manejo clínico de pacientes cardiopatas em

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R. Periodontia - Dezembro 2009 - Volume 19 - Número 04
MANEJO CLÍNICO DE PACIENTES CARDIOPATAS EM
PERIODONTIA – REVISÃO DE LITERATURA
Clinical management of cardiopatas patients in Periodontia
Everane Cristina dos Santos Melo1, Cristiana Carina de B.L. Dantas1, Adelmo Farias Barbosa2
RESUMO
As doenças cardiovasculares permanecem sendo as
principais causas de morte na população. Enquanto, as
doenças periodontais encontram-se entre as que mais afetam a população. Existem muitas evidências de que a doença periodontal pode influenciar a saúde geral e a susceptibilidade para modificações sistêmicas, particularmente as doenças cardiovasculares. Além disso, os problemas
cardiovasculares se destacam dentre as várias modificações
sistêmicas, pois podem ter seu risco aumentado devido a
problemas periodontais. Tendo em vista que os pacientes
cardiopatas são pacientes diferenciados que necessitam de
um manejo clínico compatível com suas necessidades, é
objetivo deste trabalho elucidar que os mesmos podem ser
atendidos com segurança, desde que sejam consideradas
suas alterações sistêmicas e seguido um protocolo de atendimento específico. E propor um protocolo de tratamento
a esse grupo de pacientes.
UNITERMOS: Periodontite, cardiopatias, medicina
periodontal. R Periodontia 2009; 19:30-36.
1
Cirurgiã-dentista pela FOUFAL
1
Especializanda em Periodontia da ABO-AL
2
Professor Adjunto de Periodontia da FOUFAL
Recebimento: 14/05/09 - Correção: 27/10/09 - Aceite: 01/12/09
INTRODUÇÃO
Para (Borges, 2004) a doença coronária (DC) é,
entre as doenças cardiovasculares (DCV), a de maior
expressão tanto no nível de prevalência quanto no
de morbimortalidade. É representada por um amplo
espectro clínico que varia desde a doença
aterosclerótica assintomática, passando por quadros
de angina estável ou angina de esforço, até os quadros mais graves de infarto agudo do miocárdio. Na
verdade, todas essas entidades são manifestações
da mesma doença, embora em intensidade e gravidade marcadamente diferentes.
Já as doenças periodontais (DPs), segundo o
mesmo autor, são condições inflamatórias das gengivas e dos tecidos ósseos e conjuntivos
circunvizinhos, induzidas por infecção de bactérias
anaeróbias gram negativas e por produtos
bacterianos. Atualmente é considerada como provável fator de risco para DCV, posteriormente serão
citados mecanismos biológicos que relacionam estas patologias.
De acordo com (Feliciano, 2004), a Medicina
Periodontal é considerada um ramo da Periodontia e
existem vários trabalhos científicos demonstrando a
forte associação entre saúde periodontal e saúde ou
doença sistêmica. Portanto, na relação bidirecional
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segundo a qual as DPs podem influenciar negativamente a
saúde geral das pessoas, tanto quanto diversas patologias
gerais podem afetar o início e a progressão das DPs, ou
mesmo fazer parte do quadro de manifestações de uma
doença sistêmica. Porém, a relação entre as duas patologias
nem sempre é bidirecional, e os mecanismos que ligam as
DCs e DPs ainda não são totalmente conhecidos.
Tendo em vista que os pacientes cardiopatas são pacientes diferenciados que necessitam de um manejo clínico
compatível com suas necessidades, é objetivo deste trabalho elucidar a prática clínica diária proporcionando ao cirurgião dentista (CD) subsídios que o auxilie no tratamento
desses pacientes, tendo como base evidências científicas.
REVISÃO DE LITERATURA
Segundo (Weidlich et al, 2008), o conhecimento da
etiologia e patogenia da DP e sua natureza crônica, inflamatória e infecciosa necessita admitir a possibilidade dessa infecção influenciar eventos em outras partes do corpo. Ao
mesmo tempo, reconhecendo a interação entre doenças
orais e algumas condições sistêmicas, acarreta que dentistas e especialmente os periodontistas devem direcionar suas
práticas e conhecimentos não só para eventos estritamente
relacionados com a cavidade oral, mas também, considerar
condições sistêmicas e doenças que podem mudar ou interferir na abordagem preventiva e terapêutica.
Os autores (Conrado et al, 2007) consideram que os
pacientes portadores de doença arterial coronariana e que
necessitam de tratamentos odontológicos específicos, constituem um grupo especial por múltiplos aspectos. Trata-se
de afecção que pode apresentar, durante o procedimento
odontológico, complicações graves, como a manifestação
de arritmias, angina pectoris instável, crises hipertensivas e
até mesmo infarto agudo do miocárdio.
O autor ainda afirma que para realizar tratamento
odontológico nesses cardiopatas, o CD precisa, portanto,
estar familiarizado com alguns aspectos concernentes à área
médica, como interações medicamentosas, tipo de doença
cardíaca e sua gravidade, repercussões cardiovasculares desse
acometimento, além do perfeito conhecimento da
hemostasia.
Por este motivo, para (Andrade & Ranali, 2004) a
anamnese ou exame subjetivo é importante pré-requisito
de uma consulta odontológica. É quando se obtém muitas
informações úteis, não somente para o diagnóstico, mas
também para identificar experiências desagradáveis ocorridas em tratamentos odontológicos anteriores, que deverão
ser cuidadosamente analisadas para prevenir sua recorrência.
Este exame consiste de uma avaliação pré-anestésica, avaliação do estado físico, estado respiratório, estado
cardiovascular, sistema nervoso, distúrbios metabólicos e
endócrinos.
O autor ainda declara que quando o paciente relata
qualquer anormalidade ou doenças sistêmicas, a anamnese
deve ser direcionada ao problema. Indivíduos hipertensos,
cardiopatas, devem ser questionados sobre o controle atual
da doença. A anamnese ainda admite identificar os medicamentos que o paciente faz uso que podem interagir de forma indesejável com as soluções anestésicas locais, ou
fármacos de uso comum na prática odontológica, causando reações adversas, algumas delas de caráter emergencial.
Além disso, (Newman, 2004) considera que algumas alterações no periodonto, como aumento gengival, podem ser
observadas devido ao uso de bloqueadores de canais de
cálcio, tais como nifedipina, verapamil, diltiazem e valproato
de sódio.
Conforme Queluz, 2001, os pacientes com DCVs devem ser tratados com extremo cuidado, pois estão sujeitos
durante o tratamento a problemas cardíacos, picos
hipertensivos, quadros hemorrágicos e às interferências
medicamentosas.
Para (Araújo et al, 2007) a melhor conduta do CD frente
a um paciente hipertenso seria a obtenção de uma anamnese
bem detalhada ressaltando aspectos importantes como a
idade, a hereditariedade e os hábitos de vida desse paciente.
Em concordância com outros autores, (Barros, 2002) relata que o pedido de exames laboratoriais recentes também
se reveste de grande importância e deve fazer parte da rotina na prática clínica em geral. O exame de urina leva à
hipótese de diabetes mellitus não compensada que pode
ser bastante crítica no momento da intervenção. O exame
de sangue deve ser solicitado como medida de segurança
já que muitos pacientes podem omitir estas informações
quando indagados ou são oferecidas fichas de anamnese
para que as preencham por si. Em acréscimo, cita, ainda,
que a contagem dos leucócitos (normal de 5 a 10.000/mL)
orienta quanto à presença ou não de processos inflamatórios e/ou infecciosos, já a dos eritrócitos, quando baixa, sinaliza ocorrência de anemia. Os procedimentos cirúrgicos não
devem ser realizados quando o nível de hemoglobina for de
10 g/dl ou menor, e os hematócritos sugerirem estados anêmicos ou de perda sanguínea.
Ainda na questão hemorrágica, o autor considera que
havendo suspeitas, quando são citados problemas em parentes, de sangramento espontâneo no nariz, boca e outros
orifícios ou de outros casos de hemorragias bucais por inter31
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venções odontológicas, o profissional deve pedir os exames
de contagem de plaquetas, tempo de sangramento, tempo
parcial de tromboplastina (TPT) e tempo de protrombina
(TP). Estes quatro testes fornecem um bom perfil da coagulação, que poderia ser desconhecido até o momento, valendo a idéia de colaboração entre o CD e o médico, para
o bem estar do indivíduo.
O autor Araújo et al, 2007 expõe que um fator de importante relevância diz respeito à redução do grau de
estresse, bem como o controle da ansiedade e do medo frente a um tratamento odontológico, principalmente diante de
pacientes cardiopatas e hipertensos, este fator também está
relacionado ao horário de atendimento ao paciente.
Outro fator, a endocardite bacteriana (EB) que é uma
infecção que ocorre na superfície endocárdica do coração.
Diversos autores concordam que a maioria dos casos de
endocardite desencadeada por patógenos bucais não tem
início nos procedimentos odontológicos, mas nas
bacteremias espontâneas, como as decorrentes da escovação
dental e da mastigação. Entende-se que os “frequentes
surtos” de bacteremias transitórias de origem bucal podem
representar risco no estabelecimento de DCVs em determinados pacientes. Cabe salientar que a intensidade e a
frequência das bacteremias transitórias estão relacionadas
com a magnitude da lesão focal, com a densidade da flora
microbiana, principalmente com a existência de infecção
(Borges, 2004).
Em caso de história de EB, ou quando o paciente se
enquadra no grupo de moderado a alto risco, ou seja, presença de defeitos congênitos no coração, prolapso da válvula mitral, presença de válvulas cardíacas protéticas, diabéticos, doentes renais, portadores de hepatite crônica ou ativa e imunodeprimidos, (Sampaio, 2007) atenta para a
profilaxia antibiótica que deve ser realizada. Esta é dispensável em pacientes com marcapasso e desfibliladores implantados.
As recomendações da American Heart Association (AHA)
para antibioticoterapia profilática específica no tratamento
dentário foram amplamente publicadas. Para a maioria dos
adultos, recomenda-se a administração oral de 2g de
amoxicilina, 1 hora antes dos procedimentos odontológicos
e 50 mg/Kg para crianças. Em caso de impossibilidade por
via oral faz-se o uso de ampicilina 2g via intramuscular ou
endovenosa 30 minutos antes do procedimento. A
clindamicina, 600 mg, 1 hora antes dos procedimentos
odontológicos, cefalexina/cefadroxil ou a azitromicina/
claritromicina são recomendadas para pacientes alégicos à
penicilina ou com impossibilidade de uso por via oral (Sampaio
et al, 2007).
Quanto ao uso de anestésicos locais com
vasoconstritores em coronariopatas, (Conrado et al, 2007)
lembra que ainda é muito controverso na literatura.
(Willemann, 2002), menciona que é da rotina clínica que o
CD se depare com pacientes cardiopatas que necessitando
de exodontias, procedimentos cirúrgicos, tragam a recomendação do cardiologista responsável de que o tratamento indicado seja realizado sob anestesia local sem o uso de
vasopressores, particularmente adrenalina e noradrenalina.
Essa situação clínica acarreta um impasse para o profissional
de Odontologia: se não atender à recomendação médica,
estará assumindo os riscos presumíveis que as soluções
anestésicas com vasoconstritores possam eventualmente
impor aos portadores de doenças isquêmicas do coração;
por outro lado, se não utilizar esse tipo de anestésico, terá
um procedimento em que as hemorragias serão mais abundantes e a analgesia menos profunda e menos duradoura.
Os médicos utilizam maiores concentrações de vasoconstritor
do que os usados na Odontologia. Por isso, muitas vezes
eles contra-indicam o uso de adrenalina, em Odontologia,
para pacientes com distúrbios cardio-circulatórios. A dose
comumente empregada em cirurgias bucais não causa, por
si só, efeitos cardiovasculares significativos.
Com relação à posição do paciente na cadeira
odontológica, (Barros, 2002) considera que não se deve atender pacientes idosos na posição horizontal (deitado), a cadeira odontológica deverá estar em posição de Fowler
– ligeiramente inclinada para frente –, a fim de evitar desconfortos respiratórios, principalmente os ocasionados por
anestésicos locais, pois costumam provocar alterações respiratórias e às vezes até depressões respiratórias importantes, na dependência da quantidade usada e da toxicidade
da droga.
Uma outra consideração do autor com relação à posição da cadeira odontológica, é que o espaldar deve ficar a
cerca de 45º, evitando sempre posições do tipo
“ergonômicas”, pois na terceira idade sempre há o perigo da
hipotensão postural, bem como o risco de fragmentos, sangue ou gaze escorrerem para a garganta do paciente provocando engasgo e até ocorrerem tonturas, quando do
retorno de uma posição ergonômica para os 90º.
O autor Mello, 2005 sugere que os portadores de insuficiência cardíaca congestiva sentem um maior conforto durante o tratamento odontológico com o encosto da cadeira
menos inclinado, pois eles apresentam dificuldades respiratórias quando estão deitados.
O autor (Peterson, 2005) chama a atenção para os casos em que durante o transoperatório ocorre o aparecimento de desconforto torácico em um paciente cardíaco, pois
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necessita de rápida identificação de forma que se possam
tomar medidas apropriadas. Em caso de paciente com suspeita de angina pectoris, o tratamento deve ser suspenso,
obtém-se os sinais vitais e inicia-se a administração de oxigênio 3 a 5L por minuto, e nitroglicerina sublingual 0,4mg a
cada cinco minutos por no máximo três doses. E (Andrade &
Ranali, 2004) acrescentam que persistindo a dor, suspeitar
de infarto do miocárdio, neste caso, deve-se administrar 2 a
3 comprimidos de ácido acetilsalicílico 100mg e acionar o
serviço de atendimento médico de urgência.
Pacientes hipertensos ao passarem da posição horizontal para a vertical podem sentir-se tontos, atordoados e podem até mesmo desmaiar. Assim, (Araújo et al, 2007) considera importante aferir a PA do paciente em posição horizontal e evitar mudanças bruscas de posição. Os pacientes devem ser avisados para se erguerem lentamente e balançar
as pernas antes de levantar, terminado o tratamento.
Os autores (Moraes & Serano, 2005) sugerem que os
medicamentos usados pelos pacientes cardiopatas devem
ser conhecidos pelos CDs, como os do controle de PA, os
quais podem favorecer a diminuição de fluxo salivar, provocar alterações significativas na capacidade de coagulação e
alterar a capacidade imunoinflamatória.
Para Serra, 2002, no pós-operatório, a antibioticoterapia
deve ser bem realizada para impedir que ocorra resistência
bacteriana. Podem-se utilizar doses posológicas por maior
tempo, mas nunca inferior a 5 dias de medicação. Ou, ainda, megadoses de ataque, geralmente maciças, de 3 a 4
vezes a dose posológica normal, em uma tomada antes e
imediatamente após a intervenção.
A penicilina como antibiótico de escolha, prescrever
500mg de oito em oito horas por no mínimo sete dias, é
recomendada por Newman e Volpato, 2004. Em caso de
alergia, pode-se fazer uso da eritromicina 500mg de seis em
seis horas. Ou ainda, a clindamicina 300 mg de doze em
doze horas.
No entanto Cruz, 2004 acredita que independente da
via de administração, de ínicio uma dose de ataque um pouco
maior ou igual ao dobro da dose de manutenção deve ser
administrada. Esta dose visa estabelecer níveis sanguíneos
ideais, o mais rapidamente possível.
No que se refere aos anti-inflamatórios, Volpato, 2004
afirma que o de primeira escolha é o Benzidamina (Benflogin,
Benzitrat, Eridamin) 50 mg de seis em seis horas. O de segunda escolha é o ácido mefenâmico (Ponstan) 500 mg de
oito em oito horas. Os Diclofenacos, Piroxicams e Corticóides
devem ser evitados, pois geram retenção hídrica e podem
aumentar a PA do paciente.
Quando o paciente se apresenta no consultório com
dor, ou com um limiar muito baixo, Marques, 2000 sugere a
elevação do limiar da dor, pela pré-medicação. Essa pré-medicação não é feita com a intenção de substituir a anestesia,
no entanto, ajuda a aumentar a eficácia da solução
anestésica.
Já em caso de dor leve a moderada ou no pós-operatório, Mello, 2005 aconselha que se devem utilizar medicamentos de hábito do paciente. A seleção do analgésico apropriado é também influenciada pela polifarmácia, intensidade
da dor, custo econômico e disponibilidade no mercado. O
paracetamol e a dipirona podem ser prescritos, mas deve ser
evitada a prescrição de aspirina por possuir ação
anticoagulante.
DISCUSSÃO
Com relação ao melhor horário do dia para o
tratamento de pacientes hipertensos e cardiopatas, tem sido
recomendado que as consultas sejam marcadas no período
da manhã, quando a pressão arterial (PA) é mais baixa, ou
no horário que o paciente estiver menos estressado
(Haidámus, 2008). Isso porque a ansiedade é uma das
grandes responsáveis pela elevação da PA, pois o estado
de estresse aumenta de 20 a 40 vezes a produção de
adrenalina.
Além disso, Barros (2002) acrescenta que este período é
o de maior preferência devido a menor incidência de problemas cardiovasculares.
Entretanto, das seis às doze horas temos uma grande
quantidade de plaquetas e linfócitos agregados facilitando a
formação de trombos e consequentemente o surgimento
de êmbolos, aumentando a área isquêmica que é a principal
causa de morte celular (Haidámus, 2008).
Quanto ao controle da ansiedade, este pode ser realizado por métodos não farmacológicos com o óxido nitroso
(N2O/O2) e/ou métodos farmacológicos com o uso de
Benzodiazepínicos de ação curta como, por exemplo, o
Lorazepam (1mg), administrando-se um comprimido duas
horas antes do procedimento ou um comprimido na noite
anterior mais um comprimido duas horas antes do procedimento. Também Volpato, 2004 acrescenta que caso o paciente já faça uso, deve-se ajustar o horário para coincidir com
o tratamento.
O autor Marques, 2000 considera ainda, que do ponto
de vista odontológico, o estresse é o fator mais relevante
para desencadear crises de angina pectoris, e cita que alguns cuidados devem ser tomados, como a pré-medicação
com nitroglicerina sublingual, em pacientes com história de
angina pectoris ou infarto do miocárdio, que deve ser reali33
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zada cinco minutos antes da administração da solução
anestésica, a qual deve ser injetada na quantidade mínima
possível. Deve-se administrar de preferência aquela usada
habitualmente pelo paciente, pois 10% deles podem apresentar reação, quando medicados com dose diferente daquela a que estão acostumados. Caso este não leve seu
medicamento ao consultório, o CD deve utilizar nitroglicerina de 0,3 mg.
Com relação ao uso de anestésicos, o autor (Araújo et
al, 2007) defende que a administração de anestésicos associados a vasoconstritores adrenérgicos não deve ser indicada
a hipertensos que fazem uso de medicação, pois estes pacientes podem ser susceptíveis a possíveis precipitações de
episódios hipertensivos.
Um tubete anestésico com adrenalina contém apenas
0,018 mg, portanto, essa dose oferece muitas vantagens e
poucas desvantagens, por esse motivo Rettore, 2000 e outros autores consideram contra-indicada, em Odontologia,
apenas em casos bastante específicos. Segundo (Willemann,
2002) as contra-indicações absolutas para o uso de anestésicos com vasoconstritores referem-se a pacientes com hipertensão grave ou maligna, não tratados ou não controlados, com infarto agudo do miocárdio a menos de seis meses ou histórico de angina pectoris e/ou arritmias não controlados. Nestes casos, Rettore, 2000 sugere optar pelas soluções anestésica à base de mepivacaína 3% sem
vasoconstritor, que proporciona uma anestesia pulpar de até
20 minutos nas injeções infiltrativas e de até 30 a 40 minutos nos bloqueios regionais ou seccionais.Deve-se tomar
cuidados especiais, como aspiração prévia, injeção lenta da
solução, além de não ultrapassar a dose máxima recomendada (Willemann, 2002).
Mello, 2005 e outros autores também não contra-indicam o uso de vasoconstritores nas soluções anestésicas,
podendo ser usadas a felipressina ou a adrenalina (1:100000
ou mais diluída) em doses pequenas, com injeção lenta e
aspiração prévia, o ideal é não ultrapassar 2 tubetes por sessão. Já (Wannmacher & Ferreira et al, 1999) considerou que
em cardiopatas, a dose limite por sessão era de 3 a 6 tubetes
com concentrações respectivas de 1:100000 ou 1:200000.
Segundo Serra, 2002, o anestésico de primeira escolha é
a Prilocaína com vasoconstrictor (Citanest, Citocaína,
Biopressin). Seu uso é recomendado, sempre que possível,
pois a quantidade de vasopressor é tão ínfima e seus efeitos
são tão benéficos, no sentido do controle da dor. O ideal é
comunicar ao Cardiologista que será utilizada a Prilocaína,
citando que o vasoconstritor é sintético.
Desta forma, Mello, 2005 recomenda que a Prilocaína,
na quantidade máxima de dois tubetes, pode ser utilizada
com algumas precauções, devido ao risco de ocorrência de
metemoglobinemia, em especial quando existir alteração da
série vermelha no sangue, e/ou se o paciente estiver sendo
medicado com paracetamol ou fenacetina.
Para Willemann, 2002, mais importante do que a concentração do vasoconstritor utilizado é a quantidade de
catecolaminas endógenas liberadas devido ao estresse do
paciente que é submetido a um procedimento cirúrgico.
Portanto, toda atenção deve ser dada para reduzir os níveis
de estresse do paciente, promover o conforto físico e psicológico necessário e promover o tratamento dentário de urgência, visto que a própria dor pode causar um aumento da
liberação de catecolaminas e agravar o problema. A dose
total de anestésico com vasoconstritor injetada é menor que
a quantidade de epinefrina e norepinefrina liberadas
endogenamente, se o paciente estiver estressado por uma
inadequada anestesia.
Ainda quanto à escolha da solução anestésica local,
Rettore, 2000 reafirma que se deve levar em consideração o
risco das interações medicamentosas indesejáveis, já que os
diabéticos, hipertensos e cardiopatas normalmente fazem
uso contínuo de medicamentos, sendo que alguns deles
podem interagir com os vasoconstritores adrenérgicos e provocar efeitos adversos. Quanto a outro fator, (Andrade &
Ranali et al, 2004) chama a atenção para os vasoconstritores
agregados à lidocaína nas soluções anestésicas locais pertencem ao grupo das aminas simpatomiméticas, que possuem ação sobre o sistema cardiovascular.
Em pacientes com distúrbios cardiológicos, hipertensos,
entre outras patologias, (Vasques, 2008) considera obrigatória a autorização do médico que o assiste, sendo este o
responsável pela liberação do procedimento e suspensão de
medicações tais como anticoagulantes, que levariam ao risco de sangramento no ato cirúrgico.
De acordo com (Dias, 2002), pacientes que fazem uso
de anticoagulantes, aconselha-se marcar as cirurgias ou raspagens profundas após consultar o cardiologista sobre a
suspensão desses medicamentos por pelo menos três dias
antes da intervenção odontológica.
No entanto, Moraes & Serrano, 2005 afirmam que em
procedimentos odontológicos mais complexos e invasivos,
os medicamentos anti-hipertensivos podem provocar algumas influências. Por este motivo, deve-se suspender
antitrombóticos, como o AAS, clopidogrel, ou outros
anticoagulantes, cinco a sete dias antes de cirurgias para
diminuir o sangramento.
Também Barros, 2002 chama a atenção para outros
anticoagulantes, como por exemplo a heparina, que podem estar sendo administrados a pacientes submetidos a
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cirurgias cardíacas (safenas, válvulas, infartados,etc). O efeito destes fármacos pode inviabilizar a terapêutica cirúrgica
pelo risco eminente de hemorragias. A compensação desse
estado depende da avaliação da necessidade e do risco da
não intervenção e somente pode ser realizada pela equipe
médica que a instituiu.
Por outro lado, Moreira, 2007 cita que segundo o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), a realização do tratamento odontológico em pacientes cardiopatas é permitida sem
a suspensão do anticoagulante. Confirmando a opinião de
Cormack, 2001, que já afirmava ser de grande risco
descontinuar a terapia com anticoagulantes, por isso, é
melhor manter a medicação e se preparar para um
sangramento mais prolongado.
CONCLUSÃO
Com base em literatura especializada, é possível concluir que durante os procedimentos odontológicos
periodontais em paciente cardiopata alguns cuidados são
necessários. O manejo clínico destes pacientes em
periodontia pode ser executado com segurança quando se
considera as alterações sistêmicas e se segue um protocolo
de atendimento específico.
ABSTRACT
Cardiovascular diseases are still the leading causes of
death in the population. In the meantime, the periodontal
diseases are among those that most affect the population.
There is much evidence that periodontal disease may
influence the overall health and susceptibility to systemic
changes, particularly cardiovascular diseases. Moreover,
cardiovascular problems stand out among the various
systemic changes, they may have a higher risk because of
periodontal problems. Considering that the patients with
heart disease are patients who need a different clinical
management compatible with their needs, it’s objective of
this work elucidate that they can have assistence safely if are
considered its systemic changes and followed a protocol of
specific care. And propose a treatment protocol in this group
of patients.
UNITERMS: Periodontitis, heart defects, periodontal
medicine.
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Endereço para correspondência:
Everane Cristina dos Santos Melo - Email: [email protected]
Cristiana Carina de B.L. Dantas - Email: [email protected]
Adelmo Farias Barbosa - Email: [email protected]
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6/8/2010, 10:19 AM
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