TÍTULO DO RESUMO

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DESNACIONALIZAÇÃO: O CAPITAL ESTRANGEIRO NO BRASIL PÓS-1990
Jaqueline Pereira de Souza (PIBIC/ICV – UNICENTRO - Bolsista PET Geografia)
Sandra Lúcia de Videira Góis (Orientadora) e-mail: [email protected].
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Geografia/Guarapuava,
PR.
Ciências Humanas/Geografia/Geografia Humana
Palavras-chave: Desnacionalização, abertura da economia, capital estrangeiro.
Resumo:
Os capitais foram se disseminando a partir da necessidade que alguns países tinham de
buscar novas formas de acumulação, migrando assim para países emergentes como o
Brasil, nesse mesmo tempo o Brasil estava passando por uma série de mudanças
relacionados a sua economia, principalmente no que se referia a abertura de mercado a
capitais externos e a mínima intervenção do estado, o que seria a implantação da política
neoliberal no país que irá se intensificar com o governo de FHC (1995-2002). A abertura da
economia nacional fez com que houvesse uma grande entrada de capital estrangeiro no
país a partir da década de 1990, neste mesmo período ocorre algumas mudanças no que se
refere a algumas perdas e conquistas de importâncias em cenário econômico. Busca-se
então discutir todos os processos de desnacionalização da economia no que se referem a
fusões, aquisições e privatizações pós 1990, que é nesse período que esses processos se
intensificam.
Introdução
A disseminação de capitais pelo mundo, notadamente a partir da década de 1990,
como trata Chesnais (1996), é reflexo de uma acumulação intensa nos países
hegemônicos e que buscando novas formas de acumulação, migraram
principalmente para os países emergentes como os da América Latina, com
destaque para o Brasil. Gonçalves (1999) afirma que esse é o período (1990 a 1995)
que mais apresentou entrada de capitais no país, situação não diferente na
Argentina, Chile, México e nos Tigres Asiáticos.
Paralelamente a este contexto internacional, o Brasil passava por uma série
de ajustes macroeconômicos relacionados a abertura de sua economia, dentro dos
propósitos do neoliberalismo. Essa política do neoliberalismo tem por objetivos o
ajuste fiscal, a redução do tamanho do Estado (redefinição do seu papel com menor
intervenção na economia), a privatização, a abertura comercial, o fim das restrições
ao capital externo, à abertura financeira, a desregulamentação (redução das regras
governamentais para o funcionamento da economia), a reestruturação do sistema
previdenciário, a diminuição dos investimentos em infraestrutura básica, a
fiscalização dos gastos públicos, redução salarial, desregulamentação, restrições à
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expansão do crédito e elevação das taxas de juro (GONÇALVES, 1999 e SILVA,
1994).
Neste contexto direcionamos a presente pesquisa, buscando discutir os
processos de desnacionalização da economia brasileira (fusões, aquisições e
privatizações) a partir da década de 1990, quando se tem uma intensificação de tais
processos e identificar os agentes envolvidos, os setores mais afetados e, assim
revelar aqueles setores que mais passaram por reestruturações, além das
implicações sócio-econômica-territoriais ocorridas.
Materiais e métodos
Inicialmente, o trabalho foi pautado em pesquisa bibliográfica para busca de subsídio
para a fundamentação teórica, o que nos permitiu fazer a leitura de nosso objeto.
Posteriormente, a pesquisa compreendeu os levantamentos de dados e informações
junto às revistas e jornais especializados (Exame, Carta Capital, Gazeta Mercantil
entre outras) a fim de identificar as empresas nacionais que foram adquiridas com
capital estrangeiro1·, e ao Banco Central (especialmente informações sobre o Censo
de capitais estrangeiros), com a finalidade de identificar às empresas, os setores, a
origem do capital, entre outras informações que julgamos necessárias para análise
da pesquisa.
Resultados e Discussão
Realizou-se um levantamento teórico sobre temas chave para a discussão, falando
sobre uma internacionalização da economia em nível mundial, introduzindo
conceitos e tratando de um processo histórico a nível mundial, depois de realizada
essa discussão de nível teórico discutiu-se a internacionalização da economia no
Brasil, citando que esse processo iniciou-se, sobretudo na década de 1990 com a
abertura de economia do país através das políticas neoliberais, discutiu-se medidas,
taxas de investimentos dessa época. Cita-se também que o setor que mais recebeu
investimentos internacionais foi o setor industrial, mas a indústria perde sua
liderança nesse quesito devido a privatização de empresas e serviços que antes
eram de responsabilidade estatal.
Discutiu-se o neoliberalismo, devido a suas políticas terem total influencia no
processo de internacionalização da economia, o Estado deve-se desviar dos
problemas de cunho econômico e transferir esse papel para o mercado, ou seja, o
Estado não interveria em decisões de caráter econômico, cabe ao Estado dar
condições para que essas empresas concorram livremente entre si e mais nada,
tratou-se de um processo histórico do neoliberalismo no Brasil e o que levou a seu
sistema governamental tomar conta do país, como a economia se abriu ao capital
internacional, apesar de ter ganhado força com o governo FHC é no governo de
Collor que o neoliberalismo irá se tornar uma ideologia sobre o capital. Irá se discutir
alguns processos de privatizações nesse período já que a doutrina neoliberal
pregava a mínima intervenção estatal sobre a economia.
No Brasil, a adoção da política neoliberal iniciou no governo Sarney (19851990), continuando com o governo Collor (1990-1992) e intensificando-se com o
governo FHC (1995-2002), em meio a uma problemática crise econômica que vinha
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Estaremos focando as empresas cuja participação do capital estrangeiro exceda 51% do seu capital, o que a
caracteriza como estrangeira conforme normas do Banco Central.
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se arrastando desde o final da década de 1970 e início de 1980. Uma dessas crises
era o processo inflacionário que vinha corroendo tanto na sociedade como nas
instituições públicas e privadas. Diante de uma inflação galopante e crescente, os
governos, na tentativa de estimular a economia, implantaram diversos planos
econômicos, para garantir a estabilidade econômica; encontrando na abertura
econômica e na privatização das empresas uma forma de atrair investimentos.
Assim, houve uma entrada maciça de capital estrangeiro no país com a
abertura da economia na década de 1990, como aponta Gonçalves (1999), embora
em outros momentos históricos eles também se fizeram presente, embora a
conjuntura econômico-político-social fosse outra. O novo na década de 1990 é a
ascensão de outros países europeus2 entre esses novos agentes que participam
deste processo e o destaque é para o capital espanhol que passa de uma
representatividade de 0,60% em 1995 para 11,90% em 2000, como mostra o Censo
de Capitais Estrangeiro do Brasil. Outro elemento que é novo no período é a forma
como os capitais estrangeiros ingressam no país, não mais apenas abrindo filiais a
partir do nada, mas aproveitando, de um lado, as políticas de privatizações que se
intensificaram na década de 1990, como, também, de outros processos de compra
de sólidos grupos nacionais para já “nascerem” grandes no Brasil. Esse tipo de
incorporação é mais vantajoso tendo em vista que tais processos apresentam,
muitas vezes, um mercado consumidor cativo e um nome no mercado.
Conclusões
Portanto, o aumento do capital estrangeiro no Brasil, a partir da década de
1990, é relevante na história econômica do país. O inusitado neste período está
atrelado, além do montante, ao fato do enfraquecimento dos blocos de capitais
nacionais em oposição a crescente importância dos grupos estrangeiros, isso não
quer dizer que os grupos nacionais perderam seus postos de mando 3, mas sim que
o número destes grupos diminuíram dada a crescente concentração de capital e
também a associação destes grupos ao capital estrangeiro, fato tão comum em
meados da década de 1990 quando das muitas privatizações, como aponta Videira
(2006) e Gonçalves (1999).
Agradecimentos
Agradeço a professora Dra. Sandra Lúcia Videira Góis pela confiança depositada em
mim para o término dessa pesquisa na qual já estava em fase de desenvolvimento,
por toda sua atenção, colaboração e orientação prestada.
Referências
POCHMANN, Marcio. A mundialização das economias e os desafios dos
sindicatos. IN: CARRION, Raul K.M. e VIZENTINI, Paulo G. Fagundes (org.).
Globalização, Neoliberalismo e Privatizações. Quem decide este jogo?
2
Não mais a Inglaterra que deteve por muito tempo a hegemonia pelos fluxos de capital internacional.
Até mesmo porque, como mostra Corrêa (2004, p.125) alguns grandes negócios internacionais envolveram
empresas brasileiras na aquisição de empresas localizadas em outros países, como a compra da empresa
argentina Perez Companc pela Petrobrás, do setor petroquímico, a participação da Ambev em 36,09% da
empresa Quilmes do setor de bebidas, argentino; a compra de participação nas empresas canadenses
Birmingham Southeast e Co-Steel pela Gerdau, no setor de metalurgia e siderurgia, entre outros exemplos.
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