1. (Unesp 2013) Era uma doença exótica, contra a qual os organismos dos europeus não tinham defesas. Veio da Ásia pela rota da seda. Veja: a epidemia, essa catástrofe, é, portanto, também um dos efeitos do progresso, do crescimento. (Georges Duby. Ano 1000, ano 2000. Na pista de nossos medos, 1998.) O texto refere-se à peste que atingiu a Europa no século XIV. Indique dois fatores, além da falta de defesa dos organismos dos europeus, que ajudaram na propagação da doença, e explique a associação, feita pelo texto, da peste com o progresso. 2. (Uece 2017) Durante o período medieval, a Igreja Católica, herdeira das tradições romanas, sobressaiu-se como a mais poderosa instituição e grande baluarte da cultura europeia. À medida que avançava e convertia novos povos ao cristianismo, ampliava mais ainda seu poderio espiritual e material, e fundia a cultura romana com a dos povos convertidos. No que se refere ao papel da Igreja Católica na cultura europeia medieval, é correto afirmar que a) a literatura medieval era dominada pelo tema religioso imposto pela Igreja Católica; nesse período não se escreveu sobre nada que não estivesse no Livro Sagrado. b) a educação formal espalhou-se pela Europa através da Igreja Católica, à qual estavam ligadas as escolas e as universidades medievais. c) a filosofia escolástica nascida nas universidades católicas opunha-se à fusão da fé cristã com o pensamento racional humanista. d) apesar de controlar a literatura, as artes plásticas ficaram livres de qualquer tipo de cerceamento religioso por parte da Igreja Católica. 3. (Uel 2017) A respeito do período conhecido como Idade Média, durante muito tempo, historiadores e literatos referiam-se a esses séculos como “Idade das Trevas”. Segundo a historiadora Nuncia S. de Oliveira, por mais que se tenha repensado essas ideias, elas ainda persistem na atualidade. Para a autora, “afinal, quantas vezes não ouvimos críticas àqueles que porventura têm um comportamento fora daqueles tidos como “civilizados” serem chamados de “bárbaros”? Quantas vezes não encontramos o adjetivo medieval ser usado para definir comportamentos violentos? Ou ainda, quem nunca ouviu alguém dizer “não vivemos mais na Idade Média” desejando exaltar a mudança de comportamentos para atitudes “inovadoras” ou “modernas”?” OLIVEIRA, N. S. O estudo da Idade Média em livros didáticos e suas implicações no Ensino de História. Cadernos de Aplicação. n. 1. v. 23. jan/jun. 2010, p.101-125. A respeito dessas afirmações que a autora cita, responda aos itens a seguir. a) Por que se construiu a ideia de Idade Média como a autora coloca? b) Pode-se ou não contestar essa noção sobre a Idade Média? Justifique sua resposta. 4. (Ufjf-pism 1 2017) Leia com atenção o texto a seguir sobre o fim do período medieval. ... o final do milênio medieval costuma ser visto sob a forma de uma crise profunda e generalizada. Brutal, a mortalidade provocada pelo bacilo da peste espalha-se rápida e maciçamente. Os doentes sucumbem em alguns dias, sem remédio nem alívio possíveis. No dizer das testemunhas, toda organização social, até os laços familiares, foi violentamente perturbada por isso. BASCHET, J. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006, p. 247-248. Adaptado. Acerca da chamada “Crise do século XIV”, assinale a alternativa CORRETA: Página 1 de 13 a) a expansão agrícola que precedeu a crise do século XIV foi realizada à custa de arroteamentos, o que contribuiu para minimizar o impacto ambiental e conter o processo inflacionário. b) a diminuição da produtividade levou a uma maior exploração da mão de obra camponesa. Nesse momento a teoria das três ordens foi responsável pela aceitação do aumento da tributação, evitando, assim, as revoltas camponesas. c) os deslocamentos de camponeses que fugiam para as cidades ajudaram na eliminação da epidemia nas zonas rurais, já que a peste apenas atingia as populações mais pobres e desnutridas. d) tentando fazer frente à crise do século XIV, a Igreja transferiu sua sede de Roma para Avignon, na França. Essa medida contribuiu para manter a unidade da cristandade, a autonomia e o caráter universalista da Igreja. e) nesse contexto, a fome e as epidemias contribuíram para o processo de desintegração do feudalismo e o fortalecimento do poder dos reis, que aos poucos foram tomando para si a autoridade administrativa e militar até então em mãos senhoriais. 5. (Uepg 2016) Instituição detentora de grandes poderes do mundo medieval, a Igreja Católica exerceu forte influência religiosa, ideológica e política na Europa durante o feudalismo. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) Os sacerdotes católicos dividiam-se em duas categorias: o clero regular (que vivia nos mosteiros) e o clero secular (que vivia fora dos mosteiros). 02) Beneditinos, franciscanos, dominicanos e carmelitas são algumas das congregações católicas existentes na Europa medieval. 04) A Questão das Investiduras foi resolvida por uma Bula Papal que atribuiu aos senhores feudais o direito de nomear religiosos, como padres e bispos. 08) Os Tribunais da Inquisição foram criados com objetivo exclusivo de expulsar da Igreja Católica os fiéis que, ao mesmo tempo, frequentavam templos protestantes e eram, por isso, considerados hereges. 16) Única instituição religiosa medieval, a Igreja Católica – inspirada nos princípios cristãos – foi responsável pela promoção de um grande processo de reforma agrária na Europa. 6. (Unesp 2016) Os mosteiros eram em primeiro lugar casas, cada uma abrigando sua “família”, e as mais perfeitas, com efeito, as mais bem ordenadas: de um lado, desde o século IX, os mais abundantes recursos convergiam para a instituição monástica, levando-a aos postos avançados do progresso cultural; do outro, tudo ali se encontrava organizado em função de um projeto de perfeição, nítido, bem estabelecido, rigorosamente medido. (Georges Duby. “A vida privada nas casas aristocráticas da França feudal”. História da vida privada, vol. 2, 1992. Adaptado.) A caracterização do mosteiro medieval como uma “casa”, um “posto avançado do progresso cultural” e um “projeto de perfeição” pode ser explicada pela disposição monástica de a) valorizar a vida privada, participar ativamente da vida política e combater o mal. b) recuperar a experiência histórica e pessoal do Salvador durante sua estada no mundo dos vivos. c) recolher-se a uma comunidade fechada para orar, estudar e combater a desordem do mundo. d) identificar-se com as condições de privação por que passavam as famílias pobres, celebrar a tradição escolástica e agir de forma ética. e) reconhecer a humanidade como solidária e unida num esforço de salvação da alma dos fiéis e dos infiéis. 7. (Fgv 2016) Analise o mapa. Página 2 de 13 Considerando-se as informações do mapa e o processo histórico europeu do século XIV, é correto afirmar que a) as rotas comerciais terrestres do leste da Europa em direção ao Oriente são mais numerosas e, portanto, tornam essa região a mais rica do continente na Alta Idade Média, pelo aumento demográfico e pela expansão da agricultura. b) as rotas comerciais, no mar Mediterrâneo, só enriquecem as cidades italianas e as cidades do norte da África, já que as transações são dificultadas pelas diferentes moedas e pela ausência de meios de troca, caso das cartas de crédito. c) o comércio se expande com o crescimento da população e da agricultura, o que desenvolve as feiras e as cidades na Idade Moderna, especialmente no norte da África, pela facilidade dos cheques, das letras de câmbio e do crédito. d) as cidades da Liga Hanseática, entre o mar do Norte e o mar Báltico, aumentam a circulação de mercadorias gerada pela redução tributária, porém trazem o seu isolamento em relação ao restante dos mercados e feiras. e) os três principais focos europeus de comércio na Baixa Idade Média são as cidades italianas no Mediterrâneo, as feiras na região de Champagne e a Liga Hanseática no mar do Norte e no Báltico, que mantêm comunicações entre si. 8. (Fgv 2016) Sem dúvida, podemos afirmar que após uma fase A de crescimento econômico (1200-1316) a Europa Ocidental entrou numa fase B depressiva, que se estenderia até fins do século XV no sul e princípios do XVI no centro e no norte. FRANCO JÚNIOR, H. A Idade Média. Nascimento do Ocidente. 2a ed., São Paulo: Brasiliense, 2001, p. 46. A respeito da situação de retração econômica apontada pelo autor, é correto afirmar que a) a crise manifestara-se desde o século XI e caracterizou-se pela queda demográfica acentuada e pela desorganização das atividades agrícolas e manufatureiras da Europa latina. Página 3 de 13 b) a falta de moedas e a ausência de minas na Europa provocaram a paralisação das atividades mercantis e levaram à total desarticulação do feudalismo a partir do século XIV. c) estagnação tecnológica, queda demográfica e guerras prolongadas são fatores que explicam a depressão econômica que marcou a Europa ocidental a partir do século XIV. d) a crise foi provocada pelas divisões internas da Igreja de Roma, às quais se somariam os conflitos com o Sacro Império Romano Germânico, levando a uma desorganização política da Europa ocidental. e) a depressão econômica foi causada pela expansão muçulmana na Península Ibérica, uma das áreas que haviam impulsionado o desenvolvimento econômico da cristandade ocidental. 9. (Fuvest 2016) Assim como o camponês, o mercador está a princípio submetido, na sua atividade profissional, ao tempo meteorológico, ao ciclo das estações, à imprevisibilidade das intempéries e dos cataclismos naturais. Como, durante muito tempo, não houve nesse domínio senão necessidade de submissão à ordem da natureza e de Deus, o mercador só teve como meio de ação as preces e as práticas supersticiosas. Mas, quando se organiza uma rede comercial, o tempo se torna objeto de medida. A duração de uma viagem por mar ou por terra, ou de um lugar para outro, o problema dos preços que, no curso de uma mesma operação comercial, mais ainda quando o circuito se complica, sobem ou descem _ tudo isso se impõe cada vez mais à sua atenção. Mudança também importante: o mercador descobre o preço do tempo no mesmo momento em que ele explora o espaço, pois para ele a duração essencial é aquela de um trajeto. Jacques Le Goff. Para uma outra Idade Média. Petrópolis: Vozes, 2013. Adaptado. O texto associa a mudança da percepção do tempo pelos mercadores medievais ao a) respeito estrito aos princípios do livre comércio, que determinavam a obediência às regras internacionais de circulação de mercadorias. b) crescimento das relações mercantis, que passaram a envolver territórios mais amplos e distâncias mais longas. c) aumento da navegação oceânica, que permitiu o estabelecimento de relações comerciais regulares com a América. d) avanço das superstições na Europa ocidental, que se difundiram a partir de contatos com povos do leste desse continente e da Ásia. e) aparecimento dos relógios, que foram inventados para calcular a duração das viagens ultramarinas. 10. (Ufu 2016) Mas o objetivo da produção, mesmo com meios modestos, não era um fim abstrato como hoje, mas prazer e ócio. Esse conceito antigo e medieval de ócio não deve ser confundido com o conceito moderno de tempo livre. Isso porque o ócio não era uma parcela da vida separada do processo de atividade remunerada, antes estava presente, por assim dizer, nos poros e nos nichos da própria atividade produtiva. KURZ, Robert. A expropriação do tempo. Folha de São Paulo, 3 jan.1999. p. 5 (Adaptado). A noção de tempo livre assumiu uma qualidade positiva distinta daquela de ócio, em função de estar articulada a um conjunto de transformações socioeconômicas, localizadas a partir de fins da Idade Média, e que se caracterizava a) pelo incremento da produção agrícola para o mercado interno, responsável pelo chamado renascimento feudal do século XV. b) pela crescente mercantilização das terras da Igreja, cada vez mais alinhada com as modernas concepções sobre o trabalho. c) pela descentralização político-administrativa das emergentes monarquias nacionais, fator de estímulo para o crescimento da produção mercantil. d) pela aceleração das atividades urbanas e comerciais, com o crescimento da produção mercantil e das camadas burguesas da sociedade. 11. (Unicamp 2016) “Uma categoria inferior de servidores que coexiste nas grandes casas com os domésticos livres são os escravos. Um recenseamento enumera em Gênova, em 1458, Página 4 de 13 mais de 2 mil. As mulheres estão em uma proporção esmagadora (97,5%) e 40% não têm ainda 23 anos. São totalmente desamparadas; todos na casa a repreendem, todos batem nela (patrão, mãe, filhos crescidos) e os testemunhos de processos em que elas comparecem mostram-nas vivendo, frequentemente no temor de pancadas. Em Gênova e Veneza, a escrava-criada é essencial no prestígio das nobres e ricas matronas. (Adaptado de Charles De la Roncière, “A vida privada dos notáveis toscanos no limiar da Renascença”, em Georges Duby (org.), História da vida privada - da Europa feudal à Renascença, vol 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 235-236.) Sobre o trabalho nas cidades italianas do período em questão, podemos afirmar corretamente que: a) O declínio da escravidão está ligado ao novo conceito antropocêntrico do ser humano e a uma nova dignidade da condição feminina no final da Idade Média. b) O trabalho servil era predominantemente feminino e concorria com o trabalho escravo. A escravidão diminuiu com essa concorrência, desdobrando-se no trabalho livre. c) Conviviam inúmeras formas de trabalho livre, semilivre e escravo no universo europeu e a sobreposição não era, em si, contraditória. d) O uso do castigo corporal igualava as escravas a outros trabalhadores e foi o motivo das rebeliões camponesas do período (jacqueries) e agitações urbanas. 12. (Uel 2016) Leia o texto a seguir. Uma família de Guarujá vivia angustiada nas últimas semanas com boatos sobre uma sequestradora de crianças à solta na periferia da cidade do litoral paulista. O medo naquela casa do bairro de Morrinhos era que a criminosa se aproximasse de Fabiane Maria de Jesus, 33 anos de idade, casada e mãe de duas filhas. “Se ela chegasse na minha irmã, tomava as crianças dela. Porque a Fabiane é assim: se alguém começa a conversar com ela no ônibus, ela já conta a vida inteira.” O desabafo, com os verbos no presente, é de Leidiane, 31 anos de idade, irmã mais nova de Fabiane, linchada na semana passada por moradores de Morrinhos após ser confundida com a tal sequestradora que nunca agiu no município. O que se soube após a morte de Fabiane é que tudo não passava de um boato. Um retrato falado feito em 2012 pela polícia do Rio de Janeiro foi divulgado em uma página na Internet voltada à população de Guarujá e a falsa informação levou pânico aos moradores. Na família de Fabiane, por exemplo, apenas ela não dava muita atenção à história da “bruxa” que levava crianças para rituais macabros. A mãe, Raimunda Maria de Jesus, 50 anos de idade, conta que chegou a alertar a filha, mas Fabiane não acreditou na conversa. “Ela me disse: ‘Isso é coisa do satânico. Isso é mentira’.” A opinião de Fabiane, porém, era minoria em casa e também em Morrinhos. Na tarde de sábado, dia 3, ela foi cercada e atacada por uma multidão. Ao longo de pelo menos duas horas, nas ruas de terra e nas palafitas do bairro, foi arrastada, levou chutes e pauladas e foi jogada ao chão. Internada em estado crítico após as agressões, morreu às 6h40min de segunda-feira. O linchamento foi registrado em fotos e vídeos gravados com celulares, o que já permitiu à polícia prender suspeitos de agredir Fabiane, mãe das meninas Yasmin, 12 anos de idade, e Esther Nicolly, 1 ano de idade. (Adaptado de: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1452689-familia-de-mulherlinchada-em-guaruja-temia-boatos-sobrebruxa. shtml>. Acesso em: 11 jul. 2015.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, responda aos itens a seguir. a) Discorra sobre o que era considerado como “bruxaria” no contexto da sociedade europeia entre a Baixa Idade Média e o início da Idade Moderna. b) Quais poderiam ser as comparações possíveis entre o relatado no texto e as noções sobre “bruxaria” na sociedade europeia entre a Baixa Idade Média e o início da Idade Moderna? 13. (Unesp 2015) Os homens da Idade Média estavam persuadidos de que a terra era o centro do Universo e que Deus tinha criado apenas um homem e uma mulher, Adão e Eva, e seus Página 5 de 13 descendentes. Não imaginavam que existissem outros espaços habitados. O que viam no céu, o movimento regular da maioria dos astros, era a imagem do que havia de mais próximo no plano divino de organização. (Georges Duby. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos, 1998. Adaptado.) O texto revela, em relação à Idade Média ocidental, a) o prevalecimento de uma mentalidade fortemente religiosa, indicativa da força e da influência do cristianismo. b) a consciência da própria gênese e origem, resultante das pesquisas históricas e científicas realizadas na Grécia Antiga. c) o esforço de compreensão racionalista dos fenômenos naturais, base do pensamento humanista. d) a construção de um pensamento mítico, provavelmente originário dos contatos com povos nativos da Ásia e do Norte da África. e) a presença de esforços constantes de predição do futuro, provavelmente oriundos das crenças dos primeiros habitantes do continente. 14. (Ucs 2015) A arabização foi um fenômeno ligado à expansão muçulmana nos séculos VII e VIII. Sobre esse processo, é correto afirmar que a) os árabes impunham sua religião aos povos dominados. Cristãos e judeus eram violentamente perseguidos e, algumas vezes vendidos como escravos e, até mesmo, mortos. b) o idioma foi um dos fatores que prejudicou a afirmação árabe, em especial na Península Ibérica, onde se falavam línguas de origem latina. Assim, não puderam impor sua religião, nem mesmo sua cultura. c) a convivência com os judeus foi pacífica desde o início do islamismo, não existindo maiores incompatibilidades com o judaísmo. Em função disso, a região da Palestina foi preservada das conquistas islâmicas. d) os árabes consentiam, nos primeiros anos da expansão, que os povos conquistados seguissem suas próprias religiões. No entanto, impunham o pagamento do imposto aos infiéis. e) os árabes eram monogâmicos e não aceitavam o casamento com pessoas que não praticassem a mesma religião que a sua. Dessa forma, foi difícil solidificar a etnia e a cultura árabe nas regiões conquistadas. 15. (Fgvrj 2015) Da mesma forma que a Terra Santa, ainda que com identidade menor, a Península Ibérica possibilitava a reunião das ideias de paz (luta no exterior da Cristandade), de Guerra Santa (engrandecimento da Igreja em terra anteriormente cristã) e de peregrinação (corpo santo apostólico em Santiago de Compostela). A Reconquista revelou-se especialmente atraente, o que é significativo, para o centro-sul francês (...) cujos cavaleiros foram os mais constantes participantes ultramontanos da luta anti-moura na Península. FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, monges e guerreiros. Feudo-clericalismo e religiosidade em Castela Medieval. São Paulo: Hucitec, 1990, p. 161. Sobre a Reconquista Ibérica, é correto afirmar que se trata de a) um conjunto de guerras e conquistas territoriais cujas motivações foram semelhantes àquelas que estimularam a ação dos cristãos durante as Cruzadas. b) um movimento dirigido pelos comerciantes castelhanos, interessados em se apropriar das riquezas e rotas mercantis do mundo islâmico. c) um movimento sem vinculação às crenças religiosas e devocionais cristãs e estimuladas pelo avanço científico precoce da Península Ibérica. d) uma incursão de cavaleiros a serviço da monarquia francesa com o intuito de anexar a Península Ibérica e reestruturar o antigo Império Carolíngio. e) um movimento essencialmente religioso que visava a combater o fanatismo muçulmano e estabelecer monarquias cristãs que respeitassem a liberdade religiosa na Península Ibérica. Página 6 de 13 16. (Unesp 2015) [Na Idade Média] A arte das catedrais significa acima de tudo, na Europa, o despertar das cidades. Muitos dos vitrais são oferecidos pelas associações de trabalhadores, que pretendiam assim consagrar ostensivamente as primícias de sua jovem prosperidade. Esses doadores não eram camponeses, mas pessoas de ofício. Homens que, na cidade, nos bairros em constante expansão, trabalhavam a lã, o couro e os metais, que vendiam belos tecidos, bem como joias, e corriam de feira em feira, em caravana. Esses artesãos, esses negociantes quiseram que na igreja matriz de sua cidade, nos vãos, transfigurados pela luz de Deus, se representassem os gestos e as ferramentas do seu mister. Que seu ofício e sua função produtiva fossem assim celebrados nesse monumento que a todos reunia por ocasião das grandes festas, suficientemente vasto para acolher a população inteira da cidade. Os burgueses, com efeito, não entravam na catedral apenas para rezar. Era ali que se reuniam suas confrarias e toda a comuna para suas assembleias civis. A catedral era a casa do povo. Do povo citadino. DUBY, Georges. A Europa na Idade Média, 1988. Identifique o momento da Idade Média em que ocorre o “despertar das cidades”, mencionado no texto, e aponte três características do papel exercido pelas catedrais na vida cotidiana dos moradores das cidades. 17. (Enem 2015) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades. LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010 O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a) a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho. c) importância organizacional das corporações de ofício. d) progressiva expansão da educação escolar. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. 18. (Ufpr 2015) Sobre Joana D’Arc, o historiador Jules Michelet escreveu: “Pela primeira vez, sente-se, a França é amada como uma pessoa, e ela torna-se tal desde o dia em que a amam. Até ali era uma reunião de províncias, um vasto caos feudal, um país imenso, de ideia vaga. Mas desde esse dia, pela força do coração é uma pátria”. MICHELET, Jules. Joana D ìArc. São Paulo: Fulgor, 1964, p. 16. Comente esse excerto, explicando as consequências da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) para a França e para o sistema feudal. 19. (Fuvest 2015) A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas econômicas que recorrem sempre mais a um meio de troca essencial: a moeda. [...] Centro econômico, a cidade é também um centro de poder. Ao lado do e, às vezes, contra o poder tradicional do bispo e do senhor, frequentemente confundidos numa única pessoa, um grupo de homens novos, os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”, privilégios cada vez mais amplos. GOFF Jacques Le. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado. O texto trata de um período em que a) os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de organização política e econômica, que produziam alterações na hierarquia social e nas relações de poder. b) o excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que circulavam apenas pelas mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais. Página 7 de 13 c) o anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os trabalhadores urbanos e rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo clero. d) a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte oposição da burguesia ascendente e dos grandes proprietários de terras. e) as principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra, haviam sido completamente superadas e substituídas pela busca incessante do lucro e pela valorização do livre comércio. 20. (Enem 2014) Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. VILLON. F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC. 1999. Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de a) refinar o gosto dos cristãos. b) incorporar ideais heréticos. c) educar os fiéis através do olhar. d) divulgar a genialidade dos artistas católicos. e) valorizar esteticamente os templos religiosos. Página 8 de 13 Gabarito: Resposta da questão 1: [Resposta do ponto de vista da disciplina de Biologia] A peste bubônica e a pneumônica são causadas pela bactéria Yersina pestis e transmitida pela picada da pulga de ratos (Xenopsilla cheops). A propagação da doença na Europa, no século XIV foi favorecida pelas péssimas condições dos aglomerados populacionais e a inexistência, na época, de meios de tratamento da infecção. [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Um conjunto de fatores pode ser considerado para a contribuição da propagação, como a precariedade das condições de higiene nas cidades, a precariedade de hábitos de higiene pessoal ou o desconhecimento das causas da doença. O comércio europeu atravessava um momento de grande desenvolvimento, conduzido principalmente por mercadores italianos que passaram a dominar as rotas e portos do Mar mediterrâneo. Na Europa havia grande efervescência do comércio e da vida urbana. Resposta da questão 2: [B] Somente a alternativa [B] está correta. No Baixo Império Romano, séculos III, IV e V, as ideias cristãs, as invasões bárbaras e a crise interna contribuíram para o fim do Império Romano do Ocidente no ano de 476. Esta data marca o final da Idade antiga e o início da Idade Média. Diante do caos político, econômico e social que estava mergulhada a Europa, a Igreja católica surgiu como a única instituição capaz de organizar a sociedade em torno das ideias cristãs atuando no processo de conversão dos bárbaros, criando escolas, mosteiros e universidades. Resposta da questão 3: a) A noção da Idade Média como um período de “trevas” e “atrasos” foi construída no período histórico seguinte a ela: o Renascimento. Para os renascentistas, eles eram os portadores da razão e da experimentação científica e tinham como obrigação combater o misticismo e o teocentrismo do período medieval. Se o Renascimento era “luz”, o Feudalismo era “treva”. b) Deve-se contestar. Basta citar o avanço tecnológico ocorrido no campo, a arquitetura e a literatura cavalheiresca desenvolvidos no período medieval. Resposta da questão 4: [E] Somente a proposição [E] está correta. A questão aponta para o final da Idade Média, em especial o século XIV caracterizado por muitas tragédias como a “Grande Fome” que dizimou 12% da população europeia e a Peste Negra que matou 33% da população da Europa. Apesar deste declínio populacional, os senhores feudais continuaram cobrando a mesma quantidade de impostos sobrecarregando os camponeses sobreviventes, daí as revoltas camponesas como as Jacqueries na França. Neste cenário de crise que ameaçava os interesses da elite, iniciou-se o processo de formação dos Estados Nacionais através de uma aliança entre rei e burguesia centralizando o poder nas mãos dos reis. Resposta da questão 5: 01 + 02 = 03. [04] Incorreta: a Querela das Investiduras foi resolvida através da Concordata de Worms, através da qual ficou definido que aos papas caberia a investidura espiritual e aos reis a investidura temporal dos novos papas; [08] Incorreta: os Tribunais de Inquisição tinham por objetivo julgar e punir aqueles que atentassem contra a fé cristã e aqueles considerados hereges. E heresia era a prática de depor contra a Igreja Católica; Página 9 de 13 [16] Incorreta: a Igreja Católica era uma das maiores detentoras de terras da época feudal, não tendo contribuído para nenhum tipo de reforma agrária. Resposta da questão 6: [C] A vida nos mosteiros era completamente fechada com relação ao mundo exterior, mas isso não impedia os mosteiros de serem verdadeiras casas do saber, uma vez que aos monges cabia estudar e aprimorar os preceitos da época e o latim. Resposta da questão 7: [E] Somente a proposição [E] está correta. A questão aponta para o Renascimento Comercial e urbano que ocorreu na Baixa Idade Média, séculos XII ao XV, em especial às rotas de comércio que favoreceram as cidades do norte da Itália, as feiras de Champagne que ligavam o norte da Itália à região da Flandres e a Liga Hanseática no mar do norte e no báltico. Esta liga possuía 80 cidades sob a liderança de Lubeck, cidade alemã. Possuía representação em todos os grandes centros comerciais, desde Londres até no Novgorod na Rússia. Resposta da questão 8: [C] O excerto do historiador faz referência à Baixa Idade Média, século XI ao XV na Europa. Conforme o texto “podemos afirmar que após uma fase A de crescimento econômico (12001316) a Europa Ocidental entrou numa fase B depressiva, que se estenderia até fins do século XV no sul e princípios do XVI no centro e no norte”. No século XIV ocorreram inúmeros problemas na Europa, tais como, Grande Fome, a Peste Negra, a Guerra dos Cem Anos e as Revoltas Camponesas. Resposta da questão 9: [B] Na fase da Baixa Idade Média, quando as cidades começaram a ressurgir e o comércio começou a renascer, os mercadores passaram a conviver com territórios mais amplos e, a partir disso, passaram a ter que lidar melhor com a questão do tempo com vistas a obter maiores lucros. Resposta da questão 10: [D] Somente a alternativa [D] está correta. A questão aponta para algumas transformações estruturais que ocorreram na Baixa Idade Média, tais como o surgimento da burguesia que dinamizou a economia através do comércio, moeda e vida urbana, etc. Ocorreu também um processo de centralização política nas mãos dos reis culminando na formação dos Estados Nacionais Modernos. Resposta da questão 11: [C] Como o texto enfatiza, uma gama de trabalhadores livres e escravos convivia nas cidades italianas, em especial nas chamadas casas grandes, as residências das famílias nobres. Resposta da questão 12: a) Durante o Feudalismo, a bruxaria era descrita como a prática de modificar a ordem divina da natureza. Sendo assim, as bruxas eram acusadas de serem agentes do demônio e de promoverem atos sobrenaturais, como voar, por exemplo. Página 10 de 13 b) Uma comparação possível é a falta de piedade da sociedade com a figura da mulher considerada bruxa. Tanto na Idade Média quanto na reportagem não houve remorso em se tirar a vida das “bruxas”. Resposta da questão 13: [A] Durante a Idade Média, a ideologia predominante era aquela criada e ditada pela Igreja Católica, baseada no Cristianismo. Fundamentos como a terra ser o centro do Universo e a criação do homem e da mulher por Deus faziam parte dessa ideologia. O pensamento humanista é posterior e marca o início da Era Moderna. Resposta da questão 14: [D] Os árabes, nos anos iniciais de expansão pela Península Arábica, buscavam converter os povos conquistados à religião muçulmana, mas davam às populações a opção da não conversão. Nesses casos, quem não se convertia tinha que pagar um imposto aos árabes pela não conversão. Resposta da questão 15: [A] Somente a proposição [A] está correta. A questão remete as “Guerras de Reconquista”. Através do ideal da Guerra Santa, o Islamismo expandiu sobre o Oriente Médio, Norte da África, Mar Mediterrâneo e Península Ibérica. Surgiu um conflito entre três civilizações: Católica na Europa, Ortodoxa no Império Bizantino e a Árabe Islâmica. No contexto das Cruzadas, 1095-1270, ocorreram conflitos dentro da Península Ibérica entre cristão e muçulmanos chamados de “Guerras de Reconquista” nos quais os cristãos lutavam para reconquistar suas terras. As Cruzadas podem ser vistas como a ‘Guerra Santa Católica”. Somente em 1492, no século XV, os últimos muçulmanos foram expulsos da região de Granada, na Espanha. Resposta da questão 16: O texto do historiador Georges Duby remete a Baixa Idade Média, séculos XII ao XV, quando a Europa estava sob a égide do Renascimento Comercial e Urbano caracterizado pela crise do sistema feudal e pelo surgimento de cidades, bancos, universidades, catedrais em estilo gótico, maior uso de moedas, economia mais urbana, dinâmica e monetária e o surgimento da burguesia. Surgiram cidades e no seu interior eram construídas as catedrais com apoio das Corporações de Ofício que consistiam em uma associação de artesãos. Estes monumentos religiosos eram a casa do povo, um local sagrado para as orações para Deus e Santos, celebração das festas católicas, reuniões das diversas confrarias que surgiram neste contexto. Resposta da questão 17: [B] O desenvolvimento urbano e o renascimento cultural promoveram transformações na sociedade, como o surgimento de novas profissões urbanas, promovendo, também, uma nova divisão do trabalho. Resposta da questão 18: O texto de Jules Michelet remete a participação de Joana D’Arc na Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra, 1337-1453, bem como a importância histórica desta guerra. A jovem camponesa, heroína francesa, Joana D’Arc ajudou seu país na guerra contra a Inglaterra. Morreu queimada em Rouen aos 19 anos de idade em 1431. Esta guerra terminou em 1453 com a vitória da França que expulsou os ingleses de seu território, contribuiu para a centralização do poder nas mãos do rei, afinal Carlos VII foi coroado como rei em Reims no norte do país seguindo antigas tradições, também contribuiu para a consolidação do Estado Nacional Francês que até então era um amontoado de províncias. Sem dúvida, a Guerra dos Página 11 de 13 Cem Anos significou a passagem da França medieval com poder político descentralizado para a França moderna com uma centralização política que culminou no absolutismo. Resposta da questão 19: [A] No final da Idade Medieval, quando o sistema feudal já vivenciava sua crise, as bases do Feudalismo passaram a coexistir com o renascimento das cidades e o surgimento de uma nova classe social: a burguesia. Nesse contexto, quando o Feudalismo sucumbiu, no século XV, a burguesia assumiu papel central nas transformações que marcariam o início da Idade Moderna. Resposta da questão 20: [C] As imagens das igrejas católicas do Medievalismo serviam para ensinar os fiéis os perigos advindos da prática imperfeita da religião e os benefícios adquiridos a partir da boa prática. O trecho “Um Paraíso com harpas pintado, E o Inferno onde fervem almas danadas, Um encheme de júbilo, o outro me aterra” é demonstrativo disso. Página 12 de 13 Página 13 de 13