AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA DE

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA DE Rubus
imperialis Cham. Schl. (Rosaceae) em modelos experimentais in
vivo
PRISCILA ELIZABET BERTÉ
Itajaí, 2013
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E
SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS
PRISCILA ELIZABET BERTÉ
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA DE Rubus
imperialis Cham. Schl. (Rosaceae) em modelos experimentais in
vivo
Dissertação submetida ao Programa de Mestrado
Acadêmico em Ciências Farmacêuticas, da
Universidade do Vale do Itajaí, como parte dos
requisitos para a obtenção do grau de Mestre em
Ciências Farmacêuticas.
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade
Co-orientador: Prof. Dr. Rivaldo Niero
Itajaí, março de 2013
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA DE Rubus
imperialis Cham. Schl. (Rosaceae) em modelos experimentais in
vivo
PRISCILA ELIZABET BERTÉ
‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de
Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de
Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’
____________________________________
Sérgio Faloni de Andrade, Doutor
Orientador
__________________________________________________________
Tania Mari Bellé Bresolin, Doutora
Coordenador do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas
Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:
______________________________________
Dr. Sérgio Faloni de Andrade (PMCF - UNIVALI)
Presidente
______________________________________
Dr. Rivaldo Niero (PMCF - UNIVALI)
Co-orientador
______________________________________
Dra. Márcia Maria de Souza. (PMCF - UNIVALI)
Membro Interno
______________________________________
Dra. Angélica Garcia Couto (PMCF - UNIVALI)
Membro Interno
____________________________________
Dra. Claudriana Locatelli (UNOESC)
Membro Externo
Agradecimentos
Primeiramente quero agradecer ao Universo, e todas as coisas existentes
nele, para que possamos progredir e assim realizar determinados sonhos em nossa
vida. Acredito que uma força maior nos rege e nos impulsiona a atingir nossos
objetivos. Posteriormente temos dentro de nós essa vontade, força e entusiasmo
para ir atrás e realizar.
Agradeço a minha família, pelo apoio emocional e financeiro, pela força, pelas
palavras de entusiasmo, por demonstrações de amor, carinho. A minha mãe Ilda,
sempre estava ali, na alegria, na tristeza, na saudade, me apoiando, me dizendo
para nunca desistir, obrigada mãe, foi super essencial essa força e carinho, eu te
amo muito. Agradeço ao meu pai Leonir por tudo que eu conquistei até hoje, pois
sempre me incentivou a estudar, e me apoiou sempre nas decisões, obrigada Pai,
do fundo do meu coração, agradeço por ter pais tão especiais, eu amo vocês.
Agradeço ao meu tio Claudio, que sempre foi fonte de inspiração pra mim,
como também realizou um mestrado, sempre me proporcionou suas palavras de
apoio, e sempre me incentivou a estudar muito.
Ao meu professor orientador Sérgio Faloni de Andrade, que me proporcionou
a oportunidade de realizar a minha pesquisa com modelo de úlcera gástrica, além de
orientador foi um grande amigo nessa caminhada, pois muitas vezes me ouviu com
a maior atenção e carinho, obrigada Sérgio.
Ao meu co-orientador Rivaldo Niero, pelos ensinamentos, colaboração para
que minha pesquisa fosse realizada.
Aos Docentes do Programa do Mestrado em Ciências Farmacêuticas pelos
ensinamentos e também a Coordenadora professora Tânia Mari Bellé Bresolin, pelas
palavras e paciência que teve comigo em determinados momentos.
Ao Jhony da Silva Lopes, o qual preparou o extrato e as frações da Rubus
imperislis e a purificação dos compostos isolados utilizados no presente trabalho,
obrigada Jhony.
A minha prima irmã Maira, a qual dividiu apartamento comigo por quatro anos,
e em período de mestrado também morou comigo. Sempre me escutou e
compartilhou momentos, agradeço pela sua paciência, por me ouvir, por me
estender a mão quando eu precisei, muito obrigada Maira.
A minha amiga Francielle Zanatta, a qual conheci na prova eliminatória do
mestrado, e ali já começou uma grande afinidade, Fran muito obrigada por tudo,
pelos momentos, pelas disciplinas que realizamos juntas, pelos experimentos nos
quais você me ajudou, pela sua amizade, carinho, risadas, ensinamentos e palavras,
te adoro lindona.
A meu amigo Antônio Luis Fermino, pelas conversas, pelo apoio, pela
amizade.
A minha amiga e professora Sandra Soares de Melo, a qual foi minha
orientadora em minha caminhada na iniciação científica da graduação de Nutrição,
que além de professora e Doutora sempre foi uma grande amiga com suas palavras,
ensinamentos e carinho, muito obrigada Prof. Sandra.
Agradecer as colegas de laboratório, Marta, Jady e Ana Paula, pela ajuda nos
experimentos, sem a ajuda de vocês não teria sido a mesma coisa, obrigada de
coração.
Agradecer aos funcionários do laboratório de farmacologia “in vivo” que de
uma forma ou de outra me auxiliaram, especialmente a Claudia e a Maria Angélica.
A todos os amigos que me ajudaram de forma direta ou indireta com a minha
caminhada, com muito carinho e companheirismo, muito obrigada!
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GASTROPROTETORA DE Rubus
imperialis Cham. Schl. (Rosaceae) em modelos experimentais in
vivo
PRISCILA ELIZABET BERTÉ
Março/2013
Orientador: Sérgio Faloni de Andrade, Doutor.
Co-orientador: Rivaldo Niero, Doutor.
Área de concentração: Produtos naturais e substâncias sintéticas bioativas.
Resumo:
A úlcera gástrica (UG) é uma doença heterogênea, com múltiplos fatores envolvidos
na sua gênese. O uso abusivo de álcool, de antiinflamatórios não esteroidais (AINEs), o
estresse, a hereditariedade, o tabagismo e a infecção por Helicobacter pylori, têm sido
considerados os principais fatores de risco, responsáveis por lesões na mucosa gástrica.
Algumas classes de compostos de origem natural como terpenos, triterpenos, flavonóides,
taninos, alcalóides, glicosídeos e saponinas, são conhecidas por apresentarem atividade
gastroprotetora. Rubus imperialis Cham. Schl (amora branca) apresenta em sua composição
terpenos e outros compostos com atividade anti-úlcera. O presente estudo teve como
objetivo avaliar a atividade gastroprotetora obtidas das partes aéreas do Extrato metanólico
bruto de R. imperialis (ExtMB) e das frações: hexano, clorofórmio e acetato de etila, tendo
em vista os relevantes resultados fitoquímicos e farmacológicos realizados anteriormente
em nossos laboratórios. Para determinação da atividade gastroprotetora foram empregados
os ensaios de: úlcera induzida por etanol, por anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs),
ácido acético, ligadura de piloro (pH, volume e acidez total), dosagem de muco e avaliação
da participação do óxido nítrico sintase (L-NAME) e grupamentos sulfidrila (NEM). Para a
avaliação do ExtMB foram utilizados ratos wistar (pesando entre 150-200g) e para as
frações e substâncias isoladas foram utilizados camundongos swiss (pesando entre 25-30g),
provenientes do Biotério Central da UNIVALI. No modelo de etanol utilizando tratamento
com ExtMB (100, 250, 500 mg/kg) o índice de cura obtido foi de 55,56%, 63,49%, 78,14%
respectivamente, e o fármaco omeprazol (30 mg/kg) foi de 86,62%. Quando utilizado as
frações: acetato de etila, hexano e clorofórmio (250 mg/kg) o índice de cura obtido foi de
86,47%, 81,2%, 85,63%, respectivamente, o do omeprazol (30 mg/kg) foi 92,12%. No
modelo de AINEs, o índice de cura obtido foi 49,50%, 48,43% e 59,99% utilizando-se ExtMB
nas doses de 100, 250 e 500 mg/kg, o índice de cura da cimetidina (100 mg/kg) foi de
55,89%. As frações acetato de etila, hexano e clorofórmio apresentaram índice de cura de
31,67%, 47,68% e 61,44% respectivamente, e a cimetidina 87,75%. No modelo de ácido
acético o índice de cura do ExtMB (500mg) foi de 65,75% e do fármaco cimetidina (100
mg/kg) foi 75,55 %. O ExtMB e as frações utilizadas se mostraram efetivas em aumentar pH
e diminuir acidez total quando comparado ao controle negativo. De acordo com os
resultados obtidos o efeito gastroprotetor não inclui a participação do muco, porém é
dependente da participação do óxido nítrico e dos compostos sulfidrílicos. Os estudos
fitoquímicos levaram ao isolamento das substâncias Niga-ichigosídeo F1 e Ácido 2β, 3β,
19α-triidróxiursólico (RI5-20), essas substâncias demonstraram resultados estatisticamente
significativos para todos os parâmetros analisados em úlceras induzidas por etanol. De
acordo com resultados, o extrato bruto de R. imperialis e as frações são capazes de
promover gastroproteção, este efeito parece envolver diminuição da acidez gástrica,
participação do óxido nítrico e compostos sulfidrílicos. Os resultados em conjunto sugerem
que R. imperilalis apresenta potencial terapêutico gastroprotetor.
Palavras-chave: Ação gastroprotetora, Úlcera, Rubus imperialis Cham. Schl.
ABSTRACT
Gastric ulcer (GU) is a heterogeneous disease with multiple factors involved in its
genesis. Alcohol abuse, nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs), stress, heredity,
smoking and Helicobacter pylori infection are considered the major risk factors responsible
for gastric mucosa injury. Some classes of natural compounds, such as terpenes,
triterpenes, flavonoids, tannins, alkaloids, saponins and glycosides, are known to have
gastroprotective activity. Rubus imperialis Cham. Schl (yellow raspberry) has terpenes and
other compounds with anti-ulcer activity in its composition. The present study evaluates the
gastroprotective activity obtained from the aerial parts of crude methanol extract of R.
imperialis (ExtMB) and the fractions: hexane, chloroform and ethyl acetate, in view of the
relevant pharmacological and phytochemicals results obtained previously in our laboratories.
To determine the gastroprotective activity, the following assays were used: ethanol-induced
ulcer, by nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs), acetic acid, pylorus ligature (pH,
volume and total acidity), determination of mucus, and evaluation of the participation of oxide
synthase (L-NAME) and sulfhydryl group (NEM). For the evaluation of ExtMB Wistar rats
were used (weighing 150-200g) and for fractions and isolated compounds, Swiss mice were
used (weighing between 25-30g) from the Central animal house of UNIVALI. In the model of
ethanol using ExtMB treatment (100, 250, 500 mg / kg) the cure rates obtained were 55.56%,
63.49%, 78.14% respectively, while that obtained for the drug omeprazole (30 mg/kg) was
86.62%. When the fractions ethyl acetate, hexane and chloroform (250 mg/kg) were used,
the cure rates obtained were 86.47%, 81.2%, 85.63% respectively, while that obtained with
omeprazol (30 mg/kg) was 92.12%. In the NSAIDs model, the cure rates obtained were
49.50%, 48.43% and 59.99% using ExtMB at doses of 100, 250 and 500 mg/kg, the cure
rate obtained with cimetidine (100 mg/kg) was 55.89%. The fractions ethyl acetate, hexane
and chloroform showed cure rates of 31.67%, 47.68% and 61.44% respectively, and
cimetidine presented a cure rate of 87.75%. In the model of acetic acid the cure rate of
ExtMB (500mg) was 65.75% and the drug cimetidine (100 mg/-kg) was 75.55%. The ExtMB
and fractions used have proven to be effective in increasing pH and decreasing total acidity
when compared to the negative control. According with the results obtained, the
gastroprotective effect does not include the contribution of the mucus, but is dependent on
the role of nitric oxide and sulfhydryl compounds. Phytochemical studies led to the isolation
of substances Niga-ichigoside F1 and Acid 2β, 3β, 19α-triidroxiursolic (RI5-20). These
substances showed statistically significant results for all the parameters analyzed in ethanolinduced ulcers. According to the results, the crude extract of R. imperialis and fractions are
able to promote gastroprotection. This effect appears to involve reduction of gastric acidity,
participation of nitric oxide and sulfhydryl compounds. Together, the results suggest that R.
imperilalis has therapeutic gastroprotective potential.
Keywords: Gastroprotective activity, Ulcer, Rubus imperialis Cham. Schl.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Partes aéreas, flores e frutos de Rubus imperialis......................................24
Figura 2 Fitoconstituintes presentes na Rubus imperialis.........................................24
Figura 3 Representação esquemática do mecanismo de secreção
de ácido pelo estômago.............................................................................................27
Figura 4 Fluxograma resumido da preparação e obtenção das frações...................34
Figura 5 Índice de cura do extrato metanólico bruto de R. imperialis
e omeprazol em lesões induzidas por etanol. Resultados expressos como
Média ± Erro Padrão da Média (EPM) de seis animais..............................................43
Figura 6 Imagens de estômagos após indução de úlcera por etanol em ratos.........43
Figura 7 Índice de cura das frações FAE, FH, FCHCl3 e omeprazol em lesões
induzidas por etanol. Resultados expressos como Média ± Erro Padrão da Média
(EPM) de seis animais................................................................................................44
Figura 8 Imagens de estômagos após indução de úlcera por etanol em
camundongos.............................................................................................................45
Figura 9 Índice cura do extrato metanólico bruto de R. Imperialis e cimetidina em
lesões induzidas por indometacina. Resultados expressos como Média ± Erro
Padrão da Média (EPM) de seis animais...................................................................47
Figura 10 Imagens de estômagos após indução de úlcera por indometacina em
ratos, utilizando tratamento com extrato metanólico bruto de R. imperialis em
diferentes concentrações e o fármaco cimetidina.....................................................48
Figura 11- Índice de cura das frações FAE, FH, FCHCl3 e cimetidina em lesões
induzidas por indometacina. Resultados expressos como Média ± Erro Padrão da
Média (EPM) de seis animais.....................................................................................49
Figura 12. Imagens de estômagos após indução de úlcera por indometacina em
camundongos, utilizando tratamento com as diferentes frações e fármaco
cimetidina...................................................................................................................49
Figura 13 - Índice de cura do extrato Metanólico Bruto de R. imperialis e cimetidina
em lesões induzidas por ácido acético em ratos. Resultados expressos como Média
± Erro Padrão da Média (EPM)..................................................................................52
Figura 14 – Efeito do Extrato Metanólico bruto de R. imperialis (500 mg/kg) e
carbenoxolona (200 mg/kg) em lesões induzidas por etanol em ratos pré-tratados
com L-NAME. Resultados expressos em Média ± EPM de seis ratos. Estatística foi
feita por comparação usando ANOVA e pós teste de Tukey. **p<0.01 quando
comparados com o grupo controle, ##p<0.01 quando comparado ao grupo LNAME.........................................................................................................................58
Figura 15 – Efeitos do ExtMB de R. imperialis (500 mg/kg) e carbenoxolona (200
mg/kg) em lesões induzidas por etanol em ratos pré-tratados com NEM. Resultados
são Média ± EPM de seis ratos. Estatística foi feita por comparação usando ANOVA
e pós teste de Tukey. **p<0.01 quando comparados com o grupo controle, # #p<0.01
quando comparado ao grupo NEM............................................................................59
Figura 16. Índice de cura das substâncias isoladas: Niga-ichigosídeo e RI5-20 (30
mg/kg) e do omeprazol (30 mg/kg) em lesões induzidas por etanol em
camundongos. Resultados expressos como Média ± Erro Padrão da Média (EPM) de
seis animais................................................................................................................61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Efeitos da administração oral de omeprazol (30 mg/kg) e das diferentes
doses do extrato metanólico bruto das partes aéreas de Rubus imperialis Cham.
Schl (100, 250 e 500 mg/kg) em úlceras gástricas agudas induzidas por etanol/HCl
em ratos......................................................................................................................42
Tabela 2 Efeito da administração oral de omeprazol (30 mg/kg) e das diferentes
frações do extrato metanólico de R. imperialis (hexano, clorofórmio e acetato de
etila, na dose de 250 mg/kg) em úlceras gástricas induzidas por etanol/HCl em
camundongos.............................................................................................................44
Tabela 3 Efeitos da administração oral de cimetidina (100 mg/kg) e das diferentes
doses do extrato metanólico bruto das partes aéreas de Rubus imperialis (100, 250
e 500 mg/kg) em úlceras gástricas agudas induzidas por indometacina em
ratos...........................................................................................................................47
Tabela 4 Efeito da administração oral de cimetidina (100 mg/kg) e das diferentes
frações: acetato de etila, hexano e clorofórmio, na dose de 250 mg/kg, em úlceras
gástricas agudas induzidas por indometacina em camundongos..............................48
Tabela 5 Efeito do extrato metanolico bruto de R. imperialis e cimetidina no modelo
de úlcera crônica induzida por ácido acético em ratos...............................................51
Tabela 6 Efeito do extrato metanólico bruto de R. imperialis nas diferentes doses
(100, 250 e 500 mg) e cimetidina, administrados intraduodenal, avaliando os
parâmetros obtidos no suco gástrico, através de ligadura de piloro em ratos...........53
Tabela 7 Efeitos da administração intraduodenal de cimetidina (100 mg/kg) e das
diferentes frações: acetato de etila, hexano e clorofórmio na dose de 250 mg/kg nos
parâmetros bioquímicos obtidos no suco gástrico de camundongos submetidos a
ligadura de piloro........................................................................................................54
Tabela 8 Efeitos das diferentes doses do extrato metanólico de R. imperialis e
carbenoxolona na dosagem de muco em mucosa gástrica.......................................55
Tabela 9 Efeitos das frações (acetato de etila, hexano e clorofórmio) de R. imperialis
e carbenoxolona na dosagem de muco em mucosa gástrica....................................56
Tabela 10 Efeito da administração oral de omeprazol (30mg/kg) e das substâncias
isoladas: Niga-ichigosídeo F1 e RI5-20 em úlceras gástricas induzidas por
etanol/HCl
em
camundongos.............................................................................................................61
LISTA DE ABREVIATURAS
AIDS - Síndrome da imunodeficiência Adquirida
AINEs – Anti-inflamatórios não esteroidais
AMPc- AMP cíclico
ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ExtMB – Extrato Metanólico Bruto
FAE- Fração Acetato de Etila
FH – Fração Hexânica
FCHCl3 - Fração Clorofórmio
GSH – Glutationa reduzida
HCO3 - Bicarbonato de sódio
HCl - Ácido clorídrico
H2-Ras – Antagonistas de receptores de histamina-2
H. pylori – Helicobacter pylori
IBP- Inibidores da bomba de prótons
IC – Índice de Cura
I.P- Intraperitoneal
L-NAME – Ng-Nitro-Arginina-Metil Ester
NEM – N-etilmaleimida
NIGA- Niga-ichigosídeo
NO – Óxido nítrico
NOS – Óxido nítrico-sintase
OMS – Organização Mundial da Saúde
PG- Prostaglandinas
RI5-20- Ácido 2 β, 3 β, 19α-triidróxiursólico
SUS – Sistema Único de Saúde
SH- Compostos sulfidrílicos
TGI – Trato Gastrointestinal
UG- Úlcera Gástrica
ULI – Índice de Lesões Ulcerativas
V.O – Via oral
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17
2.1 OBJETIVO GERAL:............................................................................................ 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:.............................................................................. 17
3 EMBASAMENTO TEÓRICO.................................................................................. 18
3.1 IMPORTÂNCIA DAS PLANTAS MEDICINAIS ................................................... 18
3.2 FAMÍLIA ROSACEAE......................................................................................... 21
3.3 GÊNERO RUBUS ............................................................................................... 21
3.4 DA PLANTA EM ESTUDO: RUBUS IMPERIALIS ............................................. 23
3.5 FISIOPATOLOGIA DA ÚLCERA E TERAPIA ANTIÚLCERA ........................... 26
3.5.1 SECREÇÃO GÁSTRICA ................................................................................. 26
3.5.2 SECREÇÃO DE MUCO ................................................................................... 28
3.5.3 ÚLCERA E AINES ........................................................................................... 28
3.5.4 ÚLCERA E HELICOBACTER PILORY ........................................................... 30
3.5.5 TRATAMENTO DA ÚLCERA GÁSTRICA....................................................... 31
4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 33
4.1 OBTENÇÃO DO MATERIAL VEGETAL ............................................................ 33
4.2 PREPARAÇÃO DO EXTRATO E DAS FRAÇÕES ............................................ 33
4.2.1 OBTENÇÃO DOS COMPOSTOS: ................................................................... 34
4.3 ANIMAIS E ENSAIOS FARMACOLÓGICOS ..................................................... 35
4.3.1 ANIMAIS .......................................................................................................... 35
4.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIÚLCERA .................................................... 36
4.4.1 MODELO DE ÚLCERA INDUZIDA POR ETANOL ......................................... 36
4.4.2 ÚLCERA AGUDA INDUZIDA POR ANTI-INFLAMATÓRIO NÃO
ESTEROIDAL ........................................................................................................... 37
4.4.3 MODELO DE ÚLCERA CRÔNICA INDUZIDA POR ÁCIDO ACÉTICO .......... 38
4.5 MECANISMOS DE AÇÃO ANTIÚLCERA .......................................................... 38
4.5.1 AVALIAÇÕES DA SECREÇÃO GÁSTRICA E MUCO.................................... 38
4.5.2 LIGADURA DE PILORO .................................................................................. 38
4.5.3 DOSEAMENTO DE MUCO EM MUCOSA GÁSTRICA ................................... 39
14
4.6 PARTICIPAÇÃO DO ÓXIDO NÍTRICO ENDÓGENO ENVOLVIDO NA
GASTROPROTEÇÃO ............................................................................................... 40
4.6.1 PARTICIPAÇÃO DOS GRUPAMENTOS SULFIDRILA ENDÓGENOS SOBRE
O EFEITO GASTROPROTETOR ............................................................................. 40
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................... 41
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 42
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 63
7 PERSPECTIVAS DO TRABALHO ........................................................................ 64
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65
ANEXO A – PARECER DE APROVAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA PELO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) DA UNIVALI ........................................ 76
APÊNDICE- ARTIGO CIENTÍFICO SUBMETIDO E ACEITO PARA A REVISTA
NAUNYN-SCHMIEDEBERG'S ARCH PHARMACOL .............................................. 79
15
1 INTRODUÇÃO
A úlcera gástrica (UG) é uma patologia que acomete considerável número de
pessoas no mundo. O uso abusivo de álcool, antiinflamatórios não esteroidais
(AINEs), o estresse, a hereditariedade, o tabagismo e a infecção por Helicobacter
pylori têm sido considerados os principais fatores de risco responsáveis pela lesão
da mucosa gástrica (MALFERTHEINER et al., 2007.; BABU et al., 2010).
A úlcera é uma doença heterogênea muito comum em indivíduos adultos.
Patologicamente consiste em uma perda de tecido da superfície interna do trato
digestivo que pode alcançar em maior profundidade à submucosa (SONNENBERG,
2006.; SOLL; GRAHAM, 2009). Tem sido reportado que a predisposição hereditária
está relacionada com aparecimento da UG, em alguns pacientes. O estresse
emocional e os fatores psicossociais também são freqüentemente identificadas
como importantes contribuintes para a patogênese da úlcera (ROSENSTOCK et al.,
2003).
Embora a incidência de úlcera em países ocidentais tenha diminuído ao longo
dos últimos 100 anos, cerca de 1 a cada 10 indivíduos ainda são afetados. Como a
prevalência da úlcera aumenta com o avanço da idade, é esperado que a doença
continuará a ter impacto significativo sobre a saúde, economia e qualidade de vida
dos pacientes (RAMAKRISHNAN; SALINAS, 2007).
Entre as principais classes químicas de componentes bioativos, com atividade
gastroprotetora são os alcalóides, saponinas, xantonas, terpenos, triterpenos,
taninos, flavonóides, compostos fenólicos, glicosídeos e polissacarídeos. (BAGGIO
et al., 2005; MORIKAWA et al., 2006; VASCONCELOS et al., 2010). Os compostos
fenólicos apresentam ampla gama de atividades fisiológicas que incluem
propriedades antioxidantes, antimicrobianas, antiinflamatórias, dentre muitas outras
(MANACH; MAZUR; SCALBERT, 2005.; HALLIWELL, 2007).
Rubus imperialis pertencente à família Rosaceae, apresenta em sua
composição alguns terpenos e derivados do ácido elágico e o principal componente
ativo identificado na planta foi o triterpeno Nigaichigosideo F1 (NIERO et al.,1999).
Algumas substâncias de origem vegetal, entre elas flavonóides, taninos e
terpenóides, têm apresentado atividade antiúlcera significativa, demonstrando o
16
potencial das plantas medicinais como fontes alternativas para o tratamento de
úlceras gástricas (DONANTINI et al., 2009).
Dessa forma ressalta-se a importância da busca por novos fármacos mais
eficazes e que apresentam menos efeitos indesejáveis para o tratamento dessa
patologia. Nesse contexto, as plantas medicinais e os produtos naturais ganham
grande importância, já que muitos extratos e/ou compostos isolados das mesmas,
têm apresentado resultados terapêuticos para o tratamento/prevenção de úlceras
gástricas (SANNOMIYA et al., 2005).
Diante do exposto o presente estudo teve como objetivo avaliar a atividade
gastroprotetora das partes aéreas do extrato metanólico e das frações: acetato de
etila, hexânica e clorofórmio de Rubus imperialis Cham. Schl. (Rosaceae), conhecida
como Amora branca, em diferentes modelos animais, tendo em vista os relevantes
resultados fitoquímicos e farmacológicos realizados anteriormente em nossos
laboratórios. Também duas substâncias isoladas da planta (Niga-ishigosideo-F1 e
Ácido 2β, 3β, 19α-triidróxiursólico) foram testadas.
17
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral:
Avaliar a atividade gastroprotetora do extrato metanólico bruto, e das frações
acetato de etila, hexânica e clorofórmio, substâncias isoladas obtidos das partes aéreas
de R. imperialis Cham. Schl. (Rosaceae) – amora branca em diferentes modelos
animais de úlcera.
2.2 Objetivos Específicos:
a) Avaliar atividade gastroprotetora do extrato metanólico bruto (ExtMB) e das
frações hexânica, clorofórmio e acetato de etila em modelos animais (etanol, AINEs
e ácido acético).
b) Avaliar as substâncias isoladas Niga-ishigosídeo F1 e Ácido 2β, 3β, 19αtriidróxiursólico em modelo de etanol.
c) Avaliar a atividade do extrato e das frações sobre a secreção gástrica e
produção de muco.
d) Estudar possíveis mecanismos de ação antiúlcera (participação do sistema do
óxido nítrico e grupamentos sulfidrila).
e) Comparar a atividade gastroprotetora do extrato com fármacos utilizados na
terapia antiúlcera (omeprazol, cimetidina e carbenoxolona).
18
3 EMBASAMENTO TEÓRICO
3.1 Importância das Plantas medicinais
Conceitualmente, são consideradas plantas medicinais, aquelas que possuem
propriedades terapêuticas. Elas são amplamente utilizadas na medicina popular
contra várias patologias, e seu uso vem crescendo gradativamente ao longo dos
últimos anos devido a vários fatores, dentre os quais se destaca o baixo poder
aquisitivo da maioria da população que procura uma alternativa com menores
custos. De acordo com a Organização Mundial da saúde (OMS), no início da década
de 90, 65% a 80% da população, em países desenvolvidos, já utilizavam plantas
medicinais como única fonte de cuidados básicos de saúde (BUTLER, 2008).
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
(BRASIL, 2010), são considerados medicamentos fitoterápicos aqueles obtidos com
emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e segurança são
validadas
por
documentações
meio
de
levantamentos
tecnocientíficas
ou
etnofarmacológicos,
evidências
clínicas.
Os
de
utilização,
medicamentos
fitoterápicos são caracterizados através do conhecimento de sua eficácia e dos
riscos de seu uso, como também pela reprodutibilidade e constância de sua
qualidade. A droga vegetal define-se como planta medicinal, ou suas partes, que
contenham as substâncias, ou classes de substâncias, responsáveis pela ação
terapêutica, após processos de coleta, estabilização, quando aplicável, e secagem,
podendo estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.
Com a crescente utilização da fitoterapia por profissionais da saúde,
impulsionada pela produção científica nessa área, principalmente nas duas últimas
décadas, a cada dia, mais fármacos de origem vegetal são colocados no mercado e
introduzidos para uso terapêutico. Além disso, a realização de estudos
etnofarmacológicos possibilita o resgate, a preservação e o uso das plantas como
subsídio de pesquisa, do conhecimento popular ou tradicional. (GALVANNI;
BARRENECHE, 1994.; BOORHEM; LAGE, 2009).
Segundo Newmann e Cragg (2007), dos fármacos lançados entre os anos de
1981 e 2006, 6% eram oriundos de produtos naturais. Destes 28% eram derivados,
e 5% eram sintéticos, mas com o grupo farmacofórico obtidos de modelos naturais.
19
Houve grande destaque na participação desta fonte de fármacos, no campo do
combate ao câncer e às infecções. Cerca de 40% dos medicamentos existentes no
mercado são obtidos de forma direta ou indireta de fontes naturais, dos quais 20%
são oriundos das plantas. Atualmente os fitoterápicos representam cerca de 15% do
capital da indústria farmacêutica mundial, e avança em direção ao tratamento de
doenças de maior gravidade como vitiligo, psoríase e Síndrome da imunodeficiência
Adquirida (AIDS).
No Brasil, o surgimento da medicina popular com uso das plantas, teve seu
inicio com os índios, e posteriormente com contribuições dos negros e europeus. Na
época em que o Brasil era colônia de Portugal, os médicos restringiam-se às
metrópoles. Na zona rural e/ou suburbana, a população recorria ao uso das ervas
medicinais para os problemas de saúde. A construção desta terapia alternativa
surgiu da articulação dos conhecimentos dos indígenas, jesuítas e fazendeiros. Este
processo de miscigenação gerou diversificada bagagem de usos para as plantas e
seus aspectos medicinais, que sobreviveram dos nossos antepassados até os dias
atuais (ARAUJO,1979.; FIRENZUOLI; GORI; NERI, 2005).
De acordo com estimativas da Convenção da Diversidade Biológica, o Brasil
contém entre 15 e 20% de toda a biodiversidade mundial, sendo considerado a
maior do planeta em número de espécies endêmicas. Dados estatísticos indicam
ainda que existam 55 mil espécies de plantas, 517 anfíbios (294 endêmicos), 1.622
aves (192 endêmicas), 524 mamíferos (cerca de 130 endêmicos), 468 répteis (172
endêmicos), 3.000 espécies de peixes de água doce e cerca de 15 milhões de
insetos, muitos completamente desconhecidos. Mesmo com toda essa riqueza
biológica, o maior produto de exportação comercial do país (40%) refere-se a
espécies de plantas exóticas, que foram introduzidas como, por exemplo, a laranja, a
soja, a cana-de-açúcar e o eucalipto (LEWINSONHN; PRADO, 2002).
Como reportado anteriormente, a biodiversidade do Brasil é considerada uma
fonte de substâncias biologicamente ativas e, sua preservação é fundamental tanto
pelo valor intrínseco dessa imensa riqueza biológica, como pelo seu enorme
potencial como fonte de novos fármacos. Diante desta realidade, várias pesquisas
de bioprospecção dos nossos biomas vêm sendo incrementadas objetivando a
busca racional de bioprodutos de valor agregado (BARREIRO; FRAGA, 1999.;
COSTA, 2002).
20
O desenvolvimento sustentável de um país depende essencialmente de uma
política consistente de educação, ciência, tecnologia e inovação, sustentada na
preservação da natureza, na biodiversidade e na exploração racional de fontes
naturais necessárias para alimentação, avanço social e econômico, num cenário que
assegura a manutenção da saúde e a cura de doenças (BRAZ FILHO, 2010). No
Brasil, as pesquisas de descoberta de protótipos de fármacos e/ou fitofármacos,
além de propiciarem o avanço da pesquisa básica multidisciplinar, podem contribuir
também para o desenvolvimento tecnológico nacional, levando em conta que a
diversidade micromolecular dos inúmeros biomas brasileiros é ainda muito pouco
explorada como uma fonte de substâncias de interesse farmacológico (BARREIRO,
2009).
Medicamentos tradicionais são amplamente divulgados e estima-se que 80%
da população do mundo dependam deles como uma fonte de saúde primária. No
Brasil, as populações das zonas rurais e de florestas dependem da medicina popular
e tradicional para o tratamento de muitas doenças infecciosas. Algumas espécies
são incluídas nas prescrições para determinados fins terapêuticos, como a
cicatrização de feridas, inflamação, infecções microbianas ou parasitárias, lesões de
pele e úlceras (ALVES; ROSA, 2007).
As plantas têm sido amplamente reconhecidas como importante fonte da
maior parte dos componentes ativos em medicamentos terapeuticamente eficazes.
Vale ressaltar que através das pesquisas realizadas com os produtos naturais, foi
demonstrado que estes, além de serem utilizados como medicamentos, também são
ferramentas para revelar importante aspecto de ações e mecanismos fisiológicos,
devido a interações com os canais de membrana, receptores e vias metabólicas
(LORENZI; MATOS, 2000.; HARVEY, 2008).
Como preconizado pela Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos (BRASIL, 2006), os fitoterápicos constituem importante fonte de
inovação em saúde, sendo objeto de interesses empresariais privados e fator de
competitividade do Complexo Produtivo da Saúde. O desenvolvimento do setor de
plantas medicinais e fitoterápicos pode se configurar como importante estratégia
para o enfrentamento das desigualdades regionais existentes em nosso país,
podendo prover a necessária oportunidade de inserção socioeconômica das
populações de territórios caracterizados pelo baixo dinamismo econômico e
indicadores sociais precários. A ampliação das opções terapêuticas ofertadas aos
21
usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), com garantia de acesso a plantas
medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia, com segurança,
eficácia e qualidade, na perspectiva da integralidade da atenção à saúde, é uma
importante estratégia com vistas à melhoria da atenção à saúde da população e à
inclusão social.
Desta forma, as pesquisas com descoberta de novos produtos derivados
dessa ampla biodiversidade encontrada nas diferentes regiões do Brasil é de grande
relevância, tanto para avanço da pesquisa, em desenvolvimento tecnológico e
conhecimento científico sobre as plantas, inovação e isolamento de compostos
terapeuticamente eficazes para tratamento de diferentes patologias.
3.2 Família Rosaceae
Rosaceae consiste em uma grande família de plantas, a grande maioria dos
representantes é composta por especies frutíferas como ameixeira, cerejeira,
amoreira, framboesa, morangos, damasco, pêra, pêssego, dentre outras (JORGE;
MARKMAN, 1993). Tais plantas crescem em todas as partes do mundo,
especialmente em regiões temperadas. Algumas foram cultivadas há décadas, e são
conhecidas por sua variedade de frutas, utilizada para a fabricação de doces e
compotas. Na flora brasileira, a família é representada por cinco gêneros, ocorrendo
principalmente no sul do país. Muitas espécies são usadas na medicina popular para
tratar diferentes patologias (JOLY, 1991.; LIFE; BED, 1993).
3.3 Gênero Rubus
Rubus é um dos cem gêneros da família Rosaceae, com diversas classes de
compostos com atividades biológicas comprovadas. O Gênero Rubus é constituído
de muitas espécies que são empregadas na medicina popular de vários países para
o tratamento de diferentes patologias, especialmente diabetes mellitus. Estudos
fitoquímicos e farmacológicos têm mostrado que algumas espécies produzem
princípios ativos que exercem atividade gastroprotetora, antioxidante, antitumoral e
anti-inflamatória (PATEL; ROJAS-VERA; DACKE, 2004).
O gênero Rubus têm sido utilizada no uso popular para diversos efeitos
benéficos. Folhas de amora apresentam propriedades anti-inflamatória, antiviral e
22
antimicrobiana, bem como atividade anti-proliferativa contra as células cancerosas.
Estudos recentes focaram-se na identificação de componentes fenólicos das folhas
de Rubus, bem como a determinação da sua atividade antioxidante (PANIZZI et al,
2002.; DALL’ACQUA et al, 2008).
Estudos farmacológicos confirmaram várias indicações populares, incluindo
atividade antimicrobiana, antifúngica, antidiabética e antinoceptiva. Além disso, há
uma grande ocorrência de diferentes classes de compostos, destacando-se os
terpenóides, flavonóides e outros compostos fenólicos (NIERO; CECHINEL-FILHO,
2008).
A Rubus occidentalis é conhecida como framboesa preta, muito utilizada para
preparação de caldas, sorvetes, sucos e vinhos. Tem sido amplamente estudada
devido a presença de compostos antioxidantes. Os principais constituentes
fitoquímicos presentes nessa especie incluem as antocianinas, flavonóides, taninos
(proantocianidina), ácidos fenólicos e lignanas (HAGER et al, 2008). Como reportado
anteriormente, esta planta apresenta significativa capacidade antioxidante, a qual é
atribuída à alta concentração de antocianinas e compostos fenólicos totais
(SEERAM, 2008.; TULIO et al, 2008.; WANG; LIN, 2000). Estudos realizados têm
demonstrado propriedade anti-proliferativa para tumores de cólon, mama e próstata
(SEERAM et al, 2006). Jung et al (2009) relataram que o vinho de R. occidentalis
apresentou atividade antioxidante comparável à vinhos tinto importados, com
propriedade antitumoral para câncer de fígado.
Rubus aleaefolius é tradicionalmente utilizada no tratamento de problemas
hepáticos, bem como estomatite. Vários compostos foram isolados de diferentes
partes da planta, como triterpenóides glicosídeos e taninos hidrolisáveis (GAN et al,
1998.; GAN et al, 2000). A decocção das raízes é utilizada por nativos Anxi (que
vivem em regiões montanhosas da Província de Fujian) contra hepatite aguda e
outros tipos de patologias (SUN et al, 2004). Embora a terapia utilizando R.
aleaefolius sugere que esta pode ser realmente eficaz, ainda faltam estudos
científicos sobre sua eficácia para desordens hepáticas. Nenhum estudo sistemático
da planta foi realizado para se estabelecer qual é o principio ativo químico
responsável para a atividade hepatoprotetora. O que se tem observado na literatura
é que a decocção, o extrato etanólico e polissacarídeos provenientes da raiz de R.
aleaefolius tem a capacidade de melhorar as funções hepáticas
em algumas
23
patologias de fígado (HONG et al, 2005.; YE et al, 2005.; CHEN et al, 2006.; ZHOU
et al, 2007).
O extrato das raízes de Rubus pinfaensis é utilizado na China para o
tratamento de queimaduras e, ensaios in vitro demonstraram significativa atividade
antibacteriana. A análise fitoquímica desta espécie revelou a presença de alguns
terpenóides como o ácido ursólico, euscáfico, 28-glicosil tormêntico e 19αhidroxiasiático (MAATTA-RIIHINEM et al, 2004).
Segundo Yoon et al (2010), Rubus coreanus possui propriedade antioxidante.
Os principais constituintes encontrados nessa espécie incluem ácido fenólico, ácido
linoléico, ácido linolênico, ácido oléico, ácido palmítico, ácidos orgânicos, triterpenos,
e flavonóides. Dentre os efeitos biológicos de R. Coreanus, destaca-se atividade
antioxidante,
anti-fadiga,
anti-fertilidade,
adstringente,
anti-osteoporose,
anti-
diabética, anti-tumoral e anti-inflamatória (BAE et al, 2007.; KUA; MUN, 2008.; DO et
al, 2008).
Estudos foram realizados pelo NIQFAR/UNIVALI com a Rubus rosaefolius. A
planta é utilizada na medicina popular como anti-espasmódica, analgésica. Desta
espécie, foram obtidos das partes aéreas alguns esteróides como o estigmasterol, βsitosterol livre e glicosilado e os triterpenos ácido tormêntico e 28-metoxitormêntico.
Este último quando avaliado em camundongos no modelo de contorções abdominais
induzidas por ácido acético e modelo de dor induzida por formalina, apresentou-se
eficaz em diminuir o processo doloroso, incluindo a dor de origem inflamatória e
neurogênica (KANEGUSUKU et al., 2007).
Sugere-se que alguns desses compostos com estas propriedades descritas
anteriormente estejam presentes também em outros tipos de Rubus, como é o caso
da R. imperialis, objeto de pesquisa nesse estudo.
3.4 Da planta em estudo: Rubus imperialis
R. imperialis ocorre abundantemente no sul do Brasil, sendo conhecida como
amora-do-mato, amora-branca, amora rosa ou amora-brava (NIERO et al., 1999).É
uma planta arbustiva, samentosa, perene, de ramos angulosos, armados de acúleos
grandes, podendo atingir 4 a 5 m de comprimento. Flores com pétalas brancas, fruto
composto de inúmeras drupas verde-amareladas (Figura 01). Os frutos são
24
saborosos, suculentos e adocicados, esta espécie possui grande potencial para a
utilização em geléia, doces em calda e outros derivados ou até mesmo para consumo
in natura (BIANCHINI, 2010).
Figura 01: Partes aéreas, flores e frutos de Rubus imperialis (Fonte: SILVA-LOPES, 2010)
Estudos fitoquímicos realizados por pesquisadores do NIQFAR/UNIVALI,
demonstraram na planta a presença de alguns terpenos e derivados do ácido elágico
(Figura 2), como o niga-ichigosídeo F1 (ácido 23-hidroxitormêntico-28-O-glicosídeo)
(1), ácido 23-hidroxitormêntico (2), ácido 4’metil-3-O-metilelágico (3) e ácido 3-Ometil-4’-O-α-ramnose elágico (4) (BELLA CRUZ et al., 2006).
Figura 02. Fitoconstituintes presentes na Rubus imperialis. Fonte: BELLA CRUZ et al (2006).
25
Esta planta, além de ser usada pelas comunidades rurais para o tratamento
de diabetes, é também utilizada para combater outras enfermidades, algumas
relacionadas à dor. Neste contexto, alguns extratos obtidos de diferentes partes da
planta (folhas, caule, raíz) foram testados em alguns modelos de dor específicos, os
quais mostraram-se ativos. O principal componente ativo foi identificado como o
triterpeno Nigaichigosideo F1, o qual foi isolado com alto rendimento das partes
aéreas. Este composto foi aproximadamente 30 vezes mais potente do que a
aspirina e o paracetamol, no teste de contorções abdominais induzidas por ácido
acético em camundongos, além de previnir tanto a dor de origem neurogênica, como
a dor de origem inflamatória no teste da formalina (NIERO et al., 1999).
ARDENGHI et al (2006), demonstraram que este triterpeno atua por diversas
vias de neurotransmissores para exibir seu efeito antinoceptivo, tais como a via
dopaminérgica, taquicininérgica, L-arginina-óxido nitrérgica e glutamatérgica.
Um ensaio simples de avaliação da citotoxicidade empregando o modelo da
Artemia salina foi conduzido com os extratos metanólicos das raízes, galhos e
folhas, juntamente com a fração em hexano e em acetato de etila das raízes e com
os compostos Niga-ichigosídeo F1, ácido 23-hidroxitormêntico e ácido 3-O-metil-4’O-α-ramnoseelágico. Apenas os extratos metanólicos e a fração em acetato de etila
mostraram citotóxicos em concentrações letais (CL50) abaixo de 1000 µg/mL. Já os
compostos isolados não evidenciaram nenhuma citotoxicidade, levando a crer que
esta atividade se dá em sinergismo por diversos constituintes do extrato
(KANEGUSUKU et al., 2002).
A substância Niga-ichigosídeo F1 também foi isolada da espécie Rubus
coreanus, e esse composto se mostrou efetivo inibindo inflamação em modelo de
artrite reumatóide e também atividade de reduzir lesões gástricas em modelo de
úlcera induzida por etanol em ratos (NAM et al., 2006).
Embora existam inúmeras referências a respeito de outras espécies do
gênero Rubus, poucos são os estudos científicos realizados com R. imperialis, tanto
fitoquímico quanto farmacologicamente (SILVA-LOPES, 2010). Desta forma, é de
grande importância estar investigando os efeitos da planta na atividade
gastroprotetora em ensaios farmacológicos in vivo.
26
3.5 Fisiopatologia da úlcera e terapia antiúlcera
Úlceras gástricas são lesões na mucosa gastrointestinal que atingem a
camada muscular da mucosa, que persistem e são geralmente dependente da
atividade ácido-péptica do estômago. As principais causas são a infecção pelo H.
pylori e consumo de antiinflamatórios não esteroidais (AINEs), incluindo aspirina
(SOLL; GRAHAM, 2009).
A patogênese da úlcera gástrica é complexa e multifatorial, e tem sido
estudada por várias décadas. Uma das causas está relacionada com desequilíbrio
entre o aumento da secreção de ácido gástrico e função defensiva da barreira da
mucosa, ou seja, o enfraquecimento da barreira da mucosa. Vários fatores
ambientais também contribuem para formação da úlcera. Dentre estes, podemos
citar o uso prolongado de antinflamatórios não esteroidais, uso abusivo de álcool,
cigarro e estress (MALFERTHEINER; CHAN; MCCOLL, 2007).
A UG pode aparecer na parte inferior do esôfago, estômago, primeira porção
do duodeno e menos frequentemente na segunda porção do duodeno e jejuno. O
lugar preferencial para úlceras gástricas é o ângulo da curvatura menor do
estomago, porém pode ocorrer em qualquer local a partir da cárdia até o piloro
(YUAN; PADOL; HUNT, 2006).
O sintoma predominante da UG não complicada é dor epigástrica, que pode
ser acompanhada por outros sintomas dispépticos como plenitude, distensão
abdominal, saciedade precoce e náuseas. Em pacientes com úlcera duodenal, a dor
epigástrica ocorre normalmente durante o estado de jejum ou durante a noite, e
geralmente é aliviada pela ingestão de alimentos ou de agentes neutralizantes de
ácido. Cerca de um terço dos pacientes também têm dispepsia, a maioria sem
apresentar esofagite erosiva (PRIMROSE, 2004.; SHAH, 2007).
3.5.1 Secreção gástrica
O estômago é anatomicamente dividido em quatro regiões: cárdia, fundo,
corpo e antro, formado por várias camadas de músculo liso e revestidas por uma
mucosa (KUTCHAI, 1996). Esse órgão secreta cerca de 2,5 litros de suco gástrico
por dia. As principais secreções exócrinas são pró enzimas; como a pró renina e o
27
pepsinogênio, sintetizadas pelas células principais ou pépticas; ácido clorídrico e
fator intrínseco, secretados pelas células parietais ou oxínticas (GUYTON, 2006).
A regulação da secreção de ácido pelas células parietais é de suma
importância na patologia da úlcera péptica. A secreção das células parietais é
constituída por uma solução isotônica de ácido clorídrico (HCl) (150 nmol/L) com pH
abaixo de 1, sendo que a concentração de íons hidrogênio é um milhão de vezes
mais alta que a do plasma. O HCl é secretado no canalículo da célula parietal por
um processo de três etapas (Figura 03):
• O processo de transporte ativo começa pelo transporte de íons K+ e Cl- para o
canalículo. O íon Cl- é transportado por bomba ou através do canal. O fluxo
dos íons Cl- cria um potencial negativo no canalículo, provocando o fluxo
passivo de íons K+ para o canalículo.
• Em seguida, o íon H+ é trocado pelo K+ pela bomba H+ - K+ - ATPase.
• A água entra no canalículo na direção do gradiente osmótico criado pelo
movimento de HCl no canalículo.
Figura 03. Representação esquemática do mecanismo de secreção de ácido pelo estômago. (Fonte:
OLBE, CARLSSON, LINDBERG, 1998)
28
Os principais estímulos que atuam sobre as células parietais são:
• Gastrina;
• Acetilcolina;
• Histamina;
• Prostaglandinas E2 e I2.
3.5.2 Secreção de muco
A mucosa gástrica preserva sua integridade estrutural e funcional apesar da
contínua exposição a fatores nocivos, incluindo o ácido clorídrico e a pepsina, os
quais são capazes de digerir o tecido gástrico. No entanto, graças aos mecanismos
de defesa, tal digestão não acontece (LAINE et al., 2008).
O muco e o bicarbonato protegem a superfície do estômago das ações do
HCl e das pepsinas. A secreção do muco é estimulada por alguns dos mesmos
estímulos que intensificam a secreção de ácido e pepsinogênio, especialmente pela
acetilcolina (HOWARD; KUTCHAI, 2004).
O gel de muco protetor, que se forma sobre a superfície luminal do estômago
e as secreções alcalinas, constituem uma barreira chamada de barreira de mucosa
gástrica que previne os danos à mucosa pelos conteúdos gástricos. O muco permite
que as células epiteliais mantenham um pH quase neutro. A proteção do epitélio
gástrico depende tanto do muco quanto das secreções de HCO3. A barreira da
mucosa gástrica pode proteger o estômago mesmo quando as taxas de secreção do
HCl e das pepsinas estão elevadas. Entretanto, se a secreção de HCO3 ou de muco
for suprimida, a barreira mucosa gástrica fica comprometida, e as ações do ácido e
da pepsina na superfície do estômago podem ocasionar úlceras gástricas (BERNE
et al., 2009).
Evidências sugerem que em condições fisiológicas normais, a barreira de
bicarbonato junto ao muco é suficiente para a proteção da mucosa gástrica contra o
ácido
e
pepsina,
apresentando
também
proteção
ao
duodeno
(ALLEN;
FLEMSTROM, 2005).
3.5.3 Úlcera e AINEs
A associação entre a UG e o consumo de AINEs é conhecida há muito tempo.
Os
antinflamatórios
não
esteroidais
(AINEs)
correspondem
aos
agentes
29
farmacológicos mais utilizados na prática clínica, devido ao seu amplo espectro de
indicações terapêuticas, tais como analgesia, inflamação, profilaxia contra doenças
cardiovasculares, importante analgésico pós-operatório, desempenhando grande
eficácia (KUMMER; COELHO, 2002). No entanto, as lesões agudas gastrointestinais
são os efeitos colaterais mais graves e frequentes dos AINEs, o que os tornam
responsáveis
pela
causa
mais
comum
do
desenvolvimento
de
úlceras
gastroduodenais nos países ocidentais e no mundo (GLAVIN; SZABO, 1992; YUAN
et al., 2006).
Os AINEs inibem a secreção tanto de muco quanto de HCO3 e podem causar
gastrites, hemorragia subepitelial, erosões e úlceras. Aproximadamente 10-40% dos
pacientes que fazem uso de AINEs por 3 meses podem ter úlcera gástrica e úlcera
duodenal, respectivamente. O consumo a longo prazo de AINEs aumenta cerca de 4
vezes o risco de complicações gastrointestinais (sangramento de UG e perfuração).
Freqüentemente UG associada ao consumo de AINEs é assintomática, mesmo
antes da ocorrência de alguma complicação (SINGH; TRIADAFILOPOULOS, 1999.;
HAWKEY, 2000.; WALLACE, 2001).
Tais agravos no tecido da mucosa gastrointestinal ocorrem devido à inibição
da enzima ciclooxigenase (COX), a qual se diferencia em pelo menos três isoformas
(COX-1, COX-2 e COX-3) e detém diferenças na sua regulação e expressão. Vale
ressaltar que a atividade de ambas é inibida por todos os AINEs, porém em níveis
variáveis, dependente do fármaco utilizado (MONTEIRO et al., 2008).
A COX-1, designada como constitutiva, contribui na integridade da mucosa
gastroduodenal, homeostase vascular, agregação plaquetária e modulação do fluxo
plasmático renal. A COX-2, corresponde à enzima indutível, com relevância na
modulação do fluxo sanguíneo glomerular e balanço hidroeletrolítico. Sua expressão
na maioria dos tecidos é indetectável, no entanto, no processo inflamatório esta se
encontra aumentada, e ainda, a presença de glicocorticóides inibe a COX-2, o que
pode explicar seus efeitos antiinflamatórios (WATTS, 2008).
A expressão de uma terceira variante catalítica da COX (COX-3) foi
demonstrada em estudos in vitro com linhagens de macrófagos. A singularidade é
que a expressão desta variante não originaria prostaglandinas pró-inflamatórias, mas
um membro da família das ciclopentanonas, a 15desoxe-D PGJ2, agonista dos
receptores ativadores de proliferação do peroxissomo (PPARs), com atividade
antiinflamatória. Se a hipótese de uma terceira ciclooxigenase com atividade
30
antiinflamatória estiver correta, a sua expressão pode resultar em períodos típicos de
remissão do processo inflamatório, como tem sido constatado em algumas doenças
crônicas, como a artrite reumática (COLVILLE-NASH; QURESHI; WILLIS et al.,
1988.; GILROY; TOMLINSON; WILLOUGHBY, 1998).
A COX-3, possivelmente uma variante da COX-1 (pois é derivada do mesmo
gene dessa isorforma), encontra-se distribuída principalmente no córtex cerebral,
medula espinhal e coração (CHANDRASEKHARAN; DAI; ROOS et al., 2002).
3.5.4 Úlcera e Helicobacter pilory
A infecção por H. pilory é reconhecida como uma das infecções crônicas mais
comuns, estimando-se que cerca de metade da população mundial esteja infectada.
É conhecido também que a sua prevalência varia consideravelmente com diversos
fatores sendo, geralmente, superior em meios socioeconômicos desfavorecidos em
que são comuns habitações com grandes aglomerados familiares e deficientes
condições higiênico-sanitárias – ambientes reconhecidos como propiciadores da
transmissão da bactéria. Dessa forma, a prevalências da infecção por H. pilory é
muito amplo variando com o grau de desenvolvimento das regiões. A maioria dos
países em desenvolvimento apresenta taxas superiores a 80% em contraste com os
20 a 40% dos países desenvolvidos (CAVE, 1997.; BROWN, 2000; SANTOS et al.,
2010).
Infecção por H. pilory é considerada a mais comum no homem e em
contrapartida é uma das causas da gastrite aguda e crônica. Entre 85-95% dos
pacientes com úlcera duodenal e 70-85% dos pacientes com infecção gástrica
apresentam a bactéria (GISBERT; PAJARES, 2003). Em um estudo realizado por
Aragão (1997), dos 86% dos pacientes que apresentavam úlcera duodenal, 78% dos
mesmos apresetaram infecção com H. pilory.
Grandes esforços científicos estão sendo realizados para o controle da H.
pylori, visto que a sua infecção é de difícil tratamento, por muitas vezes recorrente,
utilizando-se antibióticos específicos e inibidores de bomba, como por exemplo
amoxicilina e claritromicina, associada a esomeprazol (LEE et al., 1995.; SIQUEIRA
et al., 2007.; SOUZA et al., 2009).
31
Embora a incidência de úlceras causadas por H. pilory em países
desenvolvidos tenha diminuído, a úlcera péptica continua ser um importante desafio
para pacientes, médicos e investigadores (SOLL; GRAHAM, 2009).
3.5.5 Tratamento da Úlcera Gástrica
As terapias mais utilizadas para tratamento de úlceras gástricas consistem
nos seguintes mecanismos descritos:
• Fármacos que inibem ou neutralizam a secreção de ácido gástrico:
Antiácidos que neutralizam o ácido gástrico (hidróxido de magnésio,
bicarbonato de sódio, trissilicato de magnésio, gel de hidróxido de alumínio).
Antagonistas de receptores H2 da histamina (cimetidina, ranitidina, famotidina)
Inibidores da bomba de prótons (IBP), inibem irreversivelmente a bomba H+K+- ATPase, a etapa terminal na via secretora de ácido (omeprazol,
pantoprazol, lansoprazol, esomeprasol, rabeprazol).
• Fármacos que protegem a mucosa (quelato de bismuto, sucralfato,
misoprostol).
Essas duas classes de medicamentos anti-secretores (inibidores da bomba
de prótons e antagonistas de receptores H2 da histamina), podem ser efetivas na
cura da doença aguda, porém nem o tratamento de manutenção nem o tratamento
intermitente com tais compostos previnem totalmente as recidivas de úlcera gástrica
(HUNT, 2005.; SCARPIGNATO, 2007).
Fármacos anti-úlcera incluindo os IBP e antagonistas dos receptores H2 estão
disponíveis para o tratamento da úlcera peptica, mas a avaliação clínica desses
fármacos mostrou incidência de recidivas, efeitos colaterais e interações
medicamentosas. Os efeitos indesejados desses fármacos tem sido a justificativa
para o desenvolvimento de novos fármacos anti-úlcera e, portanto, a busca de novas
moléculas através das plantas medicinais, as quais podem oferecer uma melhor
proteção e também diminuir as úlceras recidivas (LAKSHMI et al., 2010).
Sanders (1996), demonstrou que a classe de antagonistas dos receptores H2
pode desenvolver taquifilaxia, ou seja, redução da efetividade após o uso, com
pequena e fraca resposta do organismo ao medicamento ou até mesmo podem ter
pouca absorção por via oral, ocasionando a redução em até 50% de sua eficácia.
32
Já os IBP são, em geral, bem tolerados pelo organismo. Até o momento,
estudos sobre a tolerabilidade dos IBP descrevem que as reações adversas mais
comuns relatadas são: cefaléia, diarréia e náusea, com incidência de < 10%, valores
que são semelhantes quando comparados com placebo e antagonistas do receptor
H2 (SCOTT et al., 2002).
O tratamento da úlcera gástrica consiste basicamente em modular a secreção
ácida. A busca por novos fármacos que atuem por diferentes mecanismos auxiliaria
o tratamento como uma forma alternativa aos fármacos atuais ou para atuar em
sinergismo com estes e evitar alguns efeitos adversos dos tratamentos. As plantas
apresentam um grande potencial de moléculas bio-ativas, e nos dias de hoje temos
a tecnologia que nos permite isolar, testar e definir a segurança dos compostos
ativos e determinar parâmetros farmacológicos e farmacocinéticos (OSÓRIO, 2011).
Desta forma se torna necessário investigar/estudar terapias mais eficazes do
que as já existentes de forma que possam contribuir para o tratamento de úlceras
gástricas.
33
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Obtenção do Material vegetal
Partes aéreas de R. imperialis Cham. Schl foram coletadas na localidade de
São Sebastião no município de Treze de Maio (SC) em agosto de 2008. Após a
coleta, o material foi limpo e seco em estufa a 40°C. As folhas foram separadas dos
galhos, estes foram então triturados em moinho de martelos. O peso total dos galhos
secos foi de 1,1 kg. Uma exsicata foi depositada no Herbário Barbosa Rodrigues sob
número VC-Filho nº 036.
4.2 Preparação do extrato e das frações
A preparação do extrato e das frações, bem como a purificação e purificação
dos compostos, foi realizada pelo acadêmico Jhonny da Silva Lopes, como trabalho
de conclusão de curso de Farmácia, UNIVALI, sob orientação do professor Doutor
Rivaldo Niero.
O material vegetal (galhos) foi submetido à maceração por 12 dias em
percolador com capacidade total de 5 litros empregando-se o metanol como líquido
extrator. Após este período, o extrato metanólico bruto (ExtMB) foi filtrado e
concentrado em rota evaporador à 50 °C, resultando numa massa total de 127,5 g
(12,7 %). A utilização de metanol como líquido extrator objetivou a obtenção de uma
maior quantidade de moléculas presentes no material vegetal (CECHINEL-FILHO;
YUNES, 1997).
A partir do ExtMB foram realizadas sucessivas partições líquido/líquido com
os solventes hexano clorofórmio e acetato de etila. Todas as frações também foram
concentradas em rotaevaporador a pressão reduzida para manter a integridade das
mesmas, tendo como rendimento (5,32g), (8,39g) e (9,25g), respectivamente
(SILVA-LOPES, 2010). Essa etapa visa uma pré-purificação do extrato bruto,
separando os compostos químicos por afinidade pelo solvente em questão
(CECHINEL-FILHO; YUNES, 1997).
Um fluxograma das extrações realizadas encontra-se na figura 4.
34
Figura 4 – Fluxograma resumido da preparação e obtenção das frações. (SILVA-LOPES,
2010).
4.2.1 Obtenção dos compostos:
Todas as frações passaram por um processo cromatográfico na tentativa de
isolar as substâncias de interesse farmacológico.
Neste sentido, a fração hexânica, foi submetida à coluna de sílica gel, a fase
móvel empregada foi uma mistura de hexano e acetona, partindo de hexano 100%
até a proporção de hexano/acetona 1:1, sendo a coluna finalmente eluída com
metanol 100%, obtendo-se 186 frações. Da subfração de maior grau de pureza foi
identificado o esteroide estigmasterol.
35
O material precipitado da fração hexano também foi cromatografado em
coluna aberta com sistema de solvente composto de clorofórmio e metanol, variando
gradativamente a polaridade desde 100% clorofórmio até 100% metanol. Esta
coluna originou 94 frações. A subfração que apresentou maior grau de pureza por
CCD foi denominada de RI5-20 e identificado como triterpeno denominado de Ácido
2β, 3β, 19α-triidróxiursólico.
Da mesma forma, a fração de acetato de etila foi cromatografada conforme
mencionado acima, utilizou-se clorofórmio e metanol em diferentes proporções como
fase móvel. Esta coluna apresentou rendimento de 146 subfrações, e na subfração
de maior grau de pureza foi identificado o triterpeno Niga-ichigosídeo F1, já isolado
previamente de Rubus imperialis.
4.3 Animais e ensaios farmacológicos
As doses estabelecidas nos experimentos foram baseadas em estudos
preliminares realizados no laboratório de experimentação animal. No estudo
farmacológico de plantas utilizaram-se doses crescentes correlacionadas para
possível observação da relação dose - resposta. Neste trabalho foi avaliado o efeito
do extrato metanólico bruto (ExtMB) utilizando-se as doses de 100 mg/kg, 250 mg/kg
e 500 mg/kg, e como modelos animais utilizou-se ratos. A dose utilizadas das
frações acetato de etila, hexano e clorofórmio foi de 250 mg/kg, e utilizou-se
camundongos. Para os compostos isolados a dose utilizada foi de 30 mg/kg, e
utilizou-se camundongos.
4.3.1 Animais
Para o ensaio farmacológico foram utilizados ratos machos e fêmeas wistar
pesando entre 150-200g, e camundongos machos e fêmeas swiss pesando entre
25-30g, provenientes do Biotério Central da Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI. Os animais foram mantidos em caixas de polipropileno, acondicionados
em sala climatizada (22 ± 3 ºC), com período claro e escuro de 12 horas cada,
controlado automaticamente, tendo livre acesso à ração Labina e água. Doze
horas antes dos experimentos, os animais foram mantidos em jejum, com água ad
libitum.
36
Quanto aos aspectos éticos da experimentação animal, foram respeitadas as
normas preconizadas pelo COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal).
Os experimentos foram aprovados pela Comissão de Ética no uso de animais –
CEUA - Universidade do Vale do Itajaí (Protocolo 023/11p2) – Anexo A.
4.4 Avaliação da atividade antiúlcera
Para avaliação da atividade gastroprotetora do extrato metanólico bruto de R.
imperialis Cham. Schl e das suas respectivas frações (hexano, clorofórmio e acetato
de etila) foram utilizados diferentes modelos experimentais, todos baseados em
fatores etiológicos da doença, como: uso abusivo de álcool, antiinflamatórios não
esteroidais e aumento da secreção gástrica.
4.4.1 Modelo de úlcera induzida por etanol
O método empregado foi descrito por Morimoto et al. (1991), com algumas
modificações. Os animais (ratos) foram divididos em diferentes grupos (n=6) e foram
pré-tratados por via oral com omeprazol na dose de 30 mg/kg (Controle positivo),
veículo (controle negativo), ExtMB de R. imperialis nas doses de 100, 250 e 500
mg/kg. Utilizou-se camundongos para a utilização das frações e a dose das mesmas
(hexano, clorofórmio e acetato de etila) foi de 250 mg/kg.
Para a utilização das substâncias isoladas Niga-ichigosídeo F1 e Ácido 2β,
3β, 19α-triidróxiursólico, utilizou-se camundongos para os testes e a dose utilizada
estabelecida foi de 30 mg/ kg.
Após uma hora e meia dos tratamentos, foi administrado aos animais 1 mL de
álcool etílico 96 % (agente lesivo) por via oral, e uma hora e meia após a
administração do agente lesivo, os mesmos foram sacrificados por deslocamento
cervical. Em seguida, os estômagos foram retirados e abertos ao longo da curvatura
maior, sendo esticados em placas de parafina, e através de Scanner, as imagens
obtidas foram captadas e analisadas por software de análise de imagens EARP, a
fim de determinar-se o número de lesões e o tamanho destas. Posteriormente foi
realizada a determinação da área total de lesão, porcentagem de área lesada e
37
índice de cura (IC) calculado através da severidade das lesões da mucosa gástrica,
classificadas como:
a) tipo 1 (T1): área da úlcera < 1 mm²;
b) tipo 2 (T2): área da úlcera de 1-3 mm²;
c) tipo 3 (T3): área da úlcera > 3 mm².
O índice de cura foi determinado como:
(%) da taxa de cura = (área controle negativo – área tratado X 100
Área do controle negativo
Os resultados foram expressos em porcentagem de área (%), quantidade total
de área lesada (mm²), índice de cura (IC).
4.4.2 Úlcera aguda induzida por anti-inflamatório não esteroidal
Foi empregada a metodologia descrita por Nwafor, Okwuasaba e Binda
(2000), com algumas modificações. Os animais (ratos) foram divididos em diferentes
grupos (n=6) e foram pré-tratados por via oral com cimetidina na dose de 100 mg/kg
(controle positivo), veiculo (controle negativo), ExtMB de R. imperialis nas doses de
100, 250 e 500 mg/kg. Utilizou-se camundongos para a utilização das frações e a
dose das mesmas (hexano, clorofórmio e acetato de etila) foi de 250 mg/kg.
Após uma hora e meia, os animais receberam 100 mg/kg de indometacina
(v.o).
Após doze horas da administração de indometacina os animais foram
sacrificados por deslocamento cervical e os estômagos retirados e abertos ao longo
da curvatura maior, esticados e através de Scanner, as imagens, captadas e
analisadas por software de análise de imagens EARP, a fim de determinar-se o
número de lesões e o tamanho destas.
Posteriormente foi realizada a determinação da área total de lesão,
porcentagem da área lesada e índice de cura (IC), conforme descrito anteriormente
no item 4.4.1.
38
4.4.3 Modelo de úlcera crônica induzida por ácido acético
A metodologia utilizada é descrita por Takagi, Okabe e Saziki (1969), com
algumas modificações. Utilizou-se ratos para esse modelo. Os ratos foram divididos
em 3 grupos (n=6). Em seguida foram anestesiados e submetidos a uma incisão
longitudinal abaixo ao processo apófise xifóide. Após a exposição do estômago, foi
injetado na camada sub-serosa da parede externa do órgão 20 µL de solução de
ácido acético 30%, na face posterior.
O local foi pressionado por 30 segundos para evitar o extravasamento do
líquido injetado. Cuidadosamente o estômago foi lavado com salina e então realizouse a sutura da parede abdominal. Dois dias após a cirurgia e com os animais já
recuperados, foi realizado o tratamento que teve duração de sete dias. Os animais
receberam por via oral cimetidina na dose de 100 mg/kg (controle positivo), veículo
(água),e o ExtMB de R. imperialis, na dose 500 mg/kg.
Após os dias de tratamento os animais foram sacrificados por deslocamento
cervical, e os estômagos foram retirados e abertos ao longo da curvatura maior;
esticados e através de Scanner, as imagens foram captadas e analisadas por
software de análise de imagens EARP, a fim de determinar se ocorreu regressão da
lesão nos tratamentos quando comparados com o controle positivo e negativo. Foi
realizada a determinação da área total de lesão e a porcentagem de área lesada. O
índice de cura expresso pela equação:
(%) da taxa de cura = (área controle – área tratado) X 100
Área do controle
4.5 Mecanismos de ação antiúlcera
4.5.1 Avaliações da secreção gástrica e muco
4.5.2 Ligadura de piloro
39
Este experimento foi realizado conforme o método descrito por Shay et al.
(1945), com algumas modificações. Os animais (ratos) foram divididos em diferentes
grupos (n=6). Em seguida foram anestesiados e submetidos a uma incisão
longitudinal abaixo ao processo apófise xifóide, para amarração do piloro e a
administração por via intraduodenal dos diferentes tratamentos: cimetidina na dose
de 100 mg/kg (controle positivo), veículo (controle negativo), ExtMB de R. imperialis
nas doses de 100, 250 e 500 mg/kg. Utilizou-se camundongos para a utilização das
frações e a dose das mesmas (hexano, clorofórmio e acetato de etila) foi de 250
mg/kg.
Após os tratamentos, as incisões foram suturadas e quatro horas após a
cirurgia os animais foram sacrificados por deslocamento cervical. As incisões foram
reabertas e após pinçamento da válvula cárdia (para evitar-se a perda do conteúdo
gástrico) o estômago foi retirado.
O conteúdo estomacal foi coletado e foram analisados os parâmetros:
volume, pH e concentração de íons hidrogênio. Após a determinação do volume e
de pH, foi adicionado 10 mL de água destilada à amostra e esta foi centrifugada por
10 minutos a 3000 rpm. O sobrenadante foi titulado com solução de hidróxido de
sódio 0,01 N, utilizando-se fenolftaleína como indicador. Os resultados foram
expressos em mL (volume), pH e mEq/L/4h (Concentração de íons hidrogênio).
4.5.3 Doseamento de muco em mucosa gástrica
Este ensaio foi realizado de acordo com a metodologia descrita por Sun,
Matsumoto e Yamada (1991) com algumas modificações. Os ratos foram separados
em grupos (n=6). Após 12 horas de jejum, sob anestesia, foi realizada uma incisão
no abdômen e a ligadura do piloro foi feita. Imediatamente, após a ligadura do piloro,
o ExtMB de R. imperialis (100, 250 e 500 mg/kg) e das frações hexano, clorofórmio e
acetato de etila (250 mg/kg) foi administrado via intraduodenal. Carbenoxolona (250
mg/kg) foi utilizado como controle positivo, e 1 mL de veículo foi administrado como
controle negativo.
Os animais foram sacrificados 4 horas após os tratamentos. O conteúdo
estomacal foi imerso em 10 mL de solução de Alcian Blue (Alcian Blue 0,02%,
sacarose 0,16 M, acetato de sódio 0,05 M; pH 5,8 a 20 ºC) por 24 horas,
40
posteriormente foi centrifugado a 3.000 × 10 min. A absorção do sobrenadante foi
determinada por espectrofotometria em 615 nm. O muco livre do conteúdo gástrico
foi calculado a partir da quantidade de Alcian blue ligado ao tecido (tecido/mg de
peso (g)).
4.6 Participação do óxido nítrico endógeno envolvido na gastroproteção
O método empregado neste estudo é descrito primeiramente por Arrieta et al.
(2003), com algumas modificações. Nessa metodologia utilizaram-se ratos, os
mesmos foram separados em seis grupos (n=6), nos quais, três grupos receberam
pré-tratamento com L-NAME (N-nitro-L-Arginina metil éster), um inibidor da enzima
óxido nítrico sintase, na dose de 70 mg/kg, i.p. e os demais grupos foram prétratados com salina, i.p. Os animais foram separados nos seguintes grupos: veículo
(água destilada) + L-NAME, veículo (água destilada) + salina, carbenoxolona (200
mg/kg) + L-NAME, carbenoxolona (200 mg/kg) + salina, ExtMB de R. imperialis (500
mg/kg) + L-NAME, ExtMB de R. imperialis (500 mg/kg) + salina.
Após 30 minutos dos pré-tratamentos, foi aplicado o teste de indução de
úlcera por etanol. Decorrido o tempo do teste, os animais foram sacrificados e os
estômagos retirados e abertos ao longo da grande curvatura, esticados e através de
Scanner, as imagens, então captadas e analisadas por software de análise de
imagens EARP, a fim de determinar-se a % de área lesada.
4.6.1 Participação dos grupamentos sulfidrila endógenos sobre o efeito
gastroprotetor
Para
a
avaliação
da
participação
dos
grupamentos
sulfidrila
na
gastroproteção, foi adotado o modelo de Matsuda e Yoshikawa (1999). Nessa
metodologia utilizaram-se ratos, os mesmos foram separados em seis grupos (n=6),
onde três grupos receberam o pré-tratamento com NEM (N-etilmaleimida), um
quelante de grupamentos sulfidrila, na dose de 10 mg/kg, i.p. e os grupos restantes
foram pré-tratados com salina, i.p. Os animais foram separados nos seguintes
grupos: veículo (água destilada) + NEM, veículo (água destilada) + salina,
carbenoxolona (200 mg/kg) + NEM, carbenoxolona (200 mg/kg) + salina, ExtMB R.
41
imperialis (500 mg/kg) + NEM, ExtMB de R. imperialis (500 mg/kg) + salina. Após 30
minutos dos pré-tratamentos, foi aplicado o teste de indução de úlcera por etanol.
Passado o tempo do teste, os animais foram sacrificados e os estômagos,
retirados e abertos ao longo da grande curvatura, esticados e através de Scanner,
as imagens então foram captadas e analisadas por software de análise de imagens
EARP, a fim de determinar-se a % de área lesada.
4.7 Análise estatística
Para a análise estatística dos resultados obtidos foi utilizada a análise de
variância (ANOVA) e para comparação das médias dos grupos testados utilizou-se o
teste de Dunnet e/ou Tukey, sendo os valores com p<0,05 considerados
estatisticamente significativos (SOKAL; ROHLF, 1995).
42
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As plantas medicinais estão entre as mais atrativas fontes de novos
medicamentos, particularmente o uso popular mostra que algumas plantas já vêm
sendo amplamente utilizadas para o tratamento de úlceras gástricas. Diversos
estudos comprovam os efeitos gastroprotetores de extratos e outros derivados
vegetais (BORELLI; IZZO, 2000.; VYAWAHARE, 2009). A atividade gastroprotetora
de uma substância não conhecida pode ser determinada em animais de
experimentação. Os modelos de triagem (etanol, AINE) são os mais utilizados
porque representam os agentes etiológicos mais comuns envolvidos na patologia de
úlcera gástrica humana.
Sendo assim, para avaliação inicial da atividade gastroprotetora do ExtMB de
R. imperialis, foi realizado modelo de úlcera induzida por etanol.
No presente trabalho, no modelo de etanol observou-se que os tratamentos
com o ExtMB (100, 250 e 500 mg/kg) e com o omeprazol (30 mg/kg) foram eficazes
em reduzir significativamente a área total da lesão (mm²) e porcentagem de área
lesada (Tabela 1). O ExtMB apresentou um Índice de cura de 55,56% para dose de
100mg/kg, 63,49% para dose de 250mg/kg e 78,14% para 500mg/kg. O fármaco
omeprazol apresentou um índice de cura de 86,62%.(Figura 5).
Tabela 1. Efeitos da administração oral de omeprazol (30 mg/kg) e das diferentes
doses do ExtMB das partes aéreas de Rubus imperialis (100, 250 e 500 mg/kg) em
úlceras gástricas agudas induzidas por etanol/HCl em ratos.
Tratamento
(v.o)
Dose
(mg/Kg)
Área total de lesão
% de área
Índice de cura
(mm )
lesada
(%)
-
2
Controle (-)
-
175,68 ± 33,48
16,88 ± 2,65
Omeprazol
30
43,29 ± 10,48**
0,072 ± 0,015**
86,62 ± 4,78**
ExtMB
100
51,66 ± 21,67**
5,38 ± 1,81**
55,56 ± 5.59**
ExtMB
250
50,28 ± 17,16**
5,40 ± 1,86**
63,49 ± 10,23**
ExtMB
500
24,06 ± 11,40**
2,58 ± 1,82 **
78,14 ± 6,87**
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis ratos.
Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet. **p<0,01, quando
comparado ao grupo controle.
43
Figura 5 – Índice de cura do extrato metanólico bruto de R. imperialis (100mg/kg, 250mg/kg,
500mg/kg) e omeprazol (30mg/kg) em lesões induzidas por etanol. Resultados expressos como
Média ± Erro Padrão da Média (EPM) de seis animais. ** denotam diferenças estatísticas quando
comparados com controle. **p<0,01.
Na figura 6 estão representados os cortes de estômagos e suas
características macroscópicas.
Figura 6 - Imagens de estômagos após indução de úlcera por etanol em ratos, utilizando tratamento
com extrato metanólico bruto de R. imperialis em diferentes concentrações e o fármaco omeprazol.
44
As frações de acetato de etila, hexânica e clorofórmica foram avaliadas neste
mesmo modelo de úlcera induzida por etanol na dose de 250 mg/kg, afim de
determinar-se qual ou quais delas seriam mais ativas. Observou-se que todas as
frações testadas e o omeprazol (30 mg/kg) mostraram-se eficazes para redução da
área total de lesão (mm²), % de área lesada (Tabela 2). Além disso, o índice de cura
obtido foi de 86,47% para FAE, 81,2% para FH, 85,63% para FCHCl3 e 92,12%
para o omeprazol.
Tabela 2. Efeito da administração oral de omeprazol (30mg/kg) e das diferentes
frações (acetato de etila, hexano e clorofórmio, na dose de 250 mg/kg) em úlceras
gástricas induzidas por etanol/HCl em camundongos.
Tratamento
(v.o)
Dose
Área total de
2
% de área
Índice de cura
(mg/Kg)
lesão (mm )
lesada
(%)
Controle (-)
-
36,87 ± 3,88
9,94 ± 1,28
-
Omeprazol
30
4,81 ± 1,50**
1,57 ± 0,59**
92,12 ± 3,15**
FAE
250
4,98 ± 1,77**
1,50 ± 0,48**
86,47 ± 4,79**
FH
250
4,99 ± 2,40**
1,71 ± 0,75**
81,2 ± 5,89**
FCHCl3
250
4,49 ± 0,70**
1,56 ± 0,27 **
85,63 ± 1,17**
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis
camundongos. Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet.
**p<0,01, quando comparado ao grupo controle.
Figura 7- Índice de cura das frações FAE, FH, FCHCl3 (250mg/kg) e omeprazol (30 mg/kg) em lesões
induzidas por etanol. Resultados expressos como Média ± Erro Padrão da Média (EPM) de seis
animais.** denotam diferenças estatísticas quando comparados com controle. **p<0,01.
45
Na figura 8, estão representados os cortes de estômagos e suas
características macroscópicas.
Figura 8- Imagens de estômagos após indução de úlcera por etanol em camundongos, utilizando
tratamento com as diferentes frações e fármaco omeprazol.
O modelo de indução de úlcera por etanol apresenta dois papéis bastante
importantes: primeiro, ele indica a ação gastroprotetora dos extratos frente a um
agente extremamente lesivo, e, segundo, serve de triagem para verificação da dose
mais eficiente dos extratos (ARRUDA, 2008).
O etanol é uma substância tóxica e comumente utilizada com a finalidade de
produzir dano na mucosa gástrica em modelos experimentais. O etanol possui efeito
ulcerogênico e necrotizante, por sua capacidade lipossolúvel. Ele atravessa
facilmente a mucosa resultando dano na mesma (MATSUHASHI, et al., 2007). O
etanol é capaz de alcançar o epitélio da mucosa através do rompimento da barreira
muco-bicarbonato e suas ações celulares refletem em ruptura da parede dos vasos
sanguíneos. Assim, provocam lesões hemorrágicas, resultantes de danos oxidativos
das células do epitélio gástrico. Estes danos levam a constrição de veias e artérias
da
mucosa
gástrica,
produzindo
congestão,
inflamação
e
lesão
tecidual.
Provavelmente esses efeitos ocorrem devido a ações de lipoperoxidação, formação
de radicais livres, estresse oxidativo intracelular, alterações na permeabilidade e
46
despolarização da membrana mitocondrial que culminam na morte celular das
células do epitélio gástrico (REPETTO; LIESUY, 2002.; HIRUMA-LIMA , 2009).
Sabe-se que as lesões da mucosa gástrica provocadas pelo etanol não são
inibidas por agentes anti-secretores do tipo antagonista do receptor H2, como a
cimetidina, mas sim por indutores dos fatores defensivos da mucosa (MORIMOTO et
al., 1991). Dentre eles, destacam-se os inibidores de bomba de prótons (H+/K+
ATPase), os quais inibem a secreção ácida por se ligarem aos resíduos do
aminoácido cisteína (fator determinante para desencadear o processo) em uma
subunidade da bomba de prótons (PADILLA; NORIEGA, 2001). Diante disso,
justifica-se a utilização do fármaco omeprazol como controle positivo, o qual é
classificado como IBP.
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, no experimento de
indução de úlcera por etanol/HCl, os tratamentos com ExtMB (100, 250 e 500mg/kg)
e as frações
FAE, FH e FCHCl3 (250mg/kg) demostraram efeito gastroprotetor
relevante, evidenciando uma capacidade importante do extrato e das frações em
impedir a formação de lesões que seriam geradas pelo etanol (Figura 6 e 8).
Outro modelo de triagem utilizada para avaliação do potencial gastroprotetor é
o de indução de úlceras gástricas por AINEs. É descrito na literatura, que os AINEs
que podem ser utilizados experimentalmente para indução de úlceras em animais de
laboratório. No presente estudo utilizou-se a indometacina como agente lesivo.
Os resultados apresentados na tabela 3, demonstram que no modelo de
úlcera induzida por indometacina, houve redução significativa de área total de lesão
e porcentagem de área lesada utilizando os tratamentos com cimetidina (100 mg/kg)
e com ExtMB R. imperialis (100, 250 e 500 mg/Kg), quando comparado ao grupo
controle negativo. Em adição, o ExtMB apresentou índice de cura de 49,50% para
dose de 100 mg/kg, 48,43% para a dose de 250 mg/kg, 59,99% para a dose de 500
mg/kg e 55,89% para o fármaco cimetidina (100 mg/kg) (Figura 9).
47
Tabela 3. Efeitos da administração oral de cimetidina (100 mg/kg) e das
diferentes doses do extrato ExtMB das partes aéreas de R. imperialis (100, 250 e
500 mg/kg) em úlceras gástricas agudas induzidas por indometacina em ratos.
Tratamento
Dose
Área total de lesão
% de área
Índice de cura
(v.o)
(mg/Kg)
(mm2)
lesada
(%)
Controle (-)
-
5,39 ± 0,77
0,56 ± 0,09
-
Cimetidina
100
2,60 ± 0,41*
0,34 ± 0,06*
55,89 ± 4,35**
ExtMB
100
3,16 ± 0,51*
0,2 ± 0,05*
49,50 ± 9,43**
ExtMB
250
2,97 ± 0,24*
0,28 ± 0,08*
48,43 ± 11,51**
ExtMB
500
1,58 ± 0,29**
0,13 ± 0,09**
59,99 ± 9,63**
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis ratos.
Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet. *p<0,05,
**p<0,01,quando comparado ao grupo controle.
Figura 9- Índice de cura do extrato metanólico bruto de R. Imperialis e cimetidina (100mg/kg) em
lesões induzidas por indometacina. Resultados expressos como Média ± Erro Padrão da Média
(EPM) de seis animais. ** denotam diferenças estatísticas quando comparados com controle.
**p<0,01
48
Figura 10. Imagens de estômagos após indução de úlcera por indometacina em ratos, utilizando
tratamento com extrato metanólico bruto de R. imperialis em diferentes concentrações e o fármaco
cimetidina
Também foi observado nesse mesmo modelo que todas as frações utilizadas
na dose de 250 mg/kg, foram efetivas em diminuir de forma estatisticamente
significativa à área total de lesão (mm²) e % de área lesada. O fármaco cimetidina,
na dose utilizada (100mg/kg), se mostrou eficaz em todos os parâmetros analisados,
apresentando diferenças estatísticas significativas (Tabela 4).
O índice de cura obtido das frações (250 mg/kg) foi de 31,67% para FAE,
47,98% para FH, 61,44% para FCHCl3
e 87,75% para o fármaco cimetidina
(100mg/kg). De acordo com o índice de cura, de todas as frações testadas, a fração
clorofórmica apresentou-se mais ativa, seguida pela fração hexano. (Figura 11).
Tabela 4. Efeito da administração oral de cimetidina (100mg/kg) e das
diferentes frações: acetato de etila, hexano e clorofórmio, na dose de 250 mg/kg, em
úlceras gástricas agudas induzidas por indometacina em camundongos.
Tratamento
(v.o)
Dose
(mg/Kg)
Área total de lesão
2
(mm )
% de área
Índice de cura
lesada
(%)
Controle (-)
-
2,85 ± 0,19
0,75 ± 0,02
-
Cimetidina
100
0,35 ± 0,15**
0,14 ± 0,06**
87,75 ± 5,32**
FAE
250
1,78 ± 0,18**
0,53 ± 0,05*
31,67 ± 3,43**
FH
250
1,53 ± 0,34**
0,45 ± 0,09**
47,98 ± 7,54**
FCHCl3
250
1,22 ± 0,24**
0,42 ± 0,03**
61,44 ± 6,64**
49
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis
camundongos. Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet.
*p<0,05, **p<0,01, quando comparado ao grupo controle.
Figura 11- Índice de cura das frações FAE, FH, FCHCl3 (250mg/kg) e cimetidina (100mg/kg) em
lesões induzidas por indometacina. Resultados expressos como Média ± Erro Padrão da Média
(EPM) de seis animais. ** denotam diferenças estatísticas quando comparados com controle.
**p<0,01.
Na figura 12 estão representados os cortes de estômagos e suas
características macroscópicas.
Figura 12. Imagens de estômagos após indução de úlcera por indometacina em camundongos,
utilizando tratamento com as diferentes frações e fármaco cimetidina.
50
Com relação à indometacina, experimentalmente se tornou um fármaco de
primeira escolha para indução de lesão gástrica, devido ao seu maior potencial
ulcerogênico, em comparação com outros fármacos da classe. A administração
deste AINE, representa um modelo muito simples e eficaz para o estudo de
gastropatia ulcerativa induzida em animais, pois este AINE atua inibindo a síntese de
prostaglandinas e, consequentemente, diminuindo os mecanismos de citoproteção
da mucosa gástrica mediadas por estas substâncias (SULEYMAN el al., 2010).
A prostaglandina produzida pela mucosa gástrica, aumenta na presença de
agentes irritantes, e apresenta um papel citoprotetor importante, inibindo a secreção
ácida por reduzir a produção celular do monofosfato de adenosina (AMP) (BEEJAY;
WOLFE, 2000). A enzima ciclooxigenase (COX-1) converte o ácido araquidônico em
prostaglandina G2 reduzindo este intermediário a prostaglandina H2 (PGH2).
Sabe-se que a ação antiinflamatória dos AINEs ocorre principalmente através
da inibição da enzima COX (cicloxigenase) e, conseqüente, redução da produção de
prostaglandinas. Os AINEs não seletivos como a aspirina, a indometacina, dentre
outros provocam danos na mucosa gástrica por mais de uma via, como por exemplo,
ao inibirem COX-1 reduzem o fluxo sanguíneo, ao inibirem COX-2 aumentam a
aderência de leucócitos no endotélio vascular e por uma ação tópica direta causam
irritação da mucosa (WALLACE, 2006). Como descrito anteriormente úlceras
causadas por AINES envolvem mecanismos de inibição das cicloxigenases I e II, de
maneira a promover redução da produção de prostaglandinas E2. As prostaglandinas
possuem efeitos na síntese de muco e bicarbonato, na regulação da secreção ácida
e do fluxo sanguíneo da mucosa gástrica (CURTIS et al., 1995; HALTER et al.,
2001).
Segundo Suzuki et al (2000), outros fatores como a hipermotilidade gástrica e
infiltração ou ativação de neutrófilos estariam envolvidos com os processos iniciais
de formação das lesões causadas por AINEs. A redução dos níveis de
prostaglandina compromete a barreira mucosa, que é composta de muco e
bicarbonato e facilita a formação de lesões causadas pelas secreções gástricas
(ácida e enzimática).
No modelo experimental de úlcera por AINE, o ExtMB em todas as doses
utilizadas, e as frações hexano e clorofórmio, foram capazes de promover a
diminuição das lesões de forma significativa, desta forma isto indica que o extrato e
51
as frações são capazes de promover um efeito protetor sobre a mucosa (Figura 10 e
12), podendo estar relacionado com o aumento de síntese de prostaglandinas.
Dando continuidade ao trabalho, como foi observado que o extrato e as
frações exercem efeito gastroprotetor nos modelos de triagem (úlcera induzida por
etanol e indometacina), os quais são modelos agudos, foi então testado o modelo de
úlcera induzida por ácido acético, o qual permite avaliar atividade curativa e
cicatrizante do extrato em úlceras gástricas crônicas. O ácido acético, é ainda o
único modelo de úlcera gástrica que permite avaliar o processo de cicatrização e foi
introduzido pela primeira vez por Takagi et al (1969).
A atividade curativa do ExtMB de R. imperialis (500mg/kg) sobre úlceras
gástricas crônicas, foi avaliada após 7 dias de indução de lesão por ácido acético. O
índice de cura do extrato foi de 65,75%, ou seja, o extrato foi capaz de diminuir o
tamanho da úlcera em comparação ao grupo tratado com salina. O tratamento com
cimetidina também se mostrou efetivo, sendo que o índice de cura foi de 75,55%
(Tabela 5)
Tabela 5. Efeito do extrato metanolico bruto de R. imperialis e cimetidina no modelo
de úlcera crônica induzida por ácido acético em ratos.
Tratamento
(v.o)
Dose
(mg/Kg)
Área total de lesão
2
(mm )
% de área
Índice de cura
lesionada
(%)
Controle (-)
-
25,74 ± 3,28
2,50 ± 0,18
-
Cimetidina
100
10,58 ± 3,14**
1,28 ± 0,36*
75,55 ± 6,95
500
11,72 ± 3,25**
1,22 ± 0,33*
65,75 ± 5,54
ExtMB
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis
camundongos. Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet.
*p<0,05, **p<0,01, quando comparado ao grupo controle.
52
Figura 13 - Índice de cura do extrato Metanólico Bruto de R. imperialis e cimetidina em lesões
induzidas por ácido acético em ratos. Resultados expressos como Média ± Erro Padrão da Média
(EPM). ** denotam diferenças estatísticas quando comparados com controle. **p<0,01.
O modelo de úlcera induzida por ácido acético é o que mais se aproxima da
doença ulcerosa humana. Tem sido demonstrado que a aplicação de ácido acético
na superfície da serosa de estômagos de ratos resulta em úlceras muito
semelhantes às observadas em humanos em termos de localização, severidade e
cronicidade, bem como no que diz respeito ao processo de cicatrização. O dano
causado pelo ácido não se restringe a camada de muco e a submucosa, mas se
estende até a camada muscular (BONAMIN et al., 2011).
A lesão induzida por ácido acético ocorre por alterações de múltiplos fatores,
incluindo alterações nos níveis de prostaglandinas, de fatores de crescimento, óxido
nítrico e citocinas, além de mudanças no padrão de aderência do muco e alterações
na microcirculação (TARNAWSKI, 2005).
A cicatrização da úlcera gástrica é um processo complexo, que inclui a
reconstrução da mucosa através da formação do tecido de granulação na base da
úlcera, angiogênese e o reestabelecimento da arquitetura glandular. Nesse
processo, é especialmente importante a participação da PG gerada pela COX-2, já
que essa estimula a proliferação celular, promove angiogênese e restaura a
integridade da mucosa (KONTUREK et al., 2005).
Diante do exposto, como a cicatrização da úlcera envolve diversos
mecanismos, como descrito anteriormente, uma das possibilidades na qual o extrato
mostrou-se efetivo para promover a cicatrização, devido a sua ação antioxidante,
uma vez que a planta apresenta em sua composição compostos com ação
antioxidante e anti-inflamatória. Sugere-se que esses compostos atuem na
cicatrização das lesões geradas pelo ácido acético.
53
Antioxidantes são compostos que podem retardar ou inibir a oxidação de
lipídios ou outras moléculas, evitando o início ou propagação das reações de
oxidação em cadeia. De forma geral, denominam-se antioxidantes as substâncias
que presentes em concentrações baixas, comparadas ao substrato oxidável,
retardam significativamente ou inibem a oxidação do substrato. Os radicais formados
a partir de antioxidantes não são reativos para propagar a reação em cadeia, sendo
neutralizados por reação com outro radical, formando produtos estáveis ou podem
ser reciclados por outro antioxidante (ATOUI et al., 2005.; BARREIROS et al, 2006).
Devido aos resultados obtidos nos modelos utilizados anteriormente, que
mostraram potencial gastroprotetor e cicatrizante de lesões ulcerativas, passou-se
então a investigar possíveis mecanismos envolvidos neste efeito. Dessa forma, foi
realizado avaliação da secreção gástrica, através do modelo de ligadura de piloro.
A tabela 6 apresenta os valores de média e desvio padrão de volume, pH e
concentração de íons hidrogênio na secreção gástrica em animais, sob tratamento
com as diferentes doses (100, 250 e 500mg/kg) do ExtMB e o fármaco cimetidina
(100mg/kg).
Na avaliação de pH, todos os grupos tratados com o extrato e cimetidina
(tabela 6) tiveram diminuição significativa da acidez estomacal, caracterizada pelo
aumento de pH quando comparado ao grupo controle. Também foi observado que
todos os tratamentos foram eficazes em diminuir significativamente a concentração
de íons hidrogênio ([H+] mEq/l/4h) na secreção gástrica, quando comparados ao
grupo controle. No presente ensaio não se observou diferença estatística
significativa de volume de suco gástrico.
Tabela 6. Efeito do extrato metanólico bruto de R. imperialis nas diferentes doses
(100, 250 e 500 mg) e cimetidina, administrados intraduodenal, avaliando os
parâmetros obtidos no suco gástrico, através de ligadura de piloro em ratos.
Tratamento
Volume
(mg/kg)
(mL)
-
0,13 ± 0,02
4,53 ± 0,14
69,40 ± 5,94
Cimetidina
100
0,11 ± 0,01
4,74 ± 0,24
13,67 ± 3,43**
FAE
250
0,24 ± 0,07
5,36 ± 0,18*
15,89 ± 3,64**
FH
250
0,16 ± 0,04
4,79 ± 0,17
31,67 ± 7,91 **
FCHCl3
250
0,30 ± 0,06
4,94 ± 0,18
34,75 ± 1,06**
(intraduodenal)
Controle
pH
[H+]
Dose
mEq/l/4h
54
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis ratos.
Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet. **p<0,01, quando
comparado ao grupo controle.
Neste mesmo ensaio (tabela 7), utilizando as diferentes frações, não se
constatou diferença estatística do volume de suco gástrico dos animais quando
comparado ao grupo controle negativo. Apesar de todos os tratamentos se
mostrarem eficazes em diminuir significativamente a concentração de íons
hidrogênio ([H+] mEq/l/4h) na secreção gástrica, somente a fração acetato de etila
apresentou diferença estatística significativa (5,36 ± 0,44) para aumento de pH
quando comparado ao grupo controle negativo, sugerindo que as mesma pode ser
efetiva e capaz de agir de modo parecido com o fármaco cimetidina.
Tabela 7. Efeitos da administração intraduodenal de cimetidina (100 mg/kg) e das
diferentes frações: acetato de etila, hexano e clorofórmio na dose de 250 mg/kg nos
parâmetros bioquímicos obtidos no suco gástrico de camundongos submetidos a
ligadura de piloro.
Tratamento
Volume
(mg/kg)
(mL)
Controle
-
0,9 ± 0,20
2,46 ± 0,14
94,76 ± 2,02
Cimetidina
100
1,2 ± 0,20
6,38 ± 0,34**
10,35 ± 1,32**
ExtMB
100
1,5 ± 0,22
3,31 ± 0,44**
29,11 ± 2,49**
ExtMB
250
1,1 ± 0,24
3,96 ± 0,16**
28,73 ± 5,52**
ExtMB
500
1,3 ± 0,23
4,10 ± 0,17**
26,65 ± 3,16**
(intraduodenal)
pH
[ H+]
Dose
mEq/l/4h
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis
camundongos. Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet.
*p<0,05, **p<0,01, quando comparado ao grupo controle.
No modelo de ligadura de piloro é possível avaliar alterações nos parâmetros
bioquímicos do conteúdo gástrico, como pH, acidez total e volume gástrico. Podendo
ser considerada com atividade anti-secretória as substâncias que afetam a acidez
gástrica (TOMA et al., 2004).
A via de administração utilizada no modelo de ligadura de piloro é via
intraduodenal, que permite investigar as ações do extrato por via sistêmica, não
tendo interações do contato direto com a mucosa gástrica. O tratamento dos animais
com ExtMB se mostrou efetivo em reduzir o pH e a acidez total da secreção ácida
gástrica, sugerindo que o extrato inibe especificamente a secreção de ácido, o que
55
leva a uma diminuição da acidez de forma gradual que não é acompanhada pela
diminuição do volume secretado. Essa diminuição da acidez estomacal contribui na
terapêutica da úlcera gástrica, pois a exposição da mucosa a altas concentrações de
ácido favorece a lesão epitelial (LAINE et al., 2008).
A secreção ácida gástrica é finamente regulada por vias interdependentes
que incluem o sistema nervoso central, o sistema nervoso entérico e uma rede de
células neuroendócrinas e imunes, que atuam na modulação parácrina e hormonal
(SCHUBERT, 2004). Acredita-se que a secreção ácida seja liberada por reflexo
vagal em decorrência da distensão gástrica. Este procedimento estimula a secreção
do hormônio gastrina, cuja função no trato gástrico é estimular as células parietais a
secretar HCl (BAGGIO et al.,2005).
A interação da histamina, gastrina e acetilcolina com seus receptores nas
células parietais são os principais responsáveis pela ativação da bomba de prótons,
proteína secretadora de íon H+ que confere o pH ácido ao suco gástrico. Realizado
modelo de ligadura de piloro, foi então, analisado a quantidade de muco na mucosa
gástrica dos animais. Essa metodologia visa verificar participação do muco na
gastroproteção.
Com relação aos resultados obtidos (tabela 08), observa-se que o ExtMB
(100, 250 e 500 mg/kg) e a cimetidina (100mg/kg), não foram capazes de promover
aumento de muco na mucosa gástrica, quando comparado ao grupo controle
negativo. A carbenoxolona (250 mg/kg) mostrou-se efetiva, pois promoveu o
aumento de muco.
Tabela 8. Efeitos das diferentes doses do extrato metanólico de R. imperialis e
carbenoxolona na dosagem de muco em mucosa gástrica em ratos.
Tratamento
Dose (mg/kg)
Itraduodenal
Controle
Alcian Blue ligado
(mg/g tecido)
-
1,59 ± 0,09
Carbenoxolona
250
1,73 ± 0.02*
Cimetidina
100
0,87 ± 0,03
ExtMB
100
0,99 ± 0,08
ExtMB
250
1,00 ± 0,04
ExtMB
500
0,98 ± 0,07
56
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis ratos.
Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet. *p<0,05, quando
comparado ao grupo controle.
As frações acetato de etila, hexânica e clorofórmica na dose utilizada (250
mg/kg) também não foram capazes de aumentar a quantidade de muco presente na
mucosa gástrica quando comparado ao controle negativo. A cimetidina também não
promoveu aumento de muco presente na mucosa gástrica. A carbenoxolona (250
mg/kg) se mostrou efetiva, pois promoveu aumento de muco em mucosa gástrica
quando comparado ao grupo controle negativo. Os resultados são descritos na
tabela 9.
Tabela 9. Efeitos das frações (acetato de etila, hexano e clorofórmio) de R.
imperialis e carbenoxolona na dosagem de muco em mucosa gástrica em
camundongos.
Tratamento
Dose (mg/kg)
Itraduodenal
Controle
Alcian Blue ligado
(mg/g tecido)
-
7,92 ± 0,44
Carbenoxolona
250
9,46 ± 0,47*
Cimetidina
100
7,04 ± 0,53
FAE
250
7,07 ± 0,47
FH
250
7,67 ± 0,30
FCHCl3
250
7,29 ± 0,41
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis
camundongos. Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet.
*p<0,05, quando comparado ao grupo controle.
O muco gástrico é um componente protetor importante,consiste em um gel
viscoso, elástico e transparente, formado por água (95%) e glicoproteínas (5%), que
abrange toda mucosa gástrica, sendo a primeira linha de defesa contra o ácido, o
muco aderido juntamente com o bicarbonato secretado pelo epitélio, serve como
uma barreira contra a autodigestão (ALLEN; FLEMSTROM, 2005). O muco também
tem um importante papel na prevenção da agressão mecânica ao epitélio e fornece
um microambiente sobre a área lesionada que é rapidamente restituída. As
propriedades protetoras da barreira de muco dependem não somente da estrutura
do gel, como também da quantidade ou espessura da parede que recobre a
superfície da mucosa (WALLACE et al.,2006).
57
Como foi descrito anteriormente, os resultados obtidos nesse modelo
experimental, que teve como intuito a determinação do muco gástrico aderido a
mucosa, após o tratamento com ExtMB e as frações, indicaram que esses
tratamentos não foram capazes de aumentar de modo significativo a produção de
muco. Já a carbenoxolona se mostrou efetiva, mas esse resultado já era esperado,
sendo que este fármaco atua estimulando a produção de muco gástrico (FRANCO et
al., 1993).
Avaliado a participação do muco no efeito gastroprotetor, a próxima etapa do
presente trabalho foi verificar a participação do óxido nítrico endógeno e dos
grupamentos sulfidrila na gastroproteção.
Em modelos de avaliação da atividade gastroprotetora, verificou-se a
participação do óxido nítrico através da pré-administração de L-NAME (Nω-nitro-Larginina metil-éster), uma substância capaz de inibir a enzima óxido nítrico sintase.
uma substância capaz de inibir a enzima óxido nítrico sintase.
Quando os animais foram pré-tratados com L-NAME, e tratados com o ExtMB
(500 mg/kg), observa-se que houve diminuição da gastroproteção em relação aos
animais pré-tratados com salina e tratados com o ExtMB (Figura 14). Ou seja,
quando administrado L-NAME aos animais, o tratamento com ExtMB (500 mg/kg)
perde sua atividade gastroprotetora, evidenciando, desta forma que o NO está
envolvido na resposta protetora do extrato.
Os resultados obtidos para o ExtMB (500 mg/kg) no modelo de úlcera gástrica
induzida por etanol em ratos pré-tratados com L-NAME (70 mg/kg, i.p.) são
apresentados na figura 14.
58
Figura 14 – Efeito do Extrato Metanólico bruto de R. imperialis (500mg/kg) e carbenoxolona
(200mg/kg) em lesões induzidas por etanol em ratos pré-tratados com L-NAME. Resultados
expressos em Média ± EPM de seis ratos. Estatística foi feita por comparação usando ANOVA e pós
**
##
teste de Tukey. p<0.01 quando comparados com o grupo controle, p<0.01 quando comparado ao
grupo L-NAME, ♦ ♦ p<0.01 quando comparado ao grupo ExtMB.
40
% lesão
30
20
♦♦
**
##
10
♦♦
**
##
0
controle
L-name
ExtMB
**
##
L-name + ExtMB Carbex
**
##
L-name + Carbex
Tratamentos
Estudos demonstram que o pré-tratamento com L-NAME, acentua as lesões
gástricas induzidas por etanol (MATSUDA et al., 1999), pois a inibição pode resultar
em distúrbios de motilidade gastrintestinal, no fluxo de sangue, na secreção gástrica,
entre outros fatores (WALLACE; MA, 2001).
De acordo com os resultados obtidos, o efeito gastroprotetor do extrato
parece estar envolvido na via do óxido nítrico.
A importância do NO na defesa da mucosa do TGI é bem estabelecida. O
principal papel do NO sobre manutenção do fluxo sanguíneo, a partir de sua
liberação do endotélio, e da integridade do epitélio gástrico, estimulando a secreção
e síntese de muco e bicarbonato bem como prostaglandinas. O óxido nítrico
contribui na manutenção da integridade da mucosa por estar envolvido na regulação
do fluxo sanguíneo, da secreção gástrica, e por contribuir na síntese de
prostaglandinas (BRZOZOWSKI et al., 2005; FREITAS et al., 2011; WALLACE,
2008).
O óxido nítrico também contribui para a defesa da mucosa através de sua
propriedade citotóxica, uma defesa primaria contra as bactérias e parasitas que são
ingeridos (MARCINKIEWICZ et al., 2000, TULASSAY; HERSZENYI, 2010).
59
No modelo de indução de úlcera por etanol, o dano provocado à mucosa está
associado com um significativo decréscimo nos níveis de compostos sulfidrílicos
(SH) da mucosa, como por exemplo, o da glutationa reduzida (GSH), e o prétratamento com bloqueadores de SH reverte a gastroproteção dos compostos
sulfidrílicos (SBAZO et al., 2001).
Quando pré-administrado NEM, e utilizado tratamento com ExtMB (500
mg/kg), o extrato perde sua atividade gastroprotetora quando comparado com os
animais tratados somente com ExtMB (500 mg/kg), ou seja o efeito gastroprotetor é
dependente dos compostos sulfidrílicos.
Os resultados obtidos para o ExtMB (500 mg/kg) no modelo de úlcera gástrica
induzida por etanol em ratos pré-tratados com NEM (10 mg/kg, i.p.) são
apresentados na figura 15.
Figura 15- Efeitos do ExtMB de R. imperialis (500 mg/kg) e carbenoxolona (200 mg/kg) em lesões
induzidas por etanol em ratos pré-tratados com NEM. Resultados são Média ± EPM de seis ratos.
**
Estatística foi feita por comparação usando ANOVA e pós teste de Tukey. p<0.01 quando
##
comparados com o grupo controle, p<0.01 quando comparado ao grupo NEM, ♦♦ p<0.01 quando
comparado ao grupo ExtMB.
40
% of lesion area
30
♦♦
##
20
♦♦
**
##
10
♦♦
**
##
0
Controle
Nem
ExtMB
**
##
Nem + ExtMB
Carbexonolona Nem + Carbex
Tratamentos
60
Os grupamentos sulfidrílicos participam da proteção da mucosa pela ligação a
radicais-livres (antioxidante) e por formar pontes dissulfeto entre as subunidades do
muco de maneira a impedir a sua dissociação (AVILLA et al, 1996). Sendo assim, os
grupamentos sulfidrilas são responsáveis pela manutenção da integridade gástrica
por estimular a produção de muco e mantê-lo, assim como desempenham papel
antioxidante por evitar que espécies reativas de oxigênio causem dano à mucosa
(NATALE et al., 2004; HIRUMA-LIMA et al., 2009).
Os grupamentos estão presentes na glutationa, uma substancia endógena
que, em sua forma reduzida, tem importância na redução do estresse oxidativo, por
eliminar radicais livres, reduzir peróxidos e por se complexar com compostos
eletrofilícos de maneira a proteger estruturas celulares proteicas, DNA e lipídeos,
além de proteger a célula de outros produtos tóxicos (HAYES; MCLELLAN, 1999.;
KIMURA et al., 2001).
O composto químico NEM apresenta a propriedade de quelar as pontes
dissulfeto, as quais são responsáveis pela manutenção da conformação da barreira
mucosa gástrica. Sendo assim, a pré-administração de NEM provocou um
significativo aumento das lesões gástricas em todos os grupos experimentais,
quando comparados aos grupos pré-tratados com salina (Figura 15).
O grupo tratado com a carbenoxolona, utilizada como controle positivo,
apresentou diferenças estatísticas. A carbenoxolona atua promovendo aumento da
síntese de muco gástrico e assim auxilia na proteção da mucosa, auxiliando desta
forma na proteção das lesões gástricas (NAGAYAMA et al., 2001).
O ExtMB demonstrou exercer gastroproteção tanto através do envolvimento
de NO quanto de SH, indicando que seus efeitos sobre a mucosa gástrica estão
dependentes destes compostos para exercer seu mecanismo de ação.
Considerando os resultados obtidos nos modelos anteriores, e que os estudos
fitoquímicos levaram ao isolamento das substancias Niga-ichigosídeo F1 e RI5-20,
essas duas substâncias foram testadas em modelo de úlcera induzida por etanol em
camundongos (Tabela 10).
Observou-se que as duas substâncias mostraram-se efetivas para todos os
parâmetros avaliados, vale ressaltar que elas foram mais efetivas do que o fármaco
omeprazol. O índice de cura obtido foi de 98,43% para substancia Niga-ichigosideo
(30 mg/kg), 99,22% para RI5-20 (30mg/kg), e 92,12% para o omeprazol (30 mg/kg).
61
Tabela 10. Efeito da administração oral de omeprazol (30 mg/kg) e das substâncias
isoladas: Niga-ichigosídeo F1 e RI5-20 em úlceras gástricas induzidas por
etanol/HCl em camundongos.
Tratamento
Dose
Área total de
% de área
(mg/Kg)
lesão (mm2)
lesada
Controle (-)
-
36,87 ± 9,5
9,94 ± 3,14
-
Omeprazol
30
4,81 ± 3,36**
1,57 ± 1,33**
92,12 ± 7,06**
30
0,57 ± 1,72**
0,12 ± 0,22**
98,43 ± 1,29**
30
0,25 ± 0,33**
0,05 ± 0,06**
99,22 ± 0,37**
(vo)
Niga-ichigosideo F1
RI5-20
Índice de cura (%)
Resultados apresentados como média ± Erro Padrão da média (EPM), com um grupo de seis
camundongos. Comparação estatística realizada utilizando ANOVA seguida pelo teste de Dunnet.

*p 0,05, **p<0,01, quando comparado ao grupo controle.
Figura 16. Índice de cura das substâncias isoladas: Niga-ichigosídeo F1 e RI5-20 (30mg/kg) e do
omeprazol (30 mg/kg) em lesões induzidas por etanol em camundongos. Resultados expressos como
Média ± Erro Padrão da Média (EPM) de seis animais.
**
**
**
Em um estudo realizado por Nam et al. (2006), no qual se avaliou o Nigaichigosideo F1, isolada da R. coreanus, sobre o efeito de lesões gástricas induzidas
por etanol em animais de laboratório, observou-se que na dose de 10 mg/kg não
houve diminuição significativa na lesão da úlcera quando comparado ao grupo
controle, porém quando utilizada dose de 30 mg/kg houve significativa diminuição.
Esse estudo corrobora com o presente trabalho, onde a dose utilizada da mesma
62
substância
(Niga)
foi
de
30
mg/kg,
e
mostrou-se
efetiva
em
diminuir
significativamente a área total de lesão e % de área lesada.
No presente estudo ressalta-se também a ação da substância RI5-20, isolada
pela primeira vez da Rubus imperialis, demonstrando atividade gastroprotetora em
úlcera induzida por etanol.
Como revisado na literatura, gênero Rubus, apresenta em sua composição
terpenos, flavonoides e outros compostos fenólicos. Sabe-se que esses compostos
estão envolvidos na gastroproteção. Essa gastroproteção pode estar relacionada
com a manutenção da integridade da mucosa gástrica, que depende da manutenção
da microcirculação, e atividade de enzimas antioxidantes (KWIECIÉN et al, 2004).
Os resultados obtidos no modelo de úlcera induzida por etanol sugerem
indiretamente que o ExtMB, as frações e as substâncias isoladas apresentem efeitos
gastroprotetores
por
aumentar
a
citoproteção
favorecendo
os
processos
antioxidantes.
Estudos demonstram que os compostos fenólicos têm um grande papel como
seqüestradores de radicais livres e por isso, se tornam importantes para a prevenção
e terapia da úlcera gástrica. Também é descrito na literatura que os compostos
polifenólicos, como o ácido gálico, elágico e seus derivados são capazes de inibir a
bomba protônica, presente na célula parietal, participando assim na proteção
estomacal contra agentes danosos (TAEKO et al, 2001.; RAO et al, 2008).
Sendo
a
substância
Niga-ichigosideo
F1
um
triterpeno,
uma
das
possibilidades sobre a atividade gastroprotetora da planta, seria devido à ação deste
triterpeno.
Deste modo, sugere-se que o extrato bruto de R. imperialis, frações, e
substancias isoladas avaliados neste trabalho apresentam atividade gastroprotetora
na prevenção e cicatrização de úlceras gástricas, provavelmente relacionada as
propriedades farmacológicas descritas dos compostos antioxidantes (fenólicos)
encontrados no extrato, uma vez que reduziu os níveis de lesão no modelo de
etanol, AINEs e mostrou-se efetiva em reduzir acidez estomacal no modelo de
ligadura de piloro e eficaz na atividade cicatrizante no modelo de úlcera crônica por
ácido acético.
63
6 Conclusão
Por meio dos resultados obtidos nos modelos realizados no presente estudo,
conclui-se que o Extrato Metanólico Bruto e as frações utilizadas de Rubus
imperialis:
- Apresentaram atividade gastroprotetora para úlceras induzidas por etanol e
anti-inflamatório não esteroidal (AINEs);
- O extrato metanólico bruto na dose utilizada apresentou atividade curativa
em modelo de lesão gástrica crônica induzida por ácido acético;
- A atividade gastroprotetora do extrato metanólico bruto e das frações
acetato de etila, hexânica e clorofórmica está provavelmente relacionada com a
diminuição da secreção gástrica ácida, não estando relacionada com o aumento da
produção de muco;
- A ação gastroprotetora é dependente da ação do óxido nítrico e dos
compostos sulfidrílicos;
- As substâncias isoladas (Niga-ishigosideo F1 e Ácido 2β, 3β, 19αtriidróxiursólico) apresentaram efeito gastroprotetor em modelo de indução de úlcera
por etanol quando comparado ao controle negativo e se mostraram tão efetivas
quanto o fármaco omeprazol.
A substância RI5-20 (Ácido 2β, 3β, 19α-triidróxiursólico) foi isolada pela
primeira vez da R. imperialis, e apresentou atividade gastroprotetora em modelo de
úlcera induzida por etanol.
64
7 PERSPECTIVAS DO TRABALHO
- Quantificar óxido nítrico;
- Testar o extrato e as frações em modelo de bomba de prótons;
- Dosar enzimas presentes no estômago e mucosa com finalidade
antisecretória;
-Testar as substâncias isoladas em diferentes modelos de úlcera gástrica;
- Dosar perfil antioxidante do extrato metanólico e das frações de R. imperilis
in vitro;
65
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ANEXOS
Anexo A – Parecer de aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da UNIVALI
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79
APÊNDICE- Artigo Científico submetido e aceito para a Revista NaunynSchmiedeberg's Arch Pharmacol
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