história antiga ii

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ØDo império aos bárbaros
A abundância de riquezas viabilizou
o projeto de governo de Otávio – que
recebeu o título de Augustus (Sagrado).
Isso
permitiu-lhe
implementar
um
conjunto de reformas que transformaram
as finanças de Roma e consolidaram a
unidade política do império.
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ØMapa
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ØExpansão
» Os plebeus que participavam de campanhas militares foram
dispensados e contemplados com lotes de terra e o exército
foi profissionalizado; organizou-se um sistema de
distribuição de alimentos para a população empobrecida
composta pelos cidadãos da Península Itálica; a
administração pública foi reformulada com a criação de um
corpo de funcionários estatais responsáveis pela
fiscalização e arrecadação de impostos.
» Além disso, Augusto promoveu grandes reformas urbanas
em Roma e nas principais cidades das províncias e pacificou
as fronteiras das províncias subordinadas ao império.
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ØA
crise no horizonte
»Os dois séculos posteriores ao governo de Otávio
constituíam um período de paz e progresso que deram a
Roma um perfil de estabilidade e a ilusão de que os
problemas sociais e econômicos estavam completamente
superados.
»Entretanto, os elementos da crise não haviam sido
eliminados: a concentração das terras era cada vez mais
intensa, pois, mesmo tendo seu poder político reduzido, a
aristocracia continuou a ser a grande beneficiada pela
prosperidade e pela abastança, resultante dos tributos
arrecadados nas colônias. A pauperização da população,
camuflada pela política de “pão e circo”, crescia gradual e
silenciosamente, uma vez que a perda das pequenas
propriedades não foi compensada pela distribuição de
terras que atingia somente os soldados desmobilizados.
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ØA pax
A pax romana era fruto de uma política assistencialista e
de um pacto oligárquico que, embora mantivessem a ilusão da
república, não permitiam a participação política nem a
recuperação econômica da plebe, que passara a engrossar a
clientela dependente da caridade do Estado. O povo laborioso,
que fizera de Roma a capital do mundo, transformou-se em
uma massa amorfa e manipulada pela vontade da aristocracia
que dividia seu tempo entre as festas do circo e a ociosidade.
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ØMudanças
Devemos compreender que toda essa mudança na forma de
governar e de se impor ao mundo, resultou num primeiro momento, em
um enorme afluxo de riquezas e terras. Porém, os efeitos colaterais
foram terríveis. Chatelet assim resume o problema:
“O império – como forma política – inscreve-se no destino de Roma;
é em seu quadro e graças ao tipo de ordem que ele exerce que a cidade
irá realizar sua virtude e difundir universalmente sua civilização. O poder
que ele define, juntamente com a sacralidade que cedo se lhe
acrescentará, atualiza de modo exemplar a tripartição das funções sóciopolíticas que é característica – segundo Georges Dumézil – da cultura
indo-européia. Sob a tutela de César Augusto onipotente, equilibram-se
segundo a hierarquia – as três “forças” constitutivas da comunidade:
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ØExpansão máxima
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ØA sociedade imperial
» No topo, a classe dos sacerdotes reis, os senadores, os magistrados civis,
que têm o encargo de se comunicar com os deuses e de administrar a
respublica sob a invocação de Júpiter;
?•
a classe dos guerreiros que defendem a cidade e, sob a invocação de
Marte, estende sua glória;
?•
quirino, a classe dos agricultores e os artesãos, que provêem as
necessidades materiais;
»Na pessoa de César Augusto, encontram -se reunidos os diversos atributos
correspondentes a essas três funções: o imperador, que é tal porque o
consensus o quis, é:
?•
senhor na ordem político-religiosa, já que detém a potestas
administrativa e a auctoritas, qualidade moral que lhe permite julgar o que é
conveniente ao bem público;
?•
enquanto imperator, é o chefe supremo das legiões;
?•
finalmente, como princeps, tem uma espécie de encargo “patronal”, que
lhe dá a missão de empreender, nos dom ínios relativos à vida econômica ou
artística, tudo o que pode contribuir para a felicidade e honra da cidade.
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Ø Os efeitos colaterais
A extensão territorial de Roma no Oriente
mediterrâneo concorreu para reforçar os aspectos
religiosos do poder imperial. E, ao mesmo tempo em
que cresciam desmesuradamente os aparelhos
administrativos e militares, o império tornou-se o local
de uma circulação de capitais, de mercadoria e de
populações tão intensa e tão diversificada que a
vocação ecumênica tendeu a se perder.
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ØA expansão só era possível por meio da guerra
Quanto mais o império se expande, tanto mais se multiplicam
os fluxos que o atravessam, tanto mais a pax romana torna-se frágil.
Pesam ameaças nas fronteiras distantes, os povos recémconquistados apresentam o permanente risco de se rebelarem. Se
permanece em Roma, o imperador abandona suas legiões; se bate
nas fronteiras, perde o controle da rede administrativa. Além disso, a
gestão desse imenso conjunto exige um número cada vez maior de
pessoas. Os fatores de dispersão tornam-se cada vez mais fortes. O
Edito de Caracala, que em 212 concede a cidadania a todos os
habitantes do Império, não bastará para conjurar os eleitos
desintegradores.
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ØDecadência
A partir do início do século III, a prosperidade romana chegou ao
seu limite; a crise instalou-se de forma tão acentuada quanto o
progresso havia ocorrido. Toda a produção urbana de Roma, mesmo a
do setor manufatureiro, sempre foi dependente da atividade agrícola.
Esta, por sua vez, estava estruturada sobre a relação escravista de
produção, já que o número de pequenos agricultores livres era pouco
significativo. A economia romana, portanto, era tributária do trabalho
escravo, porque a agricultura, praticada essencialmente pelos escravos,
era o sustentáculo do desenvolvimento.
A manutenção desse desenvolvimento dependia do abastecimento
contínuo de mão-de-obra, cuja fonte eram as guerras de conquista.
Quando essas conquistas chegaram ao seu limite máximo, depois do
domínio de quase todo o mundo ligado pelo mar Mediterrâneo, o fluxo de
escravos para Roma cessou. A redução da disponibilidade de mão-deobra teve reflexos imediatos: o preço dos escravos subiu
significativamente, a produção diminuiu e teve seus custos intensamente
inflacionados, e o comércio sofreu uma forte recessão.
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ØRuralização
Nesse contexto, os grandes latifundiários, buscando
alternativas para falta de escravos, viram na divisão e
arrendamento das terras a pequenos proprietários uma
perspectiva de salvação. Começou, então, uma lenta, mas
gradual transferência da população urbana para as vilas de
produção rural (êxodo) que se traduziu em um processo de
ruralização nos três últimos séculos da história imperial (séculos
III, IV e V). A substituição do trabalho escravo pelo colonato
acontecia em meio a constantes revoltas e ameaças de invasão
por povos não dominados que detectavam a fragilidade
instalada em Roma.
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ØReformas
» Diante do imperativo de minorar os graves problemas políticos, sociais e
econômicos, alguns imperadores, que conseguiram se manter por um
maior tempo no poder, foram respons áveis por várias medidas para
deter a crise. Três desses imperadores se destacaram: Diocleciano,
Constantino e Teodósio:
Diocleciano: implantou uma diarquia (governo de dois imperadores),
abriu as fronteiras à migração dos germanos (povos bárbaros, do norte
da Europa) incorporando-os aos exércitos; oficializou o colonato
transformando os colonos em servos do Estado; concedeu poderes
senatoriais aos altos oficiais militares;
• Constantino: implantou a hereditariedade monárquica; promulgou o
Edito de Milão, e 313, concedendo liberdade de culto aos cristãos;
» Teodósio: dividiu o império em Romano do Ocidente, com capital em
Milão, e Romano do Ocidente, com capital em Constantinopla, e
transformou o cristianismo em religião oficial do Estado com Edito de
Tessalônica.
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ØCristianismo
» O cristianismo, surgido na distante Palestina, teria
se tornado apenas mais uma seita estranha, não
tivesse Paulo de Tarso – membro do exército
romano apesar da origem greco-oriental – se
convertido aos ensinamentos de Jesus Cristo.
Paulo, um homem de vasta erudição, foi o maior
responsável pela propagação da nova religião ao
escolhe Roma para suas pregações. O cristianismo
foi rapidamente adotado pelos escravos e romanos
das camadas mais pobres, que encontraram no
princípio da igualdade entre os homens e na
esperança da felicidade eterna o alento para
suportar a situação de exploração e pobreza em
que viviam.
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Ø Perseguições
»Os cristãos foram duramente perseguidos, pois colocavam
em risco a integridade de Roma, ao recusarem a origem
divina atribuída ao imperador. Presos, eram torturados para
renegar a doutrina e, invariavelmente, condenados à morte
na cruz ou jogados às feras em espetáculos no circo.
»Com a crise do século III, o cristianismo ganhou uma nova
conotação e passou a ser visto como um elemento de
sustentação moral do Império e que se manteve como poder
de coesão da sociedade européia durante toda a Idade
Média.
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ØOs bárbaros
Essas medidas adiaram a queda do império, mas não a
impediram. Os bárbaros germanos, que inicialmente se
transferiram para o território imperial como imigrante,
inauguraram, no século V, uma série de incursões militares
na Europa romana. Outros povos como os hunos – mongóis
liderados por Átila, denominado “O flagelo de Deus ” –
também avançaram sobre as fronteiras romanas ocidentais.
Roma,
fragilizada
economicamente,
desestruturada
politicamente, despida de toda a sua grandeza, tornara-se
uma presa cobiçada por várias tribos guerreiras. Em 476,
Odoacro, o chefe da tribo germana dos hérulos, depôs o
último dos imperadores de Roma e outorgou-se o título de
rei da Itália. Era o fim do mais fabuloso império que a
humanidade conhecera até então.
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ØCultura
A cultura romana é uma extensão da cultura grega.
Assim como na Grécia, prevaleceu em Roma uma visão
humanista do mundo. A noção de república (res pública: a
coisa pública) com a separação entre o p úblico e o privado,
assim como os elementos da urbanização, o teatro e a
literatura, foram cópias dos princ ípios e da estética grega. A
própria religião foi adaptada da religião grega, apenas com a
adoção de nomes diferentes para os mesmos deuses: Zeus
substituído por Júpiter, Dionísio por Barco, Ares por Marte,
Poseidon por Netuno, e assim por diante.
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ØSimilitudes
» Destacam-se nesse conjunto de semelhanças a:
• poesia: com expoentes como Ovídio, Virgílio, Marcial
Juvenal e Apuleio;
• história: com Tito Lívio, Tácito, Salústio, Suetônio e
Políbio;
• filosofia: com Plínio, Sêneca e Cícero, considerado o
maior orador da cultura greco-latina.
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ØHeranças
As grandes heranças romanas para a posteridade
circunscrevem-se à área do direito e da língua. O seu código
de leis – jus civilis – compilado e organizado pelo imperador
Justiniano, foi base do direito moderno e é até hoje estudado
em nossas faculdades. O latim – a língua do Lácio – deu a
estrutura para grande parte das línguas européias, inclusive
o português.
Outra herança legada por Roma – embora fosse
originária do oriente – foi o cristianismo que, além de
fundamentar o islamismo e as grandes religiões ocidentais
da atualidade, compõe os códigos morais e éticos do mundo
ocidental. O domínio do cristianismo sobre o império romano
somente efetivou-se nos fins do século IV, após o Edito de
Tessalônica.
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ØUm novo mundo rural
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