UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DEPTO. BIOLOGIA CELULAR E DO DESENVOLVIMENTO “Biologia do Desenvolvimento: mecanismos celulares e moleculares envolvidos na formação do ser” TATIANE KANNO MARAYSA MELO Alfenas Setembro- 2011 LABORATÓRIO DE EMBRIOLOGIA MOLECULAR DE VERTEBRADOS (Magritte, 1936) A Biologia do Desenvolvimento integra de diferentes níveis da biologia para a formação do ser Modelos experimentais utilizados no Estudo em Biologia do Desenvolvimento “Camundongo” “Mosca da fruta” Drosophila melanogaster “Galinha” Gallus gallus “Peixes” Zebrafish “Sapo” Xenopus leavis Galinha como modelo experimental •Baixo Custo •Facilidade de obtenção •Maior parte do Desenvolvimento é Externo •Permite microcirurgia e manipulação genética •Embrião transparente nos estágios iniciais •Desenvolvimento similar a humanos nos estágios iniciais Como um organismo multicelular pode ser formado a partir de um ovo? Processo de desenvolvimento do animal Perguntas da Biologia do Desenvolvimento 1. De onde as células vêm? Para onde vão? 2. O que estas células podem ser? 3. Quando elas decidem o que vão ser? 4. Como ocorre esta decisão? Metodologias utilizadas no estudo da Biologia do Desenvolvimento Descrição - Embriologia clássica Visualização do desenvolvimento embrionário - Mapa do destino -Imunohistoquímica - Hibridização in situ Cirurgia Ablação Transplante Cultura Expressão Expressão diferencial de genes determinam a diferenciação celular Perguntas da Biologia do Desenvolvimento 1. De onde as células vêm? Para onde vão? 2. O que estas células podem ser? 3. Quando elas decidem o que vão ser? 4. Como ocorre esta decisão? Metodologias utilizadas no estudo da Biologia do Desenvolvimento Descrição - Embriologia clássica Visualização do desenvolvimento embrionário - Mapa do destino -Imunohistoquímica - Hibridização in situ Cirurgia Ablação Transplante Cultura Expressão Expressão diferencial de genes determinam a diferenciação celular Descrição Visualização do desenvolvimento embrionário Descrição Visualização do desenvolvimento embrionário Gilbert 8th Edition Metodologias utilizadas no estudo da Biologia do Desenvolvimento Descrição - Embriologia clássica Visualização do desenvolvimento embrionário - Mapa do destino -Imunohistoquímica - Hibridização in situ Cirurgia Ablação Transplante Cultura Expressão Expressão diferencial de genes determinam a diferenciação celular Como seguir uma célula entre várias? A injeção de corante flourescente permite acompanhar o destino celular Gilbert 8th Edition A injeção de corante flourescente permite acompanhar o destino celular Células da crista neural Células da crista neural estão adjacentes a placa neural Neurulação Crista neural dá origem aos Gânglios de Raiz Dorsal c Crista neural Tubo Neural Notocorda Células migratórias c Epiderme GRD Crista neural Células da crista neural Nature Reviews Neuroscience 8, 114-127, 2007 V Epiderme Neuroectoderme D Os Gânglios da Raiz Dorsal ficam dispostos ao longo da coluna vertebral Gânglios de Raiz Dorsal (GRD) Medula D GRD D V TN V Metodologias utilizadas no estudo da Biologia do Desenvolvimento Descrição - Embriologia clássica Visualização do desenvolvimento embrionário - Mapa do destino -Imunohistoquímica - Hibridização in situ Cirurgia Ablação Transplante Cultura Expressão Expressão diferencial de genes determinam a diferenciação celular Imunohistoquímica: localização da proteína Fluoróforo (conjugado ao Ac secundário) Anticorpo Secundário (reconhece o Ac primário) Anticorpo Primário (reconhece o epítopo) PROTEÍNA Epítopo (Sítio de ligação específico da proteína – reconhecido pelo Anticorpo) Pergunta: A proteína Miosina Va é expressa no desenvolvimento do sistema nervoso? Expressão de Miosina Va no desenvolvimento do Sistema nervoso Tubo Neural – Futura Medula Gânglio da Raiz Dorsal Armazena neurônios sensoriais Gânglio da Raiz Dorsal Pergunta: A proteína Miosina Va é expressa no desenvolvimento do sistema nervoso? Miosina Va é expressa no tubo neural e no gânglio da raiz dorsal Metodologias utilizadas no estudo da Biologia do Desenvolvimento Descrição - Embriologia clássica Visualização do desenvolvimento embrionário - Mapa do destino -Imunohistoquímica - Hibridização in situ Cirurgia Ablação Transplante Cultura Expressão Expressão diferencial de genes determinam a diferenciação celular Hibridação in situ: localização do RNAm Hibridação in situ para cScratch2 em embrião de galinha D V Dados Felipe Vieceli Perguntas da Biologia do Desenvolvimento 1. De onde as células vêm? Para onde vão? 2. O que estas células podem ser? 3. Quando elas decidem o que vão ser? 4. Como ocorre esta decisão? Metodologias utilizadas no estudo da Biologia do Desenvolvimento Descrição - Embriologia clássica Visualização do desenvolvimento embrionário - Mapa do destino -Imunohistoquímica - Hibridização in situ Cirurgia Ablação Transplante Cultura Expressão Expressão diferencial de genes determinam a diferenciação celular O transplante de vesícula óptica para o ectoderma do tronco em anfíbios gera cristalino ectópicos: O ectoderma do tronco tem potencial de formar cristalino doador aceptor Transplantes de crista neural de codorna para galinha mostraram quais são os derivados de cada porção da crista Perguntas da Biologia do Desenvolvimento 1. De onde as células vêm? Para onde vão? 2. O que estas células podem ser? 3. Quando elas decidem o que vão ser? 4. Como ocorre esta decisão? Metodologias utilizadas no estudo da Biologia do Desenvolvimento Descrição - Embriologia clássica Visualização do desenvolvimento embrionário - Mapa do destino -Imunohistoquímica - Hibridização in situ Cirurgia Ablação Transplante Cultura Expressão Expressão diferencial de genes determinam a diferenciação celular uper Expressão Gênica!!!! •Microinjeção de RNA •Eletroporação •Infecção •Transgênese Microinjeção de RNA uper Expressão Gênica!!!! •Microinjeção de RNA •Eletroporação •Infecção •Transgênese Superexpressão de genes através de Eletroporação in ovo Develop. Growth Differ. 1999 41, 335–344 - + DNA GRD Embrião 48 h pós-eletroporação expressando GFP na região truncal HH19 Imunohistoquímica para detecção do GFP em criocorte retirado da região truncal de embrião HH25 Em Resumo... • Origem embrionária das células • Destino final das células durante o desenvolvimento • Potencial de diferenciação celular • Período no qual ocorre a determinação do que as células irão originar • Quais os fatores moleculares que influenciam a diferenciação destas células Vias de sinalização em desenvolvimento 1. De onde as células vêm? PARA ONDE vão? 2. O que estas células PODEM ser? 3. QUANDO elas decidem o que vão ser? 4. COMO ocorre esta decisão? NIH Stem Cell Progress Report 2001 Existem várias modalidades de comunicação intercelular: Por contato direto Por difusão de proteínas extracelulares Por matriz extracelular •FGF (Fibroblast Growth Factor) •Wnt •BMP (Bone Morphogenic Protein) •Ácido Retinóico •Shh (Sonic Hedgehog) 1. SHH se liga ao receptor transmembrana PTCH, 2. inicia-se a sinalização celular que ativa os fatores de transcrição GLI O Shh é produzido na notocorda, tubo digestório e broto do membro Na região da medula espinhal, os motoneurônios ficam próximos da NOTOCORDA. SERÁ QUE A NOTOCORDA DETERMINA ONDE SERÃO FORMADOS OS MOTONEURôNIOS? Comprovação: Transplante de notocorda na região lateral induz motoneurônios TRANSPLANTE DE NOTOCORDA Moto neurônios NOTOCORDA NOTOCORDA 51 COMO que a notocorda determina onde serão formados os motoneurônios? 52 COMO que a notocorda determina onde serão formados os motoneurônios? a) b) c) d) Proteína nuclear? Proteína citoplasmática? Proteína de membrana? Proteína secretada? 53 COMO que a notocorda determina onde serão formados os motoneurônios? a) b) c) d) Proteína nuclear? Proteína citoplasmática? Proteína de membrana? Proteína secretada? 54 O Shh é produzido na notocorda, tubo digestório e broto do membro Camudongos com deleção para o gene Shh carecem de motoneurônios no tubo neural Mutante Detecção de motoneurônio Normal Nature 412, 194198 (12 July 2001) 56 Na região da medula espinhal, a notocorda direciona a diferenciação de motoneurônios através do Shh 1. O SHH (sonic hedgehog) precisa da adição de colesterol 2. Quando SHH se liga ao receptor transmembrana PTCH, inicia-se a sinalização celular que ativa os fatores de transcrição GLI Efeito teratogênico de inibidores da via metabólica do colesterol Ciclopia Camudongos com deleção para o gene Shh carecem de motoneurônios E TEM DEFEITOS NA CABEÇA Normal Mutante Detecção de motoneurônio Isto era para ser uma cabeça! Nature 412, 194-198 (12 July 2001) A interação de Shh, secretado pela notocorda, com receptores das células no tubo neural induz a expressão de genes relacionados a diferenciação de motoneurônios no tubo neural. 61 O Shh é produzido na notocorda, tubo digestório e broto do membro desenvolvimento do membro O broto do membro é composto de ectoderma e mesoderma A B C D Em aves e mamíferos existe um espessamento distal da ectoderme do broto do membro: a PREGA ECTODÉRMICA APICAL (AER) As fases desenvolvimento do broto do membro : 1. Definição do campo do membro 2. Crescimento do broto 3. Definição dos eixos As fases desenvolvimento do broto do membro : 1. Definição do campo do membro 2. Crescimento do broto 3. Definição dos eixos O membro tem 3 eixos: 1)antero-posterior = dedão- mindinho 2)Dorso-ventral = costas-palma 3)Proximo-distal= ombro-mão Eixo Antero-posterior (ordem dos dígitos) Existe uma região no broto de membro que é responsável pela definição do eixo Antero-Posterior: a Zona Polarizadora Duplicação da Zona Polarizadora por transplante resulta em duplicação especular dos dígitos Duplicação da Zona Polarizadora por transplante resulta em duplicação especular dos dígitos 4 3 2 4 3 2 23 4 Concentrações altas de X induzem a formação de dígitos mais posteriores Que tipo de molécula é X? O Shh (Sonic Hedgehog) é expresso na Zona Polarizadora Shh: Proteína secretada no meio extracelular O Shh (Sonic Hedgehog) é expresso na Zona Polarizadora Shh: Proteína secretada no meio extracelular O Shh (Sonic Hedgehog) é expresso na Zona Polarizadora de TODOS os membros O Shh (Sonic Hedgehog) é expresso na Zona Polarizadora de TODOS os membros Shh: Proteína secretada no meio extracelular SERÁ QUE O SHH É RESPONSÁVEL PELA ATIVIDADE DA ZONA POLARIZADORA?? OU SEJA, SERÁ QUE O SHH DETERMINA A ORDEM DOS DÍGITOS? A implantação de vírus que secretam Shh no primórdio do membro tem o mesmo efeito que o transplante da região polarizadora Sonic Hedgehog Cartiagem A superexpressão de Shh nos membros causa polidactilia Maas e Falon, 2005 Dedos adicionais SERÁ QUE O SHH É RESPONSÁVEL PELA ATIVIDADE DA ZONA POLARIZADORA?? OU SEJA, SERÁ QUE O SHH DETERMINA A ORDEM DOS DÍGITOS? Sim! Concentrações altas de X induzem a formação de dígitos mais posteriores Que tipo de molécula é X? O Shh é transcrito e traduzido pela Zona Polarizadora e secretado no meio extracelular Altas concentração de Shh = posterior= dedo mindinho Baixas concentração de Shh= anterior= polegar Síndromes = Efeito Eddie Murphy Eixo Proximo-distal (braço, antebraço e mão) Proximo Distal Na sequência próximo-distal, o membro é subdivido em: Estilópodo -> Zeugópodo -> Autópodo O esqueleto do membro desenvolve-se no sentido proximo-distal, i.e. estruturas mais proximais surgem primeiro. A prega ectodérmica apical (AER) define o crescimento do membro Em aves e mamíferos existe um espessamento distal da ectoderme do broto do membro: a PREGA ECTODÉRMICA APICAL (AER) prega ectodérmica apical (AER) O FGF8 é expresso na prega ectodérmica apical FGF: Proteína extracelular secretada •FGF (Fibroblast Growth Factor) •Wnt •BMP (Bone Morphogenic Protein) •Ácido Retinóico •Shh (Sonic Hedgehog) Hipótese: O FGF8 no Prega Ectodérmica Apical é responsável pelo crescimento do broto do membro. A ausência da prega ectodérmica apical (AER) pode ser compensada por FGF8 Hipótese: O FGF8 no Prega Ectodérmica Apical é responsável pelo crescimento do broto do membro. ENTÃO…. Se não tiver FGF8 não tem membro??!! Camudongos mutantes com deleção genômica para FGF8 são normais !!!! E AGORA????? Jogo a hipótese no lixo? Boulet et al, 2004 Existem outros FGFs além de FGF 8, i.e. os ligantes FGF constituem uma grande família R&D systems Camundogos com deleção genômica para FGF8 E FGF4 não apresentam membros Normal Fgf8-/Fgf4-/- Camundogos com deleção genômica para FGF8 E FGF4 não apresentam membros Normal Fgf8-/- Fgf4-/- Boulet et al, 2004 OU seja, o FGF 4 pode agir como “estepe” do FGF8 quando este está ausente FGF4 FGF8 Isto também quer dizer que normalmente, tanto FGF8 quanto FGF4 cooperam para que o plano final se concretize RESUMINDO… Uma única via de sinalização está presente em vários momentos e locais da embriogênese. A mesma via de sinalização tem vários membros da família que agem normalmente em conjunto e podem compensar pela ausência de um membro. FGF4 FGF8 Redundância de sinalização é importante! Cinto e suspensórios Modificado de S. Gilbert •FGF (Fibroblast Growth Factor) •Wnt •BMP (Bone Morphogenic Protein) •Ácido Retinóico •Shh (Sonic Hedgehog) LABORATÓRIO DE EMBRIOLOGIA MOLECULAR DE VERTEBRADOS Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento – ICB-USP Edgar Ruiz Felipe Vieceli Maraysa Melo Tatiane Kanno José Antonio Turri Orientadora: Profa. Dra. Irene Yan http://www.biocel.icb.usp.br/~ireneyan/index.html OBRIGADA! [email protected] [email protected] AULA PRÁTICA Aula Prática Biologia do Desenvolvimento in silico Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL/MG Maraysa Melo e Tatiane Kanno Modelos animais: •Embrião de galinha (Gallus gallus) •Embrião de camundongo (Mus musculus) •Embrião de sapo (Xenopus Laevis) •Embrião de peixe paulistinha (Danio rerio) Sites: http://geisha.arizona.edu/geisha/ http://www.emouseatlas.org/emap/home.html http://www.xenbase.org/common/ http://zfin.org/cgi-bin/webdriver?MIval=aa-ZDB_home.apg http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed Gene: Pax6 Pax6 comanda o desenvolvimento ocular: A expressão de Pax6 em patas cria olhos ectópicos em moscas Drosophila melanogaster Superexpressão de Pax6 forma de olhos extras em anfíbios Normal Visão dorsal Mutante com mais Pax6 Visão dorsal Xenopus laevis Embriões de Cefalópodos expressam Pax6 no olho Planárias transgênicas demonstram a presença de Pax6 nos olhos O peixe-cego das cavernas mexicanas Astyanax fasciatus mexicanus