américa: os povos nativos, suas civilizações e a colonização

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AMÉRICA: OS POVOS NATIVOS, SUAS CIVILIZAÇÕES E A COLONIZAÇÃO
ESPANHOLA
CONTEÚDOS

Incas

Maias

Astecas

A Colonização da América Espanhola
AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS
A maioria dos estudiosos defendem que os indígenas, ou seja, os ditos nativos da
América, tenham chegado até esse continente por meio de migrações que ocorreram tanto
por rotas terrestres (atravessando o estreito de Bering) quanto por rotas marítimas
(atravessando o Oceano Pacifico em pequenas embarcações) durante a Pré-história.
Figura 1 – Possíveis rotas de ocupação humana da América
Fonte: Fundação Bradesco
Os grupos humanos mais antigos encontrados na América datam de
aproximadamente 50 mil anos atrás. A grande variedade de etnias, troncos linguísticosculturais e diferentes estágios de desenvolvimento, leva a crer que eles migraram de
regiões distintas e chegaram em diferentes momentos da história da América.
Saiba mais: Os grupos indígenas organizavam-se de formas distintas dado a sua
evolução e desenvolvimento. Assim, existiam na América:

Clãs - organização simples, baseada na estrutura familiar onde reúne-se
indivíduos que apresentam em comum o mesmo ancestral. Nessa estrutura não
existe hierarquias e no geral tudo se decide pela coletividade.

Tribos - organização pouco complexa que reúne diversos clãs sob a liderança de
um guerreiro, que não exerce papel político. As responsabilidades de gestão do
grupo são divididas entre esse líder e outras figuras igualmente importantes como
os anciões, os sábios e os curandeiros.

Cacicados - organização complexa que reúne algumas tribos e clãs sob a chefia
de um cacique. Comumente, esse guerreiro comanda as guerras de conquistas,
é arbitro nos julgamentos, recolhe tributos e tem privilégios sobre os demais
membros do seu grupo.

Império - organização muito complexa onde já existe a concepção de um estado
organizado sob o comando de um poder central. Nesse caso, a estrutura tornase bastante hierarquizada e surge um grupo de funcionários públicos que
desempenham tarefas específicas como cobrar impostos, fiscalizar obras, realizar
ritos religiosos e cuidar das conquistas e da defesa do Estado.
Em geral, os grupos indígenas menores e menos evoluídos politicamente, por manterem
hábitos nômades, acabaram sobrevivendo as conquistas dos europeus, enquanto que as
civilizações que eram desenvolvidas e sedentárias, foram eliminadas paulatinamente.
Figura 2 – Indígenas da América do Sul
Fonte: celio messias silva/Shutterstock.com
Dentre as diversas civilizações indígenas, que existiram na América antes da
chegada dos europeus, podemos destacar os Incas, os Maias e os Astecas que
organizaram grandes impérios, realizaram grandes projetos arquitetônicas e dominaram as
técnicas de extração e fundição do ouro.
Incas
Os Incas dominaram uma vasta extensão territorial predominantemente sobre a
região que corresponde a Cordilheira dos Andes. Esse império surgiu por volta do século
13 e termina sua história com a dominação espanhola, durante o século 16. Em geral, os
incas dominavam os povos vizinhos de forma “pacífica” respeitando a língua e a cultura
local. Dessa forma, várias nações (por volta de 700 grupos) se associavam a esse grande
império, pagando os seus tributos, em troca da proteção que ele poderia oferecer.
Figura 3 – Área ocupada pelos Incas
Fonte: Fundação Bradesco
A economia era predominantemente agrícola, mas também, existia um comércio
interno bem desenvolvido, que era baseado no escambo, já que não existia uma moeda. O
trabalho no campo era baseado na servidão coletiva e recebeu o nome de mita. Desse
modo, os membros das comunidades eram obrigados a plantar para seu consumo e,
também, gerar um excedente obrigatório que era encaminhado ao imperador. A produção
agrícola baseava-se no cultivo de batatas variadas, milho, pimenta, algodão, tomates,
amendoim, mandioca e quinoa. Devido ao terreno acidentado eles construíam terraços
como se fossem degraus, acompanhando as curvas das montanhas para evitar a erosão.
Politicamente, eles se organizavam em uma espécie de monarquia teocrática, onde
o imperador era uma espécie de semideus, sendo o seu governo vitalício e hereditário.
Abaixo do imperador, que era chamado de o inca, existiam os sacerdotes, os comandantes
do exército e os chefes das quatro grandes regiões em que o império se dividia. A capital
do seu império ficava em Cuzco (localizada no atual Peru), mas nesse império também
existiram outras importantes cidades como Ingapirca e Machu-Picchu.
Figura 4 – Ruínas de Ingapirca no atual Equador
Figura 5 – Ruínas de Machu-Picchu no atual Peru
Fonte: Wikimedia Commons
Fonte: Wikimedia Commons
A produção mineradora não era muito intensa, já que o ouro não tinha valor
comercial para os incas, ou seja, esse metal não servia de moeda de troca ou representava
riqueza, ele apenas tinha a característica de ter um dourado reluzente que lembrava o sol
e por isso era utilizado para fazer adornos religiosos e decorar palácios e templos. Dessa
forma, o imperador não deslocava a mão de obra que estava destinada a produção agrícola
para as minas de ouro. Para essa atividade, eram selecionados apenas alguns homens dos
diversos povoados que eram encaminhados para as minas, onde trabalhariam na extração
do ouro, por um determinado período, recebendo uma remuneração por essa atividade.
A religião era politeísta e sua principal divindade era o sol e, por isso, o ouro era
utilizado para fazer uma série de adornos usados para cultuar esse deus. Além disso, eles
também construíram pirâmides e grandes templos, cravados nas encostas das montanhas.
Em geral, acreditavam no constante conflito entre o bem e o mal e os rituais que
envolviam sacrifícios, tinham o objetivo de acalmar a ira dos deuses e trazer a harmonia
para o império. Como eles acreditavam na vida após a morte, os corpos eram
embalsamados e as múmias mais importantes eram utilizadas em alguns ritos e cerimônias.
Curiosidade: As pirâmides incaicas, apesar de aparentemente serem muito parecidas
com as egípcias, tinham uma função social bastante diferente. Elas não serviam de
túmulos, mas sim como observatórios astronômicos e locais para ritos e sacrifícios.
No campo das artes plásticas, os incas se destacam na produção de esculturas,
cerâmica, adornos e tecidos. Nos desenhos que faziam a ornamentação dessas peças eles
usavam formas geométricas abstratas, representação de animais altamente estilizado e
simbologias que representavam os seus deuses. Na música, eles desenvolveram vários
instrumentos de percussão e de sopro. Apesar de não existir escrita, desenvolveram
conhecimentos científicos na astronomia, na matemática, na medicina além de produzirem
calendários extremamente precisos.
Maias
Os povos Maias, ocuparam parte da América Central e apresentavam uma estrutura
política descentralizada, na forma de cidades-Estados. Alguns especialistas dizem que
esses povos se sedentarizaram nessa região desde o século 3 a.C., mas o seu apogeu se
deu entre os séculos 3 e 10, quando ouve um processo de intensa urbanização. O declínio
dos maias ainda é um mistério para os estudiosos dessa civilização, atualmente, acreditase que ele seja a consequência de um excesso de população e de condições naturais
adversas como prolongadas secas. Deste modo, vale destacar que, na chegada dos
europeus durante o século 16, os Maias já eram uma civilização decadente.
Figura 6 – Área ocupada pelos Maias.
Fonte: Fundação Bradesco
A base econômica dos Maias era a agricultura, seu principal produto era o milho,
mas também cultivavam algodão, tomate, cacau, batata e frutas. Suas plantações foram
cultivadas em larga escala com a ajuda de um sistema de irrigação desenvolvido por eles.
As atividades comerciais, também eram bastante comuns, e eles utilizavam sementes de
cacau e sinetas de cobre como moedas de troca. Dessa forma, surgiu nessa civilização,
uma rica classe de comerciantes que gozavam de grandes privilégios.
Os Maias foram os únicos povos da América pré-colombiana que desenvolveram
um sistema de escrita. Ela era organizada a partir de uma combinação de símbolos
fonéticos e de ideogramas, o que dava grande eficiência para registrar todas as
particularidades da língua falada. Os livros Maias eram feitos de tecido sobre o qual
aplicavam uma película de cal branca, sobre a qual eram pintados os caracteres e
desenhadas ilustrações. Essas páginas eram presas em uma fita e depois eram dobradas
em ziguezague para que o livro pudesse ser guardado. Com a conquista espanhola, esses
livros foram quase todos queimados, restando apenas três exemplares.
Nas artes, eles se destacaram pela rica arquitetura das pirâmides, templos, praças
e prédios públicos que marcavam a área central das suas cidades. A pintura era bem
refinada e em alguns casos estava associada a altos relevos e a cerâmica.
Figura 7 – Pirâmide Maia de Kukulcán
Fonte: Wikimedia Commons
Já nas ciências, a matemática era bastante desenvolvida, uma vez que eles
reconheciam o zero, como um elemento que facilitava a resolução de contas mais
complexas, além de utilizarem um padrão de base 20 para o seu sistema de contagem. Na
astronomia, conseguiram atingir observações extremamente precisas, por exemplo; os
diagramas dos movimentos da lua e dos planetas que eles fizeram, são superiores aos de
qualquer outra civilização que tenha trabalhado sem instrumentos óticos. Esse fato fez com
que eles desenvolvessem um complexo sistema de calendário que previa um tempo que
se desenvolvia em forma de uma espiral, que de tempos em tempos, se encerrava um ciclo
para iniciar um novo.
Os Maias acreditavam que os fenômenos eram marcados pela repetição dos fatos
e pela circularidade temporal que influenciava a vida humana desde a sua origem. Esse
fato fez com que os maias desenvolvessem todo um estudo de signos ou selos e previsões
astrológicas calculadas com base nos seus calendários. Assim, é um erro dizer que os
maias previram em seus calendários o fim do mundo, pois, na verdade, o que eles previram
é o fechamento de um ciclo e o recomeço de um novo ciclo.
Figura 8 – Estatueta de um guerreiro Maia
Fonte: Wikimedia Commons
A religião Maia é politeísta e apresenta uma grande complexidade de deuses. O sol
e a lua representam divindades, assim como alguns animais como o colibri azul e a serpente
emplumada (essa última divindade provavelmente surgiu do contato com os astecas).
O deus sol podia ser representado por quatro gênios identificados com os quatro
pontos cardeais, que por sua vez estão associados a quatro cores simbólicas (o Leste –
vermelho, o Norte – branco, o Oeste – preto e o Sul – amarelo). Nos ritos religiosos era
comum se ofertar flores e alimento aos deuses, ou o sangue provido dos sacrifícios que
eles realizavam.
Os Maias acreditavam na vida após a morte e, por isso, nas sepulturas eram
colocados alimentos e utensílios pessoais que, segundo a religião maia, poderiam ser
utilizados pelo morto durante a sua viagem. Em alguns casos, escravos e mulheres eram
juntamente sacrificados para acompanhar o morto durante sua jornada.
Curiosidade: Apesar da decadência e do domínio europeu, os Maias mantiveram suas
tradições e, por isso, até hoje ainda encontra-se os descendentes dessa civilização que
mantem a sua língua, cultos e tradições vivas morando nas áreas que antes foram
ocupadas pelos seus antepassados.
Figura 9 - Descendentes dos Maias vendendo artesanato
Fonte: meunierd/Shutterstock.com
Astecas
O Império Asteca formou-se por volta do século 13 e permaneceu forte até o século
16 quando foi dominado pelos colonizadores espanhóis. A cidade de Tenochtitlan,
localizava-se sobre uma ilha do lago Texcoco, compunha com as cidades de Texcoco e
Tlacopán uma tríplice aliança que formava a confederação asteca. Desse modo eles
dominaram militarmente vastas áreas do território do atual México formando um império.
Figura 10 – Área ocupada pelos Astecas
Fonte: Fundação Bradesco
Politicamente eles eram governados por um monarca que era eleito por um
conselho de nobres. Nas constantes guerras, tornaram-se dominantes dos povos vizinhos
que eram de outras etnias, por meio de uma expansão militar, e não por uma suposta
sofisticação cultural que os fizessem superiores. Os povos dominados passavam a pagar
impostos ao império asteca, mas os seus governos locais eram mantidos e gozavam de
uma relativa autonomia.
A economia baseava-se no comércio que adotava os grãos do cacau como principal
moeda circulante. Dentre os diversos produtos que eram comercializados, vendia-se
inclusive mulheres (havia pais que vendiam as filhas como escravas sexuais), porém, o
comércio de terras era proibido.
As terras pertenciam a nobreza que usavam os camponeses como servos ou
escravos na produção de alimentos, sobretudo o milho, que além de ser a base alimentar
dos astecas, também era considerado um alimento sagrado por eles (devido a cor dourada
dos grãos que lembravam o sol). O ouro praticamente não tinha valor comercial para os
Astecas, mais muito usado na produção de adornos religiosos.
Figura 11 – Serpente Asteca de duas cabeças
Fonte: Wikimedia Commons
A religião Asteca era politeísta e tinha o sol e a serpente emplumada como suas
principais divindades. Assim, eles acreditavam que seus deuses deveriam ser alimentados
com sangue humano regularmente. Esse fato fez com que os astecas mantivessem guerras
constantes para aprisionar os inimigos que seriam sacrificados no alto das pirâmides (onde
o coração era arrancado do peito da pessoa ainda viva). Além dos sacrifícios regulares,
existia um sacrifício específico, que acontecia uma vez ao ano, onde crianças eram
violentamente mortas para que suas lágrimas trouxessem chuva para as plantações.
As pirâmides astecas, em geral utilizadas como templos, eram ornamentadas com
peças de ouro e tinham seus degraus sempre banhados pelo sangue dos sacrifícios
Figura 12 – Pirâmide asteca
Fonte: Wikimedia Commons
No campo da cultura, essa civilização se destacou pela rica arquitetura de suas
construções, eles também construíram ilhas artificiais no lago de Texcoco e plantavam
usando técnicas das culturas hidropônicas de hortaliças (onde as raízes buscam os
nutrientes diretamente da água) que eram cultivadas em esteiras de palha cobertas por
uma fina camada de terra e deixadas flutuando nesse lago até o momento da colheita. Já
nas ciências, observa-se um bom desenvolvimento na matemática, astronomia e medicina.
A Colonização da América Espanhola
A partir do momento que os espanhóis perceberam que as terras descobertas por
Cristóvão Colombo, não eram as Índias, eles decidiram realizar expedições colonizadoras
para ocupar e explorar o novo continente. Desse modo, ao perceber que, existiam na
América alguns povos que ostentavam ouro em abundância, a coroa espanhola decidiu
ocupar esses territórios, dominando esses impérios e exterminando uma boa parte da
população nativa para explorar esse metal considerado precioso pelos europeus.
Figura 13 – Tenochtitlan sendo invadida pelos espanhóis em 1521
Fonte: Wikimedia Commons
Desse modo, as tropas espanholas que se encontravam sob o comando de Hérnan
Cortés, ficaram responsáveis pela conquista do Império Asteca enquanto que as
comandadas por Francisco Pizarro, ficaram responsáveis pela conquista do Império Inca.
O processo de conquista foi extremamente violento. Os europeus, mesmo estando em
menor número, tinham a vantagem de contar com armas de fogo, cavalos e armaduras (que
os protegiam das flechas). As doenças transmitidas pelos europeus aos indígenas também
foi um fator que contribuiu para dizimação de muitas tribos, uma vez que esses nativos não
tinham defesas naturais para combater determinados vírus e bactérias que não eram
comuns no continente americano. Para se ter uma ideia, calcula-se que de todos os
indígenas que morreram durante as conquistas, metade foi devido as guerras e a outra
metade foi vítima de doenças.
Figura 14 – Morte do último imperador Inca em 1533
Fonte: Wikimedia Commons
Durante essas conquistas os espanhóis usaram uma tática de derrubar as
construções indígenas e construir prédios públicos e igrejas católicas sobre essas áreas.
Um exemplo disso, foi a construção de uma Catedral na Cidade do México que foi erguida
sobre um templo Asteca. Dessa forma, muito da cultura e dos conhecimentos dos povos
nativos foram completamente destruídos. Mesmo depois da conquista ter se estabelecido,
os espanhóis e o clero católico ainda destruíram a cultura desses povos, queimando
qualquer documento ou obra que evidenciassem a cultura dos dominados.
Vencida essa etapa da conquista os espanhóis rapidamente se preocuparam em
colonizar as áreas produtoras de ouro na América, e para abastecer as áreas mineradoras,
os espanhóis passaram a produzir alimentos nas regiões próximas, formando grandes
colônias agrícolas na américa. Esse fato gerou a necessidade recrutar trabalhadores que
servissem de mão de obra barata para a coroa e por isso estabeleceu-se um sistema de
exploração da mão de obra indígena, baseada na Encomienda e na Repartición.
Saiba mais: A Encomienta, em geral se dava quando o governo espanhol recrutava os
indígenas mais fortes e sadios de cada tribo, para trabalhar nas minas de ouro por um
tempo. Eles não recebiam remuneração pelo trabalho, mas sim uma pequena parte da
sua produção, que era entregue ao término desse período. Já a Repartición, geralmente
era adotada pela iniciativa privada que recrutava grandes contingentes indígenas para
trabalhar nas lavouras em troca de receberem a catequização e uma parte do que foi
produzido por eles.
A Igreja Católica condenava a escravização dos indígenas, a não ser pela guerra
justa (quando o indígena era aprisionado por atacar os europeus sem motivo), os espanhóis
usaram o pretexto da catequese para justificar a exploração desse trabalho que se dava
em condições análogas à escravidão.
Figura 15 - Nativos da América
Fonte: ChromaCo/Shutterstock.com
Politicamente os espanhóis estabeleceram uma divisão entre os homens brancos
de origem europeia que tornaram-se os colonizadores da América. Assim, os descendentes
de espanhóis, nascidos na Espanha e que viviam na América, passaram a ser denominados
de Chapetones. Eles detinham todos os direitos políticos enquanto cidadãos, ou seja,
podiam votar, se candidatar a cargos públicos e trabalhar na administração de empresas
espanholas.
Já os Crioullos, eram os descendentes de espanhóis, nascidos na América. Eles
apesar de serem brancos (não confunda os Crioullos da América espanhola com negros ou
mestiços chamados de criolos na América Portuguesa), não tinham esses mesmos direitos
políticos.
Com o passar dos anos os Chapetones fizeram fortunas com a exploração da
América e passaram toda essa riqueza aos seus filhos, na maioria Crioullos. Esse fato fez
com que os Crioullos se tornassem uma classe extremamente enriquecida e influente, mas
sem participação na vida política e na administração da colônia. A longo prazo, essa
diferença de direitos entre os brancos colonizadores, gerou uma série de revoltas entre os
Crioullos,
que
contribuíram
para
que
essas
elites
organizassem
movimentos
emancipacionistas visando a independência das colônias.
ATIVIDADES
1. (ENEM-2012) Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos e é que vi
nesta terra de Veragua [Panamá] maiores indícios de ouro nos dois primeiros dias do que
na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitas nem
mais bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade.
Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud AMADO, J.;FIGUEIREDO L. C. Colombo e a
América: quinhentos anos depois. São Paulo: Atual, 1991 (adaptado).
O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da
América a partir do século 15. A implicação desse interesse na ocupação do espaço
americano está indicada na
a) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.
b) promoção das guerras justas para conquistar o território.
c) imposição da catequese para explorar o trabalho africano.
d) opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico.
e) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.
2. (ENEM-2010) O Império Inca, que corresponde principalmente aos territórios da Bolívia
e do Peru, chegou a englobar enorme contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada,
era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente estratificada e composta por
imperadores, nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, camponeses,
escravos e soldados. A religião contava com vários deuses, e a base da economia era a
agricultura, principalmente o cultivo da batata e do milho.
A principal característica da sociedade inca era a
a) ditadura teocrática, que igualava a todos.
b) existência da igualdade social e da coletivização da terra.
c) estrutura social desigual compensada pela coletivização de todos os bens.
d) existência de mobilidade social, o que levou à composição da elite pelo mérito.
e) impossibilidade de se mudar de extrato social e a existência de uma aristocracia
hereditária.
3. A imagem a seguir mostra um espanhol castigando um indígena que trabalhava no
sistema de Encomienda.
Disponível em: <https://es.wikipedia.org/wiki/Encomienda#/media/File:Kingsborough.jpg>.
Acesso em: 14 mar. 2016. 9h.
Sobre a Encomienda e a Repartición na América Espanhola, explique como a religião
católica, contribuiu para a exploração da mão de obra indígena pelos espanhóis em
condições análogas à escravidão.
4. (FUVEST-2013) Quando Bernal Díaz avistou pela primeira vez a capital asteca ficou sem
palavras. Anos mais tarde, as palavras viriam: ele escreveu um alentado relato de suas
experiências como membro da expedição espanhola liderada por Hernán Cortés rumo ao
Império Asteca. Naquela tarde de novembro de 1519, porém, quando Díaz e seus
companheiros de conquista emergiram do desfiladeiro e depararam-se pela primeira vez
com o Vale do México lá embaixo, viram um cenário que, anos depois, assim descreveram:
“vislumbramos tamanhas maravilhas que não sabíamos o que dizer, nem se o que se nos
apresentava diante dos olhos era real”.
Matthew Restall. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2006, p. 15-16. Adaptado.
O texto mostra um aspecto importante da conquista da América pelos espanhóis, a saber,
a) a superioridade cultural dos nativos americanos em relação aos europeus.
b) o caráter amistoso do primeiro encontro e da posterior convivência entre conquistadores
e conquistados.
c) a surpresa dos conquistadores diante de manifestações culturais dos nativos
americanos.
d) o reconhecimento, pelos nativos, da importância dos contatos culturais e comerciais com
os europeus.
e) a rápida desaparição das culturas nativas da América Espanhola
LEITURA COMPLEMENTAR
Ocupação do continente americano
A Pré-história americana, em princípio, foca suas discussões sobre o período em
que os primeiros homens pré-históricos ocuparam nosso continente. Esse assunto conta
com diferentes pesquisas que indicam datas que variam entre 20 e 35 mil anos atrás.
Investigações científicas ainda mais recentes trabalham com um período de 50 mil anos
atrás.
Alguns cientistas trabalham com a hipótese de que a América, assim como os
continentes africano e asiático, contava com populações próprias ou nativas. No entanto, a
tese do autoctonismo não conta com afirmações materiais, pois ainda não foram
encontrados fósseis humanos anteriores ao do Homo sapiens sapiens. Com isso, as
correntes teóricas que defendem que grupos humanos teriam migrado de outros
continentes para a América ganham maior destaque.
A teoria migratória de maior destaque acredita que os primeiros grupos humanos a
chegar ao continente contavam com semelhanças físicas próximas das populações
mongolóides e pré-mongolóides da Ásia. A chegada desses povos à América aconteceu
graças ao congelamento do Estreito de Bering, que separa o continente asiático da porção
norte da América. Há cerca de 12 mil anos, o congelamento do Estreito e a baixa no nível
das águas do Oceano Glacial Ártico permitiram a migração do homem pré-histórico asiático
para a América.
Os defensores dessa tese migratória se embasam nos vestígios pré-históricos
encontrados no sítio de Clóvis, localizado no Novo México (EUA). No entanto, essa tese
sofre grande questionamento. Uma dessas suspeitas sobre a Teoria do Estreito de Bering
aconteceu quando, em 1975, o fóssil de uma mulher foi encontrado na região de Lagoa
Santa, situada no estado brasileiro de Minas Gerais. Apelidada de “Luzia”, o antigo fóssil
tem uma datação equivalente a dos primeiros povos a ocuparem a América do Norte. Além
disso, seus traços são negróides como os das populações do continente africano ou dos
aborígines australianos.
Baseado nessa descoberta revolucionária, a comunidade científica trabalha com
uma terceira hipótese. De acordo com esses estudos, as populações que ocuparam
primeiro o continente vieram de regiões do sul asiático, da Polinésia e da Oceania.
Tais grupos humanos teriam se deslocado por meio de navegações feitas em
embarcações de pequeno porte. Com o passar do tempo fixaram-se no litoral leste do
continente americano e, posteriormente, buscado áreas pelo interior da América.
Sem chegar a um consenso final, as pesquisas arqueológicas e paleontológicas
continuam na América. Cada dia, novas descobertas vão ampliando o debate sobre os
povos formadores do nosso continente. Dessa forma, muitos vestígios pré-históricos
americanos ainda esperam seu encontro com o homem contemporâneo.
SOUSA, Rainer Gonçalves. Ocupação do continente americano. Brasil Escola. Disponível em:
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<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1_pano_machu_picchu_guard_house_river_201
4.jpg>. Acesso em: 10 mar. 2016. 10h45min.
WIKIMEDIA COMMONS. Serpente asteca de duas cabeças. Disponível em:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:AztecSerpent_2.JPG>. Acesso em: 11 mar.
2016. 8h.
WIKIMEDIA COMMONS. Tenochtitlan sendo invadida pelos espanhóis em 1521.
Disponível
em:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leutze,_Emanuel_
%E2%80%94_Storming_of_the_Teocalli_by_Cortez_and_His_Troops_%E2%80%94_184
8.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2016. 9h30min.
GABARITO
1. Alternativa A.
Comentário: O processo de conquista e colonização da América pelos espanhóis esteve
ligado à busca de riquezas, sejam elas agrícolas ou metais preciosos. O texto, de 1503,
retrata a perspectiva de encontrar ouro nessa região, num momento em que ainda não
haviam sido descobertas as grandes minas do México e Peru. Porém, antes disso, a
Espanha estava empenhada em descobrir uma rota marítima segura para chegar as
especiarias indianas. Essa oposição de interesses, demonstra que o expansionismo
espanhol gerou conflitos de interesses sobre colonizar ou não o Novo Mundo.
2. Alternativa E.
Comentário: Na sociedade inca os papéis sociais eram muito bem definidos. Cada camada
da sociedade se responsabilizava por desenvolver os trabalhos que eram necessários para
a manutenção do império e da vida em coletividade. Dessa forma, os afazeres eram
transmitidos de pai para filho e todos tinham a responsabilidade de praticá-los pois sabiam
da importância da sua parte frente ao todo. Para os Incas cada ofício funcionava como uma
engrenagem que se interligava com uma outra série delas e que movimentava a grande
máquina do império. Por isso, existia uma certa honra em desenvolver o ofício designado
para a família, para garantir que nenhuma dessas partes falhassem gerando o caos.
3. Comentário: Como as áreas fornecedoras de escravos africanos eram, na sua maioria,
controladas pela coroa portuguesa e a Igreja Católica se posicionava contrária a
escravização dos indígenas, os espanhóis precisaram desenvolver um tipo de exploração
da mão de obra onde os indígenas trabalhassem compulsoriamente. Assim criou-se a
Encomienda e a Repartición que disfarçava a escravização do indígena na medida que
justificava que eles trabalhavam em troca da catequização. Desse modo os europeus além
de explorarem a mão de obra indígena também impunham a eles a sua religião e cultura.
4. Alternativa C.
Comentário: O texto citado, ressalta elementos do choque cultural entre europeus e
indígenas da América durante os primeiros contatos que eles tiveram. Em geral, tanto os
conquistadores espanhóis que dominaram o Império Asteca, quanto os que dominaram o
Império Inca, ficaram bastante surpresos diante das manifestações culturais dessas
civilizações. Mesmo assim, os europeus se impuseram de forma bastante violenta na
conquista desses povos e dos seus territórios, o que implicou na destruição dos Impérios
Asteca e Inca.
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