Universidade Federal de Pelotas – UFPEL Departamento de Economia - DECON Economia Ecológica Professor Rodrigo Nobre Fernandez Capítulo 2 – O Fundamento Central da Economia Ecológica Pelotas, 2010 2.1 Introdução Será que um dos fundamentos da economia ecológica pode ser entendido como um centro em torno do qual gravitam os demais? 2 1 2.2 Pontos de Partida Os economistas neoclássicos enxergam a economia como um todo; Meio ambiente, biosfera são partes ou setores da macroeconomia; Exemplos: Setores pesqueiro, mineral, agropecuário etc. 3 2.2 Pontos de Partida Os economistas ecológicos vislumbram que a economia é um sistema bem maior; Este é finito e não aumenta; É materialmente fechado; Há um peso determinado para o que podemos chamar de “custo de oportunidade”; O crescimento econômico não se estabelece por si só; Há limites para isto; 4 2 2.3 Metabolismo No processo produtivo da economia são gerados resíduos; A lei da entropia: a degradação energética tende a atingir um máximo sistema isolado, como o universo. Não é possível reverter este processo. Isto quer dizer que o calor tende a se distribuir de forma equivalente por todo um sistema, e calor uniformemente distribuído não pode ser aproveitado para gerar trabalho; 5 2.3 Metabolismo Baixa entropia: Energia e matéria aproveitáveis; Alta entropia: energia e matéria já dissipadas pelo sistema, utilizadas para sua manutenção e organização; Metabolismo: é o processo de transformação dos materiais energéticos em fontes de energia responsáveis pelo crescimento e manutenção de um sistema; 6 3 2.4 Mecânica x Termodinâmica A primeira lei da entropia relata que não há criação ou destruição de energia, esta permanece constante; A segunda lei relata que a energia tende a se degradar tornando-se indisponível para a realização de trabalho; A mecânica parte do pressuposto que os processos são reversíveis; Não se tem a noção de tempo; 7 2.5 O Processo Produtivo A rigor o que se chama de produção, deveria ser chamado de transformação; O capital humano e natural são chamados de fundos; Os fluxos são materiais advindos da natureza ou de outro processo produtivo; Para a economia convencional, os fluxos podem ser substituídos, este é denominado o problema de alocar os recursos da melhor forma possível; 8 4 2.5 O Processo Produtivo - Na visão dos economistas ecológicos, há complementaridade dos fatores de produção; Se você possui uma padaria e deseja vender mais bolos, quais fatores seriam necessários para aumentar a produção? Exemplo: Barcos de pesca. Tendência a não cooperar; Tragédia dos comuns; 9 2.6 Otimismo A tecnologia possui um poder de aumentar a eficiência do uso dos recursos, mas deve considerar os limites desta substituição; A abordagem clássica enxerga o capital natural como perfeito substituto do capital manufaturado; Os fatores limitantes podem ser as fontes de energia utilizável e a capacidade do ambiente em absorver recursos; 10 5 2.6 Otimismo A visão do crescimento econômico não considera o impacto nos recursos naturais; A tecnologia novamente é vista com um fator que pode substituir a escassez dos recursos primários; Veja que mudanças climáticas podem gerar externalidades negativas, como estes efeitos adversos poderiam ser substituídos? 11 2.6 Otimismo O desenvolvimento sustentável; PIB como indicador de crescimento; Os danos ambientais nem sempre podem ser revertidos, mesmo que haja disponibilidade de recursos monetários; 12 6 2.7 Ceticismo Ceticismo científico - uma postura científica e prática, em que alguém questiona a veracidade de uma alegação, e procura prová-la ou desaprová-la usando o método científico. Os resíduos do processo econômico se revelam um problema anterior a escassez de recursos devido ao seu acúmulo e visibilidade na superfície; Crescimento x Consumo de Energia; 13 2.7 Ceticismo Boulding (1966), relata que o modus operandi do processo econômico deverá consistir num sistema circular auto-renovável; Georgescu-Roegen (1971), relata que elementos de baixa entropia, geram resíduos ao decorrer do processo produtivo. Assim, a perda de energia pode ser considerada como ineficiência produtiva; Para o Georgescu-Roegen o único limitante para o crescimento econômico é a natureza; 14 7 2.7 Ceticismo Daly, discípulo de Georgescu-Roegen acredita que na economia há o que os clássicos chamam de estado estacionário. O autor se baseia no conceito de John Stuart Mill, que relata que a população e o capital tenderiam a parar de crescer e se manter constantes; 15 2.8 Considerações Finais Otimismo aliado ao ceticismo são fatores necessários para o desenvolvimento sustentável; Há limites espaciais de crescimento; O fundamento central da economia ecológica não se refere a alocação de recursos ou a repartição da renda; A questão da escala é fundamental, isto é o tamanho físico da economia em relação ao ecossistema que ela está inserida; 16 8