de capitais compensatórios é dado por, de acordo com o que está no quadro previamente visto por nós, como: Saldo de capitais compensatórios = financiamento compensatório + ∆R O Câmbio No item III.1, analisamos a definição e estrutura do balanço de pagamentos. Destaca-se, antes de qualquer coisa, que o câmbio pode afetar o saldo do balanço de pagamentos, principalmente, no que diz respeito ao resultado da balança comercial. A partir desse contexto, observe o gráfico a seguir a respeito dos valores de venda média R$/US$ comercial. Interessante notar uma queda bastante significativa da taxa de câmbio de 2002 até 2011, com uma pequena elevação após este ano, ou mais especificamente no ano de 2012. Taxa de Câmbio Taxa de câmbio - R$ / US$ comercial - venda - média y = -0,1378x + 278,84 Linear (Taxa de câmbio R² = R$ 0,798 / US$ - comercial venda - média) Anos Fonte: <www.bcb.gov.br>. 165 Contudo, como podemos definir a taxa de câmbio (TC)? A TC refere-se ao preço de uma moeda estrangeira qualquer em termos (de valor) da moeda nacional. Tal explicação está relacionada ao que chamamos por taxa de câmbio nominal (TCN). Neste sentido, podemos dizer que a taxa de câmbio entre o Real e o Dólar é de R$ 2,47 para US$ 1,00. Mas, por outro lado, temos a taxa de câmbio real (TCR) que é, por definição, a taxa de câmbio nominal ajustada pela relação entre os preços externos (PE) e os preços internos (PI). Matematicamente, temos: TCR = [(TCN.PE)/PI] Mas as formas como um país pode regular a sua taxa de câmbio são chamadas de regimes cambiais. Vamos, assim, analisar os principais regimes de câmbio, quais sejam: • regime flexível (ou flutuante) • regime de câmbio fixo • regime de flutuação suja (dirty floating). a) Regime Flexível (ou Flutuante) Neste regime, são as livres forças de mercado, isto é, a interação entre a oferta e a demanda de divisas, que determinam diretamente a taxa de câmbio. Neste caso, elevaçãos da demanda por moeda estrangeira elevam a taxa de câmbio, enquanto reduções na demanda reduzem o valor desta taxa. b) Regime de Câmbio Fixo No caso do câmbio fixo, as taxas nominais, ou seja, o preço das moedas estrangeiras em termos de moeda nacional, são determinadas exclusivamente pelo Banco Central (BC), que assume o compromisso de manter a paridade cambial fixa, independente da pressão do mercado. c) Regime de Flutuação Suja 166 Os regimes de taxa de câmbio fixas e flutuantes são, na verdade, casos extremos, substituídos na maioria dos países por um sistema híbrido, o chamado dirty floating (no caso do Brasil, vigora o de bandas cambiais). Neste regime, o BC deixa que as taxas de câmbio flutuem livremente dentro de um intervalo (uma banda), com limites mínimos e máximos. Caso o mercado pressione o valor da taxa de câmbio para fora da banda estabelecida, o BC intervém (vendendo ou comprando moeda estrangeira) para segurar os limites da taxa de câmbio dentro da banda. É importante destacar que a taxa de câmbio, frequentemente, é um indicador de sensibilidade em relação à atividade econômica de um país. Melhor colocando, muitas vezes, dadas as incertezas da economia mundial e a imprevisibilidade de algumas nações, isso acaba gerando uma insegurança sobre os efeitos e resultados que possam refletir em outras economias, como no caso do Brasil. Nesse sentido, dado o regime de câmbio administrado no país, esses cenários podem provocar flutuações na taxa de câmbio, gerando expectativas opostas para aquela economia e o que tende a gerar uma desvalorização (ou depreciação55) cambial. Contudo, uma desvalorização (ou depreciação) ocorrida com a moeda nacional (no caso do Brasil, o R$) pode ser um fator para melhorar o desempenho dos setores produtivos exportadores a curto prazo, tendendo a gerar condições positivas na balança comercial que irão afetar o desempenho do balanço de pagamentos. Mas destaca-se que, no caso brasileiro, tal efeito pode acobertar algum problema sério que diga respeito aos investimentos básicos em infraestrutura, assim como a necessidade de maiores investimentos em ciência e tecnologia que possam tornar o setor industrial mais eficiente, produtivo e não dependente do câmbio. 55 Os termos apreciação e depreciação cambial referem-se às mudanças na taxa de câmbio quando esta flutua, em função das ações do governo e das forças de mercado. Os termos valorização e desvalorização cambial dizem respeito às mudanças na taxa de câmbio quando esta é fixa, refletindo decisões deliberadas do governo. 167 Além disso, uma desvalorização (ou depreciação) da moeda nacional pode gerar mais dois problemas adicionais, quais sejam: O primeiro relaciona-se ao papel que as importações têm em relação à oferta de produtos para a economia nacional. Se o consumo cresce em função da manutenção do emprego e do aumento da renda real do trabalhador, o mercado interno não é capaz de gerar produtos em quantidades suficientes para atender ao aumento da demanda. Neste caso, portanto, haverá um aumento da inflação provocada pelo crescimento da demanda. O segundo diz respeito à elevação do custo das importações, que no final, poderá contribuir para o aumento da taxa de inflação através do acréscimo nos preços dos produtos finais e nos custos dos fatores de produção importados, isso acaba fazendo com que o BC eleve a taxa interna de juros na economia. Finalmente, em função do que foi dito e explicado anteriormente, para um melhor entendimento, leia com atenção o artigo a seguir do Jornal Valor Econômico on-line. 168 9/01/2013 às 08h32 4 | Postado por: Claudia Safatle Seção: Câmbio, Juro Dilma, os juros e a taxa de câmbio Taxa de juros é um assunto extremamente importante e sensível e quando a presidente Dilma Rousseff fala sobre esse tema, a atenção deve ser redobrada. Ontem, num discurso de 50 minutos no Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas, a presidente disse: "Nós temos um país que teve condições de, dentro da tranquilidade, com sensatez, reduzir a taxa Selic, a taxa de juros. Reduzir a Selic, a taxa de juros da economia brasileira, é um movimento importante. Primeiro porque nós temos condições macroeconômicas para fazer isso e, segundo, porque países com crises muito maiores do que a gente pode sequer imaginar, tem hoje taxas de juros muito pequenas, e taxa de juros menor sempre vai facilitar, com o passar do tempo, tanto a ampliação do investimento quanto a do consumo. Aliás, não há oposição entre uma coisa e outra. É necessário investir, mas também é necessário que as pessoas consumam". Pela forma, pareceu que ela estava anunciando novas reduções da taxa Selic. A assessoria da presidência da República, porém, explicou que Dilma referiuse aos cortes já feitos – a redução de 525 pontos base desde agosto de 2011. As condições macroeconômicas atuais, aliás, não permitem mais queda da taxa Selic, hoje de 7,25% ao ano. A inflação está pressionada, deve bater no teto da meta nos próximos meses, e as expectativas do Banco Central são de desaceleração do IPCA só no segundo semestre quando, segundo o presidente do BC, Alexandre Tombini, a taxa de inflação convergiria para a meta de 4,5%. As projeções do mercado, porém, não sancionam essa convergência e apontam uma variação do IPCA de 5,67 % para 2013 e de 5,50% para 2014. O BC, depois de avisar pela ata do Copom que não pretende mexer nos juros – nem para baixo nem para cima – dá sinais de que usará a taxa de câmbio para conter a inflação. Valorizar o real seria a válvula de escape para baratear os bens importados para consumo e para investimentos. Mas não está claro que este seja um movimento sustentável. Com a recuperação, ainda que 169 modesta, da economia americana, os fluxos de capitais já não privilegiam as economias emergentes e o Brasil, em particular, não desperta hoje o mesmo apetite do investidor estrangeiro que há dois ou três anos. O governo até pode desmontar as medidas de restrição à entrada de moeda estrangeira. Mas não é líquido e certo que isso incentive a entrada de recursos e valorize o real frente ao dólar. No discurso de ontem, a presidente garantiu que este ano será bom para o país. Mas o que ocorreu nas primeiras semanas do ano foi deterioração das expectativas tanto de crescimento econômico quanto de inflação. Material complementar Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na Internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Além disso, na biblioteca do seu pólo/campus presencial você também pode ler: MOCHÓN, Francisco. Princípios de economia. São Paulo: PEARSON/Prentice Hall, 2007. Cap. 11. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem, seja presencialmente ou através da central de mensagens e/ou participando ativamente do nosso fórum temático. Atividade proposta Veja on-line (16/04/2011 - 17:19) Finanças FMI propõe aprofundar análise sobre controle de capitais 170 "O FMI deve aprofundar sua análise sobre a liquidez global, as várias experiências de países membros no gerenciamento da conta capital, liberalização de fluxos além das fronteiras e o desenvolvimento de mercados financeiros domésticos." O controle de capitais deve continuar em aberto para debates pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que deve se aprofundar no tema, informa o Comitê Monetário e Financeiro Internacional da instituição, em comunicado divulgado neste sábado. "O FMI deve aprofundar sua análise sobre a liquidez global, as várias experiências de países membros no gerenciamento da conta capital, liberalização de fluxos além das fronteiras e o desenvolvimento de mercados financeiros domésticos", diz o texto.(...) O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, ainda que não considere o controle de capitais uma medida eficaz, apoia que o FMI tenha um papel maior na supervisão das taxas de câmbio, acúmulo de reservas e fluxo de capitais. "Concordamos com a articulação de uma hierarquia de medidas para serem empregadas em caso de influxos antes da adoção de controles de capitais como último, temporário e ineficiente recurso", afirmou Geithner. (...) O artigo acima chama a atenção a respeito do controle de capitais. Neste sentido, destaca-se que a taxa de câmbio tem implicações fundamentais para o funcionamento da economia, tanto no curto, quanto no logo prazo. No Brasil, há uma discussão pela qual os controles de capitais são iniciativas ruins segundo alguns analistas econômicos e financeiros, pois são considerados e caracterizados como instrumentos estatizantes, ou mesmo como formas de violação dos direitos sagrados de investidores colocarem seu dinheiro onde quiserem. Contudo, controles de capitais nada mais são do que instrumentos de regulação financeira, que buscam conter externalidades negativas resultantes 171 da entrada e saída de moeda estrangeira, isto é, entradas excessivas valorizam o câmbio e causam os desquilíbrios que vimos a pouco tempo no Brasil; saídas excessivas criam crises de balanço de pagamentos como as que a economia brasileira experimentou entre os anos de 1999 a 2002. Sendo assim, discuta melhor essa questão do controle de capitais. Referências MOCHÓN, Francisco. Princípios de economia. São Paulo: PEARSON/Prentice Hall, 2007. Cap. 11. Sites <www.bcb.gov.br> <www.vejaonline.com.br> <www.valoronline.com.br> <www.ibge.gov.br> <www.estadao.com.br> 172 Exercício de fixação Questão 1 Considerando a definição de meios de pagamentos adotada no Brasil e vista nas nossas aulas, leia atentamente as considerações a seguir e assinale a alternativa CORRETA. I. II. Faz parte do M1 os depósitos a vista do público. Entre outros elementos, os depósitos especiais remunerados e os depósitos de poupança constituem o M2. III. Faz parte do M3 os títulos públicos de alta liquidez. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I é falsa e II e III são verdadeiras. d) II é falsa e I e III são verdadeiras. e) III é falsa e I e II são verdadeiras. Questão 2 A definição de meios de pagamento corresponde ao conjunto de ativos utilizados para liquidar transações. Com o avanço do sistema financeiro e do processo de inovações financeiras no Brasil, desenvolveram-se novas medidas de meios de pagamento. Neste sentido, identifique, entre os agregados monetários abaixo mencionados, aquele que sofre todo impacto da inflação. a) M2. b) M4. c) M3. d) M1. e) Caderneta de poupança. 173 Questão 3 Entre as funções abaixo, uma delas NÃO é do Banco Central, marque-a. a) O controle e regulamentação da taxa de juros e do crédito. b) O controle das emissões de papel-moeda. c) A determinação do montante das reservas obrigatórias dos bancos comerciais. d) Operações de open-market. e) Controle do déficit das contas públicas. Questão 4 A política monetária está vinculada a como o Banco Central faz para administrar o nível da liquidez da economia. Neste sentido, são medidas expansionistas desta política: I. II. III. Venda de títulos públicos. Elevação da taxa de juros Selic. Elevação dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I é falsa e II e III são verdadeiras. d) II é falsa e I e III são verdadeiras. e) III é falsa e I e II são verdadeiras. 174 Questão 5 O governo pode utilizar tanto a política monetária quanto a política fiscal para expandir ou contrair a atividade econômica brasileira. Neste sentido, (marcando a afirmativa CORRETA): a) O governo querendo aumentar o consumo da economia pode diminuir os gastos públicos, definindo, assim, uma política fiscal expansiva. b) O governo querendo aumentar o investimento da economia pode vender títulos públicos, definindo assim, uma política monetária expansiva. c) Ao aumentar a taxa de juros, o governo influencia o público a poupar mais, contribuindo para contrair a atividade econômica. d) Ao diminuir os depósitos compulsórios, o governo influencia o público a poupar mais, contribuindo para elevar a atividade econômica. e) Ao diminuir as alíquotas do imposto sobre produtos industrializados (IPI), o governo influencia o público, por meio de uma política monetária, a elevar a atividade econômica. Questão 6 Entre os fatores que fazem aparecer este fenômeno, cabe destacar: o aumento da renda disponível das pessoas; expansão dos gastos públicos; expansão do crédito e redução da taxa de juros (aumentando a liquidez, a moeda em circulação e, por conseguinte, os gastos da sociedade) e as expectativas dos agentes econômicos. Tais condições dizem respeito ao fenômeno da inflação de: a) Oferta. b) De custos. c) Inércia (inercial). d) Demanda. e) Ciclos. 175 Questão 7 São funções da moeda: a) Durabilidade e facilidade de manuseio e transporte. b) Instrumento de troca, medida de valor e reserva de valor. c) Instrumento de troca, medida de valor e homogeneidade. d) Durabilidade, divisibilidade e homogeneidade. e) Instrumento de troca e durabilidade. Questão 8 No início de 2014, o Banco Central estava se preocupando muito com a inflação. Devido a isso, o Banco Central pode consolidar uma política monetária contracionista por meio da: a) Redução da taxa de compulsório dos bancos comerciais. b) Redução da taxa de juros para empréstimos de redesconto. c) Redução das alíquotas do imposto de renda. d) Da venda de títulos públicos. e) Da elevação dos gastos públicos. 176 Questão 9 Pela inflação inercial, o aumento de preços é dado: a) Pelo déficit público do governo em função dos gastos serem extremamente elevados para uma dada economia. b) Pelo aumento de custos com o fator trabalho, dado as elevações salariais serem extremamente elevadas. c) Pelo aumento da oferta monetária, cuja vontade de comprar do público é extremamente elevada. d) Pelo aumento da demanda por moeda em função da valorização do poder de compra da sociedade. e) Pelo repasse da inflação passada adicionada às expectativas futuras do comportamento dos preços, via processo de indexação. 177 Questão 10 Leia o artigo abaixo da Carta Capital de 07/08/2013. A redução do preço dos alimentos, e das passagens de ônibus, ajudou a manter o índice sob controle. “O preço do tomate caiu 27,25% em julho. O item “alimentação e bebidas” registrou deflação de 0,33%. Além disso, as manifestações reduziram as tarifas de ônibus em 6,78% no Rio; em 10%, em Goiânia; em 6,25%, em São Paulo e em 5,36%, em Belo Horizonte. O item “transportes” apresentou deflação de 0,66%. O resultado foi que a inflação de julho, medida pela variação do IPCA, foi de apenas 0,03%. (...) Assim, a inflação de julho confirmou a tendência do ano. De janeiro a julho, a trajetória tem sido de queda. No mês de abril, houve um repique devido à forte variação dos preços dos alimentos. Naquele mês, “alimentos e bebidas” foram responsáveis por aproximadamente 40% da inflação de 0,55%. A inflação acumulada do ano é de 3,18%. O limite máximo da meta de inflação é de 6,5% para o ano. A inflação de 2013 será provavelmente a menor dos últimos três anos. A maioria das previsões indica que a inflação do ano será de 5,75%. Portanto, a inflação está em queda e dentro da meta. 178 O artigo acima demonstra que houve uma tendência de queda da inflação ao longo do período citado. Se a inflação fosse de oferta, isso geralmente tende ocorrer quando: a) A oferta de bens e serviços é suficiente para atender à demanda. b) A oferta de bens e serviços excede a demanda. c) Os trabalhadores conseguem remunerações acima da produtividade. d) Toda vez que houver aumento de salários. e) Toda vez que o consumo for maior do que a produção dos bens e serviços. Questão 11 (UNB) Um aumento das reservas internacionais de um país, ano após ano, indica que este país tem apresentado sucessivos superávits em suas transações correntes com o resto do mundo? a) Sim, pois tal fato indica sempre superávits no resultado da balança comercial. b) Não, porque tal fato indica que pode estar havendo uma sobrevalorização do câmbio. c) Sim, pois tal fato indica sempre superávits no resultado da balança de serviços. d) Não, porque pode ocorrer um saldo negativo em transações correntes, sendo este suprido pelo saldo positivo na conta capital e financeira. e) Sim, pois o saldo da conta capital e financeira não consegue ser positivo e o de transações correntes acaba elevando o saldo do balanço de pagamentos. 179 Questão 12 (UNB) Por que pode ser problemático para o Brasil ter déficits substanciais e crescentes, por anos seguidos, em transações correntes? a) Pois não serão compensados na conta capital e financeira. b) Porque as exportações serão sempre menores do que as importações. c) Pois os fluxos de capitais dependem, entre outros aspectos, das expectativas dos investidores estrangeiros. d) Porque os fluxos de capitais dependem, entre outros aspectos, da desvalorização da taxa de câmbio. e) Pois os fluxos de capitais dependem, entre outros aspectos, do aumento do gasto público na economia. 180 Questão 13 (UNB) Um aumento nas taxas de juros internacionais costuma ser acompanhado com preocupação no Brasil, dados os possíveis efeitos sobre o balanço de pagamentos. Tal preocupação pode ser estampada nos jornais, como, por exemplo, a reportagem publicada na Folha de São Paulo, no dia 30/05/2006, por Kennedy Alencar e Marcelo Billi, abaixo. “(...) A grande incerteza que ronda a cabeça de investidores por toda a economia internacional é o futuro da política monetária nos EUA. Ninguém sabe ao certo com Ben Bernanke, o novo presidente do FED, o banco central dos EUA, conduzirá o aperto monetário [elevação da taxa de juros de títulos do governo americano, agora em 5%] que seu antecessor, Alan Greenspan, começou. (...) Por conta dessa indefinição, é que cresce o consenso por aqui de que o BC [Banco Central] brasileiro deve optar pela cautela (...)”. Em função das considerações acima: I) Um aumento de juros no mercado financeiro internacional afeta negativamente a conta de rendas do balanço de pagamentos no Brasil. II) O aumento de juros afeta a conta capital e financeira, pois os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, diminuindo a sua procura. III)O aumento nos juros dificulta os financiamentos e pode, por exemplo, tornar certas exportações não competitivas. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I é falsa e II e III são verdadeiras. d) I, II e III são verdadeiras. e) II e III são falsas e I é verdadeira. 181 Questão 14 Uma taxa de câmbio fixa quando: a) As autoridades monetárias de um país fixam, por um período superior a três meses, a paridade entre a moeda nacional e as moedas estrangeiras. b) As autoridades monetárias de um país se comprometem a comprar e vender moedas estrangeiras por um valor preestabelecido, não importando a periodicidade nas alterações na taxa. c) As autoridades monetárias de um país se comprometem a comprar e vender moedas estrangeiras por um valor preestabelecido, mantendo a taxa fixa pelo menos por três meses. d) O Banco Central de um país se compromete a fixar um acordo no qual o mercado poderá fixar a taxa de câmbio em função das metas de inflação. e) O Banco Central de um país se compromete a fixar um acordo no qual o mercado poderá fixar a taxa de câmbio em função das exportações e importações. 182 Questão 15 Leia atentamente as considerações a seguir sobre as taxas de câmbio e marque a alternativa correta. I) Quando o Banco Central fixa a taxa de câmbio ele é obrigado a disponibilizar as reservas cambiais. II) Quando a taxa de câmbio é flutuante, o mercado (oferta e demanda de divisas) determina a taxa de câmbio. Neste caso, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar as reservas cambiais. III)Com o câmbio fixo, há um maior controle da inflação, pois diminui-se os custos das importações. a) I, II e III são falsas. b) I e II são falsas e III é verdadeira. c) I é falsa e II e III são verdadeiras. d) I, II e III são verdadeiras. e) II e III são falsas e I é verdadeira. 183 Aula 1 Atividade proposta Os executivos estão confundindo dois fenômenos distintos: um deslocamento ao longo da curva de demanda (variação na quantidade demandada) e um deslocamento da curva de demanda (variação na demanda). A campanha de marketing fez aumentar o desejo dos consumidores por champanhe, ou seja, causou um aumento na demanda pela bebida (um deslocamento para a direita da curva de demanda), o que fez os preços subirem. Nesse caso, não faz sentido o temor de que o aumento de preços provoque uma queda no consumo, pois isso ocorreria somente se os “preços estratosféricos” tivessem sido causados por uma alteração no lado da oferta de champanhe (uma quebra de produção, por exemplo, que deslocaria a curva de oferta para a esquerda), o que provocaria uma redução na quantidade demandada (um movimento ao longo da curva de demanda). Exercício de fixação Questão 1 – C Justificativa: As curvas de demanda quando individuais, ou seja, de mercado, mostram as quantidades totais de bens demandados pelos consumidores a cada nível de preços. Quando os preços sobem, a demanda cai, tanto porque cada pessoa demanda menos quanto porque algumas pessoas saem do mercado. Questão 2 – C Justificativa: As curvas de oferta das empresas mostram a quantidade do bem que estas empresas estão dispostas a fornecer a cada nível de preço. Em geral, se inclina para cima, indicando que as empresas se dispõem a fornecer maiores quantidades quando o preço é alto e, menores quantidades, quando 184 os preços são mais baixos. Questão 3 – D Justificativa: O aumento no preço no aço, aumentando o custo da produção de tratores, causará um deslocamento para a esquerda na respectiva curva de oferta, e as facilidades de crédito farão deslocar-se para a direita a curva de demanda. Dado o formato usual das curvas, o preço certamente irá aumentar; a quantidade transacionada, porém, pode aumentar, diminuir ou permanecer constante (dependendo da extensão relativa do deslocamento das duas curvas). O'' P p'' O' p' D'' D' q? Qd Questão 4 - A Justificativa: porque no equilíbrio demanda é igual à oferta, assim, temos: Demanda dos 10.000 consumidores: Qx = 10.000 (12 – 2Px) Oferta dos 1.000 produtores: Qx = 1.000 (20Px) Assim: 120.000 – 20.000Px = 20,000Px Px = $ 3,00, substituindo este preço nas duas funções, tem-se: Qx = 120.000 – 20.000 (3,0) = 60.000 Qx = 20.000 (3,0) = 60.000 185 Questão 5 - B Justificativa: Q = 40 – 0,4P – 2 (40) + 2 (2.000) = 40 – 0,4P – 80 + 4.000 =3.960 – 0,4P Q = 1,6P Igualando: 3960 = 2P >>> P = $ 1960,00 Q = 40 – 0,4 (1960) – 2 (40) + 4000 = 3.136 Q = 1,6 (1960) 3160 Questão 6 – D Justificativa: as três afirmativas são verdadeiras. I) Curva de indiferença é uma figura geométrica que exprime as várias combinações de dois bens, que proporciona igual satisfação ou utilidade ao consumidor. II) A curva de preço-consumo é o lugar geométrico de pontos do equilíbrio do consumidor, resultante da variação apenas do preço do bem. III) A curva de renda consumo é o lugar geométrico de pontos do equilíbrio do consumidor resultante da variação apenas da renda do consumidor. Questão 7 – D Justificativa: as três afirmativas são verdadeiras. I) Para um gestor empresarial é importante entender que o efeito substituição acaba sendo uma complementação do efeito preço. II) O efeito substituição demonstra como o consumidor realoca o seu consumo em função de quando se modificam os preços relativos de dois bens, independentemente de haver uma modificação direta na sua renda nominal. III)O efeito substituição retrata como o consumidor tende a comprar mais 186 do bem cujo preço relativo teve quedas, com o objetivo de substituir o outro bem que ficou relativamente mais caro. Questão 8 – B Justificativa: apenas as afirmativas I e II são verdadeiras. I) Para analisar o consumidor, a teoria da escolha do consumidor baseiase na premissa de que as pessoas se comportam de modo racional na tentativa de maximizar o grau de satisfação que podem obter por meio da aquisição de uma combinação particular de bens e serviços. II) As preferências do consumidor podem ser completamente descritas por um conjunto de curvas de indiferença conhecido como mapa de indiferença. Esse mapa de indiferença oferece uma classificação ordinal de todas as escolhas que um consumidor pode fazer. Questão 9 – C Justificativa: em função de que as preferências não são iguais dos frequentadores e nem as suas respectivas restrições orçamentárias. Questão 10 – C Justificativa: pois mais para direita o ponto de equilíbrio do consumidor está maior é a satisfação, dada que maior é o nível de renda desse consumidor. Questão 11 – D Justificativa: Q = 50 – 5 (2,0) = 40 Q = 50 – 5 (2,5) = 37,5 Epd = (∆%Qd)/(∆%Pp) = 1,25 (elástica, cuja variação percentual da quantidade é maior do que a variação percentual do preço) Questão 12 – D 187 Justificativa: pois a variação percentual da quantidade é menor do que a variação percentual do preço do produto. Neste caso, a RT depende muito mais do preço do que da quantidade. Questão 13 – C Justificativa: pois a elevação do preço deste bem ocasiona uma redução de sua quantidade demandada em proporção menor que a elevação do seu preço. Questão 14 – E Justificativa: pois este valor é menor do que 1, ou seja, variação percentual da quantidade é menor do que a variação percentual do preço do produto. Questão 15 – D Justificativa: A carne bovina e a de frango são bens substitutos. Isso pode ser provado pelos trechos “Toda vez que a carne bovina é colocada em xeque, cresce o consumo de frango” e “o impacto negativo sobre a carne bovina transfere consumidores para o frango”. Aula 2 Atividade proposta No que se refere à conduta, podemos perceber que a política dos grandes bancos em relação aos demais concorrentes no mercado e seu 188 comportamento está dividida no tocante ao preço (juros), produto (crédito) e coação (em relação aos seus clientes). Em outras palavras, a estrutura de mercado determina e influencia fortemente o modo como os bancos se comportam no mercado bancário, fixando juros, o crédito, entre outras práticas. No que diz respeito à eficiência (de mercado), estes cinco maiores bancos têm como resultado final o seu padrão de conduta adotado por eles que tende a gerar um afastamento do modelo de concorrência (perfeita). Exercícios de fixação Questão 1 – B Justificativa: as três afirmativas são verdadeiras. I) A produtividade média do trabalho (PMe) é dada por Pme = (Q/N). Já a produtividade marginal do trabalho (PMg) é formada por PMg = (∆Q/∆N). II) Conforme o quadro anterior, podemos verificar que o processo produtivo apresenta rendimentos decrescentes para o fator trabalho, o que é característico das funções de produção dotadas na medida em que há pelo menos um fator de produção que seja fixo. Cada unidade a mais de trabalho a ser utilizado acaba produzindo um aumento menor de produção do que a unidade anterior. III) A produtividade marginal negativa do trabalho pode surgir em decorrência de uma superlotação ocorrida na empresa de fabricação de biscoitos. À medida que mais trabalhadores utilizam os mesmos recursos fixos de capital, eles passam “a tropeçar uns nos outros”, diminuindo assim a quantidade produzida. Questão 2 – A Justificativa: as quatro afirmativas são verdadeiras. 189 I) O nível de produção em que ocorre a maximização do lucro total da empresa é Q = 24, pois neste nível a RMg = CMg e o LT = 15,00. II) Os níveis que vale a pena a produção crescer são de Q = 3 até Q = 24, pois cada unidade a mais de trabalhador a ser absorvido pela empresa gera uma receita marginal maior do que o custo marginal, pois faz o resultado dos rendimentos evoluírem significativamente. III) Apesar de levar um prejuízo de Q = 3 até Q = 12, a receita marginal é maior do que o custo marginal, ou seja, neste espaço cada unidade a mais a ser produzida gera uma receita maior do que o seu custo, neste caso, a empresa pode operar no curto prazo apesar de levar certo prejuízo. IV) Não há o porquê de a empresa fechar, já que é uma franquia nova e mesmo tendo prejuízo total no início em função do seu custo fixo, cada unidade a mais irá gerar um rendimento maior do que o seu custo. Questão 3 - D Justificativa: A relação entre o custo marginal e o custo médio total está na própria forma em U que as duas curvas têm. Ou seja, o custo marginal sempre puxa o custo médio. Questão 4 - A Justificativa: Toda tomada de decisão do gestor deverá incluir o custo marginal, dado que o custo marginal diz respeito ao quanto irá variar o custo total, dada uma modificação do nível de quantidade, e isto é importante para saber se a empresa tem condições de níveis maiores de produção e a que custos isso irá acontecer. Questão 5 - D Justificativa: é a correspondente verdadeira, pois a diferença entre a análise de curto e de longo prazo está relacionada aos fatores. Pelo menos um deles tem de estar fixo, sabendo-se que todos os fatores realmente geram custos e estes dependem do valor das remunerações e das quantidades destes 190 fatores. Além disso, na proposição III, tem-se que: RT = P.Q, em termos unitários (ou médios) = P = preço CT, em termos unitários (ou médios) = CTMe Logo: P < CTMe. Questão 6 - C Justificativa: Maior a produtividade média, significa que o produto médio por trabalhador cresce e o custo médio por trabalhador diminui, pois o custo para produzir poderá proporcionalmente estar aumentando (havendo aumento ao do contratar emprego mais trabalhadores por trabalhador), entretanto, o nível do produto é maior do que a contratação proporcional destes trabalhadores. Questão 7 - C Justificativa: Pois em longo prazo, todos os fatores de produção são variáveis, inclusive o fator de capital, gerando a possibilidade de alterar a estrutura produtiva da empresa em função das suas necessidades e conveniências. Questão 8 - D Justificativa: Visto que o primeiro gráfico acima apresenta um aumento da quantidade produzida em escalas maiores e como o custo médio local está diminuindo, significa que o nível de produção cresce em proporções maiores do que a absorção dos insumos ou dos fatores de produção. Questão 9 - A Justificativa: A maximização do lucro total ocorre na medida em que se tenha um maior nível de lucro possível, em que RT > CT e LT é positivo, em termos unitários, isso significa que RMe > CTMe e que em termos marginais RMg = CMg e LMg seja igual a zero. Questão 10 - C Justificativa: Quando ocorrem perdas maiores que os custos fixos, demonstra 191 que o custo variável é maior do que a receita total, isto é, isto acontece quando o custo variável médio é maior que o preço. Assim, quando o custo variável médio for maior que o preço, as perdas serão maiores que os custos fixos, e a empresa deverá fechar as portas. Dado que o custo variável médio é maior que o preço, a empresa incorrerá em maiores perdas produzindo do que se não produzir e mantiver apenas os custos fixos. Questão 11 - C Justificativa: Pois o nível eficiente de produção faz com que o monopolista obtenha o seu lucro extra, mas não no mesmo nível que uma empresa de concorrência perfeita, mas que faz com que haja um certo nível de produto para o consumidor. Questão 12 - A Justificativa: A maximização do lucro total em uma empresa de concorrência perfeita é obtida quando a receita marginal (RMg) = ao custo marginal (CMg). Para uma empresa em concorrência perfeita: P = RMg = RMe, assim, RMg = 40 Para obtenção de Q, fazemos: RMg = CMg >>> 40 = 4 + 12Q >>> Q = 3,0 Para obter o valor do lucro total: LT = RT – CT >>> LT = (P.Q) – (2 + 4Q + 6Q2), substituindo-se o valor de Q = 3,0 nas duas funções entre parênteses, temos que: LT = (40.3) – (2 + 4(3) + 6(3)2) = 52,00. Questão 13 - A Justificativa: A concorrência monopolista aparece pouco no mercado brasileiro. Porém, temos como exemplos desta estrutura o serviço de fornecimento de gás, de água e alguns serviços públicos, cujo poder do produtor, então, é normalmente limitado na prática pela regulação do governo. 192 Questão 14 - B Justificativa: Aos custos devido às economias de escalas existentes, pois o mercado será integrado por um número reduzido de empresas. E as barreiras, pois em função da economia de escala, são fatores que limitam a entrada de novas empresas em um setor, caso sejam altas, o setor terá poucos participantes na produção e comercialização e, com isso, a pressão da concorrência acaba sendo baixa. Questão 15 - B Justificativa: O oligopólio é a estrutura de mercado em que a maior parte das vendas é realizada por poucas empresas (comparativamente ao número existente de empresas e setores), sendo que cada uma delas é capaz de influenciar o preço de mercado com suas próprias atividades. Questão 16 - D Justificativa: As proposições dizem respeito, de uma maneira geral, às principais colocações sobre jogos cooperativos e jogos não cooperativos. Um jogo cooperativo busca consolidar as estratégias das empresas e em um jogo não cooperativo as empresas agem de forma independente. Questão 17 - D Justificativa: A empresa A é a mais beneficiada pela cooperação, pois, em comparação com a próxima melhor oportunidade, a empresa A se beneficia de 900 – 100 = 800, enquanto a empresa B perde 800 – 600 com cooperação. Questão 18 - B Justificativa: Caso essas práticas sejam verdadeiras, o objetivo da Coca-Cola seria manter seu poder de mercado, afastando a concorrência, ou seja, o mesmo objetivo perseguido pela propaganda (embora por métodos claramente antiéticos, no caso): manter o mercado com características de oligopólio, com o que os consumidores deixam de auferir o benefício de 193 preços mais baixos advindos de um mercado concorrencial. Questão 19 - E Justificativa: Porque todo equilíbrio em estratégias dominantes é um equilíbrio de Nash, porém, o contrário não é verdadeiro. Questão 20 - D Justificativa: Em um jogo não cooperativo, as empresas participantes não negociam formalmente num esforço para coordenar suas ações. Elas sabem da existência do outro, mas agem independentemente. A principal diferença entre um jogo cooperativo e um jogo não cooperativo é que um contrato vinculativo, isto é, um acordo entre as partes ao qual as empresas devem aderir, é possível no jogo cooperativo, mas não no jogo não cooperativo. 194 Aula 5 Atividade proposta Em bilhões de R$ a preços correntes Componentes do PIB 2003 2004 2005 A - ÓTICA DA PRODUÇÃO 1 Produção (Valor Bruto de Produção) 2.992,60 3.432,70 3.786,70 2 Impostos sobre Produtos 229,30 275,20 306,50 3 Consumo Intermediário (-) 1.522,10 1.766,40 1.944,40 1.699,80 1.941,50 2.148,80 Despesas de Consumo Final 1.382,20 1.533,80 1.720,30 Consumo das Famílias 1.052,70 1.160,60 1.292,10 Consumo da Administração Pública 329,50 373,20 428,20 Investimento 268,10 332,30 350,90 Formação Bruta de Capital Fixo 259,7 312,5 342,2 Variação de Estoque 8,40 19,80 8,70 3 Exportação de bens e serviços 254,70 319,00 324,90 4 Importação de bens e serviços (-) 205,20 243,60 247,30 1.699,80 1.941,50 2.148,80 Remuneração dos Empregados 671,70 763,10 862,50 Salários 528,10 597,40 682,70 Contribuições Sociais Efetivas 111,90 133,00 141,10 Contribuições Sociais Imputadas 31,70 32,70 38,70 2 Rendimentos Misto Bruto 180,00 189,40 200,80 3 Excedente Operacional 600,50 690,70 755,10 247,60 298,30 330,40 1699,80 1941,50 2148,80 Produto Interno Bruto B - ÓTICA DA DESPESA (OU DOS GASTOS) 1 2 Despesa Interna Bruta C - ÓTICA DA RENDA 1 Impostos Líquidos de Subsídios sobre a Produção e 4 Importação Renda Interna Bruta 195 Fonte: IBGE Tendo preenchido o quadro, o que podemos observar é que há uma igualdade entre os valores das óticas da atividade econômica. Percebe-se, neste sentido, que a dinâmica da economia do país pode ser mensurada tanto em relação à produção (ao produto), quanto em relação à renda e aos gastos da economia. Exercício de fixação Questão 1 - D Justificativa: Com o crescimento econômico, mensura-se a evolução da atividade econômica de um país e, consequentemente, a este crescimento analisa-se o comportamento da elevação do emprego da população economicamente ativa. Questão 2 - A Justificativa: Esta indica que as empresas de um país precisam aumentar o número de empregados para que possam aumentar o seu nível de produção. Desta forma, quando o produto (PIB) cresce, aumenta o emprego, ou, em outras palavras, há uma redução da taxa de desemprego. Questão 3 - C Justificativa: O produto identifica-se como o valor adicionado pelas empresas ou pelos setores produtivos de um país, isto é, os setores, agropecuário, industrial e de serviços. Questão 4 – B Justificativa: a) Setor produtor de trigo: custo dos insumos = 0 196 valor adicionado = produção bruta – custo de insumos = 300 Setor produtor de farinha: custo da matéria-prima = 300 valor adicionado = produção bruta - custo da matéria-prima = 500 – 300 = 200 Setor produtor de pizza: custo da matéria-prima = 500 valor adicionado = produção bruta - custo da matéria-prima = 700 - 500 = 200 b) PIB = valor adicionado (trigo) + valor adicionado (farinha) + valor adicionado (pizza) = 300 + 200 + 200 = 700. c)O único bem final são as pizzas. PIB = valor da produção de pizzas = 500 + 100 + 100 = 700 d) PIB = somatório das remunerações nos três setores de atividade = (lucros do produtor de trigo + salários pagos por ele) + (lucros do produtor de farinha + salários pagos por ele) + (lucros do produtor de pizzas + salários pagos por ele) = (200 + 100) + (100 + 100) + (100 + 100) = 300 + 200 + 200 = 700. e) Porque não existem informações sobre os gastos advindos da depreciação do estoque de capital envolvido na produção. Questão 5 - C Justificativa: Pela ótica da renda, somam-se Salários, Lucros e, por se tratar do Produto Bruto, o valor da Depreciação: (Obs.: a depreciação é uma exceção da igualdade entre valor adicionado e renda, pois ela corresponde exatamente a valores adicionados não pagos, não gerando, renda). PIBcf = 1.000 + 3.000 + 300 = 4.300 197 Para transformar o PIB a custo de fatores para o PIB a preços de mercado, soma-se ao primeiro o valor dos Impostos indiretos líquidos de subsídios: PIBpm = 4.300 + 200 = 4.500 Questão 6 - E Justificativa: de acordo com o quadro, a análise que se faz é que no âmbito da demanda houve uma evolução cíclica significativa, no âmbito do consumo das famílias, do governo e da formação bruta de capital fixo, além do ciclo evidenciado no quadro no que diz respeito às importações e exportações. Questão 7 - E Justificativa: I e III são verdadeiras segundo a aula 5, estudada por nós. No tocante à proposição II, o PIB real refere-se ao PIB nominal excluindo-se a variação da inflação, enquanto na proposição III, o produto a custo de fatores é o resultado do produto a preços de mercado menos os tributos indiretos e mais os subsídios. Questão 8 - E Justificativa: visto que PIBpm = PIBcf + II – sub, sendo: II = impostos indiretos e sub = subsídios Questão 9 - D Justificativa: O PIB sofreria expansão porque a contratação se refletiria em aumento da produção interna (não importando se ela é decorrente da atuação de nacionais ou de estrangeiros). A Renda Nacional Bruta (equivalente ao Produto Nacional Bruto, pela equivalência das óticas de mensuração), por sua vez, não se alteraria, porque é uma variável associada unicamente à produção feita por nacionais do Iraque, por iraquianos. Questão 10 – C Justificativa: Em países, como no caso do Brasil, os rendimentos enviados ao exterior são maiores do que os recebidos de outros países. Resulta que os 198 rendimentos líquidos enviados ao exterior são um número positivo, e o PIB é maior do que o PNB. Em países como os Estados Unidos, ocorre o contrário (rendimentos enviados - rendimentos recebidos são um número negativo), sendo o PNB maior do que o PIB. Como a medida mais abrangente costuma ser mais amplamente usada, fala-se mais em PIB no Brasil, enquanto, nos EUA, utiliza-se mais frequentemente o PNB como medida da atividade econômica. Questão 11 - A Justificativa: Para comparações internacionais, utilizamos os PIB em dólares, mas não os dólares correntes, que são muito afetados pela política cambial de cada país, mas sim o que diz respeito ao PIB em dólares por meio do conceito da paridade de compra. Questão 12 - D Justificativa: O deflator é um índice de preços que assume deflacionar, ou seja, retirar a variação da inflação. Através dele obtém-se o PIB real (a preços constantes) a partir do PIB nominal (a preços correntes). Questão 13 – D Justificativa: É a renda pessoal, é a parte da renda nacional auferida efetivamente pelas pessoas (famílias), subtraindo-se da renda nacional os lucros não distribuídos pelas empresas, os impostos sobre lucros e as contribuições empresaariais à previdência social, e, por outro lado, acrescentam-se as transferências pagas pelo Estado às pessoas físicas. Questão 14 – A Justificativa: Pois: PNB = PIB + RLE e RLE = RRdE – REpE, se REpE > RRdE, logo: PIBpm > PNBpm. Questão 15 – E Justificativa: Para passar de interno para nacional: PNBpm = PIBpm - REpE + 199 RRdE = 8.000 - 400 + 200 = 7.800 Para passar de bruto para líquido: PNLpm = PNBpm – D = 7.800 – 400 = 7.400 Para passar de preços de mercado para custo de fatores: PNLcf = PNLpm – II + sub = 7.400 – 800 + 400 = 7.000. Aula 6 Atividade proposta Com contas de capitais abertas, como são na prática as do Brasil, transações com ativos financeiros são um determinante muito mais importante das taxas de câmbio do que as transações comericiais, que têm efeito sobre a renda e o emprego da população. Controles de capitais servem para conter aquelas transações quando elas forem incompatíveis com a manutenção do nível de atividades desejado, permitindo a administração mais eficaz de câmbio de acordo com as necessidades de crescimento e transformação produtiva do país. Exercícios de fixação Questão 1 – E Justificativa: Pois os títulos públicos de alta liquidez fazem parte do M4. Questão 2 - D Justificativa: Pois tem alta liquidez e serve como instrumento na realização das trocas econômicas. Questão 3 - E Justificativa: Porque neste caso, o controle do déficit das contas públicas está vinculado à União, ou ao Tesouro Nacional. 200 Questão 4 - A Justificativa: Porque neste caso todas as medidas acima dizem respeito às medidas contracionistas da política monetária, com objetivo de contrair e não de expandir a atividade econômica. Questão 5 – C Justificativa: Toda vez que se eleva os juros, a tendência é de diminuir a demanda por moeda, reduzindo os gastos da sociedade e contraindo a atividade econômica. Questão 6 - D Justificativa: Porque todos esses fenômenos acabam influenciando a decisão de gastar, de demandar mais moeda para a realização de transações. Questão 7 - B Justificativa: Durabilidade, divisibilidade, homogeneidade e facilidade de manuseio e transporte são características que a moeda deve ter para ser capaz de exercer as funções de instrumento de troca, medida de valor e reserva de valor. Questão 8 – D Justificativa: Em resumo, a política monetária restritiva ou contracionista diz respeito a contrair a atividade econômica e, com a venda de títulos, acaba fazendo com que diminua os gastos da sociedade. Questão 9 - E Justificativa: A inflação inercial não está ligada nem às causas fiscais, nem às causas monetárias. A inflação inercial teria origem nas expectativas dos agentes econômicos de que, no futuro, nada mudaria em relação ao comportamento apresentado pelos preços no passado, sendo que esse processo é alimentado pelo processo de indexação da economia. 201 Questão 10 - C Justificativa: Toda vez que ocorre aumento das remunerações dos trabalhadores acima da produtividade, isso acaba gerando maiores gastos para as empresas que irão repassar aos consumidores. Questão 11 - D Justificativa: Não. Tal fato pode indicar superávits no resultado do balanço de pagamentos, mas isso nem sempre é real, pois pode ocorrer um saldo negativo em transações correntes, mais um saldo positivo na conta capital e financeira – que mais do que compense o saldo negativo da primeira conta. Nesse caso, haveria um aumento nas reservas internacionais do país, embora as transações correntes fossem deficitárias. Questão 12 - C Justificativa: Tal situação pode ser problemática, porque déficits em transações correntes deverão ser compensados por superávits na conta capital e financeira. De fato, torna-se difícil financiar déficits substanciais e crescentes por um longo período, pois o fluxo de capitais depende, entre outros aspectos, das expectativas dos investidores estrangeiros. Assim, uma alteração das expectativas (influenciada mesmo pela simples existência daqueles déficits) pode reduzir consideravelmente o fluxo de capitais para o Brasil. Questão 13 - C Justificativa: Primeiramente, um aumento de juros no mercado financeiro internacional afeta negativamente a conta de rendas do balanço de pagamentos do Brasil: parte preponderante da dívida externa é contratada a juros flutuantes, ou seja, aumentando a taxa de juros, aumentam os pagamentos devidos. Entretanto, o aumento de juros afeta também a conta capital e financeira: os empréstimos e financiamentos ficam mais caros, diminuindo sua procura. Isso tem efeito indireto sobre a conta de transações 202 correntes: boa parte das importações e muitos itens das exportações não são pagos à vista, mas financiados. O aumento nos juros dificulta esses financiamentos e pode, por exemplo, tornar algumas exportações não competitivas, na medida em que o aumento de juros não afete da mesma forma os exportadores de outros países. Outro aspecto a ser considerado, na medida em que haja uma elevação da taxa de juros internacionais, esta taxa de juros está associada aos títulos do governo dos EUA, que têm grande influência sobre o mercado financeiro mundial, neste caso, tal elevação faz diminuir a atratividade de aplicações em países emergentes, como o Brasil. Isso reduz o diferencial entre o rendimento que pode ser obtido nesses países e o rendimento de aplicações em países mais desenvolvidos. Como consequência, reduz a entrada de investimentos externos, principalmente os de curto prazo, como aplicações em bolsa de valores. Questão 14 – B Justificativa: A taxa de câmbio fixa diz respeito à maneira pela qual as autoridades monetárias fixam a taxa não importando o tempo do valor preestabelecido. Questão 15 – C Justificativa: Com um câmbio fixo, o Banco Central fixa a taxa de câmbio procurando estimular as importações, elevando a concorrência interna. Com o câmbio flutuante, quem determina a taxa de câmbio é o mercado. 203 Antônio Elder de Oliveira Tavares possui Graduação em Economia pela Universidade Cândido Mendes (1988), Mestrado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992), Especialização em Análise da Conjuntura Econômica (Pós-Graduação) pelo Instituto de Economia da UFRJ (2003) e Especialização em Análise Ambiental e Gestão do Território (PósGraduação) pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE (2010). Atualmente, é Professor Titular e Coordenador do curso de Economia da Universidade Estácio de Sá, assim como autor conteudista dos materiais didáticos denominados Conjuntura Brasileira, Economia Brasileira, Contabilidade Social, Fundamentos de Economia e Economia e Administração Industrial, com base nos planos respectivos de aula desenvolvidos pelo mesmo autor, integrantes dos currículos dos cursos de graduação em Ciências Contábeis, Administração, Economia e Engenharia Elétrica. Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/6138383368006919 > Atualizado em: 27 jun. 2014 204