CADERNO Nº 1 – A VIDA E OS ENSINOS DE JESUS ESTUDOS

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IGREJA METODISTA DE VILA ISABEL
CADERNO Nº 1 – A VIDA E OS
ENSINOS DE JESUS
ESTUDOS PARA A ESCOLA DOMINICAL
Janeiro a março de 2010
ÍNDICE DAS LIÇÕES ESPECIAIS
LIÇÃO 1 – Página 2 – Uma caminhada pelo Antigo Testamento
LIÇÃO 2 – Página 8 – A Palestina no tempo de Jesus
LIÇÃO 3 – Página 14 – O que a genealogia de Jesus nos diz
LIÇÃO 4 – Página 17 – A fuga para o Egito e a Infância de Jesus
LIÇÃO 5 – Página 21 – O batismo de Jesus
LIÇÃO 6 – Página 24 – As tentações de Jesus são as nossas tentações diárias
LIÇÃO 7 – Página 26 – Jesus chama discípulos
LIÇÃO 8 – Página 29 – Os 7 sinais messiânicos de Jesus no evangelho de João
LIÇÃO 9 – Página 34 – As bem-aventuranças
LIÇÃO 10 – página 39 – Jesus e a oração do Pai Nosso
LIÇÃO 11 – Página 41 – Jesus e o julgamento final
LIÇÃO 12 – Página 44 – A última Ceia e a traição de Judas
LIÇÃO 13 – Página 46 – O julgamento injusto e a crucificação
Obs: Página 48 – Equipe que preparou as lições
Página 49 – Alguns lembretes importantes
LEMBRETE:
As lições foram escritas para serem estudadas em casa e não lidas durante a 1h
de encontro da classe da Escola Dominical. O aluno(a) deve ler a lição em casa, preparando-se
para a aula da Escola Dominical, lugar de reflexão, aprendizados, ensinamentos, partilha,
aprofundamento, discipulado. A gente lê sozinho e Deus, e reflete com o grupo na presença de
Deus. Assim nossa reflexão, conhecimentos e experiências são enriquecidos com outras visões.
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Lição nº 1
Para o dia 03 de janeiro de 2010
UMA CAMINHADA PELO ANTIGO TESTAMENTO
1 – INTRODUÇÃO:
A Bíblia é o livro mais conhecido do mundo inteiro. Já foi traduzida para mais de 1.685 diferentes línguas.
Mesmo assim, continua um livro cuja mensagem é ainda pouco conhecida. Muita gente tem a Bíblia em casa, mas
não tem a alegria e a prática de abri-la, lê-la e meditar sobre sua mensagem. Hoje em dia a Bíblia desperta, cada
vez mais, o interesse do povo cristão. Mas, de onde vem a Bíblia? Quem a escreveu? Quando? Por que é um livro
importante? É o que começaremos a refletir. E começaremos falando de Israel, o povo de Deus no Antigo
Testamento (AT).
2 - O POVO DA BÍBLIA (ANTIGO TESTAMENTO):
A Bíblia surge no meio de um povo do Oriente, o povo de Israel. Este povo cria uma literatura que relata sua
história, suas reflexões, sua sabedoria, sua oração. Toda essa literatura é inspirada pela sua fé em Deus, Deus
único, que lhes revela: "Estou sempre com vocês!"
O povo da Bíblia mora perto do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio. Inicialmente, é um grupo de migrantes,
vindos da Mesopotâmia (hoje Iraque). São chamados HEBREUS e descendem de Abraão. Muita gente também queria
a terra onde passaram a morar esses hebreus, depois que fugiram da escravidão no Egito. Os cananeus, outros
moradores de lá, chamavam aquela terra de CANAÃ. Os Israelitas a chamavam de Israel. Mais tarde será chamada
também de PALESTINA: Terra dos Filisteus. A posse dessa terra é um desentendimento antigo que dura até hoje.
3 – BÍBLIA: O LIVRO DA CAMINHADA DO POVO DE DEUS:
A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de Deus. Surgiu como fruto da
inspiração divina e do esforço humano.
Quem escreveu foram homens e mulheres como nós. Eles é que pegaram caneta e papel e escreveram o que
estava no seu coração. A maior parte deles não tinha consciência de estar falando ou escrevendo a Palavra de Deus.
Estavam só querendo prestar um serviço aos irmãos em nome de Deus. Eles eram pessoas que faziam parte de uma
comunidade, de um povo em formação, onde a fé em Deus e a prática de justiça eram ou deviam ser o eixo de vida.
Preocupados em animar esta fé e em promover esta justiça, eles falavam e argumentavam para instruir os
irmãos, para criticar abusos, para denunciar desvios, para lembrar a caminhada já feita e apontar novos rumos.
Alguns deles chegaram a escrever, eles mesmos, suas palavras ao povo. Outros nem sabiam escrever. Só
sabiam falar e animar a fé pelo seu testemunho. As palavras destes últimos foram transmitidas oralmente, de boca
em boca, durante muitos anos. Só bem mais tarde outras pessoas decidiram fixá-las por escrito.
4 - OS PATRIARCAS:
Com Abraão se inicia a história do Povo da Bíblia. Abraão sai da Mesopotâmia, à procura de uma nova
terra. Sai com sua família e vai morar em Canaã. Isto se dá lá pelo ano 1.850 antes de Cristo (1850 a.C). Em
Canaã nascem os filhos, os netos. A família vai se multiplicando. Abraão (Gn 12 a Gn 25), Isaque (Gn 17 a Gn 35)
e Jacó (Gn 25 a Gn 35), também chamado Israel. Abraão e seus descendentes são chamados de Patriarcas, pois
são os primeiros pais e fundadores do povo da Bíblia.
A Bíblia nesse tempo:
1 - As histórias dos patriarcas são transmitidas e mantidas pela tradição oral.
2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: Gn 12 a 50 e 1Cr 1 e 2.
5 - O POVO MUDA PARA O EGITO:
Numa época em que Jacó era o patriarca, há muita fome em Canaã. Muita gente foge da fome se mudando
para o EGITO, onde a terra é mais fértil. Entre esses migrantes estão Jacó e sua família. Algum tempo depois
(Jacó fazia muito tempo que havia morrido), os Faraós (reis) começam a escravizar muitos outros povos que
haviam ido morar no Egito, e entre eles, os Hebreus. O povo de Deus ficou no Egito de 1750 a.C. a 1290 a.C..
6 - ÊXODO E VOLTA À TERRA DE CANAÃ:
Surge no meio do povo um líder que, em nome do Deus dos judeus, chefia um movimento de libertação do
seu povo. Com a ajuda de Deus, faz o povo fugir da opressão dos faraós do Egito. Este líder é Moisés. Depois da
famosa travessia do mar vermelho, o povo caminha pelo deserto de volta a Canaã. É o êxodo (= saída), que
acontece entre os anos de 1290 a.C. a 1225 a.C.. Durante essa caminhada Moisés recebe de Deus os 10
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mandamentos que são guardados dentro de uma arca, a Arca da Aliança. Essa caminhada no deserto dura 40
anos (Ex 13:7; Ex 40:1-38). Moisés morre antes do povo entrar na terra de Canaã (Dt 34:5-8). Em seu lugar fica
Josué. Josué ajuda o povo a se estabelecer em Canaã (esta história está contada nos livros de Josué e Juízes).
A Bíblia nesse tempo:
1 - Pouca coisa nesta época foi escrita.
2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: Ex 1 a 18; Nm 9-14; Nm 20-25.
3 - Salmo que nasceu nesse tempo e era transmitido pela tradição oral: Sl 104.
7 – OS JUÍZES:
Depois de Josué, entre os anos 1030 a.C. a 1000 a.C., quando o povo hebreu já está assentado na terra, é
liderado por outros chefes. Esses chefes são chamados de juízes. As 12 tribo de Israel havia se organizado numa
confederação, onde cada uma das tribos era um grupo autônomo, com liderança própria, e por isso, as decisões que
tinham a ver com todo o povo (com todas as tribos) eram tomadas numa espécie de assembléia das lideranças das
tribos. Essas assembléias, bem como a confederação das tribos, eram coordenadas pelos juízes.
Entre os juízes temos Otoniel, Eúde, Sangar, Sansão, Gideão, Abimeleque, Jefté e Débora, isso mesmo,
uma mulher! O último dos juízes é Samuel. Depois dos juizes, no tempo da monarquia, entre os anos 1000 a.C. e
586 a.C., aparecem os reis...
A Bíblia nesse tempo:
1 - Os textos bíblicos escritos nesta época são: Cântico de Débora (Jz 5), Mandamentos (Ex 20:1-21),
Código da Aliança (Ex 20:22 a 23:9).
2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: Js 1 a 12; Js 23 e 24; Dt 31 a 34; Ex 19 a 24;
Ex 32 a 34; Nm 31 a 36; Js 13 a 19; Jz 1-18.
3 - Salmos que nasceram nesse tempo e era transmitido pela tradição oral: Sl 19:2-7; Sl 29; Sl 68; Sl 82; Sl
136.
8 - OS PRIMEIROS REIS DE ISRAEL: A MONARQUIA UNIDA
Para ser mais forte contra os ataques dos seus inimigos, o povo de Israel deseja um rei (1Sm 8:1-22). A
maioria dos povos em sua volta tinha um Rei. O rei substituiria as lideranças das tribos, ou seja, seria o chefe de
todas as 12 tribos. Não seria mais necessário a confederação das 12 tribos e suas assembléias para tomar
decisões. O rei teria toda a autoridade.
O primeiro rei de Israel é Saul (1Sm 10:1-8). O segundo rei é Davi (2Sm 2:1-7). Davi é considerado o rei
mais importante que o povo de Israel teve em toda a sua história. Davi une o povo, vence todos os povos vizinhos
e aumenta seu reino. E elege Jerusalém como capital do Reino. Jerusalém é a antiga Jebus, cidade pré-histórica
fortificada dominada pelos jebuseus, mesmo depois da ocupação de Canaaã pelas 12 tribos. E antes de ser
Jebus, entre muitos outros nomes, era Salém, do reino de Melquisedeque (Gn 14:18; Sl 76:2).
O terceiro rei de Israel é Salomão (1Rs 2:12). É durante o reinado de Salomão (+ 940 a.C) que o templo de
Jerusalém é construído e que muitos textos da Bíblia são escritos (Salomão cria a profissão dos escribas). Antes, as
histórias do povo de Deus eram, em geral, transmitidas oralmente, de boca em boca, de pai para filho, geração após
geração.
Aproximadamente em 931 a.C., conforme descreve 1Rs 12:1-20, o Reino é dividido em dois: ISRAEL, formado
por 10 tribos, cujo rei é Jeroboão, e JUDÁ, formado por duas tribos e governado por Roboão, filho e herdeiro de
Salomão.
A Bíblia nesse tempo:
1 - Os textos bíblicos escritos nesta época são: Textos da fonte J do Pentateuco; História da Sucessão de
Davi (2Sm 9 a 20; 1Rs 1 e 2), a maior parte dos provérbios atribuídos a Salomão; Sl 2; Sl 15; Sl 24; Sl 51 ao Sl
110; Sl 121 ao Sl 134.
2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: Jz 19 a 21; 1Sm; 2Sm; 1Rs 1-11; 1Cr 11 a 21;
2Cr 1 a 9.
3 - Salmos que nasceram nesse tempo e era transmitido pela tradição oral: Sl 19:2-7;
9 - OS PROFETAS:
Os profetas surgem com a monarquia e desaparecem com ela, apesar de os juízes Débora (Jz 4 a 5) e
Samuel (1Sm 3:20; 1Sm 9:9) terem sido também considerados profetas. A Bíblia fala de profetas que não
escreveram livros: Gad (1Sm 22:5), Natã (2Sm 24:11), Aías (1Rs 11:29), Micaías (1Rs 228-28) e Elias. Os mais
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famosos foram os que deixaram livros na Bíblia, a saber: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós,
Obadias, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Jonas, Ageu, Zacarias e Malaquias.
A tarefa dos profetas era lembrar o povo e sua liderança da Aliança de Deus com Abraão, confirmada a
Moisés por ocasião da revelação dos 10 mandamentos e demais ordenanças ao povo de Deus, perfeitamente
identificada na experiência do Êxodo. Os profetas levantados por Deus geralmente eram um grande problema
para os reis e governantes cujos intuitos geralmente não eram servir a Deus e a comunidade, mas se servir
(explorar) de Deus e de seu povo. Assim, os profetas eram perseguidos e mortos (Mt 5:12; Mt 23:31; At 7:52). Eles
não se confundem com os falsos profetas, profissionais contratados pelo rei para “profetizar” não a vontade de
Deus, mas o que o rei-patrão mandava (Jr 14:14; Jr 23:25-28; Mt 7:15)
10 - DIVISÃO DO REINO – A MONARQUIA ROMPIDA:
Sobretudo depois da morte do rei Salomão as 10 tribos do Norte reclamam muito dos pesados impostos que
eram cobrados para manter o luxo do Reino (1Rs 12:1-15). Aproximadamente no ano de 922 a.C. o Reino acaba
dividido em dois (1Rs 12:16-20): A) O Reino do Norte, que não quer aceitar Roboão (filho de Salomão) como rei, fica
com o nome de ISRAEL. A cidade de Samaria é eleita sua capital. Anos mais tarde esse reino será exterminado da
face da terra. B) O Reino do Sul, composto pelas tribos de Judá e Benjamim, se mantêm fiel a Roboão, e continua
com Jerusalém como sua capital fica com o nome de JUDÁ.
11 - DOMINAÇÕES E EXÍLIO:
a – A QUEDA DE ISRAEL, CUJA CAPITAL ERA SAMARIA
Com o enfraquecimento da unidade nacional (por causa da divisão do reino) e com a infidelidade ao
Senhor, os reinos de Judá e Israel não sobreviveram por muito tempo. Além de serem reinos pequenos
localizados numa estreita faixa de terra no chamado Crescente Fértil, extremamente cobiçada, geograficamente
ficavam numa "encruzilhada" das grandes rotas comerciais que uniam o Egito à Mesopotâmia, e a Arábia com a
Ásia Menor. Ou seja, os Reinos de Israel e Judá ficavam entre os grandes impérios daquele tempo que viviam em
guerra. E “na briga do mar com o rochedo quem apanhava eram os mariscos”: Judá e Israel!. Todas as vezes que
os impérios guerreavam Judá e Israel apanhavam de um lado e de outro. Os grandes impérios daquele tempo não
deixam o povo da Bíblia (Judá e Israel) em paz.
Em 722 a.C., a Assíria invade, toma posse e aniquila Israel, o reino de Israel (2Rs 17:3-6; 2Rs 17:24).
Samaria deixa de ser apenas o nome da cidade e passa nessa época a definir todas as terras do antigo Israel,
agora transformado numa província da Assíria.
A Bíblia nesse tempo:
A “BÍBLIA” NO REINO DO NORTE
1 - Os textos bíblicos escritos nesta época são: Textos da fonte E do Pentateuco; Amós; Oséias, Sl 58
2 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: 1 Rs 12 a 22; 2Rs 1 a 15; 1Rs 17.
NESSE MESMO TEMPO, A “BÍBLIA” NO REINO DO SUL
3 - Os textos bíblicos escritos nesta época são: 1Is (Is 1 a 12 e 28 a 39), Mq; Sl 64.
4 - Textos bíblicos escritos posteriormente sobre esta época: 1 Rs 12 e 15; 2Rs 11 a 16; 2Cr 10-28, Is 1:12; Is 28 a
39.
b – A QUEDA DE JUDÁ, CUJA CAPITAL ERA JERUSALÉM
Quase 150 anos depois (aproximadamente em 597 a.C.), o Império da Babilônia do povo caldeu),
governado por Nabucodonosor, conquista o Reino de Judá e sua capital Jerusalém, dominado-os política e
militarmente (2Rs 23:28-30; 2Cr 36:17-20). Leva cativos par a Babilônia o rei e a família real, os nobres, os
guerreiros e os artesãos (2Rs 24:14s). Em 588 a.C. o Reino de Judá se rebela e em 587 a.C. Jerusalém e seu
templo são destruídos, e praticamente toda a população de Jerusalém (2Rs 25:8-12), exceto os mais pobres,
foram deportados para diversas cidades e aldeias babilônicas, como por exemplo, Tel-Abibe (Ez 3:15), as TelMelá, Tel-Harsa, Querube, Adã, Imer (Ed 2:59), onde permaneceu aproximadamente durante 50 anos (586 - 538
a.C.).
É o tempo, por exemplo, de Daniel, das histórias do livro de Lamentações de Jeremias; tempo de EXÍLIO. É
nesta época de dominação que surge a esperança de um MESSIAS (ungido de Deus), um novo Davi, rei
guerreiro valente, que salvará seu povo.
Os textos mais recentes do Antigo Testamento foram escritos nessa época. Como por exemplo, Esdras e
Neemias, e outros ainda, como Gn 1, um belo hino de afirmação de fé no Deus criador de todas as coisas, inclusive
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do sol (considerado um deus poderoso pelos babilônicos) e do homem. Gn 1 é uma afirmação de fé, uma resistência
à adoração do sol e do próprio rei Nabucodonosor que se auto-intitulava deus. Nesse hino é muito interessante
observar que Deus cria a luz antes de criar o sol e que o sol é criado no 4º dia (na cultura oriental o nº 4 é um
número sem importância). “Os deuses de vocês são criaturas do nosso Deus Javé!”, afirma este 1º capítulo de
Gênesis, animando nos tempos do Exílio a fé em Deus e na resistência em não curvar-se diante da estátua de ouro
e dos demais deuses da Babilônia (Dn 3).
A Bíblia nesse tempo:
Obs: Com a destruição do Reino de Norte desde 722 a.C., todos os textos bíblicos escritos nesta época
nascem no Reino do Sul (Judá).
1 - Os textos bíblicos escritos de 722 a.C. até 586 a.C. são:
a) de 722 a.C. até 640 a.C.: Sofonias, Pv 10 a 22; Pv 25 a 29; Sl 46; Sl 48;
b) de 640 a.C. até 609 a.C: Dt 5 a 26; Dt 28; Sl 31; Sl 80; Sl 81;
c) de 609 a.C. até 586 a.C: Na; Hc; primeiros escritos do livro de Jr.
2 - Os textos bíblicos escritos posteriormente sobre essa época de 722 a.C. até 586 a.C. são:
a) de 722 a.C. até 640 a.C.: 2 Rs 18 a 21; 2Cr 29 a 33;
b) de 640 a.C. até 609 a.C: 2Rs 22 e 23; 2Cr 34 e 35;
c) de 609 a.C. até 586 a.C: 2Rs 24 e 25; 2Cr 36; Jr 1-45.
3 - Os textos bíblicos escritos durante os anos de exílio na Babilônia (de 586 a.C. até 538 a.C). são:
a) Entre os que permaneceram em Israel: Fonte D do Pentateuco; Lm, Obadias; conclusão dos livros de Js,
Jz, 1Sm, 2Sm, Jr;
b) Entre os que foram levados para o exílio na Babilônia: Fonte P (Sacerdotal) do Pentateuco (inclusive Gn
1); Lv 8 a 10; Lv 17 a 26; Ez; 2Is (Is 40 a 45); Sl 42 e 43; Sl 69 e 70; Sl 137.
4 - Textos que foram escritos posteriormente sobre o período:
a) falando sobre os que permaneceram em Israel: Sl 79; Sl 89; Sl 39 a 52; e conclusão dos livros de
Lamentações e Obadias.
b) Falando dos que foram levados para o exílio na Babilônia: 2Rs 24; Ez 1-24; Ez 33-39.
12 - A VIDA DO POVO DE DEUS APÓS O CATIVEIRO:
Mas a Babilônia no ano de 539 a.C., por sua vez, é vencida pela Pérsia, comandada pelo rei Ciro. A Pérsia,
com uma política de dominação diferente dos babilônicos, deixa o povo judeu (ainda cativo!) voltar para sua terra
(2Cr 36:37; Ed 1 a 2) e reconstruir o Templo (Ed 3 a 6) e o muro de Jerusalém, trabalho feito sob direção de
Sebazar (um príncipe de Israel nomeado governador da Judéia pelos persas, Ed 1:8; Ag 1:1), de Zorobabel (outro
judeu nomeado governador da Judéia pelos persas, Ag 2:2-3, Ed 3:10 a 4:2), do sacerdote Esdras e Neemias.
Esdras faz uma reforma religiosa (Ed 7 a 10) construindo o judaísmo sobre 3 pilares: templo, raça e lei. Esdras
também é quem escreve a versão final do Pentateuco (a que temos hoje em nossas Bíblias). Esdras e Neemias
são os últimos escritos incluídos na coleção (lista, cânon) do Antigo Testamento.
Depois deles, vieram os livros chamados de deutoro-canônicos ou apócrifos (escritos na língua grega e
adotados pelos judeus de Alexandria, no Egito, mas rejeitados pelos judeus de Judá), que são os 7 livros
presentes na versão da Bíblia utilizada pelos cristãos católicos e rejeitados na versão da Bíblia utilizada pelos
protestantes e evangélicos. Depois dos escritos de Esdras e Neemias vieram então, ao menos na Bíblia dos
Protestantes, os 37 livros do Novo Testamento. Sobre os livros deutero-canônicos, o Reformador Martinho Lutero
os considerava úteis para a edificação, mas não podiam ter o mesmo valor espiritual e canônico que os demais
livros do Antigo Testamento.
Ciro concedeu aos judeus a permissão de regressarem para a Judéia, agora uma província dominada pela
Pérsia, que foi confirmada pelo rei Dario. O rei Xerxes aparece no livro de Ester como Assuero. Artaxerxes I (465-425)
indicou Neemias como governador de Judá (Ne 5:14) e foi provavelmente Artaxerxes II (404-359) quem autorizou a
Missão de Esdras a Jerusalém.
Durante muitos e muitos anos (desde a conquista e destruição do reino do Norte pela Assíria, em 722 a.C.), o
povo israelita foi forçado a conviver e estimulado a se misturar com outros povos pagãos trazidos de várias partes do
Império assírio para Samaria (a antiga capital de Israel). Dessa mistura surgem os samaritanos, a quem o povo do
Reino do Sul (ao voltar do exílio babilônico) não reconhece mais como judeus, ou seja, da mesma raça e com a mesma
fé. Por isso a antiga "inimizade" nos tempos de Jesus entre os judeus e samaritanos. É certo, que contribuiu para essa
"inimizade" a mágoa antiga: foram os judeus do Norte que dividiram o povo de Deus no tempo de Roboão e Jeroboão,
enfraquecendo o reino. Isso era difícil de "engolir".
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Depois da dominação persa, o Império Macedônio (grego) de Alexandre, o Grande, domina boa parte do
mundo, inclusive a palestina, impondo sobre os povos conquistados a cultura helênica e a língua grega. Alexandre
construiu a cidade de Alexandria, no Egito, cuja preciosa biblioteca sobreviveu durante mil anos e acabou se
tornando o maior centro de conhecimento do mundo. Com a morte de Alexandre em 323 a.C. o Império
Macedônio é dividido em 4 partes entre seus principais generais: a) Seleucos I fundou a dinastia Selêucida na
região da Síria; b) Ptolomeu I fundou a dinastia Ptolomaica no Egito e na Palestina; c) Lisimacos se apoderou da
região da Trácia, e d) Felipe III apoderou-se da Macedônia e Grécia.
No ano 200 a dinastia dos Selêucidas (Síria) toma a Palestina dos Ptolomeus (Egito). Diferentemente de
Ciro, Dario e Alexandre, os Selêucidas não respeitam o culto, o templo e os costumes do povo judeu. O rei
Antioco IV Epifanes, por exemplo, obriga os judeus a comer carne de porco e profana o templo de Jerusalém em
168 a.C, provocando uma rebelião do povo judeu, liderada por Judas Macabeu e sua família. Contando o tempo
de Alexandre, os ptolomeus e os selêucidas, a dominação grega acontece dos anos 331 a.C. a 165 a.C.. Em 165
a.C., os Macabeus (grupo israelita religioso) se revoltam e se libertam da Grécia. Não foi nada fácil, mas Israel
experimenta aproximadamente 100 anos de liberdade e soberania nacional. Mas em 63 o general romano
Pompeu, que acabara de derrotar a Síria, domina toda a Palestina e anexa Judá à então província romana da
Síria. Quando Jesus nasce, Israel (e quase todo mundo conhecido de então) está dominada política e militarmente
pelo maior de todos os impérios, o Império Romano.
Israel só voltou a ser nação livre depois da 2ª guerra mundial, em 1947 d.C.
Os livros redigidos até antes de Jesus são os livros da Antiga Aliança, conhecidos como o ANTIGO
TESTAMENTO. Jesus estabelece uma nova aliança entre Deus e a comunidade humana. O Novo Testamento
trata dessa Nova Aliança.
A Bíblia nesse tempo:
1: Os textos bíblicos escritos:
a) durante o retorno do exílio (entre os anos de 538 a.C. até 445 a.C. são: Lv 1 a 7; Lv 11 a 16; Ag; 1ª
parte de Zc (Zc 1 a 8); 3Is (Is 55 a 66); Jl; Sl 4; Sl 10; Sl 22; Sl 23; Sl 50; Sl 77; Sl 78; Sl 83; Sl 105 a 107; Sl 126.
b) Durante a reorganização do povo e da vida na Judéia (terra dos judeus) entre os anos de 445 a.C. até
333 a.C. são: Rt, Jn, Jó, Pv 1 a 9, Ct, redação que uniu as fontes J,E,D e P (redação final do Pentateuco); Sl
19:8ss; Sl 85; Sl 96 a 98; Sl 113; Sl 116; Sl 118; Sal 119;
c) Entre os anos de 333 a.C. até 63 a.C. são: 2ª parte de Zc (Zc 9 a 14); Ml; conclusão do livro de 1 e 2 Cr;
Ne; Ed, Et; Sl 73; Dn; Sl 139; Sl 44; Sl 74; Sl 86; Sl 91; Sl 1; Sl 150.
13 - A SITUAÇÃO POLÍTICA NA PALESTINA NO TEMPO DE JESUS
No ano 747 da fundação de Roma, quando Jesus nasceu em Belém, César Otaviano Augusto era o
imperador romano. Naquele mesmo ano, a Palestina era governada por Herodes, o Grande, que obtivera do
senado romano o título de Rei dos Judeus. Ele era idumeu (ou edomita), supostamente descendente de Esaú, o
irmão de Jacó, que casou-se com mulheres cananitas e era chamado de Edon (vermelho). Na época dos
Macabeus, o sacerdote João Hircano que governou Judá de 135 e 104 a.C, conquistou a Iduméia e obrigou os
idumeus a se converterem à religião judaica. Herodes, o Grande, portanto, era um idumeu supostamente seguidor
da fé judaica.
Herodes era um homem cruel e ambicioso, que soube cativar a confiança dos imperadores romanos e o
respeito dos judeus. Foi ele quem mandou restaurar e ampliar o Templo de Jerusalém; foi ele também que
ordenou a matança das crianças com menos de dois anos de idade esperando, assim, eliminar o menino Jesus.
Com a morte de Herodes o Grande, ocorrida no ano 750 de Roma, quando Jesus tinha aproximadamente
três anos, o reino foi dividido entre os seus três filhos:
A Judéia, a Samaria e a Iduméia couberam a Herodes Arquelau que, por sua excessiva crueldade, logo foi
denunciado ao imperador Augusto e foi deposto por este, sendo exilado na Gália (ano 759 de Roma). Seus
territórios passaram a ser governados diretamente por procuradores romanos. O quinto procurador foi Pôncio
Pilatos, que exerceu o cargo por cerca de dez anos (de 26 a 36 d.C.); foi ele que condenou Jesus à morte.
A Galiléia e a Peréia couberam ao segundo filho de Herodes o Grande, Herodes Antipas. Foi ele que
mandou prender e decapitar João Batista; também foi diante dele que Jesus compareceu durante sua Paixão.
As regiões situadas ao norte do lago de Genesaré (Ituréia, Traconítides, etc...) couberam ao terceiro filho
de Herodes o Grande, chamado Filipe. Este soube administrá-las com sabedoria e somente o evangelho de São
Lucas o menciona.
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Em 767, quando Jesus contava aproximadamente 20 anos, morria Otaviano, sucedendo-o no poder, como
Imperador, Tibério César. Foi durante seu governo, que se estendeu até 789, que Jesus exerceu seu ministério e
foi condenado à morte por Pôncio Pilatos.
13 - JESUS CRISTO:
No meio de um tempo de grande agitação e de grandes esperanças políticas e religiosas, nasce JESUS.
Jesus começa o seu ministério aos 30 anos de idade anunciando as Boas Novas do amor de Deus, especialmente
para os pequenos, os pobres, os pecadores. Não é reconhecido como o Messias (ou Ungido, ou Cristo, ou
Enviado) profetizado pelo Velho Testamento pela liderança do povo judeu, particularmente com os fariseus e com
os saduceus. Essa liderança esperava um Messias Rei-Guerreiro-Profeta poderoso que, como o velho rei Davi,
viesse para liderar um povo para libertá-lo da dominação do Império Romano. Jesus não só se diz o Messias (em
grego, Cristo), mas também o Filho de Deus. Entra em grande choque com os líderes do seu Povo e termina
morrendo assassinado numa cruz.
Depois do sofrimento e do escândalo de sua morte violenta, seus seguidores O vêem ressuscitado e
proclamam: "O SENHOR ESTÁ VIVO!". Fortificados pelo poder do Espírito Santo, vão anunciar esta Boa Nova a
todos os povos. Assim surge a Igreja que se espalha rapidamente no mundo daquele tempo.
Logo se sente a necessidade de anotar o conteúdo das palavras de Jesus, da pregação dos apóstolos e da
reflexão dos discípulos(as) de Jesus. Nós encontramos o que a chamada Igreja Primitiva (daquele tempo) achou
importante nos livros do NOVO TESTAMENTO.
14 - NOSSA META: ESTUDAR A VIDA E OS ENSINOS DE JESUS
Os livros redigidos até antes de Jesus são os livros da Antiga Aliança, conhecidos como o ANTIGO
TESTAMENTO. Jesus estabelece uma nova aliança entre Deus e a comunidade humana. O Novo Testamento
trata dessa Nova Aliança. É o que começaremos a estudar no próximo domingo, quando começamos a estudar a
vida e o ensino de Jesus nas Sagradas Escrituras!
15 – QUESTÕES:
a) Alguns dizem que a Bíblia relata a história da infidelidade do ser humano e da fidelidade de Deus, da
contradição humana e a misericórdia de Deus e do desejo de salvação divino diante da tendência humana para a
perdição, a desintegração e a violência humanas. Podemos ver isso nessa longa história do povo de Deus?
b) Conseguimos ver a mão de Deus agindo na história humana desde Adão até Jesus, como que havendo
uma história da salvação?
c) Podemos ver também hoje em dia a mão de Deus e a salvação de Deus no meio de nossa história
humana? Vamos dar alguns exemplos?
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Lição nº 2
Para o dia 10 de janeiro de 2010
A PALESTINA NO TEMPO DE JESUS
OBJETIVO – Conhecer o contexto histórico e social do mundo em que Jesus encarnou-se, viveu, morreu e
ressuscitou.
1 - INTRODUÇÃO:
É difícil tirar todo proveito da leitura dos Evangelhos, se não conhecermos alguma coisa da terra, ambiente
e mecanismo da sociedade em que Jesus viveu, há dois mil anos. Isso porque a encarnação do Filho de Deus
aconteceu em tempo e lugar determinados, dentro de circunstâncias precisas e bem concretas. Assim conhecer o
contexto em que Jesus viveu não é apenas questão de cultura, mas também, e principalmente, dado necessário
para se conhecer e avaliar com mais objetividade o que significou a vida, palavra e ação de Jesus. Só assim
poderemos perceber melhor o que sua vida, palavra e ação podem significar hoje, no contexto em que vivemos.
2 - A TERRA DE JESUS
Jesus viveu na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil Km2, com 240 Km de comprimento e
máximo de 85 Km de largura. Corresponderia aproximadamente à área do Estado de Sergipe. Do lado oeste,
temos o mar Mediterrâneo. A leste o rio Jordão.
A cidade de Jerusalém conta com 50 mil habitantes, e está situada no extremo de um planalto, a 760m acima no nível
do mar Mediterrâneo e 1.145m acima do nível do mar Morto. Por ocasião das grandes festas, chega a receber 180 mil
peregrinos.
3 - A SOCIEDADE DO TEMPO DE JESUS
Toda sociedade humana é formada por pessoas e grupos de
pessoas unidas entre si por uma rede complexa de relações
econômicas, políticas e ideológicas. Para situarmos a pessoa e a
ação de Jesus é necessário examinar os modos de relação que
existiam na sociedade daquele tempo.
3.1- Economia
As atividades que formavam a economia no tempo de
Jesus são duas: a agricultura e a pecuária (junto com a pesca)
de um lado, e o artesanato de outro.
A agricultura é desenvolvida principalmente na Galiléia.
Cultivam-se trigo, cevada, legumes, hortaliças, frutas (figo, uva) e
oliveiras. Das árvores de Jericó, na Judéia, extrai-se bálsamo para
perfumes. A pecuária efetua-se principalmente na Judéia: criação
de camelos, vacas, ovelhas e cabras. A pesca é intensa no Mar
Mediterrâneo, no lago de Genesaré e no rio Jordão.
A maior parte das pessoas que trabalham na agricultura é
formada por pequenos proprietários. Ao lado desses, existem os
grandes proprietários (anciãos) que geralmente vivem na cidade,
deixando a direção de suas propriedades a cargo de
administrador, e empregando a força de trabalho de diaristas e
escravos. Muitas vezes, sucede que os pequenos proprietários em
apuros financeiros tomam dinheiro emprestado dos grandes, e
vêem seus bens hipotecados. Isso favorece cada vez mais o
acúmulo de terras nas mãos de algumas famílias ricas. Por fim, existem os camponeses sem propriedades, que
arrendam terras e trabalham como meeiros ( "trabalham à meia", onde tudo que colhem é dividido ao meio com o
dono da terra).
O artesanato desenvolve-se nas aldeias e nas cidades, principalmente em Jerusalém. Os ramos principais
dessa atividade são cerâmica (vasilhames e artigos de luxo), trabalho em couro (sapatos, peles curtidas), trabalho
em madeira (carpintaria), fiação e tecelagem, aproveitando a lã de carneiros, abundantes na Judéia. O artesanato
de luxo se concentra em Jerusalém, e serve para ser vendido como lembrança aos peregrinos.
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Esse trabalho é feito por autônomos, estruturado em torno de produção familiar, em que o ofício passa de
pai para filho. Há também pequenas fábricas artesanais, que reúnem número significativo de operários. Junto com
os trabalhadores do campo, esses artesãos formam a mais importante classe trabalhadora da Palestina.
Além desses artesãos, há também padeiros, barbeiros, açougueiros, carregadores de água e escravos que
trabalham tanto em atividades produtivas como em outros ofícios.
A circulação de toda mercadoria produzida, tanto na agricultura como no artesanato, forma outra grande
atividade econômica: o comércio. Este se desenvolve mais nas cidades e está na mão dos grandes proprietários
de terras. Nos povoados o comércio é reduzido e o sistema é mais de troca de mercadorias.
Toda a atividade comercial é controlada por um sistema de impostos. Essa política fiscal faz com que tanto
o Estado judaico como o Estado romano se tornem monopolizadores da circulação de mercadorias, o que
proporciona vultosas arrecadações. Esses impostos são cobrados pelos publicanos (cobradores de impostos). Há
também taxas para se transportar mercadorias de uma cidade para outra e de um país para outro. Esses impostos
e taxas se tornaram insuportáveis no tempo de Jesus.
Por essa visão geral da economia da Palestina já podemos perceber: Jesus é artesão (carpinteiro), vários
discípulos são pescadores e um deles é cobrador de impostos.
O aparelho de Estado em Jerusalém exerce forte controle sobre a economia de todo o país. Além de pólo
de atração do capital nacional, o Estado é o maior empregador (restauração do Templo, construção de palácios,
monumentos, aquedutos, muralhas, etc...). Nisso tudo, o Templo de Israel tem papel central, A SABER:
a) Coleta de impostos, através da qual boa parte da produção do país vai para as mãos do Estado;
b) Comércio: para atender à necessidade dos peregrinos e, principalmente, para manter o sistema de
sacrifícios e ofertas do próprio Templo.
c) O Tesouro do Templo, administrado pelos sacerdotes, é o tesouro do Estado.
Além de toda essa centralização econômica, o Templo emprega mão-de-obra qualificada, principalmente artesãos.
Assim, o Templo se torna o grande centro de exploração e dominação do povo. Mas a exploração e dominação não se
restringem à economia interna, pois a Palestina é colônia do império romano. Este também cobra uma série de
impostos: o tributo (imposto pessoal e sobre as terras), uma contribuição anual para o sustento dos soldados
romanos que ocupavam a Palestina, e um imposto sobre a venda de todos os produtos.
3.2 - Política:
O poder efetivo sobre a Palestina está nas mãos dos romanos. Mas, em geral, estes respeitam a autonomia
interna de suas colônias. A Judéia e a Samaria são dirigidas por um procurador romano, mas o sumo sacerdote
tem poder de gerir as questões internas, através da lei judaica. Este porém é nomeado e destituído pelo
procurador romano.
O centro do poder político interno da Judéia e Samaria é a cidade de Jerusalém, particularmente o Templo.
Com efeito, é do Templo que o sumo sacerdote governa, assessorado por um Sinédrio de 71 membros, composto
de sacerdotes, anciãos e escribas ou doutores da Lei. O Sinédrio é o Tribunal Supremo (criminal, político e
religioso) de Israel e sua influência se estende sobre todos os judeus, mesmo os que vivem fora da Palestina.
Nas cidades também existe pequeno aparato político (conselhos locais), dominado sempre pelos grandes
proprietários de terras e, também, mais tarde, pelos escribas ou Doutores da Lei. Da mesma forma, nos povoados
encontramos um conselho de anciãos, que se reúne tanto para decidir sobre questões comunitárias, como para
casos de litígio ou transgressão da Lei, funcionando como Tribunal. Além disso, no campo, as relações de
autoridade permanente são as relações familiares.
4 - GRUPOS POLÍTICO-RELIGIOSOS:
Na sociedade do tempo de Jesus podemos distinguir vários grupos, que se diferenciam no modo de se
relacionar com a política, economia e religião, e que têm grande importância no quadro social da época.
4.1 - Saduceus:
O grupo dos Saduceus é formado pelos grandes proprietários de terras (anciãos) e pelos membros da elite
sacerdotal. Têm o poder na mão, e controlam a administração da justiça no Tribunal Supremo (Sinédrio). Embora
não se relacionem diretamente com o povo, são intransigentes em relação a ele, e vivem preocupados com a
ordem pública. São os principais acusadores de Jesus e responsáveis pela sua morte.
Os Saduceus são os maiores colaborares do império romano, e tendem para uma política de conciliação, com
medo de perder seus cargos e privilégios. No que se refere à religião, são conservadores: aceitam apenas a lei escrita e
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rejeitam as novas concepções defendidas pelos doutores da Lei e fariseus (crença nos anjos, demônios, messianismo,
ressurreição).
4.2 - Doutores da Lei (ou escribas):
O grupo dos doutores da Lei, vai adquirir cada vez maior prestígio na sociedade do tempo de Jesus. Seu
poder reside no saber. Com efeito, são os intérpretes avalizados e reconhecidos das Escrituras, e daí serem
especialistas em direito, administração e educação. A influência deles é exercida principalmente em três lugares:
Sinédrio, sinagoga e escola. No Sinédrio, eles se apresentam como juristas para aplicar a Lei em assuntos
governamentais e em questões judiciárias. Na sinagoga eles são os grandes intérpretes das Escrituras, criando
através da leitura, explicação e aplicação da Lei para os novos tempos. Abrem escolas e fazem novos discípulos.
Embora não pertençam economicamente à classe mais abastada, os doutores da Lei gozam de uma posição
estratégica sem igual. Monopolizando a interpretação das Escrituras, tornam-se guias espirituais do povo,
determinando até mesmo as regras que dirigem o culto. Sua grande autoridade repousa sobre uma questão
esotérica: não ensinam tudo o que sabem, e escondem ao máximo a maneira como chegam a determinadas
conclusões.
4.3 - Fariseus:
Fariseu quer dizer separado. Inicialmente aliados à elite sacerdotal e aos grandes proprietários de terras, os
fariseus deles se afastam para dirigir o povo, embora mantenham distância do povo mais simples (que não conhece e
nem tem condições de praticar a Lei). São nacionalistas e hostis ao império romano, mas sua resistência é do tipo
passivo. O grupo dos fariseus é formado por leigos provindos de todas as camadas da sociedade, principalmente
artesãos e pequenos comerciantes. A maioria do clero (sacerdotes) pobre, que se opõe à elite sacerdotal, também
começa a pertencer a esse grupo.
No terreno religioso, os fariseus se caracterizam pelo rigoroso cumprimento da Lei em todos os campos e
situações da vida diária. São conservadores zelosos e também criadores de novas tradições, através da
interpretação da Lei para o momento histórico em que vivem. A maior expressão do farisaísmo é a criação da
sinagoga, opondo-se ao Templo, dominado pelos saduceus. Desse modo a sinagoga, com a leitura, interpretação
dos textos bíblicos e oração, torna-se expressão religiosa oposta ao sistema de cultos e de sacrifícios do Templo.
Os fariseus acreditam na predestinação, na ressurreição da pessoa humana para uma vida eterna com
Deus e no messianismo de que Deus levantaria alguém da descendência (raiz) do grande Rei Davi para redimir a
Israel, ou seja, para libertar Israel do jugo e domínio romano. Esperam um Messias ( = enviado, ungido) políticoespiritual, cuja função será precipitar o fim dos tempos e a libertação política, econômica e religiosa de Israel. E,
para aos fariseus, a estrita observância da Lei, a oração e o jejum provocarão a vinda do Messias. Os fariseus e
os doutores da Lei simpatizam entre si, a ponto de muitos doutores da Lei serem também fariseus.
4.4 - Zelotes, Zelotas ou Sicários:
Os Zelotas se constituíram a partir dos fariseus. Provêm especialmente da classe dos pequenos
camponeses e das camadas mais pobres da sociedade, massacrados por um sistema fiscal com muitos impostos.
São muito religiosos e nacionalistas. Desejam expulsar os dominadores pagãos ( romanos), e também são
contrários ao governo de Herodes na Galiléia. Quem restaurar um Estado teocrático onde o Deus Javé é o único
rei e soberano, representado por um descendente de Davi. Esperavam que o Messias fosse alguém da
descendência de Davi ungido por Deus para governar em Seu nome sobre Israel. Nesse sentido eles são
reformistas, isto é, pretendem restabelecer uma situação passada.
Enquanto os fariseus se mantêm numa atitude de resistência passiva, os zelotas partem para uma luta
armada para expulsarem os romanos. Por isso, as autoridades os consideram criminosos e terroristas, e são
perseguidos pelo poder romano. Certamente Barrabás era um zelota. Entre os apóstolos de Jesus, provavelmente
dois eram zelotas: Simão Pedro ( Mc 3:19) e Judas Iscariotes. Simão Pedro parece adotar certos métodos dos
zelotas, por exemplo, quando corta com sua espada a orelha do sumo-sacerdote que estava entre os que prenderam
Jesus no Getsêmani.
4.5 - Herodianos:
Os herodianos são os funcionários da corte de herodes. Embora não formem um grupo social, concretizam a
dependência dos judeus aos romanos. Conservadores por excelência, têm o poder civil da Galiléia nas mãos. Fortes
opositores dos zelotas, vivem preocupados em capturar agitadores políticos na Galiléia. São os responsáveis pela
morte de João Batista.
4.6 - Essênios:
Os essênios se tornaram mais conhecidos a partir da descoberta de documentos em grutas perto do Mar
Morto, em 1947. O grupo é resultado de fusão entre sacerdotes dissidentes do clero de Jerusalém e de leigos
exilados. Na época de Jesus, vivem em comunidades com estilo de vida bastante severo, caracterizado pelo
sacerdócio e hierarquia, legalismo rigoroso, espiritualidade apocalíptica de "fins de tempos" e a pretensão de ser o
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verdadeiro povo de Deus. Em muitos pontos assemelham-se aos fariseus, mas estão em ruptura radical com o
judaísmo oficial. Tendo deixado Jerusalém, dirigem-se para regiões de grutas, para aí viverem ideal "monástico" (
separados da sociedade, como monges num convento). Levam vida em comum, onde os bens são divididos entre
todos, há obrigação de trabalhar com as próprias mãos, o comércio é proibido, assim como o derramamento de
sangue, mesmo em forma de sacrifícios. A organização da comunidade dos essênios lembra muito a das ordens
religiosas católicas: condições severas para admissão, tempo de noviciado ( experiência antes de ser
definitivamente aceito), governo hierárquico, disciplina severa, rituais de purificação, ceias sagradas comunitárias.
Os essênios esperam um Messias chamado Mestre da Justiça, que organizará a guerra santa para
exterminar os ímpios e estabelecer o reino eterno dos justos.
4.7 - Publicanos:
Os publicanos eram coletores de impostos, mal vistos pelo povo, título tradicional de homens, em cada
localidade, empregados do governo romano para cobrarem impostos do povo. Como trabalhavam para os
romanos e muitas vezes faziam cobranças extorsivas, passaram a ter má reputação, sendo geralmente odiados e
considerados traidores. Eram considerados proscritos pela sociedade da época.
Não podiam servir de testemunhas ou juízes, sendo excluídos da sinagoga. Aos olhos da comunidade
judaica, essa desonra estendia-se até suas famílias. (fonte: NVI).
No entanto nas suas atitudes relatadas nas escrituras fica explícita a disposição em arrependerem -se:
alguns iam ao encontro de João Batista se batizavam. Outros procuravam conhecer a Jesus. Neste aspecto um
personagem marcante foi Zaqueu, o chefe dos publicanos, caso descrito em Lucas 19:1 a 9.
4.8 - Samaritanos:
Apesar de não pertencerem ao judaísmo propriamente dito, os samaritanos são um grupo característico
do ambiente palestinense. Por volta do ano de 720 a.C a Assíria invade o Reino do Norte (Israel) e toma posse
daquela Região. Estabelece ali outros povos que ela deportou de muitos outros lugares. Dezenas de anos depois
os judeus do norte e os povos deportados para ali acabam se "misturando" e se tornam o povo de Samaria
(samaritanos). Adotam a religião de Israel e os escritos antigos, escrito até naquele tempo.
Bem mais que os judeus, os samaritanos observam escrupulosamente as prescrições da Lei. Mas, como foi
por volta de 580 a.C que Esdras no exílio (junto com uma boa parte da população do reino do Sul, Judá) na
Babilônia, é quem dá a última redação à Lei que hoje conhecemos como Pentateuco, os samaritanos não
reconheceram esta redação de Esdras e até hoje não a aceitam. Por isso, não aceitam nada do Antigo
Testamento que tenha sido escrito depois da destruição do Reino do Norte. Também não freqüentam o Templo
em Jerusalém.
Para os Samaritanos o único lugar legítimo de culto à Deus é o monte Garizim, que fica perto de Siquém,
em Samaria. Esperam também por um Messias chamado Taeb ( = aquele que volta). Esse messias não é
descendente de Davi, e sim um novo Moisés, que vai revelar a verdade e colocar tudo em ordem no final dos
tempos.
Os samaritanos, desde o tempo de Esdras e Neemias (por ocasião da reconstrução do templo e da muralha
de Jerusalém e do retorno do exílio à Palestina) são considerados como raça impura pelos judeus. Por serem
descendentes de população misturada com estrangeiros.
5 - RELIGIÃO:
A religião dos judeus no tempo de Jesus está centrada em dois pólos fundamentais: o Templo e a sinagoga.
5.1 - O Templo:
O templo é sem dúvida o centro de Israel. É nele que todos os judeus, mesmo os da Dispersão (que fugiram
e vivem fora da Palestina), devem se reunir para prestar culto a Deus. No Templo habita o Deus único, santo,
puro, separado, perfeito. Por natureza, os seres humanos e as coisas são profanos, impuros, banais, imperfeitos.
A única forma de se purificar é aproximar-se de Deus. A pessoa torna-se mais pura quanto estiver mais perto de
Deus; quanto mais distante, mais impuro. Percebe-se, então o poder dos sacerdotes na sociedade judaica: são
eles que estão mais perto de Deus e, consequentemente, cabe a eles a autoridade de decidir sobre o que é puro e
impuro, e também sobre o que deve ser feito para que haja a purificação.
Esta autoridade dos sacerdotes sobre o povo acaba legitimando e reforçando o Templo, que se torna não
só o centro religioso, mas também o centro econômico e político. Lá se compra desde o animal "perfeito" para o
sacrifício até os escravos vendidos em Israel. É por isso que no tempo de Jesus o Templo possui imensas
riquezas (o Tesouro) e toda a cúpula governamental age a partir daí ( o Supremo Tribunal em Israel que é o
Sinédrio).
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Desse modo, a casa de oração e ofertas a Deus se torna um imenso mercado, um imenso banco e lugar de
grande poder político. Em outras palavras, a religião se torna instrumento de exploração e opressão do povo.
5.2 - A Sinagoga:
O Templo é o centro de toda a vida de Israel. É o lugar de culto, e o povo freqüenta principalmente por ocasião das
grandes festas de Israel. Na vida comum, no dia a dia, o centro religioso é constituído pela sinagoga, presente até mesmo
nos menores povoados. Sinagoga é o lugar onde o povo se reúne para oração, para ouvir a Palavra de Deus, e para a
pregação.
Qualquer israelita adulto pode fazer a leitura do texto bíblico na sinagoga, e pode escolher o texto que quiser.
Depois da leitura, também qualquer adulto pode fazer a pregação, explicando o texto e relacionando-o com outros
textos. Em geral exalta-se a Deus e procura -se dar uma formação para a fé do povo, convidando-o a viver segundo a
Lei.
O sacerdote não tem função especial na sinagoga, porque esta não é lugar de culto litúrgico. Embora
qualquer adulto possa presidir a uma reunião, nem todos o fazem, ou por serem analfabetos ou por não se
julgarem preparados para o comentário. As reuniões acabam sendo então sempre animadas pelos doutores da
Lei e fariseus, que cada vez mais propagam sua interpretação da Lei, sua teologia. E, por conseguinte, aumentam
sua influência sobre o povo, adquirindo prestígio cada vez maior.
Em geral, a sinagoga pertence à comunidade local. Nos povoados menores, ela serve como escola para
jovens e crianças. Nos centros maiores, constroem-se salas de aula ao lado da sala de reunião. Em Jerusalém,
algumas sinagogas tinham até hospedaria e instalações sanitárias para acolher aos peregrinos.
6 - JESUS E O SEU TEMPO:
Jesus se fez homem e habitou como ser humano entre nós. Jesus nasceu, viveu e morreu dentro do
contexto histórico do Século I. Quando lemos o texto dos Evangelhos, devemos estar atentos para avaliar
corretamente a sua atividade não só do ponto de vista moral e religioso, mas também dentro do contexto social,
econômico e político do seu tempo. Jesus tinha uma palavra para as pessoas, Jesus tinha uma palavra de vida
para a sociedade e a história de seu tempo. Pois, só assim a palavra e a ação de Jesus adquirirão o relevo
concreto para que nós as entendamos melhor e possamos trazer para nós a mensagem e ministério de Jesus
para o indivíduo e a sociedade de nosso tempo.
Não se trata de reduzir a mensagem de Jesus apenas a um discurso político ou uma crítica à sociedade de
seu tempo. Mas também não podemos cair no oposto e fecharmos nossos olhos para a abrangência da palavra
de Jesus, reduzindo a Sua mensagem somente a nível individual e intimista.
A economia, a política, a cultura, a história do tempo de Jesus era parte da vida da pessoa que vivia naquele
tempo. Eram coisas que, por mais que uma pessoa não aceitasse ou nem mesmo soubesse, interferiam na vida de
cada pessoa, família e comunidade. Hoje também, são coisas que fazem parte de nossa vida. E Jesus tem uma
palavra para nosso tempo e para as coisas e pessoas de nosso tempo. Jesus é soberano não só sobre a vida da
pessoa, mas sobre tudo, inclusive sobre a política, a economia, a religião, etc... É preciso proclamar isso: Jesus é
Senhor!
7 – QUESTÕES:
a) Quando Jesus aceitou deixar a sua glória e poder, encarnar-se em forma de pessoa humana, sendo igual
a nós em tudo, exceto no pecado, mesmo não deixando de ser Deus em momento algum, Ele aceitou ser uma
pessoa histórica, que precisou da barriga de Maria para ser gestado, dos cuidados de Maria para ser criado...
Jesus aceitou a viver como as pessoas daquele tempo, a vestir-se como os homens do seu tempo vestiam, a falar
a língua que seus pais e seu povo falavam.
Resumidamente, como podemos descrever o tempo e o mundo em que Jesus viveu? Como podemos
imaginar a vida familiar e social de Jesus?
b) Embora Jesus fosse um homem marcado e influenciado pelo seu tempo, Jesus também foi um homem
que vivia à frente de seu tempo, Jesus foi um homem maior que o seu tempo. Podemos ver isso nas novidades
dos ensinos e na vida de Jesus?
Por exemplo:
- como Jesus tratava as mulheres e como a cultura e a religião de seu tempo tratavam as mulheres?
- como Jesus tratava as crianças e como a cultura e a religião de seu tempo tratavam as crianças?
d) Fale como as pessoas abaixo eram tratadas naquele tempo e o jeito novo de Jesus as tratar:
- os leprosos, os coxos e os demais doentes;
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- os samaritanos;
- os fariseus;
- os gentios;
c) Além de Jesus, há exemplos de outros cristãos que viveram à frente de seu tempo. Eram pessoas
visionárias. O Apóstolo Paulo num tempo em que as mulheres eram usadas e oprimidas pelos maridos,
ordena aos maridos que amem as mulheres do mesmo jeito como Cristo amou a Igreja. João Wesley, o
fundador do Metodismo, foi uma das primeiras vozes das grandes lideranças religiosas a condenar e a
combater a escravidão, incentivan do as lutas abolicionistas, incentivando a educação popular, a medicina
popular. Hoje em dia nós cristãos somos pessoas também marcadas pelos valores e cultura de nosso
tempo e do lugar onde vivemos. Mas tal como Jesus, somos pessoas que vivem também à frente de
nosso tempo?
Como os cristãos tratam a questão das grandes lutas de nosso tempo, por exemplo, com relação à
preservação do meio-ambiente?
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Lição nº 3
Para o dia 17 de janeiro de 2010
O QUE A GENEALOGIA DE JESUS NOS DIZ
1 - Textos Base: Mt 1:1-16 e Lc 3:23-38
2 - Leituras da semana
segunda-feira:
Mc 1:1-11 – Marcos inicia o evangelho como batismo de Jesus
terça-feira:
Lc 1:26-38 – Predito o nascimento de Jesus
quarta-feira:
Lc 3:15-22 – o testemunho de João Batista sobre Jesus
quinta-feira:
Ed 7:1-5 – A genealogia de Esdras
sexta-feira:
Js 2 – A História de Raabe, uma ex-prostituta que faz parte da genealogia de Jesus
sábado:
Rt 4:1-22 – A História da moabita Rute, que foi bisavó do grande Rei Davi
1 - A FUNÇÃO DAS GENEALOGIAS E A RAZÃO DE UMA GENEALOGIA PARA JESUS
Uma genealogia most ra a série de antepassados de alguém, a sua ascendência familiar. Pela genealogia
supostamente se poderia descobrir as origens familiares e tribais de uma pessoa e defender os direitos a herança.
É como se a genealogia fosse um documento de identidade ou uma “certidão de nascimento”, que além dos
nomes dos pais e avós paternos e maternos, tinha também todos os demais ancestrais, até onde se podia
identificar.
As genealogias eram importantes dentro da cultura judaica, um povo que se organizava em clãs e tribos.
Elas eram um documento escrito que garantiam aos indivíduos os seus direitos pessoais e ou privilégios tribais.
Por exemplo: só quem pertencia à tribo de Levi poderia exercer o ministério de levita.
A importância da genealogia como prova de descendência aparece na exclusão do sacerdócio depois do
exílio na Babilônia daqueles que não podiam provar a sua descendência sacerdotal a partir das genealogias
(Ed2:59-63; Ne 7:61-65). Ou seja, sem comprovação de identidade, sem direitos e privilégios.
As longas genealogias também serviam no tempo de Jesus para atestar a pureza étnica do judeu, o que o
habilitava a ser aceito plenamente ou não pela religião e pelo mundo social judaico daquela época. Ter na
genealogia alguém impuro (estrangeiro, judeu que exercesse alguma profissão considerada impura) era ter uma
grande mácula, uma impureza que tornava aquela pessoa e sua família impura. Fugindo de sua função original, as
genealogias passaram a separar as pessoas por um suposto nível de “pureza racial”.
Mas como nem sempre era possível identificar todos os antepassados, ou os antepassados a partir de um
determinado período mais antigo, não era impossível e incomum estabelecer vínculos genealógicos artificiais,
visando garantir ligações históricas ou geográficas.
E também não raras vezes o dinheiro tinha o poder de “arrumar” genealogias e de “purificá-las” também. De
modo que os ricos e privilegiados podiam ter as genealogias que quisessem, garantindo os direitos religiosos e
civis pretendidos.
As genealogias como escritos bíblicos, tão longas e artificiais, são um produto literário, compostas com
determinadas intenções simbólicas. Paulo roga a Timóteo para que este exorte a certas pessoas na igreja, que
certamente sob influência judaica, ocupavam-se em demasia com fábulas e genealogias (1Tm 1:3-4), pois “a vida
cristã não é mera teoria baseada em especulações e sistemas teológicos que muitas vezes parecem não ter outra
coisa sem mira senão deleitar o pensamento” (Bíblia pastoral – Nota de rodapé referente ao texto de 1Tm 1:3-7 –
Página 1529).
Os evangelistas Mateus e Lucas ao escreverem uma genealogia para Jesus, a única em todo o Novo
Testamento, o que pretendiam? Pretendiam mostrar que Jesus era descendente da tribo de Davi e, portanto
legítimo herdeiro do trono de Israel. Era de fato o messias das profecias do Antigo Testamento e o Salvador de
Israel.
Mas a genealogia de Jesus era resposta a uma heresia surgida nomeio de alguns cristãos lá da metade do I
século da Era cristã que defendia que Jesus havia sido “adotado” por Deus como seu Filho na hora em que era
batizado. Jesus, por essa heresia, não era Deus encarnado, mas Filho adotado por Deus.
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Se nos lembrarmos, o primeiro Evangelho a ser escrito foi o de Marcos, que começa justamente com o
batismo e Deus dizendo “Eis aí o meu Filho amado”. Tentando responder a um questionamento da cultura dos
gregos, sobre como um Deus transcendente, onipotente e onisciente poderia caber dentro de um corpo material e
mortal, alguns cristãos formularam uma teologia que afirmava que Jesus havia sido adotado. Foi assim que surgiu
essa heresia no meio do povo de Deus. Alguns querendo ajudar, falaram o que era errado acerca de Deus e de
Jesus.
Mateus e Lucas assumem, entre outras, a tarefa de provar que Jesus não era adotado, mas era Deus
encarnado. Pesquisam um pouco mais e falam da infância de Jesus, do chamado à Maria, dos magos do oriente,
dos pastores, de muitas outras testemunhas que viram o menino Deus. E como dito a pouco, montaram a
genealogia de Jesus para reforçar a encarnação de Deus e também a humanidade de Jesus, pois havia gente que
dizia lá naquele tempo que Jesus era uma miragem, um fantasma, uma espécie de homem holográfico ou virtual.
2 - A GENEALOGIA DE JESUS CRISTO:
A genealogia de Jesus é a única fornecida no Novo Testamento.
Parte desta genealogia (dos ancestrais de Jesus) aparece em 1 Crônicas, capítulos 1 a 3, desde Adão,
passando por Salomão e Zorobabel. Os livros de Gênesis e de Rute, fornecem a linhagem de Adão até Davi.
Em Mateus no primeiro capítulo encontramos a genealogia de Jesus escrita de forma descendente: começa
em Abraão e vem até Jesus.
Em Lucas, no capítulo 3:23-38, encontra-se uma outra versão da genealogia de Jesus, escrita de forma
ascendente, começando em Jesus e indo até Adão.
Em Lucas a genealogia ao invés de seguir através de Salomão, conforme fez Mateus (Lc 3:31; Mt 1:6-7),
segue segundo defendem alguns, os antepassados de Maria, mostrando assim ter sido Jesus descendente
natural de Davi através de Natã, ao passo que Mateus mostra o direito legal de Jesus ao trono de Davi, por ele
descender de Salomão através de José, que era legalmente o pai de Jesus.
A diferença entre elas nunca foi explicada satisfatoriamente. A explicação mais aceita é que a genealogia
segundo Lucas apresenta a genealogia natural de José (seu pai, seu avô, seu bisavô, etc) e a de Mateus
apresenta a lista de herdeiros que ocuparam o trono de Israel. Assim, a lista de Mateus tem um sentido diferente,
um sentido teológico: ela afirma que Jesus é o verdadeiro Rei, descendente da linhagem real de Davi, como Deus
prometera. Jesus é apresentando como o messias que viria reinar sobre Israel, o herdeiro “raiz de Davi” e “Leão
da tribo de Judá” das antigas profecias. E também “a semente de Abraão, segundo a promessa” (Gl 3:16).
Registros familiares e particulares, bem como registros públicos de genealogias, podiam ser consultados.
Também é evidente que a questão do Messias descender de Abraão, através de Davi, era para os judeus uma
questão de importância primária. Deste modo podemos confiar que tanto Mateus como Lucas consultaram estas
tabelas genealógicas, e com certeza os textos do AT para a formação de suas genealogias.
Mas por que Mateus omite alguns nomes destas listas e de outros cronistas? Para se provar uma
genealogia, não é necessário dar o nome de cada elo da linhagem. Esdras, por exemplo, para provar sua
linhagem sacerdotal, em Ed 7:1-5, omitiu vários nomes da linhagem sacerdotal em 1Cr 6:1-15. Isso por não ser
essencial dar o nome de todos para satisfazer os judeus quanto à linhagem sacerdotal.
A genealogia em Mateus como a de Lucas eram os nomes reconhecidos como autênticos pelos judeus
daquele tempo. Escribas, fariseus, e saduceus, eram ferrenhos inimigos do cristianismo, e eles usariam qualquer
argumento possível para desacreditar a Jesus. E mesmo tendo sido escrita e publicada após a morte, ressurreição
e ascensão de Jesus, sua genealogia nunca foi questionada pelas pessoas da época. Se a lista apresentada por
Mateus ou Lucas, estivesse errada, seria uma grande oportunidade para seus oponentes. Mas até o ano 70 onde
esses registros eram consultados livremente isso não ocorreu. Isso seria possível também aos inimigos pagãos do
cristianismo no primeiro século. Muitos sendo homens eruditos teriam indicado prontamente, qualquer evidência
de que estas listas de Mateus e de Lucas, não eram autênticas e eram contraditórias.
Como já foi dito aqui, Mateus provavelmente copiou de um registro público sua lista, mas ele omite alguns
nomes, e isso pode ter sido proposital. Três reis da linhagem de Davi, precisamente entre Jeorão e Uzias,
possivelmente por que Jeorão se casou com a iníqua Atalia, filha de Jezabel da casa de Acabe e introduzindo
assim, esta estirpe condenada por Deus, na linhagem dos reis de Judá (1Rs 21:20-26; 2Rs 8:25-27). Após
mencionar Jeorão como primeiro na aliança iníqua, Mateus omite os nomes dos próximos três reis até a quarta
geração. Acazias, Jeoás e Amazias, os frutos desta aliança. Faça uma comparação entre Mt 1:8 com 1Cr 3:10-12.
Em Mateus são 14 nomes de Abraão a Davi, mais 14 nomes de Davi até Jeconias (o último rei de Israel) e
mais 14 nomes de Jeconias até Jesus. É como se a genealogia de Jesus em Mt estivesse dividida em 3 tempos
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distintos com dois pontos decisivos: Davi (o início da monarquia) e o exílio (o fim damonarquia). Jesus simboliza o
novo tempo, o renascimento, o novo rei, o messias esperado. Como Israel deixou de ser uma monarquia, a
promessa passou a ser aplicada ao Messias.
Mas a comprovação da pureza racial de Jesus não é uma das intenções de Mateus. Olhando a genealogia
de Jesus, vemos que nela há algumas “manchas”, entre as quais, Raabe, a ex-prostituta de Jericó, e Rute, a
estrangeira moabita, nora de Noemi e avó do Rei Davi e bisavó de Salomão. Aliás, não era comum incluir
mulheres nas genealogias, mas a de Jesus tem 4. As duas já mencionadas e mais Tamar e Bete-Seba, a mãe de
Salomão com quem Davi cometeu adultério (2Sm 11). E que foram incluídas na genealogia não pelo que fizeram
de errado e pelo passado, mas certamente pelas “novas criaturas” que se tornaram diante da presença de Deus.
Sobre a presença das mulheres estrangeiras a genealogia aponta para o senhorio universal de Jesus, ou
seja, ele é messias, rei, senhor e salvador de judeus e também de gentios, de todos os povos. Rei universal.
Mateus e Lucas alcançaram o seu objetivo, provar que Jesus descendia de Abraão e Davi. Devemos
lembrar que Mateus escreveu para os judeus, ele devia se preocupar em provar a linhagem de Jesus ligada a
Davi. Já Lucas para os gentios sua tarefa era relacionar Jesus como o Filho de Deus. Tudo o que tinham de fazer
era guiar-se pelas tabelas públicas que eram aceitas em relação à linhagem de Davi e do sacerdócio levitico, (Ver
Lc 1:5; 2:3-5; Rm 11:1). Isso não prejudicava o objetivo de provar a linhagem de Jesus em nenhum dos dois
casos.
“Em Jesus, continua e chega ao ápice toda a história de Israel e do Antigo Testamento. Sua árvore
genealógica apresenta-o como descendente de Davi e de Abraão. Como filho (descendente) de Davi, Jesus é o
herdeiro a linhagem real e é o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como descendente e filho de
Abraão, ele estenderá o Reino a todos os homens, através da presença e ação da Igreja”, diz-nos a nota de
rodapé da Bíblia Edição Pastoral referente ao texto bíblico de Mateus 1:1-17.
5 – QUESTÕES:
a) O que a genealogia de Jesus queria dizer ao ser colocada nos livros de Mateus e Lucas?
b) Como vimos, a genealogia escrita por Lucas é diferente da genealogia escrita por Mateus. Por que elas
são diferentes?
c) Esses dois evangelhos escritos por Mateus e Lucas ainda no Século I têm diferenças entre as suas
narrativas, como no caso das genealogias, percebidas certamente desde o Século I quando foram
escritas. Por que alguém não corrigiu as genealogi as para que elas se parecerem? Por que os cristãos
ao longo da história e o próprio Deus deixou informações diferentes em lugares diferentes da Bíblia?
d) O que isso nos ensina hoje?
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Lição nº 4
Para o dia 24 de janeiro de 2010
Texto de Ricardo Wesley Salles Garcia
A FUGA PARA O EGITO E A INFÂNCIA DE JESUS
1 - Texto Base: Mt 2.13-23
2 - Leituras da semana
segunda-feira:
Lc 2.39-40
terça-feira:
Lc 2.21
quarta-feira:
Lc 2.22-24
quinta-feira:
Lc 2.25-35
sexta-feira:
Lc 2-36-38
sábado:
Lc 2.41-52
(Ilustração ao lado: Gesù nella casa dei suoi genitori,
John Everett Millais, 1850)
2 - Objetivo
Mostrar a ação de Deus no cumpriment o de Seus propósitos e que Jesus foi criança, adolescente e jovem
como qualquer outro ser humano, e que crescia em estatura, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens.
3 - Introdução
Pouco sabem os historiadores sobre a infância de Jesus. Conforme o Evangelho de Mateus, Jesus teria
passado o começo de sua infância no Egito até a morte do rei Herodes, que queria matá-lo. Essa narrativa,
contudo, não faz parte do texto do Evangelho de Lucas, que traz uma informação mais relacionada aos costumes
judaicos, enfatizando a circuncisão ao oitavo dia, e a apresentação no templo após o período da purificação de
sua mãe. Ao se analisar os dois textos verifica-se que não há qualquer contradição entre eles, já que não existe
indicação temporal de quando foi a fuga de José, Maria e Jesus para o Egito, e com certeza, que pela lei judaica
Jesus foi realmente circuncidado e levado ao templo após o período de quarenta dias relativos à purificação de
Maria.
Em virtude da lacuna deixada pelos Evangelhos Canônicos, o pouco que se especula sobre a infância de
Jesus provém de um relato sobre sua vida dos cinco aos doze anos, feita por Tomé, filósofo israelita, conhecido
como "A Infância do Senhor Jesus", também denominado como o Evangelho do Pseudo-Tomé, um antigo
manuscrito apócrifo escrito em Siríaco. Porém é conveniente salientar que tal fonte tem sua autenticidade
contestada, e em alguns casos é notória a influência do pensamento de grupos religiosos diversos (do século II ao
IV) das raízes tradicionais cristãs.
Em umas das poucas referências canônicas à juventude de Jesus, Lucas diz que, aos 12 anos, ele foi com
os pais de Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach, a Páscoa judaica, e lá surpreendeu os doutores do
Templo pela facilidade com que aprendia os ensinos, e por suas perguntas intrigantes.
4 - A Fuga para o Egito
Quando Jesus nasceu, os romanos tinham ampla dominação mundial. Os judeus, desde 63 a. C., estavam
sob o governo de Cesar. Jesus nasceu durante o império de Cesar Augusto (Lc. 2.6,7). Essa época é conhecida
como “pax romana”, pois em virtude da ausência de guerras, o Império pôde investir em outras edificações, como
estradas, que serviriam, posteriormente, para a expansão do cristianismo. Antes dos romanos, Alexandre Magno,
o grego, helenizou as terras que havia conquistado. Esse processo de aculturação foi tão intenso que os romanos,
ainda que tenham dominado os gregos politicamente, acabaram absorvendo sua estilo de vida. A língua franca,
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naqueles tempos, era o grego koinê, que serviu para a pregação do evangelho e a escrita dos textos do Novo
Testamento. A religião principal, entre os judeus, herdeiros da promessa de Abraão, os direcionava a ter
expectativa por um Messias que libertaria do jugo dos seus inimigos. Nesse período, denominado por Paulo de
“plenitude dos tempos”, Cristo veio à terra. “nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4-5).
O texto de Mateus revela que Jesus, ainda bebê, recebeu a visita de magos que vieram do Oriente após
identificarem por seus estudos que uma estrela indicaria o lugar onde estava o Rei dos judeus. Mas essa visita
certamente não se deu na estrebaria. Alguns estudiosos acham que pode ter ocorrido até seis meses após o
nascimento de Jesus. Passando eles antes por Jerusalém, perguntavam sobre o recem-nascido Rei dos Reis, o
que alarmou o rei Herodes (Mt 2.3). Tendo este chamado os magos secretamente, pediu-lhes informações mais
detalhadas sobre o menino e que pudessem dizer-lhe, no seu regresso, o local exato onde ele estaria.
Quando os magos não voltaram para revelar a localização do rival ao trono, Herodes ficou enfurecido.
Levando-se em conta seu reinado de terror o assassinato por ordem de Herodes de todos os meninos de Belém e
seus arredores de dois anos para baixo não está fora de seu caráter.
Há os que questionam a historicidade do acontecimento, visto que parece estranho que o plano e trama de
Herodes permitissem que os magos e Jesus escapassem da rede de espionagem. Ademais, a demora de sua
reação, às vezes calculada em um ano ou mais, parece igualmente inverossímil. Mas não podemos presumir que
Herodes tenha mandado seguir os magos; mesmo que o fizesse, não há como prever que sua organização de
inteligência fosse infalível. Outrossim Mateus acredita que a providência divina teve parte na fuga dos magos e de
Jesus. O período de tempo entre a chegada dos magos a Jerusalém e à corte de Herodes e a partida deles de
Belém pode ter sido pequeno. O limite de idade que Herodes escolheu para matar os bebês foi provavelmente
averiguado pela determinação de quando a estrela apareceu a primeira vez. Os magos podem ter levado muito
tempo para decidir responder ao sinal celestial e eventualmente percorrer o caminho à Terra Santa em busca do
bebê nascido para ser rei. O texto deixa a impressão que assim que os magos saíram, a família santa também
deixou Belém.
O momento em que a família de Jesus foge para o Egito não é suficientemente preciso na Bíblia. Após o
nascimento de Jesus, José ainda teria permanecido por algum tempo nessa cidade esperando que o menino
estivesse em condições para suportar uma viagem de volta à Galiléia.
Igualmente, não se sabe ao certo por quanto tempo a família de Jesus teria morado no Egito. Sabe-se
apenas que Jesus permaneceu no Egito até a morte de Herodes, quando então José, após ser avisado por um
anjo em seus sonhos, retorna para a cidade de Nazaré.
É de se imaginar que o período em que a família de Jesus viveu no Egito não tenha sido muito fácil pois
eram estrageiros naquela terra.
Mateus vê o retorno de José, Maria e Jesus do Egito como um cumprimento geográfico de profecia e uma
reencenação dos eventos históricos e tipos teológicos já anteriormente ocorridos nos procedimentos de Deus para
com os hebreus. “Do Egito chamei o meu Filho” é de Oséias 11.1, onde o profeta descreve a prometida volta do
exílio na Mesopotâmia nos termos da libertação da escravidão do Egito. Estes dois acontecimentos são vistos
como atos salvadores de Deus. Mateus considera a viagem da família santa do Egito para a Terra Santa como um
cumprimento até maior do primeiro Êxodo, visto que o próprio Salvador está voltando à terra do seu nascimento.
Esta referência ao Êxodo pressagia o destaque que Mateus dá a Jesus como o novo Moisés, ponto que ele
desenvolverá mais quando apresentar o ensino de Jesus.
Mateus percebe mais uma vez o cumprimento de profecia na matança dos inocentes, baseado na
localização da tragédia: “Raquel chora seus filhos” (Jr 31.15). Jeremias clamou que Raquel, que morreu na era
dos patriarcas e foi enterrada em Efrata (também chamada Belém, cf. Gn 35.19), choraria séculos depois quando
seus descendentes seriam forçados a marchar para o cativeiro na Babilônia do ponto de organização próximo de
Ramá. Efrata está a cerca de dezessete quilômetros ao norte de Jerusalém e ao sul de Betel, na área de
Benjamim e perto de Ramá. Esta não deve ser confundida geograficamente com Belém de Judá, que fica a oito
quilômetros ao sul de Jerusalém. Mais tarde alguns benjamitas do clã de Efrata migraram para a área de Belém
de Judá; por conseguinte as cidades estavam estreitamente associadas.
O entendimento que Mateus tem sobre a profecia de Jeremias é que se Raquel chorou por sua morte na
ocasião do exílio de Judá, que matou muitos dos seus descendentes no século VI a.C., então ela chorou
novamente quando as vítimas infantis de Herodes foram sacrificadas no século I d.C. Mateus demonstra mais uma
vez que o cumprimento maior da profecia ocorre em eventos associados com a vida de Jesus. Ele também se
refere aos meninos assassinados a fim de unir a vida de Jesus com a de Moisés, cujo papel Jesus completará
como o novo Legislador, pois Moisés também foi salvo da guerra de um déspota no caso das crianças hebréias no
antigo Egito (Êx 2.1-10).
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5 - A Volta para a Terra Santa
Pela terceira vez José recebe instruções do anjo do Senhor num sonho. A família santa volta para sua
pátria visto que Herodes, o Grande, está morto e já não procura a vida da criança. Avisado em outro sonho, José
evita prudentemente estabelecer-se no território de Judá regido pelo filho e sucessor de Herodes, Arquelau, e fixa
residência em Nazaré, na Galiléia, governada por Herodes Antipas, outro dos filhos de Herodes. Assim,
novamente, Mateus indica o cumprimento da profecia que Ele seria chamado Nazareno (Is 11.1).
6 - A Infância de Jesus
Os relatos bíblicos a respeito da infância de Jesus são bastante esporádicos. Lucas, o evangelista, nos
apresenta alguns vislumbres desse período da vida do Senhor.
Mas a falta de informações bíblicas sobre este período da vida de Jesus suscita o aparecimento de textos
que se propõem decrever detalhes sobre a infância de Jesus. Dentre eles aparece o Pseudo-Tomé, evangelho
apócrifo que tem sua autoria atribuída a Tomé, o israelita filósofo. Este apócrifo foi escrito no século II, apesar de
alguns estudiosos datarem como sendo do século I. Ele faz um relato sobre a vida de Jesus dos 5 aos 12 anos.
Relatos atribuindo a Jesus poderes miraculosos são sua tônica, procurando indicar que o poder de Deus estava
presente com o menino Jesus, permitindo que Ele fizesse coisas até maldosas com meninos que viviam com Ele.
O padrão de vida de Jesus era extremamente simples. Maria e José eram humildes, pobres. Jesus foi
criado por homem e mulher pobres; passou 30 anos na casa de pobres; comia comida de pobres; vestia roupa de
pobres; exercia ofício de pobres; conheceu os problemas e os sofrimento dos pobres. Contudo, sua formação foi
digna e suficiente para que Ele pudesse exercer seu ministério de forma completa, identificando as carências e
necessidades de seus contemporâneos.
Em sua narrativa, Lucas diz que “o menino Jesus crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e
a graça de Deus estava sobre ele” (Lc. 2.40). O desenvolvimento de Jesus, de acordo com esse testemunho, se
deu de modo integral, isto é, envolvendo o físico, o mental e o espiritual. A humanidade de Jesus passou pelos
diversos estágios de desenvolvimento, como qualquer outro membro da raça. Da infância à juventude e da
juventude à idade adulta, houve crescimento constante, tanto em seu vigor físico como em suas faculdades
mentais.
Até que ponto sua natureza sem pecado influiu em seu crescimento, não somos capazes de afirmar. Parece
claro, entretanto, pelas Escrituras, que devemos atribuir o crescimento e o desenvolvimento de Jesus à
observância das leis da natureza, à educação que Ele recebeu em um lar piedoso.
É de se imaginar que Jesus tenha vivido uma infância normal como qualquer criança do seu tempo,
brincando com seus irmãos e amigos, fazendo travessuras, ajudando e aprendendo com seu pai os ofícios de
carpinteiro, bem como aprendendo a lei judaica e os costumes. Maria e José tiveram um papel preponderante na
formação de Jesus, moldando-lhe o caráter humano enquanto Sua comunhão com o Pai lhe edificava seu caráter
divino.
Sem dúvida alguma, Jesus passou o tempo de Sua infância e juventude fazendo o que precisava fazer, com
a mesma dedicação que mais tarde caracterizaria Seu ministério. Sua fidelidade foi reconhecida no momento do
Seu batismo, quando se ouviu a voz de Deus-Pai. Nenhum milagre, nenhum discurso, nada havia sido feito em
grande escala até então, mas sabemos que o Pai se agradava do Filho. Seja lá o que for que Jesus tenha feito
durante os anos de silêncio, foi bem feito, agradou ao Pai celestial e, embora desejemos conhecer mais, devemos
contentar-nos em saber que Jesus permaneceu fiel a Seu chamado durante a juventude.
7 - Lições dos Seus 12 anos
No único registro das escrituras (Lc 2. 41-52), sobre Jesus com a idade de 12 anos, há pontos importantes
a observar.
A ida anual da família de Jesus à Jerusalém mostra que eles obedeciam aos costumes e à lei judaica e,
certamente, Jesus era também instruído neles. É de se supor que a cidade ficava cheia de gente por aqueles dias
e o fato de os pais de Jesus não terem se preocupado com Jesus deve-se ao fato de serem muitos os familiares e
amigos que participavam daquele momento. Alguns podem pensar que Maria e José foram descuidados com os
filhos, mas ao perceberem que Jesus não estava no meio deles, apressaram-se para voltar a Jerusalém a sua
procura. Qual não foi a surpresa, e certamente o alívio, ao encontrá-lo na sinagoga.
Um israelita com 12 anos era considerado uma criança, e não era comum um doutor da lei falar ou ensinar
uma criança, esses aprendiam em casa. Se os doutores conversaram com Jesus todos aqueles dias, é porque
observaram algo incomum naquele menino. E se eles tivessem feito um busca desde o nascimento dele teriam
descoberto que ele era o Messias prometido a Israel, em quem eles tanto esperavam. Os doutores da lei eram
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homens abalizados nas leis do Antigo Testamento, e a maioria deles decoravam as escrituras, e para se
admirarem das palavras de Jesus, essas deviam ser de uma profundidade incomum.
E quando inquirido por sues pais, Ele lhes disse: “porque é que me procuráveis? Não sabeis que me
convém tratar dos negócios de meu Pai?”
Com estas palavras Jesus demonstra que está consciente de sua divindade, e de sua tarefa aqui na terra:
“tratar dos negócios de meu Pai”.
Esta pergunta feita por Jesus á seus pais certamente os levou a lembrar da mensagem do anjo, e da
concepção milagrosa; pois eles bem conheciam o plano de Deus na vida daquele menino, ainda que não
entendesse o que Jesus quis dizer com aquelas palavras (Lc 2.50).
É bom lembrar que esta passagem Bíblica não está mostrando Jesus como um menino insubmisso; pois o
contexto nos mostra que Jesus lhes era sujeito (Lc 2.51). É que Jesus tinha maior obediência ao Pai Eterno.
Quando uma criança judia atinge a sua maturidade (aos 12 anos de idade, mais um dia para as meninas e
aos 13 anos e um dia para os rapazes), passa a tornar-se responsável pelos seus atos, de acordo com a lei
judaica. Nessa altura, diz-se que o menino passa a ser Bar Mitzvá (filho do mandamento); e a menina, Bat Mitzvá
(filha do mandamento).
Ao completar 13 anos, o jovem judeu é chamado pela primeira vez para a leitura da Torah (conhecido como
Pentateuco pelos cristãos). A partir daí, integrar o miniam (quórum mínimo de 10 homens adultos para realização
de certas cerimônias judaicas).
Antes desta idade, são os pais os responsáveis pelos atos dos filhos. Depois desta idade, os rapazes e
moças podem finalmente participar em todas as áreas da vida da comunidade e assumir a sua responsabilidade
na lei ritual judaica, tradição e ética.
Jesus tinha 12 anos mas já percebia claramente sua missão.
8 - Para refletir
a) Como nossos filhos estão sendo educados no caminho do Senhor?
b) Estamos nós, pais e responsáveis, vivendo uma vida de exemplo para que eles cresçam em estatura,
sabedoria e graça diante de Deus?
9 - Referências adicionais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus#Infancia_e_juventude
http://blogs.gospelprime.com.br/escoladominical/a-infancia-de-jesus-2/
http://www.ebdweb.com.br/2008/01/21/a-infancia-de-jesus-pr-geraldo-carneiro-filho/
http://www.ebdweb.com.br/2008/01/25/infancia-de-jesus-pr-edevir-peron/
http://www.ebdweb.com.br/2008/01/25/a-infancia-de-cristo-pr-osiel-varela/
http://www.ebdweb.com.br/2008/01/24/a-infancia-de-jesus-radio-boas-novas/
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Lição nº 5
Para o dia 31 de janeiro de 2010
O BATISMO DE JESUS
1 - Tema - O batismo de Jesus – o início do seu ministério público
2 - Objetivo: Estudar o significado do batismo de Jesus e os significados e importância que esse rito tem
para nós cristãos.
3 – Textos Bíblicos para a semana:
2ª-feira – Gênesis 17:9-27 – Deus institui a circuncisão como sinal da Aliança
3ª-feira – Colossenses 2:8-15 – O batismo substitui a circuncisão como sinal da Aliança com Deus
4ª-feira – Romanos 2:25-29 – A circuncisão não pode salvar
5ª-feira – 1 Coríntios 7:17-24 -O que importa é observar os mandamentos de Deus
6ª-feira – Mateus 3:1-10 – A pregação de João Batista
Sábado – Marcos 16:14-18 e Mateus 28:16-20 – quem crer deve ser batizado
4 – Texto da Lição de Hoje – Mateus 3:11-17
5 – O contexto do texto:
Nesse capítulo de Mateus 3 João Batista convida a uma mudança radical de vida, porque já se aproxima o
Reino de Deus que vai transformar radicalmente as relações entre os homens e a relação dos homens com Deus.
Por isso não basta apenas uma fé teórica e ritualística (que apenas cumpre os rituais da lei judaica, por exemplo),
é necessário uma fé viva em Jesus. Os fariseus com a falsa segurança de suas observâncias religiosas, e os
saduceus, com suas intrigas políticas para conservar o poder político-econômico-religioso, pertencem à estrutura
que vai ser superada pelo Reino. Por isso João prega o juízo de Deu sobre os que fazem o mal e a necessidade
de arrependimento e purificação (batismo), condição indispensável para a reconciliação com Deus. (1)
Os judeus celebravam vários rituais de purificação com água (Lv 15; Lv 26:26-28; Lv 17:15). O batismo que
João Batista ministrava simbolizava uma purificação não somente mecânica e ritual, mas era baseado numa
verdadeira renovação do pecador (Mt 3:2; Mc 1:14). (2)
“Naqueles dias” (Mt 3:1) em que João Batista aparece nesse capítulo 3, não se trata dos dias da infância de
Jesus que segundo o texto de Mt 2:19-23, mas da época em que Jesus tinha 30 anos de idade. O Evangelho de
Mateus foi escrito entre os anos 65 a 70 da nossa era cristã. Ou seja, mais ou menos 37 anos depois da morte de
Jesus. Por isso o autor usa a expressão “naqueles dias” significando um tempo antigo, uns 37 anos atrás.
5 - Questões iniciais:
1 – Releia Mt 3:11 e diga porque João Batista relutava em batizar a Jesus.
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2 – Se o batismo ministrado por João Batista era “para quem cresse e se arrependesse de seus pecados”,
por quê Jesus aceitou ser batizado, considerando que a Bíblia afirma que ele era Deus (cf. Jo 1:1) e não tinha
pecado algum (1Pd 2:21; 1Jo 3:5)?
3 – O Espírito Santo que na Antiga Aliança era derramado somente sobre reis, profetas e sacerdotes, é
derramado sobre Jesus no ato do seu batismo. O que isso significa?
6 - O Batismo de Jesus e o batismo de Jesus para nós
Segundo as próprias palavras de Jesus, ele é batizado porque “convém cumprir toda a justiça de Deus” (Mt
3:15). Ou seja, porque era necessário para que ele pudesse cumprir todos os justos propósitos de Deus. Embora
não precisando de arrepender-se e não tendo pecado para confessar, Jesus pelo ato de submeter-se ao
batismo,ocupou o lugar do pecador” (3), como aconteceria mais tarde também no batismo (Mt 20:22) na cruz do
Calvário.
As primeiras palavras de Jesus registradas no Evangelho segundo Mateus “apresentam o programa de toda
a sua vida e ação: cumprir toda a justiça, ou seja, plenamente a vontade de Deus e seu projeto salvador” (4)
Após passar pelo rito do batismo Jesus viu o Céu se abrir (ou em Mc 1:10, “se rasgar”) e a voz de Deus a
falar “eis o meu filho amado em quem me comprazo”. “Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e
os homens se rompeu. A voz divina apresenta o mistério de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (cf. Sl
2:7) que vai anunciar e estabelecer o Reino de Deus através do amor e do serviço, como o Servo do Senhor (Is
42:1-2)”. (5)
Mais tarde, Jesus substitui o rito da circuncisão pelo batismo. “Quem crer e for batizado será salvo; quem,
porém, não crer será condenado” (Mc 16:16). O que salva a pessoa do poder do pecado, da morte, do diabo e do
inferno não é o batismo, mas a fé em Jesus. Mas o batismo é um complemento, uma ligação, um vínculo com o
Senhor Jesus (6). Jesus, por fim ordena aos seus discípulos(as): “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que
vos tenho ordenado” (Mt 28:19-20).
Se ao ser batizado Jesus ocupou misericordiosamente o nosso lugar, representando-nos profeticamente
ali, ao sermos batizados, assumimos o nosso lugar ao lado de Deus, um lugar que estava preparado e reservado
para nós.
O batismo passa a ser sinal da adesão da pessoa ao grupo (povo, família, Igreja) de Jesus. Mas também
significa receber o sinal de que o batizado pertence e é servo, discípulo, amigo do Senhor e Salvador Jesus. É
alguém que experimenta no rito visível a operação espiritual de nascer de novo, de morrer para a velha vida e
ressuscitar em Cristo para uma nova vida.
“O Batismo de Jesus é diferente do Batismo de João Batista. João ministrava o batismo de arrependimento.
Jesus ministrava o batismo que era de arrependimento também, mas que era sobretudo de pertença. Assim com o
batismo passa-se a pertencer a família da fé, a Jesus. O batismo cristão (o batismo de João é judeu!) é o selo da
Nova Aliança. Substitui a circuncisão, selo da antiga aliança. Para aqueles que não sabem, a criança na antiga
aliança era circuncidada ao 8º dia após seu nascimento”, escreve o Bispo Paulo Lockmann (7). Isso significa
reconhecer que o batismo ordenado por Jesus é inclusivo, e permite que todas as pessoas que crêem, inclusive
as crianças que estão debaixo da tutela legal e espiritual dos pais crentes (At 16:31), façam parte da Aliança e do
Reino. “Das crianças é o Reino de Deus” (Mt 19:13-15). Mas os adultos para entrarem no Reino precisam se
converter e tornarem-se feito crianças (Mt 18:3), totalmente dependentes de Deus.
7 - Questões finais
1)O que significa ou implica em viver como uma pessoa batizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo?
2) Temos sido obedientes a Jesus tanto na ordem de pregar o Evangelho a toda criatura quanto na de
promover o batismo?
3) Por que os discípulos queriam afastar as crianças de Jesus em Mt 19:13-15? Privar as crianças de
fazerem parte da Aliança ao lhes recusar o batismo não é a mesma coisa?
4) Há pais que ensinam os filhos a serem bípedes, a falarem a língua nacional, a escovarem os dentes, a
vestirem-se, etc... pois acham que a educação é indispensável. Mas por que alguns pais cristãos não têm esse
mesmo zelo com as coisas espirituais, as coisas de Deus? Embora creiamos que não existe salvação fora do
Evangelho de Cristo, alguns pais até dizem que não batizam seus filhos com a suposta democracia de deixar que
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os filhos escolham quando tiverem o entendimento e a capacidade de discernir, o caminho que eles querem
trilhar. Mas como se diz popularmente, “não é de pequeno que se entorta o pepino”?
8 - Citações:
1 – Nota de rodapé da Bíblia pastoral – página 1241
2 – Nota de rodapé da Bíblia de Estudo Almeida – Novo Testamento – página 17
3 –Novo Comentário da Bíblia, Vol 2, página 951
4 – Nota de rodapé da Bíblia pastoral – página 1241
5 – Nota de rodapé da Bíblia pastoral – página 1281
6 – Ronan Boechat de Amorim – Site da Igreja Metodista de Vila Isabel – endereço:
http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=1730
7 – Bispo Paulo Lockmann – Site da Igreja Metodista de Vila Isabel – endereço:
http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=198
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Lição nº 6
Para o dia 07 de fevereiro de 2010
AS TENTAÇÕES DE JESUS
SÃO AS NOSSAS TENTAÇÕES DIÁRIAS
1 - Objetivo: Estudar o significado da tentação e como a leitura desse texto nos ajuda a compreender a
resistência de Jesus ao pecado e sua fidelidade a Deus.
2 – Textos Bíblicos para a semana:
2ª-feira – Gênesis 3:1-24 – Tentação é qualquer alternativa à vontade de Deus
3ª-feira – Gênesis 4:1-16 – A tentação da arrogância por achar-se merecedor da bênção de Deus por ser o
primogênito
4ª-feira – Gn 22:1-19 – A fidelidade e confiança em Deus é o caminho de se vencer as tentações
5ª-feira – 1Rs 11:1-13 – A tentação da arrogância do poder, da fama e do sucesso
6ª-feira – Dn 3:1-30 – A fidelidade e confiança em Deus é o caminho de se vencer as tentações
Sábado – Ap 3:7-13 – A nossa força está no Senhor e em sua Palavra de Vida
3 – Texto da Lição de Hoje – Lucas 4:1-13
4 – REFLETINDO SOBRE A MENSAGEM DO TEXTO
Quando lemos o texto bíblico de Lucas 4:1-13 que narra sobre a tentação de Jesus, somos desafiados a
pensar sobre as tentações em nossa própria vida. A tentação no deserto resume os conflitos que Jesus vai
experimentar em toda sua vida, e também as tentações que enfrentamos em nosso dia a dia e a vitória sobre elas.
A) A PRIMEIRA TENTAÇÃO
está no verso 3: “Se és Filho de Deus manda que esta pedra se transforme em pão”. No versículo 2 deste
capítulo 4 de Lucas temos a afirmação que Jesus “teve fome” depois de 40 dias no deserto sem comer. O Diabo,
que veio a este mundo para roubar, matar e destruir (cf. Jo
10:10), com certeza não estava preocupado com o bemestar de Jesus. Ele, na verdade, usa a fome (bem como
todas as nossas necessidades!) de Jesus para tentar
convencê-lo a usar o poder que Deus havia lhe dado, em
favor de si mesmo. Como cristãos cremos que, sempre
devemos depender e confiar na providência de Deus; só o
ouvir o Diabo já é pecado (cf. Rm 14:23). Ele se coloca
sempre como alternativa a Deus e à vontade de Deus em
nossa vida.
A resposta de Jesus é que “não só de pão viverá o
homem”, lembrando com certeza do texto bíblico de
Deuteronômio 8:3: “...não só de pão viverá o homem, mas
de tudo o que procede da boca do Senhor, disso o homem
viverá”. Jesus sabia o valor do pão capaz de saciar a fome, e
o quanto ele é necessário à vida, mas Jesus preferiu confiar
e esperar na graça e ação de Deus. O pão é importante,
mas é muito mais importante confiar na Palavra do Deus que
tirou Israel da escravidão na terra do Egito e que o ensinou
na longa caminhada pelo deserto que “nem só de pão vive”.
Não vivemos somente em prol de nossas necessidades que
precisam obviamente ser satisfeitas. Fomos chamados à
vida pela Palavra criadora de Deus para o louvor da Sua
Glória. E isso, com certeza, é algo muito especial...
B)
A SEGUNDA TENTAÇÃO SOFRIDA POR JESUS
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Está nos versículos 6 e 7: “se prostrado me adorares” te darei “a autoridade e glória dos reinos do mundo”.
O Diabo conhece nosso amor e desejo por riquezas. Ele usualmente nos tenta, oferecendo-nos “autoridade e
glória” sobre os reinos do mundo. O Diabo explora nossa ambição, nossa ganância, nossos desejos... e os usa
para nos contrapor a Deus.
A resposta de Jesus a esta tentação também é bíblica: “Ao Senhor Deus adorarás, e só a Ele darás culto”. É um
versículo retirado de Deuteronômio 6:4-25, com destaque especial ao versículo 13. Mais uma vez Jesus confia a Deus
os seus desejos e necessidades ao reafirmar sua fé nos propósitos divinos. Jesus nos ensina que o mundo sem Deus
é pouco demais, mas que o pouco com Deus é o suficiente. Até porque o mundo não pertence ao Diabo, apenas é
“diabolicamente” usado por ele. À opção de cobiça por riquezas, Jesus se apresenta honradamente como servo de
Deus; alguém que deseja a “autoridade e a glória de Deus”. Essa é a maior riqueza para um homem: desfrutar da
aliança, da presença, da intimidade do Deus vivo.
C) A TERCEIRA TENTAÇÃO DE JESUS,
Está nos versículos 9 a 11, tem até uma “aparência bíblica”: são citações de Sl 91:11-12. O Diabo usa o
texto bíblico para tentar Jesus, para seduzir Jesus. A tentação é que Jesus, confiado na sua autoridade já
profetizada desde os tempos do Antigo Testamento, se jogue do pináculo do templo de Jerusalém (a parte mais
alta) e que dê ordens aos seus anjos para que o amparem. O que está por trás dessa tentação? Mais uma vez é
usar o poder de Deus em favor de si mesmo. Mas tem mais: o Diabo propõe que Jesus dê uma demonstração de
força, mostrando o quanto é poderoso. A multidão que gosta de show lhe daria aplausos e Jesus faria muito
sucesso; reconhecido até mesmo como uma espécie de super-herói. Mais uma vez o Diabo, conhecedor da
natureza humana, explora o nosso desejo pelo poder e pelo sucesso.
Sem fugir das Escrituras e da sua fidelidade a Deus, a resposta de Jesus é retirada de Deuteronômio 6:16:
“Está dito: não tentarás ao Senhor teu Deus”. O texto de Deuteronômio é uma clara alusão ao relato bíblico de
Êxodo 17:1-7, quando o povo contendeu com Moisés, tentando ao Senhor ao duvidar: “Está o Senhor no meio de
nós, ou não?”. Jesus ao dizer “não tentarás o Senhor teu Deus” revela que tentar ao Senhor é duvidar da sua
graça, da sua fidelidade e mais que isso: é tentar colocar Deus a seu próprio serviço ou interesse. Ou seja, a
tentativa de usar o nome, o poder, a palavra, a Obra e o próprio Deus em favor de si mesmo.
Como diz o comentário de rodapé da Bíblia Edição Pastoral (Edições Paulinas) a este texto de Lucas 4,
“Jesus é tentado a falsificar a própria missão, realizando uma atividade que só busque satisfazer às necessidades
imediatas, buscar o prestígio e ambicionar o poder e as riquezas. Jesus, porém, resiste a essas tentações. Seu
projeto de justiça é transformar as estruturas segundo a vontade de Deus (“Palavra que sai da boca de Deus”),
não pondo Deus a seu próprio serviço ou interesse (“Não tentarás ao Senhor teu Deus”), e não absolutizando
coisas que geram opressão e exploração sobre os homens, criando ídolos “Adorarás ao Senhor teu Deus...”). Que
Deus nos abençoe!
5) Questões para refletir e discutir em classe:
1) Converse em classe sobre as duas frases abaixo:
A – O pecado é falta de confiança em Deus. É o contrário da fé, que é confiar em Deus.
B – O pecado é qualquer alternativa à vontade de Deus
2)
“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais
tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de
sorte que a possais suportar” (1Co 10:13). O que esse versículo quer dizer?
3) Como Jesus enfrentou as suas tentações?
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Lição nº 7
Para o dia 14 de fevereiro de 2010
JESUS CHAMA DISCÍPULOS
1 - Tema – A vocação dos discípulos e a nossa própria vocação como discípulos
2 - Objetivo: Refletir sobre o desafio de ser discípulo(a) de Jesus
3 – Textos Bíblicos para a semana:
2ª-feira – João 1:1-51 – Jesus e seus primeiros discípulos
3ª-feira – João 2:1-25 – O início do ministério público de Jesus
4ª-feira – Marcos 3:1-19 – Discípulos são designados apóstolos por Jesus
5ª-feira – Lucas 9:18-43 – Jesus revela-se mais e mais aos seus discípulos
6ª-feira – João 15:1-25 – A videira e os ramos
Sábado – João 17 – A oração de Jesus pelos discípulos, inclusive pelos que virão ainda a ser seus
discípulos
4 – Texto da Lição de Hoje – Marcos 1:16-20
5 – O contexto e o texto
Jesus chama discípulos para segui-lo
A cronologia bíblica do per íodo entre o batismo e o início do seu ministério público não é muito precisa. Os
evangelistas têm fontes diferentes, pois foi algo ocorrido antes deles andarem com Jesus e acabam priorizando os
fatos e não as datas.
Mas pelo que podemos ver nos textos temos:
1 - Logo após ser batizado por João Batista (Mt 4:1 = “a seguir”), Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto
para ser tentado. Esses 40 dias recordam os 40 anos em que Israel peregrinou pelo deserto entre o Êxodo do
Egito e a entrada na terra Prometida de Canaã. Diferentemente dos israelitas, Jesus se manteve fiel (Hb 2:18; Hb
4:15). Mateus 4:12 já fala da prisão de João Batista. Por isso temos de ir para o Evangelho de João.
2 – João 1:19 e versos seguintes narra que no “dia seguinte”, João Batista diz a dois de seus discípulos ao
ver Jesus passar: “Eis o Cordeiro de Deus!” Bastou esse pequeno testemunho de João Batista para que seus dois
discípulos decidissem abandonar João e passassem a seguir a Jesus, tornando-se seus discípulos. Um desses
dois discípulos era André, irmão do Simão Pedro (Jo 1:40). E não demorou para que André começasse a levar
pessoas a Jesus. O primeiro que ele levou, segundo João 1:41, foi seu próprio irmão, Simão Pedro. Essa mesma
história é descrita resumidamente em Mateus 4:18-20.
3 - Dois dias depois (Jo 1:35 e 43) e um dia após receber seus dois primeiros discípulos (Jo 1:37), estando
Jesus a caminho da Galiléia encontra-se com Filipe e o convida para segui-lo como discípulo. Filipe aceita o
convite e traz consigo a Natanael (Jo 1:45), que também segue a Jesus (Jo 1:49).
Cinco dias depois (Jo 2:1) Jesus participa de um casamento na localidade de Caná, na Galiléia, onde
realiza seu primeiro milagre, transformando a água em vinho (Jo 2:1-12). João afirma: “Com este milagre, Jesus
deu princípio a seus sinais” (Jo 2:11). “Os sinais ou milagres de Jesus são ações que revelam o poder salvador de
Deus (cf. Jo 4:54; Jo 20:30)” (1). “Os seus discípulos creram nele” (Jo 1:11). Jesus vai revelando aos poucos aos
seus discípulos quem ele é. Esta revelação é feita em etapas, entre as quais estão a afirmação de Pedro (“Tu és o
Cristo” – Mc 8:29) e a transfiguração (Mc 9:28-36), quando os discípulos têm a visão de Moisés e Elias em glória,
uma maneira metafórica de dizer que sobre Jesus repousava o poder sacerdotal (Moisés) e profético (Elias).
4 – Também no mar da Galiléia Jesus vê e chama outros dois irmãos, Tiago e João (Mt 4:21-22), os filhos
de Zebedeu. Eles seguem a Jesus.
5 – Depois de ter ido a Cafarnaum (Mc 1:21 e Mc 2:1), e ter curado um endemoniado (Mc 1:21-28), a sogra
de Pedro (Mc 1:29-31), um leproso (Mc 1:40-45), um paralítico (Mc 2:1-12) e de muitas outras curas (Mc 1:32-34),
Jesus passando novamente pelas margens do Mar da Galiléia, enquanto ensinava à multidão, ele vê e chama
Levi para segui-lo. E Levi segue a Jesus.
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Como vemos, uns discípulos foram chamados antes e outros depois, alguns têm o nome regularmente
mencionado nos evangelhos e outros bem pouco. Qual deles eram os mais importantes? O próprio Senhor Jesus
responde: “O maior dentre vós será o servo dos demais” (Mt 23:11). “Pois todo o que se exalta será humilhado; e
o que se humilha será exaltado” (Lc 14:11).
“O chamado dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus.
Simão e André deixam a profissão;Tiago e João deixam a família...Seguir a Jesus implica deixar as seguranças
tipicamente humanas que possam impedir a confiança em Jesus, nossa maior segurança, e impedir o
compromisso com uma ação transformadora”. (2)
Jesus escolhe doze apóstolos dentre os que o seguiam
Após mais algumas curas e ensinamentos (Mc 2:15-3:12), Jesus escolhe doze apóstolos. “Chamou os que
ele mesmo quis... então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade
de expelir demônios” (Mc 3:13-15).
“Dentre a multidão e os discípulos Jesus escolhe doze. Um pequeno grupo que será o começo de novo
povo. A missão desse grupo compreende três atitudes: compremeter-se com Jesus (estar com ele) para anunciar
o Reino (pregar), libertando os homens de tudo aquilo que os escraviza e aliena (expulsar os demônios)”. (3)
Esse título de “apóstolos” foi usado ao longo dos séculos do cristianismo apenas para os 12 apóstolos, e
posteriormente para o escolhido para substituir Judas e completamente desconhecido Matias (At 1:26). E também
para o Apóstolo Paulo (Rm 1:1; Rm 11:13; 1Co 1:1). Nunca ao longo dos séculos, esse título dado por Jesus, foi
usado para quaisquer outros além dos acima mencionados. Hoje em dia é que tem alguns líderes religiosos que
têm se apossado desse título para si mesmos. Para a maior parte dos cristãos, no entanto, é a igreja que é
apostólica (enviada em missão) e não uma ou outra pessoa, por maior poder eclesiástico e liderança pastoral e
espiritual que possam ter.
São os 12 apóstolos:
1) Tiago, filho de Zebedeu
2) João, o irmão do Tiago
3) André
4) Simão Pedro, o irmão de André
5) Filipe
6) Natanael, o Bartolomeu (ou seja, filho de Tolmai)
7) Tomé
8) Mateus
9) Tiago, filho de Alfeu
10) Tadeu (o Judas Tadeu, filho de Tiago, de Lc 6:16 e At 1:13)
11) Simão, o Zelote (ou, o fervoroso)
12) Judas Iscariotes
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Durante um pouco mais de três anos Jesus treinou e capacitou os seus discípulos para assumirem a tarefa
missionária e também a liderança do mesmo em seu próprio lugar. Deu aos discípulos poder e autoridade e
também uma importante tarefa:
“Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura, fazei discípulos de todas as nações, batizandoos em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. Vós sois minhas testemunhas...
Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como
em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (Mt 28:19-20; Mc 16:15; Lc 24:44-49; At 1:8).
6 – QUESTÕES:
a) O que significa ser discípulo(a) de Jesus?
b) Qual a diferença entre discípulo e apóstolos?
c) Jesus organizou a igreja para dar continuidade à sua Missão de salvar o mundo do poder do pecado, do
mal, do diabo e da morte. A Igreja, tal como Jesus, vive para IR aos pecadores para lhes testemunhar o
evangelho. A igreja existe para trabalhar a favor de quem? Quem deve ser as pessoas mais importantes para a
igreja, o pecador ou os membros da Igreja?
d) Sem querer buscar uma prática de uns ficarem se comparando e medindo com os demais, qual o critério
para saber se um discípulo é importante ou não?
e) Jesus diz para seu discípulo Pedro que arrogantemente afirmava que não abandonaria nem negaria
Jesus em hipótese alguma: “Quando você se converter (“quando voltares para mim!”), cuide de seus irmãos” (Lc
22:32). O apóstolo Paulo alerta: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10:12). O que
devemos e podemos fazer para não cairmos em tentação, não cair da graça e nem sair da presença de Jesus?
f) Considerando que o ramo da Videira Verdadeira que não produz fruto está doente (Jo 15:2), pode haver
discípulo(a) sem frutos? Que frutos são próprios de um discípulo(a) de Jesus? Podemos considerar discípulo
estéril quem não testemunha e nem faz novos discípulos(as)?
g) Só é possível amarmos verdadeiramente a Jesus se _______________ (Jo 14:21 e 23) e só podemos
dizer que somos amigos (íntimos) de Jesus se o ________________ (Jo 1514).
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1
2
3
– CITAÇÕES:
– Nota de rodapé da Bíblia de Estudo Almeida – NT – página 140.
– Nota de rodapé da Bíblia da Edição Pastoral, página 1282, referente a Mc 1:16-20.
– Nota de rodapé da Bíblia da Edição Pastoral, página 1285, referente a Mc 3:13-19.
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Lição nº 8
Para o dia 21 de fevereiro de 2010
OS 7 SINAIS MESSIÂNICOS DE JESUS NO EVANGELHO DE JOÃO
1 – Textos Bíblicos para a semana:
2ª-feira – Jo 2:1-12 – A Água Se Transforma Em Vinho (1º SINAL)
3ª-feira – Jo 4:43-54 – A Cura Do Filho De Um Oficial Do Rei (2º SINAL)
4ª-feira – Jo 5:1-18 – A Cura De Um Paralítico (3º SINAL)
5ª-feira – Jo 6:1-15 – A Multiplicação Dos Pães (4º SINAL)
6ª-feira – Jo 6:16-21 – Jesus Caminha Sobre As Águas (5º SINAL)
Sábado – Jo 9:1-25 – A Cura De Um Cego De Nascença (6º SINAL)
2 – Texto para Hoje - Jo 11:1-46 – A Ressurreição De Lázaro (7º SINAL:):
3 - O EVANGELHO DE JOÃO: JESUS É O CAMINHO DA VIDA:
3.1 - O Evangelho de João e os Sinóticos:
O Evangelho segundo João é diferente dos três primeiros. Em Mateus, Marcos e Lucas há muitos milagres
e palavras de Jesus. Em João encontramos apenas sete milagres (que são chamados de sinais) e alguns
discursos que se desenvolvem lentamente, repetindo sempre os mesmos temas-chave.
Os três primeiros evangelistas reuniram, completaram e editaram os assuntos que formavam a catequese
(o ensino cristão) existente em suas comunidades. João seguiu caminho diferente: seu relato do evangelho é uma
espécie de meditação, que procura aprofundar e mostrar o conteúdo da catequese existente em sua comunidade.
Seu evangelho visa despertar e alimentar a fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, a fim de que os homens e
mulheres tenham a vida (Jo 20:30-31).
Para João, Jesus é o enviado de Deus, aquele que revela o Pai a todos nós. Deus ama as pessoas e quer
dar-lhes a vida. Jesus revela esse amor e realiza a vontade do Pai, dando a si mesmo a favor de todos os homens
e mulheres; não temendo nem mesmo a ameaça que, sobretudo saduceus, fariseus e doutores da lei, lhe faziam
com a morte na cruz (onde seria eliminado e "para sempre calado"). João procura mostrar isso através dos sete
sinais que ele apresenta na primeira parte do Evangelho (Jo 1 a 12), salientando aí a importância da fé. Na
segunda parte (Jo 13 a 21) ele mostra a mesma coisa, salientado a importância do amor e narrando o supremo
sinal: a volta de Jesus ao Pai, através da morte e ressurreição.
3.2 - JESUS NOS FORÇA A DECIDIR: SIM OU NÃO?
A revelação de Deus em Jesus coloca o mundo em julgamento. Diante da luz da revelação, a vida dos
homens e mulheres se esclarece. Os que vivem em conforme a vontade de Deus, aproximam-se de Jesus e o
aceitam como o Cristo ( Messias), Senhor e Salvador. Os que não vivem conforme a vontade de Deus, afastam-se
dessa luz rejeitando a Jesus. Por isso, João salienta no seu evangelho as reações que os homens e mulheres têm
diante de Jesus. Reações de aceitação, que levam à vida e, reações de hostilidade que arrastam Jesus aos
tribunais e à morte como um delinqüente na cruz. Aceitação que produz a primeira comunidade reunida em nome
de Jesus, ou seja, os discípulos e discípulas. Doravante caberá a essa comunidade continuar a missão de Jesus.
Deus Pai testemunhou seu amor, enviando Jesus para que, da boca do próprio Deus, ouvíssemos as
palavras de salvação rejeitadas no anúncio dos profetas, dos juizes, dos patriarcas. Os homens e mulheres
respondem ao amor do Pai, quando do mesmo modo, se abrem para o dom do amor, colocando-se a serviço da
vida dos outros irmãos e irmãs. Mesmo daqueles que não conhecemos, mesmo de quem não deseja viver,
mesmo daqueles que nos perseguem.
Somos convidados a ler este evangelho colocando -nos em clima de quebrantamento e de julgamento (
auto-análise, auto-avaliação), para nos abrirmos à luz de Deus que, através de Jesus, ilumina a nossa vida e nos
leva a tomar uma decisão: sim ou não? Aceitar o Evangelho de Jesus e nos colocarmos a caminho como seus
discípulos para termos definitivamente a vida (salvação), ou rejeitar a Jesus e o Reino de Deus para o qual Ele
nos convida e nos auto-excluirmos, condenando-nos definitivamente à solidão e ao vazio de Deus.
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4 - JOÃO: O EVANGELHO DOS SINAIS:
João 20:30-31 e 21:24-25 mostram o objetivo deste evangelho ter sido escrito. A finalidade não é a de
registrar tudo o que Jesus fez, falou, realizou e significou para os fiéis. Tal tentativa seria impossível, "pois nem no
mundo inteiro caberiam os livros necessários para conter tudo". Mas o autor seleciona alguns sinais que, para o
bom entendedor, são suficientes para estabelecer o fato de que Jesus é o Filho de Deus (o Messias). Estes sinais,
seis em número, estão espalhados pelo livro, e são ligados por diversos discursos, entrevistas e material narrativo.
Estes sinais dão unidade e objetividade ao livro. Vejamos os seis sinais localizando os mesmos no Evangelho
segundo João:
1º SINAL - A ÁGUA SE TRANSFORMA EM VINHO (Jo 2:1-12):
Este milagre (= sinal) anuncia a chegada de um novo ministério trazendo "o vinho" do Evangelho. O vinho
acaba no meio da festa. Maria (modelo do discípulo perfeito por amar e seguir a Jesus desde sua encarnação à
sua morte na cruz sem o abandonar jamais), aliviando a situação de embaraço, simboliza a comunidade (Igreja)
que nasce da fé em Jesus e as últimas palavras que ela diz neste Evangelho são: "Façam o que Ele mandar".
Jesus utilizou a água que os judeus usavam para as purificações. Os judeus estavam cegos pela
preocupação de não se mancharem, e sua religião multiplicava os ritos de purificação. Mas Jesus transformou a
água em vinho! É que a religião verdadeira não se baseia no medo do pecado. O importante e fundamental é
receber de Jesus a novidade de vida e o Espírito. Este, como um vinho generoso, faz a gente romper com as
normas que aprisionam e com a mesquinhez do nosso coração e da nossa própria sabedoria.
O episódio de Caná da Galiléia é uma espécie de resumo daquilo que vai acontecer através de todo o
ministério de Jesus: com sua palavra e ação, Jesus transforma as relações das pessoas com Deus (religião) e das
pessoas entre si (comunidade).
(ilustração das Bodas em Caná da Galiléia)
2º SINAL - A CURA DO FILHO DE UM OFICIAL DO REI (Jo 4:43-54):
O ministério de Jesus alcança as terras dos gentios e cada vez mais difere e distancia-se das instituições
consideradas salvadoras ( raça, templo e lei). Os judeus recusam Jesus; os samaritanos o acolhem. E agora um
pagão acredita na palavra de Jesus e se converte com toda a família. Fica assim claro o rompimento da relação
de dependência entre salvação e lei (de fato, não é a lei que salva!) e entre fé e instituição: a salvação é dom de
Deus para todos aqueles que se abrem e respondem a este dom aceitando a Jesus.
Neste texto Jesus é apontado como alguém que salva da morte iminente o filho de um homem que crê.
Todo povo de Israel e todo mundo estava sofrendo. Jesus vem para acabar com os debates fúteis e as discussões
tolas sobre questões religiosas, e sobretudo para tratar do problema imediato: a salvação para uma vida
abundante. Na verdade, o cerne da missão de Jesus. "O homem acreditou na palavra de Jesus". A salvação para
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uma vida abundante é aceitar pela fé a Jesus como Filho de Deus que tem para nós palavras de Vida e
livramento.
3º SINAL - A CURA DE UM PARALÍTICO (Jo 5:1-18):
Esta cura declara que um ministério diferente está no meio dos seres humanos. Um ministério realmente
eficaz e voltado para o povo e suas reais necessidades. O povo tinha sofrido muitos e muitos anos perante um
ministério ineficaz, que não tratava das necessidades humanas. As cerimônias e os rituais da lei recebiam um
tratamento preferencial. E isso a tal ponto que no sábado não era permitido curar e fazer o bem.
Também na institucionalização da religião, sempre há alguém mais importante e rico na frente da fila e o
paralítico nunca tem vez. "Senhor não tenho ninguém..." Jesus vai ao encontro do paralítico e lhe ordena que ele
próprio se levante e ande, encontrando a partir da palavra de Jesus sua liberdade e decidindo seu próprio
caminho. Jesus cura o paralítico mostrando o amor do Pai por todos os que sofrem. Derrubando por terra a
segregação e a crença comum daquela época de que a doença era fruto do pecado. Do pecado da pessoa doente
ou do pecado dos seus pais.
Este sinal de Jesus deixou os judeus (saduceus, fariseus, doutores da Lei) indignados, mas foi mais uma
prova do novo ministério que Jesus estava anunciando. A vida e a liberdade são dons de Deus e estão acima até
mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades.
4º SINAL - A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES (Jo 6:1-15):
Jesus propõe a missão da sua comunidade: ser sinal do amor generoso de Deus, assegurando para todos
a possibilidade de subsistência, dignidade e vida. A segurança da subsistência não está no muito que poucas
pessoas possuem e retêm para si próprias, mas está no pouco de cada um é repartido entre todos. A garantia da
dignidade não se encontra no poder de um líder que manda, mas no serviço de cada um que constrói, mantém e
organiza a comunidade para o bem de todos.
Este milagre é pano de fundo para a pregação de Jesus como o Pão da Vida e o Verdadeiro Maná, que o
Pai manda para alimentar o seu povo. Jesus, em perfeita união com o Pai, estava em condições de oferecer
nutrição e sustento, e não apenas repetir as vãs promessas e atividades dos sacerdotes da época que não
estavam podendo alimentar o povo. Só Jesus tem palavras de vida.
A Aliança de Deus com o povo de Israel deveria ser cuidada, defendida e promovida sobretudo pelos
sacerdotes. Era uma Aliança onde Deus cuidava e abençoava o Povo de Israel e o Povo de Israel teria a Deus
como único Senhor e Pai. Consequentemente os israelitas deveriam viver como irmãos e irmãs. Mas infelizmente
isso não acontecia. O povo, sobretudo os mais ricos e poderosos (entre os quais os sacerdotes!), ao invés de
serem irmãos como Deus exigia, se portavam como pequenos faraós, explorando, perseguindo e até
escravizando a aqueles que deveriam amar, cuidar, partilhar o pão e as terras; enfim, aos que deveriam tratar
como irmãos. Os sacerdotes estavam entre esses ricos. Por isso não podiam "alimentar o povo". Nem com o pão
de cada dia, fruto da misericórdia e fraternidade, nem com o pão da Palavra.
5º SINAL - JESUS CAMINHA SOBRE AS ÁGUAS (Jo 6:16-21):
A proposta de Jesus com a multiplicação dos pães não é entendida pela multidão e a sua retirada para as
montanhas e a conseqüente negação de Jesus ao desejo da multidão é mal interpretada pelos discípulos. A
multidão quer fazê-lo Rei, o Messias da abundância. Os discípulos após a retirada de Jesus, também se retiram e
navegam de volta para Cafarnaum. Possivelmente decepcionados e pretendendo voltar à vida de antes. Jesus vai
ao encontro deles caminhando por sobre o mar e a crise é superada, embora ainda não completamente resolvida.
O que só acontecerá após a ressurreição e o Pentecostes.
Nos versos seguintes, de 22 a 34, a multidão procura Jesus, desejando continuar na situação de
abundância, isto é, governada por um líder político que decide e providencia tudo, sem exigir esforço, trabalho e
responsabilidades. Jesus mostra que essa não é a solução. É preciso buscar a vida plena, mas isso a participação
e o empenho do homem e da mulher. Além do alimento que sustenta a vida material, é necessária a adesão ( a
aceitação) pessoal a Jesus para que essa vida se torne definitiva.
Pedindo um sinal como o maná do deserto, a multidão impõe condições para aceitar e seguir a Jesus.
Mas, o desejo da multidão fica sem efeito, se ela não se compromete com Jesus, o pão da vida que dura para
sempre. É Jesus quem avaliza e garante que a vida pode ser boa e fraterna.
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6º SINAL - A CURA DE UM CEGO DE NASCENÇA (Jo 9:1-25):
Mais uma vez temos Jesus se importando com quem sofre e realizando um ministério de dar vida e vida
com abundância. E vida com abundância é vida com amor, alegria, saúde, pão na mesa, casa para morar e com
vida para além da morte. Nisso estava a autoridade de Jesus: seu ministério, sua coerência, seu amor. A
Salvação de Jesus se manifesta no corpo enfermo deste cego. Ele era considerado amaldiçoado pelos chefes
religiosos e pelos demais. Não podia entrar no templo, trabalhar e em muitas situações vivia solitariamente pelas
margens das estradas.
Jesus ao curar este homem dá chance a ele de refazer sua vida emocional ( casar-se, ter filhos), sua vida
econômica ( trabalhar para sustentar-se), sua vida religiosa ( ele pode entrar no templo e adorar junto dos demais
ao Deus de Israel) e sua vida social (ele pode ter amigos; ninguém mais vai ter vergonha de ser visto junto dele).
Jesus também restaura sua visão espiritual: através do Seu amor revela ao cego a Sua Mensagem. Jesus
veio trazer Luz, Visão e Sabedoria. O moço não se atrapalhou quando os fariseus o examinavam e o
interrogaram, tentando confundi-lo com a introdução de alguns pontos teológicos. A resposta dada pelo ex-cego
que desarmou as autoridades completamente foi esta: "Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego e agora
vejo". Para aqueles que O recebem com fé, Jesus restaura (salva) toda sua vida.
O cego de nascença simboliza o povo que nunca tomou consciência da sua condição de pecador e
oprimido, e por isso não chegou a conhecer a verdadeira condição de vida que Deus tinha como objetivo na
Criação. A missão de Jesus, e dos que acreditam nele, é mostrar essa possibilidade de Vida Abundante, sinal e
bênção do Reino de Deus, a partir de um testemunho concreto e de poder, e não com palavras vazias e filosofias
mirabolantes.
7º SINAL: A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO (Jo 11:1-46):
Jesus encontrou uma religião moribunda, fria e contraditória, precisando urgentemente de reavivamento.
Perante o último inimigo (morte), diante do qual toda força e poder humanos eram inúteis, Jesus chega com o
poder absoluto de vida. Este sinal é testificado para demonstrar que Jesus é a ressurreição e a vida. E quem nele
crê, ainda que morra, viverá. Ou seja, a vida que alcançamos em Jesus é para além da morte. Nem a morte a
deterá.
Nos versos 1-16 vemos que numa comunidade marcada por relações de afeto e amor verdadeiro e ativo,
ninguém tem medo de perigo ou de se comprometer quando se trata de ajudar e socorrer a um irmão necessitado.
O receio de enfrentar obstáculos e problemas nasce da falta de fé que não compreende a qualidade de vida que
Jesus comunica e nos dá.
(ilustração da ressurreição de Lázaro)
Nos versos 17-27 Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas uma
necessidade física, um estágio (caminho, porta) pelo qual todo ser vivo tem de passar. Mas para a fé cristã a vida
não termina com a experiência da morte, mas caminha em direção a sua plenitude. Jesus nos dá vida que vai
para além da morte. E esta vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de
Jesus.
E finalmente, nos versos 28-44, temos a morte como o resumo e o ponto máximo de todas as fraquezas
humanas. O medo da morte acovarda o ser humano diante da opressão, da injustiça e até mesmo da idolatria, e o
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impede de testemunhar. O medo fortalece o poder dos opressores e o poder do mal. Libertando o ser humano
desse medo, Jesus torna-o radicalmente livre e capaz de dar até o fim o testemunho da própria fé.
5 - CONCLUSÃO:
Estes sete (7 = número perfeito) sinais devem ser suficientes para estabelecer a fé a qualquer um. Mas o
evangelista não para aí. Além de registrar estes sinais, ele intercala vários eventos, entrevistas, narrações e
discursos para tornar o relato do milagre mais claro e fácil de ser entendido e crido. E se alguém precisa de um
sinal além destes sete, pode considerar um sinal que é a soma e conseqüência dos demais, o Sinal dos sinais: a
paixão, morte e ressurreição de Cristo, o grande sinal de Deus para que a humanidade creia. Os capítulos 13 a 21
do Evangelho segundo João falam deste sinal e deste amor imensurável.
6 – QUESTÕES:
A) Como o Evangelho de João nos apresenta Jesus?
B) Qual é a Missão de Jesus?
C) Diante desses 7 sinais, como devemos anunciar e testemunhar o Senhor e Salvador Jesus?
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Lição nº 9
Para o dia 28 de fevereiro de 2010
Texto de João Wesley Dornellas
AS BEM-AVENTURANÇAS
Texto Bíblico: Mateus 5.3-12
Introdução
As bem-aventuranças, oito no total, constituem o princípio do Sermão da Montanha, o primeiro grande
pronunciamento de Jesus. Para muitos, o Sermão da Montanha é a essência da fé e da vida cristã. O estudo
detalhado desse notável sermão de Jesus nos dá plena convicção de que ele é realmente um dos documentos
centrais de nossa fé. As chamadas bem-aventuranças, que ocupam os versículos 3 a 12 do capítulo 5 de Mateus,
constituem, de certa forma, um resumo de todo o sermão. Jesus sentou-se junto aos discípulos e à multidão e
“passou a ensinar” (Mt 5.2). Barclay diz que as bem-aventuranças são, no sermão da montanha, a “essência da
essência”, ou, como diriam os franceses, “la crème-de-la-crème”.
Bem-aventurança é como se fosse um sinônimo de felicidade. Uma pessoa bem-aventurada é uma pessoa
feliz, uma pessoa bendita (abençoada). Na tradução revista atualizada da Bíblia (SBB), é empregada a expressão
“bem-aventurados”. Na NTLH, isto é, na tradução da linguagem de hoje, a palavra usada é “felizes”. O teólogo J.
Dwight Pentecost nos diz que, nas bem-aventuranças, Jesus descreveu as características da pessoa justa e
lançou os fundamentos de uma vida feliz. Ele mostrou o que caracteriza os que foram justificados pela fé na
promessa de Deus. Também nos deu a base sobre a qual Deus dispensa suas bênçãos aos que o recebem como
salvador pessoal. Podemos, pois, perfeitamente, denominar as bem-aventuranças de “fundamentos de uma vida
feliz.
E bom frisarmos, no entanto, que essa felicidade não é apenas aquele tipo de felicidade que as pessoas
normalmente imaginam ou desejam, como riqueza, êxito, prosperidade, beleza, etc., que podem ser indícios de
bênçãos divinas mas que não constituem a essência do que Jesus ensinou em seu sermão.
Em Jesus Cristo, como acentua M. Bouttier, “cumpre-se a instauração do reino. Doravante a felicidade está
relacionada a este acontecimento exclusivo e definitivo, inaugurado com a vinda do Messias”. O encontro com a
pessoa de Jesus deixa um rastro de felicidade, mesmo em meio a frustrações, sofrimento e dor, que será
completada no encontro final e definitivo com Ele.
O Antigo Testam ento e também o Novo contêm diversas outras bem-aventuranças. No Antigo, em Dt 33.29,
nós lemos: “Feliz és tu, ó Israel ! Quem é como tu? Povo salvo pelo Senhor, escudo que te socorre, espada que te
dá alteza”. Os Salmos estão repletos delas. “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios...”
(Sl 1.1); “Bem,-aventurado todos os que nele se refugiam (Sl 2.12); “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é
perdoada... (Sl 32.1); “Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes e aproximas de ti...” (Sl 65.4); “Bemaventurado os que habitam em sua casa” (Sl 84.4); Bem-aventurado o homem cuja força está em ti... (Sl 65.5);
“Bem-aventurados os que guardam a retidão e o que pratica a justiça em todo o tempo” (Sl 106.3); “Feliz a nação
cujo Deus é o Senhor” (Sl 33.12) e muitas outras.
No Novo Testamento, além das oito bem -aventuranças de Mateus 5, há diversas outras e a mais importante
delas é certamente “bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (Lc 11.28).
Cabe destacar, ainda, nas bem-aventuranças um certo paradoxo ao encarar o presente na perspectiva do
futuro. Em Jesus Cristo, o futuro se fez presente. A felicidade prometida nas bem-aventuranças por Jesus não é
um lote hipotético de consolação mas um compromisso assumido por ele. Compromisso que Jesus “assinou” com
o sangue que derramou na cruz por nossos pecados. E do túmulo de onde ele saiu, vivo, rei, para sua glorificação
e nossa alegria maior.
BEM-AVENTURADOS OS HUMILDES DE ESPÍRITO, PORQUE DELES É O REINO DE DEUS (Mt 5.3)
As traduções mais antigas da Bíblia falavam em pobres de espírito. A palavra usada no original grego
significava isto mesmo mas o sentido era bem outro. Pobre de espírito, hoje, na visão comum, é alguém que sofre
das faculdades mentais, é retardado ou coisas desse tipo. Humilde de espírito é uma coisa bem diferente.
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João Wesley, em seu sermão nº 21, o primeiro dos treze sermões que tratam do Sermão da Montanha (três
deles, 21, 22 e 23 falam sobre as bem-aventuranças), nos explica bem quem são os “pobres” de espírito: “Sem
dúvida, os humildes; os que conhecem a si mesmos; os que estão convencidos do pecado; os que receberam de
Deus o primeiro arrependimento, – o arrependimento que precede à fé em Cristo”.
A pobreza de espírito, segundo Wesley, implica “que ensaiamos no correr a carreira que nos está proposta;
é o sentimento exato de nossos pecados interiores e exteriores e de nossa culpa e desamparo”. Alguns têm
qualificado essa atitude como “a virtude da humildade”. O citado J.D.Pentecost nos ensina que “humilde de
espírito é aquele de quem foi retirada a base da auto-suficiência; é aquele que cujo coração está ajoelhado. Tal
pessoa caracteriza-se por uma atitude de total dependência”.
A parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14) mostra muito bem a questão. O fariseu, exibindo as suas
“virtudes”, queria ser abençoado pelo que havia “feito para Deus”. Mostrou claramente que não era humilde de
espírito. O publicano, ao contrário, pecador confesso, meio que escondido, clamava: “sê propício a mim, pecador”.
Nada tendo a reivindicar para sua pessoa, lançou-se inteiramente à graça e à misericórdia de Deus. Ali estava um
homem humilde de espírito e Jesus garantiu que ele voltaria para casa justificado. As pessoas humildes de
espírito são felizes porque são abençoadas por Deus.
BEM-AVENTURADOS OS QUE CHORAM, PORQUE SERÃO CONSOLADOS.
Há um antigo provérbio árabe, citado por Barclay, que diz que “se sempre brilha o sol, nós temos um
deserto”. A vida humana não está sempre abençoada por dias lindos de sol. Há dias tristes e sombrios. A dor tem
um lugar insubstituível na vida. Há coisas que só se aprendem mediante a dor. E a dor, seja a de ordem física
como a de ordem moral, normalmente leva às lágrimas. A Bíblia está repleta de situações em que o ser humano
que sofre só tem um caminho, o de chorar. Paradoxalmente, Barclay chama esta bem-aventurança de “a
felicidade dos angustiados”.
A dor pode resultar em grandes descobrimentos na vida. É ao sofrê-la que se descobre quais são as
coisas importantes e as que não são. É no meio da dor que alguém descobre se sua fé é um simples adorno da
vida ou o fundamento essencial do qual depende sua vida inteira. É no meio da dor que se descobre a Deus.
O salmista chora diversa vezes mas reconhece que “aos que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão.
Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 126.5-6)
Jeremias é outro grande derramador de lágrimas, sendo apelidado de “o profeta chorão”. Vale a pena ler Jr 9.1.
O livro de Atos e as cartas paulinas mostram muitos episódios em que Paulo tem acessos de choro, como
se pode ver em At 20.31 e 2 Tm 1.3-4.
Compadecido de Maria e Marta pela perda de seu irmão Lázaro, Jesus chorou (Jo 11.35). Nesse episódio,
ao encontrar-se com Marta, Jesus proferiu um de seus mais importantes pensamentos: “Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jô 11.25). Mesmo que Lázaro não tivesse sido ressuscitado,
porque a morte e a separação fazem parte da vida, não podemos deixar de reconhecer que essa palavra de Jesus
é de consolo.
A promessa desta bem-aventurança é que os que choram serão consolados. Davi dizia que “ao anoitecer,
pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5). Jesus, por sua vez, ao falar da missão do Consolador,
nos diz que choraremos e nos lamentaremos, que ficaremos tristes, mas a “nossa tristeza se converterás em
alegria” (Jo 16.20). E ele ratifica tudo isto no versículo 22, ao dizer: “o vosso coração se alegrará, e vossa alegria
ninguém pode tirar”. Como nos garante a Bíblia, “(Deus) enxugará dos olhos toda lágrima” (Ap 21.4). Bemaventurados os que choram porque receberão o consolo que vem de Deus.
BEM AVENTURADOS OS MANSOS , PORQUE HERDARÃO A TERRA.
Normalmente, ser manso pode ser um sinônimo de ser covarde, medroso, servil. Ou apático. We sley no seu
sermão 22, nos diz que “a apatia está tão longe da mansidão como da humanidade”. Vejamos o caso de Moisés,
que desafiou o Faraó para que deixasse o povo (de Israel) ir. Não era um pedido, mas quase uma ordem. Depois,
ao descer do Monte Sinai e encontrar o seu povo adorando um bezerro de ouro, “acendendo-se-lhe a ira” (Ex
32.19), quebrou as tábuas e colocou fogo no bezerro de ouro. Moisés era manso? Podemos, pelas aparências
externas, afirmar que não. A Bíblia, no entanto, como se pode ver em Nm 12.3, nos garante que “Era o varão
Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. Moisés era realmente intrépido, seja
na presença do Faraó como liderando o seu próprio povo.
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Ou seja, não se pode confundir mansidão com insensibilidade, já alertava Wesley no citado sermão. Para
ele, “a mansidão cristã não implica em ignorância ou insensibilidade, não pecando nem por excesso nem por
deficiência”. Era Jesus “manso”? Claro que sim, no entanto, tomou de um chicote e expulsou à força os
vendilhões do templo. A mansidão não pode esconder a justa indignação nem pode se acomodar com a injustiça.
Apesar das palavras duras dirigidas aos escribas e fariseus, comparando-os a raças de víboras e sepulcros
caiados de branco,, Jesus não só era manso como recomendava a mansidão: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou
manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo
é leve” (Mt 29.28.30).
BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA PORQUE SERÃO FARTOS
Nós vivemos hoje num mundo em que, apesar da fome que reina em alguns países muito pobres da África,
cujas fotos de crianças esqueléticas que não têm o que comer, e da falta de água potável em algumas outras
regiões do mundo e até do Brasil, o fato real é que nem de leve podemos imaginar a fome e a sede absolutas.
Esta bem-aventuranças fala de fome e sede de justiça.
A justiça, como dizia Wesley, é a imagem de Deus, a mente que havia em Cristo Jesus. Nesse sermão 22,
ele afirma: “A justiça é a reunião num só caráter de todas as inclinações celestiais e santas; decorrendo do amor
de Deus e tendo nesse amor seu fim; amor de Deus como nosso Pai e Redentor e, por sua causa, amor a todos
os homens”.
A fome e a sede são os mais fortes de nossos apetites corporais. T odos reclamam que a justiça está bem
ausente de nossa vida diária. Pelos jornais e televisão, nós vamos acumulando informações sobre a falta de
justiça, ou seja, a presença da injustiça em nossa vida diária. O pior de tudo é que vamos nos acostumando com
isto e perdendo toda a nossa sensibilidade como cristãos. A bem-aventurança nos diz que o nosso desejo de que
a justiça realmente impere deve ser uma verdadeira compulsão, como a sede intensa num dia de sol escaldante
nos leva a ansiosamente procurar pela água, ou o fato de passarmos algumas horas sem nos alimentarmos nos
deixe aflitos para sentarmos à mesa e comermos um prato de comida.
Há muitas pessoas que experimentam um desejo instintivo de justiça mas, quando chega o momento de se
tomar uma decisão, não estão preparados para o esforço. Não estão dispostas a fazer o sacrifício que exercer a
justiça demanda. Robert Louis Stevenson chamava essa atitude a doença de não querer”. O lendário filósofo do
futebol Neném Prancha dizia que “o jogador deve ir na bola como quem vai para um prato de comida”. Esta é a
atitude de quem quer fazer triunfar a justiça.
Esta bem-aventurança, desse ponto de vista, é a mais exigente e terrível de todas elas. Ela, no entanto, não
apenas exige muito do homem mas também é a que mais consolo oferece. Não é apenas conseguir a presença
da justiça mas lutar por ele, ter fome e sede de justiça. Em sua misericórdia, Deus não nos julga somente por
nossas vitórias mas também por nossos sonhos. Mesmo que não se consiga de todo a justiça que se deseja, o
fato de uma pessoa persegui-la com a sofreguidão da sede ou da fome, não a exclui da promessa da bemaventurança, “porque serão saciados”. Não é quem já tenha alcançado a retidão que é chamado bem-aventurado
mas quem a deseja com fome e sede. Se fosse sópara os que já alcançaram a retidão, ela não atingiria ninguém.
Não é para os que a alcançam mas para os que desejam a justiça.
Por falar em sonhos, podemos nos lembrar do sermão-discurso proferido por Martim Luther King em
Washington cujo título ficou imortalizado: “Eu tenho um sonho”. Aquele sonho de igualdade racial mudou a face do
seu país, os Estados Unidos, e talvez a do próprio mundo. Ele, mais de 40 anos depois do seu sacrifício, de
morrer de “sede e fome de justiça”, ainda está modificando o mundo.
BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS, PORQUE ALCANÇARÃO MISERICÓRDIA
Esta bem-aventurança pode se chamada de “a perfeita simpatia”, como sugere Barclay. Para Wesley, no
sermão 22, “os misericordiosos, no sentido pleno da palavra, são que amam ao próximo como a si mesmos“. Essa
palavra usada por Jesus se refere a um coração terno e compassivo.
Relembrando 1 Co 13, Wesley nos diz: “em razão da grande importância desse amor – sem o qual , ´ainda
que falemos a língua dos homens e dos anjos, ainda que tenhamos o dom de profecia e conheçamos todos os
mistérios e toda a ciência; ainda que tenhamos toda a fé, a ponto de remover montes; ainda que distribuamos
todos os nossos bens para o sustento dos pobres e entreguemos o nosso próprio corpo para ser queimado – nada
nos aproveita´, a sabedoria de Deus dele nos deu, pelo apóstolo Paulo, uma clara e especial definição, de modo
que pudéssemos discernir mais lucidamente quais sejam os misericordiosos que alcançarão misericórdia”.
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A palavra misericórdia, que pode ser um sinônimo de bondade, é uma das palavras mais ricas da Bíblia.
Dezenas de vezes a expressão “porque a misericórdia de Deus dura para sempre” é repetida na Bíblia. Só no
Salmo 36, ela é repetida 26 vezes.
A misericórdia pertence a Deus. Jesus ensinou isto em Lc 6.36: “sede misericordiosos, como também é
misericordioso vosso Pai”. Misericórdia é a graça amorável de Deus em ação. É a resposta de Deus à
necessidade daquele a quem Deus ama. “Ele não ama porque o objeto de sua afeição lhe seja amável e atraente;
ele ama porque amar é inerente à sua natureza”.
BEM-AVENTURADOS OS LIMPOS DE CORAÇÃO, PORQUE VERÃO A DEUS
Davi, no salmo 24, pergunta: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo
lugar” (verso 1 e 2). Ele mesmo responde: “o que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega sua alma à
falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do Senhor a bênção e a justiça do Deus de sua salvação” (versos 4
e 5). Essa perplexidade de Davi ao sentir a sua própria indignidade e julgar-se não merecedor da graça de Deus,
tem sua resposta clara em Is 59.1: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar, nem
surdo o seu ouvido, para não poder ouvir”. Vale a pena dar uma olhada no capítulo 55 de Isaías.
O profeta Ezequiel descreve a promessa de Deus: “Aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados”
(Ez 36.25); “vós sereis o meu povo e, e eu serei o vosso Deus” (Ez 36.28).
A promessa desta bem -aventurança nos traz uma certa inquietação e é preciso tirar qualquer dúvida que
uma possível interpretação literal do verbo “ver” possa criar. Davi sonha em “ver” Deus. “Eu, porém, na justiça
contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança”. Na Bíblia temos outros relatos
expressando o desejo de ver Deus “face a face”. Moisés pede a Deus para ver a sua face e a resposta é não:
“Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Ex 33.20).
Ver a Deus, porém, não é vê-Lo literalmente, com o olho físico. Isto não é possível. “Ninguém jamais viu a
Deus” (Jo 1.16).
Na realidade, ver a Deus significa chegar a um conhecimento pleno de Deus. É o que expressou Paulo
quando disse: “Agora vemos como um espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em
parte; então, conhecerei como também sou conhecido”. (I Co 13.12). Ver a Deus significa chegar a uma profunda
amizade por amor. O gozo mais elevado do amor é estar na presença do ser amado.
A pessoa cujo coração tem sido purificado em Jesus e pelo Espírito de Deus, aquela cujos motivos,
pensamentos, emoções, desejos, são absolutamente puros, a ela se lhe dará nada menos que ver a Deus. Aqui
temos em Jesus Cristo um caminho novo na presença de Deus. Daqui em diante o véu rasgado nos revela a Deus
tal qual é, se nos tivermos mantidos puros em sua graça. Então a busca de conhecimento terá sua resposta e o
desejo de amor será satisfeito na presença de Deus.
(ilustração de Jesus ensinando as bem-aventuranças aos seus discípulos)
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BEM AVENTURDOS OS PACIFICADORES, PORQUE SERÃO CHAMADOS FILHOS DE DEUS
Esta bem-aventurança não contempla as pessoas que apenas amam a paz mas as que fazem a paz. Podese ser pacífico e não ser um pacificador. A bem-aventurança premia os que promovem a paz, os que lutam para
que haja paz. Os que realmente derrubam barreiras. Jesus veio para promover paz na terra. Nesta bemaventurança ele reparte a tarefa conosco. Temos que promover a paz. Paz entre o homem, pecador, e Deus, paz
entre um homem e outro homem, paz entre as nações. E não podemos nos esquecer de promover paz na própria
natureza, essa maravilha da criação divina que está ameaçada pelos próprios seres humanos aos quais foi
destinada.
A recompensa para os que promovem a paz, de acordo com esta bem-aventurança, é serem chamados
filhos de Deus. Isto significa serem reconhecidos como filhos de Deus. Essa bem-aventurança poderia ter sido
redigida assim: “bem-aventurados os que fomentam boas relações em todas as esferas da vida, pois suas obras
são como as de Deus”.
Algumas vezes no Novo Testamento, Deus é chamado de “o Deus da Paz”( Rm 16.20, Fp 4.9, 2 Co 13.11,
1 Ts 5.23, Hb 13.20-21). Ninguém está mais apegado a Deus do que aquele que dedica sua vida a trazer a paz
entre os homens e ninguém é Mais feliz do que ele. Não é de outra coisa que Paulo nos fala em 2 Co 5.18-19, ou
seja, ao mencionar o ministério da reconciliação: “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo
por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação {de sermos pacificadores}, a saber, que Deus estava
em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a
palavra de reconciliação”.
Se quisermos ser reconhecidos como filhos de Deus, temos que ser promotores da paz.
BEM-AVENTURADOS OS PERSEGUIDOS POR CAUSA DA JUSTIÇA, PORQUE DELES É O REINO DE
DEUS. BEM-AVENTURADOS
SOIS QUANDO, POR MINHA CAUSA, VOS INJURIAREM, E VOS
PERSEGUIREM, E, MENTINDO, DISSEREM TODO MAL CONTRA VÓS.
Wesley, no sermão 23, pergunta: “quem são os perseguidos?”. Ele mesmo responde: “são os justos, os que
´são nascidos do Espírito´, os que desejam viver piamente em Cristo Jesus´, ´os que passaram da morte para a
vida´, ´os que não são do mundo´, todos os que são “mansos e humildes de coração”, que ´choram por Deus´,
todos os que amam a Deus e o próximo e, que, por esta razão, fazem todo o bem a todos os homens´.
Ele ainda pergunta: “por que são perseguidos? Por causa da justiça”, ´porque são justos, porque são
nascidos do Espírito, porque não são do mundo´.
Finalizando, Wesley pergunta: “quem são os perseguidores?”. A resposta é de São Paulo: “o que é nascido
da carne, todo aquele que não é “nascido do Espírito”, todos os que não se esforçam para “viver em Cristo Jesus”,
todos os que não “passaram da morte para a vida”. Wesley diz que a razão disto é clara: o espírito que há no
mundo diretamente se opõe ao Espírito que é de Deus.
Damos graças a Deus porque hoje, com raras exceções neste mundo, a Igreja e os seus fiéis não sofrem
mais perseguição como nos primeiros séculos. Quase ninguém é hoje ameaçado em sua vida ou na sua
incolumidade física por adotar o Evangelho redentor de Jesus como opção de vida. Não podemos nos esquecer,
no entanto, de um outro tipo de “perseguição”, que não nos mata nem nos fere, nem nos tortura. A indiferença
religiosa, o desamor ao próximo, a falta de luta pela implantação da justiça, os interesses materiais, que acabam
sendo uma prioridade na vida de tanta gente, a não- criação dos filhos na Igreja, o comodismo e muitas coisas
mais, presentes no mundo moderno, são formas veladas de perseguição, que nos alienam de Deus e nos
impedem de viver uma vida plena na presença de Jesus Cristo. Com isto, perdemos a qualidade de vida que
Jesus nos oferece: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância”. Sem esse tipo de vida, que Jesus nos
oferece, nós passamos, como diz o poeta, “pela vida em brancas nuvens”. O castigo o poeta fala no final: o que
assim procede, “só passou pela vida, não viveu”.
Terminando, as bem-aventuranças, esse verdadeiro manual para uma feliz, na presença constante e
amorosa de Cristo Jesus, não são apenas um texto bonito encravado nas páginas da Bíblia. Elas são para serem
vividas intensamente no nosso dia-a-dia. Quem observa aqueles preceitos alcançarão exatamente o que elas
pretendem, a felicidade pessoal.
No meio da multidão, uma mulher se acercou de Jesus e, entusiasmada com sua palavra, lhe disse: “Bem
aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram”. A resposta de Jesus foi pronta e incisiva:
“Antes, são bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” (Lc 11.26.27).
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Lição nº 10
Para o dia 07 de março de 2010
JESUS E A ORAÇÃO DO PAI NOSSO
Mateus aproveita o tema da oração para inserir o Pai-Nosso, contrapondo a oração cristã à oração dos
fariseus e dos pagãos.
1 - ANALISANDO O TEXTO DA ORAÇÃO DO PAI NOSSO
Diferentemente das orações do fariseu e do pagão, Jesus ensina que a oração do Pai nosso mostra a
simplicidade e intimidade do homem com Deus. Na primeira parte, pede-se que Deus manifeste o seu projeto de
salvação; na segunda parte, pede-se que o essencial para que o homem possa viver segundo o projeto de Deus:
pão para o sustento, bom relacionamento com os irmãos e perseverança até o fim.
O Pai nosso traz o espírito e o conteúdo fundamental de toda mensagem, espiritualidade e oração cristã.
Pai Nosso – Diferentemente do que se pregava e do que se acreditava Deus era Abba (paizinho), um Pai de
amor bem próximo dos seus filhos. Esta oração se faz na intimidade filial com Deus que é Pai.
Que estás nos Céus – Deus está na terra, na história, na vida das pessoas a ponto de ser Deus Emanuel
(Deus conosco), mas não nos enganemos, ele é também Deus eterno, que transcende (maior que) a história
humana.
Santificado seja o teu nome – Embora Deus e seu nome já sejam santo, não dependendo de nós nem de
ninguém para tornarem-se santos, Jesus nos ensina a orar para que o nome do Pai seja santificado (ou seja,
reconhecido) por todos.
40
Venha a nós o teu Reino – Jesus nos trouxe a promessa, a bênção e a alegria do Reino de Deus. O Reino e
o governo de Deus já estão em nós e entre nós. Jesus nos ensina a orar pedindo que esse Reino, e o governo de
paz e justiça que ele trará, sejam plenos entre nós. Orar “venha o teu reino” é orar para que a justiça e o amor
divinos se manifestem. É o mesmo que orar “Maranata”.
Seja feita a tua vontade assim na terra como no Céu – Que a vontade de justiça, paz e amor que governam
o Céu, possam igualmente governar a terra e toda criação. Só pode orar esse pedido quem antes colocou-se
debaixo do senhorio de Deus, comprometendo-se a testemunhar o Evangelho, e a sinalizar a chegada e a
implantação do Reino de Deus.
O Pão nosso de cada dia nos dai hoje – Aqui é orar pela proteção e socorro de Deus. Por que orar para
receber hoje o pão de cada dia? Porque estamos orando para que na vida de cada dia , que o Senhor nos dê vida
plena, o pão de amanhã.
E perdoa-nos as nossas dívidas assim como temos perdoado aos nossos devedores – Podemos confiar no
perdão de Deus quando o pedido de perdão vem, de fato, de um coração desejoso de perdão e realmente
arrependido de seu pecado. Mas como isso pode ser concretamente avaliado? Jesus indica o sinal mais valioso
para isso: quando há verdadeira conversão e real desejo de viver reconciliado com as demais pessoas. Por isso o
perdão ao devedor é tão importante para que possamos também receber o perdão de Deus. Não há como estar
bem com Deus se não estivermos bem com o nosso próximo. Ninguém ama a Deus se não ama o próximo e se
não está reconciliado com o seu próximo. Que o Senhor nos perdoe como nós repartimos o perdão.
E não nos deixe cair em tentação – Que Deus não nos deixe abandonar o caminho de Jesus. Que Ele nos
anime, encoraje, fortaleça e sustente para que possamos perseverar até o fim. E diante das tentações, que
possamos ser vencedores e recebermos as recompensas divinas reservadas aos vencedores.
“A cláusula final da oração do Pai Nosso — pois teu é o reino, o poder, e a glória para sempre — vem entre
colchetes nas Bíblias editadas pelos protestantes e é excluída nas traduções católicas. Acredita-se que seja um
acréscimo tardio da igreja primitiva (os melhores textos não a incluem como parte da oração original de Cristo),
porque algum pai da igreja buscou interpretar a sentença anterior a ela: “Não nos deixe cair em tentação, mas
livra-nos do mal.” Por isso, acrescentou: “Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém.” Sua leitura,
corretíssima, foi de que o mal a que Jesus se referia era a tentação de roubar de Deus o seu reino, sua glória e
seu poder. Uma lição que deveria ser aprendida por todos os cristãos, principalmente os líderes. O culto à
personalidade sutilmente fomentado no cristianismo ocidental esquece que o pecado original, na tentação de
Lúcifer, era a cobiça do reino, poder e glória, que só pertencem a Deus”, escreve Ricardo Gondim, no seu artigo
Construtores
anônimos
da
história
(http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=1 749).
2 - TAREFAS:
a) Leiamos Mateus 6:5-6.
Aqui Jesus censura a oração feita hipocritamente pelos fariseus. Por que?
b) Leiamos agora Mateus 6:7-8.
Nesse texto Jesus está censurando a oração dos pagãos. Por que?
c) O que a oração do Pai Nosso nos ensina em termos de oração e também em termos de espiritualidade
(relação com Deus)?
O PAI NOSSO PARA ORAR, SEGUNDO RUBEM ALVES
Pai-Nosso… Pai… de olhos mansos, sei que estás invisível em todas as coisas.
Que o teu nome me seja doce, a alegria do meu mundo. Traze-nos as coisas boas
em que tens prazer: os jardins, as fontes, as crianças, o pão e o vinho, os gestos
ternos, as mãos desarmadas, os corpos abraçados…
Sei que desejas dar-me o meu desejo mais fundo, desejo cujo nome esqueci…
mas tu não esqueces nunca. Realiza pois o teu desejo para que eu possa rir.
Que o teu desejo se realize em nosso mundo, da mesma forma como ele pulsa em
ti. Concede-nos contentamento nas alegrias de hoje: o pão, a água, o sono…
Que nossos olhos sejam tão mansos para com os outros como os teus o são para
conosco. Porque, se formos ferozes, não poderemos acolher a tua bondade.
E ajuda-nos para que não sejamos enganados pelos desejos maus.
E livra-nos daquele que carrega a morte dentro dos próprios olhos. Amém.
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Lição nº 11
Para o dia 14 de março de 2010
Texto do Pastor Luciano Pereira Vergara
JESUS E O JULGAMENTO FINAL
1- Introdução
É comum as pessoas em geral terem idéias equivocadas acerca do juízo final, já que elas são alimentadas
pelo folclore religioso e pela imaginação popular. Talvez o mais emblemático é pensar que, quando alguém morre,
toma um longo corredor ou uma escada bem alta e depara, no céu, com um burocrático “São Pedro”, que indica a
quem lá chega, além dos adereços típicos dos habitantes do além, com um tribunal. Onde ouvirá a sentença
lavrada a partir dos pecados e virtudes registrados num livro enorme. Outra, popularizada por certo folheto
evangelístico intitulado “Esta foi a sua vida”, mostra o indivíduo perante o trono de Deus num enorme pátio e para
ele será exibido uma espécie de “filme” que narra todas as suas ações. Ambas as representações incorrem no
reducionismo maniqueísta, com “bonzinhos” de um lado e perversos, do outro, porque fazem uma leitura literalista
da Bíblia.
Mas é estudado cuidadosamente a Palavra de Deus que chegamos a uma compreensão mais
inegável e inevitável juízo divino, perante o qual todos ouviremos Jesus pronunciar a nossa definitiva
se tivermos vivido em comunhão com Jesus, ou a reprovação, caso tenhamos negligenciado ou
bênção que o Senhor nos reservou. Por isso, é recomendável atentar para as passagens bíblicas
desse tema.
madura do
aprovação,
rejeitado a
que tratam
Os textos de Mt 25.31-46; 1 Co 3.10-15; Rm 14.10, 12; 2 Co 5.9-10; Jo 3.18; 2 Ts 2.12; Ap 20.11-15 são
algumas das referências bíblicas alusivas ao julgamento de todos os seres humanos, de acordo com suas obras.
Neste estudo, eles fornecem a primeira camada de noção do juízo de Deus.
Esse julgamento alcança tanto os remidos, isto é, as pessoas salvas pela fé depositada no sacrifício de
Jesus – sua morte expiatória em lugar dos pecadores – cravado a uma cruz no Calvário, quanto os condenados,
isto é, aqueles que rejeitaram a oferta da graça divina de amor, perdão e comunhão com Deus pela eternidade.
2 - A segunda vinda de Cristo
Conforme o Novo Testamento, está prevista a volta de Jesus ao mundo em uma época futura que nunca se
pôde definir. Alguns textos que tratam do assunto se acham em Mt 24.20-47; Lc 12.36; 21.34; At 1.11; 1 Co 15.52;
Ap 1.7; 22.20. O retorno de Jesus Cristo a este mundo é chamado pelos teólogos de parousia, palavra grega que
pode significar presença ou vinda. A volta de Jesus para se encontrar com sua Igreja também é referida como o
Segundo Advento. Entendê-la é importante se queremos saber mais a respeito do juízo.
Esse advento tem por finalidades: a) fazer separação entre as pessoas (Lc 12.51) conforme a posição
destas em relação a Cristo; b) a ressurreição dos mortos (Jo 5.28-29; Jo 6.39-40, 44; 1 Co 15; 1 Ts 4.13-17; Ap
20.13) para consolação final e permanente comunhão com Deus; c) reunir os fiéis a Jesus (1 Ts 4.17; 2 Ts 2.1)
42
por meio do arrebatamento; d) a transformação dos salvos por Cristo (1 Co 15.50-54; 1 Jo 3.2; Fp 3.20-21),
resgatando-se a plena semelhança com Deus e a glória antes comprometida pelo pecado; e) a definitiva e eterna
habitação com Deus (1 Ts 4.17b) e o estabelecimento final de seu Reino na Terra (Ap 20.1-7), para cumprir assim
a predição do último estado do povo de Deus, feita no capítulo 11 do livro do profeta Isaías; f) o julgamento final
dos remidos e dos condenados (as referências bíblicas estão no início desta lição), retribuindo suas obras,
conforme estas tenham sido justas ou não; g) a destruição das coisas tal como as conhecemos neste mundo
marcado por injustiças e formas de opressão, com o estabelecimento de “novos céus e nova terra” (2 Pe 3.10-13;
Ap 21-22), onde os seus habitantes sejam “os que foram inscritos no livro da vida do Cordeiro”; h) que finalmente
“Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.28), reintegrando assim a criação ao papel que Deus lhe havia designado.
3 - O juízo divino
Para entendermos o julgamento final a ser efetuado por Deus devemos nos acercar dos textos que integram
a doutrina escatológica (do substantivo grego eschaton, ‘escáton’, que quer dizer “o fim”). Essa doutrina cristã
trata das coisas que a Bíblia posiciona no fim dos tempos. Também não se pode esquecer a história da Igreja que
em cerca de dois milênios demonstrou como pôs em prática a sua fé, algo relevante para o julgamento.
No fim do período apostólico (primeiro século da era cristã, quer dizer, entre os anos 1º e 100 d.C.), não era
incomum o império romano tratar as minorias com extrema crueldade e não era tolerado que povos subjugados a
Roma deixassem de honrar o imperador, que era visto como uma divindade a ser adorada com incenso e devoção
religiosa. Sob a opressão de Roma, os cristãos muitas vezes padeceram o martírio por confessar lealdade a
Jesus.
Surgiram nesse período vários escritos escatológicos dos quais sobreviveu o Apocalipse de João, cheio de
mensagens de esperança e fidelidade ao Senhor, pois ele recompensaria os que permanecessem fiéis. Depois do
período apostólico, seus discípulos diretos, chamados de Pais Apostólicos, deram prosseguimento à liderança
doutrinária por meio de cartas, estudos e fórmulas confessionais que dessem unidade e consistência à fé
praticada pelos cristãos em igrejas já então espalhadas à volta de boa parte do Mar Mediterrâneo.
Para os cristãos que conheceram essa realidade era muito importante ser contado entre os que não
negassem sua fé, mas a confessassem conforme a doutrina dos apóstolos, sendo por isso recompensados pelo
Mestre. Não se pode perder de vista que o contexto espaço-temporal (economia, pensamento dominante, política,
cultura etc.) de uma comunidade cristã tem influência sobre a consciência que as pessoas em geral têm acerca do
bem e do mal, mesmo estando sob os ditames das Escrituras.
As bases para a confissão cristã estão em ambos os testamentos da Bíblia. Assim, lê-se, em Salmos 96.13,
que Deus “vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça, e os povos, consoante a sua fidelidade” e, em
Eclesiastes 3.17, que “Deus julgará o justo e o perverso”. No cânon do Novo Testamento, temos o registro de
Lucas no livro de Atos 17.31: “porquanto Deus estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça...” e
Paulo menciona, em Romanos 2.16, um dia de juízo de todo o mundo, quando Deus irá, “por meio de Jesus
Cristo, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho”.
A Bíblia chama ainda esse dia de julgamento de: “o dia da calamidade” (Jó 21.30), “dia da ira” (Rm 2.5; Ap
6.17), “revelação do justo juízo de Deus” (Rm 2.5), “dia de juízo e perdição dos homens ímpios” (2 Pe 3.7),
“julgamento do grande dia” (Jd 6). Nas Escrituras, encontramos que será Cristo o presidente desse juízo (Jo 5.22,
27; Rm 14.10; Ap 20.4 etc.). É importante dizer que, durante o juízo, os crentes – os santos de Deus – se
assentarão ao lado de Cristo (1 Co 6.2; Ap 20.4). Ele se dará na vinda (a parousia) de Jesus (Mt 25.31; 2 Tm 4.1).
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Uma passagem da Bíblia nos alerta para o cuidado de não confundirmos os propósitos e efeitos do juízo
final com o comparecimento obrigatório diante do tribunal de Cristo. Demonstrando a tese de sua própria
divindade, Jesus discursa aos judeus que o perseguiam em Jerusalém, dizendo, entre outras, que “quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a
vida” (Jo 5.24, ver todo o contexto do capítulo, especialmente desde o verso 20 ao 47). Isso indica que, em certo
sentido, os discípulos de Jesus não são sofrem o mesmo juízo que os descrentes, pois ele lhes dá a garantia de
que já superaram o risco da morte. Pessoas crentes, nascidas em espírito pela fé no Salvador em resposta à
graça divina, não precisam temer a condenação; o seu temor é reverencial, e não, pavor da justiça. Romanos 8.1
assim assinala: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, [que não andam
segundo a carne, mas segundo o Espírito]”*.
*A parte final deste verso não se encontra nas versões traduzidas dos originais dos códices Alexandrino e
Latino, mas somente no códice Imperial, versão ancestral comum nas igrejas da Ásia (atual Turquia) e sustentada
por muitos mártires cristãos do passado.
Em sua abrangência, o juízo tratará de todas as nações (Mt 25.32), todos os homens (Hb 9.27; 12.23),
pequenos e grandes (Ap 20.12), justos e injustos (Ec 3.17), vivos e mortos (2 Tm 4.1; 1 Pe 4.5) e incluirá também
todos os atos (Ec 11.9; 12.14; Ap 20.13), palavras (Mt 25.36-37; Jd 5), pensamentos (Ec 12.14; 1 Co 4.5) e
ninguém pode vencê-lo (Sl 130.3; 143.2; Rm 3.19), salvo os santos (homens e mulheres que confessam Jesus
como seu salvador pessoal), conforme Romanos 8.33-34. Cristo os reconhecerá como seus (Mt 25.34-40; Ap 3.5)
e eles serão galardoados (2 Tm 4.8; Ap 11.18). Aqui, galardão significa entrar no gozo das ricas promessas de
Deus, sem fazer distinções.
4 - O valor da experiência da fé e da graça para a certeza da salvação
Diversas vezes em seus sermões, João Wesley frisou a necessidade de uma fé autenticada por uma
experiência com Deus, ou seja, não apenas se dizer cristã, ou cristão, mas praticar a obediência ao Senhor com a
marca da graça e do amor.
De algum modo, a conduta é um dos critérios do juízo divino: “... importa que todos nós compareçamos perante o
tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5.10).
Assim, com base nessa fé e no convívio espiritual com Deus e seus filhos e filhas, nosso procedimento produz
argumentos contra ou a favor de nós mesmos para quando comparecermos diante do Juiz.
Mas é sempre bom lembrar de que quem recebeu a promessa de vida eterna não deve temer a condenação
do inferno. Desde que escolhemos seguir a Cristo e nos identificamos com ele mediante fé e arrependimento, o
juízo não será condenatório, e sim, para confirmar o galardão celeste, pois “... o vencedor, de modo nenhum,
sofrerá dano da segunda morte” (Ap 2.11b). No contexto do Apocalipse, “vencer” significa permanecer fiel mesmo
em face das tentações e perseguição, pelo que os vencedores não incorrem na “segunda morte”, ou seja, as
conseqüências do “lago de fogo e enxofre” mencionado em 21.8.
Mas quem, eventualmente, tiver dado menor importância à conduta e testemunho pessoais, será salvo
“através do fogo”: “se permanecer a obra de alguém... esse receberá galardão... será salvo... como que através do
fogo” (1 Co 3.14-15). E quem nunca aprendeu acerca dos estatutos divinos terá julgamento especial: “... os
gentios que não têm lei... servem eles de lei para si mesmos... a norma da lei gravada nos seus corações...
mutuamente acusando-se ou defendendo... no dia em que Deus... julgar os segredos dos homens...” (Rm 2.1416).
5 - Bibliografia consultada:
A Bíblia Vida Nova. Traduzida por João Ferreira de Almeida, versão Revista e Atualizada. Edições Vida Nova e
Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.
Antologia teológica. Ferreira, Júlio A. (organizador). Editora Cristã Novo Século, 2003.
Cinco perspectivas sobre a santificação.
Stanley Gundry (editor). Editora Vida, 2006.
Conspiração mundial. Mary Schultze. Universal Produções, 2000.
Dicionário Vine. W.E. Vine, Merril F. Unger, William White Jr. CPAD, 2a edição, 2003.
Fundamentos da teologia armínio-wesleyana. Mildred B. Wynkoop. Casa Nazarena de Publicações, 2004.
Introdução ao estudo do Novo Testamento . Broadus David Hale. Editoras Hagnos e Juerp, 2001.
Manual bíblico. Henry H. Halley. Edições Vida Nova, 1994.
Nuevo léxico griego-español Del Nuevo Testamento. George F. McKibben. Casa Bautista de Publicaciones, revis.
1963.
Teologia do Novo Testamento. Leonhard Goppelt. Editora Teológica, 2003.
Teologia do Novo Testamento. I. Howard Marshall. Edições Vida Nova, 2007.
Teologia sistemática. Franklin Ferreira e Allan Myatt. Edições Vida Nova, 2007.
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Lição nº 12
Para o dia 21 de março de 2010
Texto de Urbano Fernandes da Mata
A ÚLTIMA CEIA E A TRAIÇÃO DE JUDAS
1 - Leitura Bíblica: 1Co 11.23-29
2 - A ceia:
A ceia do Senhor foi instituída num dos momentos mais dolorosos da vida de Jesus. Naquele lugar é
anunciada a traição de um de seus discípulos e Ele está apenas há algumas horas do momento mais difícil de sua
vida, enquanto seus discípulos não entendiam bem o que estavam presenciando, as lutas e dores que Jesus vivia
naquele momento. Naquela páscoa onde os judeus lembravam-se da saída do povo do Egito tivemos a nossa
salvação anunciada e celebrada, como nunca antes havia acontecido. O Senhor fez ali uma aliança de vida
conosco, sua morte estava sendo anunciada aos seus discípulos, e essa morte iria gerar para nós vida eterna e
paz com Deus. (Isaías: 53.5)
O PÃO e o VINHO são símbolos específicos no seu significado e apontam para os fundamentos da fé cristã.
O pão “meu corpo” e o vinho “meu sangue” representam o sacrifício feito por Jesus na cruz, (Hb 10.5) “um corpo
me formastes” por que o sangue de animais não era suficiente para pagar o preço de nosso pecado. Esse preço
tinha que condenar o pecado na carne, (Rm 8.3,4) e assim não andamos segundo o desejo da carne e sim do
Espírito. Homens e mulheres que no Senhor alcançam misericórdia e vida plena com Deus através de Jesus
Cristo. Seu sacrifício não foi imposto e sim voluntário, (Fp 2.7,8) e foi valioso mais do que todas as riquezas (1Pe
1.18-20).
3 - A traição: Lc 22.1,6
Se estava profetizado que Jesus seria traído e entregue à morte, não estava profetizado em lugar algum
que o traidor seria Judas Iscariotes. O traidor poderia ter sido qualquer outra pessoa. Judas não estava
predestinado a ser o traidor de Jesus. Pois senão, ele ao trair Jesus não teria feito outra coisa senão a vontade de
Deus, e seria como os demais homens e mulheres que fazem a vontade de Deus, um crente fiel a Deus e salvo do
poder do pecado. Ou então poderíamos cair na tentação de afirmar que Judas estava predestinado à perdição
eterna pelo próprio Deus ao trair Jesus. O que não podemos aceitar em hipótese alguma.
Judas traiu Jesus consciente e deliberadamente. Não por predestinação divina, mas por opção. Certamente
teve seus motivos. Alguns estudiosos dizem que ele traiu Jesus porque sentiu-se traído por Jesus. Judas ao
começar a seguir a Jesus pensou que Jesus fosse o Messias, um revolucionário que haveria de liderar uma
45
grande revolta contra os estrangeiros (romanos) dominadores. Mas quando Jesus disse que o Reino dele não era
deste mundo, foi a gota d’água. Como os evangelhos foram escritos quase 30 anos após a morte de Jesus, ao
serem escritos, o autor já bem conhecedor da história da traição, ao mencionar o nome de Judas, mesmo que
bem antes da data da traição, sentencia: “aquele que haveria de trair Jesus”.
Tal como Judas, ninguém peca ou abandona a fé por predestinação, mas por falta de vigiar e orar para não
cair em tentação. Jesus diz, por exemplo, que no final dos tempos o amor de muitos esfriaria, mas lá na profecia
não consta o nome de ninguém. Mas o amor de todo aquele que não vigia e ora vai esfriar, não por causa da
profecia, mas por causa da falta de fé, de oração, de obediência à vontade de Deus.
Quando vejo a atitude de Judas, logo penso; O que levaria a um homem escolhido pelo próprio Jesus para
ser um de seus discípulos, um escolhido entre tantos para uma missão tão nobre e privilegiada, a traí-lo de
maneira tão vil como ele o fez? Será que seria possível que nós também pudéssemos traí-lo? Lembro que Judas
andava com Jesus. Era tão confiável que se tornou tesoureiro do grupo e Jesus pessoalmente o escolheu para a
função. Jesus lavou os seus pés deixou que molhasse o pão em seu próprio cálice e o tornou seu tesoureiro.
Contudo esse seria exatamente o homem que iria trair Jesus no Jardim do Getsêmane com um beijo (Lc 22.48). E
o que se passou na mente de Judas após essa cena? O remorso e a vergonha podem ter tomado conta dele,
quando vai até aos sacerdotes devolver o dinheiro, ou quando deu fim em sua vida.
Mas não foi só Judas que traiu a Jesus. Quando seus discípulos souberam que um deles iria trair a Jesus
iniciaram uma discussão para ver quem dentre eles era o maior. Depois disso após a prisão de Jesus o apóstolo
Pedro nega a Ele três vezes. No texto lido a palavra diz que “Satanás entrou em Judas”. Creio então que a
resposta para essa questão está nesse ponto: Como Satanás poderia entrar em Judas? A resposta é simples,
com a permissão do próprio Judas. Lembramos que Jesus foi levado para o deserto para ser tentado por Satanás,
e em tudo que lhe foi oferecido pelo inimigo, Jesus optou por ser fiel a seu chamado, fiel a Deus.
(ilustração das 30 moedas pagas a Judas pela as traição, o preço de um escravo)
Satanás estava por trás das cenas, aguardando a oportunidade e seguindo todos os movimentos. A
estratégia dele era encontrar um traidor, alguém próximo de Jesus, alguém em quem Ele confiasse. Alguém que
estivesse sob os seus cuidados. Mas teria de ser alguém inclinado à cobiça, alguém que ele pudesse atrair e
enfraquecer, plantando perguntas e dúvidas em sua mente. Então poderia possuí-lo e torná-lo traidor. Nós temos
que guardar nosso coração dessa ação e sempre fazer um exame em nossa consciência. E que grande bênção é
a Ceia do Senhor. É nesse momento que o Senhor nos traz uma oportunidade de nos examinarmos e
encontramos em Cristo conforto e refúgio. Amém.
4 - Para refletir:
a) Somos conscientes da inclinação de nossos corações e estamos prontos a combatê-lo em favor de uma
vida de comunhão plena com Deus?
b) Quando examino minha vida antes da Ceia do Senhor, devo também examinar as tendências do meu
coração?
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Lição nº 13
Para o dia 28 de março de 2010
Texto de Suely Peixoto de Mattos
O JULGAMENTO INJUSTO E A CRUCIFICAÇÃO
1 - Leitura Bíblica: João 8: 1-11
Lucas 23: 8-12
2 - Leituras semanais: Lucas 22: 1-6; 23: 8-25
Mateus 26: 57-68
Marcos 15: 1-15
João 18: 12-14; 19-24
João 19: 1-16
3 - Objetivo do estudo: Refletir sobre: - o sentido do sacrifício de Jesus;
- o julgamento injusto de acordo com a legislação da época;
- as conseqüências deste episódio para os cristãos;
4 – Desenvolvimento da lição:
Vamos estudar um assunto que vai fazer com que reflitamos sobre o Julgamento de Jesus que aconteceu
de forma injusta e fora dos padrões da época.
Jesus foi julgado como homem, diante de uma corte de homens, sob as leis dos homens, condenado e
executado como homem. Alguns poucos homens poderosos em Israel foram os responsáveis pela injustiça que
ocorreu. Vejamos alguns fatos:
pela lei Judaica o réu não poderia ser condenado, por um crime capital, baseado no testemunho de menos
de duas pessoas;
pela lei Rabínica o acusado tinha o direito a um defensor. No caso de não poder pagar, este defensor
poderia ser escolhido para ele;
pela lei Mosaica um acusado não poderia ser obrigado a testemunhar contra si mesmo;
de acordo com a regra todo réu é inocente até que provem sua culpa;
um acusado de crime capital só podia ser julgado de dia e em público;
nenhuma evidência poderia ser apresentada se o acusado não estivesse presente.
O Grande Sinédrio (a Suprema Corte Judaica) era a única com jurisdição sobre crimes puníveis com a
morte. Os membros do Sinédrio atuavam como juízes e jurados, e era encarregado, sob a lei rabínica, de proteger
e defender o acusado. A lei permitia que a corte desse ao acusado o “benefício da dúvida” e ajudar a provar sua
inocência.
O julgamento era parecido com o que acontece hoje. Depois da
audiência preliminar, um resumo das evidências era dado por um dos
juízes. Os espectadores eram retirados do tribunal e os juízes votavam.
Uma maioria era suficiente para condenar ou absolver. Se a maioria
votasse pela absolvição, o julgamento terminava e o réu recebia liberdade
total. Se a maioria votasse pela condenação, um procedimento diferente
se seguia: a corte tinha que adiar a decisão por um dia inteiro. No
segundo dia, o juiz que absolvesse não podia mudar seu voto, mas o que
condenasse poderia mudar o voto. Enquanto isso, o acusado era
considerado inocente.
Como Israel era uma Teocracia com Igreja e Estado entrelaçados,
muitos acreditam que os altos sacerdotes ordenaram a prisão e o
julgamento ilegal de Jesus, que eles subornaram Judas, pois se sentiram
ameaçados pelos ensinamentos de Jesus e buscaram a sua morte.
A prisão é considerada ilegal por ter ocorrido à noite, em violação à lei, pois não foi resultado de um
mandado legal e sim através das atividades do conspirador Judas.
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O julgamento noturno é a evidência de conspiração contra Jesus por esses sacerdotes – sob a lei do
Sinédrio primeiramente deveria ter tido uma audiência prévia com a apresentação das acusações para o réu, em
corte aberta. De acordo com os Evangelhos, não houve audiência prévia – Mateus, Marcos, Lucas e João são
testemunhas com credibilidade.
Surgiram, então, duas testemunhas: a primeira o acusou de blasfêmia quando Jesus disse: “Eu sou capaz
de destruir o Templo.” E a segunda afirma que Jesus havia dito: “Eu vou destruir esse Templo.”
Estas testemunhas não concordavam entre si – Jesus deveria ter sido considerado inocente.
Caifás invocou para que se defendesse, porém, Jesus ficou calado. Ao invés de ter sido defendido e
protegido, foi acusado pelas autoridades. Os sacerdotes perguntaram mais uma vez – “És tu o Filho de Deus?” Ao
que respondeu – “Vós dizeis que eu sou.” Foi considerado falso testemunho. O restante dos homens daquela
corte gritou – “É réu de morte.”
Depois da votação feita, TODOS os juízes o consideraram culpado.
O Sinédrio tinha autoridade para levantar a acusação diante de um magistrado Romano, que tinha que
rever todo o processo. Os sacerdotes, então levaram Jesus perante Pilatos, que pergunta “Que acusação trazeis
contra este homem?” Com esta pergunta Pilatos mostra intenção de agir como um julgamento comum. Sendo
instado a agir de acordo com os sacerdotes, Pilatos irritou-se e revidou: -“Levai-o e julgai-o segundo a vossa lei!”
Neste momento os sacerdotes admitem a injustiça que estavam cometendo.
Pilatos seguia a lei à risca. Teria libertado Jesus se não fosse a persistência dos maldosos sacerdotes. Era
intolerável que todo esse complô fosse frustrado. Acusavam Jesus de sedição ao ensinar por toda Judéia até a
Galiléia. Este motivo era menos odioso do que traição – exigia prova de uma motivação corrupta para a
condenação. Porém, nenhum motivo existira contra Jesus. Pilatos ignorou esta acusação. Como se referiam à
Galiléia viu a chance de transferir a responsabilidade para Herodes (que estava em Jerusalém para a festa da
Páscoa). Jesus era Galileu.
Jesus foi arrastado até o palácio de Herodes onde foram confirmadas as acusações de traição e sedição.
Herodes não se impressionou, pois já conhecia a fama de Jesus e do que Ele ensinava. Jesus, contudo
continuava sem se defender. Assim sendo, Herodes o mandou de volta a Pilatos, sem acusá-lo. Diante dessa
atitude Jesus deveria ser inocentado novamente. Pilatos declarou, então, que iria castigá-lo e soltá-lo.
Que autoridade Pilatos teria para açoitá-lo e libertá-lo? (Lucas 23: 14-16)
Ao contrário do que deveria acontecer Jesus foi confrontado pelos sacerdotes irados, ao que responderam
– “Crucifica-o”.
Pilatos não se sentia seguro para concordar com o que pediam, e os sacerdotes queriam a aprovação de
uma autoridade Romana.
(ilustração de Pônio Pilatos lavando as mãos,
ou seja, omitindo-se e sua omissão matou um inocente)
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Apesar de todas as evidências Jesus foi condenado à morte, em troca de um ladrão e assassino. O restante
desta história já conhecemos. Porém, outro julgamento injusto, também, foi o da mulher adúltera – condenada
pelos fariseus. Levada a Jesus por aqueles que deveriam proteger, ajudar e orientar espiritualmente, são os que a
expõem, a maltratam e a ridicularizam. Jesus presenciou este julgamento e participou de forma surpreendente.
Não cabe aos homens julgar de acordo com seus preceitos. A Bíblia alerta: “não julgueis para que não
sejais julgados”.
5 - Conclusão:
Jesus, como a mulher adúltera, foi julgado desde a primeira audiência, foi acusado de três crimes
separados e o Sinédrio o condenou ilegalmente por blasfêmia, por sedição e por traição ao assumir ser Filho de
Deus. Jesus era uma ameaça. A mulher não foi pega em flagrante adultério, porém foi julgada de maneira
exemplar. Jesus a perdoou e mostrou que todos pecam, não tendo autoridade para julgar nosso próximo sem
piedade e misericórdia.
6 – Questões:
a) Existem julgamentos injustos nos nossos dias?
b) Será que nosso papel é de alertar para a injustiça que vivenciamos e somos vítimas? Como devemos
lutar para que as injustiças não aconteçam perto de nós ou por nós? Como podemos fazer isto?
c) Por que Jesus não fugiu? A Bíblia diz que foi por amor: Ele nos amou até as últimas conseqüências, a
saber, a cruz. Alguns outros, tentando dar um aspecto mais mecânico, diz que foi porque estava
predestinado? Por que a dificuldade de aceitar que alguém – o nosso Senhor e Salvador Jesus – tenha
nos amado tão intensamente e morrido por nós, tenha sofrido a vergonha, a dor e a morte em nosso
lugar?
7 - Glossário:
Caifás – sumo sacerdote judeu que presidiu o processo de Jesus;
Herodes – rei dos Judeus – impôs o seu poder, delegado pelos romanos, com energia brutal;
Pilatos – procurador romano de Judéia;
Sinédrio – Conselho governativo dos judeus durante a ocupação da Palestina;
Sedição – perturbação da ordem pública, crime contra a segurança do Estado, revolta contra autoridade
constituída.
8- Fontes de consulta:
a) Bíblia;
b) Textos:
- “O Julgamento de Jesus – aspectos jurídicos de” . Autor: Hon. Harry Graves, JD. Capturado do site
www.solascriptura-tt.org/cristologia
- “Julgamento e Injustiça”. Autor: Pr. Leandro Silva. Capturado do site: www.canticonovo.blogspot.com
c) Dicionário Enciclopédico Ilustrado Veja Larousse.
FELIZ PÁSCOA 2010!
EQUIPE QUE PREPAROU E/OU COMPILOU AS
LIÇÕES DESSE CADERNO Nº 1
João Wesley Dornellas
Luciano Pereira Vergara
Michelle Paixão
Ricardo Wesley Garcia
Ronan Boechat de Amorim
Suely Peixoto Mattos
Urbano Fernandes da Matta
49
NO PRÓXIMO DOMINGO, DIA 4 DE ABRIL,
DOMINGO DA PÁSCOA DO SENHOR JESUS,
OS ALUNOS(AS) DA ESCOLA DOMINICAL DA
IGREJA METODISTA DE VILA ISABEL
ESTARÃO INICIANDO,
SE ASSIM O SENHOR PERMITIR,
OS ESTUDOS DO
CADERNO Nº 2 – A VIDA E OS ENSINOS DE
JESUS
LEMBRETE
DA NATUREZA E FINALIDADE
Art. 1º - A ESCOLA DOMINICAL é a organização da igreja local que reúne pessoas de todas as idades, membros
da igreja ou não, para fins de educação cristã e funcionará mediante este Regimento.
Parágrafo único: Entende-se como OBJETIVO DA EDUCAÇÃO CRISTÃ: PROPORCIONAR MEIOS para que todas as
pessoas se tornem CONSCIENTES DE DEUS, através de sua auto revelação em Jesus Cristo, e que RESPONDAM
em fé e amor a fim de que possam saber quem são e o que significa sua situação humana, CRESCER, como filhos
de Deus arraigados na comunidade cristã, viver no Espírito de Deus em todas as suas relações, cumprir seu
discipulado no mundo e permanecer na esperança cristã.
DAS ATIVIDADES
Art. 2º - Todas as atividades da Escola Dominical têm como finalidade capacitar homens e mulheres, bíblica e
doutrinariamente, para uma vida plena e o exercício dos dons e ministérios.
§ 1º - A principal atividade educativa da Escola Dominical realiza-se aos domingos, por intermédio de
departamentos com classes.
§ 2º - O programa das atividades da Escola Dominical deve estar em estreito relacionamento com os
Ministérios e Grupos Societários.
Art. 20 - É dever do professor:
1- ter o plano do curso a ser ministrado e material didático com antecedência antes do início do funcionamento de
cada curso.
2 - buscar ser exemplo de vida cristã em atos e palavras, preparando-se em oração antes de cada encontro
dominical
3 - utilizar em classe a literatura determinada pela diretoria da E.D. , estudando com dedicação as lições a ensinar;
4 - interessar-se pela vida de seus alunos, visando ajudá-los a viver cristãmente em todas as suas experiências,
estimulando o estudo da lição durante a semana;
5 - preparar um plano de aula com objetivos, metodologia, recursos, bibliografia e avaliação, para cada aula.
6 - ensinar através de diferentes métodos, buscando sempre a melhor participação do aluno durante as aula;
7 - participar das reuniões de planejamento e avaliação, relatando verbalmente
Art. 22 - Compete ao aluno (a):
1 - Chegar na hora marcada de início da aula,
2 - Preparar-se em oração para cada encontro dominical,
3 - Estudar a lição durante a semana,
4 - Trazer o material (revista) para estudo, sua Bíblia e seu hinário;
5 - Participar das atividades de classe de estudo, bem como da abertura e do encerramento
6 - Não ficar fora da classe de estudo nem em nenhuma atividade paralela;
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7 - Saber o nome, conhecer e manter relações fraternais com os outros alunos da classe,
cultivando a prática da visitação e da intercessão mútua;
8 - Convidar outras pessoas a participar da Escola Dominical e acolher bem os visitantes;
9 - Discutir os temas e assuntos de maneira lúcida e democrática, com espírito de discernimento,
visando o amadurecimento espiritual, a unidade da Igreja e a expansão missionária.
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