Nomenclatura

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[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
05.N OMENCLATURA
DOS
QUÍMICA II
C OMPOSTOS O RGÂNICOS
1. Hidrocarbonetos acíclicos
1.1 Escolher a estrutura (ou cadeia) fundamental de um hidrocarboneto
2. Nomenclatura substitutiva
2.1 Escolher a estrutura (ou cadeia) fundamental de um composto funcionalizado
2.2 Como se forma o nome do composto?
2.3 Grupos característicos que são sempre designados por prefixos
2.4 Casos aparentemente mais complicados
3. O sistema de Cahn-Ingold-Prelog
3.1 A convenção R/S
1. HIDROCARBONETOS ACÍCLICOS
Os hidrocarbonetos saturados (substituídos ou não) designam-se genericamente por alcanos.
Os primeiros quatro alcanos lineares denominam-se metano, etano, propano e butano. Os
nomes dos membros superiores desta série formam-se à custa de um prefixo que indica o
número de átomos de carbono e do sufixo -ano.
n
João Paulo Noronha
n
1
Metano
14 Tetradecano
2
Etano
...
3
Propano
20 Icosano
4
Butano
21 Henicosano
5
Pentano
22 Docosano
6
Hexano
23 Tricosano
7
Heptano
24 Tetricosano
8
Octano
...
9
Nonano
30 Triacontano
....
...
10 Decano
40 Tetracontano
11 Undecano
50 Pentacontano
12 Dodecano
60 Hexacontano
13 Tridecano
70 Heptacontano
1
[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
QUÍMICA II
O nome dos radicais univalentes obtidos por eliminação de um átomo de hidrogénio dum
átomo de carbono terminal obtém-se substituindo a terminação -ano por -ilo. Ex. Metilo, etilo,
propilo, butilo, dodecilo...
Os hidrocarbonetos com cadeias duplas denominam-se alcenos. Os nomes dos alcenos obtêmse dos nomes dos alcanos correspondentes por substituição do prefixo -ano por -eno, -dieno, trieno, etc. conforme o alceno tem uma, duas, três, etc. ligações duplas. O nome de um alceno
é precedido de um número que indica a posição da ligação dupla.
Os hidrocarbonetos com cadeias triplas denominam-se alcinos. Os nomes dos alcinos obtêmse dos nomes dos alcanos correspondentes por substituição do prefixo -ano por -ino, -diino, triino, etc. conforme o alcino tem uma, duas, três, etc. ligações duplas. O nome de um alcino é
precedido de um número que indica a posição da ligação tripla.
O nome de um hidrocarboneto com cadeias laterais forma-se considerando-o derivado de um
hidrocarboneto primitivo, escolhido de acordo com as regras que se seguem. A cadeia desse
hidrocarboneto primitivo chama-se cadeia fundamental. As cadeias laterais, consideradas
como substituintes, são designadas por prefixos.
A cadeia fundamental numera-se de um extremo ao outro com algarismos árabes de modo a
que os números mais baixos correspondam:



às ligações múltiplas
às ligações duplas
às cadeias laterais
Ao comparar dois conjuntos de números que designam substituintes considera-se como o
conjunto mais baixo o que tiver o número individual mais pequeno ao aparecer a primeira
diferença. Ex:



2,7,8 é mais baixo que 3,4,9
1,2,5 é mais baixo que 1,4,5
4,4,8,9 é mais baixo que 4,4,9,9
A cadeia fundamental escolhe-se segundo as seguintes regras:



A cadeia com maior número de ligações múltiplas.
A cadeia com maior número de substituintes cíclicos.
A cadeia com maior número de átomos de carbono.
João Paulo Noronha
2
[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]





QUÍMICA II
A cadeia com maior número de ligações duplas.
A cadeia com maior número de cadeias laterais.
A cadeia que apresentar números mais baixos para as cadeias laterais
Se ainda houver mais de uma possibilidade, compara-se o número de carbonos das
cadeias laterais nas diversas possibilidades e escolhe-se aquela que tiver uma cadeia
lateral com maior número de carbonos na primeira diferença.
Se ainda se mantiver a ambiguidade conta-se o número de ramificações das respectivas
cadeias laterais. Considera-se só o número mais elevado de ramificações em cada caso e
escolhe-se para cadeia fundamental aquela a que corresponde o menor destes
números.
O nome do hidrocarboneto forma-se de acordo com as seguintes regras:




Citam-se primeiro as cadeias laterais, precedidas do número do átomo de carbono da
cadeia principal a que se encontram ligadas, e depois o nome do composto primitivo
Os nomes dos radicais simples dispõe-se por ordem alfabética. Prefixos multiplicativos
(di, tri, et.) são acrescentados mas não afetam a ordem alfabética. Ex: 4-etil-3,3,dimetileptano
No caso de radicais complexos a letra que se considera para a ordem alfabética é a
primeira do nome completo, incluindo portanto os prefixos multiplicativos. Ex: 7-(1,2dimetilpentil)-5-etiltridecano
Quando os nomes de dois ou mais radicais complexos são formados por palavras iguais
mas com números diferentes, a prioridade de citação cabe ao nome do substituinte que
contém o número mais baixo no primeiro ponto de diferença. Ex: 6-(1- metilbutil)-(2metilbutil)tridecano.
2. NOMENCLATURA SUBSTITUTIVA
Na nomenclatura substitutiva os nomes dos compostos são formados a partir dos nomes dos
hidrocarbonetos respetivos por uso de prefixos e sufixos que indicam a substituição de átomos
de hidrogénio por átomos e grupos de átomos (grupos funcionais).
João Paulo Noronha
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[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
QUÍMICA II
Exemplos:
Grupos característicos (ou funcionais)
São os átomos e grupos de átomos responsáveis pelo comportamento característico de uma
classe de compostos. P. ex: os álcoois, cetonas, ácidos carboxílicos, etc. A intensidade das
propriedades conferidas por esses átomos ou grupos depende do resto da molécula.
Compostos com um único grupo característico
Exemplos:
Escolher a estrutura (ou cadeia) fundamental
A estrutura fundamental deverá conter:






maior número possível de grupos principais (daqui em diante abreviado como GP)
maior número de ligações múltiplas
maior número de substituintes cíclicos
maio número de átomos de carbono
maior número de ligações duplas
etc. (ver as regras para a nomenclatura de hidrocarbonetos, acima)
Estes critérios são aplicados sucessivamente até que seja possível uma decisão.
João Paulo Noronha
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[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
QUÍMICA II
Exemplo:
Cadeia Grupos Principais Lig. múltiplas Carbonos Lig. duplas
AB
2
2
7
1
AC
2
2
7
0
AD
2
2
7
1
BC
2
2
7
1
BD
2
2
7
2 <-----
CD
2
2
7
1
A cadeia fundamental será BD. O nome do composto será:
4-(1-hidroxi-2-propinil)-4-(3-hidroxi-1-propinil)-2,6-heptadieno-1,5-diol
Numeração da estrutura fundamental
Deve numerar-se de modo a que os números mais baixos correspondam:






ao hidrogénio indicado
aos grupos principais
às ligações múltiplas
às ligações duplas
aos prefixos (citados por ordem alfabética) + ligações múltiplas
aos primeiros prefixos
Estes critérios são aplicados sucessivamente até que seja possível uma decisão.
João Paulo Noronha
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[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
Critérios
QUÍMICA II
Numeração A -> B Numeração B -> A
H-indicado (não existe)
-
-
Grupos Principais
2,7
2,7
Ligações multiplas
3,5
3,5
Ligações duplas
3,5
3,5
Prefixos + lig. mult.
3,4,5,5(a)
3,4,5,5(a)
Primeiros prefixos
4-etil
5-metil
(a) lig. duplas em C3 e C5. Substituintes (indicados por prefixos) nos C4 e C5. Números citados
numa sequência crescente.
Como os prefixos são citados por ordem alfabética, etil < metil; o primeiro prefixo é, assim, o
etil, e a numeração seria de A para B.
Como se forma o nome do composto?
Com base na estrutura ou cadeia fundamental vamos indicar as características especiais do
composto. Estas características são indicadas por meio de prefixos e sufixos e por meio
de números (para as localizar). Quando existe mais do que um tipo de substituinte, aplicam-se
as regras de prioridade indicadas na tabela seguinte. O grupo principal é indicado pelo sufixo
correspondente. Os outros grupos funcionais eventualmente presentes na molécula serão
indicados por prefixos.
João Paulo Noronha
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[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
Prioridade
Classe
1
Catiões
2
Ácidos carboxílicos
Grupo
4
5
6
7
8
Ácidos sulfónicos
Sufixo
Prefixo
-ónio
-COOH
3
QUÍMICA II
ácido ...carboxílico
Carboxi-
-(C)OOH
ácido ... óico
-SO2OH
ácido ... sulfónico
-COOM
..carboxilato de M
Sais
SulfoCarboxilato de M
-(C)OOM
-..(o)ato de M
-COOR
..carboxilato de R
Ésteres
R-oxicarbonil
-(C)OOR
-..(o)ato de R
-COX
halogeneto de ..carbonilo
Halogenetos de ácidos
Haloformil-(C)OX
halogeneto de ..(o)ilo
-CONH2
-carboxamida
Amidas
Carbamoil-(C)ONH2
-amida
-C(=NH)NH2
-carboxamidina
Amidinas
Amidino-(C)(=NH)NH2 -amidina
-CN
9
10
11
-carbonitrilo
Nitrilos
Isocianetos
Ciano-(C)N
-nitrilo
-NC
-isonitrilo
Isociano-
-CHO
-carbaldeído
Formil-
-(C)HO
-al
Oxo-
Aldeídos
12
Cetonas
-(C)O
-ona
Oxo-
13
Alcoóis
-OH
-ol
Hidroxi-
14
Fenóis
-OH
-ol
Hidroxi-
15
Tióis
-SH
-tiol
Mercapto-
16
Aminas
-NH2
-amina
Amino-
17
Iminas
=NH
-imina
Imino-
(Os átomos de carbono entre parêntesis fazem parte da cadeia (ou estrutura) do composto primitivo,
pelo que são incluídos no nome do composto primitivo e não no sufixo)
João Paulo Noronha
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[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
QUÍMICA II
Grupos característicos que são sempre designados por prefixos:
Grupos
Classe funcional
-Br
-Cl
-F
Prefixo
Exemplos
Bromo
Derivados halogenados
-I
Cloro
Fluoro
Brometano
Iodo
=N2
Compostos diazo
Diazo
CH3=N2 (diazometano)
-NO
Compostos nitroso
Nitroso
CH3-NO (nitrosometano)
-NO2
Compostos nitro
Nitro
CH3-NO2 (nitrometano)
-OR
éteres
R-oxi
CH3-O-CH3 (metoximetano)
-SR
Sulfuretos
R-tio
CH3-S-Ph (metiltiobenzeno)
-SOR
Sulfóxidos
R-sulfinil
CH3-SO-Ph (metilsulfinilbenzeno)
-SO2R
Sulfonas
R-sulfonil
CH3-SO2 -Ph (metilsulfonilbenzeno)
Casos aparentemente mais complicados:
Quando o grupo principal figura simultaneamente em sistemas cíclicos e acíclicos
Escolhe-se para estrutura fundamental a parte do composto que tiver:


Maior número de grupos principais, GP
O maior número de substituições

a que conduzir ao nome mais simples.
ou
João Paulo Noronha
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[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
QUÍMICA II
Exemplo:
A cadeia principal será de A. a C. (ou B.), e não a cadeia cíclica: esta só tem 2 substituições, ao
passo que a cadeia A. - B. tem 4 substituintes (OH, Cl, CH3, e a cadeia complexa que inclui a
cadeia cíclica).
O SISTEMA DE CAHN-INGOLD-PRELOG
A convenção E/Z
A existência de ligações duplas cria a possibilidade de isomeria. Tradicionalmente os dois
isómeros são denominados cis e trans, consoante os substituintes de cada um dos carbonos da
ligação dupla se encontrem do mesmo lado ou não:
Este sistema não é no entanto suficiente, pois é possível ter dois substituintes ligados a um
mesmo carbono da ligação dupla:
João Paulo Noronha
9
[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
QUÍMICA II
Para resolver estes e outros problemas, três químicos orgânicos (R. S. Cahn, C.K. Ingold e V.
Prelog) criaram um sistema consistente de nomenclatura, que recebeu o seu nome. Neste
sistema, a cada substituinte é atribuída uma prioridade. As seguintes regras de atribuição de
prioridade são aplicadas sucessivamente até ser possível uma decisão:



átomos de número atómico superior tem maior prioridade do que átomos de número
atómico inferior
quando os dois átomos ligados são iguais, amplia-se a comparação aos átomos ligados a
estes até se poder tomar uma decisão. Por exemplo, CCl3 tem prioridade sobre CH3 pois
Cl tem número atómico Z=17, superior a H (Z=1). Da mesma forma, CCl 3 tem prioridade
sobre CHCl2 pois a sequência de números atómicos ligados ao carbono no
CCl3 (17,17,17) é superior ao verificado no CHCl2 (17,17,1). Como anteriormente, ao
comparar dois conjuntos de números considera-se como o conjunto mais baixo o que
tiver o número individual mais pequeno ao aparecer a primeira diferença.
A existência de ligações múltiplas é equivalente à existência de ligações simples a dois
ou três átomos iguais. Assim, um grupo carbonilo -CH=O é equivalente
a
e tem portanto prioridade sobre
.
Cada carbono da ligação dupla tem dois substituintes. Se os substituintes de maior prioridade
em cada um dos carbonos estiverem do mesmo lado da ligação dupla, denomina-se o isómero
de Z (do alemão Zusammen, que significa "juntos")). Se estiverem de lados opostos da ligação
dupla, denomina-se o isómero de E (do alemão Entgegen, que significa "opostos")).
João Paulo Noronha
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[05. NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS]
QUÍMICA II
A convenção R/S
A especificação da configuração absoluta de um centro quiral pode ser feita sem ambiguidade
utilizando o sistema de Cahn-Ingold-Prelog. Como na convenção E/Z, atribui-se a cada
substituinte de um centro quiral uma prioridade de acordo com as regras descritas acima. O
passo seguinte é orientar a molécula de forma a que o substituinte de menor prioridade aponte
no sentido oposto ao observador. Se os outros três substituintes estiverem distribuídos de
forma a que o percurso do substituinte de maior prioridade para o de menor prioridade for no
sentido dos ponteiros do relógio a configuração denomina-se R (do latim rectus, que significa
"direita"). Se eles estiverem dispostos no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio a
configuração denomina-se S (do latim sinister, que significa "esquerda"). Ex:
João Paulo Noronha
11
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