O que são sapais?

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A importância dos
sapais no
contexto do
planeamento
territorial
Contributos para o
restauro ecológico e a
gestão de habitats
18 de Abril 2013
[email protected]
Estrutura do workshop
I.
Contexto e conceitos
1.
2.
3.
4.
II.
O que são sapais?
A ecologia
A morfologia
A composição florística
Os sapais e o planeamento
1.
2.
3.
4.
A localização
A composição
As ameaças
Os serviços de ecossistema
Estrutura do workshop
Como integrar os sapais no planeamento
territorial?
III.
1.
2.
3.
4.
Conhecer a evolução histórica
Conhecer a vegetação e a microtopografia
Conhecer a dinâmica e a deposição de
sedimentos
Conhecer os limites artificiais
O restauro ecológico e a gestão de
habitats
IV.
1.
2.
3.
A gestão de habitats em áreas protegidas
O restauro ecológico como ferramenta de
planeamento: intrumentos
Exemplos de medidas de restauro em sapais
Contexto e
conceitos
Contexto:
áreas húmidas costeiras
• As zonas húmidas costeiras ocupam cerca de 6% da superfície
terrestre e encerram alguns dos mais produtivos e dinâmicos
ecossistemas do mundo, dominados por uma fasta biodiversidade
(Silva et al, 2007).
• Conjuntamente, 23% da população mundial reside em áreas
costeiras numa faixa de 100km e a altitudes inferiores a 100m
relativamente ao nível médio do mar (IPCC, 2º relatório 6.2.1 – 2007).
• Revestem-se de grande importancia para vários seres vivos que
dependem das trocas bióticas e abióticas que se estabelecem nas
zonas húmidas costeiras, tendo sido também fundamentais para a
sobrevivência da humanidade, através da pesca e exploração de
outros recursos tanto marinhos como terrestres, da navegação e
estabelecimento de portos e cidades.
• As pressões urbanas, industriais e de exploração de recursos, têm
vindo a reconfigurar sucessivamente as zonas húmidas costeiras,
sobretudo através da conquista de terrenos ao mar (reclaiming, em
inglês).
O que são sapais?
Ecossistema de Sapal:

Formação: deposição de sedimentos finos e pela formação de

Habitat: refúgio de fauna marinha, local de desova e maternidade,
lodaçais e bancos arenosos, parcialmente submersos, fortemente
influenciados pelas marés, sobre os quais se formam comunidades
vegetais halófitas e halotolerantes
(M.E.S.A., 1987). Estas
comunidades anfíbias suportam grandes variedades dos níveis de
salinidade, alterações de correntes e de temperatura (Neto, C. et al,
2005; Costa, J.C. et al, 2009)
e também de nidificação (aves). Funcionam como reguladores do
clico de nutrientes e filtragem de sedimentos e resíduos (Plano
Sectorial Rede-Natura 2000, ICNB; Currin et al 2008; Reboreda et al
2008).
O que são sapais?



Segundo Costa (2001), os sapais correspondem às
formações
salgadas
do
mundo
mediterrânico,
compostos por nanofanefófitos e microfanerófitos,
alternados com caméfitos e hemicriptófitos.
Estas
comunidades
anfíbias
suportam
grandes
variedades dos níveis de salinidade, alterações de
correntes e de temperatura (Neto et al, 2005; Costa et al,
2009), tendo desenvolvido estratégias de sobrevivência
que lhes permitem tolerar as grandes concentrações de
sal que, segundo Chapman (1960) citado por Costa
(2001) chega a ser superior às concentrações de sal do
mar.
De referir a importância que a toalha freática tem para o
ecossistema de sapal. A combinação entre a água
salgada e a água doce permitem o desenvolvimento
das
comunidades
vegetais,
conferindo-lhes
as
características que se conhece.
A ecologia

A formação de sapais está fortemente relacionada com
litorais abrigados face à acção directa da ondulação
oceânica e das correntes marítimas com presença
também de água doce, permitindo a deposição de
sedimentos finos e taludes suaves (Costa, 2001).
(Sapal da Mirtrena,
Setúbal)

Em condições de estuário ou baía (Lousã, 1986), formam-se
lodaçais e bancos arenosos, parcialmente submersos,
fortemente influenciados pelas marés que os inunda
diariamente, sobre os quais se estabelecem comunidades
vegetais halófitas e halotolerantes (Moreira, 1987).
A ecologia



Os terrenos de sapal ocorrem em áreas de aluvião,
frequentemente alagados e constituídos por materiais
finos, como lodos, naterios, areias e detritos variados,
oriundos quer dos troços interiores dos rios e ribeiras que
confluem no sapal, quer provenientes das marés.
Nestes terrenos halomórficos (Vasconcellos, 1960), o efeito
das marés é determinantes para a ecologia do sapal,
sendo que a cota à qual o efeito da maré se faz sentir, é
determinante pela maior ou menos concentração de
cloreto de sódio e outros sais.
Vasconcellos (1960), citando Crespo Ascenso (1956) refere
que se podem distinguir três tipologias de solo de acordo
com o seu teor em sal e evolução
A ecologia
Os primeiros são os solos salinos, cuja presença
de sais em excesso é predominante - pH <8,5
 Os segundos são os solos alcalizados salinos,
correspondem à combinação dos processos
de alcalinização e salinização, absorvendo
uma considerável percentagem de sódio - pH
>=8,5
 O terceiro tipo de solos correspondem aos solos
alcalizados não salinos; matéria orgânica entra
em processo de dissolução, podendo ser
arrastada e depositada à superfície adquirindo
um tom negro – pH >10

A ecologia


A textura dos solos de sapais varia entre argilosa,
relacionada com as aluviões depositadas em águas
calmas, e as texturas ligeiras correspondem às
sedimentações efectuadas em águas de corrente forte
(Alvim, 1964).
A maior parte dos sapais portugueses são argilosos e
localizam-se em bacias de sedimentação defendidas por
um cordão dunar de areias litorais.
(Sapal da
Mirtrena, Setúbal)
A morfologia



A formação de canais nos sapais é
resultante de uma certa maturação
dos sedimentos, e segundo Costa
(2001), prende-se com a cota e
cobertura da vegetação.
As águas da maré no aluvião cavam
o
sopé
destes
bancos
de
vegetação, formando pequenas
ravinas que se vão expandindo e
juntando com outras, formando uma
rede de canais de diferentes
dimensões, conferindo às águas
vazantes diferentes direcções.
Esta teia de canais é bastante rica
para a alimentação, refúgio e
nidificação
da
fauna
(peixes,
bivalves, aves e insectos) que ela
própria constituiu uma cadeia trófica
no habitat de sapal
Sapal de Boina, Portimão
A morfologia
Diferentes autores consideram 3 e 4 áreas de sapal:
1.
O sapal baixo que corresponde a terrenos lodosos
diariamente submersos de cota inferior a 2,5m, cuja
formação vegetal é dominada por Spartina maritimae
(Moreira, 1987).
o
A vegetação é dominada por hemicriptófitos e caméfitos,
sendo entre os 2,5 e os 3m que se reúnem as condições para a
prática das actividades de mariscultura e produção de
bivalves (Costa, 2001).
Comunidade de Spartina maritima
(Parchal, Lagoa)
Spartina maritima, Carrasqueira
A morfologia
2.
O sapal médio, indicado por Costa (2001) localiza-se em cotas
superiores a 3m caracterizado por vegetação mais diversificada,
com surgimento de plantas anuais nas clareiras. Estas áreas só são
ultrapassadas pelas marés em cerca de 200 dias, surgindo também
alguns nanofanerófitos alimentados pelos detritos trazidos pelas
águas do mar.
Os sapais argilosos
não
ultrapassam
3,40m.
cota
de
substrato
arenoso,
permite
o
aparecimento de a
Suaeda
vera,
o
Limonium algarvense
ou
Halimione
portucaloides.
A morfologia
3.
O sapal alto desenvolve-se em terrenos de cota
superior a 3,5m encontra-se o sapal alto, visitados
ocasionalmente pelas marés equinociais ou mesmo
nunca atingido pelas mesmas (Costa, 2001).
Moreira (1987) refere que o sapal alto está
ocupado por vegetação arbustiva com menos de
um metro de altura, sujeitas a suportar um período
máximo de emersão de 10 horas diárias.
o
A distinção do sapal médio pode conduzir a
diferenças de reconhecimento de faixas de
vegetação, muito embora na literatura inglesa,
apenas se distinga o sapal baixo e o sapal alto. No
entanto, a inclusão do sapal médio pode ser
aplicada caso a caso, dependendo da morfologia e
estado de conservação do sapal.
A morfologia
Sapal médio
A morfologia
A morfologia

o sapal de transição ou ecótono de sapal, como
referido por Moreia (1987) marca o limite superior
e o fim do habitat de sapal, fazendo a transição
para as dunas, ou para o montado, salinas ou
caminhos. Segundo Costa (2001) o sapal de
transição ocupa as cotas superiores a 3,75m, não
atingidos pelas marés e compostos por formações
arbustivas-arbóreas e herbáceas (Moreira, 1987),
como por exemplo Atriplex halimus. Este sapal
caracteriza-se por uma importante e constante
oscilação da toalha freática salgada
Sapal alto
Sapal de
transição
Sapal alto
Sapal
médio
Sapal
médio
Sapal
baixo
Sapal da marina do Parchal, Março 2013
A composição florística

a vegetação é bastante importante no processo
de sedimentação, por um lado tem a capacidade
de reter os resíduos transportados pelas marés
(funcionando como filtros), e por outro lado
constitui uma importante fonte de detritos vegetais.

Combinadas estas duas funções, a vegetação
permite a formação de um substrato denso e com
força de atrito suficiente para favorecer a
deposição das partículas em suspensão na água,
alimentando a existência de mais comunidades
vegetais, que por sua vez contribuem para o
constante retardar do movimento das águas
A composição florística

Braun-Blanquet (1979), citado por Costa (2001)
definiu uma classificação que permite identificar
os halófitos em três grupos: os halófitos
obrigatórios, que correspondem aos que
necessitam de sais (espécies do géneros
Salicornia,
Sarcocornia,
Arthrocnemum,
Limonium, Suaeda, Atriplex, Spartina, entre
outros); halófitos preferenciais, ou seja os que
preferem a presença de sais (Juncus maritimus,
Salsosa vermiculata, entre outros); e os halófitos
de substência definem-se por aqueles que
toleram sais (Phragmites australis, Juncus acutus,
entre outras).
A composição florística
Sarcocornia alpini
Sarcocornia
perenis
A composição florística
Sarcocornia alpini
A composição florística
Cistanche
phylipaea
Halimione
portulacoides
Atriplex halimus
Sarcocornia alpini
Puccinellia
maritima
Juncus maritimus
Inula critmoides
Arthrochenum
macrostachyum
Os sapais e o
planeamento
A localização
Um dos maiores e mais comuns sistemas
costeiros são os estuários, cuja palava deriva do
latim aestuarium que significa canal, derivando
por sua vez da palavraa aestus que significa
maré.
 Os estuários são sistemas relativamente efémeros
e recentes, tendo evoluído a partir da
transgressão flandriana que se seguiu à última
glaciação, há 17 mil anos.
 Por este motivo são também estruturas de
evolução rápida de enchimento sedimentar,
sendo a sua evolução assimétrica no tempo e
no espaço, sofrendo a influência de vários
factores ambientais e também antrópicos (Dürr
et al. 2011).

Estes sistemas costeiros caracterizam-se por serem semifechados, mantendo uma ligação directa e natural com o
mar , cuja água salgada entra no sistema e mistura-se com a
água doce, proveniente da drenagem continental (McLusky
& Elliot, 2004).
Podem ser classificados
pela sua topografia,
pelo gradiente salino,
pela estratificação, pela
sincronia e através do
fluxo,
visto
serem
fortemente
influênciados
pelas
marés
(Elliot
and
McLusky, 2002).
Dürr et al (2011)
A composição
• O substracto e a cobertura são determinantes para a
manutenção da dinâmica do sapal, sendo que
alterações nos factores bióticos e abióticos, podem
conduzir a mudanças profundas, levando à
degradação deste ecossistema

A dinâmica do sapal encontra-se fortemente
relacionada com a sua localização em áreas de
transição entre o mar e a terra.
As ameaças aos sapais
macro-problemas e problemas
micro-escala
Impactos


Exploração e extracção de recursos
Transformações do solo





Introdução de espécies e espécies invasoras
Alterações hidrológicas





Transformações agrícolas
Produção de sal
Uso urbano-industrial
Dragagens
Controle de marés
Poluição e eutrofização
Alterações ao controlo de consumo
Alterações climáticas




CO 2
Mudanças na temperatura
Intensidade das tempestades
Subida do nível do mar










Impactos
Micro-arriba de erosão
Abatimento
Perda de vegetação
Ausencia de fornecimento de sedimentos
Lavagem
Extração, reclamação
Esmagamento
Erosão horizontal e erosão vertical
Vegetação usada para alimento gado e comercialização
Expansão urbana e industrial
Crescente
eutrofização
Perda de
biodiversida
de
Desafios à escalas regional e
global
e LOCAL???
Alterações
climáticas?
Subida nível
mar
Introdução
de espécies
Controlo de
consumo
Aumento
temperatura
Recursos
Terraplanagens |
dragagens
ESTUÁRIO DO SADO
1
INPUTS
- presença humana antiga
- usos agrícolas
- aquacultura / piscicultura
- pesca, apanha de bivalves
- pequenos portos
- uso turístico
- ondulação lagunar do
quadrante NE
- subida do nível do mar
2
RIA DE ALVOR
INPUTS
-Presença humana acentuada
- aquacultura
- pesca, apanha de bivalves
- marina
- uso turístico intensivo
- interface com o mar – cordão dunar móvel
- alterações ao uso do solo
1
2
3
INPUTS
RIBEIRA DE BOINA
- proximidade de 1
grande centro urbano
- abandono agricultura
- apanha de bivalves e
outros
1
- sucessão de tapadas
- diques
- valas de enxugo
- eutrofização
2
Os serviços de ecossistema
Seviços de ecossistema
Serviços de ecossistema
Constanza et. al (1997)
Gedan; Silliman; Bertness (2009)
Curvas da oferta e procura que
mostram os custos, a rentabilidade e o
consumo acrescido:
a) Bens comuns – produzidos pelo
Homem
b) Serviços de ecossistema
Que tipo de serviços são
prestados?
Serviços de ecossistemas - Serviços com benefícios directos e
indirectos para as comunidades humanas a partir das próprias
funções dos ecossistemas, tais como produção primária e
secundária, decomposição e transformação de nutrientes
(UNEP 2006, citado por Gedan, Silliman, Bertness, 2009)
• Serviços de aprovisionamento: comida, água, fibras e
madeira;
• Serviços de regulação: efeitos no clima, cheias, propagação
de doenças, qualidade da água e lixos;
• Serviços culturais: recreação,
benefícios espirituais;
estética
e
paisagem,
• Serviços de apoio: formação de solo, fotosíntese, reciclagem
de sedimentos.
Exemplos dos serviços
prestados pelos
ecossistemas de sapal



as suas componentes vegetais são utilizadas pela indústria
farmacêutica ou para a cosmética, servem ainda para
alimentar os animais e para a preparação de alguns
alimentos, como os pickles típicos de França (Gedan et al.,
2009).
Os sapais têm a capacidade de regular, de forma natural, o
clima, a água e também os ciclos de doenças funcionando
como barreira à propagação de pragas (Möller et al. 2001).
O processamento do ciclo de nutrientes e sais é também
função do ecossistema de sapal; estes ecossistemas possuem
uma função recreativa bastante relevante para as
comunidades humanas, sobretudo pelo elemento água, e o
seu uso para diferentes desportos e actividades turísticas
(Currin et al., 2008):
REDUZ IMPACTO ONDA
Como integrar
os sapais no
planeamento
territorial?
Conhecer a evolução histórica

A área de sapal reclamada: o que significa?

As actividades económicas desempenhadas no
sapal

Cartografia histórica e temática
Povoamento e actividades económicas
Neolítico
Cartagineses/
Fenícios
Romanos
Árabes
Descendentes
de D.Afonso
Henriques
sedentarização
Início práticas agrícolas regulares
Salga de peixe
Exploração de sal
Os sapais e o uso
agrícola

Alvim (1964) escreve acerca do interesse de
aproveitamento de sapais para outros usos:
“(...) na próximidade de importantes centros de
consumo, zonas onde a Terra alcança por vezes
valores muito elevados. Se acrescentarmos que os
sapais são, em muitos casos, constuídos por aluviões
bastante argilosas, de grande fertilidade potencial, e
com topografia plana que facilita a cultura
mecanizada (...)” (Alvim, 1964:118).
Os pontos de viragem…
i.
Desenvolvimento 1º sector: desde a conquista
até séc. XV
ii.
Terramoto de 1755
iii.
Primeiras obras de Hidráulica: pós terramoto
iv.
Planos de fomento: 1940-1960
Rego, Vasconcelos e Mardel (1773), Carta topográfica: Ribeira de Boina e Salgados
Rego (1773), Carta topographica das quatro legoas que jazem entre Villa Nova
de Portimão, e Villa Nova de Monxique
Capitão engenheiro Baltazar de Azevedo Coutinho (1800), levantamento da
planta e sonda: mapa do “Segundo plano hidrografico do Rio de Villa Nova de
Portimão”
Alcoforado (1877), citado por Rau, 1951
Cultura arvence
Cultura arvence
Cultura
arvence
Pastagens
naturais
Arrosais
Pastagens
naturais
Pastagens
naturais
Sapais
Pastagens naturais
Pery (1893), Carta
Agrícola de
Portugal - Folha
159 , 1: 50.000
Loureiro (1909), Porto
de Lagos e Alvor
Planta das salinas de Boina, 1:1000
Sapais
O Relatório Final Preparatório do II Plano de Fomento (1958) indica que
os sapais em Portugal ocupam uma área de 22 000 hectares, os solos
salgados correspondem a 0,28% dos solos de Portugal Continental
Comando de água no processo
de recuperação dos sapais
Alvim&Veiguinha, 1968 – fotografias
de 1962
O Plano de Fomento Agrário (19591964) designou uma verba de
60$000 contos para a recuperação
de sapais algarvios: obras de
transformação
de
sapais
em
terrenos de cultivo, incorporando
trabalhos de abertura de valas de
drenagem, eliminação da água por
bombagem e enxugamento (Alvim
e Veiguinha, 1963).
Aspecto de um sapal
experimental de Faro
no
campo
Alvim&Veiguinha, 1968 – fotografias de 1962
Conhecer a vegetação e a
microtopografica
Conhecer a dinâmica e a
deposição de sedimentos

MODELO TRANSPORTE SEDIMENTOS
Conhecer os limites
artificiais
Tapadas
 Salinas
 Tanques
 Arrosais
 Terrenos agricolas
 Piscicultura

tapadas
Salinas
e
tanques
Conhecer os limites
artificiais
Conhecer os limites artificiais
Antigo tanque piscicultura,
Mirtrena Setúbal (Out.2011)
Conhecer os limites
artificiais
Valas de
enchugo
Tapadas
Salinas
Depuração
de ortras
O restauro
ecológico e a
gestão de
habitats
A gestão de habitats em áreas
protegidas
A história da Rede Natura 2000



A constante perda da biodiversidade em consequência da
degradação ou destruição dos habitats naturais na Europa
Intensa ocupação humana durante séculos, sucessivas
alterações ao uso do solo
Conduziram à necessidade de adoptar medidas consertadas
entre os estados-membros da União Europeia com o objectivo
de:
• criar uma Rede de Áreas Protegidas,
• com um quadro legislativo comum,
• com a finalidade de conservar as comunidades
vegetais e animais selvagens
• bem como proteger os habitats de interesse
comunitário.
A gestão de habitats em áreas
protegidas

A rede ecológica denominada REDE NATURA 2000 é
constituída por zonas especiais de conservação, de
acordo com o disposto na Directiva 92/43/CEE e
ZONAS DE PROTECÇÃO ESPECIAL, de acordo com o
disposto na Directiva 79/409/CEE, relativa às AVES
SELVAGENS.

A Directiva 92/43/CEE de 21 de Maio de 1992, do
Conselho das Comunidades Europeias, diz respeito “à
preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora
selvagens”, e constitui o documento a partir do qual é
implementado em cada Estado-membro, o trabalho de
identificação e delimitação dos valores naturais,
referidos nos diversos anexos (habitats, flora e fauna).
A gestão de habitats em áreas
protegidas






Anexo I: Tipos de habitats naturais de interesse comunitário
cuja conservação exige a designação de zonas especiais de
conservação;
Anexo II: Espécies animais e vegetais, de interesse
comunitário cuja conservação exige a designação de zonas
especiais de conservação;
Anexo III: Critérios de selecção dos locais susceptíveis de
serem identificados como locais de importância comunitária
e designados como zonas especiais de conservação;
Anexo IV: Espécies animais e vegetais de interesse
comunitário que exigem uma protecção rigorosa;
Anexo V: Espécies animais e vegetais de interesse
comunitário cuja captura ou colheita na natureza e
exploração podem ser objecto de medidas de gestão;
Anexo VI: Métodos e meios de captura e abate e meios de
transporte proibidos.
A gestão de habitats em áreas
protegidas
Estatutos de natureza comunitária

Zonas de Protecção Especial - ZPE para as Aves Selvagens
(de inicio associadas à Directiva Aves e actualmente integra
directamente a Rede Natura 2000);

Sítios de Importância Comunitária - SIC (associados à
Directiva Habitats da Rede Natura 2000 por região
biogeográfica);

Zonas de Conservação Especial – ZEC (associadas à
Directiva Habitats da rede Natura 2000 e já aprovadas, por
região biogeográfica).
A gestão de habitats em áreas
protegidas
Fichas dos Sítios da
Rede Natura 2000










SÍTIO
CÓDIGO
DATA E DIPLOMA DE
CLASSIFICAÇÃO
ÁREA
CÓDIGOS NUT
CONCELHOS ENVOLVIDOS
REGIÃO BIOGEOGRÁFICA
RELAÇÕES COM OUTRAS ÁREAS
CLASSIFICADAS DE ÂMBITO
NACIONAL
RELAÇÕES COM ÁREAS
CLASSIFICADAS DE ÂMBITO
INTERNACIONAL
CARACTERIZAÇÃO
o
o
o
o
PRINCIPAIS USOS E OCUPAÇÃO
DO TERRITÓRIO (%)
CARACTERIZAÇÃO AGROFLORESTAL
INDICADORES
SOCIOECONÓMICOS
INSTRUMENTOS DE GESTÃO
TERRITORIAL E OUTRA
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
o
FACTORES DE AMEAÇA
o
ORIENTAÇÕES DE GESTÃO
o
CONDIÇÕES E CRITÉRIOS DE
AVALIAÇÃO DE INCIDÊNCIAS
AMBIENTAIS (Projecto AIA AincA)
A gestão de habitats em áreas
protegidas
Fichas de habitats








CÓDIGO DO HABITAT
DESIGNAÇÃO DO
HABITAT
PROTECÇÃO LEGAL
DISTRIBUIÇÃO NA
UNIÃO EUROPEIA
DESIGNAÇÃO
PORTUGUESA
DIAGNOSE
CORRESONDÊNCIA
FITOSSOCIOLÓGICA
SUBTIPOS








CARACTERIZAÇÃO
DISTRIBUIÇÃO E
ABUNDÂNCIA
BIOINDICADORES
SERVIÇOS PRESTADOS
CONSERVAÇÃO
Grau de conservação;
Ameaças;
Objectivos de
Conservação;
Orientações de
Gestão.
A gestão de habitats de sapal
em áreas protegidas




O sapal como habitat possui várias funções ecológicas,
favoráveis tanto às espécies vegetais como animais.
Apresenta-se como um importante refúgio para a fauna
marinha, local de desova e maternidade.
As aves utilizam-no para nidificarem, alimentando-se de
peixes, bivalves e outras poliquetas que abundam nas águas
salobras.
Funcionam como reguladores do clico de nutrientes e
filtragem de sedimentos e resíduos (Currin et al 2008;
Reboreda et al 2008).
Costa (2001) identifica o habitat salinas como pertencendo
aos habitats salgados, que embora artificiais, constituem
importantes áreas limítrofes dos sapais, prestando serviços
complementares.
1130 – Estuários
O restauro ecológico como
ferramenta de planeamento
Conceitos e contexto
English et al. 2009
Restauro ecológico
Re-criação de sapais (Crépin, 2005; Wolters et al., 2005) – antigas áreas
reclamadas ao mar
a) restauração primária (science based-metrics) envolve o retorno
dos recursos ao seu estado inicial (natural – pré perturbação)
b) a restauração compensatória (value-based metrics) é baseada
em princípios económicos, ou seja, no valor que é atribuído a
cada componente do ecossistema que passa a ser alvo do
restauro (English et al. 2009; Voss, 2009).
HEA – Habitat Equivalency Analysis - relaciona os serviços perdidos
com a perturbação, com os ganhos adquiridos com o restauro
ecológico . Enfatiza serviços ecológicos do habitat: service-to-service
(Strange et. al, 2002)
REA – Resource Equivalency Analysis - acrescenta as perdas de
recursos específicos (ou organismos), por exemplo, a mortalidade da
fauna ou a área de habitat perdido (English et al. 2009)
Restauro ecológico

Restauro preventivo e condições de referência



Medidas ambientais de compensação resultantes
de obras de dragagem, instalação de unidades
fabris: Delaware Bay, the Public Service Enterprise
Group (sector energia – 4000 ha), Cargill Salt
Company, na Califórnia (produção de sal – 6000 há)
Recriar condições semelhantes ao habitat original
(Neckles et al. 2002); inclui remoção de espécies
invasoras e de estruturas de controle de maré
Gerar noutro local, a partir de sedimentos de sapais
dragados, um ecossistema de sapal, totalmente
artificial – em alguns casos a vegetação recupera,
mas discute-se as suas funções ecológicas
Restauro ecológico
Restauro para maximizar os serviços de ecossistema
INDIRECTO
Introdução de espécies
de sapal alto + invasoras
de sapal baixo com
objectivo de regular o
ciclo de nutrientes das
águas de escoamento
poluídas: antigos sapais
junto
a
aeroportos,
portos, zonas húmidas
junto a áreas industriais e
auto-estradas
DIRECTO
Recuperação do perfil
Escala
morfológico
e
da
vegetação
com
Duração
objectivo
de
prevenir/minimizar
Custos
efeitos da subida do
Viabilidade nível
do
mar.
Introdução de espécies
Restauro
autóctones
para
fixação de carbono
?
Instrumentos
O elenco florístico é uma etapa prévia e
fundamental antes de se iniciar a análise da
vegetação. Consiste na identificação de
todos os taxa existentes na área de trabalho,
para tal procede-se à recolha dos indivíduos
morfológicamente diferentes (ir na altura da
floração)
1.
2. O inventário florístico
•
Onde fazer o inventário?
•
Que área escolher?
Instrumentos
75% a 100%
50% a 75%
25% a 50%
Intrumentos
5
10% a 25%
4
0,1% a
1%
1% a
10%
2
3
1
< 0,1%
r
+
Instrumentos
Instrumentos
Instrumentos
Método
Concentração de
sedimentos em
suspensão (SSC)
Utilidade
Quantidade sedim que
potencialmente se
depositam
[+usados sapais]
Deposição de
Sedimentação actual
sedimentos
g/m2/T
(sediments deposition)
Relação com SLR e ajuda a
entender dispersão e
deposição de outros mat
cm mat orgânica
Acreção / erosão
Inclui acreção, erosão e
(surface-elevatiom
sedimentação;
change)
complementar com SLR
[mm/anos)
Materiais
1 - Retirar amostras água
Filtrar, secar e pesar
(g/l]
1 - Filtros de papel(discos de
plático debaixo dos filtros)
Tempo/precisão
1 maré_várias semanas/melhor c
volume
- p medir fluxo e budget sed as
medições são feitas no ínicio e no
fim de cada ciclo maré
1- ciclos de maré 1dia-repetir mm
local
2 – Cilindros abertos-enterrar 2 – semanas/meses-mm local
qs totalmente[atenção à altura permite recolha sed
e ao diâmetro]-pvc
1 - Marca horizontal[pó de
argila brança;tijolo;feldspato]
1-meses/anos-grande fiabilidade
Problemas
Não quantifica a taxa de
deposição actual
Boa taxa de sucesso e barata
2- turbulência e perturbação
por splash com chuva na maré
baixa
1- autocompacção;perda de
material nas amostras
2- meses/anos-grande fiabilidade
2 - Pins de erosão-medir a
altura total da vara e a parte
que ficoi à superfície
2- influência da
tubulência;instabilidade
Instrumentos
Instrumentos
Exemplos de medidas de
restauro de sapais
Jacobus; Hofstede (2003)
Exemplos de medidas de
restauro de sapais
Junior salt marsh habitat naturalist programs
offered at West Meadow Creek 2011
http://article.wn.com/view/2011/07/08/Junior_salt_marsh_habitat_naturalist_programs
_offered_at_Wes/
Tópicos de discussão
1.
pressões antrópicas: perspectiva histórica
2.
a importância dos sapais no plamenamento
local
3.
serviços de ecossistemas
4.
restauro ecológico:
4.1 – value based matrics
4.2 – medidas ambientais de compensação
bibliografia




English, E.; Peterson, C.; Voss, C. (2009) Ecology and
Economics of Compensatory Restoration. NOAA Coastal
Response Research Center,
http://www.crrc.unh.edu/research/crrc_english_book.pdf
[Acedido em 2 de Abril de 2012].
Gedan, K. Bromberg; Silliman, B.R. and Bertness, M.D.
(2009) Centuries of Human-Driven Change in Salt Marsh
Ecosystems. Annual Review of Marine Science, 1:117–41
Markandya et al (2008), The economics of ecosystems
and biodiversity – phase 1 (scoping) economic analysis
and synthesis ENV.G.1/FRA/2006/0073, final report.
Moreira, M.E.S.A. (1987), Estudo fitogeográfico do
ecossistema de sapal do estuário do Sado, Finisterra XXII,
44 Lisboa (247-296).
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