dissertação de mestrado desenho e construção de um protótipo

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DESENHO E CONSTRUÇÃO DE UM PROTÓTIPO
GERADOR DE JATO DE PLASMA FRIO À PRESSÃO
ATMOSFÉRICA PARA APLICAÇÕES BIOMÉDICAS
ARLINDO BALBINO DO NASCIMENTO NETO
Dezembro 2013
Natal – RN
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DESENHO E CONSTRUÇÃO DE UM PROTÓTIPO
GERADOR DE JATO DE PLASMA FRIO À PRESSÃO
ATMOSFÉRICA PARA APLICAÇÕES BIOMÉDICAS
ARLINDO BALBINO DO NASCIMENTO NETO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Engenharia Mecânica,
do
Centro
de
Tecnologia,
da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Custódio L. de Brito Guerra Neto
Co-orientador: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior
Dezembro 2013
Natal – RN
FICHA CATALOGRÁFICA
UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Catalogação da Publicação na Fonte
Nascimento Neto, Arlindo Balbino do.
Desenho e construção de um protótipo gerador de jato de plasma frio à pressão atmosférica para
aplicações biomédicas / Arlindo Balbino do Nascimento Neto.– Natal, RN, 2013.
77 f. : il.
Orientadora: Profº. Dr. Custódio L. de Brito Guerra Neto.
Co-orientador: Prof. Dr. Clodomiro Alves Junior.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.
1. Plasma atmosférico – Dissertação. 2. Plasma DBD – Dissertação. 3. Plasma frio – Dissertação. 4.
Tratamento de biomateriais – Dissertação. I. Guerra Neto, Custódio L. de Brito. II. Alves Junior,
Clodomiro III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UF/BCZM
CDU 621
Dedicatória
A minha Família, em especial aos meus pais, Adonilma e Magno que
ofereceram todo suporte e atenção para alcançar mais essa conquista. A eles todos os
créditos. Dedico ao meu irmão Adilson, avó, avô, tios, tias, primos e amigos que sempre
estiveram ao meu lado incentivando e passando confiança para sempre fazer o melhor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter dado as condições necessárias para
realização desse trabalho.
Ao Prof. Dr.Custódio L. de Brito Guerra Neto, por me apresentar o mundo
científico, pela dedicação nas correções e orientações neste período de aprendizado.
Ao Prof. Dr. Clodomiro Alves júnior, pelo auxílio e aprendizado transferido
durante o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Thércio Henrique de Carvalho Costa e a Prof. Drª Michelle
Cequeira Feitor pelas observações, discussões e contribuição para execução desse
trabalho.
Ao Prof. Dr. William Fernandes de Queiroz pelo aprendizado e visão de como
atacar os problemas para extrair suas soluções.
Ao Prof. Dr. Ronaldo de Andrade Martins pela constante disponibilidade em
ajudar.
A todos os Professores da graduação e Pós-Graduação pelos ensinamentos.
A equipe de trabalho do LABPLASMA pela troca de experiência, discussões e
sugestões que sempre agregaram valor científico. Em especial a Ivan Alves de Souza
pela disponibilidade e contribuição para o entendimento e enriquecimento deste
trabalho.
A UFRN por disponibilizar as ferramentas necessárias para essa formação.
A empresa POTYCHIP TECNOLOGIA e sua equipe pela disponibilidade e
ajuda para a realização desse trabalho.
Ao CNPQ pelo o auxílio financeiro.
Epígrafe
“As raízes dos estudos são amargas, mas seus frutos são doces.”
Aristóteles.
Sumário
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 18
2.1 Plasma................................................................................................................. 18
2.2 Descarga em Barreira Dielétrica (DBD) ............................................................ 21
2.3 Configurações para a produção do Jato de plasma APNP -J .............................. 23
2.3.1 Jato sem dielétrico (SD) ................................................................................. 23
2.3.2 Jato em descarga por barreira dielétrica (DBD) ............................................. 24
2.3.3 Jato em descarga por barreira dielétrica ( DBD-Like) ................................... 26
2.3.4 Jato com um simples eletrodo (SE) ................................................................ 27
2.4 Parâmetros que influenciam o jato de plasma .................................................... 28
2.4.1 Material e disposição entre eletrodos ............................................................. 28
2.4.2 Regime de escoamento do gás ....................................................................... 29
2.4.3 Fonte de tensão elétrica .................................................................................. 30
2.5 Método da figura de Lissajous ........................................................................... 32
3. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 35
3.1 Desenho, construção e montagem de uma fonte de tensão ................................ 35
3.2 Desenho, construção e montagem do protótipo.................................................. 39
3.3 Parâmetros que influenciam o jato de plasma .................................................... 46
3.4 Caracterização do jato de plasma e seus efeitos ................................................. 48
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 52
4.1 Protótipo gerador de jato de plasma frio atmosférico......................................... 52
4.2 Características elétricas ...................................................................................... 53
4.3 Caracterização do comprimento e intensidade do jato de plasma ...................... 56
4.4 Caracterização da superfície do titânio ............................................................... 64
4.5 Microscopia ótica ............................................................................................... 66
4.6 Microscopia de força atômica ............................................................................ 68
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 69
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 71
Listas de Figuras
Figura 1: Desenho esquemático do jato SD (Babayan et al., 1998).............................. 24
Figura 2: Desenho esquemático dos tipos de jato de plasma DBD (Lu, Laroussi e
Puech, 2012). .................................................................................................................. 25
Figura 3: Desenho esquemático de dispositivos de jato de plasma DBD - like (Lu,
Laroussi e Puech, 2012). ................................................................................................ 26
Figura 4: Desenho esquemático de dispositivos de jato de plasma DBD - like (Lu,
Laroussi e Puech, 2012). ................................................................................................ 28
Figura 5: Desenho esquemático do arranjo experimental para análises elétricas de
reatores DBD (Kostov et al., 2010). ............................................................................... 32
Figura 6: Figura de Lissajous Q-V de uma DBD (Santos, 2010). ................................ 33
Figura 7: Fluxograma esquemático do experimento. .................................................... 35
Figura 8: Esquemático do circuito da fonte HV. ........................................................... 36
Figura 9: Projeção em perspectiva da fonte HV e seus componentes. .......................... 38
Figura 10: Projeção em perspectiva do braço suporte para protótipo gerador de plasma
DBD e fixação do porta amostra. ................................................................................... 39
Figura 11: CAD da mesa com altura ajustável. ............................................................. 40
Figura 12: Projeção em perspectiva do controlador de fluxo (l/min). .......................... 41
Figura 13: Desenho técnico dos componentes do dispositivo gerador de jato de plasma.
........................................................................................................................................ 42
Figura 14: Vista explodida do dispositivo gerador de jato de plasma DBD. ................ 43
Figura 15: CAD destacando o local de entrada do cabo HV e gás (a) e corte parcial
para detalhamento da parte interna do dispositivo (b). ................................................... 44
Figura 16: Desenho CAD com um corte transversal do dispositivo montado. ............ 44
Figura 17: Desenho da montagem final do protótipo. ................................................... 45
Figura 18: Desenho esquemático das posições geométricas entre os eletrodos interno e
externo. ........................................................................................................................... 47
Figura 19: Esquema do arranjo experimental para medidas elétricas e ópticas da
descarga. ......................................................................................................................... 49
Figura 20: Medição do jato de plasma através do Image Pro Plus versão 4.5.1. .......... 51
Figura 21: Protótipo gerador de jato de plasma. Vista frontal (a); vista lateral (b) e
ampliação do dispositivo gerador de plasma (c). ........................................................... 52
Figura 22: Figura de Lissajous, para a posição 1, destacandoa energia por ciclo para
tensão de 15 KV e freqüências de 600, 800 e 1000 Hz. ................................................. 53
Figura 23: Figura de Lissajous, para a posição 2, destacandoa energia por ciclo para
tensão de 10 KV e freqüências de 600, 800 e 1000 Hz. ................................................. 54
Figura 24: Figura de Lissajous, para a posição 2, destacandoa energia por ciclo para
tensão de 15 KV e freqüências de 600, 800 e 1000 Hz. ................................................. 55
Figura 25: Gráfico correlacionando a influência da tensão elétrica na formação do jato
de plasma. ....................................................................................................................... 57
Figura 26: Gráfico correlacionando a influência da frequência na formação do jato de
plasma. ............................................................................................................................ 59
Figura 27: Fotografias dos jatos de plasma produzidos na posição I. ........................... 60
Figura 28: Fotografias dos jatos de plasma produzidos na posição II. ......................... 62
Figura 29: Fotografias dos jatos de plasma produzidos na posição III. ........................ 63
Figura 30: Fotografia do jato de plasma DBD. ............................................................. 65
Figura 31: Dispositivo gerador de plasma direcionado para um disco de titânio
desligado (a) e ligado (b). ............................................................................................... 65
Figura 32: Microscopia ótica do titânio sem tratamento (a) e (c); com tratamento (b) e
(d). .................................................................................................................................. 67
Figura 33: Microscopia de força atômica na superfície de titânio: sem tratamento (a) e
com tratamento (b) e (c). ................................................................................................ 68
Listas de Tabelas
Tabela 1: Principais características do plasma LTE e não equilíbrio – lte (Moisan et al.,
1996). .............................................................................................................................. 20
Tabela 2: Parâmetros utilizadas no estudo. ................................................................... 47
Tabela 3: Análise dos gastos energéticos por ciclo de descarga e tempo. .................... 56
Lista de abreviaturas e siglas
LTE /
LET
Local ThermodynamicEquilibrium /
Local em Equilíbrio Termodinâmico
N-LTE/
LDT
Non – Local ThermodynamicEquilibrium /
Local em Desequilíbrio Termodinâmico
MHCD/
DMCO
Micro Hollowcathodedischarge /
Descarga por Micro-Cátodo Oco
DBD/
DBD
DielectricBarrierDischarge /
Descarga em Barreira Dielétrica
VD/
DV
Volumdischarge /
Descarga em volume
SD/
DS
SurfaceDischarge/
Descarga em superfície
APPJ /
JPPA
AtmosphericPressure Plasma Jet /
Jato de Plasma a Pressão Atmosférica
APNT – J /
JPNPA
Atmospheric Pressure Non-equilibrium plasma jets /
Jato de Plasma em Não equilíbrio a Pressão Atmosférica
HV/
AT
High Voltage/
Alta tensão
SD
Sem dielétrico
SE
Simples Eletrodo
Lista de símbolos
Vt(t)
Tensão em função do tempo
Va
Tensão aplicada nos eletrodos
Eel
Energia elétrica consumida
ET
Energia elétrica total
Pc
Potência consumida
fp
Frequência do pulso
tt
Tempo total de tratamento
D
Distância entre eletrodos
d
Espessura do dielétrico
eV
Elétron volt
SD
Superfície de descarga
VD
Volume de descarga
fres
Frequência de ressonância
Te
Temperatura eletrônica
Th
Temperatura do gás
Re
Número de Reynolds
Ø
Diâmetro do tubo de escoamento do gás
A
Área da seção transversal do tubo de escoamento do gás
Viscosidade dinâmica do fluido
Densidade do fluido
Q
Vazão do gás
Resumo. Pesquisas na busca por materiais com melhor desempenho para aplicações biomédicas
são constantes. Assim, estudos recentes buscam o desenvolvimento de novas técnicas para
modificações de superfícies. O plasma a baixa pressão vem se destacando pela sua versatilidade
e por ser ambientalmente correto, obtendo-se bons resultados na modificação das propriedades
físico-químicas dos materiais. Porém, esta técnica necessita de um sistema de vácuo de alto
custo e não é capaz de gerar modificações superficiais em regiões pontuais. Além disso, limita
seu uso em materiais poliméricos e termosensíveis, devido às altas temperaturas do processo.
Diante disso, foram criadas novas técnicas capazes de gerar um plasma frio a pressão
atmosférica (APPJ). Com o objetivo de realizar tratamentos superficiais em biomateriais em
regiões pontuais, foi construído um protótipo capaz de gerar um jato de plasma frio. O protótipo
gerador de plasma consiste em uma fonte de alta tensão, um braço suporte, um porta amostra e
uma ponteira por onde passa o argônio ionizado. Dentro desta ponteira existe um tubo dielétrico
e dois eletrodos. Neste estudo foram variados alguns parâmetros como: posição entre eletrodos,
tensão e frequência elétrica para verificar o comportamento das descargas luminescentes.
Tratou-se disco de titânio grau II polido e verificou-se a energia elétrica consumida,
comprimento, intensidade e modificações superficiais do titânio. A energia consumida durante
as descargas foram verificadas pelo método da figura de Lissajous. Para verificar o
comprimento dos jatos foi utilizado o software Image Pro Plus. As modificações na superfície
do titânio foram verificadas por microscopia ótica (MO) e de força atômica (MFA). O trabalho
mostrou que variações dos parâmetros de tensão, frequência e posição geométrica entre os
eletrodos influenciam na formação do jato de plasma. Foi possível concluirque o jato de plasma
próximo à temperatura ambiente e a pressão atmosférica foi capaz de provocar modificações
superficiais no titânio.
Palavras-chave: Plasma DBD, Plasma atmosférico, Plasma frio, Tratamento de biomateriais e
Modificações superficiais deTitânio.
Abstract. Research for better performance materials in biomedical applications are constants.
Thus recent studies aimed at the development of new techniques for modification of surfaces.
The low pressure plasma has been highlighted for its versatility and for being environmentally
friendly, achieving good results in the modification of physic chemical properties of materials.
However, it is requires an expensive vacuum system and cannot able to generate superficial
changes in specific regions. Furthermore, it is limits their use in polymeric materials and
sensitive terms due to high process temperatures. Therefore, new techniques capable of
generating cold plasma at atmospheric pressure (APPJ) were created. In order to perform
surface treatments on biomaterials in specific regions was built a prototype capable of
generating a cold plasma jet. The prototype plasma generator consists of a high voltage source,
a support arm, sample port and a nozzle through which the ionized argon. The device was
formed to a dielectric tube and two electrodes. This work was varied some parameters such as
position between electrodes, voltage and electrical frequency to verify the behavior of glow
discharges. The disc of titanium was polished and there was a surface modification. The power
consumed, length, intensity and surface modifications of titanium were analyzed. The energy
consumed during the discharges was observed by the Lissajous figure method. To check the
length of the jets was realized with Image Pro Plus software. The modifications of the titanium
surfaces were observed by optical microscopy (OM ) and atomic force microscopy (AFM ). The
study showed that variations of the parameters such as voltage, frequency and geometric
position between the electrodes influence the formation of the plasma jet. It was concluded that
the plasma jet near room temperature and atmospheric pressure was able to cause modifications
in titanium surface.
Key words: Plasma DBD, atmospheric plasma, cold plasma, biomaterials treatment and surface
modification of titanium
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Pesquisas na busca por materiais de melhor desempenho para aplicações biomédicos são
constantes. Assim,estudos recentes têm como objetivo o desenvolvimento de novas técnicas
para modificações de superfície. As pesquisas na área de plasma em baixa pressão vem se
destacando pela sua versatilidade e por ser ambientalmente correta, obtendo-se bons
resultados na modificação das propriedades físico-químicas de materiais (Alves Jr et al.,
2005). Porém, esta técnica necessita de um sistema de vácuo de alto custo e complexo (Li et
al., 2013).
Diante disso, foram desenvolvidos vários dispositivos geradores de jatos de plasma a
pressão atmosférica (APPJ) capazes de promover modificação em materiais termosensíveis e
não termosensíveis (Mariotti e Sankaran, 2010; Lu, Laroussi e Puech, 2012). Entre elas
podemos destacar quatro categorias, jato sem dielétrico (SD), jato em descarga por barreira
dielétrica (DBD), jato DBD-like e jato com simples eletrodo (SE) (Lu, Laroussi e Puech,
2012).
Dentre elas, a técnica com configuração DBD e DBD-like se destacam em aplicações
biomédicas por operar com descargas uniformes e temperatura próxima à atmosférica (Park
et al., 2012). Isso se deve ao fato de que o plasma formado não está em equilíbrio
termodinâmico. Embora a temperatura eletrônica seja alta, a temperatura média do gás é
próxima da temperatura ambiente (300K) (Choi et al., 2009). Dessa forma, a maior parte da
energia fornecida ao plasma é usada para produzir uma alta densidade de espécies
quimicamente reativas (Hong et al., 2013). Assim pode-se, modificar e esterilizar uma
superfície sem alterar a estrutura interna dos materiais (Santos, 2010). Outra vantagem desta
técnica é a possibilidade de se produzir o plasma em forma de jato, capaz de realizar,
pontualmente, o tratamento da superfície de forma eficiente, reduzindo desperdícios de
energia (Kogelschatz, 2003).
A técnica DBD trabalha com pulsos de voltagem na faixa de 5 a 40 kV e frequências
entre 0,05 a 80 kHz (Eliasson e Kogelschatzu, 1991; Napartovich, 2001), aplicada entre dois
eletrodos onde pelo menos um é revestido com material dielétrico (Lu, Laroussi e Puech,
2012). No momento em que a tensão de ruptura é alcançada, várias microdescargas se
distribuem na superfície do dielétrico dando origem ao plasma DBD, em regime filamentar.
Quando essas microdescargas são mais numerosas, homogêneas e distribuídas dão origem
ao plasma DBD em regime difuso (Pietsch, 2001).
A configuração DBD-like apresenta uma particularidade por poder mudar a forma das
16
INTRODUÇÃO
descargas com a mesma configuração. Desta forma, dispositivos configurados nessa
categoria podem operar no regime DBD e pode mudar para o regime de descarga sem
dielétrico (SD) dependendo do material a ser tratado. Caso o material seja não condutor
elétrico o regime funciona no regime DBD e caso seja um condutor elétrico o regime muda
para SD (Lu, Laroussi e Puech, 2012). O regime DBD é indicado para materiais
termosensíveis e o SD para materiais não termosensíveis. Assim, com uma mesma
configuração é possível operar com características distintas e apropriadas para cada situação
(Lu, Laroussi e Puech, 2012).
Porém, novas pesquisas relacionadas ao domínio e compreensão dos mecanismos
químicos, físicos e biológicos necessitam ser realizados (Fridman et al., 2008; Yousfi et al.,
2013).
Com o objetivo de realizar tratamentos superficiais em biomateriais foi construído um
protótipo capaz de gerar um jato de plasma frio a pressão atmosférica. Observou-se a
influência de vários parâmetros (posicionamento entre os eletrodos, tensão e frequência de
alimentação) na formação e uniformidade do jato luminescente. Caracterizou-se o protótipo
eletricamente utilizando a figura de Lissajous. Caracterizou-se a intensidade e o
comprimento dos jatos de plasma. Validou-se o dispositivo através do tratamento superficial
em disco de titânio grau II.
17
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Plasma
O plasma é o quarto estado da matéria e constitui cerca de noventa e nove porcento
do universo. O termo “plasma” se aplica a um gás contendo espécies neutras e
eletricamente carregadas como elétrons, íons positivos, íons negativos, átomos e
moléculas (Alves Jr, 1995). O plasma pode ser caracterizado, também, por ser por um
conjunto de partículas, caregadas e neutras, quase-neutra, e que exibe um
comportamento coletivo. É caracterizado por um parâmetro λD distância de Debye em
cm, igual a 6,9 (T/N)1/2 onde T é a temperatura em Kelvin e N é o total das partículas
na esfera de Debye dado em partículas/cm3. E que λD << L e N >> 1. L é a dimensão
característica do meio confinado. Ele pode ser produzido em laboratório através da
aplicação de uma diferença de potencial entre dois eletrodos. Quando uma diferença de
potencial é aplicada em um sistema hermeticamente fechado e a uma pressão
suficientemente baixa, elétrons e íons são acelerados pelo campo elétrico, colidindo com
outras partículas e produzindo o plasma (Alves Jr, 1995). A partir da fonte energética e
da quantidade de energia transferida para o plasma, suas propriedades podem mudar em
termos da densidade eletrônica ou temperatura (Tenderoet al., 2006). Na média, um
plasma é eletricamente neutro porque qualquer desbalanceamento de carga resultará
em campos elétricos que tendem a mover as cargas de modo a restabelecer o equilíbrio.
Como resultado disso, a densidade de elétrons mais a densidade de íons negativos deve
ser igual à densidade de íons positivos.
Existe uma distinção entre o plasma em equilíbrio termodinâmico local (Local
Thermodynamic Equilibrium (LTE)) e o Plasma em não equilíbrio termodinâmico(Non
– Local Thermodynamic Equilibrium (N - LTE)).
No plasma LTE, as transições e reações químicas são regidas por colisões e não por
processos radioativos. Além disso, os fenômenos de colisão têm que ser pontualmente
reversível (Moisan et al., 1996). Quando em equilíbrio, existe um elevado número de
colisões elásticas entre elétrons e espécies neutras, levando à proximidade do equilíbrio
térmico entre todas as espécies, de modo que este tipo de plasma também é chamado de
18
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
plasma térmico. Devido à alta temperatura média, esse plasma, é utilizado em processos
industriais como soldagem, corte e destruição de resíduos (Lovascio, 2010).
No plasmaN - LTE os elétrons de elevada energia estão envolvidos em algumas
colisões elásticas, enquanto que a maioria resulta em eficazes colisões inelásticas,
produzindo espécies excitadas, radicais e íons. As partículas pesadas, se comparadas
com os elétrons, podem ser consideradas estática, pois sua temperatura de translação
permanece próximo do ambiente (~ 300 K). Como as partículas pesadas são as espécies
mais abundantes no plasma, a temperatura do plasma em não equilíbrio pode ser
chamadade plasma frio. Esses tipos de plasma são amplamente utilizadospara
modificação de superfície em materiais termicamente instáveis e têm encontrado
aplicação também no controle da poluição, na remoção de compostos orgânicos
voláteis, na geração de ozônio e lâmpadas (Conrads e Schmidt, 2000). O plasma pode
ser descrito através da: temperatura eletrônica ( ) ou da temperatura do gás (
). A
tabela 1 mostra características do plasma atmosférico LTE e não LTE.
Uma das características atrativas do plasma atmosférico no estado de não equilíbrio
termodinâmico (N – LTE) é o seu caráter químico, produzido pela abundância de
espécies ativas, sem a necessidade de temperaturas elevadas do gás.
19
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tabela 1:Principais características do plasma LTE e não equilíbrio – LTE (Moisan et al., 1996).
PLASMA LTE
PLASMA NÃO - LTE
Nome usual
Plasma quente
Plasma frio
Propriedades
Te
Te>>
Alta densidade eletrônica:
Baixa densidade eletrônica:
1021 – 1026 m -3
< 1019 m-3
As colisões inelásticas entre os elétrons e as Colisões
inelásticas
entre
partículas criam espécies ativas no plasma elétrons e partículas gera uma
enquanto as colisões elásticas aquecem as atmosfera rica quimicamente.
partículas (energia perdida pelos elétrons)
Exemplos
TOCHA A PLASMA
PLASMA APPJ
T e=
Te~10000 – 100000 K
~ 10000K
~300 – 1000 K
Recentemente, a obtenção de plasmas não térmicos, à pressão atmosférica, foi
alcançado. Essa condição foi recebida de forma positiva por não necessitar de sistemas
de vácuo que encarecem e limitam a escala dos processos. O plasma que trabalha em
baixa pressão, além de necessitar de um sistema de vácuo, geralmente trabalha com
elevadas temperaturas e não pode tratar diretamente um material em uma região
pontual, diferentemente do jato de plasma frio a pressão atmosférica. Assim, na última
década, grande atenção tem sido dada à tecnologia de plasma atmosférico, pois ele pode
superar algumas desvantagens presentes no plasma quente (Napartovich, 2001;
Alexandrov e Hitchman, 2005; Fridman, Chirokov e Gutsol, 2005; Tendero et al.,
2006).
20
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.2 Descarga em Barreira Dielétrica (DBD)
A descarga em barreira dielétrica (DBD) tem uma longa história. Sua descoberta é
atribuído a Werner von Siemens, que em 1857 desenvolveu um novo tubo de descarga
para produção de ozônio (Kogelschatz, 2003).
A descarga em barreira dielétrica ocorre quando uma alta tensão é aplicada na
região entre dois eletrodos metálicos quando pelo menos um dielétrico é inserido entre
os mesmos para formar o plasma (Laroussi e Akan, 2007). Quando a diferença de
potencial é aplicada entre os eletrodos, cargas elétricas acumulam-se na superfície do
dielétrico até romper a rigidez dielétrica do gás e do tubo dielétrico provocando uma
microdescarga. Nesse momento um campo elétrico pontual, que originou a descarga,
diminui e o microfilamento se extingue. A ruptura elétrica do gás que preenche o espaço
entre os eletrodos leva a formação de um grande número de microdescargas que têm
diâmetro da ordem de 10-4 m. Estas duram alguns nano segundos e se distribuem
uniformemente sobre a superfície do dielétrico
(Kogelschatz, 2002). Uma
microdescarga é governada por processo de ionização, excitação atômica e molecular
que se desenvolve do ânodo para o cátodo (Wagner et al., 2003). Para assegurar um
funcionamento estável do plasma, a distância entre os eletrodos é limitada a poucos
milímetros.
A descarga pode ser ativada por uma fonte de alimentação senoidal (Jimenez et al.,
2002) ou pulsada (Jürgen, 1996).Como os valores de voltagem são bastante elevados, os
microfilamentos de plasma surgem em diversos pontos aleatórios da superfície do
dielétrico. Todo esse processo irá se repetir a cada meio ciclo do pulso de tensão
aplicada entre os eletrodos, gerando de forma macroscópica na superfície do dielétrico o
plasma DBD (Kogelschatz, Eliasson e Egli, 1997; Bogaerts et al., 2002; Laroussi e
Akan, 2007).
O dielétrico é imprescindível para o funcionamento de um dispositivo DBD, pois
limita a corrente na descarga e a distribui sobre toda a área dos eletrodos, evitando a
formação de arcos (Parket al., 2007; Rocha, 2009). Essa descarga constitui um método
seguro e econômico de gerar plasma não térmico a pressão atmosférica (Eliasson e
Kogelschatzu, 1991). Recentemente dois tipos de arranjos para plasma DBD foram
desenvolvidos: descarga em volume (VD) e descarga em superfície (SD). As
21
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
propriedades da descarga de volume e da descarga de superfície no DBD são diferentes.
A descarga de volume é caracterizada por iniciar em um campo uniforme com uma
lacuna de gás fixa, enquanto a descarga em superfície propaga-se em um campo não
uniforme do eletrodo ao longo da superfície do dielétrico. Os padrões de intensidade
luminosa, espécies ativas, radicais e íons do plasma são dependentes da composição dos
gases, pressão, configuração da descarga, distância entre eletrodos, frequência, tensão
aplicada e da polaridade do campo elétrico (Xu, 2001; Souza, 2013).
Existem basicamente dois regimes diferentes de operação para o plasma DBD: O
regime filamentar e difuso. Na maior parte das aplicações industriais, as descargas
produzidas pela técnica DBD são geradas no modo filamentar (Santos, 2010). Porém,
no regime difuso conhecido como “descarga luminescente”, a descarga é mais
homogênea, sem a formação de arcos. Essa condição especial de operação é
determinada pelo gás de operação, distância entre eletrodos, tensão e frequência do
pulso de tensão (Souza, 2013). Estas descargas são obtidas mais facilmente em gases
como hélio, neônio e nitrogênio (Síra et al., 2008). Portanto, o uso destes gases é
vantajoso para tratamento e esterilização de materiais, pois o plasma gerado por
excitação e/ou ionização garante a uniformidade e facilidade de gerar o plasma em
regime difuso (Rocha, 2009).
Entretanto, se houver a concentração de impurezas no ambiente da descarga ou
instabilidade dos parâmetros de operação, poderá levar a descarga ao regime filamentar
que em determinadas aplicações não é interessante (Wagner et al., 2003; Borcia,
Anderson e Brown, 2004).
As propriedades químicas das descargas do plasma não térmico são determinadas
através das colisões entre elétrons e outros componentes do gás de trabalho. Tanto na
pressão atmosférica como, também, em baixa pressão, as reações químicas são
principalmente iniciadas pelo impacto de elétrons com oxigênio e nitrogênio. Os
produtos básicos destas colisões são o oxigênio atômico, oxigênio metaestável e o
nitrogênio, com colisões reativas subsequentes que produzem uma mistura de espécies
neutras, iônicas e/ou excitadas (Gaunt, Beggs e Georghiou, 2006). A aplicação da
voltagem em pulsos em faixas de submicrosegundos em plasmas DBD aumenta o
potencial químico das descargas (Liu e Neiger, 2001; Laroussi et al., 2004; Laroussi e
Lu, 2005). O plasma produzido nesta configuração geram radicais altamente reativos
22
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
(OH e oxigênio atômico) que são oxidantes e desta forma muito eficiente para a
inativação bacteriana (Liu e Neiger, 2001; Laroussi et al., 2004; Laroussi e Lu, 2005).
Assim, os jatos de plasma DBD apresentam varias vantagens. Em primeiro lugar,
devido à baixa potência entregue ao plasma, a temperatura do jato permanece próxima a
do ambiente. Em segundo lugar, devido à utilização do dielétrico não existe formação
de arcos. Esse plasma, também, apresenta uma grande densidade de espécies
quimicamente ativas (Laroussi e Lu, 2005). Essas condições são muito importantes para
aplicações na área biomédica (Lu, Laroussi e Puech, 2012).
Todos esses fatores conferem ao plasma produzido por DBD um grande número de
aplicações, incluindo a produção de ozônio, tratamento de gases poluentes e resíduos
tóxicos, excitação de lasers de CO2, esterilização de materiais, deposição de filmes finos
e modificação de superfícies (Eliasson e Kogelschatzu, 1991; Wagner et al., 2003;
Borcia, Anderson e Brown, 2004; Kogelschatz, 2004; Wang e He, 2006).
2.3 Configurações para a produção do Jato de plasma APNP -J
Vários tipos de jato de plasma a pressão atmosférica em não equilíbrio térmico
(APNP-J) com diferentes configurações têm sido estudados, onde são usados
essencialmente gases nobres com a possibilidade de usar um pequeno percentual de gás
reativo, como O2. Jatos de plasma operado com gases nobres podem ser classificados
em quatro categorias, jato sem dielétrico (SD), jato em descarga por barreira dielétrica
(DBD), jato DBD-like e jato com um simples eletrodo (SE) (Lu, Laroussi e Puech,
2012).
2.3.1
Jato sem dielétrico (SD)
O dispositivo mostrado na figura 1 denominado como jato SD, pois não apresenta
nenhum componente dielétrico. O mesmo foi formado por um eletrodo interno ligado a
fonte de alimentação a rádio frequência (RF) e um eletrodo cilíndrico externo aterrado.
O dispositivo, mostrado na figura 1, foi alimentado por uma mistura de Hélio e gases
reativos entre os dois eletrodos (Babayan et al., 1998).
23
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 1: Desenho esquemático do jato SD (Babayan et al., 1998).
Para essa configuração se fez necessário à utilização de arrefecimento e a
temperatura do jato varia entre 50°C e 300°C, dependendo da intensidade da fonte RF.
Várias características do jato SD são evidenciadas, a presença de arcos na formação das
descargas quando não são usadas misturas de gases e alimentação de tensão ideal.
Comparando com as fontes usadas pelos jatos DBD e DBD-like, a potência fornecida
aos jatos SD é muito maior. Devido à alta potência fornecida, a temperatura do jato de
plasma é bastante elevada e fora do intervalo aceitável para aplicações biomédicas. Por
outro lado, a potência relativamente elevada pode entregar mais energia ao jato
tornando-o muito reativo. Este tipo de jato de plasma é adequado para aplicações de
tratamento de materiais não sensíveis a temperaturas (Lu, Laroussi e Puech, 2012).
2.3.2
Jato em descarga por barreira dielétrica (DBD)
Para jatos de plasma produzidos a partir de descargas por barreira dielétrica (DBD)
existem muitas configurações diferentes, como pode ser observado na figura 2.
24
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2: Desenho esquemático dos tipos de jato de plasma DBD (Lu, Laroussi e Puech, 2012).
A figura 2 (a) foi reportada pela primeira vez por (Teschke et al., 2005), onde o
dispositivo consiste em um tubo dielétrico com dois eletrodos de metal na forma de anel
colocados sobre a parte externa do tubo dielétrico. Inserindo um fluxo de gás dentro do
tubo dielétrico e ligando estes eletrodos em uma fonte de alta tensão (HV), um jato de
plasma será formado. O jato de plasma DBD produzido possui a temperatura próxima a
ambiente. A velocidade do gás na saída dos dispositivos são inferiores a 20 m.s-1. O jato
de plasma estudado mostrou-se homogêneo (Teschke et al., 2005). Os autores (Lu,
Laroussi e Puech, 2012) acreditam que o campo elétrico desempenha um papel
importante para a propagação do jato de plasma.
A figura 2 (b) elimina um eletrodo na forma de anel diminuindo a intensidade de
descargas dentro do tubo dielétrico (Li et al., 2009). A figura 2 (c) substitui um eletrodo
na forma de anel por um eletrodo central na forma de haste que é envolvido por um tubo
dielétrico com sua extremidade direita fechada (Lu, X. et al., 2008). Assim, a interação
do campo elétrico ao longo do dispositivo é acrescida. Estudos mostraram que um alto
campo elétrico ao longo do dispositivo de plasma é favorável para a geração de jatos
longos e mais ativos quimicamente (Walsh e Kong, 2008)
25
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A figura 2 (d) mostra uma configuração estudada por (Lu, Xinpei et al., 2008), onde
foi removido o eletrodo na forma de anel que era aterrado, mesma condição encontrada
na figura 2 (b) e em ambas as condições que apresenta apenas um eletrodo a descarga
dentro do tubo é enfraquecida. As descargas mais intensas dentro do tubo dielétrico
foram os casos mostrados na figura 2 (a) e (c) condições essas que favoreceram a
geração de mais espécies reativas (Lu, Laroussi e Puech, 2012). A configuração da
figura 2 (e) desenvolvida por (Laroussi e Lu, 2005) foi um forma diferente dos
dispositivos de jato DBD antes estudados. Os dois eletrodos na forma de anel foram
centralizados e fixados na superfície de dois discos dielétricos furados. Os furos dos
discos apresentavam diâmetro de aproximadamente 3 mm. A distância entre os dois
discos foi de aproximadamente 5 mm. Para essa configuração foi possível obter vários
centímetros de jato de plasma (Lu, Laroussi e Puech, 2012). Todos os dispositivos
geradores de plasma discutidos anteriormente podem ser excitados por fonte AC em
KHz ou DC pulsada.
Assim, os jatos de plasma DBD apresentam varias vantagens. Em primeiro lugar,
devido à baixa potência entregue ao plasma, a temperatura do jato permanece próxima a
do ambiente. Em segundo lugar, devido à utilização do dielétrico não existe formação
de arcos. Essas duas condições são muito importantes para aplicações na área biomédica
(Lu, Laroussi e Puech, 2012).
2.3.3
Jato em descarga por barreira dielétrica(DBD-Like)
Os dois dispositivos mostrados na figura 3 são chamados de jato de plasma DBDlike. Esse tipo de configuração apresenta um comportamento dual. Onde no mesmo
dispositivo gerador de plasma pode-se operar em dois regimes distintos (Lu, Laroussi e
Puech, 2012).
Figura 3: Desenho esquemático dedispositivos de jato de plasma DBD – like (Lu, Laroussi e
Puech, 2012).
26
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Quando o jato de plasma não entra em contato com nenhum objeto condutor
elétrico, a descarga é configurada como jato DBD. Entretanto, quando o jato de plasma
está em contato com um objeto condutor elétrico, a descarga passa direto do eletrodo
HV para o objeto condutor. Para tal circunstância, ele não é mais caracterizado como
um jato DBD e sim como um jato sem dielétrico (SD) (Lu, Laroussi e Puech, 2012).
A figura 3 (b) substitui o eletrodo HV sólido por um eletrodo cilíndrico (figura 3
(a)) (Leveille e S., 2005; Shashurin et al., 2009). O benefício desse tipo de configuração
é a possibilidade de usar dois diferentes gases de alimentação, além de poder trabalhar
em duas condições distintas. O papel e vantagem do eletrodo de anel nas figuras 3 (a) e
(b) é o mesmo que no caso dos jatos de plasma DBD (Lu, Laroussi e Puech, 2012).
Quando os jatos de plasma DBD-like são usados para aplicações na medicina, o
objeto a ser tratado pode ser células ou tecido. Neste caso, estes tipos de dispositivos de
jato devem ser usados com cuidado devido ao risco de formação de arco. Porém, essa
configuração pode ser usada para tratar materiais condutores, pois mais energia pode ser
entregue na formação das descargas. Então, os jatos DBD-like possuem suas vantagens
pela possibilidade de alcançar aplicações tanto para tratamento de materiais
termosensíveis quanto para materiais não termosensíveis (Lu, Laroussi e Puech, 2012).
Os dispositivos mostrados na figura 3 podem ser excitados por uma fonte de tensão AC
em KHz, por radio frequência (RF) ou por uma fonte dc pulsada (Lu, Laroussi e Puech,
2012).
2.3.4
Jato com um simples eletrodo (SE)
Os desenhos esquemáticos das configurações dos jatos com um simples eletrodo
(SE) são mostrados na figura 4. As figuras 4 (a) e 4 (b) são similares aos jatos DBD-like
exceto pela falta do eletrodo na forma de anel sobre a parte externa do tubo dielétrico.
Os dispositivos mostrados na figura 4 podem ser excitados por uma fonte de tensão AC
em KHz, por radio frequência (RF) ou por uma fonte dc pulsada (Lu, Laroussi e Puech,
2012).
27
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 4: Desenho esquemático de dispositivos de jato de plasma DBD – like (Lu, Laroussi e
Puech, 2012).
Por causa do risco de arcos as configurações mostradas na figura (a) e (b) não são as
melhores para aplicações biomédicas (apenas por questões de segurança) (Stoffels,
Kieft e Sladek, 2003). Para resolver esse problema foi desenvolvido um dispositivo
similar ao jato de plasmas SE, como pode ser observado na figura 4 (c) (Lu et al.,
2009). O capacitor e o resistor possuem cerca de 50 pF e 60 KΩ, respectivamente. O
resistor e o capacitor são usados para controlar a corrente e tensão das descargas no
eletrodo cilíndrico. Esse dispositivo foi alimentado por uma fonte de tensão dc pulsada
com frequência de 10 KHz e amplitude de tensão de 8 kV. A vantagem dessa
configuração de jato de plasma é pela capacidade de poder tocar o jato de plasma ou o
eletrodo cilíndrico sem qualquer risco de choque, tornando o seu uso adequado para
aplicações biomédicas (Lu, Laroussi e Puech, 2012).
2.4 Parâmetros que influenciam o jato de plasma
O comprimento do jato de plasma depende de vários parâmetros, tais como,
material, disposição entre eletrodos, tipo e velocidade do gás e fonte de tensão elétrica
(Jarrige, Laroussi e Karakas, 2010).
2.4.1
Material e disposição entre eletrodos
As características de descarga mudam para eletrodos com diferentes materiais. Para
chegar a essa conclusão os pesquisadores geraram figuras de Lissajous para dispositivos
28
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
geradores de plasma com eletrodos de alumínio, de aço inoxidável e água (Wang,
Zhang e Wang, 2012). O estudo mostrou que para a mesma energia de entrada houve
diferentes medições de cargas para os eletrodos estudados. Essa diferença gerou figuras
de Lissajous com diferentes formatos. A área da figura de Lissajous discutida é o valor
correspondente à energia da descarga consumida pelo dispositivo. O eletrodo de água
foi o que consumiu a menor quantidade de energia seguido do Alumínioe de aço inox
(Wang, Zhang e Wang, 2012).
Outro fator que influência na formação do jato de plasma é a configuração do
dispositivo gerador de jato de plasma, que permite a interação do gás com o campo
elétrico, em direção perpendicular ou axial ao sentido de escoamento do gás.
Para ambos os casos foram estudados e comparados o desempenho na formação do
jato com os mesmos parâmetros de potência, gás e vazão de fluxo. A interação do
campo elétrico de forma perpendicular à direção de passagem do fluxo de gás produziu
um plasma confinado entre os eletrodos diminuindo o tamanho e a intensidade do jato
na saída do dispositivo. Para o campo elétrico de forma linear, no sentido axial ao fluxo
do gás, foi obtido um comprimento e intensidade maior na saída do jato. Desta forma,
um dispositivo configurado com um campo elétrico linear é o mais indicado, pois é o
que produz uma maior intensidade de espécies ativas na saída dos dispositivos
geradores de plasma (Walsh e Kong, 2008; Li et al., 2013).
2.4.2
Regimede escoamento do gás
Segundo, Xian et al., 2012, existem evidências que mostram a influência do fluxo
do gás na dinâmica do jato gerado. Pode-se afirmar, também, o aumento da taxa do
fluxo do gás, até um valor crítico, é produzido um aumento no comprimento da
descarga gerada na saída do dispositivo (Jiang, Ji e Cao, 2009; Li et al., 2009; Li et al.,
2013).
Estudos revelaram que o regime de escoamento do gás no interior do tubo tem um
papel importante para a formação do jato na saída do dispositivo gerador de plasma.
Onde o escoamento no regime laminar possibilita a formação de um jato de plasma
mais longo e uniforme (Shaoet al., 2011). O número de Reynolds determina o regime
29
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
do escoamento do gás em laminar ou difuso. Assim, é importante especificar o fluxo do
gás de trabalho ideal, para produzir um escoamento no regime laminar.
O número de Reynolds pode ser calculado de acordo com a equação (1)
Onde
m3/s),
é a densidade do gás (1,6228 Kg/m3), Q é a taxa do fluxo de argônio (em
é o diâmetro do tubo (m), A é a área da seção transversal do tubo onde passa o
fluido e
é a viscosidade dinâmica do gás (2,12x10-5N.s/m2). O número de Reynolds
crítico é de aproximadamente 2320 para determinar se o regime do fluido que passa
pelo tubo é laminar ou turbulento (Shaoet al., 2011).
Quando o escoamento do fluido é caracterizado no regime laminar, a concentração
de átomos e/ou moléculas do gás dentro do tubo é direcionada e apresenta uma maior
capacidade de ionizar e injetar para fora do dispositivo. Quando o número de Reynolds
ultrapassa o valor crítico o fluido apresenta vórtices instáveis e o fenômeno turbulento é
estabelecido. Desta forma, o fluxo do gás de trabalho não escoa pelo tubo na direção
axial e essa condição não é favorável para a propagação do jato de plasma (Li et al.,
2009; Shao et al., 2011).
O jato de plasma a pressão atmosférica não é um jato contínuo, mas sim pulsos
luminosos. Uma alta energia e um grande número de excitação e ionização de partículas
são transportados em pulsos sob uma tensão mais elevada. Assim, é alcançado um
comprimento mais longo no APPJ (Shaoet al., 2011).
2.4.3
Fonte de tensão elétrica
O tipo de tensão elétrica possui um efeito significativo na formação dos jatos de
plasma. A forma de alimentação pode definir características específicas aos jatos de
plasma. Desta forma, pode ser controlado o comprimento, intensidade e temperatura dos
jatos (Ye e Zheng, 2008; Li et al., 2013).
Em 1988 o uso de uma fonte dc para excitar o jato de plasma foi investigado e os
resultados mostraram que os jatos eram gerados na forma de arco. Verificou-se que a
30
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
temperatura do gás aumentou ao ponto de ser necessário o uso de um sistema de
refrigeração a água. Assim, houve a necessidade de buscar uma fonte energética capaz
de produzir jatos reativos, mas capazes de tratar materiais termicamente sensíveis sem
provocar danos estruturais. Portanto, foram usadas novas tecnologias capazes de
solucionar esses problemas. Onde, foi estudado e comparado o uso de uma fonte de
tensão a rádio frequência (RF), operando em baixa freqüência, para a geração de jatos
de plasma. Os resultados mostraram que os jatos de plasma excitados com baixa
frequência gerou um longo jato de plasma a baixa temperatura (Kim et al., 2007).
Também, foram realizados estudos com uma fonte elétrica para ionizar o gás através de
micro-ondas e foi verificada a geração de um jato denso e quente (Arnoult et al., 2008).
Comumente, as faixas de frequência de alimentação de fontes de tensão são
divididas em faixas de baixa frequência, radio frequência e micro-onda. Estudos
compararam as três formas de alimentação e foi verificado que os jatos de plasma
ionizados com fonte operando em baixa frequência obtiveram jatos longos e com
temperaturas baixas. Os jatos produzidos com micro-ondas obtiveram jatos não
recomendados para tratamento de matérias termosensíveis devido a sua temperatura
(Arnoult et al., 2008).
Para fontes geradoras de jato de plasmas a pressão atmosférica em estado de não
equilíbrio (APNP-J), os elétrons comparados com os íons e moléculas e/ou átomos do
gás possuem mais energia podendo gerar muitos radicais reativos quimicamente.
Durante o processo, os elétrons com alta energia podem transferir momento para os
átomos e moléculas do gás através de colisões inelásticas que pode levar ao aumento da
temperatura. E desta forma, a alta temperatura pode gerar danos ao material tratado. A
solução para evitar o aumento da temperatura do gás foi operar no regime pulsado (Kim
et al., 2007; Arnoult et al., 2008; Walsh e Kong, 2011). Esse comportamento pode ser
atribuído a dois fatores. O primeiro é pela descarga terminar antes dos elétrons terem
tempo suficiente para transmitir energia para as moléculas e/ou átomos do gás. O
segundo é o resfriamento do gás entre os intervalos de descarga (Li et al., 2013).
Usualmente, fontes de tensão elétrica caras são utilizadas para gerar descargas
pulsadas. As fontes de tensão elétrica por Rádio frequência no modo pulsada, são
usadas para diminuir a alta temperatura do gás (Walsh e Kong, 2007). Em frequências
mais baixas, excitadas através de pulsos em sub-microsegundo (Machala, Jedlovsky e
31
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Martisovits, 2008) ou nanosegundo (Janda, Martisovits e Machala, 2011) foram usadas
para diminuir a temperatura do jato de plasma. Onde é recomendável a produção de
jatos através de pulsos produzidos a partir de fonte elétrica dc, pois são mais
econômicas e convenientes.
2.5 Método da figura de Lissajous
O método da figura de Lissajous pode ser utilizado para a caracterização elétrica de
uma descarga em barreira dielétrica, pois, fornece dados precisos da energia elétrica
consumida no processo e potência do sistema DBD (Rosenthal e Davis, 1975). A figura
de Lissajous são geradas pela carga transportada para um capacitor ligado em série com
a saída do reator em função da tensão aplicada ao sistema. A figura 5 mostra de forma
esquemática como se podem obter as figuras de Lissajous. O valor da carga em função
do tempo
é obtido medindo a diferença de potencial também em função do tempo
no capacitor , e é calculado usando a equação 2.
Figura 5: Desenho esquemático do arranjo experimental para análises elétricas de reatores
DBD (Kostov et al., 2010).
32
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Onde
circuito e
é a tensão medida no capacitor,
é a capacitância do capacitor utilizado no
a carga calculada em função do tempo. A figura 6 é uma ilustração de um
paralelogramo, figura típica formada neste tipo de descarga, e que pode ser subdividida
em quatro regiões bem definidas, são elas: a região AB, BC, CD e DA.
A primeira informação importante que podemos obter dessa figura é a energia
elétrica
, consumida no processo de produção de plasma, que é dada pelo cálculo da
área interna no paralelogramo (Rosenthal e Davis, 1975) obtida pela integral abaixo,
equação 3.
∫
Onde
∫
é a voltagem aplicada nos eletrodos e
é um elemento infinitesimal de
carga acumulada no capacitor C.
Segundo Wang, a potência consumida
é outro parâmetro conseguido através das
figuras de Lissajous, este valor é obtido multiplicando a energia elétrica
frequência
pela
do pulso de tensão aplicada (Wang et al., 2010), como demonstrado pela
equação 4.
∫
.
Figura 6: Figura de Lissajous Q-V de uma DBD (Santos, 2010).
33
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para aplicações industriais, outro dado importante a ser mencionado é a energia total
, consumida num determinado tratamento, pois esse dado permite avaliar se é viável
ou não a modificação superficial com a técnica utilizada (Souza, 2013). Para
tratamentos com jatos DBD, o método da figura de Lissajous também permite obter este
dado, multiplicando diretamente o valor da potência pelo tempo do tratamento
,
equação 5.
∫
34
MATERIAIS E MÉTODOS
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para uma melhor execução do dispositivo o capítulo materiais e métodos foi
dividido em cinco etapas. Na primeira etapa realizou-se o desenho e construção de uma
fonte de alta tensão. Na segunda etapa foi desenvolvido o desenho, construção e
montagem das partes mecânicas do protótipo. Na terceira etapa analisou-se a influência
da tensão, frequência e posição dos eletrodos na formação do jato de plasma. Na quarta
etapa realizou-se um tratamento com o jato de plasma na superfície de titânio para
verificação dos efeitos. Por fim, foram feitas caracterizações elétricas, avaliações no
comprimento dos jatos e caracterizações no disco de titânio para verificar as possíveis
modificações.
Figura 7: Fluxograma esquemático do experimento.
3.1 Desenho, construção e montagem de uma fonte de tensão
A fonte de Alta Tensão pulsada ou do inglês High Voltage (HV) foi motivada pelo
trabalho apresentado por (Braga, 1986) e foi desenvolvida em parceria com a empresa
POTYCHIP TECNOLOGIA LTDA. O desenho esquemático final do circuito eletrônico
pode ser visualizado na figura 8.
35
MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 8: Esquemático do circuito da fonte HV.
36
MATERIAIS E MÉTODOS
O fusível (F1) está em série com o transformador (TR1). Para esse circuito o fusível
(F1) foi dimensionado para 0,4A. Para ligar e desligar o circuito utilizou-se a chave
(SW1). Utilizou-se um transformador 12 +12 V para converter a tensão de 220V em
12V para alimentar o circuito da fonte HV.
Utilizou-se o diodo (D1) junto com o capacitor eletrolítico (C1) para retificar a
tensão de saída do transformador. O resistor (R1) foi inserido para limitar a corrente do
led (D3) que foi inserido para indicar quando a fonte estiver ligada. O resistor (R2) e o
potenciômetro (RV1) estão ligados em série com o objetivo de controlar a tensão na
base do transistor (Q2). Através do potenciômetro (RV1) é possível fazer um controle
da tensão na base do transistor Q2, controlando, assim, a corrente de saída do transistor
(Q1) e, consequentemente a tensão de saída final desejada na bobina (TR2).
Utilizou-se o capacitor cerâmico (C2) para eliminar ruídos ou instabilidades na base
do transistor (Q2). Ligou-se os transistores de potência (Q1) e (Q2) fazendo uma
conexão Darlington com o objetivo de formar uma fonte de corrente. O resistor (R9) foi
usado para quantificar a corrente de saída do transistor (Q1).
Os resistores R3, R4, R5, R6, R7, R8 juntamente com os capacitores C4, C5 e C6,
os transistores Q3 e Q4 e o potenciômetro RV2 compõem o circuito do estável, o qual
cria pulsos para a base do transistor Q5. O circuito foi dimensionado para operar
compulsos de frequência na saída de 500Hz a 1,3 Khz podendo ser ajustada pelo
potenciômetro RV2.
Os transistores Q5 e Q6 foram ligados de forma a controlar a corrente que passa
pela bobina, e por sua vez, está sendo controlado pelos pulsos do estável. Quando o
estável informava um nível alto para a base do transistor Q5, a corrente que deixava o
transistor Q1 passava pela bobina e prosseguia até o terra, pois o transistor Q6 estava
conduzindo. Quando o estável passou para nível baixo, os transistores Q5 e Q6 não
conduzem, e a corrente na bobina reduziu subitamente, provocando uma elevada tensão
eletromotriz.
Adicionou-se um cooler's para resfriar os transistores Q6 e Q1 que foram fixados a
aletas fora da placa, para dissipar calor. Para alimentar os cooler's utilizou-se um
regulador de tensão (U1) de 12V. Os diodos D2 e D4 foram conectados no secundário
do transformador e na entrada do regulador (LM7812). Os capacitores C7 e C8 foram
requisitos de uso para esse regulador. Conectou-se, na saída do regulador, dois cooler's,
e o GND. Observando queo GND do regulador não é o mesmo do restante do circuito.
Utilizou-se o centertap do transformador para conectar o GND do regulador.
37
MATERIAIS E MÉTODOS
Finalizando o circuito da fonte HV, desenhou-se uma carcaça de encapsulamento do
circuito em acrílico transparente para proteger os componentes eletrônicos e servir de
base para o braço de apoio do gerador de jato de plasma DBD. Escolheu-se o acrílico
transparente com o propósito de facilitar a visualização de todo o protótipo. Para a
realização dos desenhos utilizou-se o software Solid Works versão 2010. O desenho da
fonte com os principais componentes são mostrada na figura 9.
Figura 9: Projeção em perspectiva da fonte HV e seus componentes.
Representou-se uma simulação de montagem da fonte para verificar o espaço
necessário para posicionar todos os componentes eletrônicos. A fonte HV possui uma
chave liga/desliga com um led vermelho que acende quando o equipamento está ligado.
A fonte HV apresenta três conectores para medir carga e/ou corrente durante as
descargas do plasma gerado. A fonte foi projetada para ser ligada em uma rede de 220
volts.
A fonte HV apresentada, opera com variações de tensão entre 0 a 22 KV e
frequência de 500Hz a 1,29 KHz com largura de pulso da ordem de 200 μs no sinal de
saída.
38
MATERIAIS E MÉTODOS
3.2 Desenho, construção e montagem do protótipo
Durante a concepção do projeto foi utilizado um modelador CAD para simular as
condições de funcionalidade e montagem antes de fabricar as peças reais. Esse recurso
foi utilizado, com o objetivo de evitar retrabalho e desperdiçar materiais. Assim, foi
utilizado o modelador Solid Works 2010 para desenhar todos os componentes do
protótipo gerador de jato de plasma DBD.
3.2.1
Braço suporte em acrílico
Confeccionou-se um braço de acrílico para ser utilizado como suporte de fixação
para o dispositivo gerador de jato de plasma frio. Neste braço também existe um espaço
“oco” para a passagem de uma mangueira de gás (1/4”) e um cabo elétrico (Ø 5 mm). O
cabo elétrico apresenta uma camada espessa de isolante elétrico para impedir possíveis
induções.
A estrutura foi feita de acrílico transparente para facilitar a visualização detalhada
do protótipo.
Figura 10: Projeção em perspectiva do braço suporte para protótipo gerador de plasma DBD e
fixação do porta amostra.
O braço de suporte foi fixado sobre a fonte HV a partir de parafusos inseridos nos
furos para fixação (6). O porta amostra que será detalhado na próxima seção, foi fixado
39
MATERIAIS E MÉTODOS
no braço suporte através de parafusos inseridos nos furos para fixação do porta amostra
(3). Para o porta amostra ser encaixado fez-se necessário a criação do rasgo (7) para a
fixação do manipulo controlador de distância. Para o encaixe e fixação do dispositivo
gerador de jato de plasma DBD foi criado um furo (2). Por fim, foi idealizado uma
tampa (1) para o braço suporte para inserção da mangueira de gás, cabo de alta tensão e
do dispositivo gerador de jato de plasma DBD (figura 10).
3.2.2
Porta amostra
O protótipo foi idealizado para realizar modificação de superfícies de materiais.
Diante disto, foi idealizado um porta amostra capaz de ajustar a distância do jato de
plasma para a superfície a ser tratada. Acoplou-se uma mesa com um conjunto pinhão
cremalheira capaz de variar em até 100 milímetros (figura 11).
Figura 11: CAD da mesa com altura ajustável.
O porta amostra é constituído de uma mesa (1), cremalheira (3) e manipulo (4). A
mesa (1) do porta amostra apresenta um furo (2) centralizador de referência para
auxiliar o operador a posicionar a amostra no centro do jato de plasma. A mesa (1) serve
para suportar a amostra a ser tratada. O manipulo (4) possui uma engrenagem que é
40
MATERIAIS E MÉTODOS
acoplada a uma cremalheira. Essa montagem permite ao usuário girar o manipulo e
controlar a distância desejada do jato a amostra.
3.2.3
Controlador de fluxo
Para regular o fluxo de gás utilizou-se um controlador de fluxo capaz de controlar
vazão de 0 (zero) a 10 (dez) litros por minuto (L/min), como mostrado na figura 12.
Figura 12: Projeção em perspectiva do controlador de fluxo (L/min).
O controlador de fluxo é formado por uma entrada de gás, uma saída de gás, um
manipulo, um mostrador de vazão e esfera. Esse dispositivo mostrado na figura 12 foi
comprado, onde o desenho CAD foi realizado apenas para a visualização de todos os
componentes do protótipo.
3.2.4
Dispositivo gerador de jato de plasma DBD
O dispositivo gerador de plasma frio a pressão atmosférica constituiu-se por uma
tampa de TEFLON (1), um corpo de TEFLON (3), um conector de gás (2), um
centralizador e fixador de TEFLON (4) para o eletrodo interno, um eletrodo cilíndrico
interno de INOX (5), um anel retentor de gás de TEFLON (6), um anel isolante e
41
MATERIAIS E MÉTODOS
fixador de borracha (7) para o tubo dielétrico, um tubo dielétrico de vidro (8) e um
eletrodo externo na forma de anel de cobre (9) (figura13 e 14). O eletrodo cilíndrico
interno de aço Inoxidável (5) apresenta três cortes como pode ser visualizado no
“detalhe A” da figura 14. Esses cortes servem para a entrada e escoamentodo gás
injetado pela extremidade do eletrodo interno. A outra extremidade do eletrodo interno
de Inox (5) é fechada.
Figura 13: Desenho técnico dos componentes do dispositivo gerador de jato de plasma.
42
MATERIAIS E MÉTODOS
A figura 13 mostra que a tampa (1) apresenta um diâmetro de Ø 30 mm e
comprimento de 10 mm. O corpo (3) de teflon apresenta Ø 30 mm e comprimento de 35
mm. O eletrodo cilíndrico interno de inox (5) apresenta diâmetro interno Ø 4,2 mm e
diâmetro externo Ø 6,4 mm com um comprimento de 70mm. O anel de borracha (7)
apresenta diâmetro interno Ø 7,4 mm e diâmetro externo Ø 8,9 mm um comprimento de
15 mm. O tubo dielétrico de vidro (8) apresenta diâmetro interno Ø 9 mm e diâmetro
externo Ø 12,1 mm com um comprimento de 40 mm. O comprimento do eletrodo
cilíndrico interno de inox posicionado para fora do corpo de teflon (3) corresponde a 30
mm. O conector de gás (2) não foi apresentado na figura 13, pois o mesmo foi
comprado, onde sua referência é: conector, macho 68C (1/4)”.
Figura 14:Vista explodida do dispositivo gerador de jato de plasmaDBD.
Após a obtenção dessas peças o sistema foi montado como pode ser visualizado na
figura 15.
43
MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 15: CAD destacando o local de entrada do cabo HV e gás (a) e corte parcial para
detalhamento da parte interna do dispositivo (b).
A figura 15 (a) mostra o dispositivo gerador de plasma evidenciando a região da
entrada do cabo de alta tensão e gás de alimentação. A figura 15 (b) mostra um corte de
detalhamento evidenciando os três rasgos no eletrodo cilíndrico de inox para possibilitar
o escoamento do gás até a saída do dispositivo gerador de jato de plasma.
Para mostrar a montagem dos componentes do dispositivo gerador de plasma foi
realizado uma modelagem CAD com uma vista de corte total (figura 16).
Figura 16: Desenho CAD com um corte transversal do dispositivo montado.
44
MATERIAIS E MÉTODOS
O eletrodo cilíndrico interno de alta tensão de inox (5) foi fixado no anel
centralizador e fixador (4) que foi montado no corpo de teflon (3). O anel retentor (6)
foi montado no corpo (3) passando pelo eletrodo cilíndrico interno de alta tensão de
inox (5). O anel retentor (6) serve como centralizador da outra extremidade do eletrodo
cilíndrico interno de alta tensão de inox (5) e serve para conter o gás inserido dentro do
corpo (3). Para todas as montagens foi utilizado um ajuste com interferência para não
ocorrer folgas e/ou vazamentos. Dessa forma quando se injeta gás comprimido dentro
do dispositivo a única região para escoar é pelos rasgos presentes no eletrodo cilíndrico
interno de inox (5) escoando pela região interna e sendo expelido para fora do
dispositivo. Em seguida, fixou-se o anel de borracha (7) no eletrodo cilíndrico interno
de alta tensão de inox (5). Depois foi montado o tubo dielétrico de vidro (8) sobre o anel
de borracha (7). Antes de fixar a tampa de teflon (1) no corpo (3) fixou-se o cabo de alta
tensão no eletrodo cilíndrico interno de alta tensão de inox (5). E por fim, inseriu-se o
anel de cobre (9) sobre o tubo dielétrico de vidro (8).
Finalizado o desenvolvimento dos itens individuais do protótipo gerador de jato de
plasma montou-se a fonte HV (base), braço suporte, porta amostra, controlador de fluxo
e o dispositivo gerador de plasma (figura 17). Fixou-se o dispositivo gerador de jato de
plasma na parte superior do braço suporte, onde cabos de energia e mangueiras de
alimentação de gás passam por dentro do braço suporte, para alimentar o dispositivo.
Figura 17: Desenho da montagem final do protótipo.
45
MATERIAIS E MÉTODOS
3.3 Parâmetros que influenciam o jato de plasma
Com o objetivo verificar o comportamento do jato de plasma produzido pelo
protótipo gerador de plasma variaram-se posição entre os eletrodos e os parâmetros de
voltagem e frequência.
Variando-se a posição geométrica entre os eletrodos, voltagem e frequência entre os
eletrodos possibilitou-se gerar jato de plasma na saída do dispositivo. Os valores dos
parâmetros utilizados neste trabalho estão mostrados na tabela 1.
Para determinar o fluxo de gás apropriado para obter um escoamento no regime
laminar foi empregada a equação (1) que corresponde ao número de Reynolds que
determina o regime de escoamento do fluido.
Para encontrar o valor de vazão do gás se faz necessário isolar a variável Q que
corresponde a taxa de vazão do gás ( m3s-1), assim temos que:
Considerando a densidade do argônio
escoamento
= 4,2.10-3m, área da seção transversal do tubo A = 1,385.10-5 m2,
viscosidade dinâmica do argônio
igual a
= 1,6228 Kg/m3, o diâmetro do tubo de
= 2,125x10-5 N.s/m2 e o número de Reynolds crítico
= 2320 obteve-se uma valor de Q = 1,002.10-4 m3s-1. Porém, foi necessário
realizar uma conversão, pois o equipamento de controle de vazão opera com uma escala
em L/min. Assim, foi obtido o valor de Q = 6,011 L/min. Identificado o valor do fluxo
crítico foi definido o fluxo de argônio de 5 L/min para todos as condições estudadas.
A figura 18 mostra as três posições geométricas entre os eletrodos (interno e
externo) utilizados nesse estudo. Adotou-se como referência (zero) a extremidade do
eletrodo interno, linha horizontal vermelha mostrada na figura 18. A posição 1
representada na figura 18 (a) mostra a distância + 5 mm, a posição 2 corresponde a
46
MATERIAIS E MÉTODOS
distância 0 (zero) figura 18 (b) e posição 3 com uma distância – 5 figura 18 (c). A figura
18 mostra a capacidade de modificar a posição do tubo dielétrico.
Figura 18: Desenho esquemático das posições geométricas entre os eletrodos interno e externo.
A primeira coluna da tabela 2 indica as condições experimentais usadas nesse
trabalho. Onde, a primeira letra e número indicam, respectivamente, “P” de posição e
seu respectivo número (1, 2 ou 3) que indica a posição entre os eletrodos como mostra a
figura 18. Assim, P1 corresponde à posição +5, P2 vale 0 e P3 indica -5 como destacado
pelo eixo de referência, em vermelho, da figura 18. A segunda letra “V” indica tensão
elétrica e o número mostrado do seu lado direito indica o valor de tensão usado. Por
fim, a letra “F” indica frequência e o número ao seu lado identifica a frequência
utilizada (figura 18).
Tabela 2: Parâmetros utilizadas no estudo.
Condição
Distância (mm)
Tensão (KV)
Frequência (Hz)
Vazão (L/min)
P1V10F6
+5
10
600
5
P1V10F8
+5
10
800
5
P1V10F10
+5
10
1000
5
P1V15F6
+5
15
600
5
P1V15F8
+5
15
800
5
P1V15F10
+5
15
1000
5
P1V20F6
+5
20
600
5
P1V20F8
+5
20
800
5
47
MATERIAIS E MÉTODOS
P1V20F10
+5
20
1000
5
P2V10F6
0
10
600
5
P2V10F8
0
10
800
5
P2V10F10
0
10
1000
5
P2V15F6
0
15
600
5
P2V15F8
0
15
800
5
P2V15F10
0
15
1000
5
P2V20F6
0
20
600
5
P2V20F8
0
20
800
5
P2V20F10
0
20
1000
5
P3V10F6
-5
10
600
5
P3V10F8
-5
10
800
5
P3V10F10
-5
10
1000
5
P3V15F6
-5
15
600
5
P3V15F8
-5
15
800
5
P3V15F10
-5
15
1000
5
P3V20F6
-5
20
600
5
P3V20F8
-5
20
800
5
P3V20F10
-5
20
1000
5
Para verificar a potencialidade do jato de plasma, na modificação de superfície
condutoras elétricas e biocompatíveis, foi tratado um disco de titânio grau II com
superfície espelhada (polido), com diâmetro de 19 mm e espessura de 1 mm, por 15
minutos. O disco de titânio foi colocado a uma distância de 5 mm da saída do
dispositivo gerador de jato de plasma. Durante todo o tratamento a amostra foi
movimentada horizontalmente sobre a mesa do porta amostra de forma aleatória, para
alcançar uma maior área de tratamento.
3.4 Caracterização do jato de plasma e seus efeitos
Para realizar as caracterizações dos jatos de plasma e seus efeitos foram utilizadas
quatro técnicas. Na primeira, foram analisadas as respostas elétricas através do método
da figura de Lissajous que consta em detalhes no capítulo 2.6.1. Essa figura foi
construída com auxílio de uma sonda de alta tensão (1000:1) e um osciloscópio. Na
48
MATERIAIS E MÉTODOS
segunda, foram realizadas análises do regime (filamentar e difuso), intensidade e
comprimento dos jatos de plasma através de uma câmera fotográfica e do software
Image Pro Plus. Na terceira, foi usado os recursos oferecidos pela Microscopia Ótica
(MO) e por último Microscopia de Força Atômica (MFA). Estas técnicas foram usadas
para obter com bastante precisão os parâmetros elétricos, comprimento, intensidade e
modificação de superfície provocadas pelo jato de plasma.
3.4.1
Figuras de Lissajous
As medidas elétricas foram realizadas utilizando-se um osciloscópio Agilent modelo
DSO 1012A, que permite obter até 2 giga amostras/s e resolução de banda de 0.014 μs,
juntamente com uma sonda de alta tensão 1000:1 30 KV 50 MHz modelo Agilent
N2771B. Para calcular a carga e potência consumida em cada ciclo e período de
produção de plasma foi colocado um capacitor de 2,22nF em série com a saída do
dispositivo gerador de plasma. Todas as medidas elétricas foram realizadas conforme
ilustrado esquematicamente na figura 19.
Figura 19: Esquema do arranjo experimental para medidas elétricas e ópticas da descarga.
49
MATERIAIS E MÉTODOS
Para gerar a figura de Lissajous na tela do osciloscópio, os sinais de voltagem
medidos com o auxílio da sonda de alta tensão 1000: 1 e do capacitor ligado em série
com a saída no dispositivo gerador de plasma, estes dois dados foram colocados em dois
canais diferentes do osciloscópio. No eixo “x” foram inseridos os valores da voltagem
aplicada no eletrodo internodo dispositivo gerador de plasma e no eixo “y” os valores
da tensão medida no capacitor. Estes procedimentos fornecem o gráfico conhecido
como figura de Lissajous, onde a área do gráfico corresponde a energia dissipada por
ciclo de pulso, conforme foi discutido no capítulo 2.5.
Através da figura de Lissajous foi obtida a potência do dispositivo e o seu consumo
total pelo período de tratamento, conforme discutido no capítulo 2.5.
3.4.2
Medição do comprimento do jato de plasma
Para mensurar o comprimento dos jatos de plasma em cada condição de estudo
foram realizadas fotografias. Essas fotografias foram exportadas para o software Image
Pro Plusversão 4.5.1.22 para o Windows (número serial 41N41000-29998) Copyright
1993-2002 Media Cybernetics, Inc.
A partir de um tamanho conhecido foram realizados regra de proporção simples,
para mensurar o comprimento do jato de plasma. A equação (6) possibilita a conversão
do valor fictício para o valor real em milímetros.
Onde,
correspondeao valor real do comprimento do jato de plasma,
é um
valor padrão de referência que corresponde a 8,7 mm. Esse valor correspondeà
espessura do eletrodo externo na forma de anel. L1 é o valor arbitrário medido pelo
software para definir um referencial de medida. L2 é o valor fictício do comprimento do
jato de plasma. Desta forma, foram realizadas três medições para cada condição para
verificação do comprimento do jato de plasma, a partir da equação (6). Através dos
valores encontrados foram mensurados as médias e desvio padrão.
50
MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 20: Medição do jato de plasma através do Image Pro Plus versão 4.5.1.
A figura 20 mostra a tela do software Image Pro Plus como uma fotografia do jato
de plasma arbitraria para demonstração de como foram obtidos os comprimentos dos
jatos de plasma. Sobre a imagem do jato pode-se observar as linhas L1 e L2 com seus
valores arbitrários mostrados na coluna “Length”. Esses valores juntamente com a
constante
3.4.3
foram inseridos na equação (6) para mensurar o comprimento do jato.
Análise de superfície
As amostras foram investigadas por microscopia ótica (MO) de luz refletida, com o
objetivo de identificar modificações na superfície do titânio. Utilizou-se para isso um
microscópio óptico Olympus BX 60M - Japan acoplado a um software Image-Pro Plus
versão 4.5.1.22 para o Windows (número serial 41N41000-29998) Copyright 19932002 Media Cybernetics, Inc. Posteriormente, foi utilizado um microscópio de força
atômica (MFA), modelo MFP – 3D Asylum Research para investigação da topografia
das superfícies dos discos de Ti.
51
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Protótipo gerador de jato de plasma frio atmosférico
O protótipo gerador de jato de plasma frio a pressão atmosférica reuniu no mesmo
equipamento uma fonte de alta tensão com controle de tensão e frequência, controlador
de fluxo acoplado, porta amostra e dispositivo gerador de jato de plasma (figura 21).
Assim, foi possível controlar parâmetros elétricos, de fluxo de gás e distância de
tratamento. O protótipo apresentou bom desempenho e não apresentou fugas de corrente
em lugares indevidos. Mostrando que os cabos usados, espessura do corpo de teflon
foram adequados. Comumente, quando se utiliza alta tensão é verificada a presença e
formação de fugas elétrica (arcos) em lugares indesejados. Isso gera perdas elétricas e a
possibilidade de choque ao usuário. O presente protótipo utilizou um braço suporte
vazado que impediu a possibilidade de qualquer contato com o cabo de alta tensão, e
desta forma não ocorreu acidentes e/ou incidentes. Essa robustez possibilitou o controle
de todos os parâmetros de forma ágil, confortável e seguro.
Figura 21: Protótipo gerador de jato de plasma. Vista frontal (a); vista lateral (b) e ampliação
do dispositivo gerador de plasma (c).
52
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.2 Características elétricas
Foram realizadas medições elétricas para cada condição descrita na tabela 2. Porém,
foi possível analisar somente a energia elétrica consumida por ciclo de pulso das
condições mostradas nas figuras 22, 23 e 24. Todas as outras condições geraram ruídos
e não puderam ser analisadas. Esses ruídos podem ser explicados pelo regime de arco
(filamentar) que provoca oscilações nas medições, e desta forma, impossibilitá a
formação da figura de Lissajous.
Foi verificado que a condição 1 com tensão de alimentação em 15 KV e frequências
de 600, 800 e 1000 Hz, produziram resultados elétricos capazes de gerar a figura de
Lissajous e, posteriormente, o cálculo da energia dissipada a cada ciclo de descarga. A
condição na posição 1 com tensão de 15 KV e frequência 600Hz obteve o maior gasto
energético com o valor de 0,015 mJ para cada ciclo de pulso de descarga.
Para a frequência de 800 Hz houve um consumo de 0,006 mJ e, por último, a
frequência de 1000 Hz com o consumo de 0,005 mJ. Contudo, para essa posição foi
observado que não houve uma variação considerável da energia consumida para as
frequências de 800 e 1000 Hz. Indicando que existe uma frequência de saturação com
relação ao gasto energético.
Figura 22: Figura de Lissajous,para a posição 1, destacandoa energia por ciclo para tensão de
15 KV e freqüências de 600, 800 e 1000 Hz.
53
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A posição 2 com tensão de 10 KV e frequências de 600, 800 e 1000 Hz revelou um
maior consumo para a condição com a frequência de 600 Hz. Seguido das frequências
de 800 e 1000 Hz (ver figura 23). Esses resultados mostraram o mesmo comportamento
discutido na posição 1.
-5000
Carga (nC)
15
0
5000
10000
P2_V10_F10
14
0,024 mJ
13
12
29
P2_V10F_8
Carga (nC)
28
27
0,025 mJ
26
25
Carga (nC)
24
64
P2_V10F_6
62
0,077mJ
60
58
56
-5000
0
5000
10000
Tensão (V)
Figura 23: Figura de Lissajous,para a posição 2, destacandoa energia por ciclo para tensão de
10 KV e freqüências de 600, 800 e 1000 Hz.
Para a condição 2 com tensão de 15 KV e frequências de 600, 800 e 1000 Hz foram
obtidos um maior gasto energético para a frequência de 600 Hz e posteriormente 800 e
1000 Hz. Os resultados mostrados na figura 24 mostram o mesmo comportamento
apresentados nas figuras 22 e 23.
54
RESULTADOS E DISCUSSÃO
18
0
7000
14000
P2_V15_F10
Carga (nC)
16
14
12
0,059 mJ
10
8
Carga (nC)
44
P2_V15_F8
42
40
0,090mJ
38
36
34
P2_V15_F6
Carga (nC)
32
30
0,091 mJ
28
26
24
0
7000
14000
Tensão (V)
Figura 24: Figura de Lissajous,para a posição 2, destacandoa energia por ciclo para tensão de
15 KV e freqüências de 600, 800 e 1000 Hz.
Através da análise das energias consumidas por ciclo de descargas, mostrado pela
figura de Lissajous (figuras 22, 23 e 24), foi possível observar um comportamento
inverso do aumento da frequência com o consumo energético para as diferentes
condições apresentadas. Esse comportamento mostra que houve uma relação crescente
do gasto energético com a diminuição da frequência. Isso pode ser explicado pelo valor
da frequência usada. Onde uma frequência menor possui um maior tempo para acúmulo
de cargas para provocar uma descarga. E desta forma acumula mais energia que são
liberadas, aumentando o consumo.
A tabela 3 mostra um estudo sobre a energia consumida a cada ciclo de pulso
elétrico (segunda coluna), potência consumida (terceira coluna) e energia total
consumida por tempo de tratamento (quarta coluna). A primeira coluna mostra a
condição analisada. A segunda coluna mostra a energia dissipada por ciclo de pulso
elétrico. A terceira coluna apresenta a potência exigida para cada ciclo de pulso elétrico.
55
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 3: Análise dos gastos energéticos por ciclo de descarga e tempo.
Energia
Potência consumida
(mJ)
(mW)
1_15_6
0,005
3
1_15_8
0,006
4,8
1_15_10
0,015
15
2_15_6
0,059
35,4
2_15_8
0,090
72
2_15_10
0,091
91
Condição
Onde pode ser verificado que para posições entre eletrodos diferentes (posição 1 e
2) com os mesmos parâmetros elétricos foi encontrado uma variação muito significante
entre o gasto energético.Comparando as posições 1 e 2 para os mesmos parâmetros
elétricos pode-se verificar que para a posição 1 o gasto energético foi muito menor.
Mostrando que a posição dos eletrodos foi muito significativa para a eficiência do
equipamento.
4.3 Caracterização do comprimento e intensidade do jato de plasma
A figura 25 mostra um gráfico com as diferentes condições experimentais
(abscissas) pelo comprimento dos jatos de plasma (ordenadas). Para essa análise foram
selecionados os parâmetros que apresentaram os jatos de plasma mais intensos e
homogêneos caracterizado no regime difuso. Onde foi verificado que o regime difuso se
estabeleceu, de forma geral, para as frequências de 1000 Hz para as diferentes tensões
elétricas utilizadas nesse trabalho. Essa conclusão foi extraída a partir das imagens dos
jatos de plasma para as condições em análise que podem ser visualizadas nas figuras 27,
28 e 29. Assim, foi verificado que na posição 1 entre os eletrodos, ocorreu um aumento
do comprimento do jato quando houve um aumento da tensão elétrica. A figura 25
mostra, para a condição 1, que o maior comprimento obtido foi para a condição com
tensão de 18 KV e frequência de 1000 Hz. O valor de tensão para essa condição deveria
corresponder a 20 KV. No entanto, foi verificada uma limitação da fonte elétrica usada
no protótipo em estudo. Onde para essa posição entre eletrodos e tal frequência o valor
56
RESULTADOS E DISCUSSÃO
máximo de tensão elétrica foi de 18KV. O maior comprimento do jato de plasma
encontrado para as posições 1 e 3, podem ser explicadas pelo posicionamento do campo
elétrico paralelo entre os eletrodos com relação ao escoamento do fluxo. Essa condição
favorece a uma maior propagação do jato. Resultados semelhantes foram encontrados
pelos autores (Li et al., 2013).
Figura 25: Gráfico correlacionando a influência da tensão elétrica na formação do jato de
plasma.
Para a posição 2, entre eletrodos, com tensão elétrica em 10 KV e frequência de
1000 Hz, ver figura 25, mostra um comprimento zero. Observou-se a ionização do gás,
mas as descargas foram confinadas e não produziram um jato (figura 28 (a)). Na
posição 2, ocorreu uma mudança na posição entre os eletrodos e consequentemente da
interação do campo elétrico. Assim, a direção do campo elétrico foi puramente radial,
onde as linhas do campo elétrico passaram a ser perpendicular ao escoamento do gás.
Para as outras condições de 15 e 20 KV, foram observados a formação dos jatos, porém
ocorreu uma diminuição dos comprimentos dos jatos em relação a posição 1.
Evidenciando que esse tipo de configuração favorece ao confinamento das descargas,
57
RESULTADOS E DISCUSSÃO
contribuindo para a diminuição do jato. Esses comportamentos confirmaram as
conclusões realizadas pelos autores (Walsh e Kong, 2008; Li et al., 2013)
Para a posição 3, houve um novo posicionamento, onde novamente foi favorecido a
formação de uma campo elétrico paralelo e, desta forma, atuando preferencialmente na
mesma direção do escoamento do gás. E desta forma, foi confirmado o aumento do
comprimento do jato quando inserido uma maior tensão elétrica, para as condições
alimentadas por 10 e 15 KV. Entretanto, para a condição alimentada com 20 KV
ocorreu fuga de elétrons do eletrodo interno para o externo, gerando apenas a formação
de arco. Esse fenômeno pode ser verificado na figura 29 (c). Na posição 3 a distância
entre os eletrodos são diminuídas e, consequentemente, sua barreira dielétrica, também.
Portanto, quando a tensão elétrica foi ajustada para 20 KV a rigidez do vidro tornou-se
maior e os elétrons contornaram pela parte externa do tubo, pois passou a ser a menor
resistência. A formação de arcos entre eletrodos quando oferecida uma intensidade de
tensão critica, foi apresentada, também, por (Li et al., 2013).
Na figura 26 encontram-se os valores relacionados a influência da frequência,
considerando os mesmos valores de tensão para as posições 1, 2 e 3, na obtenção do
comprimento do jato de plasma. Para essa análise foram escolhidas as tensões de 15 KV
em todas as três posições, pois apresentaram os jatos mais intensos e uniformes (regime
difuso). A posição 1, mostrada na figura 26 (três primeiras colunas), apresenta um
aumento do comprimento do jato quando acorre o aumento da frequência. Esse mesmo
comportamento acontece para a posição 3. Esses resultados mostram que o aumento da
frequência possui o mesmo comportamento da tensão elétrica com relação ao campo
elétrico.
58
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 26: Gráfico correlacionando a influência da frequência na formação do jato de plasma.
A posição 2, apresenta de forma evidente a relação inversa entre frequência e o
comprimento do jato. Portanto, quanto maior a frequência menor o comprimento do
jato. Esse efeito pode ser explicado pelo aumento das interações dos pulsos elétricos de
forma perpendicular a direção de escoamento que confina a ionização do gás entre o
eletrodo interno e externo. Esse confinamento dificulta a propagação das espécies
excitadas diminuindo o comprimento do jato de plasma (Li et al., 2013).
As imagens apresentadas na figura 27 mostram as intensidades dos jatos para cada
condição estudada na posição 1, entre os eletrodos interno e externo.
59
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 27: Fotografias dos jatos de plasma produzidos na posição I.
60
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nessa posição podemos verificar que as intensidades das descargas luminescentes
para a tensão de 10 KV foram de baixa intensidade (ver figura 27 (a)), onde as variações
das frequências não provocaram uma variação significativa na intensidade dos jatos.
As imagens destacadas na figura 27 (b) mostram jatos de plasma longos,
homogêneos e estáveis (sem a presença de arcos) em relação às condições alimentadas
com tensão de 10 e 20 KV, figuras 27 (a) e (c).A capacidade de reproduzir a figura de
Lissajous para as tensões de 15 KV mostra e confirma a estabilidade das descargas
quando alimentada com esse nível de tensão elétrica. Para as tensões de 10 e 20 KV, na
posição 1, não foi possível formar a figura de Lissajous. Assim, foi possível caracterizar
as descargas, alimentadas com 15 KV, como regime difuso. Observou-se, para essa
condição, um aumento da intensidade luminosa do jato com o aumento da frequência
sem sair do regime difuso.
Através da figura 27 foi possível perceber que as condições alimentadas com tensão
de 20 KV, visivelmente, obtiveram uma maior intensidade luminescente. Entretanto,
para esse nível de tensão elétrica foram verificadas um comportamento instável com
formação de arcos, caracterizando o regime filamentar.
Para a posição entre eletrodos 2 foram obtidos as imagens mostradas na figura 28,
para cada condição de tensão e frequência estudada nesse trabalho. Para tensões de
alimentação de 10 KV foram obtidos jatos com baixa intensidade. Mas, a condição com
alimentação de 10 KV e frequência de 600 Hz obteve um comprimento de
aproximadamente 28 mm o maior comprimento de jato encontrado nesse estudo. Porém,
esse comprimento apresenta um baixo potencial para modificação de superfícies por sua
baixa intensidade. Para a condição com tensão de 10 KV e frequência de 1000HZ não
foi obtido jato de plasma (figura 28 (a)).
Com o aumento da tensão elétrica foi encontrado o mesmo comportamento da
condição 1, onde ocorreu o aumento da intensidade luminescente. Para a tensão elétrica
de 15 KV houve um aumento da intensidade do jato de plasma com o aumento da
frequência. Para a tensão de 20 KV e frequência de 600 Hz foi obtido à formação de
arcos, e desta forma, não houve a formação de jato (figura 28 (c)). Com o aumento da
frequência o regime de descargas de arcos foi diminuído.
61
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 28: Fotografias dos jatos de plasma produzidos na posição II.
Na figura 28 (c) para a condição V20_F6 houve a formação de arco. Esse
comportamento pode ser explicado pelo valor da frequência. Nessa condição em
questão o valor da frequência foi de 600 Hz, menor frequência entre as três condições
mostradas na figura 28 (c). A menor frequência possibilita um maior tempo para
acúmulo de cargas entre os eletrodos, aumentando a diferença de potencial. Nesse
momento ocorre uma inversão de resistência dielétrica. Onde para essa posição, a menor
resistência dielétrrica, foi contornar o tubo dielétrico pelo lado externo para alcançar o
eletrodo ligado ao terra. Para as frequências de 800 e 1000 Hz houve a formação de jato.
Pois, nessas condições os elétrons são atraídos pela menor distância entre eletrodos,
passando pelo tubo dielétrico. Dessa forma não ocorre a passagem de elétrons direta
entre eletrodos. Assim, os elétrons ionizam o gás formando os jatos (condição V20_F8 e
V20_F10). A condição V20_F8 mostra a formação do jato, mas apresenta formação de
62
RESULTADOS E DISCUSSÃO
descargas na forma de arcos (regime filamentar). A condição V20_F10, apresentou as
descargas mais homogêneas. Mostrando que para as maiores frequências são alcançados
jatos mais homogêneos.
Para a posição 3, foram obtidas descargas, mas as mesmas permaneceram
confinadas entre os eletrodos interno e externo e desta forma não apresentaram a
formação de um jato para ser usado em tratamento de superfície. Nessa posição foi
verificada a mesma relação da intensidade dos jatos com o aumento da tensão elétrica e
frequência.
Figura 29: Fotografias dos jatos de plasma produzidos na posição III.
Para a condição da tensão elétrica em 20 KV não foi obtido formação de jatos,
houve apenas a formação de arcos, pela passagem direta dos elétrons do eletrodo interno
para o externo contornando o tubo dielétrico. Esse comportamento pode ser explicado
pelo mesmo princípio descrito para a condição mostrada na figura 28 (c). Porém, a
ocorrência de arcos para todas as condições apresentadas na figura 29 (c) pode ser
63
RESULTADOS E DISCUSSÃO
explicada pelo posicionamento do eletrodo externo (na forma de anel). Pois, para essa
posição a distância entre os eletrodos são diminuídas e, desta forma, diminuindo a
resistência dielétrica. Assim, foi necessário uma menor energia para formação dos
arcos.
4.4 Caracterização da superfície do titânio
A configuração utilizada no presente trabalho (DBD – Like) possibilita a sua
classificação em duas categorias: jatos DBD ou sem dielétrico (SD) e desta forma o
dispositivo pode ser usado para tratamento de materiais termosensíveise e materiais
condutores elétricos. Em cada categoria existem características específicas para as
diferentes aplicações discutidas. Para tratamento em materiais não condutores
recomenda-se usar o dispositivo classificado como jato DBD. Para modificar superfícies
condutoras elétricas recomenda-se o uso do dispositivo na categoria de descarga sem
dielétrico (SD) (Lu, Laroussi e Puech, 2012).
Quando o jato ionizado é direcionado para uma amostra condutora elétrica o jato
passa para categoria sem dielétrico (SD), pois nessa condição a amostra passa a ser um
dos eletrodos e nessa ocasião não existe mais dielétrico entre o eletrodo interno e
externo.
Como verificado anteriormente, a melhor condição foi gerada a partir da posição 1
com tensão de 15 KV com uma relação visível do aumento da intensidade com o
aumento da frequência sem a perda do regime difuso. Desta forma, foi aumentado a
frequência da fonte elétrica no seu valor máximo 1,29 KHz. O jato de plasma para essa
condição resultou em uma descarga luminescente homogênia e intensa com o
comprimento de 28,3
0,4 mm, como pode ser visualizado na figura 29.
64
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 30: Fotografia do jato de plasma DBD.
Os mesmos parâmetros usados para gerar o jato de plasma mostrado na figura 30,
foi utilizado para realizar o tratamento na superfície de titânio (figura 31 (b)).
Figura 31: Dispositivo gerador de plasma direcionado para um disco de titânio desligado (a) e
ligado (b).
65
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A figura 31 mostra o dispositivo gerador de plasma direcionado para o disco de
titânio (a) desligado e (b) ligado. Comparando as figuras 30 e 31 (b) foi evidente a
mudança na intensidade do jato de plasma. Quando o jato foi direcionado para o disco
de titânio o dispositivo gerador de jato de plasma passou a ser classificado como jato
sem dielétrico (SD). Essa forma de jato concentra uma grande quantidade de energia em
regiões pontuais podendo dessa forma modificar a superfície de titânio.
Nesta condição o jato de plasma é formado por micro descargas com densidade de
elétrons próximas a 1014cm-3 e a densidade de corrente j
1000 Acm-2 (Kogelschatz,
Eliasson e Egli, 1997). A presença de um alto campo elétrico na região do cátodo, os
valores da densidade de correntes característicos que ocorrem nos canais de
microdescarga e a condição de não equilíbrio do plasma gerado, permite caracterizá-lo
como uma descarga luminescente de alta pressão (Shao et al., 2010). Assim, podendo
modificar superfícies duras.
Posteriormente, foram utilizados o microscópio ótico (MO) e de força atômica
(MFA) para verificar se houve modificações na superfície do titânio.
4.5 Microscopia ótica
A figura 32 mostra que houve alteração da superfície depois do tratamento de 15
minutos com o jato de plasma. Com o aumento de 80 vezes (figuras 32 (a) e (b)) foi
possível observar a presença de pontos de forma distribuída por toda superfície. A
figura 32 (d) mostra uma imagem da superfície do titânio com aumento de 800 vezes.
Nessa imagem foi possível observar a erosão que possui tamanho de aproximadamente
25 micrometros e várias modificações menores espalhadas por toda a superfície.
66
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 32: Microscopia ótica do titânio sem tratamento (a) e (c); com tratamento (b) e (d).
Este regime de operação do DBD produz uma grande variedade de radicais livres,
moléculas, átomos, elétrons com grande energia e radiação ultravioleta, que quando
interagem com a superfície dos materiais podem causar a mudança na topografia de
superfície (rugosidade), o aumento da molhabilidade devido à formação de grupos
funcionais compostos de oxigênio e nitrogênio na superfície tratada e também pode agir
na esterilização do material. Porém, tudo isso ocorre de forma não uniforme na
superfície do material devido falta de uniformidade energética no plasma produzido
(Shaoet al., 2010).
67
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.6 Microscopia de força atômica
A figura 33 mostra a topografia de um disco de titânio antes e depois do tratamento
com o jato de plasma. A superfície de titânio sem tratamento (figura 33 (a)) apresenta
uma rugosidade Ra na ordem de 0,510 nm. Para as áreas mostradas na figura 33 (b) e
(c) os valores da rugosidade passam para 6,591e 11,984 nm, respectivamente. As
imagem mostradas nas figuras 33 (b) e 33 (c) são da mesma amostra, porém com
diferentes exposição aos jatos de plasma. Essa resposta mostra a capacidade do
dispositivo, estudado, de realizar modificações em áreas pontuais e com a possibilidade
de provocar a formação de rugosidades diferentes de acordo com o tempo e passagem
do jato sobre a superfície.
Figura 33: Microscopia de força atômica na superfície de titânio: sem tratamento (a) e com
tratamento (b) e (c).
Uma das vantagens desse plasma é sua possibilidade de modificar o estado físicoquímico de um meio sem necessitar de temperaturas elevadas, devido à maior energia
dos íons. Isso acontece porque os elétrons possuem uma energia muito maior que as dos
íons e espécies neutras, causando aumento do nível de dissociação, excitação e
ionização (Kunhardt, 2000; Kogelschatz, 2002; Laroussi, 2005).
68
CONCLUSÃO
5. CONCLUSÃO
Fundamentado no que foi exposto conclui-se que:
1. Foi possível projetar e construir um equipamento contendo uma fonte HV, um
controlador de fluxo de gás, um porta amostra ajustavél e um dispositivo gerador de jato
de plasma compacto e seguro;
2. As tensões elétricas de 15 KV, frequência de 1000 Hz e fluxo de gás argônio na
posição , entre eletrodos, produziram jatos de plasma longos e no regime difuso. Onde o
regime difuso pode ser classificado através de análises visuais e pelo método da figura
de Lissajous;
3. O aumento da tensão e da freqüência, para campos elétricos axial, formam jatos
de plasma mais e intensos e longos. Pois, essa configuração favorecem a expulsão dos
jatos para fora do dispositivo gerador de jato de plasma. E para campos elétricos radial
formam jatos menores, para os mesmos valores de tensão e fluxo de gás, devido ao
confinamento das descargas;
4. O tratamento em materiais condutores elétricos, com o dispositivo gerador de jato
de plasma, aumenta a intensidade das descargas luminescentes. Isso pode ser explicado
pela mudança da forma de descarga dos jatos para o regime sem dielétrico (SD). Essa
forma de jato concentra uma grande quantidade de energia em regiões pontuais podendo
dessa forma modificar a superfície de titânio;
5. O jato de plasma próximo à temperatura ambiente e pressão atmosférica foi capaz
de provocar modificações superficiais no titânio, pois nesta condição o jato de plasma
foi formado por micro descargas com alta densidade de elétrons e corrente;
6. O gerador de jato de plasma foi capaz de produzir diferentes rugosidades na
superfície de titânio. Mostrando a possibilidade de provocar modificações superficiais
em regiões pontuais através do controle dos parâmetros que formam o jato.
69
CONCLUSÃO
Trabalhos Futuros:
1) Desenvolver um equipamento com uma mesa automatizada para controlar o tempo e
posição dos jateamento pelo plasma para controlar o nível de rugosidade superficial da
amostra tratada;
2) Realizar um estudo com o jato de plasma frio a pressão atmosférica através da
espectroscopia de emissão ótica (EEO) e realizar a observação dos grupos funcionais
inseridos na superficie dos materiais tratados;
3) Desenvolver um dispositivo gerador de jato de plasma capaz de realizar tratamento
em tecidos moles vivos sem perigo de gerar choques elétricos.
70
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