Nome do Curso/Disciplina ØDo império aos bárbaros A abundância de riquezas viabilizou o projeto de governo de Otávio – que recebeu o título de Augustus (Sagrado). Isso permitiu-lhe implementar um conjunto de reformas que transformaram as finanças de Roma e consolidaram a unidade política do império. 1 ØMapa 2 Nome do Professor 1 Nome do Curso/Disciplina ØExpansão » Os plebeus que participavam de campanhas militares foram dispensados e contemplados com lotes de terra e o exército foi profissionalizado; organizou-se um sistema de distribuição de alimentos para a população empobrecida composta pelos cidadãos da Península Itálica; a administração pública foi reformulada com a criação de um corpo de funcionários estatais responsáveis pela fiscalização e arrecadação de impostos. » Além disso, Augusto promoveu grandes reformas urbanas em Roma e nas principais cidades das províncias e pacificou as fronteiras das províncias subordinadas ao império. 3 ØA crise no horizonte »Os dois séculos posteriores ao governo de Otávio constituíam um período de paz e progresso que deram a Roma um perfil de estabilidade e a ilusão de que os problemas sociais e econômicos estavam completamente superados. »Entretanto, os elementos da crise não haviam sido eliminados: a concentração das terras era cada vez mais intensa, pois, mesmo tendo seu poder político reduzido, a aristocracia continuou a ser a grande beneficiada pela prosperidade e pela abastança, resultante dos tributos arrecadados nas colônias. A pauperização da população, camuflada pela política de “pão e circo”, crescia gradual e silenciosamente, uma vez que a perda das pequenas propriedades não foi compensada pela distribuição de terras que atingia somente os soldados desmobilizados. 4 Nome do Professor 2 Nome do Curso/Disciplina ØA pax A pax romana era fruto de uma política assistencialista e de um pacto oligárquico que, embora mantivessem a ilusão da república, não permitiam a participação política nem a recuperação econômica da plebe, que passara a engrossar a clientela dependente da caridade do Estado. O povo laborioso, que fizera de Roma a capital do mundo, transformou-se em uma massa amorfa e manipulada pela vontade da aristocracia que dividia seu tempo entre as festas do circo e a ociosidade. 5 ØMudanças Devemos compreender que toda essa mudança na forma de governar e de se impor ao mundo, resultou num primeiro momento, em um enorme afluxo de riquezas e terras. Porém, os efeitos colaterais foram terríveis. Chatelet assim resume o problema: “O império – como forma política – inscreve-se no destino de Roma; é em seu quadro e graças ao tipo de ordem que ele exerce que a cidade irá realizar sua virtude e difundir universalmente sua civilização. O poder que ele define, juntamente com a sacralidade que cedo se lhe acrescentará, atualiza de modo exemplar a tripartição das funções sóciopolíticas que é característica – segundo Georges Dumézil – da cultura indo-européia. Sob a tutela de César Augusto onipotente, equilibram-se segundo a hierarquia – as três “forças” constitutivas da comunidade: 6 Nome do Professor 3 Nome do Curso/Disciplina ØExpansão máxima 7 ØA sociedade imperial » No topo, a classe dos sacerdotes reis, os senadores, os magistrados civis, que têm o encargo de se comunicar com os deuses e de administrar a respublica sob a invocação de Júpiter; ?• a classe dos guerreiros que defendem a cidade e, sob a invocação de Marte, estende sua glória; ?• quirino, a classe dos agricultores e os artesãos, que provêem as necessidades materiais; »Na pessoa de César Augusto, encontram -se reunidos os diversos atributos correspondentes a essas três funções: o imperador, que é tal porque o consensus o quis, é: ?• senhor na ordem político-religiosa, já que detém a potestas administrativa e a auctoritas, qualidade moral que lhe permite julgar o que é conveniente ao bem público; ?• enquanto imperator, é o chefe supremo das legiões; ?• finalmente, como princeps, tem uma espécie de encargo “patronal”, que lhe dá a missão de empreender, nos dom ínios relativos à vida econômica ou artística, tudo o que pode contribuir para a felicidade e honra da cidade. 8 Nome do Professor 4 Nome do Curso/Disciplina Ø Os efeitos colaterais A extensão territorial de Roma no Oriente mediterrâneo concorreu para reforçar os aspectos religiosos do poder imperial. E, ao mesmo tempo em que cresciam desmesuradamente os aparelhos administrativos e militares, o império tornou-se o local de uma circulação de capitais, de mercadoria e de populações tão intensa e tão diversificada que a vocação ecumênica tendeu a se perder. 9 ØA expansão só era possível por meio da guerra Quanto mais o império se expande, tanto mais se multiplicam os fluxos que o atravessam, tanto mais a pax romana torna-se frágil. Pesam ameaças nas fronteiras distantes, os povos recémconquistados apresentam o permanente risco de se rebelarem. Se permanece em Roma, o imperador abandona suas legiões; se bate nas fronteiras, perde o controle da rede administrativa. Além disso, a gestão desse imenso conjunto exige um número cada vez maior de pessoas. Os fatores de dispersão tornam-se cada vez mais fortes. O Edito de Caracala, que em 212 concede a cidadania a todos os habitantes do Império, não bastará para conjurar os eleitos desintegradores. 10 Nome do Professor 5 Nome do Curso/Disciplina ØDecadência A partir do início do século III, a prosperidade romana chegou ao seu limite; a crise instalou-se de forma tão acentuada quanto o progresso havia ocorrido. Toda a produção urbana de Roma, mesmo a do setor manufatureiro, sempre foi dependente da atividade agrícola. Esta, por sua vez, estava estruturada sobre a relação escravista de produção, já que o número de pequenos agricultores livres era pouco significativo. A economia romana, portanto, era tributária do trabalho escravo, porque a agricultura, praticada essencialmente pelos escravos, era o sustentáculo do desenvolvimento. A manutenção desse desenvolvimento dependia do abastecimento contínuo de mão-de-obra, cuja fonte eram as guerras de conquista. Quando essas conquistas chegaram ao seu limite máximo, depois do domínio de quase todo o mundo ligado pelo mar Mediterrâneo, o fluxo de escravos para Roma cessou. A redução da disponibilidade de mão-deobra teve reflexos imediatos: o preço dos escravos subiu significativamente, a produção diminuiu e teve seus custos intensamente inflacionados, e o comércio sofreu uma forte recessão. 11 ØRuralização Nesse contexto, os grandes latifundiários, buscando alternativas para falta de escravos, viram na divisão e arrendamento das terras a pequenos proprietários uma perspectiva de salvação. Começou, então, uma lenta, mas gradual transferência da população urbana para as vilas de produção rural (êxodo) que se traduziu em um processo de ruralização nos três últimos séculos da história imperial (séculos III, IV e V). A substituição do trabalho escravo pelo colonato acontecia em meio a constantes revoltas e ameaças de invasão por povos não dominados que detectavam a fragilidade instalada em Roma. 12 Nome do Professor 6 Nome do Curso/Disciplina ØReformas » Diante do imperativo de minorar os graves problemas políticos, sociais e econômicos, alguns imperadores, que conseguiram se manter por um maior tempo no poder, foram respons áveis por várias medidas para deter a crise. Três desses imperadores se destacaram: Diocleciano, Constantino e Teodósio: Diocleciano: implantou uma diarquia (governo de dois imperadores), abriu as fronteiras à migração dos germanos (povos bárbaros, do norte da Europa) incorporando-os aos exércitos; oficializou o colonato transformando os colonos em servos do Estado; concedeu poderes senatoriais aos altos oficiais militares; • Constantino: implantou a hereditariedade monárquica; promulgou o Edito de Milão, e 313, concedendo liberdade de culto aos cristãos; » Teodósio: dividiu o império em Romano do Ocidente, com capital em Milão, e Romano do Ocidente, com capital em Constantinopla, e transformou o cristianismo em religião oficial do Estado com Edito de Tessalônica. 13 ØCristianismo » O cristianismo, surgido na distante Palestina, teria se tornado apenas mais uma seita estranha, não tivesse Paulo de Tarso – membro do exército romano apesar da origem greco-oriental – se convertido aos ensinamentos de Jesus Cristo. Paulo, um homem de vasta erudição, foi o maior responsável pela propagação da nova religião ao escolhe Roma para suas pregações. O cristianismo foi rapidamente adotado pelos escravos e romanos das camadas mais pobres, que encontraram no princípio da igualdade entre os homens e na esperança da felicidade eterna o alento para suportar a situação de exploração e pobreza em que viviam. 14 Nome do Professor 7 Nome do Curso/Disciplina Ø Perseguições »Os cristãos foram duramente perseguidos, pois colocavam em risco a integridade de Roma, ao recusarem a origem divina atribuída ao imperador. Presos, eram torturados para renegar a doutrina e, invariavelmente, condenados à morte na cruz ou jogados às feras em espetáculos no circo. »Com a crise do século III, o cristianismo ganhou uma nova conotação e passou a ser visto como um elemento de sustentação moral do Império e que se manteve como poder de coesão da sociedade européia durante toda a Idade Média. 15 ØOs bárbaros Essas medidas adiaram a queda do império, mas não a impediram. Os bárbaros germanos, que inicialmente se transferiram para o território imperial como imigrante, inauguraram, no século V, uma série de incursões militares na Europa romana. Outros povos como os hunos – mongóis liderados por Átila, denominado “O flagelo de Deus ” – também avançaram sobre as fronteiras romanas ocidentais. Roma, fragilizada economicamente, desestruturada politicamente, despida de toda a sua grandeza, tornara-se uma presa cobiçada por várias tribos guerreiras. Em 476, Odoacro, o chefe da tribo germana dos hérulos, depôs o último dos imperadores de Roma e outorgou-se o título de rei da Itália. Era o fim do mais fabuloso império que a humanidade conhecera até então. 16 Nome do Professor 8 Nome do Curso/Disciplina ØCultura A cultura romana é uma extensão da cultura grega. Assim como na Grécia, prevaleceu em Roma uma visão humanista do mundo. A noção de república (res pública: a coisa pública) com a separação entre o p úblico e o privado, assim como os elementos da urbanização, o teatro e a literatura, foram cópias dos princ ípios e da estética grega. A própria religião foi adaptada da religião grega, apenas com a adoção de nomes diferentes para os mesmos deuses: Zeus substituído por Júpiter, Dionísio por Barco, Ares por Marte, Poseidon por Netuno, e assim por diante. 17 ØSimilitudes » Destacam-se nesse conjunto de semelhanças a: • poesia: com expoentes como Ovídio, Virgílio, Marcial Juvenal e Apuleio; • história: com Tito Lívio, Tácito, Salústio, Suetônio e Políbio; • filosofia: com Plínio, Sêneca e Cícero, considerado o maior orador da cultura greco-latina. 18 Nome do Professor 9 Nome do Curso/Disciplina ØHeranças As grandes heranças romanas para a posteridade circunscrevem-se à área do direito e da língua. O seu código de leis – jus civilis – compilado e organizado pelo imperador Justiniano, foi base do direito moderno e é até hoje estudado em nossas faculdades. O latim – a língua do Lácio – deu a estrutura para grande parte das línguas européias, inclusive o português. Outra herança legada por Roma – embora fosse originária do oriente – foi o cristianismo que, além de fundamentar o islamismo e as grandes religiões ocidentais da atualidade, compõe os códigos morais e éticos do mundo ocidental. O domínio do cristianismo sobre o império romano somente efetivou-se nos fins do século IV, após o Edito de Tessalônica. 19 ØUm novo mundo rural 20 Nome do Professor 10