Superação da Dormência e Germinação de Sementes de

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Superação da Dormência e Germinação de Sementes de Plathymenia reticulata
(Fabaceae) em Diferentes Temperaturas
Marlúcio Mateus Silva1; Glauciana da Mata Ataíde2; Lucas Pinto Ribeiro3; Ana Catarina
Monteiro Carvalho Mori da Cunha2; Luana Bertollini de Jesus Silva3
(1Estudante, IFSudesteMG/Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais,
[email protected], 2Professor, IFSudesteMG/Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Sudeste de Minas Gerais, [email protected], [email protected], 3Estudante,
UFV/Universidade Federal de Viçosa, [email protected], [email protected])
RESUMO
A dormência compromete a análise de sementes e gera problemas durante a produção de mudas de
algumas espécies. O objetivo neste trabalho foi investigar a superação da dormência e a germinação
de sementes de Plathymenia reticulata em diferentes temperaturas, visando estabelecer as melhores
condições para o teste de germinação da espécie. Para tanto, sementes coletadas em agosto de 2012
em Viçosa, MG, foram submetidas aos seguintes tratamentos: a) ácido sulfúrico concentrado (H2SO4)
por 10 minutos; b) escarificação com lixa na extremidade oposta ao eixo embrionário; ou c)
testemunha, caracterizadas pelas sementes sem nenhum tratamento pré-germinativo. As sementes
foram colocadas para germinar em câmara Biochemical Oxygen Demand (B.O.D.) às temperaturas
de 20, 25 e 30ºC por 10 dias, sob luz constante, sendo avaliadas a porcentagem e índice de velocidade
de germinação (IVG). O delineamento foi inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 3 x 3,
com a utilização de cinco repetições de 20 sementes por tratamento. Maiores porcentagens de
germinação foram observadas à medida em que se aumentou a temperatura, com médias inferiores a
20ºC, destacando a importância deste fator para a germinação da espécie. A escarificação das
sementes com ácido sulfúrico resultou em valores superiores de germinação em todas as
temperaturas, representando acréscimos de 31, 19 e 11 pontos percentuais em relação à testemunha,
nas temperaturas de 20, 25 e 30ºC, respectivamente. O IVG seguiu tendência semelhante, com médias
significativamente inferiores na testemunha. Conclui-se que sementes de vinhático germinam melhor
a 25 e 30ºC, após utilização de ácido sulfúrico ou lixa.
Palavras-chave: vinhático, sementes florestais, vigor.
INTRODUÇÃO
Plathymenia reticulata, popularmente conhecida como vinhático, vinhático-do-campo ou
vinhático-do-cerrado, é uma espécie arbórea pertencente à família botânica Fabaceae Mimosoideae,
de ocorrência natural das formações abertas do Cerrado brasileiro, desde o Amapá até São Paulo
(ALMEIDA, 1998). Os indivíduos possuem de 6 a 12 m de altura e de 30 a 50 cm de diâmetro de
tronco (LORENZI, 2009). A árvore apresenta alto valor comercial e características que destacam sua
utilização na recomposição de áreas degradadas (CARVALHO, 2008)
Sua propagação ocorre por meio de sementes, que apresentam dormência pela impermeabilidade do
tegumento à água. Neste contexto, estudos a respeito da germinação e dormência das sementes são o ponto de partida
IV CONEFLOR – III SEEFLOR/ Vitória da Conquista (BA), 25 a 28 de Novembro de 2013.
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para o desenvolvimento de novas estratégias para a conservação da espécie. A impermeabilidade do tegumento pode ser
superada por meio da escarificação, termo que se refere a qualquer tratamento que resulte na ruptura ou no
enfraquecimento do tegumento, permitindo a passagem de água e dando início ao processo germinativo (MAYER &
POLJAKOFF-MAYBER, 1989). Entre os métodos utilizados com sucesso para a superação da dormência de espécies
florestais destacam-se a escarificação química, mecânica e a imersão em água quente. A aplicação e a eficiência desses
tratamentos dependem da intensidade da dormência, bastante variável entre espécies, procedências e anos de coleta
(ALBUQUERQUE et al., 2007).
A germinação compreende um complexo e ordenado conjunto de eventos bioquímicos e
fisiológicos, que se iniciam com a absorção de água pelas sementes, a qual irá desencadear a ativação
do metabolismo, culminando com o surgimento do eixo embrionário (BEWLEY et al., 2013). Para
que ocorra o rompimento do tegumento ou dos tecidos circundantes pelo embrião, diversos fatores
intrínsecos e extrínsecos às sementes influenciam no processo, atuando isoladamente ou em interação
com os demais (BORGES & RENA, 1993).
A temperatura assume papel primordial no decorrer da germinação, controlando sua
intensidade e velocidade (SANTOS NETO et al., 2008; KUMAR et al., 2011; OZARI et al., 2013),
regulando as taxas de embebição, liberação de eletrólitos (MURPHY & NOLAND, 1982; KADER
& JUTZI, 2002) e mobilização de reservas (ATAÍDE et al., 2013), afetando o crescimento e vigor
das plântulas (MOTA et al., 2012; ALVES et al., 2013; PACHECO JUNIOR et al., 2013) e regulando
a transcrição de genes associados à germinação (CHENG et al., 2010; CHIU et al., 2012).
O presente trabalho teve como objetivo investigar a superação da dormência e a germinação de sementes de
Plathymenia reticulata em diferentes temperaturas, visando estabelecer as melhores condições para o teste de
germinação da espécie.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Análises de Sementes Florestais da Universidade Federal de
Viçosa, no período de setembro de 2012 a fevereiro de 2013. Foram utilizadas sementes de P. reticulata coletadas em
agosto de 2012 na região de Viçosa, MG. Estas foram colocadas para secagem ao sol e beneficiadas manualmente,
sendo eliminadas as sementes imaturas e deterioradas.
As sementes selecionadas foram submetidas aos seguintes tratamentos para superação da dormência: a) ácido
sulfúrico concentrado (H2SO4) por 10 minutos; b) escarificação com lixa na extremidade oposta ao eixo embrionário;
ou c) testemunha, caracterizadas pelas sementes sem nenhum tratamento pré-germinativo. As sementes foram colocadas
para germinar em câmara Biochemical Oxygen Demand (B.O.D.) às temperaturas de 20, 25 e 30ºC por 10 dias, sob luz
constante, fornecida por quatro lâmpadas fluorescentes de 40W tipo luz do dia.
Foram avaliadas a porcentagem de germinação, medida pela contagem diária das sementes que emitiram
radícula, e o índice de velocidade de germinação (IVG), segundo a fórmula proposta por Maguire (1962). O
delineamento utilizado foi inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 3 x 3, com a utilização de cinco
repetições de 20 sementes por tratamento. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), sendo os
desdobramentos das médias de germinação e IVG feita pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Maiores porcentagens de germinação das sementes de P. reticulata foram observadas à medida em que se
aumentou a temperatura, para todos os tratamentos testados, com médias inferiores a 20ºC, destacando a importância
deste fator para a germinação da espécie (Figura 1).
A temperatura, como fator ambiental imprescindível ao processo germinativo, influencia tanto na embebição
das sementes como nas reações bioquímicas que governam o metabolismo, para permitir a protrusão da raiz primária.
A temperatura ideal
de germinação é aquela que possibilita número máximo de sementes germinadas em menor período de tempo
(CARVALHO & NAKAGAWA, 2000) e, em sementes florestais, pode variar conforme as distribuições geográfica e
ecológica das espécies, tais como o bioma, o grupo sucessional e a adaptação fisiológica às condições ambientais dos
locais de ocorrência (BRANCALION et al., 2010).
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BORGES & RENA (1993) citam que as temperaturas que mais estimulam o processo germinativo das
espécies arbóreas tropicais e subtropicais situam-se na faixa de 20 a 30 ºC, valores confirmados por Virgens et al.
(2012), Alves et al. (2013), Costa et al. 2013 e Guedes et al. (2013), para as espécies Myracrodruon urundeuva, Clitoria
fairclildiana, Bauhinia forficata e Apeiba tibourbou, respectivamente.
Quanto aos tratamentos para superação da dormência, a escarificação das sementes com ácido sulfúrico
resultou em valores superiores de germinação em todas as temperaturas, representando acréscimos de 31, 19 e 11
pontos percentuais em relação à testemunha, nas temperaturas de 20, 25 e 30ºC, respectivamente. As médias de
germinação das sementes após utilização de ácido sulfúrico não diferiram estatisticamente dos resultados das sementes
após tratamento com lixa, indicando que ambos foram eficientes para promover a germinação.
120
Germinação (%)
100
aB
aA
aA aA
aA aA aAB
abB
80
bB
20ºC
60
25ºC
40
30ºC
20
0
Testemunha
Ácido
Lixa
Tratamento
Figura 1. Porcentagem de germinação de sementes de Plathymenia reticulata às temperaturas de 20, 25 e 30°C, após
tratamentos para superação da dormência com ácido sulfúrico, lixa ou testemunha (sem tratamento). Barras seguidas
pelas mesmas letras maiúscula e minúscula não diferem entre si, a 5%, pelo teste de Tukey, na comparação entre os
tratamentos para superação da dormência e temperatura, respectivamente.
O IVG seguiu tendência semelhante à da germinação, porém a estratificação da temperatura para o vigor das
sementes foi mais evidente, de forma que observou-se aumento significativo na velocidade do processo germinativo a
cada 5°C de aumento na temperatura de germinação, nos três tratamentos analisados (Figura 2). A superação da
dormência com ácido sulfúrico e lixa resultaram em médias de IVG superiores à testemunha em todas as temperaturas.
Para BEWLEY & BLACK (1994), a dormência é um fenômeno intrínseco da semente, funcionando como
mecanismo natural de resistência a fatores adversos do meio. A impermeabilidade do tegumento está associada a
diversas espécies botânicas, sendo mais frequentes nas Fabaceae (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000). Espécies que
produzem sementes duras representam um sério problema para os viveiristas, pois, o tegumento impermeável restringe
a entrada de água e oxigênio, oferecendo resistência física ao crescimento do embrião, o que retarda a germinação,
sendo prejudicial à produção de mudas (MOUSSA et al., 1998).
Neste contexto, a utilização de ácido sulfúrico concentrado por 10 minutos, comum para a quebra da
dormência tegumentar, foi de comprovada eficiência para a superação da dormência de sementes de Plathymenia
reticulata. A escarificação com lixa constitui-se em um método simples e de baixo custo, porém mais trabalhoso, e
também forneceu resultados satisfatórios na promoção da germinação em sementes da espécie.
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10
aA
IVG
8
aAB
bA
aB
6
20ºC
bB
4
aA
cAB
bA
25ºC
cB
30ºC
2
0
Testemunha
Ácido
Lixa
Tratamento
Figura 2. Índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes de Plathymenia reticulata às temperaturas de 20, 25 e
30°C, após tratamentos para superação da dormência com ácido sulfúrico, lixa ou testemunha (sem tratamento). Barras
seguidas pelas mesmas letras maiúscula e minúscula não diferem entre si, a 5%, pelo teste de Tukey, na comparação
entre os tratamentos para superação da dormência e temperatura, respectivamente.
CONCLUSÕES
Conclui-se que sementes de vinhático germinam melhor a 25 e 30ºC, após utilização de ácido sulfúrico ou
lixa, sendo estes indicados para germinação da espécie.
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AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPEMIG pelo apoio financeiro.
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